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1 ESTADO DO ACRE CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO RESOLUÇÃO CEE/AC Nº 136/2019 Dispõe sobre o Currículo de Referência Único do Estado do Acre, sua implantação e implementação. A Presidente do Conselho Estadual de Educação do Acre, Conselheira Iris Célia Cabanellas Zannini, no uso das atribuições que lhe confere a Lei Complementar nº 162, de 20 de junho de 2006, considerando que: A Secretaria de Estado da Educação, Cultura e Esportes – SEE, em atenção às recomendações da BNCC – Base Nacional Comum Curricular, a Resolução CNE/CP nº 2, de 22 de dezembro de 2017 e a Resolução CEE/AC nº 264/2018, encaminhou a este Conselho Estadual de Educação na data de 21 de dezembro de 2018, o Currículo de Referência Único do Estado do Acre para a Educação Infantil e o Ensino Fundamental, anexados, o Termo de Adesão, construído e assinado por todos de acordo com o que orienta a Resolução CEE/AC nº 264/2018 em seus artigos 8º e 9º, bem como, os currículos de cada área, construídos pelos Sistemas Estadual e Municipais sob a responsabilidade de uma equipe de redatores composta por professores das redes de ensino e um Comitê de Governança orientado pelo MEC para o processo de implantação da BNCC, que teve início com a reelaboração do currículo do Estado resultando numa versão preliminar submetida à consulta pública a partir do mês de agosto do ano de 2018 e a realização de um Seminário Estadual. O Currículo de Referência será, portanto, destinado à Educação Infantil, Ensino Fundamental e respectivas modalidades, bem como Educação Rural e Publicada no DOE Nº 12.548 em 10/05/2019 2 Educação Indígena, esta última respeitando a sua territorialidade e os direitos interculturais e específicos aos quais fazem jus às populações indígenas; A BNCC é um documento que estabelece o conjunto de aprendizagens essenciais, esperado para o desenvolvimento das capacidades, conteúdos e habilidades a que todos os alunos devem chegar em cada etapa da Educação Básica, construído pelo sistema para que, após homologado, cada escola adeque a sua proposta pedagógica com base nas aprendizagens essenciais; A análise do presente currículo identifica a necessidade de ampliá-lo em aspectos que levem a escola a refletir sobre o seu papel, em razão do que segue: Os documentos apresentados evidenciam Currículo como uma proposta plural de ação educativa, constituído por conhecimentos relevantes e pertinentes, portanto é fundamental que contemple eixos e temas importantes para a vivência dos saberes, que visam contribuir para o desenvolvimento das identidades e habilidades cognitivas e socioemocionais dos estudantes e sua integração com o meio físico natural; De acordo com o Parecer CEE/AC nº 09/1998 a educação deve se constituir como um processo de construção de identidade, que significa mais que uma simples transmissão de valores, e sim, antes de tudo, criar as condições para que essas identidades desenvolvam a capacidade de conhecimento de si mesmo e do mundo e constituam, a partir desses conhecimentos, uma consciência harmoniosa, ancorados no campo da ciência e no campo da filosofia; Ancorados nesses pilares que dão base à educação: sensibilidade racional, políticas da igualdade e ética da identidade exige-se da escola construir uma pedagogia de ação qualitativa para criar as condições que possibilitem ao aluno desenvolver as capacidades do conhecimento de si mesmo construir, a partir do conhecimento, uma convivência harmoniosa que o fortaleça para a vida numa sociedade mais justa, igualitária e mais responsável pela sustentabilidade do planeta; 3 Com base nas formas de composição curricular: transversalidade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade é que os Parâmetros Curriculares Nacionais introduziram os temas transversais, o que vai permitir tratar uma questão a partir de uma perspectiva plural em torno dos grandes temas: Ética, saúde, meio ambiente, pluralidade cultural e orientação sexual (Parecer CEE/AC nº 64/2016); O currículo de referência, embora contemple uma abordagem pedagógica de forma transversal e integradora como alternativa para tratar temas exigidos pela legislação e normas específicas e temas contemporâneos relevantes e afetos à formação e ao desenvolvimento da cidadania, nele exige-se uma melhor ampliação e aprofundamento desses temas que afetam a vida humana em escala local, regional e global e de temas de importância significativa como o processo de envelhecimento, o respeito e valorização do idoso e os processos intergeracionais, os direitos da criança e do adolescente, a educação alimentar e nutricional, a educação em direitos humanos e a educação digital, bem como o tratamento adequado à temática da diversidade cultural, étnica, lingüística e epistêmica ancorada no interculturalismo e no respeito ao caráter pluriétnico e plurilíngue da sociedade brasileira, segundo a BNCC; A Educação Ambiental de acordo com a Lei nº 9.795/1999 “é um conteúdo essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada transversal, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal” e ganha maior relevância no contexto local e amazônico; A oferta de tecnologias deve despertar no aluno sentimentos de prazer e respeito, face o desenvolvimento de competências e quanto ao uso; A Educação Financeira contribuirá para a formação do cidadão quando trabalhada nos aspectos relacionados ao uso do dinheiro, ao consumo, ao trabalho e aos valores éticos, tudo isso deve ser evidenciado no currículo; 4 A realização de atividades socioeducadoras pela escola deve envolver os pais, para elucidar temas que os aproximem e em razão de que suas famílias se preservem. RESOLVE: Art. 1º - A presente Resolução institui e aprova, com recomendações, o Currículo de Referência Único do Estado do Acre, como documento de caráter normativo que define as áreas do conhecimento – componentes curriculares, bem como, o conjunto de aprendizagens essenciais nas etapas da Educação Infantil e do Ensino Fundamental e respectivas modalidades. § 1º - O citado currículo explicita os componentes curriculares, a seguir relacionados, e as capacidades descritas em cada ano escolar: Língua Portuguesa, Artes, Língua Estrangeira: Inglês e Espanhol, Educação Física, História, Geografia, Matemática, Ciências e Ensino Religioso. § 2º- O Ensino Religioso compõe, nos cadernos, com conteúdos específicos a partir das competências estabelecidas na Resolução CNE/CP nº 2/2017 alinhados com a Proposta Curricular do Estado do Acre, construídas pelos membros do Fórum de Ensino Religioso desde 2002, propondo reconhecimento e respeito às histórias, memórias e valores das diferentes culturas, tradições religiosas e filosofias de vida como critérios essenciais à formação integral do aluno. § 3º - Cabe à escola assegurar aos estudantes da Educação Infantil e Ensino Fundamental uma formação sólida, garantindo direitos e objetivos de aprendizagem, ao longo da Educação Básica, para além das 10 competências gerais propostas pela BNCC, a seguir descritas: a) Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva; b) Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar 5 hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas; c) Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais,e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural; d) Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital -, bem como e conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para ser expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao atendimento mútuo; e) Compreender, utilizar e criar tecnologias digital de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva; f) Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade; g) Argumentar com base nos fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta; h) Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas; i) Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos 6 humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza; j) Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. § 4º - No Currículo a Base Nacional Comum e a Parte Diversificada se complementam e integram como um todo articulado, em consonância com as características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos. Art. 2º - O currículo deve especificar, de modo mais claro e codificado por escrito, os conteúdos a serem ensinados a cada ano da educação básica com vistas à democratização do ensino, posto que corresponde a seleções culturais, não neutras, mas carregadas de intencionalidades que se materializam pela oferta de conteúdos escolares, devendo tornar-se referência unificada. Parágrafo único - Cabe ao sistema, a fim de elucidar melhor e possibilitar o trabalho docente de qualidade, constituir comissões de redatores, por área, disciplina e anos escolares, para construírem, dentro dos cadernos do currículo, uma coluna que explicite claramente os conteúdos mínimos a serem ensinados a partir das capacidades lá estabelecidas, previamente encaminhando ao Conselho Estadual de Educação para apreciação. Art. 3º - As Instituições Educativas Públicas e Privadas devem implantar o Currículo de Referência Único, a partir das seguintes ações: I - organizar o currículo praticado e reelaborar suas propostas pedagógicas, adequando-as ao novo currículo, de modo a atender o conjunto de habilidades e competências, os direitos e objetivos de aprendizagens, instituídos pelo Estado a serem respeitados, obrigatoriamente, ao longo das etapas da Educação Infantil e Ensino Fundamental e suas respectivas modalidades; II - organizar os componentes curriculares numa perspectiva interdisciplinar, contextualizar os conteúdos curriculares e fortalecer a competência pedagógica das equipes escolares de modo que adotem estratégias mais dinâmicas interativas e 7 colaborativas em relação à gestão do ensino e da aprendizagem e, considerando o contexto e as características dos estudantes; III - adotar, nas descrições do currículo, estudos interdisciplinares que abranjam a educação financeira, a cultura da paz, o combate ao bullying, a intolerância religiosa e a qualquer tipo de discriminação; IV - construir e aplicar procedimentos de avaliação formativa de registros de resultados como referência para alcançar o padrão de qualidade e a melhoria do ensino; V - selecionar, produzir, aplicar e avaliar recursos didáticos e tecnológicos para apoiar o processo do ensino e da aprendizagem; VI - possibilitar a participação de todos os agentes educacionais na formação continuada e nas oficinas pedagógicas, a fim de subsidiar o professor na orientação e no realinhamento das propostas pedagógicas e na construção/reconstrução do Projeto Político Pedagógico; VII - manter processo contínuo de aprendizagem sob gestão pedagógica e curricular para os demais educandos no âmbito de instituição, em atenção às Diretrizes Curriculares Nacionais e Normas dos Conselhos Estaduais/Municipais de Educação; VIII - proporcionar aos professores as condições de construírem seus planos de ensino adequados aos respectivos anos, áreas e modalidades; IX - envidar esforços no sentido de assegurar recursos financeiros para a revitalização e aquisição dos serviços pedagógicos e ambiências que auxiliem o professor na realização do trabalho pedagógico. Art. 4º - Na composição do currículo do Ensino Fundamental a escola deve possibilitar que os conteúdos da educação ambiental se organizem em unidades de estudo de modo a agregar conhecimentos relacionados ao meio ambiente através da interdisciplinaridade e transdiciplinaridade - que emanam das áreas do conhecimento – contextualização, ensejando formas didáticas e pedagógicas que fortaleçam o ensino com pesquisa, no desenvolvimento dos valores éticos, políticos, estéticos e espírito da preservação da natureza, a sustentabilidade e a melhoria de qualidade da vida da coletividade. 8 Parágrafo único – Na oferta do novo currículo para os alunos com deficiência da Educação inclusiva deve ser complementado com recursos e flexibilizações que possibilitem ao aluno, público alvo de Educação Especial, ter acesso ao ensino, à cultura, ao exercício da cidadania e a inserção social com produção, conforme normas dos Conselhos Estadual e Municipais de Educação. Art. 5º - Os sistemas em acordos e regime de colaboração, assinados pelos Entes Federados, dividirão as responsabilidades, no sentido de garantir: I - formação continuada para professores com experiência na docência da Educação Básica e com a devida formação na área de atuação, e para os formadores; II – efetivação de programas de formação continuada para os professores das redes, possibilitando em sua estrutura oficinas pedagógicas; III - produção e aquisição de materiais didáticos para todo o processo de educação continuada e para a implementação oficial do currículo; IV – elaboração do calendário oficial da rede de modo a destinar os dias para a formação continuada dos professores sem prejuízo dos dias letivos; V – organização de um sistema de acompanhamento do processo de ensino e aprendizagem que leve em conta o contexto e o alcance das intencionalidades pedagógicas; VI - fortalecimento e revitalização dos ambientes pedagógicos no interior das unidades escolares tais como: laboratórios de ciências, de informática, biblioteca, salas, de multimeios como ferramentas essenciais aos trabalhos da escola. Art. 6º - As observações e sugestões identificadas nesta resolução deverão ser efetivadas pelos sistemas durante o processo de consolidação do currículo único. Art. 7º - Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação. REGISTRE-SE, PUBLIQUE-SEE CUMPRA-SE Rio Branco-AC, 22 de março de 2019. Consª. Iris Célia Cabanellas Zannini Presidente do CEE/AC