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Construção Civil Plásticos, Materiais Cerâmicos e Madeira Objetivos de aprendizagem ao término desta aula, vocês serão capazes de: • compreender as propriedades dos plásticos, das cerâmicas e da madeira; • classificar os plásticos, as cerâmicas e a madeira; • conhecer a composição dos plásticos e das cerâmicas. Prezados(as) alunos(as), Nesta aula, veremos três materiais que também são largamente utilizados na construção civil: os plásticos, as cerâmicas e a madeira. Focaremos principalmente nas características, propriedades e composição desses materiais. o estudo dos plásticos será importante para dar continuidade ao estudo dos geossintéticos, conteúdo da aula 08. tenham uma excelente leitura. Boa aula! Bons estudos! 7º Aula 43 Seções de estudo 1– Plásticos 2– Materiais Cerâmicos 3– Madeira 1- Plásticos os plásticos são materiais artificiais formados pela combinação do carbono com o oxigênio, hidrogênio, nitrogênio e outros elementos orgânicos ou inorgânicos que, embora sólidos no seu estado final, em alguma fase de sua fabricação apresentam-se sob a condição de líquidos, podendo, então, ser moldados nas formas desejadas. Destaca- se aqui o termo artificiais para diferenciar o plástico de outros materiais, como o aço, o vidro e a borracha, que durante sua fabricação também passam pela moldagem (BaUER, 2008). Frequentemente, na prática da Engenharia, os termos “plástico” e “polímero” são utilizados indistintamente. Contudo, existe uma distinção entre eles: o polímero é o material puro, resultante do processo de polimerização, raramente utilizado na forma pura, ao passo que o plástico é obtido quando aditivos são empregados, tais como: agentes antiestáticos, agentes de ligação, agentes de enchimento, agentes retardadores de combustão, lubrificantes, pigmentos, plastificantes, reforço, estabilizantes (CRAWFORD, 1998 apud PaLMEIRa, 2018). o termo polímero possui origem grega, resultando da combinação de polys (muitas) e meros (partes) (PaLMEIRa, 2018). assim, a unidade básica da estrutura molecular que se repete é chamada de mero. Uma molécula com um único mero é denominada monômero. o polímero é a molécula constituída por vários meros (BaUER, 2019). Na Figura 1 estão esquematizadas as unidades básicas de repetição dos polímeros polietileno, policloreto de vinila (PVC) e polipropileno. Figura 1 – Unidades de repetição de alguns polímeros Fonte: PaLMEira, 2018. Dentre as principais vantagens dos plásticos estão: possibilidade de fabricação em peças variadas, formas e tamanhos; são materiais atóxicos, desde que não estejam em combustão; são incorrosíveis e inatacáveis por roedores; são excelentes isolantes térmicos, elétricos e acústicos (LaRa, 2013). as principais desvantagens são: os plásticos levam muito tempo para se degradarem e permanecem intactos na natureza durante anos, ao contrário de outros materiais; muitos plásticos são sensíveis à luz e ao calor, que os envelhecem rapidamente; a maioria sofre de instabilidade dimensional sob a ação de cargas e/ou de temperatura; possuem dificuldade de reparos quando danificados; possuem fraca resistência a solventes e baixas resistências mecânicas no geral (LaRa, 2013). os plásticos podem ser fabricados a partir de materiais naturais, tais como celulose, carvão, petróleo e gás natural. o petróleo é a matéria-prima mais importante para sua fabricação (PaLMEIRa, 2018). Comumente, os plásticos são classificados em: termoplásticos: são aqueles que podem sofrer repetidos estágios de aquecimento e resfriamento, moldados como se deseje, sem perder suas características básicas. o polietileno (PE), o polipropileno (PP) e o poliéster (PEt) são exemplos de polímeros termoplásticos (PaLMEIRa, 2018). Termofixados ou termorrígidos: são aqueles que não podem sofrer repetições de estágios de aquecimento e resfriamento. Qualquer aquecimento adicional após a formação do polímero provocará alterações em suas propriedades (PaLMEIRa, 2018). após a moldagem, o material torna-se duro e quebradiço. São exemplos de termofixados a baquelite (fenol formaldeído), a ureia-formaldeído, o dracon (poliéster), a resina alquídica, a resina epóxi e as melaminas (aMBRoZEWICZ, 2012). Elastômeros: possuem grande elasticidade, recebendo também o nome de borracha sintética. são exemplos de elastômeros o neoprene (policloropreno), o butyl (isobutileno-isopreno), o teflon e o viton (politetrafluoretileno), o tiocol (polissulfeto), o sBR (estireno-butadieno), o adiprene (poliuretana), os silicones (polisiloxano) e o hypalon (polietileno clorossulfanado) (aMBRoZEWICZ, 2012). 1.1- Plásticos na construção civil são vastos os tipos de plásticos utilizados na construção civil. aqui, sintetizaremos as informações acerca dos plásticos mais usuais: a) Cloreto de polivinila (PVC): devido ao baixo custo, é o plástico com maior uso na construção, principalmente em tubulações de água, esgoto e eletricidade (BaUER, 2008). Dependendo da adição ou não de plastificante durante sua fabricação, pode ser encontrado na forma flexível ou rígida (PaLMEIRa, 2018). b) Poliestireno (Ps): possui superfície brilhante e polida, além de pouca resistência ao calor. É quebradiço devido à pouca flexibilidade. Utilizado em aparelhos de iluminação mais econômicos. o poliestireno de alto impacto é um material mais aperfeiçoado, utilizado na fabricação de algumas conexões de material sanitário, assentos sanitários e bancos (BaUER, 2008). c) Poliestireno expandido (isopor): é um material 44Construção Civil extremamente leve. seu polímero possui a forma de esferas que são comprimidas dentro de um molde fechado, por intermédio de um gás que se dilata quando aquecido. assim fabricam-se blocos que são cortados em placas com diferentes espessuras. Pode ser usado como isolamento acústico, isolamento térmico, forros, decorações, etc. (BaUER, 2008). d) Polietileno (PE): possui baixo custo e facilidade de ser trabalhado, além de ser flexível, com fracas propriedades mecânicas e baixa resistência ao calor. É muito utilizado sob a forma de folhas em rolos para proteção de paredes e lajes contra a chuva, cobertura de materiais ao ar livre, cobertura protetora para equipamentos (BaUER, 2008) e na fabricação de embalagens (LaRa, 2013). e) Polipropileno (PP): é o material menos denso de todos os termoplásticos (PaLMEIRa, 2018). tem baixo custo e boa resistência a solventes, sendo aplicado na confecção de copos, películas para sacarias, tubos para tinta de caneta esferográfica. Na construção civil, é utilizado na fabricação de tubos para água quente (LaRa, 2013). f) Poliéster: pode ser termoplástico ou termorrígido. os termoplásticos (poliéster saturado – PEt) são altamente cristalinos, exibindo dureza, resistência mecânica e à abrasão, resistência química e baixa absorção de umidade. o poli(tereftalato de etileno) (PEt) é usualmente utilizado em embalagens, recipientes e garrafas. Já a forma termorrígida, o poliéster insaturado, é aplicado principalmente como matriz para reforço de fibra de vidro (PALMEIRA, 2018). g) Poliamida (Pa, conhecida como nylon): apresenta excelente resistência, rigidez e dureza (PaLMEIRa, 2018). É utilizado como reforço de telhas plásticas, em buchas de fixação e como “ferragens” para armários (dobradiças, trincos, puxadores, entre outros) (aMBRoZEWICZ, 2012). 2- Materiais Cerâmicos Cerâmica é a pedra artificial obtida pela moldagem, secagem e cozedura de argilas ou de misturas contendo argilas. Em alguns casos, pode ser suprimida algumas das etapas citadas, mas a matéria-prima é a argila. a ação do calor de cocção sobre os componentes da argila é responsável pela criação de uma pequena quantidade de vidro, que aglutina a argila (BaUER, 2008). as matérias-primas empregadas na fabricação dos produtos cerâmicos podem ser divididas em (aMBRoZEWICZ, 2012): Plásticas: são as substâncias argilosas, matéria ativa (argila, caulim em cerâmica brancae talcos especiais); Desengordurantes: reduzem a retração e diminuem a plasticidade (areia e carvão vegetal, por exemplo). as argilas são materiais terrosos naturais que, quando misturados com água, apresentam alta plasticidade e que, quando secas, formam torrões dificilmente desagregáveis pela pressão dos dedos. são constituídas por substâncias chamadas argilominerais (BaUER, 2008). a aBNt NBR 6502:1995 define argila como solo de granulação fina constituído por partículas com dimensões menores que 0,002 mm, apresentando coesão e plasticidade. Conforme a aBNt NBR 6502:1995, os argilominerais são silicatos hidráulicos de alumínio, podendo conter quantidades variáveis de ferro, magnésio, potássio, sódio, lítio, etc. são geralmente formados por lamelas constituídas por estratos ou lâminas de tetraedros de sio4 e octaedros de al(oH)6, possuindo cristalinidade variável. os argilominerais se formam por alteração de minerais primários das rochas ígneas e metamórficas, como feldspatos, piroxênios e anfibólios, ou são constituintes de rochas sedimentares. Possuem a propriedade de absorver às superfícies de suas partículas quantidades variáveis de água e íons. os principais grupos de argilominerais são: caulinita, micas hidratadas e esmectitas. o caulim, um material argiloso, é constituído por elevada porcentagem de caulinita, um pó branco que é a matéria- prima da porcelana. a caulinita é um argilomineral puro, que geralmente é encontrada misturada com areia, óxido de ferro e outros elementos. De acordo com a sua pureza, é usada na fabricação de porcelana, louças, azulejos, refratários, etc. (BaUER, 2008). Conforme a plasticidade, as argilas podem ser classificadas em (aMBRoZEWICZ, 2012): Gordas: são plásticas e apresentam grande deformação quando cozidas. são ricas em material argiloso e pobres em desengordurantes; Magras: são porosas e frágeis, devido ao excesso de sílica. a água, elemento integrante das argilas, apresenta-se sob três formas (BaUER, 2008): Água de constituição ou de inchamento: faz parte da estrutura da molécula; Água de plasticidade: adere à superfície das partículas; Água de capilaridade, água livre ou de poros: preenche os poros e os vazios. 2.1- Propriedades das argilas e das cerâmicas a plasticidade, a retração e o efeito do calor são as propriedades mais importantes das argilas (BaUER, 2008). a plasticidade é a capacidade que um corpo tem de ser deformado continuamente sem se romper (BaUER, 2008) e permanecer deformado após a retirada da carga. Nas argilas, a plasticidade varia conforme a quantidade de água. a argila seca não apresenta plasticidade. ao acrescentar água, ela vai ganhando plasticidade até um limite máximo. acima desse limite, a argila perde plasticidade e se torna um líquido viscoso (aMBRoZEWICZ, 2012). Isso acontece porque as partículas coloidais (material muito fino) possuem grande atração, mas, conforme a película de água entre essas partículas aumenta, essa atração desaparece (BaUER, 2008). a retração é propriedade que as argilas têm de variarem o seu volume conforme o teor de umidade. Esse fenômeno 45 é explicado pela formação de vazios no interior das peças cerâmicas pela água que, quando sai, retrai o conjunto. a retração não ocorre uniformemente em toda a peça, podendo deformar os objetos moldados. Deste modo, quando menor a quantidade de água utilizada para obter plasticidade, melhor será o produto final (AMBROZEWICZ, 2012). o calor produz efeitos físicos e químicos sobre as argilas. ao aquecer uma argila entre 20 e 150 ºC, ocorre a perda de água de capilaridade e amassamento. De 150 a 600 ºC a argila perde a água adsorvida e começa a enrijecer. até essa etapa, só ocorrem alterações físicas (BaUER, 2008). a partir dos 600 ºC ocorrem as reações químicas em três estágios. No primeiro estágio, a água de constituição é expulsa e as matérias orgânicas são queimadas, resultando no endurecimento e na desidratação. o segundo estágio é a oxidação, que consiste na calcinação dos carbonetos transformando-os em óxidos. o terceiro estágio ocorre a aproximadamente 950 ºC, quando há a vitrificação. A sílica de constituição e a das areias formam uma pequena quantidade de vidro, que aglutina os demais elementos, dando dureza, resistência e compactação ao conjunto. assim surge a cerâmica propriamente dita (BaUER, 2008). a qualidade de uma peça cerâmica depende, acima de tudo, da quantidade de vidro formado. Nos tijolos há uma ínfima quantidade de vidro. Já nas porcelanas, a vitrificação é muito maior (BaUER, 2008). as propriedades das cerâmicas podem variar bastante dependendo da constituição, cozimento, processo de moldagem, etc. Existem cerâmicas mais leves do que a água, por exemplo, e outras com grande peso. a resistência ao desgaste é uma propriedade que depende da quantidade de vidro formado. os produtos cerâmicos são tanto mais resistentes quanto mais homogênea, fina e cerrada a granulação, e quanto melhor o cozimento e a vitrificação (BAUER, 2008). 2.2- Fabricação da cerâmica Basicamente, a fabricação dos materiais cerâmicos obedece às seguintes etapas: exploração das jazidas; tratamento da matéria-prima; moldagem; secagem; queima. Tendo em vista que o tipo de barro influencia no resultado final do material cerâmico, deve-se analisar as propriedades do barro, tais como teor de argila, composição granulométrica, profundidade da barreira, umidade, dentre outros fatores (BaUER, 2008). após a extração do barro, ocorre o tratamento prévio da matéria-prima, que pode ser realizada por (aMBRoZEWICZ, 2012): Depuração: é a eliminação das impurezas que podem prejudicar o material, tais como grãos duros, nódulos de cal e sais solúveis. ao dar origem a uma secagem anormal do produto, essas impurezas podem prejudicar a qualidade final do mesmo. trituração: as argilas são reduzidas a pequenos fragmentos e os desengordurantes a pó. Homogeneização: realização da mistura da argila com o desengordurante. Umidificação: mistura de uma quantidade precisa de água para facilitar a homogeneização. os processos podem ser realizados de forma natural ou mecanicamente. os processos naturais são bastante simples, consistindo em estocar a matéria-prima em aterros sob as intempéries para a lavagem e a desagregação. Esses processos são muito artesanais e usados apenas em olarias de pequeno porte (aMBRoZEWICZ, 2012). os processos mecânicos podem ser (aMBRoZEWICZ, 2012): Lavagem: consiste em processos de suspensão, sedimentação e filtragem para retirada de impurezas, tais como sais, areia, rochas, cal e cristais de gesso. Peneiramento: separa os fragmentos de rocha e pedaços maiores de matéria orgânica. trituração: quebra os torrões e fragmentos de rochas moles. amassamento e mistura: realizam a homogeneização e acerto da umidade do material. Laminação: é utilizado um laminador que realiza a homogeneização e a trituração ao mesmo tempo. A moldagem é o processo que dá forma definitiva à pasta e está ligada à plasticidade e à quantidade de água na mistura. Conforme a consistência da pasta, a moldagem pode ser (aMBRoZEWICZ, 2012): a seco: são os processos de prensagem e produzem materiais de bom acabamento e boas características físicas, como, por exemplo, as telhas, tijolos maciços, azulejos e pastilhas; com pastas consistentes: são os processos de extrusão, que são usados principalmente para fabricação de peças vazadas, tais como tijolos furados e blocos cerâmicos; com pasta fluida: utiliza-se o processo da barbotina, que consiste em utilizar a matéria-prima no estado líquido e aplicar processos de decantação e filtragem para purificação. A barbotina é vertida em moldes de material poroso (gesso) para absorver água e o produto descola-se por retração. É um processo aplicado para fabricação de louças, porcelanas e isoladores elétricos. após a moldagem, ainda permanecem de 5% a 35% de umidade na peça cerâmica.Caso a argila seja levada ainda úmida para o forno, a umidade interna ficará retida pela crosta externa, causando tensões internas e o consequente fendilhamento. Por isso é importante que seja realizada a secagem prévia e controlada do material antes da queima (BaUER, 2008). a secagem deve ser uniforme, para não provocar distorções nas peças, e também não pode ser muito lenta, para que a produção não seja antieconômica (BaUER, 2008). se a secagem for mal realizada e não uniforme, haverá retração excessiva e descontínua da peça, com posterior fissuração. Essa retração excessiva é resultado de uma evaporação rápida da água, originando fendas e deformações (aMBRoZEWICZ, 2012). a secagem pode ser realizada por processos naturais ou artificiais. Nos processos naturais, as peças são secas ao ar, protegidas do vento e dos raios solares. os processos 46Construção Civil artificiais geralmente aproveitam o calor dos fornos de queima (aMBRoZEWICZ, 2012). após a secagem ocorre a queima, que elimina toda a água da argila mudando sua estrutura (aMBRoZEWICZ, 2012). Para cerâmicas de boa qualidade, o ideal é que o material passe pelo aquecimento e reaquecimento. o aquecimento resulta no chamado biscoito e o reaquecimento fixa o vidrado (BAUER, 2008). 2.3- Produtos cerâmicos para construção civil Para a construção civil, os produtos cerâmicos podem ser divididos em: a) Materiais de argila: são aqueles nos quais a argila é o principal constituinte ou o único. Possuem, em geral, cor avermelhada, por causa da presença do óxido de ferro. apresentam também elevada absorção de água e baixa resistência mecânica. são exemplos os tijolos e as telhas (aMBRoZEWICZ, 2012). b) Materiais de louça e revestimento: é o grupo das cerâmicas brancas que apresentam corpo branco após a queima. são representadas pelas louças sanitárias, louças de faiança (louça argilosa, porosa, recoberta com um verniz impermeável e opaco), objetos de decoração, azulejos, pisos, entre outros (LaRa, 2013). Esses materiais são fabricados com as formas mais puras das matérias-primas, principalmente as argilas cauliníticas. Esses produtos possuem o corpo poroso, com exceção da película externa vitrificada, que é impermeável (LARA, 2013). c) Materiais refratários: são principalmente utilizados em fornos industriais para a obtenção de materiais como o aço, cimento, vidros e vários outros. são materiais capazes de suportar altíssimas temperaturas sem sofrer transformações. apresentam estabilidade volumétrica e elevada resistência química e mecânica (LaRa, 2013). 3- Madeira a madeira é um dos materiais de construção mais antigos utilizados pelo homem. É um produto de origem natural proveniente do lenho dos vegetais superiores (árvores e arbustos lenhosos). algumas de suas utilizações na construção civil são: andaimes; revestimento; fôrmas para concreto; estrutura de telhado; tacos, assoalhos; mourões para cercar pastos e currais, tábuas para cercas de curral; portas e janelas; portais e marcos; forros. atualmente, com a industrialização, há diversos tipos de produtos de madeira (aMBRoZEWICZ, 2012). Como material de construção, a madeira apresenta as seguintes vantagens (aMBRoZEWICZ, 2012): Possui resistência mecânica elevada com peso próprio reduzido; Pode ser trabalhada com ferramentas simples e as peças podem ser desdobradas em outras conforme a necessidade, permitindo a reutilização; Possui bom isolamento térmico e acústico; Não sofre ataque de gases e produtos químicos; apresenta diversas possibilidades de padrões estéticos e decorativos; É economicamente competitiva com outros materiais e pode ser obtida de forma sustentável. Dentre as desvantagens da madeira estão (LaRa, 2013): É um material anisotrópico (as propriedades variam em função da direção em que são analisadas), heterogêneo, higroscópico (propriedade que tem de absorver umidade) e combustível; sofre a ação deletéria de agentes biológicos, devendo ser submetida a processos de impermeabilização e de impregnação de substâncias inseticidas; Possui sensibilidade às variações de temperatura; Possui formas limitadas: são formas alongadas e de seção transversal reduzida; as madeiras utilizadas na construção crescem pela adição de camadas externas, sob a casca. ao analisar a seção transversal de um tronco, verifica-se as seguintes camadas: casca, câmbio, lenho (formado pelo alburno e pelo cerne), medula e raios medulares (vasos) (aMBRoZEWICZ, 2012). Figura 1 – Seção transversal típica de um tronco de árvore Fonte: Lara, 2013. As madeiras possuem diversas classificações. Em função da sua aplicação, as madeiras podem ser classificadas em: Madeiras duras ou de lei: são empregadas como vigas e colunas na função estrutural, em virtude da resistência e da durabilidade. Para uso em construção, o cerne deve predominar em relação ao alburno. são exemplos de madeiras de lei: mogno, angico, jacarandá, ipê, perobas, cedro, eucalipto, entre várias outras (aMBRoZEWICZ, 2012, LaRa, 2013). Madeiras finas: são utilizadas em serviço de marcenaria e mobiliários. Exemplos: louro, cerejeira, cedro e sucupira (LaRa, 2013). Madeiras resinosas: são madeiras com amplo uso na construção, porém, necessitam de proteção 47 contra intempéries e agentes destrutivos. Exemplos: angelim, cabriúva, jatobá, entre outras que também estão citadas como exemplos de madeiras duras (LaRa, 2013). as madeiras também podem ser categorizadas, conforme o tipo, em madeiras maciças e madeiras industrializadas ou transformadas. As madeiras maciças podem ser classificadas em: Madeira bruta ou roliça: são usadas em forma de tronco em estacas, escoramentos, postes, colunas. Madeira falquejada: possui as faces laterais aparadas a machado, formando seções quadradas ou retangulares. são usadas em estacas, pontes, etc. Madeira serrada: é a mais comum, podendo ser utilizada em todas as fases da construção. as madeiras industrializadas ou transformadas são subdividas em: Madeira compensada: é formada com a colagem de três ou mais lâminas, alternando-se as direções das fibras. Pode ser empregada em fôrmas, forros, lambris, etc. Madeira laminada e colada: é formada por lâminas de madeira selecionada colada com adesivos. Madeira aglomerada: é fabricada pela aglomeração de pequenos fragmentos de madeira. 3.1- Propriedades da madeira Em virtude da heterogeneidade e da anisotropia, as propriedades físicas e mecânicas da madeira variam, tanto de espécie para espécie como dentro da própria espécie. Essa variação das propriedades ocorre em função da parte em que as peças foram extraídas do lenho, do processo produtivo, do beneficiamento ou não da madeira e da presença de defeitos na peça (LaRa, 2013). Dentre as propriedades físicas da madeira estão: umidade, retratibilidade, dilatação e massa específica. o teor de umidade (h) é a relação percentual entre a massa de água e a massa do material seco. Por serem constituídas por fibras celulósicas hidrófilas, a madeira possui a capacidade de absorver água em locais de elevada umidade e de perder água em ambientes menos úmidos. Contudo, isso acarreta em profundas alterações no comportamento físico e mecânico das madeiras (LaRa, 2013). Conforme o teor de umidade, as madeiras podem ser divididas em: madeira verde (h > 30%), madeira semisseca (23%teor de umidade, pois altera tanto a massa quanto o volume da madeira. Dessa maneira, de acordo com as normas técnicas, a massa específica deve ser calculada com teor de umidade de 15% para fins de comparação. Madeiras leves possuem massa específica de 500 a 800 kg/m³, enquanto que madeiras pesadas possuem massa específica de 800 a 1.000 kg/m³ (LaRa, 2013). No tocante às propriedades mecânicas, as madeiras resistem consideravelmente bem às solicitações mecânicas (compressão, tração, flexão e cisalhamento). Elas estão relacionadas aos fatores já citados, como anisotropia, heterogeneidade e capacidade de absorção de água (aMBRoZEWICZ, 2012). 3.2- Defeitos da madeira os defeitos são anomalias provenientes do desenvolvimento da árvore (tais como os nós), dos processos de secagem da madeira (rachaduras, fendas, abaulamento, arqueamento) ou da produção das peças (LaRa, 2013; aMBRoZEWICZ, 2012) Nó: é o envolvimento de ramos, vivos ou mortos, por sucessivos anéis de crescimento; Rachaduras: abertura de grandes dimensões; Fendas: abertura de pequenas dimensões; abaulamento: empeno no sentido da largura; arqueamento: empeno no sentido do comprimento. Chegamos, assim, ao final desta aula. Espera-se que agora tenha ficado mais claro o entendimento de vocês sobre os plásticos, os materiais cerâmicos e a madeira. Vamos, então, recordar: Retomando a aula 1 – Plásticos Na seção 1, vimos as vantagens, desvantagens e propriedades dos plásticos, que são materiais artificiais constituídos por polímeros, sendo o petróleo a matéria-prima mais importante para sua fabricação. 2– Materiais Cerâmicos Na seção 2, aprendemos que as cerâmicas são constituídas por argilas, que passam por um processo de queima. Vimos também que as principais propriedades das argilas para fabricação dos materiais cerâmicos são a plasticidade, a retração e o efeito do calor. 3– Madeira Na seção 3, estão descritas as vantagens, desvantagens, propriedades e classificações da madeira, um dos materiais de construção mais antigos utilizados pelo homem. 48Construção Civil site da associação Brasileira da Indústria do Plástico – aBIPLast. Disponível em: http://www.abiplast.org.br/. site da associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente - aBIMCI. Disponível em: https://abimci.com.br/. Vale a pena acessar Vale a pena Minhas anotações