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Ensino de Ciências Naturais na EJA

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Aluna: Eliane Oliveira Santos; Turma: Bio. 111.
Resenha do Artigo: O ensino de ciências naturais e cidadania sob a ótica de professores inseridos no programa de aceleração de aprendizagem da EJA.
SANTOS, Patrícia Oliveira et al. O ensino de ciências naturais e cidadania sob a ótica de professores inseridos no programa de aceleração de aprendizagem da EJA- Educação de Jovens e Adultos. Ciência e Educação, v.11, n.3, p. 411-426, 2005. 
O autor relata a trajetória evolutiva histórica do ensino de Ciências Naturais no Brasil, primeiramente, enfatiza a importância do ensino de ciências, com início nas décadas de 1950 e 1960, após a Segunda Guerra Mundial, momento em que a industrialização, o desenvolvimento tecnológico e científico provocou grande choque nos currículos escolares, trazendo a necessidade de mudanças consideráveis para adequar-se ao mercado de trabalho da era capitalista. O ensino adquiriu um foco mais específico ao ensino técnico para laboratório, voltado à formação de cientistas. O autor diz que, esta foi uma fase de realizações de grandes propostas, aumentou- se a preocupação em adequar toda estrutura escolar, criar laboratórios e elaborar bons materiais. Porém, a responsabilidade de manipular e ensinar nesses laboratórios não eram do professor e sim de um especialista para este fim, assim, o ensino prioriza a educação de jovens e adultos. É nessa época que a proposta de alfabetização de jovens e adultos passa a ser percebida como instrumento de libertação, trazendo uma reflexão da posição e lugar ocupado pelo homem no mundo, denominado o método de Paulo Freire. Em 1964 houve a fragmentação das matérias científicas. Devido à autoridade da ditadura militar, modificou- se o papel da escola, em que passou a considerar o desenvolvimento econômico do país, enfatizando o ensino apenas em formação trabalhista. Na década de 1970, devido o desenvolvimento tecnológico do País, o ensino de ciências, além de visar à formação científica, passa a ter outro objetivo, permitir a vivência do método cientifico como necessário para a formação do cidadão, elaborando um currículo de Ciência que possa integrar ciências, tecnologia e sociedade. Com a democratização do ensino, pensou- se no aprendizado destinado ao homem comum e não apenas ao especialista, a fim de que todos pudessem participar, discutir e refletir a cerca de implicações sociais do desenvolvimento científico e a neutralidade da ciência. Foi a partir de então que a Constituição Federal Brasileira de 1988 instituiu o direito ao Ensino Fundamental para Jovens e Adultos. 
O autor trás relatos referentes aos cursos de licenciaturas. Cita problemáticas causadas em relação a sua possibilidade de preparar docentes, visando à fragmentação das disciplinas da área de educação que tange a formação específica desse profissional. A situação torna- se ainda mais graves devido à expansão do Ensino Superior e a diminuição na carga horária dos cursos de licenciatura. Para o autor o processo de formação do professor deve ser contínuo não estando pronto no momento de aquisição do diploma da graduação, sendo que, como cidadão deverá, além de receber um ensino de qualidade para sua formação, o professor deve ser um intercambio entre o ensino e aprendizagem, capazes de criticar e formar opiniões. Ele expõe que, o processo rápido de formação do professor afeta as atividades de docência e valorização do docente, podendo impedir que o professor esteja pronto para buscar e tenha flexibilidade aos novos conhecimentos. Nesta perspectiva o autor enfatiza a estrutura e a organização da EJA no Município de Aracajú no Estado de Sergipe. Em Aracaju, a Educação Básica de Jovens e Adultos foi implantada em 1987. Desde então, o município passou a prestar atendimentos a nove escolas no período noturno, a fim de atender o aluno/trabalhador. Atualmente, oferece na modalidade de Ensino de Jovens e Adultos (EJA) dois programas destinados ao Ensino Fundamental: PAEJA ( Programa de Aceleração da Educação de Jovens e Adultos), I seguimento da EJA, oferece o ensino em nível de 1ª a 4ª série; e o Projeto de Aceleração do Ensino Fundamental no segmento de 5ª a 8ª série, II seguimento do EJA. Destacando o objetivo de implantação gradativa das classes de Aceleração do Ensino fundamental- II segmento- na Rede Pública Municipal, a correção da defasagem idade/série e a execução de um currículo compatível com a legislação vigente. 
Foi nesta escola que realizaram as pesquisas para elaboração do trabalho do autor. Durante a pesquisa, houve entrevistas com os professores, em que alguns aspectos foram selecionados após análise dos dados. Tais como: a “concepção e cidadania, educação e cidadania, Ciências Naturais e cidadania, envolvimento com a escola, motivação dos alunos, tempo disponível para planejamento das aulas, qualificação do docente, disponibilidade de materiais e equipamentos”.
 Verificou- se na maioria das respostas que os docentes tinham uma concepção de cidadania muito restrita, e que expressão do tipo “conscientes de seus deveres e direitos” remete somente a transmissão de informações ao indivíduo, as quais lhe possibilitem o exercício de cidadania. Diante disso, o autor ressalta que a concepção de cidadania restrita apenas a ciência de direitos e deveres e sem elaboração da prática efetiva, não é suficiente para a atuação plena do cidadão, faz- se necessário também o cumprimento dos direitos já adquiridos. Em outra análise, com tema “educação e cidadania” foi observado pelo autor que, os relatos foram unanimes em afirmar que é impossível se chegar à concretização da cidadania sem educação. Os discursos demonstraram o conhecimento por parte desses agentes da necessidade da educação no processo de participação e modificação social. Na visão do autor, apesar do reconhecimento dessa necessidade o discurso não é posto em prática. Já nas análises dos dados sobre “ciências naturais e cidadania”, segundo o autor houve por parte do professor reconhecimento e demonstração na abordagem da disciplina como sendo favoráveis a modificações na postura dos alunos. Na concepção do autor, os conceitos de educar não devem ficar restritos aos conteúdos da disciplina, é preciso que o professor possa discutir a importância dos alunos na construção da sociedade e, saiba mostrar o melhor caminho da ciência e que contribua para a formação dos alunos no papel de cidadão. O autor leva em conta que as particularidades dos alunos da EJA, salientando que estão inseridas no mercado de trabalho, e demonstra urgência na compreensão de aspectos do desenvolvimento científico e tecnológico, de modo que a ciência representa a chance desses jovens e adultos conquistarem melhores trabalhos. Sendo assim, na visão do autor o ensino de ciências deve favorecer aprendizagens comprometidas com as dimensões sociais, políticas e econômicas que permeiam relações entre ciência tecnologia e sociedade. No entanto o autor aponta dificuldades encontradas pelo professor para promover ensino de ciência com esse intuito. Ao analisar os dados do tema “envolvimento da escola” foi verificado que, a falta de envolvimento da escola é citada pela maioria dos entrevistados, reclamam por uma integração maior entre professores e a instituição, e por isso encontram dificuldades na integração do ensino de ciências naturais e cidadania. Na visão do autor, a escola se encontra fortemente comprometida com o ensino de qualidade e com a ideia de formação de cidadania, prevalecendo à teoria, porém na prática, encontra- se inúmeras dificuldades como, a falta de condições de trabalho e de responsabilidade por mudar a situação, produzindo um relativo descredito na transformação da escola. Dentre outros, a “motivação dos alunos”, foi outro fator importante analisado, os quais de acordo com o autor encontram- se desmotivados, sendo frequentemente mencionados pelos professores como mais um obstáculo para a formação de alunos-cidadãos; Os dados da pesquisa cujo tema, o “tempo disponível para planejamento das aulas”, sendo a falta de tempopara preparação da aula, segundo o autor, remetida à proletarização do professor por meio da desvalorização profissional; os dados, a “qualificação do docente” no qual o autor destacou a falta de qualificação do docente, pela falta de capacitação e treinamento para atuar em campo como o EJA, por exemplo. A “disponibilidade de materiais e equipamentos” a qual o autor aponta outra problemática destacando a dificuldade existente para a efetivação da interfase entre o ensino de ciência e promoção da cidadania sem suportes específicos, já que inicialmente, nos anos 50 e 60 o objetivo era a formar cientistas. Porém, nesta época a ciências saiu dos laboratórios para dentro da sala de aula, sendo inserida no contexto escolar.
Na pesquisa participaram 19 professores do ensino de ciências de 19 escolas públicas municipais. O autor utilizou abordagem qualitativa com base em entrevistas semiestruturadas, os dados coletados foram gravados e transcritos em editor de texto. 
Em minha visão, a pesquisa repercutiu de forma abrangente devido ter ocorrido em diversas escolas e englobado um número considerável de integrantes entrevistados, certamente alcançou uma amplitude maior em relação aos resultados das analises. Relacionado ao tema, eu o considero um tanto delicado, por se tratar realidade vivenciada e que nos encontramos desde os primórdios da trajetória do ensino em si, apesar da evolução que houve, ainda existe uma ampla deficiência no ensino. Os aspectos analisados sobre as concepções que os professores têm sobre cidadania foram de grande valia, pois pude observar que a restrição às concepções que eles trazem é consequência de uma realidade imposta pelo sistema governamental, sistema que priva os cidadãos de conhecer e requerer seus direitos, mesmo os já adquiridos, sistemas que aliena as pessoas a ponto de fazer acreditarem que a cidadania é exercida quando se ganha o “direito” de votar. As respostas dos docentes aos demais dados da pesquisa, acredito que seja gerado por fatores referentes não a formação acadêmica dos cursos de licenciatura e sim no ensino/aprendizagem inflexível de alguns professores que são inseridos em programa de ensino sem uma capacitação especifica. Muitas vezes sem qualificação e sobrecarregados, tornam- se inadequados a lidar com o publico ofertado, como EJA, por exemplo.
Quanto aos autores, conduziram bem a pesquisa em foco, se preocuparam em avaliar a ótica dos professores no ensino de ciências naturais e cidadania, não somente a qualificação do docente, mas diversas consequências no contexto escolar como: motivação dos alunos, envolvimento da escola, falta de tempo para planejamento, disponibilidade de materiais e equipamentos, entre outras. É um trabalho importante, uma rica referencia, e valiosa analise teórica sobre as problemáticas da formação e do campo de trabalho docente. 
 Através do estudo deste artigo, o autor contribuiu para meu ensino/aprendizagem. Favoreceu para uma melhor concepção de cidadania, da importância do ensino de ciências naturais para a formação do cidadão. Como futura professora, a abordagem da problemática no ensino me trouxe uma visão das dificuldades que serão encontradas no exercício da docência, porém um foco, da esperança que é depositada no professor e que o sucesso depende de sua boa vontade e sua preparação para transformação do homem.

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