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Vitimologia -M¢dulo 7

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1Noções básicas de vitimologia
NOÇÕES BÁSICAS
DE VITIMOLOGIA
PROFESSOR CONTEUDISTA
Marcio Rodrigo Delfim
MÓDULO 7
Considerações Finais
UNIDADE 7
2Noções básicas de vitimologia
N
o transcorrer do presente curso foi possível perce-
ber que remontam à antiguidade os mecanismos 
legais de amparo à vítima, considerado um dos 
objetos de estudo mais importantes da moderna 
Vitimologia.
Com o passar do tempo, em especial após o advento do Di-
reito Romano, a análise da personalidade da vítima, também 
considerada objeto de estudo da Vitimologia, assumiu grande 
importância, principalmente para fins de reparação dos danos 
a ela causados.
Mais recentemente, os estudiosos do assunto passaram a 
dedicar especial atenção à relação que pode existir entre a víti-
ma e seu agente ofensor, relação essa chamada pela doutrina 
de dupla penal, sendo que, na maioria dos casos, a vontade da 
vítima é divergente da vontade do delinquente, enquanto em al-
gumas hipóteses o que caracteriza tal relação é a convergência 
de vontades, ou seja, neste último caso, de uma forma ou de 
outra, consciente ou inconscientemente, a vítima acaba colabo-
rando com o desfecho criminoso.
São essas três, enfim, as bases metodológicas necessárias 
ao estudo e à compreensão da moderna Vitimologia.
Em relação à classificação das vítimas ficou demonstrado 
que a maior parte dos vitimólogos adota a classificação formu-
lada por Benjamin Mendelsohn, para quem as vítimas podem 
ser: a) completamente inocente; b) menos culpada do que o 
delinquente; c) tão culpada quanto o delinquente; d) mais culpa-
da que o delinquente ou vítima provocadora; e e) vítima como 
única culpada.
Outro ponto analisado no presente curso tratou da existên-
cia, ou não, de autonomia científica da Vitimologia, momento 
em que se pôde perceber que, para muitos autores, o fato de 
a Vitimologia apresentar objeto, método e fim próprios compro-
va sua autonomia científica, o que é corroborado pela grande 
quantidade de obras publicadas, pelo número cada vez maior 
de estudiosos do assunto e pela infinidade de eventos relacio-
nados à Vitimologia, não só no Brasil como no exterior.
Também foi objeto de estudo a questão relacionada à funda-
ção da moderna Vitimologia, o que, para a maior parte da dou-
trina, coube a Benjamin Mendelsohn, ao proferir uma conferên-
cia na Universidade de Bucareste, intitulada Um Horizonte Novo 
na Ciência Biopsicossocial – a Vitimologia, no ano de 1947.
No Brasil, entretanto, o primeiro artigo relacionado à Vitimo-
logia só veio à tona uma década depois, quando um trabalho de 
Paul Cornil fora transcrito na Revista da Faculdade de Direito da 
Universidade Estadual do Paraná, em 1958.
Além disso, foram estudados os graus de vitimação, os quais 
são divididos em vitimação primária (surgida no momento da 
ocorrência do delito), vitimação secundária (levada a cabo pe-
3Noções básicas de vitimologia
los agentes públicos que, em tese, estariam incumbidos de fa-
zer justiça) e vitimação terciária (que ocorre quando a própria 
vítima, após a ocorrência do delito, faz questão de se manter 
em tal condição visando atingir alguma finalidade subjacente).
Especificamente em relação à vitimação secundária foi pos-
sível demonstrar que, nos delitos de cunho sexual, as princi-
pais queixas das vítimas estão relacionadas aos comentários 
desagradáveis e olhares mal intencionados a elas dirigidos por 
parte dos agentes públicos. Porém, nos delitos em geral (exclu-
ídos os de cunho sexual), a falta de informações por parte das 
autoridades públicas é uma das reclamações mais frequentes 
aduzidas pelas vítimas, fazendo com que elas passem a ter um 
descrédito em relação às atividades policiais e judiciárias.
Também foi possível perceber que, para minimizar a ocorrência 
da vitimação (em especial a primária e a secundária) é impres-
cindível a criação de: a) programas de acolhimento urgente, tam-
bém denominados centros de assistência imediata às vítimas; b) 
programas assistenciais, os quais procuram prestar assistência 
contínua às vítimas, tanto em nível emotivo como em nível práti-
co; e c) programas de indenização econômica às vítimas.
Na sequência restou demonstrado que, nas hipóteses de cri-
mes sexuais em que a participação da vítima provocadora te-
nha o poder de influenciar o elemento volitivo do autor do fato, 
ao menos em tese, torna-se possível a aplicação (de forma co-
erente e cautelosa) da teoria conhecida como inexigibilidade de 
conduta diversa, a qual afasta a culpabilidade do agente.
Além disso, foi possível perceber que a palavra da vítima, 
em especial nos delitos sexuais, assume enorme importância, 
justamente pelo fato de que, na imensa maioria das vezes, tais 
crimes são cometidos às ocultas, sendo extremamente difícil 
se conceber outro elemento direto, além das informações por 
ela prestadas, para a prova da autoria do crime. Todavia, tam-
bém ficou demonstrado que, caso outras provas tenham sido 
coligidas aos autos, estas devem corroborar o que foi dito pela 
vítima, ou seja, se sua palavra se encontrar dissociada das de-
mais provas existentes, o juiz deve levar isso em conta.
Por fim, procurou-se demonstrar que, em alguns casos de 
crimes sexuais, as vítimas revelam um desejo, às vezes inconti-
do, de serem violentadas (fantasias sexuais) e que, justamente 
por isso, passam a frequentar lugares isolados, aceitar caronas 
de desconhecidos, ou até mesmo andar sozinhas à noite em 
locais reconhecidamente perigosos. Em outras palavras isso 
significa que são as próprias vítimas quem convidam o crimino-
so, sendo que tal fato pode ocorrer tanto de modo consciente 
quanto inconscientemente, motivo pelo qual é imprescindível 
que, em cada caso concreto, sejam realizados exames meticu-
losos acerca da personalidade da vítima, pois, a princípio, não 
se pode negar nem afirmar a culpabilidade do agente. 
4Noções básicas de vitimologia
REFERÊNCIAS
AMARAL NETO, Francisco dos Santos. Direito Civil Brasileiro 
- Introdução. Rio de Janeiro: Forense, 1991.
BERISTAIN, Antonio (Tradução de Cândido Furtado Maia Neto). 
Nova Criminologia à luz do Direito Penal e da Vitimologia. 
São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2000. 
BITTENCOURT, Edgard de Moura. Vítima: Vitimologia: A du-
pla penal delinquente-vítima. Participação da vítima no cri-
me. Contribuição da jurisprudência brasileira para a nova 
doutrina. São Paulo: Universitária de Direito, 1971. 
 
FARIAS JÚNIOR, João. Manual de Criminologia. Curitiba: Ju-
ruá, 1996. 
 
FAYET JÚNIOR, Ney; CORRÊA, Simone Prates Miranda (Orga-
nizadores). A sociedade, a violência e o Direito Penal. Porto 
Alegre: Livraria do Advogado, 2000. 
 
FERNANDES, Antonio Scarance. O papel da vítima no pro-
cesso criminal. São Paulo: Malheiros, 1995. 
 
FERREIRA, Aurélio Buarque de Hollanda. Pequeno Dicionário 
Brasileiro da Língua Portuguesa. 11ª ed. Rio de Janeiro: Civi-
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LEAL, César Barros; PIEDADE JÚNIOR, Heitor (Organizado-
res). Violência e vitimização: A face sombria do cotidiano. 
Belo Horizonte: Del Rey, 2001. 
 
MOLINA, Antonio García-Pablos de; GOMES, Luiz Flávio. Cri-
minologia: Introdução a seus fundamentos teóricos. Intro-
dução às bases criminológicas da Lei nº 9.099/95 – Lei dos 
Juizados Especiais Criminais. 7ª ed. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2010. 
MOREIRA FILHO, Guaracy. Vitimologia: O papel da vítima na 
gênese do delito. 2ª ed. São Paulo: Jurídica Brasileira, 2004.
 
PIEDADE JÚNIOR, Heitor. Vitimologia: Evolução no tempo e 
no espaço. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1993. 
SHECAIRA, Sergio Salomão. Criminologia. São Paulo: Revistados Tribunais, 2004.
5Noções básicas de vitimologia
SOUZA, José Guilherme de. Vitimologia e violência nos cri-
mes sexuais: Uma abordagem interdisciplinar. Porto Alegre: 
Sergio Antonio Fabris, 1998.

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