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Qualidade de Carne e Ovos de Consumo Unidade 9: A avicultura tornou-se, nos últimos anos, uma atividade com apreciável possibilidade de sucesso para grandes e pequenos produtores. As expectativas são justificadas pelas vantagens de produção das aves, como: uso de pequeno espaço de criação, pouca mão de obra, longevidade de produção, facilidade de reprodução, maturidade sexual precoce e produtos deliciosos com qualidade nutricional invejável. Aliado a isso, a carne de aves é considerada uma iguaria fina, altamente palatável. Esta carne permite todo tipo de processamento, o que é importante para fornecimento em bares, restaurantes (assada, etc.) e supermercados (conserva, defumados, etc.). Qualidade nutricional da carne Segundo Souza (2005), o conceito de qualidade de carne é bem amplo e complexo, podendo ser definida por características objetivas e subjetivas. Entre os atributos objetivos, encontram-se as características físicas, nutricionais e higiênicas, por outro lado, a avaliação subjetiva engloba os aspectos sensoriais, apresentação e a forma de exposição do produto. A carne de frango reúne características extremamente positivas: proteína de alto valor biológico (qualidade), fonte relativamente baixa de gordura saturada (baixo teor calórico), saboroso, versátil, de fácil preparo e digestão, além de ser acessível economicamente a todas os tipos de consumidores. 100g de filé de frango, sem pele, contém aproximadamente 25g de proteína, 42mg de colesterol e 1g de gordura saturada, correspondendo, respectivamente a 46, 14 e 2% das exigências nutricionais de humanos, recomendada pela Anvisa, sendo referencia para uma refeição leve e saudável. A carne de aves, além de ser rica em aminoácidos essenciais, é também importante fonte de energia e de outros nutrientes como vitaminas, minerais e lipídios. A carne de frango é bastante rica em ferro, principalmente a fonte mais assimilável pelo organismo, e vitaminas do complexo B, em especial, niacina e riboflavina. Trata-se de um alimento saudável, rico nutricionalmente e de consumo recomendado para consumidores de todas as idades, até mesmo, pessoas que tenham riscos de doenças cardiovasculares, pois contém baixa taxa de colesterol. Um dos problemas enfrentados pela atividade tem sido os poucos estudos realizados para avaliar a qualidade sensorial e microbiológica da carne de aves. Geralmente, avalia-se apenas a composição química da carne, deixando as características organolépticas em segundo plano. Qualidade sensorial da carne A qualidade da carne é dependente da temperatura do tecido muscular e da velocidade de resfriamento, após o abate. Os artifícios que reduzam a velocidade das reações químicas prolongam a qualidade da carne, ou seja, a conserva por mais tempo. As características sensoriais servem de parâmetros para medir o grau de qualidade da carne. No entanto, muitos fatores influenciam as características físicas da carne, como a maciez, retenção de água, gordura intramuscular, tecido conjuntivo e proporções dos feixes Carne de qualidade Nutrientes Quantidade (100g) Proteína 25g Energia 129 cal Gordura total 3,75g Gordura saturada 1,07g Ferro 1,61g Fonte: Venturini et al. (2007) musculares. A exemplo de fatores ante mortem, podemos observar influência da espécie, do estágio fisiológico, da alimentação e do manejo. No período pos mortem, vários fatores afetam a duração e a qualidade de transformação do músculo em carne. Sob o ponto de vista de maciez ideal, a carne de ave deve ser maturada por um período que varia de 6 a 24 horas. A qualidade da carne pode ser avaliada por parâmetros físicos e químicos. Entre os principais atributos da carne de aves podemos citar a aparência, textura, suculência, sabor, cor e pH. O aroma e sabor (paladar) da carne são provenientes do aquecimento. São influenciados por vários fatores, entre eles, os nutricionais, haja vista que a carne de frango caipira apresente para muitos consumidores, melhor sabor do que a carne de frango industrial, justificado pela seletividade de alimento que a ave caipira é alimentado. A aparência da carne está relacionada com a cor e exsudação da carne. A cor da carne de frango varia de tonalidade cinza a vermelho pálido e pode ser ponto de desclassificação pelo consumidor na hora da compra. Geralmente, a cor varia com a presença de pigmentos (mioglobina e hemoglobina), que são alterados de acordo com a espécie, idade, e atividade física da ave. A textura da carne está associada com a palatabilidade, que também pode ser afetado por fatores ante mortem (espécie, nutrição, estresse) e post mortem (velocidade de resfriamento, pH). A textura, também conhecida como maciez, diminui com o avanço da idade da ave. De fato, uma galinha velha requer mais tempo de cozimento do que um frango novo. De acordo com Venturini et al. (2007), o pH da carne influencia diretamente na qualidade, pois se 24 horas após o abate, o pH da carne estiver superior a 6,2, a carne de frango irá se encontrar com bastante retenção de água, o que implica em curto tempo de conservação e o estabelecimento da coloração escura, caracterizando a carne DFD (darck, firm, dry – escura, dura e seca). Por outro lado, se o pH estiver abaixo de 5,8 em menos de 4 horas, teremos a carne PSE (pale, soft, exudative – pálida, mole e exsudativa), caracterizado pela má retenção de água. Tanto a carne DFD como a PSE são resultantes de más condições de manejo ante mortem e alterações metabólicas no processo post mortem, provocando aceleramento ou retardamento no processo de rigor mortis (qualidade). Por quê hormônios não são utilizados na ração de aves? Esta tem sido uma questão muito discutida ao longo do tempo. As primeiras indagações iniciaram na década de sessenta e, infelizmente, persistem até os dias de hoje, até mesmo entre alguns profissionais da área agrícola. Essa lamentável conclusão tem sido passada ao transcorrer das opiniões, até mesmo, por alguns profissionais da saúde, leigos no assunto. Apesar disso, a avicultura tem alcançado recordes de produção e exportação ano a ano. Atualmente, o Brasil ostenta a posição de segundo maior produtor e maior exportador de carne de frango do mundo. Tal crescimento, atendendo às peculiaridades da segurança alimentar, não seria possível se essa atividade não fosse responsável e ética. Posso afirmar veementemente que não existe, de forma alguma, hormônio na alimentação de aves. A pergunta que assola a mente dos consumidores desinformados sobre a produção de frangos é: se não existe hormônio, então como explicar o fantástico crescimento dos frangos, onde podem ser abatidos com apenas 40 dias? A resposta é muito simples; o progresso da avicultura somente é possível graças a uma intensa atividade de pesquisas na área de genética, nutrição, sanidade, manejo e ambiência. A engenharia genética, através de cruzamentos altamente qualificados, tem permitido reduzir em pelo menos um dia por ano a idade de abate dos frangos industriais. Os Contribuição Cientifica O método da gravidade especifica não serve para avaliar a qualidade externa de ovos submetidos ao armazenamento, pois, quando velhos, os ovos apresentam aumento da câmara de ar, devido à perda de umidade da clara para o meio externo, que ajuda a bóia quando avaliados no método de solução salina, inviabilizando a técnica. Adaptado de Jordão Filho et al. (2006) milhares de nutricionistas inseridos em instituições públicas e privadas têm conseguido atender às necessidades nutricionais das novas marcas genéticas de potencial cada vez mais avançado. Além disso, o uso de hormônios na alimentação animal é proibido desde meados da década de setenta, de modo que, o primeiro empasse seria driblar essa legislação. Considerando o tamanho de nossa produção de rações, ignorar a lei seria no mínimo impossível sem que houvesse uma denúncia clara e não apenas simples especulaçõeslevianas. Outra indagação pode ser criada em torno da coloração da carcaça. Portanto, alguns poderiam perguntar o porquê das carcaças de frangos industriais serem mais pálidas do que as de frangos caipiras. A resposta, mais uma vez, não tem nada a ver com administração de hormônios. A palidez das carcaças tem sido obtida, normalmente, pelo uso de alimentos alternativos pobres em pigmentos. As carcaças de aves caipiras têm forte pigmentação porque estes animais consomem xantofilas (pigmento) presente nas gramíneas que geralmente compõe os piquetes de criação, modificando a coloração da pele, entretanto, a pigmentação não modifica em nada o estado nutricional da carne. O setor mais forte do agronegócio, gerador de milhares de empregos, impulsionador do PIB, que fornece alimento de baixo custo a preços acessíveis, mas, sobretudo, atento a especulações do mercado internacional, não pode receber críticas destrutivas e sem fundamento. Métodos de determinação da qualidade de ovos A qualidade de ovo apresenta diferenças de conceitos relacionados a produtores, consumidores e processadores. Aos produtores, ela é influenciada pela resistência da casca dos ovos e pela qualidade interna. Normalmente, a qualidade de ovos é afetada por fatores genéticos, nutricionais, ambientais (temperatura), sanitários, pela idade e pelo peso dos ovos. Estrutura interna de ovo de galinha Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Ovos recém coletados Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Antes de iniciar a leitura sobre os métodos de avaliação da qualidade externa dos ovos, você deve estar se perguntando por que o criador precisa, realmente, avaliar a resistência da casca dos ovos produzidos? A resposta é muito simples: normalmente, são perdidos de 6 a 8% do total de ovos produzidos na granja, por problema de avaria de casca. Essa perda daria para alimentar muita gente ou salvar seu empreendimento em períodos de crise. Lembre-se sempre que a melhor embalagem dos ovos é sua própria casca e esse é o nosso desafio. Os métodos utilizados para avaliar a qualidade da casca dos ovos são divididos em duas categorias: destrutivos ou diretos e não destrutivo ou indireto. A escolha do método fica a rigor do técnico, mas é importante observar a eficiência de uso e o custo da técnica. Dentre os métodos diretos, temos: o peso e percentagem de casca e a espessura da casca; enquanto que a técnica indireta é, fundamentalmente, representada pela gravidade específica. O inconveniente dos métodos destrutivos é a possibilidade de ocorrer prejuízos devido à violação do conteúdo do ovo (comum à prática). Essa é uma prática desclassificatória, visto que a finalidade da avaliação da casca dos ovos é reduzir prejuízos e não aumentá-los. É por essa razão que os métodos não destrutivos vem recebendo maior atenção dos nutricionais e produtores, embora a método direto pareça mais preciso. Relatos científicos têm demonstrado alta correlação de perda de ovos por problema de casca com a gravidade específica, em comparação aos métodos diretos. Isso sugere a hipótese de que o uso da gravidade específica é suficiente para avaliar a resistência da casca dos ovos. O principal problema de qualidade interna de ovos para produtores refere-se à coloração da gema, pois, para muitos consumidores leigos, a qualidade nutricional do ovo é proporcional ao seu grau de pigmentação da gema. Para consumidores, a qualidade que mais interessa é a vida de prateleira dos ovos, às vezes, esquecida. Ovo velho com redução do albúmen Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Quadro 9.1- Ovos novo versus ovo velho Ovo novo: quando quebrado, a clara fica mais junta a gema. Quando cozido, a casca se solta com dificuldade. Ovo velho: quando quebrado a clara se encontra mais líquida e se espalha bastante. Quando cozido, a casca se desgruda mais facilmente do ovo. Quando colocado na água, os ovos velhos flutuam. Gravidade especifica medida pelo método de solução salina Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Gravidade especifica medida pelo principio de Arquimedes Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Contribuição Cientifica Semelhança de resultados da coloração da gema dos ovos, encontramos ao usar o Existem pesquisas demonstrando que a pigmentação da gema e a coloração da casca dos ovos não tem relação com a qualidade interna. No entanto, é perfeitamente possível atender às exigências do consumidor quanto à coloração da gema, a partir da adição de corantes artificiais ou naturais na ração das poedeiras. Pigmentantes como cataxantina e derivados do urucum podem ser utilizados. Os métodos mais usados têm sido o leque colorimétrico (manual) e aparelho cromatógrafo (digital), ambos com a mesma eficiência. Por fim, quero relatar o método padrão de avaliação da qualidade interna dos ovos pela indústria, mas pouco utilizado pelos criadores. Trata-se da unidade Haugh (UH), que relaciona o peso dos ovos com a altura do albúmem. Quanto maior a escala da UH, maior será a qualidade do ovo, muito utilizada em ovos frescos, mas desaconselhada em ovos armazenados. Apesar do sucesso e das poucas limitações dos métodos, fica o questionamento sobre o prazo de validade do ovo de consumo. Os técnicos têm que estar atento a isso, porque dois fatores correm contra o sucesso do setor: o primeiro é fisiológico, pois o grau de deteriorização do ovo é sempre constante após a ovoposição; e o segundo é de gestão, quando os supermercados armazenam o produto sem refrigeração. Assim, a perda da qualidade passa a ser cada vez maior. Então, o prazo de validade dos ovos, que parece ser por volta três semanas, é reduzido em ambiente sem refrigeração. Mitos e verdades sobre o colesterol do ovo Atualmente, o consumo per capita de ovos no Brasil não ultrapassa os 150 ovos por habitante por ano. Comparando aos altos consumos de países desenvolvidos, a exemplo do Japão (360 ovo/hab/ano), este consumo é, simplesmente, insignificante. As causas do reduzido consumo de ovo pelos brasileiros, são variadas. A principal delas tem sido o medo exagerado de colesterol do ovo devido à incidência de ataque de miocárdio com esse esteróide, levando muitos consumidores a colesterolfobia. Portanto, o reduzido consumo de ovo no Brasil é atribuído, por muitos especialistas, ao colesterol presente no alimento. Algo sem sentido e sem a mínima explicação científica para o fato. Esta lamentável “inverdade”, muita vezes dita pelos técnicos do meio zootécnico, retira da boca do pobre um alimento de qualidade inigualável. Sim, porque o ovo de consumo é notadamente reconhecido como alimento de alta qualidade nutricional, com presença marcante no combate a desnutrição de consumidores em países subdesenvolvidos, sobretudo de crianças. Esse alimento tem tido uma importância fundamental na desigualdade nutricional em virtude do baixo custo de aquisição, estando acessível a todas as classes sociais. O ovo de consumo poderia minimizar o problema de cegueira noturna, causada pela deficiência de vitamina „A”, que assola o status nutricional de muitas crianças de paises pobres., principalmente. O ovo tem sido apontado como um ótimo componente da dieta de portadores de Alzheimer e Parkinson, por reduzir a agravamento das doenças. O ovo parece aumentar o QI, devido à presença marcante da colina, em razão do melhor funcionamento do cérebro, relacionado à formação de novos neurônios, até então não aparelho cromatógrafo (Minolta) em comparação com o leque colorimétrico, para ovos de poedeiras marrons. Adaptado de Silva et al. (2006) Métodos de medida da coloração da gema de ovos Fonte: Prof. Jordão Filho, J. Aparelho de mede a unidade Haugh observado pelos pesquisadores em outro alimento. Além disso, em gestante o ovo de galinha pode fornecer colina suficiente para o desenvolvimento do cérebro do feto.Estudos científicos comprovam que as doenças cardíacas estão mais direcionadas com as complicações hereditárias e maus hábitos alimentares, como ingerir gorduras saturadas, principalmente a trans, do que mesmo com os níveis de colesterol dos ovos. Assim, em outros estudos tem sido sugerido o consumo de pelo menos um ovo por dia, podendo ser até dois, sem afetar a concentração de colesterol sanguíneo. Apesar dessa precaução sem sentido de ser, os pesquisadores têm estudado o enriquecimento de ovo com ácidos graxos da série ômega-3, tornando o ovo num alimento funcional, por evitar problemas cardiovasculares através de ações antiinflamatórias. Os estudos com redução do colesterol da gema não tem tido êxito, porque as poedeiras modificam seu metabolismo para oferecer a devida quantidade de colesterol, utilizado para nutrição do embrião. Particularmente, penso que a redução do consumo de ovo no Brasil ocorre, principalmente, em função da discriminação do produto. Não faz sentido um país em nível de desenvolvimento socioeconômico como Brasil apresentar consumo de ovo inferior ao Japão, quando na verdade deveria ser compatível. Também, não temos que desenvolver estudos para fortalecer as propriedades nutricionais do ovo. Este alimento por si só, é seguramente uma potência alimentar. O que deve ser mudado é o conceito errado da colesterolfobia. Consideração final A crescente informação das qualidades alimentares do ovo pelos técnicos pode num futuro breve, reduzir a descriminação do produto e aumentar o consumo, pois nada justifica o baixo consumo de ovos pelos brasileiros. Prof. José Jordão Filho UFPB virtual Avicultura
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