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CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES (TIPOLOGIA): BULOS (2007, p. 38-49) LENZA (2008, p. 36-49) # Quanto à origem: Históricas ou histórico-costumeiras – originam-se da tradição, dos usos e costumes, da religião, da geografia, das relações políticas e econômicas. Difícil identificar o titular do Poder Constituinte, cujo exercício ocorre de modo difuso, elaborada por toda comunidade ou parte dela, com base em um lento processo de sedimentação consuetudinária. Ex.: Constituição inglesa. Democráticas – (populares, promulgadas ou votadas) se originam da participação popular. Outorgadas – as que derivam de uma concessão do governante, seja rei, imperador, presidente, representante de uma junta governativa, ditador e líder carismático. Inexiste participação popular. Pactuadas – surgem mediante pacto entre o soberano e a organização nacional. # Quanto à origem: Outorgada – são as constituições impostas (ex.: 1824, 1937, 1967, EC n. 1969) – “Cartas Constitucionais”. Promulgada – (democrática, votada ou popular) constituição fruto do trabalho de uma Assembléia Nacional Constituinte – fruto da deliberação da representação legitima popular (ex: 1891, 1934, 1946 e 1988). Cesarista – formada por um plebiscito popular sobre um projeto elaborado por um Imperador (plebiscitos napoleônicos) ou um Ditador (plebiscito de Pinochet no Chile). Pactuadas – são aquelas em que o Poder Constituinte se concentra nas mãos de mais de um titular, formando um compromisso instável de duas forças políticas rivais. Ex.: Carta de 1215 – Barões ingleses que fizeram João Sem Terra jurar. # Quanto à forma: Escritas – as normas vêm prescritas de modo sistemático e codificado em documentos solenes. Ex.: Constituições brasileiras. Não escritas – as normas não vêm grafadas de modo único sistemático, codificado e exaustivo num documento formal e solene. # Quanto à forma: Escrita (instrumental) – constituição formada por um conjunto de regras sistematizadas em um único documento, estabelecendo as normas fundamentais de um Estado. Ex.: CF/1988; a portuguesa e a espanhola. Costumeira (não escrita ou consuetudinária) – não traz as regras em um único texto solene e codificado. É formado por textos esparsos, reconhecidos pela sociedade como fundamentais, e baseia-se nos usos, costumes, jurisprudências e convenções. Ex.: Constituição da Inglaterra. # Quanto à extensão: Sintéticas – (tópicas, breves ou curtas) são as compactas, concisas, enxutas, sucintas. Nelas, a matéria constitucional vem predisposta de modo breve e resumida, sem o predomínio de pleonasmos, repetição inútil ou construções prolixas. Ex.: Constituição dos EUA de 1787, com sete artigos. Analíticas – (ou longas) são amplas, detalhistas, minuciosas e pleonásticas. Ex.: carta indiana de 1916 e da Iugoslávia de 1974 (com 406 artigos), portuguesa de 1976 e a brasileira de 1988. # Quanto à extensão: Sintéticas – seriam as enxutas, vinculadoras apenas dos princípios fundamentais e estruturais do Estado. Existe uma flexibilidade que permite adaptar a Constituição a situações novas e imprevistas do desenvolvimento institucional de um povo, e suas variações mais sentidas de ordem política, econômica e financeira. Ex.: Constituição americana em vigor há mais de 200 anos. Analíticas – são aquelas que abordam todos os assuntos que os representantes do povo entendem fundamentais; estabelecendo regras que deveriam estar em leis infraconstitucionais. # Quanto ao Conteúdo: Materiais – é o conjunto de normas substancialmente constitucionais, escritas ou costumeiras, que podem vir ou não codificadas em um texto exaustivo de todo seu conteúdo. Ex.: CF de 1988 – Parágrafo único do art. 1º. Todo o poder emana do povo, que exerce [...] Formais (ou procedimentais) – são os documentos escritos e solenes oriundos da manifestação constituinte originária. O rito para serem reformuladas vem disciplinado em seu próprio texto. Ex.: CF/1988, art. 60, I a III, e §§2º,3º e 5º. # Quanto ao conteúdo: Materialmente Constitucional – é o texto que contiver as normas fundamentais e estruturais do Estado, a organização de seus órgãos, os direitos e garantias fundamentais. Art. 178 da Constituição Imperial de 1824 (ser constitucional somente respeito aos limites e atribuições dos poderes políticos e aos direitos políticos individuais dos cidadãos e tudo que não fosse constitucional poderia ser alterado por legislação ordinária). Formal – é a constituição que elege como critério o processo de formação, e não o conteúdo de suas normas, assim, qualquer regra nela contida terá caráter de constitucional. Ex.: CF/1988. OBS.: Com a introdução do §3º ao art. 5º, pela EC 45/2004 – passamos a ter uma espécie de conceito misto, com os tratados e convenções (aprovados no Congresso Nacional, cada Casa dois turnos, serão equivalentes as Emendas Constitucionais. Ex.: Tratados e Convenções sobre Direitos Humanos. # Quanto ao processo de mudança: Rígidas – suscetíveis de mudança por intermédio de um processo solene e complicado, bem mais rigoroso do que aquele para modificar as leis comuns. O órgão para revê-las é o reformador – distinto do legislativo ordinário e do constituinte originário. Ex.: Constituições brasileiras: 1981, 1934,1937,1946,1967 e 1988. Flexíveis – são as contrapostas às rígidas, pois a cada momento, elas podem ser modificadas expandidas, contraídas sem processo formal complexo, solene, demorado e dificultoso. O órgão competente para modificá-la é o legislativo ordinário. Provêm das mesmas autoridades que fazem as demais leis. Transitoriamente flexíveis – são as suscetíveis de reforma , com base no mesmo rito das leis comuns, mas apenas por determinado período; ultrapassado este, o documento original passa a ser rígido. Ex.: Constituição de Baden de 1937 – art. 128 “A lei pode estabelecer normas jurídicas especiais até 31 de dezembro de 1948, no mais tardar, para libertação do povo alemão do nacional socialismo e do militarismo, e para a remoção de suas conseqüências”. Semi-rígidas (ou semiflexíveis) – as que têm uma parte rígida (o órgão encarregado de muda-las segue o rito mais solene do que o da lei ordinária) e outra flexível (o órgão incumbido de reforma-las o faz de modo idêntico às leis ordinárias. São constituições mistas, pois brigam ao mesmo tempo, a rigidez e a flexibilidade. Ex.: Constituição Imperial de 1824 e a Irlandesa de 1922. Fixas – são aquelas que podem ser modificadas por um poder de competência idêntico a aquele que as criou. Atualmente, possuem valor meramente histórico. Imutáveis – (graníticas, permanente ou intocáveis) são as que pertencem ser eternas. Inconcebíveis em nossos dias. # Quanto à alterabilidade: Rígidas – são aquelas constituições que exigem para sua alteração um processo legislativo mais solene, mais dificultoso do que o processo de alteração das normas constitucionais. Ex.: todas as constituições republicanas no Brasil. CF/1988, art. 60. Flexíveis ou plásticas – o processo para alterar a constituição é o mesmo para alterar lei infraconstitucional. Portanto, lei infraconstitucional poderá alterar texto constitucional expressamente o declarar. Semi-rígidas ou semiflexiveis – é a constituição que é tanto rígida como flexível, algumas matérias exigem processo de alteração mais dificultoso. Ex.: art. 178 da Constituição Imperial do Brasil de 1824 – “é só constitucional o que diz respeito aos limites...”. Fixas ou silenciosas – somente podem ser alteradas por um poder de competência igual àquele que a criou, isto é, o Poder Constituinte Originário. Ex.: Carta Espanhola de 1876. Transitoriamente flexíveis – são as suscetíveis de reforma, com base no mesmo rito das leis comuns, mas apenas por determinado período; ultrapassado este, o documento constitucional passa a ser rígido. Ex.: Carta Irlandesa de 1937. Imutáveis (permanentes, graníticas ou intocáveis) – seriam aquelas constituições inalteráveis, verdadeiras relíquias históricas e que se pretendemeternas. Super-rígidas – possui um processo legislativo diferenciado para alteração de suas normas(rígidas) excepcionalmente, algumas matérias apresentam-se como imutáveis(cláusulas pétrias, art. 60, §4º da CF/1988). # Quanto à sistematização: Unitárias (unitextuais, reduzidas ou codificadas) – são aquelas em que a sistematização das matérias se apresenta num instrumento único e exaustivo de todo seu conteúdo. Variadas (pluritextuais ou não codificadas) – compõem-se de normas jurídicas espalhadas em diversos documentos legais. Vigoram, nessa seara, as leis com força constitucional. Ex.: Cartas da Bélgica de 1830 e da França de 1975. # Quanto à sistemática (critério sistemático: Reduzidas ou unitárias – são as que se materializam em um só código. Ex.: as brasileiras. Variadas – se distribuem em vários textos e documentos esparsos, sendo formadas de várias leis constitucionais. Ex.: Belga de 1830 e a Francesa de 1875. Podem ser: = Codificadas – as contidas inteiramente em um só texto, com os seus princípios e disposições sistematicamente ordenados e articulados em título, capítulo, seções , formando em geral um único corpo de lei. = Legais (escritas não formais) – são as escritas que se apresentam esparsas ou fragmentadas em vários textos. Ex.: Constituição francesa de 1875. # Quanto a Ideologia: Ortodoxas – são as elaboradas com base em num pensamento ideológico único e concentrado. Constituição Soviética de 1923, 1936 e 1977. Ecléticas – as oriundas de ideologias diversas, dos embates de pensamentos, mas que se acabam conciliando. Constituição Portuguesa de 1976. # Quanto à dogmática: Ortodoxa – formada por uma só ideologia. Ex.: Soviética de 1977, Constituições da China Eclética – formadas por ideologias conciliatórias. Ex.: da Índia de 1949 e a do Brasil de 1988. # Quanto à essência: Normativas – são as perfeitamente adaptadas ao fato social. Além de juridicamente válidas, estariam em total consonância com o processo político. Semânticas – trata-se de um documento formal criado para beneficiar os detentores do poder de fato, que dispõem de meios para coagir os governados. Nominais – situam-se entre a constituição normativa e a constituição semântica. Nelas, a dinâmica do processo político não se adapta às suas normas, embora elas conservem, em sua estrutura, um caráter educativo, com vistas ao futuro da sociedade. # Quanto à correspondência com a realidade (critério Ontológico = essência): Normativas – a pretendida limitação ao poder se implementa na prática, havendo, assim, correspondência com a realidade. Nominalitas (nominativas nominais) – busca-se a concretização, porém, sem sucesso, não se conseguindo uma verdadeira normatização do processo real do poder. Semânticas – busca-se conferir legitimidade meramente formal aos detentores do poder, em seu próprio benefício. # Quanto ao sistema: Principiológica – predominam os princípios, identificados como normas constitucionais providas de alto grau de abstração. Ex.: CF/1988. Preceitual – prevalecem as regras, individualizadas como normas constitucionais revestidas de pouco grau de abstração, concretizadora de princípios, pelo que é possível a aplicação coercitiva. Ex.: Constituição mexicana. # Constituições Garantia, balanço e dirigente (Manoel Gonçalves Ferreira Filho): Garantia – busca garantir a liberdade, limitando o poder. Balanço – reflete um degrau da evolução socialista, é a constituição que descreve e registra a organização política estabelecida (o ser). Inspirada na teoria de Lassalle. Dirigente – estabelece um projeto de Estado – evolução política. Ex.: Portuguesa. # Constituições Liberais (negativas) e sociais (dirigentes) – conteúdo ideológico das Constituições (André Ramos Tavares): Liberais – surgem com o triunfo da ideologia burguesa, com os ideais do liberalismo. Destaca-se os direitos humanos de 1ª dimensão, com idéia de não intervenção do Estado, bem como a proteção das liberdades públicas. Sociais – refletem um momento posterior, de necessidade da atuação estatal, consagrando a igualdade substancial, bem como os direitos sociais, também chamados de 2ª dimensão. OBS.: segundo André Ramos Tavares estamos diante do Estado do Bem Comum. # Constituições Expansivas (Raul Machado Horta): Dá como exemplo a CF de 1988, em função dos temas novos e da ampliação conferida a temas permanentes, como no caso dos Direito e Garantias Fundamentais: Conteúdo anatômico e estrutural da constituição – destaca-se a estrutura do texto e sua divisão em títulos, capítulos, seções, subseções, artigos da parte permanente e do ADCT. Comparação constitucional interna – relaciona-se a CF/1988 com as Constituições brasileiras precedentes, considerando a extensão de cada uma e as suas alterações – registra a dilatação da matéria constitucional e a evolução constitucional brasileira no tempo. Comparação constitucional externa- relaciona a Constituição brasileira com as Constituições estrangeiras mais extensas.
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