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Responsabilidade do Estado - artigo_Daniel

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RESPONSABILIDADE DO ESTADO 
 
 
Francisco Daniel Nunes Ricarte 
 
 
A responsabilidade do Estado trata da obrigação de reparar eventuais 
danos causados a terceiros por comportamento omissivo ou comissivo do agente 
público, que pode ser na esfera civil, uma ilicitude, e na esfera do direito administrativo, 
um ato que, lícito ou ilícito, provoque danos a pessoas determinadas que devem ser 
indenizadas pelo Estado. 
A Constituição Federal de 1988 trata da responsabilidade do Estado, em 
seu art. 37, §6º, in verbis: 
 
“As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado 
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus 
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito 
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”. 
 
Além disso, o Código Civil de 2002 determina a responsabilidade civil do 
Estado no art. 43, como: 
 
“As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente 
responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem 
danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores 
do dano, se houver, por parte deles, culpa ou dolo”. 
 
No entanto, em consonância com a observação de Di Pietro (2009), o 
código civilista não fez referência as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras 
de serviço público mencionadas no Art. 37, § 6º da Constituição de 1988, como 
responsáveis pelo dano causado a terceiros e, assim, não acompanhou a disposição 
constitucional. Os civilistas perderam a oportunidade de mencionar o disposto 
constitucional. 
Segundo Mazza (2014), existem cinco teorias fundamentais decorrentes da 
interpretação do art. 37, § 6º da Constituição: 
a) a teoria da responsabilidade objetiva do Estado, referente as pessoas 
jurídicas que responderão pelos danos que seus agentes, nessa 
qualidade, causarem a terceiros, 
b) a teoria da imputação volitiva de Otto Gierke1, quando trata do dano 
causado por agente no exercício da função pública. 
c) a teoria do risco administrativo, pois a Constituição adotou por uma 
variante moderada da responsabilidade estatal; 
d) a teoria da responsabilidade subjetiva do agente, apurada na ação de 
regressão com a necessidade de comprovar o dolo ou a culpa; 
e) a teoria da ação regressiva como dupla garantia, consequente da 
jurisprudência, como garantia do Estado ser ressarcido pelo agente 
provocador do dano com culpa ou dolo e que o agente não pode ser 
acionado diretamente pela pessoa lesada. 
Por conseguinte, conforme entendimento de Di Pietro (2009), o referido 
dispositivo constitucional adotou a regra da responsabilidade objetiva do Estado e a 
regra da responsabilidade subjetiva do Estado, ao determinar a responsabilidade do 
Estado diante de danos causados a terceiros por agentes públicos, nesta qualidade, 
ou por pessoas jurídicas de direito privado prestadores de serviço público. 
Nesse sentido, a pessoa lesada por agente público ou por particulares em 
colaboração com a Administração Pública, em decorrência da prestação do serviço 
público, pode ingressar com ação de indenização, desde que presente o ato, o dano 
e o nexo causal. 
Com fundamento em Mello (2009) o dano reparável decorrente de 
comportamentos estatais lícitos requer, além da certeza do dano e da lesão a um 
direito, que cumulem-se a especialidade que se caracteriza por ser um prejuízo 
particular (a uma ou mais pessoas) e não do coletivo e, ainda, a anormalidade que se 
refere aos prejuízos que superam aqueles suscetíveis da convivência em sociedade. 
Ademais, conforme preleciona Mazza (2014), tem-se, ainda, no âmbito da 
Teoria da Responsabilidade Objetiva do Estado, a previsão de excludente de culpa 
estatal, como nos casos em que a vítima seja a culpada pelo dano causado, ou 
quando o acontecimento seja provocado por fato alheio ao comportamento humano 
 
1 Essa teoria defende que somente podem ser atribuídos à pessoa jurídica os comportamentos do agente 
público durante o exercício da função pública. 
(força maior), ou em caso de dano decorrente da ação de pessoa não pertencente 
aos quadros da Administração Pública. 
Consoante a doutrina, a Teoria da Responsabilidade Objetiva do Estado 
afirma que seu fundamento do dever de indenizar está nos princípios da legalidade e 
da isonomia. É necessário provar apenas que há o nexo de causalidade entre a 
conduta do agente e o dano provocado à vítima. É por conta disso que a doutrina 
majoritária considera a ação de terceiros, a força maior e a culpa exclusiva da vítima 
excludentes desta responsabilidade, pois todas as situações descritas rompem o nexo 
causal entre o dano e a conduta do agente público ou do particular a serviço da 
administração pública. 
Cabe destacar, que a doutrina considera irrelevante se o ato exercido pelo 
agente é lícito ou ilícito, para fins de responsabilidade objetiva do Estado. 
Diante da Teoria da Responsabilidade do Estado existem duas correntes: 
a teoria do risco integral e a teoria do risco administrativo, conforme os ensinamentos 
de Meirelles (2014). 
A teoria do risco integral é a modalidade radical da doutrina da 
responsabilidade objetiva do Estado, de forma que a Administração ficaria obrigada a 
indenizar todo e qualquer dano suportado por terceiros, ainda que resultante de culpa 
ou dolo da vítima. Nesta teoria, não se considera as excludentes de responsabilidade. 
Diante disso, foi mais razoável a jurisprudência não aplicar tal interpretação 
de forma generalizada no Brasil, tendo em vista conduzir ao abuso e as injustiças, 
embora seja mais vantajosa a vítima. No entanto, no ordenamento jurídico brasileiro, 
prevalece a teoria do risco integral diante de casos excepcionais, como aduz Mazza 
(2014), v.g. no caso de acidente de trabalho, na indenização de cobertura do seguro 
DPVAT, nos atentados terroristas em aeronave, quando ocorrer dano ambiental e nos 
danos em virtude de contaminação nuclear. 
Por outro lado, a teoria do risco administrativo enfatiza a obrigação de 
indenizar o dano somente no caso do ato lesivo e injusto causado à vítima pela 
Administração, sem exigência da ocorrência de qualquer falta do serviço público, nem 
culpa de seus agentes. Não é necessário demonstrar a culpa da Administração ou de 
seus agentes, mas apenas evidenciar o fato danoso e injusto ocasionado por ação ou 
omissão do Poder Público. 
Neste caso, o direto brasileiro adotou a teoria do risco administrativo que é 
considerada menos vantajosa a vítima, pois reconhece as excludentes de 
responsabilidade do Estado (culpa exclusiva da vítima, força maior e culpa de 
terceiro), evitando, assim, a responsabilidade absoluta do Estado e o risco de 
injustiças. 
De outro norte e retornando a fala de Di Pietro a respeito da 
responsabilidade tanto objetiva como subjetiva adotado pelo direito brasileiro, tem-se, 
ainda, a responsabilidade do Estado por omissão, nos casos em que os danos não 
são, em regra, causados pelos agentes públicos. Segundo Di Pietro (2009, p. 651) 
“são causados por fatos da natureza ou fatos de terceiros”. No entanto, o Estado na 
obrigação e dever de agir deveria ter atuado para evitar ou diminuir os danos causados 
as vítimas. 
A doutrina brasileira é majoritária em considerar que a responsabilidade do 
Estado sempre será objetiva, ou seja, será dano toda e qualquer ação ou omissão da 
Administração Pública que provoque prejuízos a terceiros. Não obstante, alguns 
doutrinadores defendem que a responsabilidade por omissão será subjetiva, conforme 
adotam Di Pietro, José Cretella Júnior, Celso Antônio Bandeira de Mello e outros. Além 
disso, a jurisprudência brasileiraapresenta essa controvérsia e o Supremo Tribunal 
Federal têm acórdãos com decisões defendendo as duas concepções 
(responsabilidade objetiva e a subjetiva do Estado em caso de omissão). 
Diante do exposto, o Estado deve ser responsabilizado em caso de prejuízo 
a terceiros causado por agente público ou por particular a serviço da Administração 
Pública, podendo a responsabilidade ser objetiva no caso de ação do agente ou a 
responsabilidade ser subjetiva decorrente da omissão do Estado. Por fim, a 
responsabilidade será somente na abrangência legal da teoria do risco administrativo, 
que defende a responsabilidade desde que inexistente as excludentes de 
responsabilidade do Estado. 
 
 
 
 
 
 
 
Referências: 
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 22 ed. São Paulo: Atlas, 
2009. 
MAZZA, Alexandre. Manual de direito administrativo. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 
2014. 
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 40 ed. São Paulo: 
Malheiros, 2014. 
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. São Paulo: 
Malheiros, 2009.

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