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Inflação Antes de compreendermos os tipos de inflação que a nossa estrutura financeira possui, devemos compreender o que vem a ser a inflação de uma maneira geral. A inflação consiste no aumento dos preços, assim como no crescimento anormal e contínuo dos meios de pagamento, estando estes relacionados com as necessidades de circulação dos bens de consumo, ocasionando a desvalorização da moeda. Em outras palavras, quanto maior for a inflação, menor será o poder de compra, e menor será o poder aquisitivo da moeda. Em nossa estrutura financeira, podemos alicerçar a estrutura inflacionária em três tipos distintos de inflação: Podem-se observar diferentes tipos de inflação. Dentre elas, destacam-se: a) Inflação de Demanda A inflação de demanda é acarretada basicamente por uma certa defasagem entre a quantidade ofertada e a quantidade demandada, sendo esta última bem maior do que a primeira, causando dessa forma uma pressão nos preços em função de um certo patamar de demanda reprimida. Dentro deste contexto a inflação da moeda estreitamente relacionada com a inflação de demanda, pois quando o governo pratica a emissão de moeda (aumentando a base monetária) cria na população, a curto prazo, a idéia do aumento do poder aquisitivo. Esse aumento, entretanto é bastante ilusório, pois a própria moeda quando chega na economia, já está com valor menor do que aquele que esta deveria representar. No entanto essa "riqueza" inesperada poderá efetivamente pressionar determinados segmentos de mercado que apresentam baixa elasticidade (baixa capacidade de absorver variações na demanda sem repassá-las para os preços dos produtos). Um outro efeito também negativo associado à essa questão de elasticidade, se refere ao fato do empresário não ter capacidade de repassar para o produto um certo aumento de custo (impostos por exemplo) pois o seu segmento de mercado se apresenta extremamente inelástico. Neste caso a tendência no sentido de uma falência, infelizmente, é bastante forte. Ocorre quando os consumidores, por algum motivo, elevam o consumo de mercadorias. Quando isso ocorre, eles terão de disputar entre si as poucas mercadorias disponíveis para a venda. E o empresário normalmente decide vender para aquele que se dispor a pagar mais pela mercadoria escassa. Daí a razão dos preços subirem. Para se combater este tipo de inflação, torna-se necessário aumentar a oferta ou diminuir a demanda. Como dificilmente a oferta pode ser elevada no curto prazo, geralmente, o governo acaba optando pela segunda alternativa. Sua causa podem ser as mais diversas: a) Aumento dos gastos governamentais; b) Excesso de moeda; c) Excesso de crédito; d) Choque de demanda (euforia). b) Inflação de custos (OU DE OFERTA) Este tipo de inflação se caracteriza basicamente por uma majoração exógena de determinados componentes do produto, tais como matéria prima, salários, impostos, combustível, etc. Nestes casos o comportamento da demanda não é um fator muito determinante do preço final das mercadorias. Geralmente a inflação de custos está bastante associada a estruturas de mercado oligopolizadas onde a disputa por segmentos de mercado não é feita através dos preços. Com uma significativa elevação dos custos de produção, os preços finais da mercadoria, consequentemente ficarão fixados num patamar mais elevado, independentemente do nível de demanda no segmento de mercado. Um ótimo exemplo deste tipo de inflação pode ser verificado no setor automobilístico, que é fortemente oligopolizado (formado por cartéis). Neste setor mesmo em períodos nos quais as vendas baixem significativamente, os preços não seguirão essa tendência. O que muitas empresas ou particularmente revendedoras fazem para sobreviver durante determinadas crises é promover certas ofertas ou promoções, entretanto sem baixar os preços, que são conseqüência direta dos custos de fabricação, montagem, distribuição e comercialização. Obviamente, mesmo neste tipo de mercado oligopolizado, a questão da elasticidade deve ser considerada. Todo empresário trabalha com uma certa margem de lucro ou como também é denominada "mark-up". Esta margem de lucro pode representar nesses momentos de esfriamento do mercado uma importante "arma estratégica" para se manter no mercado. Dessa forma a elasticidade do empresário em absorver a crise em seu setor está bastante associada à sua capacidade de reduzir sua margem de lucro sem comprometer sua sobrevivênncia empresarial. Tanto a determinação do percentual da margem de lucro como o quanto e quando reduzir, não devem ser arbitrados empiricamente. É o tipo de inflação que acontece quando a demanda permanece estável, mas os custos de produção do empresário se elevam. Essa elevação pode ocorrer ou por uma elevação dos salários, nos preços dos insumos ou, ainda, por um encarecimento das fontes de energia. Toda elevação de custos implica numa redução do incentivo ao empresário em produzir determinada mercadoria, caso ele não possa repassar integralmente a elevação dos custos ao consumidor. Dessa forma, tende a ocorrer uma redução da oferta da mercadoria. Com a queda na produção, a mercadoria fica mais escassa e chegará ao consumidor final por um preço mais elevado. Constata-se que o combate a este tipo de inflação é ainda mais difícil. Ele, em parte, pode ser conseguido com a redução das margens de lucro das empresas, mas nem todas estarão dispostas a fazê-lo. Uma alternativa seria a busca de fontes de energia ou insumos que também não estão sempre disponíveis. c) inflação estrutural A inflação estrutural está estreitamente relacionada com a ineficiência de serviços fornecidos pela infra-estrutura de uma determinada economia. Essa ineficiência, obviamente eleva desnecessariamente os custos dos serviços prestados pelo governo, acarretando dessa maneira uma majoração dos custos de produção e em seguida o aumento dos preços das mercadorias no mercado. Fica claro perceber que se as estradas de um determinado país estão em péssimo estado de conservação, consequentemente os custos de transporte e distribuição ficarão mais elevados. Se os portos são ineficientes, as exportações acabarão ficando mais caras e o produto ficará pouco competitivo no mercado internacional. Assim como esses exemplos, uma série de outros podem ser dados como forma de explicar, embora não justificar, de que forma a infra-estrutura de uma economia ou mesmo de um segmento de mercado poderá influenciar o nível de inflação e a estrutura de preços das atividades desse setor. Geralmente em economias em desenvolvimento como é o caso do Brasil, onde o processo tecnológico ainda é dependente e muitas vezes obsoleto, isso evidentemente provoca elevação nos custos de produção, distribuição, comercialização, com conseqüência direta para a formação dos preços de mercado nas diversas instâncias do comércio. Ocorrem pela elevação dos custos de produção, porém, ao contrário da inflação de custo é causada pela configuração da infraestrutura existente no local (estradas, transporte, energia e etc), que afetam os custos dos processos de produção, distribuição e fornecimento. d) Inflação Inercial Consiste numa situação especial, na qual a inflação não é necessariamente gerada por uma demanda muito elevada ou por uma oferta reduzida. Também é conhecida como inflação psicológica. Ela ocorre quando a população de modo geral acredita que os preços irão continuar subindo. Essa crença se deve a um processo conhecido por indexação da economia. Indexar significa atrelar preços, salários, contratos, aluguéis, dentre outros, a determinados índices de mensuração da inflação( IGP-DI, IGP-M, IPA-DI, INCC, INPC, IPCA ). IPCA Objetivo e utilização O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é produzido pelo IBGE desde 1979. O IPCA tem por objetivo medir a inflação de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo, referentes ao consumo pessoal das famílias, cujo rendimento varia entre 1 e 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos. Desde junho de 1999, é o índice utilizado pelo Banco Central do Brasil para o acompanhamento dos objetivos estabelecidos no sistema de metas de inflação, sendo considerado o índice oficial de inflação do país. Principais Variáveis Investigadas e Unidades de Investigação Os preços obtidos são os efetivamente cobrados ao consumidor, para pagamento à vista. A Pesquisa é realizada em estabelecimentos comerciais, prestadores de serviços, domicílios e concessionárias de serviços públicos. Definição: Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (INPCA) - Mede a variação do custo de vida das famílias com chefes assalariados e com rendimento mensal compreendido entre 1 e 40 salários mínimos mensais. Abrangência geográfica da pesquisa - As pesquisas são feitas nas Regiões Metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia. INPC O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) é medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) desde setembro de 1979. Ele é obtido a partir dos Índices de Preços ao Consumidor regionais e tem como objetivo oferecer a variação dos preços no mercado varejista, mostrando, assim, o aumento do custo de vida da população. Como o INPC mede uma faixa salarial mais baixa que o IPCA (até 6 salários mínimos, diante dos 40 salários mínimos do IPCA), a alteração de preços de serviços e produtos mais básicos é mais sentida neste índice. O peso do grupo alimentos (arroz, feijão, leite, frutas, refeições feitas em restaurantes, lanchonetes) é maior no INPC que no IPCA. Logo, uma variaçao nesse grupo tem um impacto maior no INPC. Por exemplo, se a cesta básica passar de R$ 100,00 para R$ 150,00, uma família que tenha renda de um salário mínimo sentirá muito mais esse aumento que uma com renda de nove salários mínimos. Além disso, o gás de cozinha (dentro do grupo habitação) e o preço das passagens de ônibus (dentro do grupo transporte) também têm maior peso no INPC. Já os aumentos ou quedas nos preços de automóveis e da gasolina têm maior peso no IPCA porque não são itens de consumo tão importante nas faixas de menor renda. INCC O INCC é o Índice Nacional da Construção Civil. Estabelecido pelo Governo, representa as mudanças nos preços da construção civil devido à variação da inflação. Inclui tanto a variação nos preços dos materiais como a variação no custo de mão de obra. O INCC é emitido mensalmente pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Funciona da seguinte forma. Quando você compra uma propriedade de uma construtora e não paga o preço à vista, mas faz o pagamento de uma entrada e o restante financiado, a construtora tem o direito e normalmente vai adicionar um pequeno cargo inflacionário acumulativo no restante das parcelas devidas. Observe que não é sobre o preço total do imóvel, mas sobre o montante devido. A lei que autoriza as construtoras a aplicar esse índice foi estabelecida faz alguns anos atrás devido a quebra financeira de várias construtoras que deixaram vários proprietários com seus apartamentos a meio construir. Naquela época não existiam as hipotecas bancárias e as construtoras financiavam diretamente seus empreendimentos funcionando como bancos, fazendo empréstimos aos compradores do seus projetos. O Governo então estabeleceu um pacote de medidas para evitar esta situação. Condições mas rígidas e penalidades mais severas foram estabelecidas para as construtoras que não terminassem seus projetos e não honrassem os contratos com os compradores. Ao mesmo tempo o INCC foi estabelecido como meio para que as construtoras ficassem protegidas contra a inflação e pudessem vender seus empreendimentos. O INCC funciona então como uma espécie de garantia que o projeto será finalizado e os imóveis entregues aos seus donos e como um indicador de que o mercado imobiliário esta funcionando normalmente. Uma vez que o empreendimento e finalizado e repassado aos seus compradores, pode ocorrer que o comprador ainda esteja devendo uma parcela do custo total do imóvel. È usual nestes casos que juros de 1% mais o INCC sejam acrescidos as parcelas ainda devidas. Como o INCC é um índice específico para se defender da inflação sobre os custos da construção civil, depois da entrega do imóvel é muito provável que o ajuste seja feito considerando o índice de preços ao Consumidos (IPC). Constata-se que indexação da economia é um recurso utilizado quando a inflação se torna crônica em um determinado país. O seu objetivo então é louvável. Pela indexação de contratos, preços, aluguéis e salários, as perdas decorrentes da desvalorização da moeda são minimizadas. O grande inconveniente é que a inflação passada serve de parâmetro para o aumento de preços futuros, mesmo que as causas originais de elevação de preços (elevação da demanda ou redução da oferta), já detenham desaparecido. Com isso, a inflação se retroalimenta, gerando muitas vezes uma tendência de crescimento exponencial, que pode culminar num processo hiperinflacionário, como ocorreu no Brasil no ano de 1993, quando a inflação chegou a 2,491% ao ano. Constata-se que a inflação crônica brasileira forçou o país a mudar várias vezes o seu padrão monetário. Em um período pouco superior a oito anos (de fevereiro de 1986 a julho de 1994) o Brasil mudou cinco vezes de moeda. Por várias vezes foi necessário eliminar “zeros” da moeda e, ocasionalmente, os centavos eram extintos. Quais são as principais consequências da inflação? Uma das consequencias é a desvalorização da moeda do país. Com a inflação elevada, a moeda vai perdendo seu valor com o passar do tempo e os consumidores (trabalhadores) que não tem reajustes constantes não conseguem comprar os mesmos produtos com o mesmo valor usado anteriormente. O preço dos produtos sofrem reajustes constantes. Alta do dólar e aumento dos preços dos importados. Outro problema é que enquanto a moeda do país se desvaloriza, as outras (principalmente o dólar) faz o movimento inverso. Se este país com inflação elevada é muito dependente de importações, os produtos importados aumentam de preço, fato que alimenta ainda mais a alta da inflação. Diminuição dos investimentos no setor produtivo Num ambiente de inflação elevada, muitos investidores preferem deixar o dinheiro aplicado em bancos (para que ocorra a correção monetária) do que investir no setor produtivo. Embora dê uma falsa ideia de que o dinheiro está “rendendo” muito, muitas pessoas preferem as aplicações financeiras. Clima econômico desfavorável Um país que sofre de inflação alta é visto no mercado internacional de forma negativa. Os grandes investidores e empresas evitam fazer investimentos produtivos de médios e longos prazos nestes países, pois sabem que a inflação alta é um indicativo de economia com problemas. Aumento da especulação financeira Muitos investidores externos, em busca de rendimentos altos e rápidos, costumam fazer investimentos em países de inflação alta com o objetivo de tirar vantagens das altas taxas de juros. Este capital especulativo é prejudicial para a economia de um país, pois grandes somas de capital podem entrar e sair rapidamente,causando instabilidade no mercado de câmbio. Elevação da taxa de juros Muitos países usam o recurso da elevação da taxa de juros como mecanismo de controlar a inflação. A lógica é simples: com juros elevados o consumo diminui, forçando os preços a caírem. Porém, a alta dos juros desestimula a tomada de financiamentos, prejudicando assim os investimentos internos no setor produtivo, o mercado imobiliário e a venda de bens de consumo duráveis (veículos, eletrodomésticos, etc.). Aumento do desemprego Países que não conseguem baixar e controlar a inflação sofrem, no longo prazo, com o aumento das taxas de desemprego. Isso acontece, pois ocorre diminuição significativa nos investimentos no setor produtivo. Excesso da moeda em circulação: Quando a quantidade da moeda em circulação aumenta sem o correspondente aumento da produção de bens e serviços, os preços têm tendência a subir em virtude do aumento da procura. Aumento dos custos de produção: Este aumento surge quer pelo aumento dos salários sem o correspondente aumento da produtividade dos mesmos, quer pelo aumento dos preços das matérias-primas. Quando esse aumento se verifica nas matérias-primas essenciais ao processo produtivo, acaba por se estender à generalidade dos bens e serviços. Expectativas dos agentes econômicos: As previsões relativas ao aumento dos preços provocam nos agentes econômicos um conjunto de comportamentos que contribuem para o agravamento do próprio processo inflacionário: - Os consumidores antecipam o seu consumo; - Os trabalhadores reivindicam aumentos salariais; - Os bancos aumentam as taxas de juro; etc. CORRENTES DO PENSAMENTO ECONÔMICO DE COMBATE À INFLAÇÃO De acordo com o pensamento ortodoxo, a inflação é decorrente do processo de emissão monetária devido aos défices públicos, o que eleva a demanda e força a alta de preços. Sendo assim, para combater a inflação, deve-se estancar a emissão de moeda, o que só pode ser conseguido com a retração da demanda, quer no setor privado, através da elevação dos impostos, quer no setor público, através da queda dos gastos públicos. Assim, o combate inflacionário é conseguido através de uma política recessiva. Para os Heterodoxos, a inflação não decorre de excesso de demanda provocada pela emissão monetária. A emissão monetária é vista muito mais como uma decorrência da inflação do que como causa. Assim, a inflação poderia ser combatida sem o apelo ao controle da demanda, isto é, não haveria necessidade de uma política recessiva. O congelamento de preços e salários é um tipo de medida (política de rendas) característico desta corrente. Historicamente, dentro do Estado brasileiro coexistem as correntes denominadas desenvolvimentistas ou heterodoxas, preocupadas com o crescimento econômico a qualquer custo, e as correntes ortodoxas ou pragmáticas, preocupadas tão somente com o equilíbrio dos chamados fundamentos macroeconômicos, que uma vez alcançado, abriria caminho para o crescimento econômico. AS POLÍTICAS DE COMBATE À INFLAÇÃO DO GOVERNO BRASILEIRO: DA NOVA REPÚBLICA AOS DIAS ATUAIS A condução da política inflacionária da Nova República elegeu o combate inflacionário como meta principal, desde 1985 até o momento, isto tem sido tentado de diversas formas, com uma série de planos que visavam a quedas abruptas da inflação intercaladas por períodos de controles ortodoxos. Trata-se de uma fase marcada por grandes oscilações nas taxas de inflação e de crescimento econômico e de completa deterioração das contas públicas. Plano Cruzado Plano de estabilização econômica realizado em 27 de fevereiro de 1986 no governo Sarney. Naquela ocasião o nosso país passava por uma das maiores inflações de sua existência com uma inflação no patamar de 300% ao ano. O Plano cruzado se caracterizou por ser um plano heterodoxo (Plano de combate à inflação que consistia em aplicar o congelamento de preços em todos os níveis durante um período determinado de tempo e liberar as políticas monetária e fiscal), pois a inflação combatida naquela ocasião era de ordem inércial e não podia ser enfrentada com medidas ortodoxas, pois a inflação já era de ordem cultural. As principais medidas do Plano Cruzado tomado para reverter aquele quadro assustador foram as seguintes: Congelamento de preços está foi a principal medida deste plano. A partir daquela data todos os preços, inclusive do mercado de prestação de serviços ficou congelado; Mudança da moeda, que a partir daquela data passaria a se chamar cruzado. Sendo que o valor monetário correspondia a 1000 unidades de cruzeiro; Substituição do ORTN, instituído em 1964, pela OTN (Obrigação do Tesouro Nacional) cujo valor foi fixado em 106,40 cruzados, congelado por um ano; Congelamento do salário mínimo em 804 cruzados; Congelamento de Salários, levando em consideração a média de ganho dos últimos 06 meses; Seguro-Desemprego garantia atribuída ao trabalhador em caso de dispensa sem justa causa ou em virtude do fechamento de empresas; Criação de um Gatilho Salarial, que consistia num reajuste automático dos salários quando a inflação ultrapassava 20%; Criação de uma tabela de conversão para transformar as dividas contraídas numa economia com inflação muito intensa para uma economia onde a inflação fosse praticamente nula. O principal objetivo deste plano era conter o processo inflacionário que assolava o país naquele momento. O congelamento em seu primeiro momento trouxe uma esperança para toda a população, mais o que se observou posteriormente foi uma série de erros. Algumas categorias no momento do congelamento não tinham realizado os seus reajuste, ou seja, se criava desta maneira uma brecha para a insatisfação de diversos setores da economia. Com a eliminação da correção monetária, a poupança ficou desestimulada, fazendo com que houvesse naquela ocasião um aumento de consumo desenfreado. Como alguns setores estavam trabalhando com preços defasados, e o consumo estava altíssimo, faltou mercadoria para atender tantos compradores. A inflação estava controlada, no entanto não se tinha produtos para atender a demanda geral. Surgiu neste plano uma palavra até então pouco usada em nosso mercado, o ágio, onde toda e qualquer mercadoria que estivesse sofrendo problemas de abastecimento, que não eram poucos (alimentos, veículos, vestuário, etc...), tinha um valor acrescido ao consumidor acima do preço tabelado. A eliminação da correção monetária e consequentemente da redução das taxas de juros nominais estimularam o consumo e inibiram a poupança: a expansão da demanda correspondente conspirou contra o congelamento e criou o caldo de cultura para ampliação do mercado negro e a cobrança de ágio. A inflação não estava acontecendo aos olhos do governo, mas na pratica acontecia e os empresários aprenderam rapidamente a "maquilar" os seus produtos, escapando do congelamento e do tabelamento. A taxa cambial permaneceu congelada durante nove meses enquanto vários preços se elevaram no mercado interno: isto, ao mesmo tempo em que estimulou as importações, desestimulou as exportações, provocando uma erosão nas reservas internacionais do país inviabilizando os mecanismos de pagamento do serviço da dívida externa. O maior erro deste plano foi achar que o mesmo iria abranger todos os setores da economia. Não se levou em consideração um reajuste de todos os setores antes do congelamento. Alguns trabalhadores não tinham recebido o ajuste salarial na ocasião, ou seja, o insucesso surgiu ai. Fazendo uma síntese do que já foi dito, o Plano Cruzado tinha como maior objetivo criar uma moeda, estável, que eliminassea memória inflacionaria. E o fator do seu insucesso foi à falta de clareza de metas fiscais ou monetárias de médio prazo, cujas políticas ficariam a cargo dos condutores do plano. Ou seja, o aumento do poder de compra dos salários aliado ao consumo reprimido durante os anos anteriores levou a despoupança e à explosão de consumo, algo que não fora contemplado pelos idealizadores do plano, sem falar que as tarifas públicas, encontravam-se efetivamente defasadas devido ao fato de não terem sido alinhados antes do congelamento. Após as eleições em Nov/1986, o Plano Cruzado sofreu profundas modificações e a inflação voltou com intensidade, agora acompanhada por um claro processo recessivo. Plano Bresser Depois da declaração de moratória (parcial) pelo governo brasileiro a inflação atingiu níveis superiores a 25% mensais e o ministro Dilson Funaro foi substituído por Bresser Pereira que no primeiro semestre de 1987 desenvolveu o plano que levaria seu nome "Bresser", ressaltando os pontos positivos do plano Cruzado, mas com algumas modificações para eliminar os pontos negativos, e aperfeiçoar tal plano para manter o objetivo principal que era conter a inflação. As principais medidas deste plano foram semelhantes ao plano Cruzado, mas com algumas modificações: Como já tinha falado, congelamento dos preços dos produtos por um prazo de 90 dias, com a idéia de abaixar a inflação a patamares mais satisfatórios; Maior flexibilização nos preços com reajustes mensais de preços e salários a fim de corrigir eventuais desequilíbrios herdados na fase anterior e como uma maneira de não tornar o plano inflexível como no plano Cruzado; Depois desta fase de flexibilidade a idéia era deixar as próprias forças de mercado determinar os preços das mercadorias; Adoção de uma política monetária e fiscal mais rigorosa com a intenção de reduzir o déficit público e principalmente impedir o crescimento explosivo da demanda como ocorreu no plano cruzado; Estabelecimento de um novo indexador, a URP (Unidade de Referencia de Preços), que reajustaria os salários e determinaria os tetos para os reajustes de preços. O plano Bresser já encontrou a economia desacelerada, mantendo a taxa de juros e de cambio elevadas como forma de conter ainda mais o consumo, sem falar da diminuição do salário real, assim como de uma manutenção em níveis elevados da taxa de juro e de uma elevação real da taxa cambial. A inflação novamente tomou fôlego, com o aumento das tarifas públicas e o reajuste dos salários e de preços. A perspectiva de um novo congelamento trouxe novamente um aumento da inflação, com um aumento ainda maior nos preços em geral, colocando um ponto final no plano Bresser, e retornando uma política econômica ortodoxa para combater o processo inflacionário. Fazendo uma síntese do Plano Bresser, o plano era mais consistente e flexível que o Cruzado, atingiu alguns de seus objetivos, fazendo cair à inflação, o déficit público e expandido os saldos comerciais, possibilitando ao governo renegociar com credores internacionais e suspender a moratória. Os principais problemas deste plano foram o fato de existir uma falta de credibilidade do plano junto à opinião publica, principalmente por ter utilizado novamente o artificio do congelamento. Existia ainda desequilíbrio de alguns preços relativo, e por ultimo a manutenção do regime de taxas de juros reais positivas, ao mesmo tempo em que inibia a explosão de consumo. Ou seja, apesar do congelamento de preço, as taxas de inflação permaneciam elevadas. Por esta razão, autorizou-se um aumento emergêncial de preços, ainda no mês de agosto, antes que terminasse o prazo previsto inicialmente - três meses - para que iniciasse a liberalização dos preços. Em dezembro de 1987, a taxa de inflação mensal atingiu 14,14% precipitando o pedido de demissão de Bresser Pereira e a volta aos princípios ortodoxos, isto é, monetarista, para o combate ao processo inflacionário. Plano Verão Este plano foi estabelecido em 15 de Janeiro de 1989, foi o terceiro choque econômico e a Segunda reforma monetária do governo Sarney, depois de inflação ter acusado um índice acumulativo de 933,62%. Neste plano se tentou mais uma vez manter a inflação em patamares satisfatórios através de medidas mais uma vez melhoradas baseadas em planos anteriores. O Plano tomou as seguintes medidas para conter a inflação: Congelamento de preços por tempo indeterminado; Criação do Cruzado Novo (Valendo 1000 cruzados antigos), passando o dólar americano a valer NCZ$ 1,00(01 Cruzado Novo); Foi criado um mecanismo de reajuste trimestral de preços, e quanto aos salários ficou por conta do congresso, que no final das contas estava postergando tal medida; Este plano criou uma situação inédita na economia, a existência de três tipos moedas circulando de uma só vez, o Cruzeiro, o Cruzado e o Cruzado Novo. Mostrando a total fragilidade da economia perante uma inflação incontrolavel. Apesar de cortar 03 zeros do cruzado, com menos de três anos de existência a inflação continuava galopante, e o nível de recessão cada vez mais aumentando, pois o juro continuava altíssimo. Fazendo uma síntese do Plano Verão, o mesmo procurava em curto prazo contrair a demanda agregada e, no médio prazo, promover queda das taxas de inflação. Os mecanismos utilizados forma à manutenção de taxas reais de juros elevadas, restrição do credito ao setor privado, desindexação e promessa de ajuste fiscal. O que levou realmente o plano não atingir seus objetivos foi o fato da inflação que cairá pouco mais de 3% em fevereiro, elevar-se-ia, já em abril, para mais de 7%. Como contrapartida, o governo viu-se obrigado a elevar as taxa de juros, o que fazia cair por terra à promessa de reduzir o déficit público naquele ano. Em pouco tempo, alguns aumentos foram autorizados, o cruzado novo foi desvalorizado e o congelamento começou a ser desfeito. A indexação voltou a ser praticada com a criação do Bônus do tesouro Nacional (BTN), atendendo à reivindicação por um sistema de indexação que pudesse conviver com a inflação que até então ressurgia. Plano Collor O governo Collor também tinha como preocupação básica o combate à inflação. A experiência proporcionada pelos diversos planos heterodoxos do governo Sarney e o aprendizado com seus insucessos levaram ao aparecimento de novos diagnósticos sobre a natureza da inflação brasileira e sobre as causas de fracasso das tentativas de estabilização até então implementadas. Além do diagnóstico tradicional de descontrole monetário e fiscal, uma tese começou a ganhar força crescente: o insucesso dos choques antiinflacionário do governo Sarney devia-se a elevada e crescente liquidez dos haveres financeiros e não monetários. Diante deste quadro e com este diagnóstico a solução encontrada foi a adoção imediata de um plano que visava romper com a indexação da economia em 1990. As principais medidas adotadas foram: Reforma monetária: centrou-se basicamente na drástica redução da liquidez da economia, através do bloqueio de cerca de metade dos depósitos à vista, 80% das aplicações de overnight e fundos de curto prazo e cerca de um terço dos depósitos de poupança que seriam bloqueados durante 18 meses; Reforma administrativa e fiscal: teve por objetivo promover um ajuste fiscal da ordem de 10% do PIB, eliminando um déficit projetado de 8% do PIB para gerar um superávit de 2%. No que diz respeito à reforma administrativa iniciou-se o programa de privatizações, a melhoria dos instrumentos de fiscalização e arrecadação, maior controle sobre os bancos estaduais e ainda vários outras medidas que deveriam aumentar a eficiência daadministração do setor público e reduzir os gastos; Congelamento de preços e desindexação dos salários em relação à inflação passada, definindo uma nova regra de pré-fixação de preços e salários que entrariam em vigor a partir de 1º de maio de 1990; Adoção de um regime cambial de taxas flutuantes definidas livremente no mercado; Abertura comercial com redução qualitativa das tarifas de importação de uma média de 40% para menos de 20% em quatro anos; O impacto imediato deste plano foi uma grande desestruturação do sistema produtivo com corte nas encomendas, semiparalizia da produção, demissões, férias coletivas, redução das jornadas de trabalho, redução nos salários, deflação, atraso nos pagamentos de dívidas, expansão no volume e no prazo dos créditos comerciais, desenvolvimento de meios de pagamentos alternativos. Enfim, o choque sobre os estoques monetários gerou profunda desestruturação em termos de condições de emprego e de produção. Não se observou qualquer alteração no mercado monetário nem a instituição de regras para expansão monetária, isto é, não se criaram mecanismos para viabilizar o controle dos fluxos. Quanto ao ajuste fiscal, este se baseava no IOF sobre os ativos financeiros, mais principalmente na reforma patrimonial, através do inicio do processo de privatização das empresas públicas. A aceleração inflacionária levou a mudanças no Ministério da Fazenda, saindo Zélia Cardoso de Melo e entrando Marcílio Marques Moreira, que adotou um combate gradualista à inflação, dando maior atenção à negociação da dívida externa e a reaproximação do país com o Sistema Financeiro Internacional. A situação econômica não era favorável dado o processo de Impeachment do presidente. Com a saída de Collor de Melo, assumiu a presidência Itamar Franco, que se colocava como um governo de transição e este período foi marcado pela passagem deu uma série de ministros pelo comando da economia e também implantação do último plano de estabilização da economia brasileira na gestão de Fernando Henrique Cardoso no Ministério da Fazenda, o plano Real. Plano Real Em 1994, Fernando Henrique Cardoso assumiu a Presidência do Brasil. O Plano Real foi concebido e implementado em 3 etapas: a) estabelecimento do equilíbrio das contas do governo objetivando eliminar a principal causa da inflação; b) criação de um padrão estável de valor, a Unidade Real de Valor (URV); c) emissão de uma nova moeda nacional com poder aquisitivo estável, o Real. Distinguindo-se de maneira significativa dos planos econômicos que o precederam, o Real não incluiu o congelamento de preços. A 1ª fase do Plano Real (ortodoxa) trata do ajuste fiscal, para equacionar o desequilíbrio orçamentário da União. Paralelamente procurou-se acumular reservas cambiais para dar condições ao Banco Central de administrar as políticas monetária e cambial. A 2ª fase (heterodoxa) é a tentativa de eliminar a inércia inflacionária, através da introdução de uma nova unidade de conta, a URV, que tinha por objetivo a transição para a introdução da nova moeda. A 3ª fase iniciou-se com a transformação da URV em Real. Nesta fase adotou-se uma regra relativamente flexível, em que foram estipuladas metas monetárias, com a possibilidade de serem ampliadas em caso de emergência, o que ocorreu algumas vezes após a edição do plano. A condução do plano procurava evitar o erro dos demais choques heterodoxos, qual seja, a grande expansão do crédito e da demanda pós-queda da inflação. A queda da inflação foi acompanhada pelo o aumento da demanda e também pela recomposição dos mecanismos de créditos na economia, o que resultou na explosão do consumo. Neste sentido, iniciou-se uma série de medidas de contenção da demanda interna, principalmente com restrições ao crédito, elevação das taxas de juros e também a gradual alteração da política cambial. Em janeiro de 1999, não resistindo as pressões do mercado, o Real foi desvalorizado. O agravamento do déficit nas contas públicas, pelo efeito da desvalorização e do aumento dos juros, agravou a perspectiva de uma recessão e da deterioração dos indicadores sócio-econômicos e escalada do desemprego. Assim, acabou-se por adotar o cumprimento das medidas sugeridas pelo FMI, especialmente no que se refere aos juros, já que sua elevação agravaria a recessão e diminuiria a receita do Governo, afetada nas suas contas pela elevação do custo do financiamento da dívida pública. A exigência de geração de superávites primários nas contas públicas e a instabilidade causada pelas mudanças no câmbio provocaram um adiamento das decisões de investimento e da retomada do crescimento sustentado. O Plano Real é apontado como a melhor experiência de estabilização da economia brasileira. No entanto, a sua sustentabilidade e, principalmente, a retomada do crescimento econômico dependem de reformas mais profundas, de âmbito estrutural, envolvendo as áreas fiscal-tributária, patrimonial, financeira e administrativa. O Plano Cruzado foi um programa de estabilização heterodoxa com o objetivo imediato de conter uma inflação que parecia fora do controle e que resistia às formulas ortodoxas de estabilização. Neste plano, o congelamento obstruiu o funcionamento do mecanismo de preços e pegou grandes segmentos da economia em uma posição de preço relativamente desvantajosa. O erro básico parece ter sido a idéia de inflação zero. A ênfase na inflação zero a qualquer custo criou problemas orçamentários crescentemente sérios para o governo, quando este optou por subsídios as empresas, e na medida em que isso afetava negativamente suas receitas ao oferecer incentivos fiscais a certos setores em posição desfavorável. Distributivamente, o Plano Cruzado favoreceu a classe que recebia salários o que foi extremamente oposto ao que normalmente ocorre em programas clássicos de estabilização. Após as eleições de 1986, o Plano Cruzado sofreu profundas modificações, e a inflação voltou com intensidade, agora acompanhada por um claro processo recessivo, atingindo níveis superiores a 25% mensais. Quando o ministro Bresser assumiu, sinalizou o rumo da ortodoxia, com uma minidesvalorização de 7,5% do Cruzado em primeiro de maio, mas o ministro dizia-se simpatizante da heterodoxia, o que levou a várias especulações sobre um novo congelamento. O Plano Bresser foi criado para debelar o processo inflacionário, incorporando as características consideradas positivas do Plano Cruzado, mas com algumas modificações para evitar os pontos negativos. O novo choque era fundamentalmente heterodoxo, mais incorporava alguns elementos ortodoxos. Este novo plano não tinha por objetivos a inflação zero nem eliminar a indexação, apenas deter a aceleração inflacionaria e evitar a hiperinflação, promovendo um choque deflacionario com a retirada do gatilho e a redução do déficit público. Para resolver a crise momentânea recorria-se ao congelamento e desvalorização cambial, não se resolvendo os problemas de longo prazo. Ao contrario do que se supunha no Cruzado, o Plano Bresser era considerado um plano de emergência. Diferentemente do Plano Cruzado, adotou-se uma política monetária e fiscal ética, mantendo a taxa de juros reais positiva para inibir a especulação com estoques e o aumento do consumo. Pretendia-se reduzir o déficit público, mas as medidas foram frágeis e comprometia-se no futuro com a independência do Banco Central. Embora tenha sido bem sucedido na recuperação da balança comercial, na diminuição do déficit público, e na queda inicial da inflação. No Plano Bresser houve uma queda na produção industrial e o recrudescimento da inflação decorrente dos desequilíbrios de preços relativos quegeravam pressões de custos. Quando se iniciou a descompressão, voltou a aceleração inflacionaria e várias pressões por reposições salariais, que acabaram com o plano que assentava basicamente na contentação salarial e na elevada taxa de juros. O Plano Verão, a exemplo do Plano Bresser, continha tanto elementos ortodoxos como heterodoxos, visando evitar os erros do Plano Cruzado. Os elementos ortodoxos visavam conter a demanda, através da diminuição dos gastos públicos e da elevação das taxas de juros que visava evitar uma fuga dos ativos financeiros; os heterodoxos visavam promover a desindexação da economia sem a predeterminação de novas regras. Para estes últimos, determinou-se o congelamento dos preços, sendo que vários preços administrados foram aumentados, e alterou-se a data de comparação dos índices de preços para 15/1, de modo a evitar que os aumentos anteriores contaminassem o novo índice. O Plano Verão foi de curta duração. O governo não realizou nenhum ajuste fiscal, o que mantinha os elevados e crescentes déficit públicos. O descontrole fiscal levava ao descontrole monetário. Estes aspectos, justamente com as incertezas do último ano do governo Sarney e um profundo imobilismo da política econômica, levaram a inflação a acelerar-se rapidamente, fazendo com que se caminhasse a largos passos para a hiperinflação, sendo que a taxa mensal de inflação atingiu 80% no ultimo mês de governo. Os três planos Cruzado, Bresser, e Verão, tentaram eliminar ou diminuir a inflação, mas apesar de tudo depois destes planos a inflação atingia níveis cada vez mais preocupastes chegando ao limiar da hiperinflação. Neste cenário foi implementado o Plano Collor, que tinha o objetivo de controlar a inflação, via redução da liquidez na economia brasileira, reforma fiscal e administrativa, congelamento de preços, mudanças de regime cambial e na política comercial. Tais objetivos não foram alcançados, a inflação voltou a crescer e o presidente Collor, foi substituído por Itamar Franco, que na gestão de Fernando Henrique Cardoso, no Ministério da Fazenda implantou o Plano Real. Ao ser implantado o plano Real se serviu de duas âncoras principais: as políticas monetária e cambial. A primeira foi usada pelo governo como instrumento de controle dos meios de pagamentos; a segunda trata do controle das relações comerciais entre o Brasil e o resto do mundo. A política monetária influencia a economia graças ao estoque de moeda e à taxa de juros. A política cambial conta com duas importantes variáveis: a taxa de câmbio e o saldo da balança de pagamentos, que se compõe de três elementos: saldo da balança comercial, de serviços e de capital. As altas taxas de juros impostas pelo governo estimulam a entrada de capital estrangeiro e mantêm o equilíbrio no volume de moeda em circulação, graças, basicamente, ao saldo deficitário da balança comercial. Num primeiro momento, a entrada de capital produz um excedente de moedas em circulação, que, por sua vez, aumenta a demanda em virtude do volume de oferta constante. Para que essa situação não chegue a desequilibrar a economia, majorando preços e alimentando a inflação, o governo estimula a poupança em detrimento do consumo, mediante elevação da taxa de juros. A valorização do real em relação ao dólar, por sua vez, também estimula as importações e os investimentos de capital externo. As importações trazem tecnologia, redução de custos e participação de produtos internacionais de qualidade no mercado nacional. Para os consumidores, a competitividade favorece a multiplicidade de escolha, mais qualidade de produtos e mais estabilidade de preços. Para os investidores externos, a decisão de aplicar no mercado financeiro brasileiro deve levar em conta o diferencial entre as taxas de juro local e exterior bem como a expectativa de desvalorização do real em relação ao dólar. Daí a necessidade de manter estável a taxa de juros. Diante disso, é até possível compreender a decisão do Brasil de se endividar para acumular reservas internacionais, que funcionam como fundo de garantia contra a instabilidade monetária e cambial, se bem que essas reservas tenham sido mantidas graças à sobrevalorização do dólar. O Plano Real difere dos planos anteriores principalmente pelas condições nas quais foi introduzido (processo de abertura econômica e a própria renegociação da dívida externa que permitiu a volta do país ao fluxo voluntário de recursos externos, levando a um acúmulo de reservas na ordem de U$ 40 bilhões no momento da retomada monetária) e nas medidas adotadas. O ponto de partida para entender por que o Plano Real causou expressiva valorização da taxa real de câmbio, gerando déficits elevados na balança comercial é o seguinte: a inflação doméstica não converge instantaneamente para a inflação internacional no momento em que a taxa de câmbio é fixada, em virtude da existência de rigidez de preços e salários na economia, que pode ser causada, por exemplo, pela indexação ou ajuste vagaroso das expectativas de inflação. No início do Plano Real, os preços dos bens domésticos continuaram a subir durante certo período. Por outro lado, os preços dos bens comercializáveis sofreram, rapidamente os efeitos da maior abertura da economia para os bens importados e logo se estabilizaram. Assim, a valorização da taxa real de câmbio foi causada pelo maior aumento nos preços dos bens domésticos comparativamente ao dos bens internacionais, fenômeno registrado pelos índices de preço ao consumidor (IPC), que cresceram muito mais que os índices de preço ao atacado (IPCA). Portanto, observa-se que combater a inflação em um país de economia instável sensível às oscilações do mercado interno e externo, e ainda com uma longa história de inflação como o Brasil, torna-se difícil, pois as variáveis determinantes da inflação são as mais diversas possíveis e influenciam de forma exógena e endógena na economia como um todo. As possíveis saídas são até previsíveis, mas as atitudes são difíceis de serem tomadas. É preciso melhorar a balança de transações correntes, melhorar o desempenho exportador, diminuir as importações e melhorar o desempenho fiscal dos estados. Trabalhando nesse esquema, é possível ter expectativas melhores. Evolução mensal da Inflação: IGP-DI/FGV Período: JAN/84 - JAN/04.
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