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DEPARTAMENTO DE QUÍMICA ALICE COSTA RESENDE (202320305) INGRIDE OLIVEIRA CAPUTO FLORES (202320669) MARIA CLARA FERNANDES RIBEIRO (202310066) RAÍSSA APARECIDA MORENO GOMES(202320662) SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DO BISGLICINATOCOBRE(II) LAVRAS-MG,OUTUBRO DE 2024 Introdução Objetivos Sintetizar o complexo de relevância bioinorgânica). Procedimentos Materiais e reagentes : 1. 01 béquer de 100 mL 2. 01 béquer de 25 mL 3. 01 Pipeta graduada de 5 ou 10 mL 4. 01 pera 01 bastão de vidro 5. 01 Funil de Büchner 6. 01 Kitassato 7. 01 Adaptador p/ kitassato 8. 01 Chapa de aquecimento com agitação 9. 01 Barra magnética 10. 01 Termômetro 11. 01 pipeta Pasteur (plástico) Na Bancada : 1. Banho termostatizado Gelo 2. Cloreto de cobre diidratado - CuCl2.2H2O 3. Glicina Acetato de sódio - CH3COONa 4. 300 mL de Etanol 95% ou maior 5. 200 mL de Éter etílico ou Acetona 6. Água destilada 7. Espátula de metal 8. Papel filtro 9. Tesoura 10. Frasco de resíduos Metodologia Foi pesado 0,85 g de cloreto de cobre dihidratado e, em um béquer de 100 mL, dissolveu-se em 5 mL de água destilada (se necessário, aqueça levemente a mistura). Adicionou-se à solução obtida, 5 mL de etanol 95%. Adicionou então, 0,82 g de acetato de sódio ao sistema contendo o cloreto de cobre e agitou até a total dissolução do sólido. Em outro béquer de 25 mL, dissolveu 0,76 g de glicina em 5 mL de água destilada. Com o auxílio de um conta-gotas, foi adicionado o ligante (glicina) sobre a solução contendo o cobre e anotou as modificações ocorridas. Um precipitado formou. Aqueceu a reação a 70°C por 15 min e então resfriou o sistema em água corrente. Para maximizar o processo de precipitação, foi colocado o béquer com a mistura em banho de gelo por 15 minutos. Filtrou a vácuo o precipitado formado, e lavado com etanol e éter etílico, ambos gelados. Deixou o sólido secar a temperatura ambiente, pesou-se o sólido e acondicionou em um recipiente adequado indicado pelo professor. Resultados e Discussões Na prática de síntese e caracterização do complexo trans-[Co(en)₂Cl₂]Cl, começamos com o reagente CoCl₂·6H₂O, um composto de cobalto bem conhecido. Durante o processo, usamos peróxido de hidrogênio (H₂O₂) para oxidar o cobalto de Co²⁺ para Co³⁺, uma mudança fundamental para que ele consiga formar ligações mais estáveis. O H₂O₂, portanto, tem uma função crítica, agindo como oxidante, que promove essa alteração de estado de oxidação do cobalto, facilitando a formação do complexo final.(Atkins, 2014) A equação da dissolução do CoCl2 6h20 em água e oxidação com h2o2: é a seguinte , Dissolução de CoCl₂·6H₂O em água e oxidação com H₂O₂: 𝐶𝑜𝐶𝑙 2 · 6𝐻 2 𝑂 + 𝐻 2 𝑂 2 → 𝐶𝑜3+ + 𝐶𝑙 + 𝐻 2 𝑂 equação 1 Dissolução de CoCl₂·6H₂O em água e oxidação com H₂O₂: Outro reagente importante que aparece na reação é o ácido clorídrico (HCl), que fornece íons cloreto (Cl⁻). Esses íons Cl⁻ têm um papel duplo: eles agem como ligantes que se ligam ao cobalto e também ajudam na estabilização do complexo como contra-íon. Além disso, o HCl ajusta o pH da solução, o que é essencial para garantir que o complexo trans-[Co(en)₂Cl₂]Cl precipite da forma correta. Formação do complexo com etilenodiamina (en) em presença de HCl: 𝐶𝑜3+ + 2𝑒𝑛 + 2𝐶𝑙 → 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠 − [𝐶𝑜(𝑒𝑛) 2 𝐶𝑙 2 ]+ Precipitação com HCl: +Cl𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠 − [𝐶𝑜(𝑒𝑛) 2 𝐶𝑙 2 ]+ → 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠 − [𝐶𝑜(𝑒𝑛) 2 𝐶𝑙 2 ]𝐶𝑙 Quando analisamos a estrutura dos complexos envolvidos, temos o CoCl₂·6H₂O, onde o cobalto está rodeado por seis moléculas de água, em uma disposição octaédrica. Essa é uma característica comum para íons metálicos hidratados, onde as moléculas de água se organizam ao redor do cobalto (RAYNER-CANHAM, Geoff; OVERTON, Tina. Química Inorgânica Descritiva. Porto Alegre: Bookman, 2006.) A seguir, está ilustrada a estrutura do complexo analisado. Figura 1.Reação do trans-diclorobis(etilenodiamina)cobalto(III)com água para formação do complexo trans-aquoclorobis(etilenodiamina)cobalto(III. Fonte: Moura, Aline O. et al., Instituto de Química, Universidade de Brasília Já no complexo trans-[Co(en)₂Cl₂]Cl, o cobalto, agora com carga +3, mantém a geometria octaédrica, mas com dois ligantes etilenodiamina e dois íons cloreto. Caso haja alguma variação no complexo final, como a formação do trans-[Co(en)₂Cl(H₂O)]Cl, um dos cloretos poderia ser trocado por uma molécula de água, sem modificar o número de coordenação, que continua sendo 6. A espectroscopia UV-vis é essencial nesse processo, pois nos permite caracterizar o complexo estudado através das transições eletrônicas, obtendo informações sobre o campo cristalino ao redor do cobalto. O cálculo do parâmetro Δ (divisão do campo cristalino) é realizado com base no comprimento de onda da absorção máxima do espectro UV-vis, que revela a intensidade com que o campo de ligantes ao redor do cobalto afeta os níveis de energia dos orbitais d. Cada ligante influencia esse campo de forma única; por exemplo, Cl⁻ e H₂O alteram os níveis de energia do cobalto de forma diferente, resultando em uma cor característica para cada complexo. Para entender o rendimento da síntese, é possível comparar a massa inicial do CoCl₂·6H₂O utilizada com a quantidade teórica esperada de trans-[Co(en)₂Cl₂]Cl, calculando o rendimento prático a partir da massa real obtida ao final do processo. Essa comparação ajuda a entender a eficiência do processo e se houve perdas durante a síntese. inserir os calculos do rendimento da massa inicial e massa teórica A partir dos espectros UV-vis dos complexos, podemos identificar as regiões do espectro visível onde ocorre a absorção de luz, o que nos ajuda a entender a cor que o complexo apresenta. Com o auxílio do disco de Newton, sabemos que a cor que enxergamos é a complementar à cor da luz absorvida pelo complexo. Por exemplo, se um complexo absorve luz azul, ele vai aparecer em um tom alaranjado, que é a cor complementar(RAYNER-CANHAM, Geoff; OVERTON, Tina. Química Inorgânica Descritiva. Tradução de Maria Inês Nunes Polo. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006). Além disso, a espectroscopia IV (infravermelha) fornece dados sobre a presença de bandas características dos ligantes, como as bandas NH da etilenodiamina. Esse tipo de análise é importante para confirmar a formação do complexo e para verificar as ligações específicas do metal com os ligantes, complementando a caracterização do trans-[Co(en)₂Cl₂]Cl com informações estruturais detalhadas. A síntese do complexo trans-diclorobis(etilenodiamino)cobalto(III), ou trans-[Co(en)₂Cl₂]Cl, começa com a preparação da solução de partida contendo cobalto na forma de CoCl₂·6H₂O, o cloreto de cobalto hexahidratado. Esse composto é solúvel em água e, ao se dissolver, libera íons Co²⁺, que inicialmente apresentam uma coloração rosa. Esses íons de cobalto, no entanto, precisam ser oxidados para Co³⁺ para formar o complexo desejado. Para realizar a oxidação do Co²⁺, é adicionado peróxido de hidrogênio (H₂O₂) à solução, em um ambiente ácido proporcionado pelo ácido clorídrico (HCl). O HCl desempenha um papel importante, pois além de fornecer íons cloreto (Cl⁻), que são necessários na estrutura do complexo, ele também ajusta o pH, tornando o ambiente mais favorável para a reação. A oxidação do cobalto é então promovida pela ação do H₂O₂ em meio ácido, convertendo o Co²⁺ em Co³⁺ e liberando água como subproduto. A reação que descreve esse passo é: 𝐶𝑜𝐶𝑙 2 · 6𝐻 2 𝑂 + 𝐻 2 𝑂 2 + 2 𝐻+ → 𝐶𝑜3+ + 2 𝐶𝑙− + 8 𝐻 2 𝑂 Para explicar a síntese do complexo trans-[Co(en)₂Cl₂]Cl, pode-se dizer que a equação descrita no livro de Shriver, Atkins e Langford (1994) detalha o processo de formação desse complexo por meio da coordenação entre o íon cobalto(III), os ligantes etilenodiamina e íons cloreto, conforme destacado pelos autores: "A formação do complexo ocorre com a substituição sequencial dos ligantes, levando ao produto final estabilizado pelo ambiente coordenado ao redor do metal" (Shriver et al., 1994) Com o cobalto agora no estado de oxidação +3, ele estápronto para se ligar aos ligantes etilenodiamina (en). A etilenodiamina é um ligante bidentado, ou seja, possui dois átomos de nitrogênio que se ligam ao íon metálico, criando uma estrutura de coordenação mais estável. Quando duas moléculas de etilenodiamina se coordenam ao íon Co³⁺, elas ocupam quatro posições ao redor do metal, formando uma estrutura octaédrica. As outras duas posições no octaedro são ocupadas por íons cloreto (Cl⁻), que se posicionam em posições opostas, criando a configuração "trans" do complexo, com os ligantes etilenodiamina também em posições trans. Equação da complexação: CoC𝑙 2 • 6 𝐻 2 𝑂 + 𝐻 2 𝑂 2 + 2𝐻+ → 𝐶𝑜3+ + 2𝐶𝑙− + 8 𝐻 2 𝑂 Nesta reação: ● O peróxido de hidrogênio (H₂O₂) age como agente oxidante, promovendo a oxidação de Co²⁺ para Co³⁺. ● O HCl fornece H⁺ necessário para manter o meio ácido, além dos íons Cl⁻ que auxiliam na estabilização do complexo formado posteriormente. Ao final da reação, o produto formado é o complexo trans-[Co(en)₂Cl₂]Cl, que é então precipitado da solução. Esse processo pode exigir ajustes de pH ou controle de temperatura para promover a cristalização do complexo, facilitando sua separação do meio reacional. Após a precipitação, o sólido é filtrado e seco, resultando no complexo trans-[Co(en)₂Cl₂]Cl, que apresenta uma cor característica e pode ser analisado quanto às suas propriedades estruturais e espectrais. Esse processo de síntese demonstra a importância de cada etapa, desde a escolha dos reagentes até as condições de reação, que são cuidadosamente controladas para garantir a formação e a estabilidade do complexo desejado.Miessler e Tarr, Química Inorgânica, 2011. ESPECTROS (nm)λ 𝑚á𝑥 EQUIPE Temperatura (°C) Tempo (min) 0 min 5 min 15 min 30 min 1 Ambiente 0, 5, 15, 30 2 50 0, 5, 15, 30 3 60 0, 5, 15, 30 4 70 0, 5, 15, 30 Gráfico de Absorbância X Comprimento de Onda O gráfico a seguir mostra o espectro de absorção no UV-visível do complexo trans-[Co(en)₂Cl₂]Cl. Ele permite observar como o composto absorve luz em diferentes comprimentos de onda, o que nos ajuda a entender melhor sua estrutura e as características das ligações no complexo. Figura 1.1 - Espectro de absorção UV-visível do complexo trans-[Co(en)₂Cl₂]Cl. A curva mostra a absorbância em função do comprimento de onda, revelando pontos de absorção específicos que indicam como o complexo interage com a luz UV e visível. Interpretação dos resultados do gráfico absorbância x comprimento de onda (nm) pico de 518 542 614 Na síntese do complexo trans-diclorobis(etilenodiamino)cobalto(III), ou trans-[Co(en)₂Cl₂]Cl, a espectroscopia UV-Vis ajuda a entender melhor sua estrutura e o ambiente ao redor do íon cobalto. O espectro revela picos específicos, associados a transições eletrônicas que ocorrem no metal, confirmando sua estrutura octaédrica. Nesse complexo, o cobalto (III) está no estado de oxidação +3, coordenado por dois ligantes de etilenodiamina, cada um com dois átomos de nitrogênio que se ligam ao metal, e dois íons cloreto em posições opostas, formando uma configuração "trans" (Shriver, Atkins & Langford, Química Inorgânica, 1994). Quando observamos o espectro UV-Vis deste complexo, podemos identificar picos que correspondem às transições *d-d*, que são típicas dos metais de transição em ambientes octaédricos. Essas transições ocorrem quando os elétrons nos orbitais d do cobalto (III) absorvem energia e passam para um nível de energia mais alto dentro da própria camada d. Com o cobalto no estado +3, ele possui a configuração eletrônica [Ar] 3d⁶, onde os orbitais de menor energia (t₂g) estão preenchidos e os de maior energia (eₓg) estão parcialmente ocupados. Como os ligantes de etilenodiamina exercem um campo de força moderado, as bandas de transição d-d tendem a ser de baixa intensidade, algo comum para complexos de cobalto(III) com ligantes moderados, como o NH₃. Essas bandas aparecem em diferentes comprimentos de onda, e a presença dos íons cloreto em posições trans influencia o padrão do espectro devido à simetria do complexo (Shriver, Atkins & Langford, Química Inorgânica, 1994). Durante o processo de aquação, onde o trans-[Co(en)₂Cl₂]⁺ é exposto à água e um dos íons cloreto se dissocia, o espectro do complexo muda. Com a saída do cloreto, uma molécula de água passa a ocupar seu lugar, formando o complexo trans-[Co(en)₂Cl(H₂O)]²⁺. Esse processo pode ser monitorado pelo espectro, observando as mudanças nas bandas de absorção, que se deslocam ou mudam de intensidade conforme o ambiente de coordenação do cobalto se ajusta. A troca do cloreto por uma molécula de água modifica o campo cristalino e a simetria ao redor do cobalto, o que geralmente intensifica as bandas de transição d-d, já que a água é um ligante que doa pares de elétrons ao metal (Shriver, Atkins & Langford, Química Inorgânica, 1994). Conclusão Conclui-se que o experimento foi bem sucedido na obtenção do complexo bisglicinatocobre(II).. Bibliografia REFERÊNCIAS MAZZA, M. F. CRM: Sucessos e Insucessos. São Paulo: Ed. BRASPORT, 2009. MOURA, A. O.; MARTINS, P. C.; BOLZON, L. B.; PERTUSATTI, J.; PRADO, A. G. S. "Estudos Cinéticos da Aquação do *trans*-[Co(en)₂Cl₂]Cl." Química Nova, vol. 29, no. 2, pp. 385-387, 2006. RAYNER-CANHAM, Geoff; OVERTON, Tina. Química Inorgânica Descritiva. Porto Alegre: Bookman, 2006. SHRIVER, D. F.; ATKINS, P. W.; LANGFORD, C. H. Química Inorgânica. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1994.