Prévia do material em texto
Teorias do desenvolvimento Autor Edson Luiz Defendi Videoaula - Teorias do desenvolvimento Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/371865634". Teorias do desenvolvimento: introdução1 Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/1024132837". Todos os seres humanos nascem,crescem, desenvolvem-se e morrem. Cada ciclo vital e cada etapa do desenvolvimento humano possuem características próprias que demarcam as complexas e normativas transições nos diferentes ciclos da vida: primeira infância, adolescência, vida adulta e velhice. Em linhas gerais, os estudos sobre o desenvolvimento humano procuram, de forma contextualizada, compreender as mudanças comportamentais que ocorrem com o passar dos anos, com o crescimento do indivíduo. Estudos e pesquisas nesse campo do conhecimento estão sempre em evolução. Com o avanço da neurociência e das tecnologias, o campo de observação sobre desenvolvimento humano tem se ampliado substancialmente. De modo diferente ao de alguns anos atrás, é possível, hoje em dia, por intermédio de exames de imagens cerebrais, conhecer e detectar com maior precisão a maturação neurológica de uma criança, bem como registrar com maior eficácia, com o auxílio dos recursos tecnológicos, comportamentos e atitudes de bebês e crianças, tais como a expressão de reações emocionais, oferecendo uma série de instrumentos que auxiliam na observação da importante conexão entre aspectos biológicos, psicológicos e sociais como aspectos fundamentais no processo de desenvolvimento. Atualmente, em virtude de uma série de fatores, o ser humano desfruta de uma longevidade nunca constatada na história. Podemos conhecer melhor algumas nuances dessa fase de vida, fazendo com que o desenvolvimento humano alcance níveis jamais observados. Isso nos dá uma mostra de que o desenvolvimento humano é um processo dinâmico, complexo e está sujeito a uma série de variáveis, físicas, neurológicas, psicológicas, sociais, culturais etc. Vamos trazer os conceitos básicos para compreensão do desenvolvimento humano e suas principais teorias e, como nos revelam Papalia, Olds e Feldman (2009) e Papalia e Feldman (2014), existe um consenso entre pesquisadores desse campo quanto aos seguintes axiomas, que são os fundamentos principais do conteúdo: Todos os domínios do desenvolvimento humano estão inter-relacionados. O desenvolvimento normal inclui uma ampla gama de diferenças individuais. As pessoas moldam seu próprio desenvolvimento e influenciam as reações dos outros em relação a elas. Os contextos históricos e culturais influenciam fortemente o desenvolvimento. A experiência inicial é importante, mas as pessoas podem ser extraordinariamente resilientes. O desenvolvimento continua por toda a vida. Vamos também conhecer os principais conceitos acerca das teorias do desenvolvimento humano e entender a importância que esses estudos possuem para a compreensão do ser humano em sua globalidade. Vamos conhecer também a história e a evolução desses conceitos, bem como as principais teorias e teóricos que se debruçaram e ainda se debruçam sobre essas questões. Por intermédio desses conteúdos, esperamos oferecer recursos e instrumental teórico para subsidiar a prática pedagógica e psicopedagógica, tanto do ponto de vista de seu planejamento como de sua intervenção. Videoaula - Breve contextualização histórica da evolução das Teorias do desenvolvimento humano Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/371865664". A evolução dos estudos do desenvolvimento humano, seus objetivos e sua importância 2 Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/1024132861". Podemos definir o estudo do desenvolvimento humano como um conjunto de constructos científicos que examinam os processos de mudança e estabilidade ao longo do ciclo de vida humano. O campo de estudo sobre desenvolvimento humano, tal qual concebemos atualmente, é considerado relativamente novo. As primeiras abordagens que visavam conhecer o processo de desenvolvimento humano remontam ao século XIX, quando se começou a estudar com mais afinco a infância e suas vicissitudes. Podemos citar, por exemplo, os famosos estudos de Charles Darwin, criador da teoria da evolução. Darwin foi um dos cientistas que enfatizou o caráter desenvolvimental e evolutivo do ser humano, observando a importância de uma “ordem” ou sequência no processo de mudança e desenvolvimento. Com a evolução científica e a incorporação de importantes conceitos sobre desenvolvimento, no século XX as teorias do desenvolvimento ganharam maior status científico, incorporando observações importantes sobre fases específicas do ser humano, como a adolescência, a fase adulta e os processos de envelhecimento. À medida que esses estudos avançaram, os cientistas do desenvolvimento chamaram essas fases de vida de “ciclos vitais”, o que culminou em um importante campo de estudo, dentro de uma perspectiva longitudinal, que entende o desenvolvimento de ciclo de vida como um processo que ocorre durante toda a vida de uma pessoa, desde sua concepção até sua morte. Portanto, o campo científico do desenvolvimento do ciclo de vida do ser humano tem como objetivo descrever, explicar, prever e modificar aspectos acerca de atitudes e comportamentos do indivíduo. Para além do desenvolvimento físico e neurológico, o desenvolvimento humano deve ser compreendido dentro de uma perspectiva múltipla dos fatores que influenciam esse processo: culturais, étnicos, sociais, psicológicos, cognitivos, ambientais etc. Por isso, podemos afirmar que os teóricos do desenvolvimento humano baseiam suas teorias em diversos campos do saber, entre os quais, psicologia, sociologia, antropologia, biologia, genética, educação, filosofia, história, medicina e estudos sobre as mudanças familiares no decorrer do tempo. Figura - Evolução Fonte: Andrew_Howe e Bigmouse108/iStockphoto. https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/fig01.jpg https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/fig01.jpg Os resultados das pesquisas sobre o desenvolvimento humano são aplicáveis em várias áreas que organizam suas intervenções pautadas em estudos e descobertas sobre a evolução e o que é esperado de cada ciclo de vida do indivíduo. Ou seja, as teorias do desenvolvimento humano estudam, com enfoque qualitativo ou quantitativo, as mudanças físicas, cognitivas e psicossociais relacionadas à idade, bem como as características da personalidade de cada indivíduo. É importante ratificar que cada fator de desenvolvimento influencia sobremaneira o outro; portanto, qualquer mudança no aspecto orgânico afeta diretamente as características psicológicas, que, por sua vez, provocam alterações no desenvolvimento social e assim por diante. Assim, o desenvolvimento humano deve ser compreendido dentro de uma perspectiva global e sistêmica, no qual uma mudança em uma área do desenvolvimento afeta todas as outras, imprimindo ao processo um caráter de interdependência entre seus principais fatores. Videoaula - As dimensões e os ciclos vitais do desenvolvimento humano Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/371865695". Dimensões e períodos/ciclos vitais de desenvolvimento humano 3 Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/1024132880". Os principais aspectos do desenvolvimento humano acontecem em uma sequência ou expectativa relativamente conhecida e previsível de tempo. Todos nós sabemos, por exemplo, que é esperado que uma criança comece a andar em torno de 10 a 12 meses; porém, devem-se sempre considerar as múltiplas variáveis que definemo início de um determinado comportamento ou não. Os processos de mudança e estabilidade no desenvolvimento humano estão sujeitos ao que os cientistas chamam de domínios ou principais dimensões do desenvolvimento. SegundoPapalia, Olds e Feldman (2009), tais dimensões ou domínios podem ser divididos de uma forma global entre desenvolvimento físico, desenvolvimento cognitivo e desenvolvimento psicossocial. Lembrem-se do que comentamos: esses domínios são intimamente relacionados e afetam um ao outro ao longo de toda a vida do indivíduo. Segundo os autores citados, podemos definir as três dimensões da seguinte forma: Desenvolvimento físico: engloba o desenvolvimento, crescimento do corpo, as capacidades sensoriais, as habilidades motoras e a saúde física. Desenvolvimento cognitivo: está relacionado às capacidades mentais, como aprendizagem, atenção, memória, linguagem, raciocínio e criatividade, por exemplo. Desenvolvimento psicossocial: emoções, sentimentos, características de personalidade e relacionamentos afetivos, sociais e familiares estão presentes nessa dimensão. Para se aprofundar mais nas três dimensões, recomendamos o livro Aprendizagem e sua dimensão cognitiva, afetiva e social, disponível em: issuu.com [https://issuu.com/cengagebrasil/docs/9788522123513_livreto] . É importante ressaltar que as capacidades físicas, psicológicas e psicossociais formam um grande conjunto. Quando pensamos em uma pessoa, não podemos, de forma alguma, perceber essas dimensões de forma isolada e fragmentada. Com base nessas dimensões, podemos entender por que é importante falar sobre ciclos de vida. Os ciclos de vida são considerados dentro de uma construção social que define a fase ou época da vida, tendo em vista percepções e observações socialmente compartilhadas. Isso significa que os conceitos de infância e adolescência podem variar conforme a cultura e o período histórico; porém, existem certos consensos construídos socialmente que contribuem para demarcar diferentes ciclos de vida e suas principais características. Em nosso conteúdo, utilizamos os ciclos de vida propostos por Papalia, Olds e Feldman (2009), que podem ser resumidos em oito períodos: período pré-natal: da concepção ao nascimento; primeira infância: do nascimento a 3 anos; segunda infância: 3 a 6 anos; terceira infância: 6 a 11 anos; adolescência: 11 a aproximadamente 20 anos; vida adulta: 20 a 40 anos; vida adulta intermediária: 40 a 65 anos; vida adulta tardia ou avançada: 65 anos em diante. https://issuu.com/cengagebrasil/docs/9788522123513_livreto https://issuu.com/cengagebrasil/docs/9788522123513_livreto Para saber mais sobre o desenvolvimento humano, recomendamos a leitura do livro Desenvolvimento humano, de Diane E. Papalia. Essa divisão mostra uma sequência geralmente aceita e utilizada nas sociedades ocidentais e industrializadas. Deve-se apontar que não há uma rigidez nessas divisões, mas elas demarcam períodos que facilitam nossa compreensão diante de determinado ciclo vital. Apresentamos a seguir uma síntese sobre algumas características do desenvolvimento e seus estágios (Papalia; Olds; Feldman, 2009), ressaltando que as capacidades que aparecem em certa faixa em média desenvolvem-se nessa etapa. Quadro 1 - Idade/fase/ciclo vital: recém-nascido (do nascimento a um mês) Desenvolvimento físico ×Altura e peso aumentam rapidamente. O recém-nascido dorme a maior parte do tempo. Todos os sentidos estão presentes no nascimento e se desenvolvem rapidamente. Desenvolvimento neurológico ×O cérebro atinge cerca de um quarto de seu peso adulto. O comportamento é quase sempre reflexo. Começa a mielinização dos tratos visuais. Desenvolvimento cognitivo ×Estágio sensório-motor . O bebê pode aprender por condicionamento ou habituação. Ele presta mais atenção aos estímulos novos do que aos que lhe são familiares Desenvolvimento da linguagem ×O bebê comunica-se por meio do choro e reconhece sons que ouviu no útero.. Desenvolvimento emocional ×O choro sinaliza emoções negativas. Emoções positivas são mais difíceis de detectar. Desenvolvimento social Quadro 2 - Idade/fase/ciclo vital: 1 a 6 meses ×A chegada do bebê muda todo o relacionamento familiar. Desenvolvimento de identidade/self/gênero ×Os pais começam a tratar meninos e meninas diferentemente. Desenvolvimento físico ×O bebê estica o braço e agarra objetos. Levanta e vira a cabeça, rola e consegue arrastar-se e engatinhar. Desenvolve a percepção de profundidade Desenvolvimento neurológico ×Reflexos desnecessários desaparecem. Amadurece o córtex motor. Continua a mielinização do trato visual até o quinto mês. Mudanças no funcionamento do cérebro correspondem à diferenciação das emoções. Desenvolvimento cognitivo ×Repete comportamentos que trazem resultados agradáveis. Coordena a informação sensorial e poderá repetir uma ação aprendida anteriormente ao se lembrar do contexto original. Desenvolvimento da linguagem ×Vocaliza e reconhece palavras familiares. Desenvolvimento emocional ×Sorri e dá risada em resposta às pessoas, a imagens ou sons inesperados. Contentamento, interesse e aflição antecipam emoções diferenciadas que surgirão Desenvolvimento social ×Começa a se desenvolver uma confiança básica. Demonstra interesse por outros bebês por meio do olhar, dos sons, do arrulho e do sorriso. Desenvolvimento de identidade/self/gênero ×Começa a desenvolver o senso de controle dos eventos externos e da autocoerência. Quadro 3 - Idade/fase/ciclo vital: 6 a 12 meses Quadro 4 - Idade/fase/ciclo vital: 12 a 18 meses Desenvolvimento físico ×Fica sentado sem apoio, fica em pé segurando em algo ou alguém e depois fica em pé sozinho. Pode dar seus primeiros passos independentes. Em um ano triplica seu peso Desenvolvimento neurológico ×O desenvolvimento do córtex pré-frontal possibilita o surgimento de funções cognitivas superiores e da memória. Lobos frontais, sistema límbico e hipotálamo interagem para facilitar o processamento cognitivo-emocional. Desenvolvimento cognitivo ×O bebê se empenha em um comportamento orientado para uma meta. Consegue identificar diferenças entre pequenos grupos de objetos. Demonstra imitação diferida e põe em prática comportamentos aprendidos. Desenvolvimento da linguagem ×Reconhece sons da língua nativa e perde a capacidade de perceber sons de outra língua. Balbucia e depois imita sons linguísticos. Pronuncia suas primeiras palavras. Desenvolvimento emocional ×Emergem emoções básicas: alegria, surpresa, raiva, tristeza e repugnância. Desenvolvimento social ×Os apegos se estabelecem. Pode surgir ansiedade diante de estranhos e ansiedade de separação. Desenvolvimento de identidade/self/gênero ×Percebe que a experiência subjetiva pode ser compartilhada. Desenvolvimento moral ×Os pais começam a fazer uso da disciplina para orientar, controlar e proteger o bebê. Quadro 5 - Idade/fase/ciclo vital: 18 a 30 meses Desenvolvimento físico ×O aumento de peso e altura é desacelerado. A criança anda razoavelmente bem. Consegue construir uma torre de blocos. Desenvolvimento neurológico ×Aumentam a lateralização e a localização das funções cerebrais Desenvolvimento cognitivo ×A criança entende relações causais. Envolve-se em jogos construtivos e procura objetos onde os viu pela última vez. Desenvolvimento da linguagem ×A criança expande e reduz os significados das palavras. Desenvolvimento emocional ×As emoções continuam a se diferenciar. Aparecem referenciais sociais. Surge um primeiro estágio de empatia. Desenvolvimento social ×A relação de apego afeta a qualidade das outras relações. Desenvolvimento de identidade/self/gênero ×Desenvolve-se a autoconsciência. Desenvolvimento moral ×Obediência comprometida e situacional são os primeiros sinais de consciência. Uma atenção voltada a objetos quebrados e/ou danificados reflete a ansiedade pelos próprios erros. Desenvolvimento físico ×A criança começa a subir escadas. O grafismo consiste em rabiscos. Desenvolvimento neurológico ×Aumentao número de sinapses. Ocorre a mielinização dos lobos frontais. Sinapses desnecessárias são suprimidas. Desenvolvimento cognitivo ×A criança utiliza representações mentais e símbolos. A permanência do objeto é Quadro 6 - Idade/fase/ciclo vital: 30 a 36 meses alcançada. Consegue formar conceitos e categorias. Emerge a memória episódica. Começa o estágio pré-operacional. Desenvolvimento da linguagem ×Emerge a explosão da nomeação. Primeiras sentenças geralmente são telegráficas. A criança começa a se envolver em conversações e super-regulariza as regras de linguagem. Desenvolvimento emocional ×Emergem emoções autoavaliativas (constrangimento, inveja, empatia), bem como precursores da vergonha e da culpa. Começa o negativismo Desenvolvimento social ×Desenvolve-se a urgência por autonomia. Aumentam conflitos com os irmãos mais velhos. Os jogos são quase todos de correspondência. A brincadeira com outras crianças é principalmente uma atividade paralela. Desenvolvimento de identidade/self/gênero ×Reconhece-se a si mesmo no espelho. Uso do pronome na primeira pessoa. Demonstra autoconsciência. Emerge a consciência de gênero. Desenvolvimento moral ×A criança pode exibir comportamento pró- social. Culpa, vergonha e empatia promovem o desenvolvimento moral. A agressão ocorre em conflitos por causa de brinquedos e espaço. Desenvolvimento físico ×A criança já tem a primeira dentição completa. Consegue saltar no mesmo lugar. Desenvolvimento neurológico ×Os neurônios continuam a sofrer integração e diferenciação. Quadro 7 - Idade/fase/ciclo vital: 3-4 anos Desenvolvimento cognitivo ×Consegue contar. Conhece as palavras relativas e as cores básicas. Entende analogias sobre itens familiares e consegue explicar relações causais conhecidas. Desenvolvimento da linguagem ×Aprende novas palavras quase diariamente. Combina três ou mais palavras e pode pronunciar até mil palavras. Passa a usar o tempo verbal no passado. Desenvolvimento emocional ×Demonstra uma crescente capacidade de ler as emoções, os “estados” mentais e as intenções dos outros. Desenvolvimento social ×Demonstra cada vez mais interesse no outro, principalmente em outras crianças. Desenvolvimento de identidade/self/gênero ×Aplica termos descritivos a si próprio. Desenvolvimento moral ×Agressão torna-se menos física e mais verbal. Desenvolvimento físico ×A criança consegue copiar formas e desenhar, beber líquido, comer com talher e ir ao banheiro sozinha. Veste-se com ajuda. Desenvolvimento neurológico ×O cérebro atinge cerca de 90% de seu peso adulto. A mielinização dos tratos auditivos está completa. Desenvolvimento cognitivo ×Entende símbolos. Provável início da memória autobiográfica. Envolve-se em jogos de faz de conta. Consegue fazer jogos pictóricos envolvendo números inteiros. Entende qualidades fracionais. Desenvolvimento da linguagem ×Vocabulário, gramática e sintaxe evoluem e tornam-se mais complexos. Desenvolvem- Quadro 8 - Idade/fase/ciclo vital: 5-6 anos se as habilidades emergentes para a alfabetização. Intensifica-se a fala privada. Desenvolvimento emocional ×Surtos de negativismo e acessos de raiva são comuns. A percepção do orgulho e da vergonha é pouco explícita. Desenvolvimento social ×Demonstra cada vez mais interesse em outras pessoas. Os jogos de faz de conta apresentam temas sociodramáticos. São comuns conflitos com irmãos. Desenvolvimento de identidade/self/gênero ×A criança brinca com outras do mesmo sexo, reforçando o comportamento típico de gênero. A autodefinição concentra-se em traços externos. O pensamento sobre si mesma é tudo ou nada. Desenvolvimento moral ×Altruísmo e outros comportamentos pró- sociais tornam-se mais comuns. A motivação é ganhar elogios e evitar desaprovação. Culpa e preocupação com ações erradas. O julgamento moral é rígido. Desenvolvimento físico ×Começa a descer escadas sem ajuda, pular em um pé só, saltar e mudar de direção. Veste-se sem ajuda. A primeira dentição começa a cair e é substituída por dentes permanentes. Desenvolvimento neurológico ×O cérebro atinge quase seu tamanho adulto, mas ainda não está totalmente desenvolvido. Amadurecimento das regiões corticais ligadas à linguagem. Desenvolvimento cognitivo ×Amadurece a teoria da mente. A criança consegue distinguir fantasia de realidade. Codificação, generalização e construção de estratégias começam a se tornar mais eficientes. Quadro 9 - Idade/fase/ciclo vital: 7-8 anos Desenvolvimento da linguagem ×A fala aproxima-se da fala adulta e o vocabulário falado é de cerca de 2.600 palavras. Entende cerca de 20 mil palavras e consegue repetir uma história. Desenvolvimento emocional ×Diminui o negativismo. A criança reconhece o orgulho e a vergonha nos outros, mas não em si mesma. Desenvolvimento social ×Padrões de intimidação e vitimização podem ser formados. Desenvolvimento de identidade/self/gênero ×Desenvolve-se o senso de competência. O autoconceito vincula vários aspectos do eu, quase sempre em termos positivos. Consolida- se a constância de gênero Desenvolvimento moral ×O julgamento moral torna-se menos inflexível. Desenvolvimento físico ×O equilíbrio e o controle do corpo são aprimorados. A velocidade e a capacidade de atirar coisas são aprimoradas. Desenvolvimento neurológico ×Ocorre a eliminação das sinapses desnecessárias. Desenvolvimento cognitivo ×Começa o estágio de operações concretas. A criança entende causa e efeito, seriação, inferência transitiva, inclusão de classe, raciocínio indutivo e conservação. Fica mais fácil processar mais de uma tarefa por vez. Desenvolvimento da linguagem ×Aumentam as habilidades pragmáticas. Desenvolvimento emocional ×A criança tem consciência do próprio orgulho ou da vergonha. Desenvolvimento social Quadro 10 - Idade/fase/ciclo vital: 9-11 anos ×Brincadeiras impetuosas são comuns entre os meninos, como um modo de competir por dominação. Desenvolvimento de identidade/self/gênero ×O autoconceito é mais equilibrado e realista. O senso de autovalor fica explícito. Desenvolvimento moral ×O julgamento moral é cada vez mais flexível. Intensifica-se o comportamento empático e pró-social. A agressão diminui, especialmente a do tipo hostil. Desenvolvimento físico ×A menina começa a exibir as mudanças na puberdade, depois começa o crescimento adolescente. Desenvolvimento neurológico ×A eliminação de sinapses desnecessárias continua na adolescência. Desenvolvimento cognitivo ×Aumenta a capacidade de considerar perspectivas múltiplas. Aumenta a ocorrência de estratégias de memória. Desenvolvimento da linguagem ×A compreensão da sintaxe e da estrutura da sentença torna-se mais sofisticada. A fala privada diminui gradualmente. O principal desenvolvimento se dá nas habilidades pragmáticas. Desenvolvimento emocional ×Aumenta a compreensão e a regulação das emoções. A criança entende melhor a diferença entre culpa e vergonha. Desenvolvimento social ×Pais e filhos compartilham regulação da conduta. O conflito entre irmãos ajuda no desenvolvimento das habilidades para a solução de conflitos. As amizades tornam-se mais íntimas. Quadro 11 - Idade/fase/ciclo vital:12-15 anos Desenvolvimento de identidade/self/gênero ×A imagem corporal é cada vez mais importante, especialmente para as meninas. Desenvolvimento moral ×O julgamento moral é cada vez mais orientado pelo senso de justiça. A criança quer ser boa para manter a ordem social. A agressão passa a ser relacional. Desenvolvimento físico ×O menino entra na puberdade e exibe o surto de crescimento adolescente. Desenvolvimento neurológico ×Os lobos frontais ainda não estão plenamente desenvolvidos. O processamento da informação pode ocorrer nas áreas dos lobos temporais envolvidas com as reações emocionais e instintivas. Desenvolvimento cognitivo ×O adolescente pode atingir o estágio de operações formais, o uso de abstrações e o raciocínio hipotético-dedutivo. Desenvolvimento da linguagem ×O principal desenvolvimento continua a ser nas habilidades pragmáticas.A gíria adolescente é um marcador do desenvolvimento da identidade. Desenvolvimento emocional ×As variações de humor podem ser cada vez mais frequentes. Podem incluir sentimentos e constrangimento, embaraço, solidão e depressão. Desenvolvimento social ×O crescente desejo por autonomia coexiste com a necessidade de intimidade e apoio parental. Acontecem conflitos entre pais e filhos. Desenvolvimento de identidade/self/gênero Quadro 12 - Idade/fase/ciclo vital: 16-20 anos ×O desenvolvimento da identidade sexual é prioridade. Desenvolvimento moral ×O julgamento moral reflete uma consciência cada vez maior de equidade e cooperação na formulação da norma. Desenvolvimento físico ×Após a puberdade, há alterações no sistema cronológico circadiano e nos ritmos biológicos, afetando os ciclos de sono e vigília. Meninos e meninas praticamente atingem sua altura definitiva. Desenvolvimento neurológico ×Continuam a aumentar as conexões entre as células corticais. Partes do córtex que controlam a atenção e a memória estão quase completamente mielinizadas. A mielinização do hipocampo continua a se intensificar durante a fase adulta. Desenvolvimento cognitivo ×Aumenta a capacidade de usar raciocínio hipotético-dedutivo. A base do conhecimento continua a progredir. Desenvolvimento da linguagem ×Compreende cerca de 80 mil palavras. Desenvolvimento emocional ×Variações de humor são menos frequentes e intensas. O adolescente é cada vez mais capaz de expressar emoções próprias e entender os sentimentos dos outros. Desenvolvimento social ×Aumenta a independência em relação aos pais. O relacionamento entre os irmãos é mais equilibrado. Amizades tornam-se mais íntimas. A intimidade pode gerar uma relação amorosa. Desenvolvimento de identidade/self/gênero ×Envolvem-se em atividades afetivas e sexuais. Quadro 13 - Idade/fase/ciclo vital: a idade adulta jovem (20-40 anos) Quadro 14 - Idade/fase/ciclo vital: a idade adulta intermediária (40-65 anos) Desenvolvimento moral ×O relativismo pode gerar importante papel no julgamento moral Desenvolvimento físico ×O funcionamento físico atinge o ápice, depois declina um pouco. As escolhas do estilo de vida afetam a saúde física. Desenvolvimento neurológico ×Formam-se novos neurônios, sinapses e conexões dendríticas. Desenvolvimento cognitivo ×O pensamento torna-se complexo. São feitas as escolhas educacionais e vocacionais. Desenvolvimento da linguagem ×Expandem-se as habilidades linguísticas. Desenvolvimento emocional ×Traços e estilos de personalidade tornam- se relativamente estáveis, mas mudanças na personalidade podem ser influenciadas por estágios e eventos de vida. Desenvolvimento social ×omam-se decisões sobre relacionamentos íntimos e estilos de vida pessoais. A maioria das pessoas se casa e tem filhos. Desenvolvimento de identidade/self/gênero ×Jovens adultos aspiram a autonomia, autocontrole e responsabilidade e podem obtê-los. Desenvolvimento moral ×Julgamentos morais podem se tornar complexos. Desenvolvimento físico ×Inicia-se uma lenta deterioração de capacidades sensoriais, saúde, vitalidade e força física, mas são grandes as diferenças individuais. As alterações hormonais podem Quadro 15 - Idade/fase/ciclo vital: a idade adulta avançada (65 anos em diante) levar a um lento declínio da excitação sexual. As mulheres entram na menopausa. Desenvolvimento neurológico ×As respostas motoras complexas começam a se deteriorar. Desenvolvimento cognitivo ×As capacidades mentais atingem seu nível máximo. As habilidades relativas à área de especialização e à solução de problemas práticos estão muito desenvolvidas. A criatividade pode declinar, mas sua qualidade é melhor. O sucesso na carreira pode chegar ao auge, assim como pode ocorrer esgotamento ou mudança de carreira. Desenvolvimento da linguagem ×A inteligência cristalizada, incluindo o conhecimento linguístico continua a se expandir. Desenvolvimento emocional ×Emoções negativas, como raiva e medo, são menos frequentes e intensas. A maioria dos adultos de meia-idade é otimista sobre seu passado, presente e futuro. Desenvolvimento social ×As redes sociais tendem a se tornar menores, porém mais íntimas. A responsabilidade dupla de cuidar dos filhos e dos pais poderá causar estresse. A saída dos filhos deixa o ninho vazio. Desenvolvimento de identidade/self/gênero ×Senso de identidade continua a se desenvolver; transição para a meia-idade. Desenvolvimento moral ×Julgamentos morais tornam-se mais complexos. Desenvolvimento físico ×A maioria dos idosos é saudável e ativa, embora geralmente ocorra um declínio da saúde e das capacidades físicas. Diminui a necessidade de sono. As disfunções sexuais e as doenças crônicas são mais comuns. Desenvolvimento neurológico ×A perda de substâncias cerebrais deixa o sistema nervoso mais lento. Aumenta o tempo de processamento e o tempo de reação torna-se mais lento. Desenvolvimento cognitivo ×A maioria dos idosos está mentalmente alerta. Embora a inteligência e a memória possam se deteriorar em algumas áreas, grande parte das pessoas encontra meios de compensar essas perdas Desenvolvimento da linguagem ×As habilidades linguísticas continuam a aumentar até a idade avançada. Desenvolvimento emocional ×Emoções positivas, como entusiasmo, interesse, orgulho e senso de realização, geralmente atingem o auge. Idosos desenvolvem estratégias para enfrentar perdas pessoais e iminência de morte. Desenvolvimento social ×O relacionamento com a família e amigos íntimos pode proporcionar momentos importantes. Desenvolvimento de identidade/self/gênero ×A aposentadoria pode proporcionar novas opções para exploração de interesses e atividades. A religião e a espiritualidade geralmente desempenham um papel importante de apoio. A busca de significado é de essencial importância. Desenvolvimento moral ×Julgamentos morais podem tornar-se complexos. Videoaula - O conceito de ciclo vital Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/371865719". Influências no desenvolvimento humano 4 Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/1024132905". Os estudos sobre o desenvolvimento humano implicam uma série de dimensões que, em conjunto, ajudam a compreender esse complexo processo de transformação o qual todos os indivíduos atravessam. Por haver universalidade nessa questão, podemos apontar as principais influências sobre o desenvolvimento humano e entender como esses fatores incidem sobre o percurso. Os fatores determinantes no processo de desenvolvimento são descritos a seguir. São importantes fatores acerca de características naturais e aprendidas pelo ser humano. Muitas de nossas características são herdadas geneticamente de nossos ancestrais biológicos e muitas são influenciadas pelo meio ambiente em que vivemos. O foco nessa questão reside em reconhecer a grande importância dessas duas influências no processo de desenvolvimento humano e entender que esses fatores operam conjuntamente o tempo todo, desde nossos primeiros momentos de vida. Influências no desenvolvimento humano 4.1 Videoaula - Família no processo de desenvolvimento Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/371865868". Seres humanos nascem e se desenvolvem dentro de vários contextos sociais, pois, como sabemos, somos seres sociais e afetivos e não vivemos de maneira isolada. Neste item podemos destacar a importância e a influência dos seguintes contextos de desenvolvimento: Importante grupo social, no qual aprendemos importantes modelos de convivência que compreendem nossos laços de parentesco. A família tem atravessado uma série de mudanças em sua estrutura e dinâmica, o que influencia diretamente o desenvolvimento de seus membros. Contextos de desenvolvimento4.2 A família4.2.1 Inclui renda, educação, ocupação e condiçõessociais que influenciam diretamente o processo de desenvolvimento, trazendo fatores de risco e/ou vulnerabilidade. Por exemplo, sabemos que condições de extrema pobreza e falta de recursos básicos, como alimentação, influenciam sobremaneira as áreas de desenvolvimento e podem ser prejudiciais em qualquer fase da vida. A cultura inclui costumes, crenças, tradições, leis, conhecimentos e legitima a participação de grupos e sociedades por intermédio da linguagem, compartilhada e transmitida aos membros de um grupo durante gerações. Nesse aspecto, o desenvolvimento de um indivíduo em uma determinada sociedade leva em conta uma série de rituais de passagem próprios dessa cultura. É muito comum algumas sociedades terem rituais de passagem das crianças para uma fase adolescente, ficando algumas meninas isoladas e submetidas a uma série de provas para cumprir essa passagem. O tempo e a época em que as pessoas vivem dizem muito acerca da cultura, do estilo de vida e das atitudes que influenciam sobremaneira seu desenvolvimento. Um exemplo disso é que antigamente acreditava-se que, assim que nascesse, o bebê deveria ficar todo protegido, “embrulhado” em suas vestimentas. Percebeu-se, no decorrer do tempo, que não havia Figura – Família Fonte: kate_sept2004/istock [https://www.istockphoto.com/br/foto/estilo-de-vida- assistido-gm1328420674-412479423?phrase=fam%C3%ADlia] . Condição socioeconômica4.2.2 Cultura e etnia4.2.3 Contexto sócio-histórico4.2.4 https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/fig01.jpg https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/fig01.jpg https://www.istockphoto.com/br/foto/estilo-de-vida-assistido-gm1328420674-412479423?phrase=fam%C3%ADlia https://www.istockphoto.com/br/foto/estilo-de-vida-assistido-gm1328420674-412479423?phrase=fam%C3%ADlia https://www.istockphoto.com/br/foto/estilo-de-vida-assistido-gm1328420674-412479423?phrase=fam%C3%ADlia necessidade de deixar o bebê todo enroladinho e, quanto mais solto, melhor seria sua possibilidade de movimentar-se e começar a explorar o ambiente que o cerca. Podemos, então, observar como é importante compreender o desenvolvimento dentro de uma perspectiva global. Para completar os conceitos descritos, apresentaremos a abordagem de Paul Baltes (1987) sobre os seis princípios básicos a respeito do desenvolvimento do ciclo de vida. O desenvolvimento é vitalício, isto é, acontece em todas as fases da vida, e cada processo de mudança impulsiona o processo seguinte até a última experiência: a morte. O desenvolvimento envolve ganhos e perdas, é multidimensional e multidirecional, e cada fase do ciclo vital se estabelece dentro de um ritmo específico, gerando mudanças, ganhos e perdas para o indivíduo. Temos que considerar o desenvolvimento dentro de uma perspectiva global. Tanto os aspectos biológicos quanto os culturais têm a mesma importância e atuam o tempo todo no desenvolvimento humano. As pessoas escolhem ou investem em recursos específicos para aprimorar ou desenvolver aspectos e habilidades específicas do desenvolvimento. Por exemplo, incluir uma criança em um conservatório musical é um recurso que contribuirá para o desenvolvimento de certas habilidades. A escolha ou alocação de recursos acontece durante toda a vida do indivíduo e influencia diretamente seu desenvolvimento. Vitaliciedade4.3 Ganhos e perdas4.4 Aspectos biológicos e culturais4.5 Utilização de recursos4.6 Plasticidade4.7 Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/1024132933". O desenvolvimento exige também o trabalho da plasticidade. Muitas de nossas características podem ser aprimoradas e desenvolvidas pela prática, treino e aprendizagem. Uma pessoa idosa pode estimular sua memória vendo fotos, lembrando-se de situações do passado e fazendo caça-palavras, por exemplo. Essas atividades mostram a capacidade de utilizar os recursos para melhorar o desempenho e entender os limites de adaptação do desenvolvimento. As pessoas se desenvolvem em múltiplos contextos sociais e culturais, circunstâncias que são marcadas pela época e pelo tempo em que vivemos. Aspectos históricos e culturais4.8 Videoaula - Perspectivas teóricas do desenvolvimento humano Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/371865737". Perspectivas teóricas sobre o desenvolvimento humano 5 Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/1024132949". As principais teorias sobre o desenvolvimento humano sãoutilizadas para organizar, explicar dados e gerar hipóteses que possam subsidiarpesquisas científicas. Um importante ponto a discutir éque algumas teorias, que veremos a seguir, propõem diferenças entre a forma e oprocesso de desenvolvimento. Um dos principais aspectos refere-se ao caráterpassivo ou ativo do sujeito no processo de desenvolvimento e a existência doschamados estágios de desenvolvimento. Cada teoria desenvolvimentista tem suaabordagem sobre tais estágios e estabelece formas específicas de compreender oindivíduo. Um consenso emergente nas teoriasdo desenvolvimento é que a importância de aspectos orgânicos e aspectosculturais e ambientais tem o mesmo peso, e o sujeito pode ser entendido como“bidirecional” em seu desenvolvimento, ou seja, é ativo e passivo. Esseconsenso pode ser resumido da seguinte forma: as pessoas, no processo dedesenvolvimento, mudam o seu mundo ao mesmo tempo em que este as transforma. Existem várias teorias sobre odesenvolvimento humano. Não é nossa intenção nos aprofundar em uma delas, porémapontaremos as principais características dessas teorias e as formas como cadauma explica o desenvolvimento humano. Apresentaremos cinco grandes perspectivasteóricas – abordagens que subsidiam grande parte das pesquisas emdesenvolvimento humano. As teorias psicanalíticas concentram asexplicações sobre o desenvolvimento das emoções e dos impulsos inconscientes doindivíduo. Têm como principais representantes/teóricos Sigmund Freud, MelanieKlein e Erik Erickson. Perspectivas psicanalíticas5.1 Perspectivas da aprendizagem5.2 Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/1024132977". As teorias da aprendizagem concentramsuas abordagens no desenvolvimento observável, nas mudanças de comportamento. Odesenvolvimento é resultado da aprendizagem baseada na experiência. Osprincipais teóricos dessa abordagem são Skinner e Watson, com o behaviorismo ea teoria de aprendizagem social de Bandura. Até a década de 1930,pensava-se que as habilidades cognitivas das crianças eram iguais às dosadultos, diferenciando-se apenas pelo grau. Piaget, porém, observou que adiferença não estava no grau, e sim na própria forma de pensar. E assim foipossível definir os estágios do desenvolvimento. Albert Bandura é umpsicólogo canadense, professor de Psicologia Social da Universidade deStanford. Fez contribuições no campo da Psicologia Social, Cognitiva,Psicoterapia e Pedagogia. As teorias cognitivas entendem odesenvolvimento com base nos processos de pensamento. A construção doconhecimento ocorre em estágios cognitivos. São exemplos dessa abordagem ateoria cognitiva de Piaget e a teoria socioconstrutivista ou sociocultural deVygotsky. Perspectivas cognitivas5.3 Figura – Sistema interativo Fonte: pinimg.com [https://i.pinimg.com/736x/83/24/5d/83245db28305cba218536920e642a418.jpg] . https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/fig02.jpg https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/fig02.jpg https://i.pinimg.com/736x/83/24/5d/83245db28305cba218536920e642a418.jpg https://i.pinimg.com/736x/83/24/5d/83245db28305cba218536920e642a418.jpg As teorias evolucionistas ou sociobiológicas concentramsuas bases na compreensão de fatores de adaptação/sobrevivência do ser humanoem seu processo de desenvolvimento.Um exemplo dessa abordagem é a teoria do apegodesenvolvida por Bowlby. Perspectivas evolucionistas ou sociobiológicas 5.4 As teorias contextuais concentram suasbases na compreensão do desenvolvimento do indivíduo em seu contexto social,levando em conta diversos fatores ligados ao contexto histórico, social ecultural. Como exemplo dessa abordagem, pode-se citar a teoria bioecológica de UrieBronfenbrenner. Perspectivas contextuais5.5 Figura – Perspectiva contextual Fonte: rawpixel/slidesharecdn.com [https://image.slidesharecdn.com/teoriacontextual-140801181851- phpapp01/95/teoria-contextual-2-638.jpg?cb=1406917301] . Urie Bronfenbrenner nasceuna Rússia, mas mudou-se aos 10 anos de idade para os EUA. Ele escreveu mais de300 pesquisas e publicou 14 livros. O estudo sobre a ecologia dodesenvolvimento humano foi publicado em 1979. https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/fig03.jpg https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/fig03.jpg https://image.slidesharecdn.com/teoriacontextual-140801181851-phpapp01/95/teoria-contextual-2-638.jpg?cb=1406917301 https://image.slidesharecdn.com/teoriacontextual-140801181851-phpapp01/95/teoria-contextual-2-638.jpg?cb=1406917301 https://image.slidesharecdn.com/teoriacontextual-140801181851-phpapp01/95/teoria-contextual-2-638.jpg?cb=1406917301 A seguir apresentaremos quadros com os principaisconstructos teóricos das abordagens apresentadas com foco em cinco perspectivassobre o desenvolvimento humano. Quadro 1 - Perspectiva psicanalítica: a teoria psicossexual de Sigmund Freud Quadro 2 - Perspectiva psicanalítica: a teoria psicossocial de Erik Eriksond Fonte: Papalia, Olds e Feldman (2009). Fonte: Papalia, Olds e Feldman (2009). Princípios básicos ×O comportamento é controlado por poderosos impulsos inconscientes. Técnicas utilizadas ×Observação clínica. Estágios ×a. fase oral: donascimento aos 12-18 meses. A principal fonte de prazer do bebê envolveatividades ligadas à boca (sugar, alimentar-se). b. fase anal: dos 12-18 meses aos 3 anos. A criança obtém satisfação sensual retendo ou expelindo as fezes. A zona de gratificação é a região anal e o treino para o uso do banheiro é importante. c. fase fálica: dos 3 aos 6 anos a criança se apega ao genitor do sexo oposto e posteriormente se identifica com o genitor do mesmo sexo. A zona de gratificação é a região genital. d. latência: dos 6 anos à puberdade: época de relativa calma no desenvolvimento. e. genital: da puberdade à idade adulta. Ressurgem os impulsos sexuais da fase fálica, então canalizados na sexualidade adulta madura. Ênfase causal ×Fatores inatos modificados pela experiência. Indivíduo ativo/passivo ×Passivo. Princípios básicos ×A personalidade é influenciada pela sociedade e se desenvolve por meio de uma série de crises. Técnicas utilizadas Observação clínica. ×Estágios ×a. Confiança básica versus desconfiança: do nascimento aos 12-18 meses. O bebê desenvolve o senso de um mundo seguro e bom. Virtude: esperança. b. Autonomia versus vergonha e dúvida: dos 12-18 meses aos 3 anos. A criança desenvolve um equilíbrio de independência e autossuficiência. Virtude: vontade. c. Iniciativa versus culpa: dos 3 aos 6 anos. A criança desenvolve iniciativa quando experimenta novas atividades e não é dominada pela culpa. Virtude: propósito. d. Produtividade versus inferioridade: dos 6 anos à puberdade. Aprende as habilidades da cultura ou a enfrentar sentimentos de incompetência. Virtude: habilidade. e. Identidade versus confusão de identidade: da puberdade até o início da vida adulta. O adolescente deve determinar seu senso do “eu” ou experimentar confusão de papéis (quem sou eu? O que eu quero?). Virtude: fidelidade. f. Intimidade versus isolamento: início da vida adulta. Forma compromissos com os outros, podendo ser bem-sucedido ou não. Virtude: amor. g. Generatividade versus estagnação: vida adulta intermediária. Procura se estabilizar e orientar a próxima geração. Virtude: cuidado. h. Integridade versus desespero: vida adulta tardia. Alcança aceitação da vida que favorece aceitação da morte ou incapacidade de retomar aspectos da vida. Virtude: sabedoria. Ênfase causal ×Interação de fatores inatos e experienciais. Indivíduo ativo/passivo ×Ativo. Quadro 3 - Perspectiva da aprendizagem: behaviorismo ou teoria tradicional da aprendizagem (Pavlov, Skinner e Watson) Figura – Teoria do desenvolvimento psicossocial Fonte: Papalia, Olds e Feldman (2009). Princípios básicos ×As pessoas são reativas. O ambiente controla o comportamento. Técnicas utilizadas ×Procedimentos científicos rigorosos e experimentais. Estágios ×Não é orientada por estágios. Ênfase causal ×Experiência. Indivíduo ativo/passivo ×Passivo. https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/figura3.png https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/figura3.png Quadro 4 - Perspectiva da aprendizagem: teoria da aprendizagem social de Bandura Quadro 5 - Perspectiva cognitiva: teoria de Jean Piaget Figura – Behaviorismo Fonte: Papalia, Olds e Feldman (2009). Fonte: Papalia, Olds e Feldman (2009). Princípios básicos ×As crianças aprendem em contexto social por meio da observação e imitação de modelos. Técnicas utilizadas ×Procedimentos científicos rigorosos e experimentais. Estágios ×Não é orientada por estágios. Ênfase causal ×Experiência modificada por fatores inatos Indivíduo ativo/passivo ×Ativo e passivo. Princípios básicos ×As crianças contribuem ativamente para a aprendizagem. Mudanças qualitativas no pensamento ocorrem entre o nascimento e a adolescência. Técnicas utilizadas ×Entrevistas flexíveis, observação meticulosa, pesquisa transcultural, https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/figura4.png https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/figura4.png Quadro 6 - Perspectiva cognitiva: teoria socioconstrutivista de Vygostky Fonte: Papalia, Olds e Feldman (2009). observação da criança interagindo com o adulto. Estágios ×Orientada por estágios: a. Sensório-motor: do nascimento aos 2 anos. Aos poucos o bebê torna-se capaz de organizar atividades em relação ao ambiente por intermédio das atividades sensoriais e motoras. b. pré-operacional: dos 2 aos 7 anos. A criança desenvolve um sistema representacional e utiliza símbolos para representar pessoas, lugares e eventos. A linguagem e o jogo imaginativo são importantes manifestações. O pensamento ainda não é lógico. c. Operações concretas: dos 7 aos 11 anos. A criança pode resolver problemas logicamente se estiver focada no aqui e agora. Desenvolvimento do pensamento abstrato. d. Operações formais: dos 11 anos até a idade adulta. Estágio marcado pelo pensamento abstrato. Lida- se com situações hipotéticas e o pensamento se volta a possibilidades. Ênfase causal ×Interação de fatores inatos e experiências. Indivíduo ativo/passivo ×Ativo. Princípios básicos ×A interação social é central para o desenvolvimento cognitivo das crianças, já que contribuem ativamente para a aprendizagem. Mudanças qualitativas no pensamento ocorrem entre o nascimento e a adolescência. Técnicas utilizadas ×Entrevistas flexíveis, observação meticulosa, pesquisa transcultural, observação da criança interagindo com o adulto. Estágios Não é orientado por estágios. Quadro 7 - Perspectiva evolucionista/sociobiológica: teoria de apego de John Bowlby Quadro 8 - Perspectiva contextual: teoria bioecológica de Urie Bronfenbrenner Fonte: Papalia, Olds e Feldman (2009). Fonte: Papalia, Olds e Feldman (2009). ×Ênfase causal ×Interação de fatores inatos e experiências. Indivíduo ativo/passivo ×Ativo. Princípios básicos ×Seres humanos possuem mecanismos adaptativos para sobreviver. Períodos críticos ou sensíveis são enfatizados. As bases evolucionistas ou biológicas do comportamento e a predisposição para a aprendizagem são importantes. Técnicas utilizadas ×Observação naturalista e laboratorial. Estágios ×Não é orientada por estágios. Ênfase causal ×Interação de fatores inatose experiências. Indivíduo ativo/passivo ×Ativo e passivo. Princípios básicos ×O desenvolvimento ocorre por meio da interação entre uma pessoa em desenvolvimento e os sistemas contextuais de influências circundantes interligados que envolvem a pessoa em seu ambiente imediato, sua vizinhança, sua comunidade e a sociedade como um todo. Técnicas utilizadas ×Observação naturalista. Estágios ×Não é orientada por estágios. Ênfase causal ×Interação de fatores inatos e experiências. Indivíduo ativo/passivo Figura – Teoria do sistema ecológico de Bronfenbrenner Videoaula - Teoria psicanalítica Freud Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/371865836". ×Ativo. https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/figura5.png https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/figura5.png Um olhar mais atento para as teorias de Jean Piaget e Vygotsky 6 Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/1024133001". Jean Piaget, com sua teoria do desenvolvimento cognitivo, contribuiu imensamente para a compreensão do processo de aprendizagem e dos processos adaptativos, o que permite ao ser humano ser capaz de promover conhecimento e aprendizagem significativos. De acordo com essa teoria, todo processo de aprendizagem envolve evoluir de estágios de menor complexidade para estágios de maior complexidade. Seja qual for a área de conhecimento ou o objeto de estudo, sempre ocorre a passagem por um caminho evolutivo na construção de “novos” saberes. Aos poucos, à medida que a pessoa capta os estímulos externos e interage com o meio ambiente, uma nova organização interna é construída, capaz de dar conta de novas exigências adaptativas. Passa de um processo de assimilação para outro de acomodação, processo em que novas estruturas cognitivas são construídas com base em outras preexistentes. Tudo isso em busca do que Piaget chamou de processo de equilibração. Ou seja, um processo dinâmico e contínuo que leva a uma nova organização do conhecimento, possibilitando a construção de novas estruturas cognitivas e da aprendizagem. A teoria de Piaget6.1 Quadro - Principais conceitos da teoria piagetiana Conceito Significado Organização É a integração do conhecimento a um sistema para compreender o ambiente. Figura – Jean Piaget Fonte: wikimedia.org [ https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Jean_Piaget_in_Ann_Arbor.png] . https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/fig04.jpg https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/fig04.jpg https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Jean_Piaget_in_Ann_Arbor.png https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Jean_Piaget_in_Ann_Arbor.png https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Jean_Piaget_in_Ann_Arbor.png Conceito Significado Esquemas São as estruturas cognitivas básicas que consistem em padrões organizados de comportamentos utilizados em diferentes tipos de situações. Adaptação É o ajustamento a novas informações sobre o ambiente por meio dos processos complementares de assimilação e acomodação. Assimilação É a incorporação de novas informações a uma estrutura cognitiva já existente. Acomodação São as mudanças em uma estrutura cognitiva existente para incluir novas informações. Equilibração É a tendência de tentar atingir um equilíbrio entre elementos cognitivos dentro do organismo e entre ele e o mundo exterior. Fonte: Adaptado de Mussen, Conger e Kagan (1977). Para completar a aprendizagem, recomendamos que assista ao vídeo Jean Piaget – tendência cognitiva. Disponível em: youtube.com [http://www.youtube.com/watch?v=_CGu08gXTC4] . http://www.youtube.com/watch?v=_CGu08gXTC4 http://www.youtube.com/watch?v=_CGu08gXTC4 Videaoula - A teoria de Piaget Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/371865768". Videoaula - O sócio-construtivismo de Vygotsky Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/371865808". Escaneie a imagem ao lado com um app QR code para assistir o vídeo ou acesse o link: "https://player.vimeo.com/video/1024133017". A teoria de Vygotsky considera que a aprendizagem e odesenvolvimento andam juntos em processos paralelos. A criança, ao aprender,desenvolve-se e, ao se desenvolver, aprende. Ou seja, a aprendizagem influenciao desenvolvimento, assim como o desenvolvimento influencia a aprendizagem. Issoocorre não apenas em um espaço reservado e único, mas na vivência social. Vygotsky inclusive nega a relação de identidade entre desenvolvimento eaprendizagem ao afirmar que: Segundo Vygotsky, a relação entre o ser humano e o mundo não é direta, mas mediada porinstrumentos ou signos. Os signos são construídos culturalmente. O maisimportante é a linguagem. A linguagem tem duas funções principais: acomunicação e o processo de formação do pensamento generalizante. Quando esseprocesso se forma, o indivíduo fez o “link” entre o pensamento e a linguagem. A teoria de Vygotsky6.2 [...] a aprendizagem não é, em si mesma, desenvolvimento, masuma correta organização da aprendizagem da criança conduz ao desenvolvimentomental, ativa todo um grupo de processos de desenvolvimento, e esta ativaçãonão poderia produzir-se sem a aprendizagem. Por isso, a aprendizagem é ummomento intrinsecamente necessário e universal para que se desenvolvam nacriança essas características humanas não naturais, mas formadas historicamente(Vygotsky, 2001, p. 115). Ele também ressaltou a importância da cultura nodesenvolvimento humano. Segundo Vygotsky, a imersão do indivíduo no mundopossibilita vivenciar o processo de aprendizado que promove o desenvolvimentohumano. Ou seja, para Vygotsky é o aprendizado que “puxa” o desenvolvimento, enão o contrário (como defendia Piaget). A seguir, será apresentado um quadro com os principaisconceitos da teoria de Vygotsky. Quadro- Principais conceitos da teoria de Vygotsky Figura – Lev Vygotsky Fonte: amazonaws.com [https://nova-escola- producao.s3.amazonaws.com/bEfDZ4fKF4EzWjTxYmCfnAQj65PpJ7hSXxgTaVrJ RyGwg4tK6W2ScKdxX2yM/lev-vygotsky.jpg] . https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/fig05.jpg https://objetos.institutophorte.com.br/PDF_generator/img/fig05.jpg https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/bEfDZ4fKF4EzWjTxYmCfnAQj65PpJ7hSXxgTaVrJRyGwg4tK6W2ScKdxX2yM/lev-vygotsky.jpg https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/bEfDZ4fKF4EzWjTxYmCfnAQj65PpJ7hSXxgTaVrJRyGwg4tK6W2ScKdxX2yM/lev-vygotsky.jpg https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/bEfDZ4fKF4EzWjTxYmCfnAQj65PpJ7hSXxgTaVrJRyGwg4tK6W2ScKdxX2yM/lev-vygotsky.jpg https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/bEfDZ4fKF4EzWjTxYmCfnAQj65PpJ7hSXxgTaVrJRyGwg4tK6W2ScKdxX2yM/lev-vygotsky.jpg Conceito Significado Filogênese Processo de maturação do organismo individual, pertencente à espécie humana. Está relacionado à história da mesma. Define limites e possibilidades de funcionamento psicológico. Ontogênese Relacionado à história do indivíduo da espécie. Em cada espécie, cada ser específico tem um determinado caminho de desenvolvimento. Sociogênese Relacionado à história cultural, do meio cultural em que o indivíduo está inserido. As formas de funcionamento cultural interferem no funcionamento psicológico. Microgênese Aspecto “microscópico” do desenvolvimento. Cada fenômeno psicológico tem também a sua própria história. É a mais importante, porque representa a “porta aberta” para a construção de singularidade de cada pessoa. Mediação Também conhecida por mediação simbólica ou intermediação. Como a relação entre ser humano e o mundo não é direta, ela é na verdade mediada por instrumentos ou por signos. Zona de desenvolvimento proximal (ZDP) O desenvolvimento humano deve ser olhado de maneira prospectiva e não retrospectiva. Conceito envolve dois outros conceitos: NDR (nível de desenvolvimento real)NDP (nível de desenvolvimento potencial) NDR: é o nível de desenvolvimento que a criança já tem ou a que já chegou. Representa tudo que está consolidado, tudo que a criança já consegue realizar sozinha, sem ajuda do outro. Envolve olhar o passado, uma visão retrospectiva. NDP: é o nível de desenvolvimento que a criança ainda não tem ou a que ainda não chegou. Representa tudo o que está por acontecer, que está para acontecer em um horizonte próximo. É tudo que a criança não consegue realizar sozinha, mas consegue fazer com a ajuda do outro mais experiente. Envolve olhar o futuro próximo, uma visão prospectiva. A intervenção pedagógica deve acontecer na ZDP, pois é nela que o desenvolvimento está brotando. Ou seja, a intervenção deve ocorrer entre aquilo que já está pronto (NDR) e o que está próximo de se consolidar, que é o nível de desenvolvimento proximal (NDP). Conceito Significado Funções psicológicas superiores Funções desenvolvidas quando o indivíduo consegue fazer o “link” entre a linguagem e o pensamento. São socialmente formadas e culturalmente transmitidas. Fonte:Adaptado de Oliveira (1993). Esperamos que, ao final desta jornada, você, aluno, tenhaconseguido compreender a importância do estudo do desenvolvimento humano e com issoarticular e aplicar esse conhecimento a sua prática profissional. Cabe reforçar que as influências sobre o desenvolvimentohumano são importantes para nosso entendimento sobre o crescimento e para amaturação de um indivíduo. Nunca podemos deixar de lado os fatores ambientais eculturais, pois eles promovem as grandes transformações na forma como asociedade concebe os aspectos relevantes do desenvolvimento. Por fim, é com base nessas perspectivas teóricas quepodemos organizar a compreensão do desenvolvimento humano e ampliar nossa visãosobre esse processo tão complexo e múltiplo. É importante considerar que,dependendo do contexto e do tipo de abordagem utilizada para estudar odesenvolvimento, as várias teorias podem nos ajudar, e os constructos descritosem uma delas não anulam nem invalidam as outras perspectivas, pois todasoferecem visões diferenciadas sobre esse processo. Autoria Autor Mestre e doutorando em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Especialista em Psicoterapia Familiar e de Casal pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Especialista em Psicologia Hospitalar e Reabilitação pelo Hospital das Clínicas – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP-SP). Psicólogo responsável pela área de empregabilidade e colocação profissional de pessoas com deficiência visual pela Fundação Dorina Nowill para Cegos em São Paulo, tendo atuado também como coordenador da equipe de Educação Especial/Educação Inclusiva na mesma instituição. Professor e consultor em diversidade e inclusão social de pessoas com deficiência, atuando em empresas, escolas e outras organizações sociais. Link para o currículo Lattes: cnpq.br [http://lattes.cnpq.br/7965644016463953] Edson Luiz Defendi http://lattes.cnpq.br/7965644016463953 http://lattes.cnpq.br/7965644016463953 Glossário Amaioria dos axônios dos neurônios motores é mielinizada, ou seja, recoberta poruma bainha de mielina, que é uma substância “gordurosa” que isola a membranacelular do neurônio. No sistema nervoso periférico, essa bainha de mielina éformada por células especializadas denominadas células Schwann. é o período da vida do ser humano compreendido entre o nascimento e os 2 anos de idade. Mielinização Sensório-motor Bibliografia BALTES, P.B. Theoretical propositions of life-span development psychology: on thedynamics between growth and decline. DevelopmentalPsycology, v. 23, n. 5, p. 611-626, 1987. BEE, H. A criança emdesenvolvimento. 3. ed. São Paulo: Harper e Row do Brasil, 1984. BEE, H.; BOYD, D. Acriança em desenvolvimento. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011. BEE H.;MITCHELL, S. K. A pessoa emdesenvolvimento. São Paulo: Harper e Row do Brasil, 1984. DER VEER, R.; VALSINER, J. Vygotsky: uma síntese. São Paulo: Loyola, 1996. GAMEZ, L. Psicologiada Educação. São Paulo: LTC, 2010. Capítulo 4. MUSSEN, P. H.; CONGER, J. J.; KAGAN, J. Desenvolvimento e personalidade da criança.4. ed. São Paulo: Harper e Row do Brasil, 1977. OLIVEIRA, M. K. Vygotsky:aprendizado e desenvolvimento – um processo sócio-histórico. São Paulo: Scipione, 1993. PAPALIA, D. E.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento humano. 12. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. PAPALIA D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN. R. D. Desenvolvimentohumano. 10. ed. São Paulo: McGrawHill, 2009. VYGOTSKY, L. S.; LURIA, A. R.; LEONTIEV, A. N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem.7. ed. São Paulo: Ícone, 2001. p. 103-119. Bibliografia Geral