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Educação Profissional Técnica Mecânica Gestão pela Qualidade GPQ 4o semestral Gestão pela Qualidade SENAI- SP, 2002 Trabalho elaborado pela Escola SENAI Roberto Simonsen do Departamento Regional de São Paulo. Coordenação Geral Dionisio Pretel Coordenação Laur Scalzaretto Alcindo Daniel Favero Elaboração Aristodemo Daniel de Oliveira João Ulysses Laudissi Organização Adriano Ruiz Secco Écio Gomes Lemos da Silva Silvio Audi Escola SENAI Roberto Simonsen Rua Monsenhor Andrade, 298 – Brás CEP 03008-000- São Paulo, SP Tel. 011 229-5099 Fax 011.229-5099 r 229 E-mail rsimonsen@senai101.com.br Home page: http:www.senai101.com.br Sumário Página Qualidade - Evolução do conceito 5 Normalização 15 Conceitos fundamentais segundo NBR ISO 8402/dez 1994 23 Sistemas da qualidade 28 Série ISO 9000 34 Critérios para seleção e uso das normas da família NBR ISO 9000 47 Implantação do sistema de garantia da qualidade - Família NBR ISO 9000 50 Leitura e interpretação da norma NBR ISO 9001 61 Relação de normas técnicas 70 Introdução aos tópicos da norma NBR ISO 9001:2000 73 Abordagem de processo 74 Bibliografia 103 5 Qualidade - Evolução do conceito Desenvolvimento Quando se estuda a história do ser humano, desde os primeiros tempos de sua existência pode-se verificar que não é recente a preocupação dele com o que se chama qualidade. Esta preocupação, pode-se dizer, é tão antiga quanto o ser humano. Encontram-se em incontáveis registros históricos comprovações de que o ser humano sempre esteve envolvido e comprometido com questões como atendimento de necessidades, adequação ao uso, melhoria contínua, etc. Desde a descoberta ou invenção dos primeiros utensílios (ferramentas, armas, etc.) e a utilização em seu proveito dos elementos da natureza, até as mais recentes realizações, o ser humano mostra que tem inerente a ele conceitos de qualidade. É inegável, entretanto, que o enfoque e a amplitude desses conceitos têm variado ao longo da história da humanidade. Nos primórdios da história, quando o ser humano escolhia uma ou outra madeira (ou pedra) para sua ferramenta, arma ou utensílio, algum critério o orientava em sua decisão. Descobrindo a cerâmica, os metais, o vidro ou cuidando da agricultura e dos animais, ele mostra também que estas atividades não eram totalmente fruto do acaso. 6 Ao longo do tempo o ser humano amplia seus conhecimentos, habilidades e seus conceitos de qualidade. Uma característica importante é que estes conhecimentos e habilidades eram do domínio de poucos, que transmitiam a outros privilegiados esses segredos. Entre os detentores de conhecimentos e habilidades destaca-se a figura do artesão. Pode-se dizer que a qualidade se confunde com a própria figura do artesão. E por que isso acontece? É que o trabalho de cada artesão traz sua marca registrada, como ainda acontece com os grandes artistas da atualidade. O artesão confere a tudo que faz sua marca única, exclusiva. O artesão do Mundo Antigo escolhe a matéria-prima, especialmente para o produto que vai elaborar. Sua técnica, muitas vezes, é um segredo que só ele conhece, resultado de muitos anos de trabalho e experimentação. Seu trabalho é totalmente manual e lento. Por isso, seus produtos são caros e só estão ao alcance de uma minoria privilegiada. Nessa época, portanto, a qualidade é garantida pelo próprio artesão, pois ele está em contato direto com seus clientes e conhece as suas necessidades. A manufatura O domínio do artesão continuou praticamente absoluto até o século XVIII. Nesse ponto entram em cena a manufatura e a divisão capital-trabalho: vários artesãos passam a trabalhar em conjunto, para um capitalista - proprietário das ferramentas, da matéria-prima e dos clientes. 7 O capitalista produziu um afastamento entre o artesão e seus clientes. Na manufatura, o artesão conhece e domina totalmente sua técnica, mas não tem mais contato direto com seus clientes; a qualidade de seu produto passa a ser tanto sua responsabilidade como do dono da manufatura. A revolução industrial Na manufatura a produção ainda era baixa e destinada a poucos. Com a revolução Industrial começa a mecanização, que tem como conseqüências diretas o aumento da produção e o barateamento dos produtos. Henry Ford cria a primeira linha de montagem para produzir em larga escala o automóvel Ford modelo T. Especialistas como Taylor e Fayol realizam estudos de tempos, métodos e movimentos para aumentar o fluxo da produção. O processo produtivo passa, então, a ser dividido em operações elementares que podem ser executadas por operários que não precisam ter uma grande qualificação profissional. A qualidade dos produtos cai e torna-se necessário criar a inspeção em cada fim de etapa. Essa inspeção permite separar os produtos defeituosos, para evitar que eles cheguem ao consumidor. Portanto, na produção em série, que utiliza linha de montagem, quem produz não domina todo o processo de fabricação, não tem mais contato com os clientes (consumidores) e a responsabilidade da qualidade fica a cargo de inspetores. Intercambialidade Nas linhas de montagem os produtos deixam de ser produzidos de forma individualizada: os componentes não são fabricados e ajustados para compor cada produto. 8 Produzidas em grande quantidade, as peças perdem sua individualidade. Devem, entretanto, ser equivalentes para permitir sua montagem. Dizemos, então, que as peças são intercambiáveis - podem ser trocadas entre si. A intercambialidade das peças cria um outro conceito de qualidade: as peças não precisam mais ter dimensões exatas. Elas serão consideradas adequadas e intercambiáveis se suas dimensões estiverem dentro de limites de tolerância previamente estabelecidos. Assim, a partir de 1840, surgem os calibradores simples para verificar e controlar as dimensões das peças. São os calibradores tipo passa que selecionam as peças que estão dentro do limite de tolerância fixado. Em 1870 os calibradores já são do tipo passa-não-passa, ou seja, estabelecem as dimensões mínima e máxima que as peças podem apresentar para serem aceitas. Da inspeção ao controle da qualidade A partir de 1900, várias técnicas foram desenvolvidas para combater os defeitos de fabricação e reduzir os prejuízos à produção. Essas técnicas podem ser agrupadas sob o nome de Controle da Qualidade. Algumas das principais mudanças que ocorreram na passagem da simples inspeção para o Controle da Qualidade são apresentadas abaixo: a) Até 1840 - inspeção simples; b) De 1840 a 1900 - limites de tolerância - controle com calibres; c) 1900 - normalização com especificação de fabricação; d) 1920 - conceitos de tolerância da partida (especificações de aceitação); e) 1924 - controle da fabricação por meio de gráficos; f) 1940 - aprimoramento das técnicas de Controle Estatístico do Processo (CEP). 9 O Controle da Qualidade é um avanço significativo em relação à simples inspeção: seu objetivo não é simplesmente separar as peças defeituosas. Com o Controle da Qualidade procura-se evitar a produção de peças de qualidade insatisfatória. Passa-se a trabalhar com especificações de fabricação. A qualidade dos produtos torna-se, então, o atendimento dessas especificações. A partir de 1920 a estatística é introduzida no Controle da Qualidade, com a utilização dos gráficos de controle inventados pelo Dr. Walter A. Shewhart, da Bell Laboratories. É que a grandeprodução de peças tornou demorada e cara a inspeção completa, peça por peça. Com a estatística a inspeção passa a ser feita por amostragem. Surge então o Controle Estatístico do Processo - CEP, que pode ser considerado o resultado do trabalho de dois pesquisadores: o Dr. Shewhart, introdutor das técnicas estatísticas e o Dr. William Edwards Deming, que criou uma filosofia de gerenciamento onde o envolvimento e o comprometimento devem ser de toda a empresa, desde a sua alta administração. A qualidade do produto passa a ser vista como o resultado de processos controlados. O Controle Estatístico do Processo (CEP) representa o ponto máximo no desenvolvimento do Controle da Qualidade. É que ele vai agir sobre todas as fases da produção: começa no próprio estudo do projeto; prossegue com a verificação da matéria-prima; continua no próprio processo de fabricação e termina no produto acabado. 10 Qualidade total O CEP já havia sido abandonado nos Estados Unidos quando foi introduzido no Japão, na década de 50. E, atualmente, é impossível falar de qualidade sem mencionar a experiência do Japão após a Segunda guerra mundial. A virada da economia japonesa está muito ligada ao seminário desenvolvido no Japão, em 1950, pelo especialista americano Dr. Deming, que atendeu ao convite da “JUSE - União dos Cientistas e Engenheiros Japoneses”. Foi um seminário de 8 dias sobre “Controle Estatístico da Qualidade”, destinado a gerentes, chefes e engenheiros. Segundo o Dr. Kaoru Ishikawa, especialista em qualidade no Japão, o Dr. Deming colaborou intensamente na introdução do Controle da Qualidade naquele país. Entretanto, como assinala Ishikawa (1986), esse Controle da Qualidade “consistia numa atividade somente implementada pelos engenheiros e técnicos da produção, não envolvendo os diretores, gerentes e mesmo a cúpula dirigente”. Assim, lembra Ishikawa, foi necessária a vinda do Dr.J.M.Juran ao Japão, em 1954. Juran desenvolveu um seminário cujo enfoque central é o papel dos dirigentes e das chefias nas atividades de Controle da Qualidade. Esse seminário produziu uma mudança fundamental no Japão. O Controle da Qualidade deixou de ser centralizado em tecnologia para se alicerçar na administração global. 11 Juran fez os empresários japoneses perceberem que o Controle da Qualidade é um instrumento de gestão. Ele deve estar em toda a empresa, com a participação de todos: da chefia aos operadores. O conceito de Controle da Qualidade Total foi criado nos E.U.A., pelo Dr. Armand V.Feingenbaum, com a publicação de um artigo na Industrial Quality Control, em maio de 1957 e, posteriormente, com a publicação do livro intitulado Total Quality Control: Engineering and Management, em 1961. Feingenbaum define o Controle da Qualidade Total como “um sistema eficiente para a integração do desenvolvimento da qualidade, da manutenção da qualidade e dos esforços de melhoramento da qualidade dos diversos grupos em uma organização para permitir produção e serviços aos níveis mais econômicos, que levam em conta a satisfação total do consumidor”. Todavia, Feingenbaum defendia para o Controle da Qualidade Total um estilo de administração exercido essencialmente por especialistas em Controle da Qualidade (C.Q.). Ishikawa afirma que no Japão não se aplica o mesmo enfoque de Feingenbaum. No Japão desenvolveu-se um estilo próprio que passou a ser denominado “Controle da Qualidade em toda a empresa”, para caracterizar o enfoque japonês. No mundo todo generalizou-se denominar por T.Q.C. - Total Quality Control todos estes estilos de administração que tenham uma preocupação global com a qualidade, incluindo fornecedores da empresa, a empresa (seus proprietários e funcionários), usuários dos produtos (intermediários e finais) e toda a sociedade. 12 Com o TQC, o Japão estendeu o Controle da Qualidade ao estágio de desenvolvimento de novos produtos. No momento de criação de novos produtos, deve-se prever as características que os futuros consumidores irão procurar neles. O TQC representa um estágio importante na evolução das empresas. A empresa capitalista, depois de ter passado pelas fases de produção em massa e da concorrência através do menor custo, chegou ao estágio da competição pelo atendimento do cliente: a era da Qualidade Total. Na era da Qualidade Total, a empresa abandona o enfoque centrado no lucro imediato; percebe que, a longo prazo, corre o risco de perder na competitividade internacional. De outro lado, centralizando sua ação na qualidade, as empresas garantem um aumento contínuo da confiança dos consumidores. O resultado desse enfoque é o aumento das vendas e um lucro maior a longo prazo. Essas condições irão permitir à empresa expandir seu mercado a todas as partes do Planeta. Nessa etapa, qualidade é definida como satisfação do usuário e deve abranger as seguintes características: desempenho do produto, preço competitivo, cumprimento do prazo de entrega e atendimento ao cliente (serviços pós-venda). A era da competitividade acumula os avanços das fases anteriores do desenvolvimento das empresas: capacidade de produzir em massa, preços competitivos e qualidade como satisfação do cliente. 13 Não se deve confundir T.Q.C. com ISO 9000, pois embora tenham semelhanças, os conceitos de T.Q.C. são mais abrangentes. A ISO 9000 pode servir como uma ferramenta gerencial auxiliando a empresa a atingir os objetivos do T.Q.C. A revolução da informação e da informática A partir dos anos 70, com o rápido aperfeiçoamento nos campos da informação e da informática, as relações comerciais mudaram profundamente. Os clientes/consumido-res estão em qualquer lugar: os mercados tornam-se mundiais. É a chamada globa-lização da economia. A ciência e a tecnologia avançam e os processos produtivos sofrem transformações profundas. Novas filosofias de produção como Just-in-time, novas idéias e técnicas de produção e administração como Kanban, T.P.M., Terceirização, Quarteirização, Global-sourcing, etc., passam a ser utilizadas pelas organizações. No setor de veículos podem ser citados três exemplos recentes destas transformações. Exemplo 1 - O carro da General Motors, modelo Corsa, representa o que se chama de carro mundial. O mesmo modelo pode ser montado em diferentes países utilizando os mesmos componentes e mesmas ferramentas em qualquer fábrica montadora. As autopeças podem também ser produzidas e comercializadas nos diferentes países. Exemplo 2 - A Volkswagem mundial implantou, na sua fábrica de caminhões em Resende-RJ, um processo de produção chamado consórcio modular. Neste processo os fornecedores atuam em módulos dentro da fábrica principal, responsabilizando-se pela produção e qualidade de todos os componentes. Cada módulo cuida da produção e montagem de uma parte inteira do veículo. Pode-se dizer que são várias fábricas dentro de uma. 14 Exemplo 3 - Três montadoras de veículos, as americanas General Motors, Ford, Chrysler, chamadas de Big Three, elaboraram e editaram, em agosto de 1994, um conjunto de normas denominado QS 9000. O objetivo principal é unificar as exigências de qualidade entre seus fornecedores. Os fatores determinantes para este trabalho, unindo empresas rivais, foram: a) Facilitar as atividades dos fabricantes de autopeças; b) Detalhar melhor as exigências das normas da série ISO 9000, consideradas pelas montadoras muito genéricas para atender determinadas especificações do setor. A ISO 9000 tornou-se a base da QS 9000; c) Ampliar as exigências de qualidade para além do chamado chão de fábrica, tratando de temas como treinamentocontínuo, redução constante do tempo de desenvolvimento de produtos, planejamento de marketing, atendimento ao cliente e melhoria contínua na gestão dos negócios. Em relação ao mercado consumidor, pode-se considerar uma reação da indústria automobilística americana aos seus concorrentes da Ásia. 15 Normalização Introdução Consultando um dicionário da língua portuguesa pode-se ali verificar que a palavra norma tem os significados de: princípio, regra, preceito, lei, modelo ou padrão. Normalizar significa regularizar, submeter à norma ou normas. E normalização é entendida como o ato ou efeito de normalizar. As normas e a normalização fazem parte do mundo desde seu início, abrangendo todas as atividades. Em muitos casos este ato de normalizar não é exercido pelo ser humano, a própria natureza tem regras próprias, estabelecidas para seus elementos e espécies animais e vegetais. É absolutamente necessário que o ser humano exerça as atividades de normalização em perfeito equilíbrio com a natureza. Neste material didático utilizou-se para os termos norma e normalização os conceitos expressos no “Guia 2 - Termos gerais e definições relativas à normalização e atividades correlatas - ABNT/ISO/IEC - 1993”. Para estes dois termos considerou-se mais interessante transcrever, na íntegra, as definições do Guia 2. 16 Definições básicas Norma (Guia 2 - item 3.2) Documento, estabelecido por consenso e aprovado por um organismo reconhecido, que fornece, para uso comum e repetitivo, regras, diretrizes ou características para atividades ou seus resultados, visando à obtenção de um grau ótimo de ordenação em um dado contexto. Nota: As normas devem ser baseadas em resultados consolidados da ciência, tecnologia e experiência, visando à otimização de benefícios para a comunidade. Normalização (Guia 2 - item 1.1) Atividade que estabelece, em relação a problemas existentes ou potenciais, disposições destinadas a utilização comum e repetitiva com vistas à obtenção do grau ótimo de ordem, em um dado contexto. Notas: 1 - Em particular, a atividade consiste nos processos de elaboração, publicação, disseminação e implementação de normas. 2 - A normalização proporciona importantes benefícios, melhorando a adequação dos produtos, processos e serviços às finalidades para as quais foram concebidos, contribuindo para evitar barreiras comerciais e facilitando a cooperação tecnológica. Níveis de normalização O item 1.6 do Guia 2 define nível de normalização como sendo o alcance geográfico, político ou econômico de envolvimento da normalização. 17 Normalização territorial Quando se considera uma fração territorial de um determinado país. Esta fração pode ser um (ou mais) Estado, Ministério, Associação, Empresa individual. Exemplos: a) ANFAVEA - Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Brasil). b) ASTM - American Society for Testing Materials (EUA). Normalização nacional Quando ocorre em um dado país e a ele se restringindo sua aceitação e aplicação. Neste caso as normas devem ser editadas por uma organização nacional de normas que seja reconhecida como autoridade para torná-las públicas, procurando satisfazer necessidades e interesses do governo, indústrias, consumidores e comunidade científica. Exemplos: Brasil ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. Edita as NBR - Normas Brasileiras. Alemanha DIN - Deutsch Institut für Normung. Edita as DN - Deutsch Norm (Norma Alemã). Normalização regional Quando participam organismos de diversos países de uma dada região geográfica, econômica ou política do mundo. 18 Exemplos: Normas do Mercosul (Mercado Comum do Sul). Normas da C.E. (Comunidade Européia). Normalização Internacional Neste caso todos os países através de seus organismos participam, livremente, da elaboração das mesmas. Exemplos: ISO - International Organization for Standardization. IEC - International Electrotechnical Comission. Normalização interna Freqüentemente utiliza-se a expressão normalização interna. Esta denominação, embora não conste no Guia 2, insere-se no conceito de norma territorial daquele guia. O conjunto de normas adotadas por uma empresa corresponde à sua normalização interna e funciona como uma importante ferramenta de gerenciamento. Essa ferramenta só é eficaz se existir um acordo entre todos os que trabalham na organização, da administração até o nível operacional. A normalização na empresa vai possibilitar a criação de regras assumidas em consenso, que irão regular e tornar mais transparentes as relações internas. Assim, toda a empresa trabalha com economia, funcionalidade e segurança. A normalização interna também vai se refletir nas relações externas da empresa, ligando entre si: fornecedores, fabricantes, comerciantes, consumidores, prestadores de serviço e atingindo a sociedade, o governo e os agentes fiscalizadores. 19 Por isso, pode-se dizer que a normalização interna é básica para a empresa alcançar níveis superiores de normalização, que obedeçam a organismos de normalização nacionais, regionais e internacionais. Entretanto, as normas internas não devem estar em desacordo com os outros níveis de normalização. A normalização expressa acordos assumidos entre produtores, consumidores e entidades governamentais. Assim, quanto mais alto o nível de normalização adotado por uma empresa, maior é o mercado que ela pode atender, por estar de acordo com suas exigências e padrões. Atualmente a normalização internacional tornou-se de fundamental importância para as empresas; se elas pretendem colocar seus produtos e serviços em condições competitivas nos mercados internacionais, é imprescindível que estabeleçam normas internas em harmonia com as normas internacionais. Datas e fatos importantes na normalização Este item foi acrescentado neste trabalho com a intenção de informar e permitir a localização histórica de acontecimentos referentes à normalização. Não houve a preocupação de separar os fatos nacionais e internacionais. Seguiu-se apenas a cronologia dos acontecimentos. a) 1901 - Criação do BSI - British Standards Institute - (Instituto Britânico de Normas). b) 1906 - Início formal da normalização internacional com a constituição da IEC - Internacional Electrotechnical Comission (Comissão Internacional de Eletrotécnica). c) 1918 Término da 1ª Guerra Mundial. d) 1919 - Criação da FSA - Federation Standardization Association (Federação das Associações de Normalização). e) 1920 - Criação da Liga das Nações (precursora da ONU). 20 f) 1924 - Criação da ISA - Internacional Standardization Association (Associação Internacional de Normalização), com sede em Praga (Checoslováquia). g) 1926 - Formalização das atividades da ISA (Considerada precursora da atual ISO). h) 1939 - Início da 2ª Guerra Mundial. - (Vários países membros desligam-se da FSA). i) 1940 - Fundação da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, entidade civil sem fins lucrativos. j) 1942 - Encerramento das atividades da FSA. k) 1945 - Fundação da ONU. l) 1946 - Reúne-se em Londres (Inglaterra) o Comitê de Coordenação de Normalização, da ONU, com a finalidade de criar a ISO - International Organization for Standardization (Organização Internacional de Normas). Nota: A ABNT representa oficialmente o Brasil no âmbito da ISO. m) 1947 - Em 23 de fevereiro, início oficial das atividades da ISO, que passa a ter sua sede em Genebra (Suíça). Observações: 1. A ISO, na sua fundação, adota três idiomas oficiais:Francês, Inglês e Russo; 2. Vinte e cinco países são considerados fundadores da ISO; 3. O Brasil é um dos vinte e cinco, e é considerado sócio fundador com direito a voto. n) 1959 - O Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América (EUA) promulga a MIL-Q-9858-A - norma para sistemas e procedimentos internos para a qualidade, documentados. o) 1962 - A ABNT é considerada uma entidade de utilidade pública sem fins lucrativos - (Lei nº 4150, de 21/12/1962). 21 p) 1969 - Criação das AQAP - Normas para sistemas de qualidade, da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), responsável pela defesa da Europa: AQAP-1: • Requirements for an Industrial Quality Control System. • (Requisitos para um Sistema de Controle da Qualidade Industrial). AQAP-4: • Requeriments for an Industrial Inspection System. • (Requisitos para um Sistema de Inspeção Industrial). q) 1972 - As recomendações da ISO passam a ser consideradas normas. r) 1973 - Criação do SINMETRO - Sistema Nacional de Metrologia Normalização e qualidade Industrial - Lei nº 5966, de 11/12/1973. Observações: a) O SINMETRO é constituído de: • Um órgão normativo, o CONMETRO - Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e qualidade Industrial. • Um órgão executivo, o INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial. b) O SINMETRO, atualmente, está vinculado ao Ministério da Indústria, Comércio e Turismo. s) 1977 - Vários países europeus haviam desenvolvido normas para a qualidade industrial, seguindo o modelo da norma AQAP-1, da OTAN. t) 1979 - Publicação da norma para a qualidade BS 5750 - pelo BSI (British Standards Institute). u) 1979 - Criação do TC-176, Comitê técnico da ISO, com a finalidade de desenvolver uma série de normas internacionais para a qualidade. 22 v) 1983 - A ABNT é credenciada como Fórum Nacional para a Normalização - (Resolução nº 14, do CONMETRO). w) 1986 - Publicação, pela ISO, da norma ISO 8402 - Quality Vocabulary. x) 1987 - Publicação, pela ISO, de um conjunto de normas para a qualidade, que passaram ser conhecidas como série ISO 9000. Inicialmente esta série era composta de 5 normas: ISO 9000; ISO 9001; ISO 9002; ISO 9003 e ISO 9004. y) 1990 - A ABNT (Comitê Brasileiro da Qualidade-CB-25) traduz e edita em portu-guês as cinco normas da série ISO 9000. z) 1993 - Criação, pela ISO, do Comitê técnico TC-207 , com a finalidade de estudar e elaborar um conjunto de normas relativas às questões ambientais e que deverão formar a série ISO 14000. Observações: 1. Foi criado um Comitê Especial de Integração entre os TC-176 e TC-207, visando a harmonização entre as normas da série ISO 9000 e série ISO 14.000. 2. Está prevista para 1996, a publicação da primeira norma dessa série, denominada ISO 14001. aa) 1994 - Conclusão da revisão, pela ISO, de algumas normas da série ISO 9000. 23 Conceitos fundamentais segundo NBR ISO 8402/dez 1994 Para que houvesse possibilidade de se discutir, analisar, chegar a um acordo consensual e elaborar as normas da série ISO 9000, foi editada pela ISO em 1986 a norma “ISO 8402 - Quality Vocabulary “ que é uma norma de terminologia. Neste material didático utiliza-se a norma “NBR ISO 8402 - Gestão da qualidade e garantia da qualidade - Terminologia - 1994”, que é a tradução para o português da norma “ISO 8402 - Quality Vocabulary”. São apresentados apenas os itens da norma NBR ISO 8402 considerados mais importantes para os exercícios de leitura e interpretação. Estes itens não aparecem na íntegra, foram interpretados, sendo indispensável o uso da norma original para o completo entendimento dos conceitos. Em cada título aparece, entre parênteses, o número do item na norma original. 24 Qualidade (ref. 2.1) É vista como a totalidade de características de uma entidade e que proporciona a esta entidade a capacidade de satisfazer as necessidades explícitas e implícitas. A palavra necessidade leva em conta aspectos como desempenho, facilidade de uso, confia- bilidade, segurança, economia, estética, adequação ao uso, e outros. Não se deve utilizar a palavra qualidade para exprimir (isoladamente) um grau de excelência em avaliações técnicas ou comparativas. Nestes casos é aconselhável utilizar termos como qualidade relativa quando no sentido comparativo e nível de qualidade, no sentido quantitativo. Entidade (ref. 1.1) Deve-se entender o termo entidade como todo elemento que pode ser considerado e descrito individualmente. Dependabilidade (ref. 2.5) É um dos aspectos da qualidade e descreve o desempenho no que diz respeito a: disponibilidade, confiabilidade, mantenabilidade e logística de manutenção. O termo é usado apenas no sentido geral descritivo, não quantitativo. Organização (ref. 1.7) Entendida como sendo uma companhia, corporação, firma, empresa ou instituição. Pode ser também uma parte delas. Quanto ao caráter societário, pode ser sociedade anônima, limitada ou outra forma estatutária. Pode ser pública ou privada. 25 Política da qualidade (ref. 3.1) Toda organização deve ter uma filosofia de vida na qual são traçadas as idéias sobre seu negócio, sua missão, metas, linhas de conduta, visão de mercado (presente e futuro), preocupações com acionistas, empregados e sociedade. Quando a organização expressa essa filosofia formalmente, ela assume publicamente um compromisso que acaba sendo conhecido como a Política da Organização. Um dos elementos presentes na Política da Organização é a Política da qualidade que contém intenções e diretrizes globais relativas à qualidade e que deve ser aprovada pela alta administração. Fornecedor (ref. 1.10) É uma organização (que pode ser empresa, instituição, companhia, produtor, distri-buidor, etc., ou parte deles) que fornece um produto ao cliente. Em situações contratuais o fornecedor é chamado de contratado. O fornecedor pode ser interno (quando pertence à organização) ou externo (quando não pertence à organização). Cliente (ref. 1.9) É o destinatário, usuário, beneficiário ou consumidor de um produto. Em qualquer caso ele pode ser intermediário ou final. Em situações contratuais o cliente é chamado de comprador. O cliente pode ser interno (quando pertence à organização) ou externo (quando não pertence à organização). 26 Processo (ref. 1.2) É o conjunto de ações que transformam, de uma maneira coordenada, os recursos (insumos) em produtos. Produto (ref. 1.4) O produto, visto como o resultado de um processo, tem um significado bastante amplo; inclui serviços, materiais, equipamentos, materiais processados, informações, ou uma combinação destes. Sistema da qualidade (ref. 3.6) É entendido como uma estrutura organizacional, com seus processos, procedimentos e recursos, considerados necessários para se implantar a gestão da qualidade. Este sistema deve ter uma abrangência que permita a satisfação das necessidades do cliente e a satisfação das necessidades gerenciais internas da organização. Controle da qualidade (ref. 3.4) Monitoramento de um processo, através de técnicas e atividades operacionais, com o objetivo de se eliminar causas de desempenho insatisfatório e assim atingir a eficácia econômica. Garantia da qualidade (ref. 3.5) São atividades planejadas (e sistemáticas) num sistema da qualidade que objetivam demonstrar que uma organização, uma pessoa, um processo ou uma combinação destes elementos, são capazes de prover confiança de que os requisitos para a qualidade serão atendidos. 27 Gestãoda qualidade (ref. 3.2) Todas as atividades (da função gerencial) dentro do sistema da qualidade que determinam: política da qualidade, objetivos e responsabilidades. O que é determinado deve ser implementado através do planejamento, controle, garantia e melhoria da qualidade. E embora os aspectos econômicos envolvidos sejam de responsabilidade de todos os níveis da administração, a gestão da qualidade tem que ser liderada pela alta administração. Gestão da qualidade total (ref. 3.7) É uma ampliação do conceito anterior (gestão da qualidade). Neste caso a organização precisa ter uma gestão que considere: a qualidade como centro, a participação de todos os seus membros, e que tenha uma visão de longo prazo na busca da satisfação do cliente e também na busca dos benefícios para todas as pessoas da organização e para a sociedade em geral. 28 Sistemas da qualidade O que é um sistema O conceito de sistema já é utilizado pela ciência há muito tempo. As pessoas, em geral, sempre executaram atividades utilizando intuitivamente noções básicas de sistema. Entre 1950 e 1968, o biólogo alemão Ludwig Von Bertalanffy, considerado um dos criadores da Teoria Geral de Sistemas (TGS), publicou várias obras onde define um sistema como um conjunto de unidades (partes) inter-relacionadas, formando um todo orgânico (global) e que tem um propósito (objetivo) a ser atingido. Um sistema pode ser também entendido como o conjunto formado pela inter-relação hamônica de processos. Este conceito global (um todo inter-relacionado) implica em que qualquer estímulo (ou perturbação), em qualquer parte do sistema, afetará todo o conjunto. Diz-se que há uma relação de causa e efeito entre todas as diferentes partes do sistema. Este sempre reagirá a qualquer estímulo (em qualquer parte) procurando um reajustamento. Os sistemas têm uma tendência natural para o desajustamento. Se não houver alguma ação para neutralizar o desajustamento do sistema, este poderá até desintegrar-se na busca de um reequilíbrio. 29 Pode-se reajustar um sistema utilizando-se da informação (comunicação) entre as partes do sistema, transmitindo-se estímulos para reequilibrar as partes e as inter-relações entre elas. As organizações como sistemas abertos Alguns autores consideram que Taylor e Fayol entendiam as organizações como sistemas fechados. Isto é, não havia necessidade de considerar as inter-relações entre as partes do sistema e deste com o ambiente externo. Atualmente procura-se explicar as organizações como sistemas abertos, que possuem cinco características principais: entrada, processamento, saída, retroação e ambiente. As organizações (como indústrias, lojas, escolas, etc.) são criações do ser humano. Elas têm todas as suas partes inter- relacionadas, e mantém uma interação dinâmica com o ambiente exterior. Como as organizações são criações do ser humano e existem para satisfazer necessidades do ser humano, entende-se que elas têm dupla função: uma função técnica, que leva em conta a coordenação dos trabalhos e uma função social nas suas preocupações com as pessoas (dos ambientes internos e externos). Pessoas são os fornecedores (internos e externos), clientes (internos e externos) e a sociedade em geral. Sabemos que pessoas são seres complexos e que nem sempre têm um comportamento totalmente previsível. Por isso as organizações também são vistas como sistemas complexos. 30 Podemos também considerar cada parte (ou unidade) de uma organização (por exemplo os departamentos) como sendo um pequeno sistema (ou subsistema) dentro do sistema maior que é a própria organização. Por esta razão costuma-se muitas vezes chamar as organizações de sistemas formados por sistemas ou sistemas de sistemas. Se pensarmos nas unidades que compõem uma organização podemos considerar desde o indivíduo (uma pessoa qualquer da organização), passando pelo grupo (seção, departamento, etc.), pela organização como um todo, até a sociedade que representa o ambiente externo. Esta visão da organização como um sistema aberto, amplia o campo de atuação do tradicional controle da qualidade, levando- o a todas as fases do processo produtivo. A qualidade é então controlada através do controle da qualidade dos processos produtivos. A estabilidade de um processo pode garantir que seus produtos tenham sempre as mesmas características. Mas a qualidade do processo exige, como premissa, a qualidade da organização como um todo. Nas figuras 4.a, 4.b e 4.c a seguir mostra-se, de forma gráfica, algumas definições. As explicações das figuras baseiam-se em conceitos da organização como um sistema e também nos conceitos contidos na norma NBR ISO 8402. Não há preocupação em hierarquizar as partes componentes das figuras. Trata-se apenas de um recurso didático. Evidentemente há outras maneiras (gráficas ou não) de se abordar estes assuntos. 31 Pentágono do sistema da qualidade Interpretação da figura Partindo da existência de uma estrutura organizacional consistente e tendo-se uma gestão da qualidade adequada, descrevem-se os processos e criam-se os proce-dimentos que orientam a execução das atividades, e provêm-se os recursos necessários para que as atividades possam ser eficiente e eficazmente realizadas. Pentágono da gestão da qualidade 32 Interpretação da figura A gestão da qualidade é composta das cinco partes que devem estar perfeitamente inter-relacionadas. As partes são assim explicadas: Política da qualidade - Compromissos da Alta Administração da organização com suas intenções e diretrizes globais; Planejamento da qualidade - Onde se determinam os objetivos e os requisitos para a qualidade e para a aplicação dos elementos que compõem o sistema da qualidade; Controle da qualidade - Onde se delineiam as técnicas e atividades operacionais que serão utilizadas visando o atendimento dos requisitos para a qualidade; Melhoria da qualidade - Todas as ações implementadas pela organização visando aumentar a eficiência e a eficácia do sistema da qualidade; Garantia da qualidade - As atividades planejadas e sistemáticas com o objetivo de atender os requisitos para a qualidade, tanto internos como externos de maneira confiável. Para isto os requisitos para a qualidade devem refletir inteiramente as necessidades do usuário. 33 Círculo da gestão da qualidade total Interpretação da figura Os itens relativos à política da qualidade, planejamento da qualidade, controle da qualidade, melhoria da qualidade e garantia da qualidade, são idênticos aos da figura anterior. A diferença é que, neste caso, enfatiza-se fortemente a inter- relação da organização com os clientes e a sociedade em geral. Se houver equilíbrio nesta inter-relação, a gestão da qualidade total existe efetivamente. Por isso o círculo e o pentágono devem formar uma figura uniforme, harmônica. 34 Série ISO 9000 Histórico É um fato histórico que as transformações de ordem econômica, tecnológica e social pelas quais o mundo tem passado e continua a passar neste século, são de tal amplitude que para nós, ao mesmo tempo participantes e observadores, fica difícil analisar os acontecimentos com total isenção. Assim também acontece quando se tenta situar geográfica e cronologicamente os acontecimentos que levaram à elaboração das normas da série ISO 9000. Autores diferentes apresentam versões diferentes para estes fatos. Não se pretende aqui criar uma nova versão nem polemizar com as existentes. Segundo os autores citadosna bibliografia pode-se, com alguma segurança, colocar os acontecimentos numa seqüência aceitável. Através da leitura da série ISO 9000, é possível concluir que estas normas se fundamentam, entre outros, em conceitos de Processos, Sistemas da Qualidade (documentados), Garantia da Qualidade e Gestão da Qualidade. 35 Analisando a evolução cronológica da normalização pode-se observar que há algum tempo já havia várias normas nacionais e regionais que tratavam dos conceitos citados. A ISO (International Organization for Standardization) no final da década de 70, sensível às mudanças das exigências nas relações contratuais entre fornecedores e clientes (ou contratados e contratantes), liderou os trabalhos de estudo e elaboração da série de normas que então se faziam, inquestionavelmente, necessárias para toda a comunidade mundial. O comitê técnico ISO-TC-176, criado em 1979, realizou estudos apoiados em normas existentes e nas experiências vividas no campo da normalização pelos diversos países membros da ISO. Entre outras podem-se citar as seguintes normas que serviram de base àquele estudo: a) Normas do Departamento de Defesa, dos E.U.A.: • MIL-Q-9858-A - norma para sistemas e procedimentos internos para a qualidade, documentados. b) Normas para sistemas da qualidade, da OTAN: • AQAP-1 - Requisitos para um Sistema de Controle da Qualidade Industrial. • AQAP-4 - Requisitos para um Sistema de Inspeção Industrial. c) Norma do BSI, Inglaterra: • BS-5750 - Normas para Sistemas e Gestão da Qualidade. d) Baseada nestes estudos a ISO elaborou e publicou as seguintes normas (os títulos estão em inglês, como originalmente publicados pela ISO): • Ano 1986: ISO 8402. Quality Vocabulary. 36 e) Ano 1987: ISO 9000. • Quality management and quality assurance standards - Guidelines for selection and use. f) Ano 1987: ISO 9001. • Quality systems - Model for quality assurance in design/development, production, installation and servicing. g) Ano 1987: ISO 9002. • Quality systems - Model for quality assurance in production and installation. h) Ano 1987: ISO 9003. • Quality systems - Model for quality assurance in final inspection and test. i) Ano 1987: ISO 9004. • Quality management and quality system elements - Guidelines. No Brasil, em 1990, cinco normas foram traduzidas para o português pela ABNT/CB-25 e registradas no INMETRO. 37 O quadro seguinte mostra os títulos em português e a correspondência numérica entre ISO, ABNT e INMETRO, válida até julho/1994. Ano 1987 Ano 1990 ISO ABNT INMETRO Título 9000 NB 9000 NBR 19000 Normas de gestão da qualidade e garantia da qualidade- diretrizes para seleção e uso. 9001 NB 9001 NBR 19001 Sistemas da qualidade-modelo para garantia da qualidade em projeto/desenvolvimento, produção, instalação e assistência técnica. 9002 NB 9002 NBR 19002 Sistemas da qualidade-modelo para garantia da qualidade em produção e instalação. 9003 NB 9003 NBR 19003 Sistemas da qualidade-modelo para garantia da qualidade em inspeção e ensaios finais. 9004 NB 9004 NBR 19004 Gestão da qualidade e elementos do sistema da qualidade-Diretrizes. Normas de sistemas da qualidade A aceitação destas normas aconteceu naturalmente, dadas as exigências merca-dológicas nacionais e internacionais. Embora a ISO tenha previsto uma revisão das normas após cinco anos da data da publicação, o uso das normas evidenciou ainda mais a necessidade não apenas desta revisão mas, também, do acréscimo de normas complementares. Em 1994 outras normas já estavam incluídas na série e a ISO concluiu a revisão de algumas delas. 38 Não é objetivo deste material didático fazer um estudo pormenorizado destas normas, mas apenas preparar uma visão global para a leitura e interpretação da NBR ISO 9001. A título informativo estão listadas normas da ISO que tratam de sistemas da qualidade, gestão da qualidade e garantia da qualidade, editadas pela ABNT, em vigor no Brasil, e também normas em fase de preparação pela ISO. Deve-se observar que: a) No Brasil, estas normas traduzidas e editadas em português pela ABNT/CB-25, são identificadas pela sigla NBR ISO. b) Tornou-se um hábito chamar estas normas de série ISO 9000. Entretanto na tradução elas são chamadas de família NBR ISO 9000. Na norma NBR ISO 9000-1, item 3.6, consta a seguinte definição: Família NBR ISO 9000: Todas as normas produzidas pelas comissões de estudo da ABNT/CB-25. Nesta definição estão incluídas: a) As normas NBR ISO 9000 até NBR ISO 9004, e todas as suas partes, como por exemplo: NBR ISO 9000-1, NBR ISO 9004-1, etc. b) As normas NBR ISO 10001 até NBR ISO 10020, e todas as suas partes. c) A norma NBR ISO 8402. 39 Normas publicadas pela ABNT/CB-25 NBR ISO 8402 - dez 1994. Gestão da qualidade e garantia da qualidade - Terminologia. NBR ISO 9000-1 - dez 1994. Normas de gestão da qualidade e garantia da qualidade. Parte 1 - Diretrizes para seleção e uso. NBR ISO 9000-2 - fev 1994. Normas de gestão da qualidade e garantia da qualidade. Parte 2 - Diretrizes gerais para a aplicação das NBR 19001, NBR 19002 e NBR 19003. NBR ISO 9000-3 - nov 1993. Normas de gestão da qualidade e garantia da qualidade. Parte 3 - Diretrizes para a aplicação da NBR 19001 ao desenvolvimento, fornecimento e manutenção de software. NBR ISO 9000-4 - nov 1993. Normas de gestão da qualidade e garantia da qualidade. Parte 4 - Guia para gestão do programa de dependabilidade. NBR ISO 9001 dez 1994. Sistemas da qualidade. Modelo para garantia da qualidade em projeto, desenvolvimento, produção, instalação e serviços associados. NBR ISO 9002 dez 1994. Sistemas da qualidade. Modelo para garantia da qualidade em produção, instalação e serviços associados. 40 NBR ISO 9003 dez 1994. Sistemas da qualidade. Modelo para garantia da qualidade em inspeção e ensaios finais. NBR ISO 9004-1-dez 1994. Gestão da qualidade e elementos do sistema da qualidade. Parte 1 - Diretrizes. NBR ISO 9004-2- nov 1993. Gestão da qualidade e elementos do sistema da qualidade. Parte 2 - Diretrizes para serviços. NBR ISO 9004- 3- fev 1994. Gestão da qualidade e elementos do sistema da qualidade. Parte 3 - Diretrizes para materiais processados. NBR ISO 9004-4 - nov 1993. Gestão da qualidade e elementos do sistema da qualidade. Parte 4 - Diretrizes para melhoria da qualidade. NBR ISO 10011-1 - jul 1993. Diretrizes para auditoria de sistemas da qualidade. Parte 1 - Auditoria. NBR ISO 10011-2 - jul 1993. Diretrizes para auditoria de sistemas da qualidade. Parte 2 - Critérios para Qualificação de auditores de sistema da qualidade. NBR ISO 10011-3 - jul 1993. Diretrizes para auditoria de sistemas da qualidade. Parte 3 - Gestão de programas de auditoria. 41 NBR ISO 10012-1 - nov 1993. Requisitos de garantia da qualidade para equipamento de medição. Parte 1 - Sistema de comprovação metrológica para equipamento de medição. Normas em preparação pela ABNT/CB-25 ISO 10013 Diretrizes para desenvolvimento do manual da qualidade. Normas em preparação pela ISO ISO/TR 13425 Diretrizes para seleção de métodos estatísticos em normalização e especificação. ISO DP 10004 Definições, conceitos e exemplos sobre prestação de serviços de utilidade pública. ISO 9004-5 Diretrizes para planos da qualidade. ISO 9004-6 Diretrizes para gerenciamento da configuração. ISO (sem nº) Economia em qualidade.ISO 14000 Guia para princípios de gestão ambiental, sistemas e suportes técnicos. 42 ISO 14001 Sistemas de gestão ambiental - especificação com orientação - (publicação prevista para 1996). ISO 14010 Diretrizes para auditoria ambiental. ISO 14011-1 Diretrizes para auditoria ambiental - procedimentos para auditoria - Parte 1: Auditoria de Sistemas de Gestão Ambiental. ISO 14011-2 Diretrizes para auditoria ambiental - procedimentos para auditoria - Parte 2: Auditorias acordadas. ISO 14012 Diretrizes para auditoria ambiental - Critérios para qualificação de auditores ambientais. ISO 14014 Diretrizes para revisões ambientais iniciais. ISO 14015 Diretrizes para avaliações do sistema ambiental. ISO 14020 Rótulo ambiental - Princípios básicos. ISO 14021 Rótulo ambiental - Auto-declaração de exigências ambientais - Termos e definições. ISO 14022 Rótulo ambiental - Símbolos de rotulagem ambiental. 43 ISO 14023 Rótulo ambiental - Métodos de teste e verificação. ISO 14031 Avaliação da performance ambiental do sistema de gestão. Avaliação da performance ambiental do sistema operacional. ISO 14040 Avaliação do ciclo de vida - Princípios gerais e procedimentos. ISO 14041 Análise do inventário do ciclo de vida. ISO 14042 Avaliação do impacto do ciclo de vida. ISO 14043 Melhoria no impacto do ciclo de vida. ISO 14050 Termos e definições. ISO 14060 Diretriz para inclusão de aspectos ambientais em produtos normalizados. 44 Normas equivalentes de sistemas da qualidade O quadro seguinte demonstra a equivalência de normas de vários organismos com a série ISO 9000. Normas série ISO 9000 9000 9001 9002 9003 9004 Organismos Países Normas equivalentes ABNT Brasil NBR-ISO 9000 NBR-ISO 9001 NBR-ISO 9002 NBR-ISO 9003 NBR-ISO 9004 CEN Europeus EN-29000 EN-29001 EN-29002 EN-29003 EN-29004 C.S.A. Canadá CSA Z299-0-86 CSA Z299-1-85 CSA Z299-1-85 CSA Z299-4-85 CSA Q 420-87 BSI Inglaterra BS 5750Parte 0 Sec 01- EN29000 BS 5750Parte 1 EN 29001 BS 5750Parte 2 EN 29002 BS 5750Parte 3 EN 29003 BS 5750Parte 0 Sec 02- EN29004 AFNOR França NF-EN29000 NF-EN29001 NF-EN29002 NF-EN29003 NF-EN29004 ANSI/ASQC E.U.A. ANSI/ASQC Q 90-1987 ANSI/ASQC Q 91-1987 ANSI/ASQC Q 92-1987 ANSI/ASQC Q 93-1987 ANSI/ASQC Q 94-1987 DIN Alemanha DIN ISO 9000 DIN ISO 9001 DIN ISO 9002 DIN ISO 9003 DIN ISO 9004 JIS Japão Z 9900 Z 9901 Z 9902 Z 9903 Z 9904 Deve-se observar que as denominações das normas estão sujeitas a revisões pelos respectivos organismos responsáveis. Características importantes da família NBR ISO 9000 Estudando as normas da família NBR ISO 9000 verifica-se que elas se baseiam em inúmeros conceitos. 45 Como descrito na norma NBR ISO 9000-1, pode-se dizer que essas normas têm, de modo geral, as seguintes características: a) São independentes de qualquer setor industrial/econômico; b) Fornecem diretrizes para a gestão da qualidade e os requisitos gerais para a garantia da qualidade; c) Descrevem os elementos que convém compor os sistemas da qualidade; d) Não descrevem como uma organização implementará o seu sistema da qualidade. Trabalho e processo Outra característica, é o conceito de que as normas da família NBR ISO 9000 são fundamentadas no entendimento de que todo trabalho é realizado por um processo, sendo conveniente que esse processo seja uma transformação que agrega valor. Também pode-se considerar que, de modo genérico, nas organizações o trabalho é realizado por uma rede de processos bastante complexa, não se tratando de uma simples estrutura seqüencial. Na norma NBR ISO 9000-1 estes conceitos são mostrados em figuras, como segue. As figuras seguintes são uma simplificação das figuras da norma. Processos medições medições Entradas Saídas medições Exemplos: . nota fiscal . softwares . equipamentos Figura a: Trabalho como resultado de um processo. 46 Requisitos Requisitos Realimentação Realimentação Processo do subfornecedor Processo do fornecedor Processo do cliente Figura b: Inter-relacionamento de processos. Grupos de interesse Outro conceito importante na norma NBR ISO 9000-1, é o que descreve uma organização (chamada de fornecedor) como tendo cinco grupos de interesse, chamados de partes envolvidas, e considera ser conveniente a organização atender as expectativas e necessidades de todas as partes envolvidas. A figura seguinte é uma caracterização gráfica do envolvimento entre os cinco grupos de interesse. Na norma não consta figura representativa. Figura a: Pentágono de interesses de uma organização. 47 Critérios para seleção e uso das normas da família NBR ISO 9000 A família de normas NBR ISO 9000 foi elaborada para fornecer diretrizes em gestão, situações contratuais, aprovação e certificação de sistemas da qualidade. O conjunto se divide em dois segmentos: 1) Segmento visando garantia da qualidade. 2) Segmento visando a gestão da qualidade. Ambos os segmentos enfatizam a satisfação das necessidades do cliente, a definição das responsabilidades funcionais, avaliações dos riscos potenciais e benefícios da qualidade. A Alta Administração, levando em conta as características de sua organização, as questões de mercado e através do estudo das normas NBR ISO 9000-1 até NBR ISO 9000-4, decidirá qual norma implantará como modelo para garantia da qualidade: NBR ISO 9001 ou NBR ISO 9002 ou NBR ISO 9003. Os seguintes fatores costumam ser levados em consideração para a seleção da norma mais apropriada da família NBR ISO 9000: • Complexidade do projeto; • Maturidade do projeto; • Complexidade do processo produtivo; • Característica do produto ou serviço; • Segurança do produto ou serviço; • Economia. 48 Quando o produto tem um projeto muito complexo pode haver exigência de certificação pela NBR ISO 9001, que vai garantir a qualidade desde o atendimento às especificações do projeto até os serviços associados. Por exemplo: Essa situação é muito comum no caso de projetos de caldeiras. Cada caldeira precisa atender a exigências específicas feitas pelo cliente ao fornecedor. Nesse caso, ela deve ser coberta pela NBR ISO 9001. Entretanto, nos projetos muito novos, que não atingiram um certo grau de maturidade, costuma-se adotar a seguinte estratégia: certificar o sistema pela NBR ISO 9002 para, mais tarde passar para a NBR ISO 9001. Ou seja, de início a garantia da qualidade só não cobrirá projeto. Quando o projeto for mais conhecido (amadurecer), a garantia da qualidade poderá ser dada de forma ampla (NBR ISO 9001). O fator economia diz respeito à recomendação de não incluir itens desnecessários para a obtenção da certificação. Evita-se, assim, o encarecimento do processo e, conseqüentemente, do produto. Além desses fatores que influem na escolha da norma mais adequada da NBR ISO série 9000, pode-se consultar a tabela de correspondência entre os elementos do sistema da qualidade, que compõe o anexo D da NBR ISO 9000-1/1994. Essa tabela compara as normas NBR ISO 9001, 9002 e 9003, informando que requisitos estão, ou não, previstos em cada norma e com que grau de rigor: requisito pleno, requisito menos abrangente que a NBR ISO 9001 e NBR ISO 9002 e elemento não requerido. 49 Por exemplo: A responsabilidade da administraçãoé requisito pleno nas NBR ISO 9001 e NBR 9002 e menos abrangente na NBR 9003. O controle do processo está previsto com igual rigor nas NBR ISO 9001 e 9002, e é elemento não requerido na NBR ISO 9003. A escolha da norma mais conveniente da família NBR ISO 9000, fica condicionada aos interesses da administração ou das partes envolvidas numa questão contratual. De modo geral, a predominância tem recaído no aspecto que envolve os interesses das partes envolvidas em setores industriais/econômicos. 50 Implantação do sistema de garantia da qualidade - Família NBR ISO 9000 O sistema de garantia da qualidade (família NBR ISO 9000) exige uma série de ações planejadas e coordenadas para sua implantação. Os itens a seguir são sugestões para a implantação. Cada organização deve escolher os caminhos mais adequados à sua realidade. Comprometimento da administração O primeiro passo para a implantação é obter suporte da alta administração. Sem o comprometimento da administração não será possível vencer a resistência que as pessoas oferecem às mudanças, pois ele é fundamental para gerar confiança. É preciso deixar bem claro que não se trata de mais um plano que vai começar e não vai continuar. Por essa mesma razão, não se deve interromper programas da qualidade que já estejam em andamento na empresa. A implantação da família NBR ISO 9000 deve complementar esses programas, desde que sejam compatíveis com os requisitos da norma a ser implantada. É fundamental escolher como gerente do projeto, responsável pela implementação do sistema de garantia da qualidade, um profissional competente com bom trânsito junto à direção da empresa. Suas funções devem estar claramente estabelecidas, documentadas e conhecidas por toda a empresa. 51 Formação de um comitê de coordenação A implantação de um sistema de garantia da qualidade exige integração das diferentes áreas da empresa, produtivas e administrativas. Por isso, o gerente da qualidade deverá dividir suas responsabilidades com os gerentes dessas diversas áreas. Trata-se de formar um comitê inter-funcional que irá promover a integração horizontal da empresa, buscando a satisfação total do cliente e a sobrevivência da organização. Um comitê de coordenação poderá ser formado, por exemplo, por um diretor, pelo gerente da qualidade e pelos gerentes das divisões de marketing, produção, tecnologia, suprimentos e recursos humanos. Conscientização A comunicação e a conscientização são fundamentais para o processo de mudança. É importante promover seminários de conscientização, antes de implantar os procedimentos da qualidade. As pessoas tendem a resistir à mudança quando não compreendem as razões, o que vai ser mudado ou, ainda, quando dispõem de informação apenas através de boatos. A comunicação em todos os níveis poderá ser conseguida através de diversos meios, tais como: quadros de aviso, jornais e boletins internos, rádio interna. Essa comunicação servirá, também, para manter os funcionários informados dos progressos na implantação da norma da família NBR ISO 9000 e das melhorias das atividades da empresa. 52 A comunicação deverá ser complementada pelo incentivo e reconhecimento do esforço de cada um. Em particular, o reconhecimento constitui a ação complementar do treinamento. Muitos treinamentos deixaram de produzir os resultados esperados porque os empregados, apesar de passarem a agir conforme as novas orientações, não tiveram seus esforços e criatividade reconhecidos. Seleção da norma da família NBR ISO 9000 Trata-se de caracterizar, o mais completamente possível, a natureza da empresa e de seus produtos. A seleção da norma mais adequada da família NBR ISO 9000 deverá levar em conta, entre outros, os seguintes fatores: • Complexidade do projeto; • Maturidade do projeto; • Complexidade do processo produtivo; • Característica do produto ou serviço; • Segurança do produto ou serviço; • Economia. Diagnóstico Depois dessa seleção, é necessário verificar como está a situação da empresa com relação a cada um dos itens previstos na norma escolhida. Deve-se fazer, portanto, um diagnóstico para obter um retrato atual da empresa em termos de organização, processos e produtos. O diagnóstico vai permitir planejar as ações para a construção do sistema da qualidade e implantação da família NBR ISO 9000. As ações devem dar prioridade aos treinamentos para os empregados de todos os níveis e à elaboração do manual da qualidade e procedimentos da qualidade. 53 Os pontos fortes e os pontos fracos do sistema de garantia da qualidade existente na empresa serão revelados pelo diagnóstico. Dessa forma, as ações planejadas privilegiarão o ataque aos pontos fracos, dentro de um cronograma preestabelecido. Treinamento Em uma primeira etapa, deverá ser estabelecida uma base conceitual comum a todos os funcionários/colaboradores da empresa. A base conceitual vai levar a todos a filosofia e os princípios da qualidade adotados pela empresa. É importante que todos falem a mesma linguagem. Para isso, é preciso considerar que as pessoas não têm a mesma vivência e capacidade de abstração. Os conceitos da qualidade poderão ser divulgados e discutidos de uma forma mais abstrata com a administração e a gerência. Entretanto, com o pessoal operacional, a abordagem deverá ser mais concreta e mais prática. Os treinamentos deverão ser contínuos, ligados à realidade de trabalho dos treinandos e seus resultados deverão ser avaliados. A prática de avaliar cada treinamento realizado irá assegurar a melhoria contínua dos mesmos. Grupos de trabalho A mola propulsora da melhoria da empresa é o comprometimento de seus funcionários. Comprometimento só acontece quando há espaço para a participação. E a participação dá mais resultados quando ocorre em grupos de trabalho. 54 Esses grupos serão orientados pelo comitê de coordenação. Sua tarefa será a de elaborar os procedimentos correspondentes a cada requisito da norma da família NBR ISO 9000 selecionada pela empresa. Documentação Manual de garantia da qualidade O manual da qualidade tem caráter bastante amplo. Por isso, é o primeiro documento elaborado na implantação do sistema. A base do manual da qualidade é formada tanto pela política e objetivos da qualidade divulgados pela administração, como pela norma da família NBR ISO 9000 selecionada. Juntamente com a norma selecionada, utilizam-se as normas NBR ISO 9004-1 até a NBR ISO 9004-4, pois suas informações são mais detalhadas para a implementação do sistema de gestão da qualidade. O manual da qualidade fornece uma descrição adequada do sistema da qualidade, servindo como referência permanente para sua implementação e manutenção. O manual vai determinar como cada item da norma da família NBR ISO 9000 selecionada será atendido pelo sistema da qualidade da empresa. Fazem parte do manual da qualidade: a previsão e registro de suas alterações e revisões, a distribuição de cópias controladas e não controladas e a definição dos documentos que compõem o sistema da qualidade, tais como: procedimentos, instruções de trabalho, métodos, especificações, registros da qualidade, etc. 55 Consta do manual da qualidade uma listagem dos procedimentos documentados, fornecendo seus títulos e os critérios para a numeração dos procedimentos, instruções de trabalho, métodos e especificações. Procedimentos documentados Com base no manual da qualidade, cada uma das grandes atividades da empresa terá um procedimento documentado. A elaboração dos procedimentos deve ser feita por pessoas envolvidas com as tarefas edurante o horário de trabalho. Não devem ser contratados elementos externos para escrever os procedimentos, pois deste modo a aceitação será muito difícil. É necessário adotar padrões para escrever procedimentos. É importante também fixar metas e prazos. Os procedimentos deverão ser obrigatoriamente seguidos pelos funcionários e sua revisão deve ser feita com a participação de todos os envolvidos. É absolutamente necessário ouvir e registrar possíveis ações de melhorias de processos. Será importante verificar se os procedimentos garantem controle sobre as atividades, caso contrário, mesmo os procedimentos já escritos devem ser mudados. Instruções de trabalho, métodos e especificações Esses documentos serão elaborados e revistos de maneira semelhante à adotada para os procedimentos. É fundamental garantir o controle de toda a documentação produzida para assegurar o funcionamento do sistema da qualidade. Todos os documentos deverão ser verificados e ter sua aprovação feita por pessoal credenciado, de forma a tornar seu uso obrigatório na empresa. 56 Implementação do manual da qualidade Com a elaboração e implantação dos procedimentos, das instruções de trabalho, métodos, etc., é hora de pôr o sistema da qualidade para funcionar. Trata-se de fazer com que o manual de garantia da qualidade seja usado por todos. Em outras palavras, deve-se promover a implementação do manual da qualidade, de forma a torná-lo referência concreta e constante para todas as ações necessárias ao controle e à garantia da qualidade. Auditorias internas da qualidade Deverão ser treinados auditores que irão verificar se os procedimentos adotados estão em conformidade com a realidade operacional da empresa. Auditoria interna é a ferramenta importante para a manutenção e evolução do sistema da qualidade da empresa. Deverá ser conduzida por pessoas que não têm responsabilidade direta nas áreas auditadas. Entretanto, auditoria não significa inspeção e, por isso, a NBR ISO 10011-1 - Diretrizes para auditoria de sistemas de qualidade prevê que os auditores “de preferência trabalhem em cooperação com o pessoal dessas áreas (auditadas)”. As não-conformidades constatadas deverão receber indicação das ações corretivas, determinando-se responsáveis e prazos para sua implantação. Após cada ciclo de auditorias internas, cobrindo todas as atividades, deverá ser feita a revisão geral do sistema da qualidade. 57 No seu dia-a-dia, a empresa terá condições de testar e reformular seu sistema da qualidade de maneira a deixá-lo sempre ágil e adequado às suas necessidades (satisfação do cliente e sobrevivência da empresa). A cultura da qualidade deverá ser preservada por meio de mecanismos de participação e reconhecimento do trabalho dos funcionários, acompanhamento sistemático das reclamações de clientes e a contínua melhoria dos processos produtivos e administrativos. Todas essas providências reverterão para a manutenção da competitividade da empresa, garantindo uma condição de liderança no segmento de mercado que ela busca atender e justificando a manutenção do seu credenciamento na família NBR ISO 9000. A certificação Um certificado é um documento escrito, formal, que uma organização (chamada de fornecedor) recebe, após ter sido submetida a uma avaliação. Esta avaliação é feita através de auditorias, que podem ser externas ou internas. A auditoria interna é realizada pelo próprio fornecedor, em sua própria organização, utilizando auditores oriundos do seu corpo de funcionários ou contratando uma empresa especializada para este trabalho. A auditoria externa pode ser realizada de duas maneiras: pelo cliente junto ao fornecedor ou por uma organização independente do cliente e do fornecedor. 58 De modo geral as auditorias são assim denominadas: Auditoria de 1ª parte Quando é realizada por auditores internos (pertencentes aos quadros da organização); ou por auditores contratados para efetuar a avaliação no interesse da própria organização. Auditoria de 2ª parte Quando é realizada pelo cliente em seu fornecedor; tem como objetivo a qualificação ou aprovação para situações contratuais entre cliente e fornecedor. Auditoria de 3ª parte Quando realizada por uma organização independente e credenciada, tendo como objetivo avaliar o sistema da qualidade, o produto ou o processo do fornecedor. A certificação pela série ISO 9000 (ou família NBR ISO 9000) ocorre somente através de auditorias de 3ª parte. Em geral as empresas buscam a certificação devido às exigências legais (produtos regulamentados) ou às pressões competitivas nacionais e internacionais. Importante observar que a posse de um certificado ISO 9000 não obriga o cliente a aceitar os produtos fornecidos. Apesar do certificado ele pode exigir (em contrato) a execução de auditorias de 2ª parte e/ou outros critérios para aceitação dos produtos. O certificado tem validade em geral de três anos. Neste período a empresa passa por auditorias de 3ª parte, periódicas, e ao fim deste período passa por uma reavaliação ampla. 59 Nos processos de certificação atuam dois tipos de organismos: a) Organismos de credenciamento São ligados aos governos dos diferentes países e têm autoridade para avaliar organismos de certificação, credenciando-os, a nível regional, para auditar e certificar a conformidade dos sistemas, processos ou produtos de fornecedores, com os requisitos das normas da série ISO 9000, ou com algum outro padrão preestabelecido. Exemplos de organismos de credenciamento: No Brasil: INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial. No Reino Unido: NACCB. National Accreditation Council of Certification Bodies. Nos Estados Unidos: USRAB. United States Register Accreditation Board. b) Organismos de Certificação Credenciados São nacionais ou internacionais credenciados por sua competência, tradição e credibilidade. Operam nos diferentes países (onde são aceitos) como agentes certificadores da conformidade de sistemas, processos ou produtos. 60 O reconhecimento e a aceitação envolve questões econômicas e políticas. Os países envolvidos procuram resolver estas questões através de acordos bilaterais, regionais, etc. As organizações interessadas na certificação devem escolher organismos certificadores que sejam credenciados e tenham aceitação ampla no mercado consumidor. 61 Leitura e interpretação da norma NBR ISO 9001 Os itens a seguir têm a mesma numeração e os mesmos títulos com que aparecem na norma NBR ISO 9001. Os requisitos da norma estão explicados de forma resumida. Nos exercícios de leitura e interpretação, é indispensável a utilização da própria norma, na íntegra, para o correto entendimento dos requisitos. Requisitos do sistema da qualidade Responsabilidade da administração A administração deve iniciar e dar suporte ao processo da garantia da qualidade, através de um documento assinado em que declara a política da qualidade da empresa e os objetivos da qualidade que deverão ser perseguidos. Esse documento deve ter a mais ampla divulgação, atingindo colaboradores de todos os níveis da organização. Na política da qualidade deve existir coerência entre objetivos da organização (fornecedor) e necessidades dos clientes. 62 A administração deverá ter um representante que esteja encarregado de executar e manter os requisitos da norma. Compete também à administração estabelecer como ficam a responsabilidade, a autoridade e o inter-relacionamento detodos aqueles que, com seu trabalho, influem na qualidade do produto. Deve ficar bem estabelecida a autonomia que as pessoas encarregadas terão para iniciar a acompanhar ações de prevenção ou correção de não-conformidade. Compete ainda à Administração providenciar recursos necessários para a gestão do sistema da qualidade e analisar criticamente a adequação e eficácia do mesmo. Sistema da qualidade A organização deve providenciar, manter e documentar procedimentos para o sistema da qualidade, dando ênfase na documentação dos procedimentos ligados à qualidade e na estruturação dessa documentação. A documentação sugerida pela norma inclui: • O manual da qualidade que descreve o sistema de gestão da qualidade e é uma referência básica permanente para a implementação e manutenção desse sistema. • Os planos de qualidade específicos para cada produto, consistentes com os requisitos do sistema de gestão da qualidade da empresa. • Registros da qualidade que permitem comprovar a qualidade dos produtos. No caso de acordo previsto em contrato, esses registros devem estar disponíveis para avaliação do comprador por um período préestabelecido. 63 O sistema da qualidade prevê, ainda, que a empresa identifique, adquira e atualize tudo aquilo que seja necessário para atingir a qualidade requerida. Essas medidas devem atingir os controles, processos, equipamentos de inspeção, técnicas de controle da qualidade, inspeção e ensaios, além de outros requisitos necessários à garantia da qualidade. Análise crítica de contrato O contrato é um instrumento de ligação entre o fornecedor, com seu sistema da garantia, e a organização do comprador. Pode variar de um simples pedido de fornecimento de um produto até um contrato para projetar e construir alguma instalação. O fornecedor deverá analisar criticamente cada contrato, procurando verificar se seus requisitos estão bem definidos, compatíveis com seu sistema de garantia da qualidade e se não divergem do que está sendo acordado entre fornecedor e cliente. A norma assinala que essas análises têm de ser registradas e executadas com base em procedimentos documentados. Controle de projeto O projeto é uma atividade complexa que requer pessoal qualificado e material adequado para cada uma de suas etapas, planos dessas etapas e controle para garantir que as informações sejam transmitidas fielmente de um grupo a outro, dentro da empresa (interfaces organizacionais). Tudo isso requer documentação, análises críticas periódicas, verificação dos requisitos de entrada do projeto, comparação dos dados resultantes de projeto com esses requisitos de entrada e identificação de características do projeto que são críticas para que o produto venha a ter um funcionamento correto e seguro. 64 Há, portanto, uma série de cuidados que os projetos necessitam para a sua verificação, controle, alteração e documentação. A norma sugere quatro alternativas diferentes para verificar um projeto: análises críticas de projeto, ensaios de qualificação e demonstração, cálculos alternativos e comparação com projeto similar já aprovado e disponível. Controle de documentos e de dados A organização do fornecedor deve elaborar e manter procedimentos documentados para controlar todos os documentos e dados que tenham relação com os requisitos desta norma. Esses procedimentos devem assegurar que haja um processo de controle de documentos, permitindo as análises, revisões, aprovações e segregações de dados. Essas atividades são essenciais para o funcionamento efetivo do sistema da qualidade. Aquisição Esta cláusula da norma refere-se aos serviços, mão-de-obra, matéria prima e componentes adquiridos pelo fornecedor para a elaboração de seus produtos. Esses insumos devem estar de acordo com requisitos específicos. A norma indica as informações que a ordem de compra deve apresentar para que eles estejam claramente definidos e sua aquisição possa ser liberada. 65 O fornecedor poderá exercer um controle menor sobre o produto adquirido de subfornecedores, se estes forem qualificados. Ou seja, os subfornecedores deverão demonstrar que têm condições de fornecer seus produtos e serviços ao fornecedor, de acordo com as especificações por ele apresentadas, o que não o isenta da responsabilidade de fornecer produtos aceitáveis. Controle de produto fornecido pelo cliente Há situações em que o cliente entrega ao fornecedor materiais e componentes que vão fazer parte dos produtos que este último vai elaborar e vender ao primeiro. A norma recomenda que o fornecedor tenha procedimentos para verificar, armazenar e providenciar a manutenção desses materiais e componentes. Compete ao fornecedor registrar e informar ao comprador todo e qualquer problema constatado com os produtos recebidos dessa forma. Esses problemas podem ser, por exemplo: extravio, dano, inadequação para o uso, etc. Identificação e rastreabilidade de produto A identificação de produto diz respeito a todos os registros, rótulos, desenhos, etc. que caracterizam cada produto. A rastreabilidade permite recuperar toda a história do produto, localizando, por exemplo, de que lote de matéria-prima ele foi produzido. A rastreabilidade nem sempre é obrigatória, depende do tipo de produto e de exigências contratuais. Controle de processo O fornecedor deve identificar todos os processos de produção, instalação e serviços associados que influem na qualidade do produto. 66 Esses processos deverão, então, ser planejados e executados de forma controlada, mediante os seguintes recursos: • Ambiente e equipamentos adequados; • Instruções de trabalho documentadas; • Planos da qualidade; • Monitoração e controle do processo e das características do produto. Há processos cujos resultados não são percebidos de forma direta no produto acabado, mas que podem aparecer durante o uso do produto. Nesses casos, a norma destaca a necessidade de monitoração especial, feita por pessoal qualificado. Inspeção e ensaios São atividades que se desenvolvem ao longo de todo o processo produtivo. Essas atividades ocorrem, por exemplo, no recebimento de insumos, durante o processo e no produto acabado. Em diversas etapas devem ser feitas verificações (inspeções) segundo o plano da qualidade ou procedimentos documentados. Os ensaios finais são feitos antes da expedição do produto acabado, de modo que só seja liberado se sua conformidade estiver completamente evidenciada. A evidência da conformidade deve ser registrada, comprovando que o produto foi submetido a inspeção e ensaios que obedecem a critérios de aceitação definidos. Controle de equipamentos de inspeção, medição e ensaios Trata-se do equipamento utilizado para demonstrar a conformidade do produto aos requisitos especificados. Por isso, é importante que ele seja controlado, calibrado, devendo passar por manutenção sistemática. 67 Segundo a norma, o fornecedor deve estabelecer a extensão e a freqüência das verificações desses equipamentos e manter registros como evidência do controle. A verificação deve ser feita em intervalos regulares, de acordo com o uso do equipa-mento, a exatidão requerida e o caráter crítico das medidas. O cliente ou seu representante deve ter acesso a essas informações, para verificar se o fornecedor tem a competência exigida. Situação de inspeção e ensaios Os produtos aprovados, reprovados ou em inspeção devem estar convenientemente rotulados, para evitar que uma matéria- prima não liberada entre em produção, ou que um produto não- conforme seja encaminhado para embalagem e expedição. Controle de produto não-conforme A norma
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