Buscar

Inflação 2015

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Inflação 
Antes de compreendermos os tipos de inflação que a nossa estrutura financeira possui, 
devemos compreender o que vem a ser a inflação de uma maneira geral. A inflação consiste no 
aumento dos preços, assim como no crescimento anormal e contínuo dos meios de 
pagamento, estando estes relacionados com as necessidades de circulação dos bens de 
consumo, ocasionando a desvalorização da moeda. Em outras palavras, quanto maior for a 
inflação, menor será o poder de compra, e menor será o poder aquisitivo da moeda. 
Em nossa estrutura financeira, podemos alicerçar a estrutura inflacionária em três tipos 
distintos de inflação: 
Podem-se observar diferentes tipos de inflação. Dentre elas, destacam-se: 
 
a) Inflação de Demanda 
A inflação de demanda é acarretada basicamente por uma certa defasagem entre a 
quantidade ofertada e a quantidade demandada, sendo esta última bem maior do que 
a primeira, causando dessa forma uma pressão nos preços em função de um certo 
patamar de demanda reprimida. 
Dentro deste contexto a inflação da moeda estreitamente relacionada com a inflação 
de demanda, pois quando o governo pratica a emissão de moeda (aumentando a base 
monetária) cria na população, a curto prazo, a idéia do aumento do poder aquisitivo. 
Esse aumento, entretanto é bastante ilusório, pois a própria moeda quando chega na 
economia, já está com valor menor do que aquele que esta deveria representar. No 
entanto essa "riqueza" inesperada poderá efetivamente pressionar determinados 
segmentos de mercado que apresentam baixa elasticidade (baixa capacidade de 
absorver variações na demanda sem repassá-las para os preços dos produtos). 
Um outro efeito também negativo associado à essa questão de elasticidade, se refere 
ao fato do empresário não ter capacidade de repassar para o produto um certo 
aumento de custo (impostos por exemplo) pois o seu segmento de mercado se 
apresenta extremamente inelástico. Neste caso a tendência no sentido de uma 
falência, infelizmente, é bastante forte. 
Ocorre quando os consumidores, por algum motivo, elevam o consumo de 
mercadorias. Quando isso ocorre, eles terão de disputar entre si as poucas 
mercadorias disponíveis para a venda. E o empresário normalmente decide vender 
para aquele que se dispor a pagar mais pela mercadoria escassa. Daí a razão dos 
preços subirem. Para se combater este tipo de inflação, torna-se necessário aumentar 
a oferta ou diminuir a demanda. Como dificilmente a oferta pode ser elevada no curto 
prazo, geralmente, o governo acaba optando pela segunda alternativa. 
 
Sua causa podem ser as mais diversas: 
a) Aumento dos gastos governamentais; 
b) Excesso de moeda; 
c) Excesso de crédito; 
d) Choque de demanda (euforia). 
 
b) Inflação de custos (OU DE OFERTA) 
 
Este tipo de inflação se caracteriza basicamente por uma majoração exógena de 
determinados componentes do produto, tais como matéria prima, salários, impostos, 
combustível, etc. Nestes casos o comportamento da demanda não é um fator muito 
determinante do preço final das mercadorias. 
Geralmente a inflação de custos está bastante associada a estruturas de mercado 
oligopolizadas onde a disputa por segmentos de mercado não é feita através dos 
preços. Com uma significativa elevação dos custos de produção, os preços finais da 
mercadoria, consequentemente ficarão fixados num patamar mais elevado, 
independentemente do nível de demanda no segmento de mercado. 
Um ótimo exemplo deste tipo de inflação pode ser verificado no setor automobilístico, 
que é fortemente oligopolizado (formado por cartéis). Neste setor mesmo em períodos 
nos quais as vendas baixem significativamente, os preços não seguirão essa 
tendência. 
O que muitas empresas ou particularmente revendedoras fazem para sobreviver 
durante determinadas crises é promover certas ofertas ou promoções, entretanto sem 
baixar os preços, que são conseqüência direta dos custos de fabricação, montagem, 
distribuição e comercialização. Obviamente, mesmo neste tipo de mercado 
oligopolizado, a questão da elasticidade deve ser considerada. Todo empresário 
trabalha com uma certa margem de lucro ou como também é denominada "mark-up". 
Esta margem de lucro pode representar nesses momentos de esfriamento do mercado 
uma importante "arma estratégica" para se manter no mercado. 
Dessa forma a elasticidade do empresário em absorver a crise em seu setor está 
bastante associada à sua capacidade de reduzir sua margem de lucro sem 
comprometer sua sobrevivênncia empresarial. Tanto a determinação do percentual da 
margem de lucro como o quanto e quando reduzir, não devem ser arbitrados 
empiricamente. 
É o tipo de inflação que acontece quando a demanda permanece estável, mas os 
custos de produção do empresário se elevam. Essa elevação pode ocorrer ou por uma 
elevação dos salários, nos preços dos insumos ou, ainda, por um encarecimento das 
fontes de energia. Toda elevação de custos implica numa redução do incentivo ao 
empresário em produzir determinada mercadoria, caso ele não possa repassar 
integralmente a elevação dos custos ao consumidor. 
 
Dessa forma, tende a ocorrer uma redução da oferta da mercadoria. Com a queda na 
produção, a mercadoria fica mais escassa e chegará ao consumidor final por um preço 
mais elevado. Constata-se que o combate a este tipo de inflação é ainda mais difícil. 
Ele, em parte, pode ser conseguido com a redução das margens de lucro das 
empresas, mas nem todas estarão dispostas a fazê-lo. Uma alternativa seria a busca 
de fontes de energia ou insumos que também não estão sempre disponíveis. 
 
c) inflação estrutural 
A inflação estrutural está estreitamente relacionada com a ineficiência de serviços 
fornecidos pela infra-estrutura de uma determinada economia. Essa ineficiência, 
obviamente eleva desnecessariamente os custos dos serviços prestados pelo 
governo, acarretando dessa maneira uma majoração dos custos de produção e em 
seguida o aumento dos preços das mercadorias no mercado. 
Fica claro perceber que se as estradas de um determinado país estão em péssimo 
estado de conservação, consequentemente os custos de transporte e distribuição 
ficarão mais elevados. Se os portos são ineficientes, as exportações acabarão ficando 
mais caras e o produto ficará pouco competitivo no mercado internacional. 
Assim como esses exemplos, uma série de outros podem ser dados como forma de 
explicar, embora não justificar, de que forma a infra-estrutura de uma economia ou 
mesmo de um segmento de mercado poderá influenciar o nível de inflação e a 
estrutura de preços das atividades desse setor. Geralmente em economias em 
desenvolvimento como é o caso do Brasil, onde o processo tecnológico ainda é 
dependente e muitas vezes obsoleto, isso evidentemente provoca elevação nos custos 
de produção, distribuição, comercialização, com conseqüência direta para a formação 
dos preços de mercado nas diversas instâncias do comércio. 
Ocorrem pela elevação dos custos de produção, porém, ao contrário da inflação de 
custo é causada pela configuração da infraestrutura existente no local (estradas, 
transporte, energia e etc), que afetam os custos dos processos de produção, 
distribuição e fornecimento. 
 
d) Inflação Inercial 
 
Consiste numa situação especial, na qual a inflação não é necessariamente gerada 
por uma demanda muito elevada ou por uma oferta reduzida. Também é conhecida 
como inflação psicológica. Ela ocorre quando a população de modo geral acredita que 
os preços irão continuar subindo. 
Essa crença se deve a um processo conhecido por indexação da economia. Indexar 
significa atrelar preços, salários, contratos, aluguéis, dentre outros, a determinados 
índices de mensuração da inflação( IGP-DI, IGP-M, IPA-DI, INCC, INPC, IPCA ). 
IPCA 
Objetivo e utilização 
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é produzido pelo IBGE 
desde 1979. 
O IPCA tem por objetivo medir a inflação de um conjunto de produtos e serviços 
comercializados no varejo, referentes ao consumo pessoal das famílias, cujo 
rendimento varia entre 1 e 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte de 
rendimentos. 
Desde junho de 1999, é o índice utilizado pelo Banco Central do Brasil para o 
acompanhamento dos objetivos estabelecidos no sistema de metas de inflação, sendo 
considerado o índice oficial de inflação do país. 
Principais Variáveis Investigadas e Unidades de Investigação 
Os preços obtidos são os efetivamente cobrados ao consumidor, para pagamento à 
vista. A Pesquisa é realizada em estabelecimentos comerciais, prestadores de 
serviços, domicílios e concessionárias de serviços públicos. 
Definição: 
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (INPCA) - Mede a variação do custo 
de vida das famílias com chefes assalariados e com rendimento mensal compreendido 
entre 1 e 40 salários mínimos mensais. 
Abrangência geográfica da pesquisa - As pesquisas são feitas nas Regiões 
Metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, 
Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia. 
INPC 
O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) é medido pelo IBGE (Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística) desde setembro de 1979. Ele é obtido a partir 
dos Índices de Preços ao Consumidor regionais e tem como objetivo oferecer a 
variação dos preços no mercado varejista, mostrando, assim, o aumento do custo de 
vida da população. 
Como o INPC mede uma faixa salarial mais baixa que o IPCA (até 6 salários mínimos, 
diante dos 40 salários mínimos do IPCA), a alteração de preços de serviços e produtos 
mais básicos é mais sentida neste índice. O peso do grupo alimentos (arroz, feijão, 
leite, frutas, refeições feitas em restaurantes, lanchonetes) é maior no INPC que no 
IPCA. Logo, uma variaçao nesse grupo tem um impacto maior no INPC. 
Por exemplo, se a cesta básica passar de R$ 100,00 para R$ 150,00, uma família que 
tenha renda de um salário mínimo sentirá muito mais esse aumento que uma com 
renda de nove salários mínimos. 
Além disso, o gás de cozinha (dentro do grupo habitação) e o preço das passagens de 
ônibus (dentro do grupo transporte) também têm maior peso no INPC. Já os aumentos 
ou quedas nos preços de automóveis e da gasolina têm maior peso no IPCA porque 
não são itens de consumo tão importante nas faixas de menor renda. 
INCC 
O INCC é o Índice Nacional da Construção Civil. 
Estabelecido pelo Governo, representa as mudanças nos preços da construção civil 
devido à variação da inflação. Inclui tanto a variação nos preços dos materiais como a 
variação no custo de mão de obra. O INCC é emitido mensalmente pela Fundação 
Getúlio Vargas (FGV). 
Funciona da seguinte forma. Quando você compra uma propriedade de uma 
construtora e não paga o preço à vista, mas faz o pagamento de uma entrada e o 
restante financiado, a construtora tem o direito e normalmente vai adicionar um 
pequeno cargo inflacionário acumulativo no restante das parcelas devidas. Observe 
que não é sobre o preço total do imóvel, mas sobre o montante devido. 
A lei que autoriza as construtoras a aplicar esse índice foi estabelecida faz alguns 
anos atrás devido a quebra financeira de várias construtoras que deixaram vários 
proprietários com seus apartamentos a meio construir. Naquela época não existiam as 
hipotecas bancárias e as construtoras financiavam diretamente seus 
empreendimentos funcionando como bancos, fazendo empréstimos aos compradores 
do seus projetos. 
O Governo então estabeleceu um pacote de medidas para evitar esta situação. 
Condições mas rígidas e penalidades mais severas foram estabelecidas para as 
construtoras que não terminassem seus projetos e não honrassem os contratos com 
os compradores. Ao mesmo tempo o INCC foi estabelecido como meio para que as 
construtoras ficassem protegidas contra a inflação e pudessem vender seus 
empreendimentos. 
O INCC funciona então como uma espécie de garantia que o projeto será finalizado e 
os imóveis entregues aos seus donos e como um indicador de que o mercado 
imobiliário esta funcionando normalmente. 
Uma vez que o empreendimento e finalizado e repassado aos seus compradores, 
pode ocorrer que o comprador ainda esteja devendo uma parcela do custo total do 
imóvel. È usual nestes casos que juros de 1% mais o INCC sejam acrescidos as 
parcelas ainda devidas. 
Como o INCC é um índice específico para se defender da inflação sobre os custos da 
construção civil, depois da entrega do imóvel é muito provável que o ajuste seja feito 
considerando o índice de preços ao Consumidos (IPC). 
Constata-se que indexação da economia é um recurso utilizado quando a inflação se 
torna crônica em um determinado país. O seu objetivo então é louvável. Pela 
indexação de contratos, preços, aluguéis e salários, as perdas decorrentes da 
desvalorização da moeda são minimizadas. O grande inconveniente é que a inflação 
passada serve de parâmetro para o aumento de preços futuros, mesmo que as causas 
originais de elevação de preços (elevação da demanda ou redução da oferta), já 
detenham desaparecido. 
 
 
Com isso, a inflação se retroalimenta, gerando muitas vezes uma tendência de 
crescimento exponencial, que pode culminar num processo hiperinflacionário, como 
ocorreu no Brasil no ano de 1993, quando a inflação chegou a 2,491% ao ano. 
Constata-se que a inflação crônica brasileira forçou o país a mudar várias vezes o seu 
padrão monetário. Em um período pouco superior a oito anos (de fevereiro de 1986 a 
julho de 1994) o Brasil mudou cinco vezes de moeda. Por várias vezes foi necessário 
eliminar “zeros” da moeda e, ocasionalmente, os centavos eram extintos. 
 
Quais são as principais consequências da inflação? 
Uma das consequencias é a desvalorização da moeda do país. 
Com a inflação elevada, a moeda vai perdendo seu valor com o passar do tempo e os 
consumidores (trabalhadores) que não tem reajustes constantes não conseguem 
comprar os mesmos produtos com o mesmo valor usado anteriormente. O preço dos 
produtos sofrem reajustes constantes. 
Alta do dólar e aumento dos preços dos importados. 
Outro problema é que enquanto a moeda do país se desvaloriza, as outras 
(principalmente o dólar) faz o movimento inverso. Se este país com inflação elevada é 
muito dependente de importações, os produtos importados aumentam de preço, fato 
que alimenta ainda mais a alta da inflação. 
 Diminuição dos investimentos no setor produtivo 
Num ambiente de inflação elevada, muitos investidores preferem deixar o dinheiro 
aplicado em bancos (para que ocorra a correção monetária) do que investir no setor 
produtivo. Embora dê uma falsa ideia de que o dinheiro está “rendendo” muito, muitas 
pessoas preferem as aplicações financeiras. 
 Clima econômico desfavorável 
Um país que sofre de inflação alta é visto no mercado internacional de forma negativa. 
Os grandes investidores e empresas evitam fazer investimentos produtivos de médios 
e longos prazos nestes países, pois sabem que a inflação alta é um indicativo de 
economia com problemas. 
Aumento da especulação financeira 
Muitos investidores externos, em busca de rendimentos altos e rápidos, costumam 
fazer investimentos em países de inflação alta com o objetivo de tirar vantagens das 
altas taxas de juros. Este capital especulativo é prejudicial para a economia de um 
país, pois grandes somas de capital podem entrar e sair rapidamente,causando 
instabilidade no mercado de câmbio. 
 Elevação da taxa de juros 
Muitos países usam o recurso da elevação da taxa de juros como mecanismo de 
controlar a inflação. A lógica é simples: com juros elevados o consumo diminui, 
forçando os preços a caírem. Porém, a alta dos juros desestimula a tomada de 
financiamentos, prejudicando assim os investimentos internos no setor produtivo, o 
mercado imobiliário e a venda de bens de consumo duráveis (veículos, 
eletrodomésticos, etc.). 
Aumento do desemprego 
Países que não conseguem baixar e controlar a inflação sofrem, no longo prazo, com 
o aumento das taxas de desemprego. Isso acontece, pois ocorre diminuição 
significativa nos investimentos no setor produtivo. 
 
Excesso da moeda em circulação: 
Quando a quantidade da moeda em circulação aumenta sem o correspondente 
aumento da produção de bens e serviços, os preços têm tendência a subir em virtude 
do aumento da procura. 
Aumento dos custos de produção: 
Este aumento surge quer pelo aumento dos salários sem o correspondente aumento 
da produtividade dos mesmos, quer pelo aumento dos preços das matérias-primas. 
Quando esse aumento se verifica nas matérias-primas essenciais ao processo 
produtivo, acaba por se estender à generalidade dos bens e serviços. 
Expectativas dos agentes econômicos: 
As previsões relativas ao aumento dos preços provocam nos agentes econômicos um 
conjunto de comportamentos que contribuem para o agravamento do próprio processo 
inflacionário: 
- Os consumidores antecipam o seu consumo; 
- Os trabalhadores reivindicam aumentos salariais; 
- Os bancos aumentam as taxas de juro; etc. 
 
CORRENTES DO PENSAMENTO ECONÔMICO DE COMBATE À INFLAÇÃO 
De acordo com o pensamento ortodoxo, a inflação é decorrente do processo de 
emissão monetária devido aos défices públicos, o que eleva a demanda e força a alta 
de preços. Sendo assim, para combater a inflação, deve-se estancar a emissão de 
moeda, o que só pode ser conseguido com a retração da demanda, quer no setor 
privado, através da elevação dos impostos, quer no setor público, através da queda 
dos gastos públicos. Assim, o combate inflacionário é conseguido através de uma 
política recessiva. 
 
Para os Heterodoxos, a inflação não decorre de excesso de demanda provocada pela 
emissão monetária. A emissão monetária é vista muito mais como uma decorrência da 
inflação do que como causa. Assim, a inflação poderia ser combatida sem o apelo ao 
controle da demanda, isto é, não haveria necessidade de uma política recessiva. O 
congelamento de preços e salários é um tipo de medida (política de rendas) 
característico desta corrente. 
Historicamente, dentro do Estado brasileiro coexistem as correntes denominadas 
desenvolvimentistas ou heterodoxas, preocupadas com o crescimento econômico a 
qualquer custo, e as correntes ortodoxas ou pragmáticas, preocupadas tão somente 
com o equilíbrio dos chamados fundamentos macroeconômicos, que uma vez 
alcançado, abriria caminho para o crescimento econômico. 
 
AS POLÍTICAS DE COMBATE À INFLAÇÃO DO GOVERNO BRASILEIRO: DA 
NOVA REPÚBLICA AOS DIAS ATUAIS 
A condução da política inflacionária da Nova República elegeu o combate inflacionário 
como meta principal, desde 1985 até o momento, isto tem sido tentado de diversas 
formas, com uma série de planos que visavam a quedas abruptas da inflação 
intercaladas por períodos de controles ortodoxos. Trata-se de uma fase marcada por 
grandes oscilações nas taxas de inflação e de crescimento econômico e de completa 
deterioração das contas públicas. 
Plano Cruzado 
Plano de estabilização econômica realizado em 27 de fevereiro de 1986 no governo 
Sarney. Naquela ocasião o nosso país passava por uma das maiores inflações de sua 
existência com uma inflação no patamar de 300% ao ano. O Plano cruzado se 
caracterizou por ser um plano heterodoxo (Plano de combate à inflação que consistia 
em aplicar o congelamento de preços em todos os níveis durante um período 
determinado de tempo e liberar as políticas monetária e fiscal), pois a inflação 
combatida naquela ocasião era de ordem inércial e não podia ser enfrentada com 
medidas ortodoxas, pois a inflação já era de ordem cultural. 
As principais medidas do Plano Cruzado tomado para reverter aquele quadro 
assustador foram as seguintes: 
Congelamento de preços está foi a principal medida deste plano. A partir daquela data 
todos os preços, inclusive do mercado de prestação de serviços ficou congelado; 
Mudança da moeda, que a partir daquela data passaria a se chamar cruzado. Sendo 
que o valor monetário correspondia a 1000 unidades de cruzeiro; 
Substituição do ORTN, instituído em 1964, pela OTN (Obrigação do Tesouro Nacional) 
cujo valor foi fixado em 106,40 cruzados, congelado por um ano; 
Congelamento do salário mínimo em 804 cruzados; 
Congelamento de Salários, levando em consideração a média de ganho dos últimos 
06 meses; 
Seguro-Desemprego garantia atribuída ao trabalhador em caso de dispensa sem justa 
causa ou em virtude do fechamento de empresas; 
Criação de um Gatilho Salarial, que consistia num reajuste automático dos salários 
quando a inflação ultrapassava 20%; 
Criação de uma tabela de conversão para transformar as dividas contraídas numa 
economia com inflação muito intensa para uma economia onde a inflação fosse 
praticamente nula. 
O principal objetivo deste plano era conter o processo inflacionário que assolava o 
país naquele momento. O congelamento em seu primeiro momento trouxe uma 
esperança para toda a população, mais o que se observou posteriormente foi uma 
série de erros. Algumas categorias no momento do congelamento não tinham 
realizado os seus reajuste, ou seja, se criava desta maneira uma brecha para a 
insatisfação de diversos setores da economia. Com a eliminação da correção 
monetária, a poupança ficou desestimulada, fazendo com que houvesse naquela 
ocasião um aumento de consumo desenfreado. Como alguns setores estavam 
trabalhando com preços defasados, e o consumo estava altíssimo, faltou mercadoria 
para atender tantos compradores. A inflação estava controlada, no entanto não se 
tinha produtos para atender a demanda geral. 
Surgiu neste plano uma palavra até então pouco usada em nosso mercado, o ágio, 
onde toda e qualquer mercadoria que estivesse sofrendo problemas de 
abastecimento, que não eram poucos (alimentos, veículos, vestuário, etc...), tinha um 
valor acrescido ao consumidor acima do preço tabelado. A eliminação da correção 
monetária e consequentemente da redução das taxas de juros nominais estimularam o 
consumo e inibiram a poupança: a expansão da demanda correspondente conspirou 
contra o congelamento e criou o caldo de cultura para ampliação do mercado negro e 
a cobrança de ágio. A inflação não estava acontecendo aos olhos do governo, mas na 
pratica acontecia e os empresários aprenderam rapidamente a "maquilar" os seus 
produtos, escapando do congelamento e do tabelamento. 
A taxa cambial permaneceu congelada durante nove meses enquanto vários preços se 
elevaram no mercado interno: isto, ao mesmo tempo em que estimulou as 
importações, desestimulou as exportações, provocando uma erosão nas reservas 
internacionais do país inviabilizando os mecanismos de pagamento do serviço da 
dívida externa. 
O maior erro deste plano foi achar que o mesmo iria abranger todos os setores da 
economia. Não se levou em consideração um reajuste de todos os setores antes do 
congelamento. Alguns trabalhadores não tinham recebido o ajuste salarial na ocasião, 
ou seja, o insucesso surgiu ai. 
Fazendo uma síntese do que já foi dito, o Plano Cruzado tinha como maior objetivo 
criar uma moeda, estável, que eliminassea memória inflacionaria. E o fator do seu 
insucesso foi à falta de clareza de metas fiscais ou monetárias de médio prazo, cujas 
políticas ficariam a cargo dos condutores do plano. Ou seja, o aumento do poder de 
compra dos salários aliado ao consumo reprimido durante os anos anteriores levou a 
despoupança e à explosão de consumo, algo que não fora contemplado pelos 
idealizadores do plano, sem falar que as tarifas públicas, encontravam-se efetivamente 
defasadas devido ao fato de não terem sido alinhados antes do congelamento. Após 
as eleições em Nov/1986, o Plano Cruzado sofreu profundas modificações e a inflação 
voltou com intensidade, agora acompanhada por um claro processo recessivo. 
 
Plano Bresser 
Depois da declaração de moratória (parcial) pelo governo brasileiro a inflação atingiu 
níveis superiores a 25% mensais e o ministro Dilson Funaro foi substituído por Bresser 
Pereira que no primeiro semestre de 1987 desenvolveu o plano que levaria seu nome 
"Bresser", ressaltando os pontos positivos do plano Cruzado, mas com algumas 
modificações para eliminar os pontos negativos, e aperfeiçoar tal plano para manter o 
objetivo principal que era conter a inflação. 
As principais medidas deste plano foram semelhantes ao plano Cruzado, mas com 
algumas modificações: 
Como já tinha falado, congelamento dos preços dos produtos por um prazo de 90 dias, 
com a idéia de abaixar a inflação a patamares mais satisfatórios; 
Maior flexibilização nos preços com reajustes mensais de preços e salários a fim de 
corrigir eventuais desequilíbrios herdados na fase anterior e como uma maneira de 
não tornar o plano inflexível como no plano Cruzado; 
Depois desta fase de flexibilidade a idéia era deixar as próprias forças de mercado 
determinar os preços das mercadorias; 
Adoção de uma política monetária e fiscal mais rigorosa com a intenção de reduzir o 
déficit público e principalmente impedir o crescimento explosivo da demanda como 
ocorreu no plano cruzado; 
Estabelecimento de um novo indexador, a URP (Unidade de Referencia de Preços), 
que reajustaria os salários e determinaria os tetos para os reajustes de preços. 
O plano Bresser já encontrou a economia desacelerada, mantendo a taxa de juros e 
de cambio elevadas como forma de conter ainda mais o consumo, sem falar da 
diminuição do salário real, assim como de uma manutenção em níveis elevados da 
taxa de juro e de uma elevação real da taxa cambial. 
A inflação novamente tomou fôlego, com o aumento das tarifas públicas e o reajuste 
dos salários e de preços. 
A perspectiva de um novo congelamento trouxe novamente um aumento da inflação, 
com um aumento ainda maior nos preços em geral, colocando um ponto final no plano 
Bresser, e retornando uma política econômica ortodoxa para combater o processo 
inflacionário. 
Fazendo uma síntese do Plano Bresser, o plano era mais consistente e flexível que o 
Cruzado, atingiu alguns de seus objetivos, fazendo cair à inflação, o déficit público e 
expandido os saldos comerciais, possibilitando ao governo renegociar com credores 
internacionais e suspender a moratória. 
Os principais problemas deste plano foram o fato de existir uma falta de credibilidade 
do plano junto à opinião publica, principalmente por ter utilizado novamente o artificio 
do congelamento. Existia ainda desequilíbrio de alguns preços relativo, e por ultimo a 
manutenção do regime de taxas de juros reais positivas, ao mesmo tempo em que 
inibia a explosão de consumo. Ou seja, apesar do congelamento de preço, as taxas de 
inflação permaneciam elevadas. Por esta razão, autorizou-se um aumento 
emergêncial de preços, ainda no mês de agosto, antes que terminasse o prazo 
previsto inicialmente - três meses - para que iniciasse a liberalização dos preços. Em 
dezembro de 1987, a taxa de inflação mensal atingiu 14,14% precipitando o pedido de 
demissão de Bresser Pereira e a volta aos princípios ortodoxos, isto é, monetarista, 
para o combate ao processo inflacionário. 
Plano Verão 
Este plano foi estabelecido em 15 de Janeiro de 1989, foi o terceiro choque econômico 
e a Segunda reforma monetária do governo Sarney, depois de inflação ter acusado um 
índice acumulativo de 933,62%. 
Neste plano se tentou mais uma vez manter a inflação em patamares satisfatórios 
através de medidas mais uma vez melhoradas baseadas em planos anteriores. 
O Plano tomou as seguintes medidas para conter a inflação: 
Congelamento de preços por tempo indeterminado; 
Criação do Cruzado Novo (Valendo 1000 cruzados antigos), passando o dólar 
americano a valer NCZ$ 1,00(01 Cruzado Novo); 
Foi criado um mecanismo de reajuste trimestral de preços, e quanto aos salários ficou 
por conta do congresso, que no final das contas estava postergando tal medida; 
Este plano criou uma situação inédita na economia, a existência de três tipos moedas 
circulando de uma só vez, o Cruzeiro, o Cruzado e o Cruzado Novo. Mostrando a total 
fragilidade da economia perante uma inflação incontrolavel. Apesar de cortar 03 zeros 
do cruzado, com menos de três anos de existência a inflação continuava galopante, e 
o nível de recessão cada vez mais aumentando, pois o juro continuava altíssimo. 
Fazendo uma síntese do Plano Verão, o mesmo procurava em curto prazo contrair a 
demanda agregada e, no médio prazo, promover queda das taxas de inflação. Os 
mecanismos utilizados forma à manutenção de taxas reais de juros elevadas, restrição 
do credito ao setor privado, desindexação e promessa de ajuste fiscal. 
O que levou realmente o plano não atingir seus objetivos foi o fato da inflação que 
cairá pouco mais de 3% em fevereiro, elevar-se-ia, já em abril, para mais de 7%. 
Como contrapartida, o governo viu-se obrigado a elevar as taxa de juros, o que fazia 
cair por terra à promessa de reduzir o déficit público naquele ano. Em pouco tempo, 
alguns aumentos foram autorizados, o cruzado novo foi desvalorizado e o 
congelamento começou a ser desfeito. A indexação voltou a ser praticada com a 
criação do Bônus do tesouro Nacional (BTN), atendendo à reivindicação por um 
sistema de indexação que pudesse conviver com a inflação que até então ressurgia. 
 
Plano Collor 
O governo Collor também tinha como preocupação básica o combate à inflação. A 
experiência proporcionada pelos diversos planos heterodoxos do governo Sarney e o 
aprendizado com seus insucessos levaram ao aparecimento de novos diagnósticos 
sobre a natureza da inflação brasileira e sobre as causas de fracasso das tentativas de 
estabilização até então implementadas. Além do diagnóstico tradicional de descontrole 
monetário e fiscal, uma tese começou a ganhar força crescente: o insucesso dos 
choques antiinflacionário do governo Sarney devia-se a elevada e crescente liquidez 
dos haveres financeiros e não monetários. Diante deste quadro e com este diagnóstico 
a solução encontrada foi a adoção imediata de um plano que visava romper com a 
indexação da economia em 1990. 
As principais medidas adotadas foram: 
Reforma monetária: centrou-se basicamente na drástica redução da liquidez da 
economia, através do bloqueio de cerca de metade dos depósitos à vista, 80% das 
aplicações de overnight e fundos de curto prazo e cerca de um terço dos depósitos de 
poupança que seriam bloqueados durante 18 meses; 
Reforma administrativa e fiscal: teve por objetivo promover um ajuste fiscal da ordem 
de 10% do PIB, eliminando um déficit projetado de 8% do PIB para gerar um superávit 
de 2%. No que diz respeito à reforma administrativa iniciou-se o programa de 
privatizações, a melhoria dos instrumentos de fiscalização e arrecadação, maior 
controle sobre os bancos estaduais e ainda vários outras medidas que deveriam 
aumentar a eficiência daadministração do setor público e reduzir os gastos; 
Congelamento de preços e desindexação dos salários em relação à inflação passada, 
definindo uma nova regra de pré-fixação de preços e salários que entrariam em vigor a 
partir de 1º de maio de 1990; 
Adoção de um regime cambial de taxas flutuantes definidas livremente no mercado; 
Abertura comercial com redução qualitativa das tarifas de importação de uma média 
de 40% para menos de 20% em quatro anos; 
O impacto imediato deste plano foi uma grande desestruturação do sistema produtivo 
com corte nas encomendas, semiparalizia da produção, demissões, férias coletivas, 
redução das jornadas de trabalho, redução nos salários, deflação, atraso nos 
pagamentos de dívidas, expansão no volume e no prazo dos créditos comerciais, 
desenvolvimento de meios de pagamentos alternativos. Enfim, o choque sobre os 
estoques monetários gerou profunda desestruturação em termos de condições de 
emprego e de produção. 
Não se observou qualquer alteração no mercado monetário nem a instituição de 
regras para expansão monetária, isto é, não se criaram mecanismos para viabilizar o 
controle dos fluxos. 
Quanto ao ajuste fiscal, este se baseava no IOF sobre os ativos financeiros, mais 
principalmente na reforma patrimonial, através do inicio do processo de privatização 
das empresas públicas. 
A aceleração inflacionária levou a mudanças no Ministério da Fazenda, saindo Zélia 
Cardoso de Melo e entrando Marcílio Marques Moreira, que adotou um combate 
gradualista à inflação, dando maior atenção à negociação da dívida externa e a 
reaproximação do país com o Sistema Financeiro Internacional. A situação econômica 
não era favorável dado o processo de Impeachment do presidente. 
Com a saída de Collor de Melo, assumiu a presidência Itamar Franco, que se colocava 
como um governo de transição e este período foi marcado pela passagem deu uma 
série de ministros pelo comando da economia e também implantação do último plano 
de estabilização da economia brasileira na gestão de Fernando Henrique Cardoso no 
Ministério da Fazenda, o plano Real. 
Plano Real 
Em 1994, Fernando Henrique Cardoso assumiu a Presidência do Brasil. 
O Plano Real foi concebido e implementado em 3 etapas: a) estabelecimento do 
equilíbrio das contas do governo objetivando eliminar a principal causa da inflação; b) 
criação de um padrão estável de valor, a Unidade Real de Valor (URV); c) emissão de 
uma nova moeda nacional com poder aquisitivo estável, o Real. 
Distinguindo-se de maneira significativa dos planos econômicos que o precederam, o 
Real não incluiu o congelamento de preços. 
A 1ª fase do Plano Real (ortodoxa) trata do ajuste fiscal, para equacionar o 
desequilíbrio orçamentário da União. Paralelamente procurou-se acumular reservas 
cambiais para dar condições ao Banco Central de administrar as políticas monetária e 
cambial. 
A 2ª fase (heterodoxa) é a tentativa de eliminar a inércia inflacionária, através da 
introdução de uma nova unidade de conta, a URV, que tinha por objetivo a transição 
para a introdução da nova moeda. 
A 3ª fase iniciou-se com a transformação da URV em Real. Nesta fase adotou-se uma 
regra relativamente flexível, em que foram estipuladas metas monetárias, com a 
possibilidade de serem ampliadas em caso de emergência, o que ocorreu algumas 
vezes após a edição do plano. 
A condução do plano procurava evitar o erro dos demais choques heterodoxos, qual 
seja, a grande expansão do crédito e da demanda pós-queda da inflação. 
A queda da inflação foi acompanhada pelo o aumento da demanda e também pela 
recomposição dos mecanismos de créditos na economia, o que resultou na explosão 
do consumo. Neste sentido, iniciou-se uma série de medidas de contenção da 
demanda interna, principalmente com restrições ao crédito, elevação das taxas de 
juros e também a gradual alteração da política cambial. 
Em janeiro de 1999, não resistindo as pressões do mercado, o Real foi desvalorizado. 
O agravamento do déficit nas contas públicas, pelo efeito da desvalorização e do 
aumento dos juros, agravou a perspectiva de uma recessão e da deterioração dos 
indicadores sócio-econômicos e escalada do desemprego. 
Assim, acabou-se por adotar o cumprimento das medidas sugeridas pelo FMI, 
especialmente no que se refere aos juros, já que sua elevação agravaria a recessão e 
diminuiria a receita do Governo, afetada nas suas contas pela elevação do custo do 
financiamento da dívida pública. 
A exigência de geração de superávites primários nas contas públicas e a instabilidade 
causada pelas mudanças no câmbio provocaram um adiamento das decisões de 
investimento e da retomada do crescimento sustentado. 
O Plano Real é apontado como a melhor experiência de estabilização da economia 
brasileira. No entanto, a sua sustentabilidade e, principalmente, a retomada do 
crescimento econômico dependem de reformas mais profundas, de âmbito estrutural, 
envolvendo as áreas fiscal-tributária, patrimonial, financeira e administrativa. 
O Plano Cruzado foi um programa de estabilização heterodoxa com o objetivo 
imediato de conter uma inflação que parecia fora do controle e que resistia às formulas 
ortodoxas de estabilização. Neste plano, o congelamento obstruiu o funcionamento do 
mecanismo de preços e pegou grandes segmentos da economia em uma posição de 
preço relativamente desvantajosa. O erro básico parece ter sido a idéia de inflação 
zero. A ênfase na inflação zero a qualquer custo criou problemas orçamentários 
crescentemente sérios para o governo, quando este optou por subsídios as empresas, 
e na medida em que isso afetava negativamente suas receitas ao oferecer incentivos 
fiscais a certos setores em posição desfavorável. Distributivamente, o Plano Cruzado 
favoreceu a classe que recebia salários o que foi extremamente oposto ao que 
normalmente ocorre em programas clássicos de estabilização. Após as eleições de 
1986, o Plano Cruzado sofreu profundas modificações, e a inflação voltou com 
intensidade, agora acompanhada por um claro processo recessivo, atingindo níveis 
superiores a 25% mensais. 
Quando o ministro Bresser assumiu, sinalizou o rumo da ortodoxia, com uma 
minidesvalorização de 7,5% do Cruzado em primeiro de maio, mas o ministro dizia-se 
simpatizante da heterodoxia, o que levou a várias especulações sobre um novo 
congelamento. O Plano Bresser foi criado para debelar o processo inflacionário, 
incorporando as características consideradas positivas do Plano Cruzado, mas com 
algumas modificações para evitar os pontos negativos. O novo choque era 
fundamentalmente heterodoxo, mais incorporava alguns elementos ortodoxos. Este 
novo plano não tinha por objetivos a inflação zero nem eliminar a indexação, apenas 
deter a aceleração inflacionaria e evitar a hiperinflação, promovendo um choque 
deflacionario com a retirada do gatilho e a redução do déficit público. Para resolver a 
crise momentânea recorria-se ao congelamento e desvalorização cambial, não se 
resolvendo os problemas de longo prazo. Ao contrario do que se supunha no Cruzado, 
o Plano Bresser era considerado um plano de emergência. Diferentemente do Plano 
Cruzado, adotou-se uma política monetária e fiscal ética, mantendo a taxa de juros 
reais positiva para inibir a especulação com estoques e o aumento do consumo. 
Pretendia-se reduzir o déficit público, mas as medidas foram frágeis e comprometia-se 
no futuro com a independência do Banco Central. Embora tenha sido bem sucedido na 
recuperação da balança comercial, na diminuição do déficit público, e na queda inicial 
da inflação. No Plano Bresser houve uma queda na produção industrial e o 
recrudescimento da inflação decorrente dos desequilíbrios de preços relativos quegeravam pressões de custos. Quando se iniciou a descompressão, voltou a 
aceleração inflacionaria e várias pressões por reposições salariais, que acabaram com 
o plano que assentava basicamente na contentação salarial e na elevada taxa de 
juros. 
 
O Plano Verão, a exemplo do Plano Bresser, continha tanto elementos ortodoxos 
como heterodoxos, visando evitar os erros do Plano Cruzado. Os elementos ortodoxos 
visavam conter a demanda, através da diminuição dos gastos públicos e da elevação 
das taxas de juros que visava evitar uma fuga dos ativos financeiros; os heterodoxos 
visavam promover a desindexação da economia sem a predeterminação de novas 
regras. Para estes últimos, determinou-se o congelamento dos preços, sendo que 
vários preços administrados foram aumentados, e alterou-se a data de comparação 
dos índices de preços para 15/1, de modo a evitar que os aumentos anteriores 
contaminassem o novo índice. O Plano Verão foi de curta duração. O governo não 
realizou nenhum ajuste fiscal, o que mantinha os elevados e crescentes déficit 
públicos. O descontrole fiscal levava ao descontrole monetário. Estes aspectos, 
justamente com as incertezas do último ano do governo Sarney e um profundo 
imobilismo da política econômica, levaram a inflação a acelerar-se rapidamente, 
fazendo com que se caminhasse a largos passos para a hiperinflação, sendo que a 
taxa mensal de inflação atingiu 80% no ultimo mês de governo. 
Os três planos Cruzado, Bresser, e Verão, tentaram eliminar ou diminuir a inflação, 
mas apesar de tudo depois destes planos a inflação atingia níveis cada vez mais 
preocupastes chegando ao limiar da hiperinflação. 
Neste cenário foi implementado o Plano Collor, que tinha o objetivo de controlar a 
inflação, via redução da liquidez na economia brasileira, reforma fiscal e 
administrativa, congelamento de preços, mudanças de regime cambial e na política 
comercial. Tais objetivos não foram alcançados, a inflação voltou a crescer e o 
presidente Collor, foi substituído por Itamar Franco, que na gestão de Fernando 
Henrique Cardoso, no Ministério da Fazenda implantou o Plano Real. 
Ao ser implantado o plano Real se serviu de duas âncoras principais: as políticas 
monetária e cambial. A primeira foi usada pelo governo como instrumento de controle 
dos meios de pagamentos; a segunda trata do controle das relações comerciais entre 
o Brasil e o resto do mundo. 
A política monetária influencia a economia graças ao estoque de moeda e à taxa de 
juros. A política cambial conta com duas importantes variáveis: a taxa de câmbio e o 
saldo da balança de pagamentos, que se compõe de três elementos: saldo da balança 
comercial, de serviços e de capital. 
As altas taxas de juros impostas pelo governo estimulam a entrada de capital 
estrangeiro e mantêm o equilíbrio no volume de moeda em circulação, graças, 
basicamente, ao saldo deficitário da balança comercial. Num primeiro momento, a 
entrada de capital produz um excedente de moedas em circulação, que, por sua vez, 
aumenta a demanda em virtude do volume de oferta constante. Para que essa 
situação não chegue a desequilibrar a economia, majorando preços e alimentando a 
inflação, o governo estimula a poupança em detrimento do consumo, mediante 
elevação da taxa de juros. 
A valorização do real em relação ao dólar, por sua vez, também estimula as 
importações e os investimentos de capital externo. As importações trazem tecnologia, 
redução de custos e participação de produtos internacionais de qualidade no mercado 
nacional. Para os consumidores, a competitividade favorece a multiplicidade de 
escolha, mais qualidade de produtos e mais estabilidade de preços. Para os 
investidores externos, a decisão de aplicar no mercado financeiro brasileiro deve levar 
em conta o diferencial entre as taxas de juro local e exterior bem como a expectativa 
de desvalorização do real em relação ao dólar. Daí a necessidade de manter estável a 
taxa de juros. 
Diante disso, é até possível compreender a decisão do Brasil de se endividar para 
acumular reservas internacionais, que funcionam como fundo de garantia contra a 
instabilidade monetária e cambial, se bem que essas reservas tenham sido mantidas 
graças à sobrevalorização do dólar. 
O Plano Real difere dos planos anteriores principalmente pelas condições nas quais 
foi introduzido (processo de abertura econômica e a própria renegociação da dívida 
externa que permitiu a volta do país ao fluxo voluntário de recursos externos, levando 
a um acúmulo de reservas na ordem de U$ 40 bilhões no momento da retomada 
monetária) e nas medidas adotadas. 
O ponto de partida para entender por que o Plano Real causou expressiva valorização 
da taxa real de câmbio, gerando déficits elevados na balança comercial é o seguinte: a 
inflação doméstica não converge instantaneamente para a inflação internacional no 
momento em que a taxa de câmbio é fixada, em virtude da existência de rigidez de 
preços e salários na economia, que pode ser causada, por exemplo, pela indexação 
ou ajuste vagaroso das expectativas de inflação. No início do Plano Real, os preços 
dos bens domésticos continuaram a subir durante certo período. Por outro lado, os 
preços dos bens comercializáveis sofreram, rapidamente os efeitos da maior abertura 
da economia para os bens importados e logo se estabilizaram. Assim, a valorização da 
taxa real de câmbio foi causada pelo maior aumento nos preços dos bens domésticos 
comparativamente ao dos bens internacionais, fenômeno registrado pelos índices de 
preço ao consumidor (IPC), que cresceram muito mais que os índices de preço ao 
atacado (IPCA). 
Portanto, observa-se que combater a inflação em um país de economia instável 
sensível às oscilações do mercado interno e externo, e ainda com uma longa história 
de inflação como o Brasil, torna-se difícil, pois as variáveis determinantes da inflação 
são as mais diversas possíveis e influenciam de forma exógena e endógena na 
economia como um todo. 
As possíveis saídas são até previsíveis, mas as atitudes são difíceis de serem 
tomadas. É preciso melhorar a balança de transações correntes, melhorar o 
desempenho exportador, diminuir as importações e melhorar o desempenho fiscal dos 
estados. Trabalhando nesse esquema, é possível ter expectativas melhores. 
 
 
 
 
Evolução mensal da Inflação: IGP-DI/FGV 
Período: JAN/84 - JAN/04.

Outros materiais