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Aula 03 FEB UFRRJ

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A crise da economia 
colonial no Brasil
Espera-se que, ao fi nal desta aula, você seja capaz de:
Relacionar a crise da economia colonial no Brasil 
à expansão das atividades produtivas e comerciais 
na colônia.
Identifi car as limitações do monopólio comercial 
imposto pela metrópole.
Associar estas limitações aos movimentos de 
revoltas internas e de independência na colônia.
Reconhecer as transformações políticas, sociais 
e econômicas por que passava o mundo (como 
as revoluções Industrial e Francesa).
3
ob
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ivo
s
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A
Meta da aula 
Analisar os fatores externos e internos que 
determinaram a ruptura das bases da eco-
nomia colonial agrícola, nos séculos XVIII e 
XIX, bem como a independência do Brasil.
1
2
3
4
Pré-requisitos 
Para acompanhar melhor os conceitos trabalha-
dos nesta aula, você deve reler o verbete sobre 
pacto colonial, na Aula 1, bem como as expli-
cações sobre a dinâmica colonial brasileira, na 
Introdução da Aula 2.
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Formação Econômica do Brasil | A crise da economia colonial no Brasil
O SENTIDO DA CRISE
A crise da economia colonial agrícola decorreu de dois aspectos 
complementares, um de caráter interno, e outro, externo. O primeiro foi 
a expansão dos mercados na colônia, resultado direto do aumento da 
população e do incremento da produção. Surgiram, em conseqüência, 
confl itos de interesses entre colonos e metrópole. Até então, os colonos 
sentiam-se portugueses em terras brasileiras, tendo, em um mercado 
pouco expressivo, privilégios garantidos pelo monopólio (exclusivo) 
INTRODUÇÃO Na aula passada, você estudou que, no período colonial, as atividades produtivas 
e comerciais na economia brasileira não se esgotavam na empresa colonial 
agrícola. A ocupação do Sul, do vale amazônico e o movimento de bandeiras 
foram importantes para o desenvolvimento de atividades econômicas no interior 
do país, assim como a pecuária e a mineração.
As colônias na América foram constituídas no momento de formação dos 
estados nacionais europeus (absolutistas), em que predominavam as práticas 
mercantilistas. Naquele período, os grandes mercadores (burgueses) e armado-
res associavam-se diretamente ao poder central desses Estados absolutistas.
Você viu também que a empresa colonial nasceu exatamente dessa associação, 
em que os interesses da burguesia mercantil estavam absolutamente relacio-
nados aos da Coroa. Juntos, burgueses e monarcas buscavam novas fontes de 
renda por meio de conquistas coloniais. 
Conquistados os novos territórios, a classe burguesa mercantil, com o apoio da 
Coroa, garantiu para si o monopólio comercial. Formava-se, assim, a base da 
política mercantilista, bem como um sistema de comércio fundado no pacto 
colonial (exclusivo comercial), garantindo à metrópole total intermediação nas 
operações de comércio. Assim, os interesses metropolitanos convergiam estrei-
tamente com os da classe exportadora e importadora que atuava na colônia. 
Como a produção e o mercado interno eram bastante reduzidos, o pacto 
colonial impedia a concorrência e permitia os ganhos extraordinários da classe 
burguesa e da metrópole.
Nesta aula, vamos analisar as conseqüências do aumento da produção e do 
crescimento do mercado interno para essa estrutura de relações comerciais e 
de poder político e econômico. Além disso, você irá perceber como o avanço 
do capitalismo industrial e das idéias liberais na Europa serviu de anteparo para 
a confi guração da crise do sistema colonial.
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 comercial e suas restrições à concorrência externa. Com o aumento 
da produção e o crescimento do mercado interno – sobretudo após o 
início do ciclo do ouro –, os interesses particulares da colônia foram 
aumentando de maneira signifi cativa. O pacto colonial passou a ser, 
então, um empecilho à expansão dos negócios e, portanto, ao potencial 
de ganhos dos colonos.
O segundo aspecto, referente ao plano externo, eram os efeitos da 
RE V O L U Ç Ã O IN D U S T R I A L cada vez mais visíveis na Europa. O processo 
de acumulação de capital, naquele contexto, centrava-se fortemente 
na esfera de produção da indústria, com uma rápida incorporação de 
novas técnicas produtivas que ampliavam largamente seu horizonte 
de crescimento. O aumento da produtividade na atividade industrial 
era absolutamente fantástico. Para que você tenha uma idéia, segundo 
dados disponíveis na home page da Escola Técnica de Bergen, em 
Nova Jérsei (Estados Unidos), de 1790 a 1830, mais de cem mil teares 
movidos a eletricidade foram postos em funcionamento, na Inglaterra 
e na Escócia. 
Assim, a necessidade de busca e incorporação de novos mercados 
pelas unidades industriais em formação tornou-se um traço típico da 
dinâmica capitalista.
Figura 3.1: Iniciada na 
Inglaterra, a Revolução 
Industrial expandiu-se
pela Europa. Nesta foto, 
você pode ver a fábrica 
construída pelo engenheiro 
Julius Bruch em 1873 na 
Alemanha (então Império 
Germânico). Esta fábrica 
foi uma das maiores 
produtoras de vigas de 
aço no país e, em 1994, 
foi tombada pela Unesco 
como patrimônio cultural 
da humanidade.
RE V O L U Ç Ã O 
IN D U S T R I A L 
“Conjunto das trans-
formações tecnológicas, 
econômicas e sociais ocor-
ridas na Europa e parti-
cularmente na Inglaterra 
nos séculos XVIII e XIX 
e que resultaram na ins-
talação do sistema fabril 
e na difusão do modo de 
produção capitalista. O 
processo foi impulsiona-
do, numa primeira fase, 
pelo aperfeiçoamento 
de maquinas de fi ação e 
tecelagem e pela invenção 
da máquina a vapor, da 
locomotiva e de numero-
sas máquinas – ferramen-
tas (...). Da conjunção 
desses fatores, resultou a 
indústria capitalista meca-
nizada tal como a conhe-
cemos. A aceleração do 
processo produtivo teve 
início na Inglaterra, entre 
1750 e 1830, a partir de 
inovações tecnológicas 
na atividade têxtil (...). 
Apesar dessas profundas 
transformações econômi-
co-sociais, a Revolução 
Industrial foi um processo 
contraditório. Ao lado da 
elevação da produtividade 
e do desenvolvimento da 
divisão social do trabalho, 
manifestava-se a miséria 
de milhares de trabalha-
dores desempregados e de 
homens, mulheres e crian-
ças obrigados a trabalhar 
até 16 horas por dia, pri-
vados de direitos políticos 
e sociais. Essa situação 
de classe operária levou à 
formação dos primeiros 
sindicatos, à elaboração 
do pensamento socialista 
e à irrupção de inúmeros 
movimentos, levantes e 
revoltas de trabalhadores 
que marcaram toda vida 
européia ao longo do 
século XIX” 
(SANDRONI, 2004:
528/529).
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Formação Econômica do Brasil | A crise da economia colonial no Brasil
É fácil entender, então, que o monopólio comercial e produtivo 
formalizado no pacto colonial era uma barreira para o capital industrial 
e para a produção em grande escala. Isto explica o grande interesse da 
Inglaterra pelos movimentos de independência das Américas hispânica 
e portuguesa. Em termos práticos, essas duas barreiras representavam 
o antagonismo entre os interesses ainda existentes no mercantilismo 
português e os novos acontecimentos políticos, sociais e econômicos 
associados à Revolução Industrial.
Essas transformações também estavam representadas no campo 
institucional e das idéias pela crescente contestação às instituições 
absolutistas e o avanço do I L U M I N I S M O . Naquele momento, o P E N-
S A M E N T O L I B E R A L se rebelou contra as instituições do antigo regime. 
I L U M I N I S M O
O Iluminismo repre-sentou um movimen-
to cultural originado 
no Renascimento, 
sobretudo a partir 
do século XVII. Do 
ponto de vista eco-
nômico, seu princi-
pal foco era a defi ni-
ção de uma política 
econômica mais livre 
das restrições típicas 
do mercantilismo, 
idéia defendida forte-
mente pela burguesia 
emergente. Um dos 
nomes importantes 
para o desenvolvi-
mento desta corrente 
é o de René Des-
cartes (1596-1650), 
matemático francês 
considerado o pai do 
racionalismo. Além 
dele, destacam-se 
os franceses Vol-
taire (1694-1770) 
e Montesquieu 
(1698-1755), além 
dos ingleses Isaac 
Newton (1642-1727) 
e John Locke (1632-
1704), entre outros 
importantes pensa-
dores.
LI B E R A L I S M O
“Doutrina que serviu de substrato ideológico às revoluções antiabsolutistas que ocorreram na Europa (Inglaterra e França, 
basicamente) ao longo dos séculos XVII e XVIII, e à luta pela independência dos Estados Unidos. Correspondendo aos 
anseios de poder da burguesia, que consolidava sua força econômica ante uma aristocracia em decadência, amparada no 
absolutismo monárquico, o liberalismo defendia: 1) a mais ampla liberdade individual; 2) a democracia representativa com 
separação e independência entre três poderes (executivo, legislativo e judiciário); 3) o direito inalienável à propriedade; 
4) a livre iniciativa e a concorrência como princípios básicos capazes de harmonizar os interesses individuais e coletivos, 
e gerar o progresso social. Segundo o princípio do laissez-faire, não há lugar para a ação econômica do Estado, que deve 
apenas garantir a livre concorrência entre as empresas e o direito à propriedade privada, quando esta for ameaçada por 
convulsões sociais. O pensamento econômico liberal constitui-se, a partir do século XVIII, no processo da Revolução 
Industrial, com autores como François Quesnay, estruturando-se como doutrina defi nitiva nos trabalhos de John Stuart 
Mill, Adam Smith, David Ricardo, Thomas Malthus, J.B. Say e F. Bastiat. Eles consideravam que a economia, tal como 
a natureza física, é regida por leis universais e imutáveis, cabendo ao indivíduo apenas descobri-las para melhor atuar 
segundo os mecanismos dessa ordem natural” (SANDRONI, 2004, p. 347).
“A Revolução 
Industrial desenvolveu 
também uma nova sociedade: a (...) 
capitalista, baseada na divisão dos indi-
víduos em duas classes: os capitalistas, deten-
tores dos meios de produção, e os trabalhadores, 
homens livres que vendem sua força de trabalho em 
troca de um salário. O capitalismo, consolidado com a 
Revolução Industrial, gerou muita riqueza e um enor-
me progresso material, mas criou também uma massa 
de trabalhadores pobres, no campo e na cidade. Os 
economistas liberais, defensores da sociedade capi-
talista sustentavam a idéia de que o Estado não 
precisa interferir na economia, que deve ser 
regulada apenas pelo mercado”
(FONSECA; PEDRO, 1995).
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Quer saber mais sobre o Iluminismo e os principais nomes desta 
corrente ideológica? Veja os sites http://www.saberhistoria.hpg.ig.c
om.br/nova_pagina_31.htm e http://www.conhecimentosgerais.com
.br/historia-geral/iluminismo.html. Neste mesmo site, você pode ler 
textos dos pensadores iluministras.
Pacto colonial x capital industrial
Leia as defi nições a seguir:
a. “Laissez-faire é uma expressão francesa laissez faire, laissez passer, que signifi ca 
“deixem fazer, deixem passar”, e se refere a uma fi losofi a econômica que surgiu 
no século XVIII, que defendia a existência de mercado livre nas trocas comerciais 
internacionais, ao contrário do forte protecionismo baseado em elevadas tarifas 
alfandegárias (...). (...) esta teoria (...) teve em Adam Smith um dos seus principais 
defensores (...). O ‘laissez faire’ tornou-se o chavão do liberalismo na versão mais pura 
de capitalismo de que o mercado deve funcionar livremente, sem interferência. Esta 
fi losofi a tornou-se dominante nos Estados Unidos e nos países ricos da Europa, durante 
o fi m do século XIX e no início do século XX” (WIKIPEDIA, 2005).
b. “A colonização portuguesa do Brasil, como outras colonizações européias na América 
no mesmo período, tem caráter essencialmente mercantilista: ocupar a terra e produzir 
riquezas para proporcionar renda ao Estado e lucros à burguesia. Isso é garantido pelo 
monopólio comercial e pelo pacto colonial, que legitima o direito exclusivo de comprar 
e vender na colônia por meio de seus comerciantes e de suas companhias.”
(http://geocities.yahoo.com.br/vinicrashbr/historia/brasil/colonizacaodobrasil.html)
A partir destas defi nições, responda:
De que forma o avanço do capital industrial, 
Atividade 1
Quer saber mais sobre o Iluminismo e os principais nomes desta 
corrente ideológica? Veja os sites http://www.saberhistoria.hpg.ig.
com.br/nova_pagina_31.htm e http://www.conhecimentosgerais.co
m.br/historia-geral/iluminismo.html. Neste mesmo site, você pode 
ler textos dos pensadores iluministras.
Vale citar, em particular, o novo ideário difundido a partir da Revolução 
Francesa e os princípios de liberdade e igualdade – considerados, pela 
metrópole, como “os abomináveis princípios franceses”! 
Nesse caso, um elemento-chave foi a contestação do conceito do 
rei como um enviado divino: a nova visão determinava que seu poder 
lhe era legado pelos homens e não por Deus, idéia que se disseminou 
rapidamente na colônia por intermédio dos estudantes brasileiros, fi lhos 
de famílias ricas, que iam cursar a universidade na Europa.
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sobretudo inglês, poderia esbarrar no pacto colonial?
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Resposta comentada
O processo produtivo industrial caracterizava-se por uma grande capacidade de 
ampliação da oferta de produtos, considerando a recorrente incorporação de 
progresso técnico na atividade. A necessidade de encontrar mercados para escoar 
a produção poderia ser inviabilizada pelas restrições do pacto colonial.
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Liberdade, liberdade
Observe este selo, lançado em comemoração aos 200 anos da Revolução Francesa. Nele, 
você pode observar a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, promulgada 
pela Assembléia Nacional em 1789. Aqui seguem alguns trechos deste documento que 
foi um marco na história das sociedades ocidentais.Em que partes do texto você pode identifi car traços ideológicos do liberalismo?
I – O objetivo de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e 
imprescritíveis do homem; esses direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança 
e a resistência à opressão. 
III – O princípio de toda a soberania reside essencialmente na razão; nenhum corpo, 
nenhum indivíduo pode exercer autoridade que dela não emane diretamente. 
IV – A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique a outrem. Assim, o 
exercício dos direitos naturais do homem não tem limites senão aqueles que asseguram 
aos outros membros da sociedade o gozo desses mesmos direitos; seus limites não 
podem ser determinados senão pela lei. 
(...)
VI – A lei é a expressão da vontade geral; todos os cidadãos têm o direito de concorrer, 
pessoalmente ou por seus representantes, à sua formação; ela deve ser a mesma para 
todos, seja protegendo, seja punindo. Todos os cidadãos, sendo iguais a seus olhos, são 
igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo sua 
capacidade e sem outras distinções que as de suas virtudes e de seus talentos. 
(...)
VIII – A lei não deve estabelecer senão penas estritamente necessárias, e ninguém 
pode ser punido senão em virtude de uma lei estabelecida e promulgada ao 
delito e legalmente aplicada. 
Atividade 2
4
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Formação Econômica do Brasil | A crise da economia colonial no Brasil
 (...)
XI – A livre comunicação dos pensamentos e opiniões é um dos direitos mais preciosos 
do homem; todo o cidadão pode, pois, falar, escrever e imprimir livremente; salvo a 
responsabilidade do abuso dessa liberdade nos casos determinados pela lei. 
(...)
XVII – A propriedade, sendo um direito inviolável, e sagrado, ninguém pode ser 
dela privado senão quando a necessidade pública, legalmente constatada, o exija 
evidentemente, e sob a condição de uma justa e prévia indenização. 
Resposta comentada
Os ideais de liberdade permeiam todo o texto da Declaração dos Direitos do 
Homem e do Cidadão, porém estão mais evidentes em alguns trechos. No item 
1, por exemplo, você deve ter selecionado: “esses direitos são a liberdade, a 
propriedade, a segurança e a resistência à opressão”. As liberdades individuais 
e sociais estão contidas nos itens IV, VI e XI. No artigo XVII, a defesa ao direito 
de propriedade está claramente enunciada em “A propriedade, sendo um direito 
inviolável, e sagrado (...)”.
De todo modo, cabe uma observação importante. Apesar do caráter supostamente 
libertário e igualitário desse processo, o movimento de rebeldia interno à colônia 
dificilmente (quase nunca, na verdade) associava as revoltas à desumanidade da 
escravidão. Assumia puramente um caráter rural, em que a escravidão não era 
contestada – ao contrário, representava a única forma de relação de produção 
praticada.
A aplicação das idéias liberais no Brasil apresentava, desta forma, limites importantes. 
Primeiro, um limite físico, determinado pela proibição de sua propagação através da 
censura a vários livros e publicações. Segundo, pela restrição das relações sociais, 
pois as idéias liberais, no Brasil, eram usadas apenas no sentido de contestação às 
relações metrópole/colônia. Na Europa, essas idéias representavam um escopo 
mais amplo de apoio aos interesses da burguesia industrial emergente. Essa 
mudança, de fato, inexistia no Brasil.
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 AS MUDANÇAS NA METRÓPOLE E SUAS CONSEQÜÊNCIAS 
PARA O BRASIL
O fi nal do século XVIII foi um período de acirramento das contra-
dições de interesses colônia/metrópole. Em Portugal, o absolutismo seguia 
fi rme, em particular durante o reinado de Dom José I – conhecido pelo 
“D E S P O T I S M O E S C L A RE C I D O” representado por seu primeiro-ministro, 
o Marquês de Pombal, que cumpria um papel-chave na defi nição das 
diretrizes políticas e econômicas. No Brasil, o período foi marcado por 
difi culdades econômicas graves, resultantes da queda das exportações. 
A exceção, nesse contexto, foi o Maranhão, em virtude dos incentivos 
do Marquês de Pombal ao criar uma companhia de comércio altamente 
capitalizada para explorar e ampliar a produção e exportação de algodão, 
produto em alta substantiva no mercado internacional.
O acirramento das crises internas e nas colônias, todavia, obrigou 
o ministro a demitir-se em 4 de março de 1777. Neste mesmo ano o rei 
faleceu, e o trono passou a ser ocupado por Dona Maria (sua fi lha, mãe 
de D. João VI e conhecida na História como “a louca”), iniciando a 
VI R A D E I R A . Na verdade, esse conjunto de mudanças não trouxe trans-
formações importantes, pois de maneira geral a P O L Í T I C A P O M B A L I N A 
ainda prevalecia, graças à tentativa de preservar as estruturas do exclusivo 
comercial. A diferença fundamental foi a redefi nição de alguns laços 
formais que substanciavam sua existência, realizando ações como:
(a) acabar com as companhias de comércio, permitindo uma maior 
liberdade aos comerciantes;
(b) combate ao contrabando;
(c) permissão para o comércio intercolonial com a África e o Oriente;
(d) liberação do comércio e exploração do sal e da pesca da baleia, ter-
minando o monopólio metropolitano nesse setor;
(e) proibição da manufatura têxtil no Brasil.
Essas mudanças refl etiam, em realidade, a crescente dependência 
econômica, por parte de Portugal, da colônia brasileira (essa exploração 
era condição básica para o desenvolvimento português) e, portanto, era 
vantajoso, para a metrópole, fazer concessões. Refl etiam, também, no 
nível das relações internacionais, as condições impostas pela proteção 
DE S P O T I S M O 
E S C L A RE C I D O
Forma de manutenção 
das práticas absolutis-
tas sem a associação 
do rei ao poder divino 
– dá um tom de racio-
nalidade ao absolutis-
mo, incorporando as 
idéias iluministas da 
razão. Em Portugal, 
D. José I encarnou este 
espírito e teve como 
principal articulador o 
Marquês de Pombal, 
primeiro-ministro 
responsável pelas 
medidas e articulações 
políticas.
PO L Í T I C A 
P O M B A L I N A
Conjunto de medidas 
visando ao fortaleci-
mento do poder real 
em Portugal, como 
a reforma do exér-
cito e da burocracia 
estatal. Tais medidas 
subjugaram os inte-
resses da nobreza e 
reduziram fortemen-
te o poder do clero.
VI R A D E I R A
Desmonte das políti-
cas pombalinas ini-
ciadas por D. Maria 
I em 1877, incluindo 
uma intensa perse-
guição ao Marquês 
de Pombal até sua 
morte em 1782.
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Formação Econômica do Brasil | A crise da economia colonial no Brasil
inglesa. O caso da proibição das manufaturas é exemplar. A justifi cativa 
dada por Portugal era de que a ênfase produtiva deveria estar na agri-
cultura, atividade principal da colônia. Uma diversifi cação em direção à 
produção industrial necessitaria da transferência de recursos (principal-
mente mão-de-obra) da agricultura para a produção têxtil, reduzindo a 
capacidade de expansão agrícola.
Havia, no entanto, a intenção de preservar a manufatura têxtil 
da metrópole da concorrência colonial, objetivando criar uma espécie 
de complementaridade entre a produção da colônia e da metrópole. 
O impacto real da medida era praticamente nulo, pois quase não havia 
produção têxtil no Brasil. A grande fonte de concorrência estava no 
contrabando inglês.
Apesar da fl exibilização das relações expostas, as bases do exclu-
sivo comercial estavam mantidas, e as reações no Brasil começavam a 
ganhar um contorno mais decisivo. Exemplos históricos importantes 
forama Inconfi dência Mineira e a Conjuração Baiana (conhecida como 
a Revolta dos Alfaiates), entre outros. Vamos ver estas duas revoltas 
com mais detalhes?
Inconfi dência mineira
Os inconfi dentes queriam a independência do Brasil e instaurar a 
República. Pretendiam incentivar as manufaturas, proibidas desde 1785, 
e fundar uma universidade em Vila Rica, atual Ouro Preto. Integrado 
por membros da elite intelectual e econômica da região – fazendeiros 
e grandes comerciantes –, o movimento refl ete as contradições desses 
segmentos: sua bandeira traz o lema libertas quae sera tamem (Liberdade 
ainda que tardia), mas não se propõe a abolir a escravidão.
Conspiradores: entre os conspiradores estão Inácio José de Alva-
renga Peixoto, ex-ouvidor de São João del Rey; Cláudio Manoel da Costa, 
poeta e jurista; tenente-coronel Francisco Freire de Andrada; Tomás Antô-
nio Gonzaga, português, poeta, jurista e ouvidor de Vila Rica; José Álva-
res Maciel, estudante de Química em Coimbra que, junto com Joaquim 
José Maia, procura o apoio do presidente americano Thomas Jefferson; 
Francisco Antônio de Oliveira, José Lopes de Oliveira, Domingos Vidal 
Barbosa, Salvador Amaral Gurgel, o cônego Luís Vieira da Silva; os 
padres Manoel Rodrigues da Costa, José de Oliveira Rolim e Carlos 
Toledo; e o alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.
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 Derrama: o momento escolhido para a eclosão da revolta é o 
da cobrança da derrama, imposto adotado por Portugal no período de 
declínio da mineração do ouro. A Coroa fi xa um teto mínimo de 100 
arrobas para o valor do quinto. Se ele não é atingido, os mineradores 
fi cam em dívida com o fi sco. Na época, essa dívida coletiva chega a 500 
arrobas de ouro, ou 7.500 quilos. Na derrama, a população das minas 
é obrigada a entregar seus bens para integralizar o valor da dívida.
Devassa: o movimento é denunciado pelos portugueses Joaquim 
Silvério dos Reis, Brito Malheiros e Correia Pamplona, em 5 de março 
de 1789. Devedores de grandes somas ao tesouro real, eles entregam os 
parceiros em troca do perdão de suas dívidas. Em 10 de maio de 1789, 
Tiradentes é preso. Instaura-se a devassa – processo para estabelecer 
a culpa dos conspiradores –, que dura três anos. Em 18 de abril de 
1792, são lavradas as sentenças: 11 são condenados à forca, os demais 
à prisão perpétua em degredo na África e ao açoite em praça pública. 
As sentenças dos sacerdotes envolvidos na conspiração permanecem 
secretas. Cláudio Manoel da Costa morre em sua cela. Tiradentes tem 
execução pública: enforcado no Rio de Janeiro em 21 de abril de 1792, 
seu corpo é levado para Vila Rica, onde é esquartejado e os pedaços 
expostos em vias públicas. Os demais conspiradores são degredados.
Quer saber mais sobre a Inconfi dência Mineira? Acesse o 
site http://educaterra.terra.com.br/almanaque/inconfi dencia/
inconfi dencia_1.htm
Conjuração baiana
De caráter social e popular, a conjuração baiana, ou revolta dos 
alfaiates, como também é conhecida, explode em Salvador em 1798. 
Inspira-se nas idéias da revolução francesa e da inconfi dência mineira, 
divulgadas na cidade pelos integrantes da loja maçônica Cavaleiros da 
Luz, todos da elite local – Bento de Aragão, professor; Cipriano Bara-
ta, médico e jornalista; o padre Agostinho Gomes e o tenente Aguilar 
Pantoja. O movimento é radical e dirigido por pessoas do povo, como 
os alfaiates João de Deus e Manoel dos Santos Lira, os soldados Lucas 
Dantas e Luís Gonzaga das Virgens. Propõe a independência, a igualdade 
racial, o fi m da escravidão e o livre comércio entre os povos.
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Em http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/conj_
baiana.html, você pode encontrar mais informações sobre a 
Em http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/conj_baiana.html, 
você pode encontrar mais informações sobre a Conjuração Baiana.
Uns mais iguais do que outros?
Leia a defi nição a seguir:
Prevalece na literatura de formação econômica do Brasil a interpretação de que as 
idéias de liberdade e igualdade serviriam exclusivamente para os brancos (!) da colônia, 
cujos interesses vinham sendo contrapostos aos da metrópole. Como explicar esta 
visão à luz dos argumentos expostos?
(WKIPEDIA, 2005)
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Resposta Comentada
O principal foco de descontentamento associava-se ao conflito de interesses de 
elites provocado pelo pacto colonial. As restrições do pacto à atividade econômica 
da metrópole impediam a ampliação dos negócios da elite colonial. Não havia, 
portanto, uma proposta de mudança das relações sociais e econômicas em 
curso no Brasil.
Atividade 3
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 O ACIRRAMENTO DOS CONFLITOS DE INTERESSES E O 
PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA
Apesar das revoltas internas de cunho pseudoliberal, nada parecia 
determinar o rompimento das antigas formas de relacionamento Brasil-
Portugal. As revoltas foram sufocadas na origem, implicando severas 
punições aos rebeldes. Além disso, eram estritamente organizadas pelas 
elites, com ignorância quase completa das camadas populares. O processo 
de separação colônia/metrópole só viria a ser precipitado pela invasão 
francesa a Portugal e a vinda da corte para o Brasil em 1808, na medida 
em que determinou uma séria de mudanças institucionais de relevo para 
que a colônia servisse de sede do governo no Rio de Janeiro, como a 
abertura dos portos e a criação do Banco do Brasil. A situação portuguesa 
de lucros extraordinários no comércio com a colônia foi então rompida, 
especialmente após a formalização dos tratados com a Inglaterra.
A vinda da corte 
portuguesa para o Brasil
A conjuntura européia no período 
napoleônico teve refl exos signifi cativos na história 
portuguesa. Neste contexto, no início do século XIX, 
observou-se uma importante deterioração das relações 
diplomáticas entre França e Inglaterra, com quem Portugal 
mantinha laços estreitos de aliança.
Em novembro de 1807, as tropas francesas invadiram o território 
português, impondo uma transferência às pressas da corte portuguesa para 
o Brasil, sua principal colônia, com apoio da esquadra britânica. Esse processo 
determinou um aprofundamento ainda maior dos laços políticos e econômicos 
de Portugal e Inglaterra.
As primeiras medidas tomadas com a chegada da corte ao Brasil foram:
(a) abertura dos portos (1808), já que Portugal estava ocupado e não poderia 
exercer a função de entreposto comercial para as mercadorias brasileiras, 
condição defi nida no pacto colonial;
(b) fomento à agricultura e fundação do Horto Real (Jardim Botânico) no Rio 
de Janeiro;
(c) incentivo ao desenvolvimento das manufaturas,concedendo isenção 
de impostos a matérias-primas importadas;
(d) permissão de acesso de estrangeiros às sesmarias, com 
o objetivo de garantir fronteiras com a expansão do 
povoamento;
(e) criação do Banco do Brasil, com objetivo 
primordial de fi nanciar os gastos 
da Coroa.
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No campo externo, dois aspectos sobressaíam. O primeiro era 
uma política direcionada a contrariar os interesses napoleônicos na Amé-
rica do Sul, caracterizando uma estratégia expansionista na invasão da 
Guiana Francesa, em 1809. Outro aspecto foi que, com o objetivo de 
tornar-se regente do império espanhol na América, no período de ocu-
pação da Espanha pelas tropas francesas, D. João VI envia navios para 
sitiar e ocupar a Banda Oriental (Uruguai). Esse processo culminou com 
a anexação da Banda Oriental, em 1821, como Província Cisplatina, 
após o período de desagregação do Vice-Reinado do Prata, que seguiu 
a independência da Argentina em 1816.
Dirigido por Carla Camuratti, o fi lme Carlota Joaquina, princesa do 
Brasil traça, de maneira cômica, um perfi l da história do país no 
período da permanência da Família Real portuguesa, com base na 
história desta imperatriz, esposa de D. João VI. 
Carlota Joaquina e D. João viveram 13 anos no Brasil, deixando, 
como legados, a fundação do Banco do Brasil, a criação da Biblioteca 
Nacional, da Escola de Medicina e do Jardim Botânico.
Da próxima vez que você for à locadora, que tal alugar esse fi lme? 
Direção: Carla Camuratti
Ano: 1995
Duração: 101 minutos
Os tratados com 
a Inglaterra
O aumento da dependência de Portugal em relação 
à Inglaterra, decorrente da invasão napoleônica de 1807, 
trouxe conseqüências relevantes para o Brasil. No intuito de 
garantir vantagens sobre outros países nas relações econômicas a partir 
do Brasil, a Inglaterra impôs a assinatura de tratados que lhe afi ançaram 
uma posição extremamente favorável nas relações econômicas – em troca 
de proteção e apoio na estratégia expansionista de D. João VI nas colônias 
ultramarinas. Para a Inglaterra, essa era uma questão fundamental, pois o 
Bloqueio Continental (fechamento dos portos europeus para a Inglaterra) lhe 
impunha a necessidade de buscar novos mercados. Para Portugal, apesar de 
saber das desvantagens para os comerciantes portugueses, os interesses no 
aprofundamento da aliança pesaram mais. Os principais tratados foram:
1) Tratado de Aliança e Amizade: defi nia as condições de defesa 
mútua e apoio ao ataque português à Guiana Francesa. Em 
contrapartida, acordou-se o comprometimento de 
Portugal com a redução do tráfi co de escravos, 
circunscrito à região abaixo da linha 
do equador.
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Repensando a abertura dos portos 
Diante do quadro vivenciado pela colônia no início do século XIX, é possível afi rmar 
que a abertura dos portos representou a efetivação da independência econômica do 
Brasil em relação a Portugal?
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Atividade 4
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2) Tratado de Comércio 
e Navegação: defi nia vantagens 
tarifárias para a Inglaterra, até mesmo sobre 
Portugal, no comércio com o Brasil. A tarifa alfandegária 
aplicada sobre os produtos ingleses seria de 15%, contra 16% para 
os portugueses e 24% para os demais países. Além disso, os cidadãos de 
origem inglesa no Brasil obtiveram o privilégio da extraterritorialidade, de 
maneira que os atos cometidos por ingleses no país seriam julgados por juízes 
da Inglaterra. No que se refere à questão religiosa, os cultos protestantes 
foram liberados no Brasil. Finalmente, este tratado deu liberdade aos ingleses 
para criar casas de comércio e negociar livremente tanto os produtos 
brasileiros no exterior, quanto as vendas de importados para o Brasil. 
Como será visto nas próximas aulas, este foi um fator-chave para 
o processo de acumulação de capital na cultura cafeeira, 
principal produto de exportação do Brasil a partir 
do início do século XIX.
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Do ponto de vista dos colonos brasileiros, a liberalização da econo-
mia e a dinamização do comércio (resultado da vinda da Corte e da aber-
tura dos portos) modifi caram fundamentalmente o cenário. A manutenção 
estrutural do pacto colonial funcionava como um entrave à expansão da 
economia doméstica, e os grandes agricultores – classe dominante – enxer-
gavam Portugal como um entreposto desnecessário e caro. 
O descontentamento aumentava internamente, e as medidas asso-
ciadas ao pacto colonial eram cada vez mais repelidas, como a proibição 
do comércio entre as províncias, o monopólio de portugueses nos cargos 
públicos e, sobretudo, os impostos abusivos cobrados pela Coroa. Estes ele-
mentos conjugavam-se na intensifi cação do processo de independência.
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Resposta comentada
Sim, pois o fi m do exclusivo comercial intensifi cou as relações de comércio entre 
o Brasil e a Inglaterra, redundando nos tratados de 1810, em que a Inglaterra 
garantia vantagens absolutas sobre o resto do mundo, inclusive Portugal.
É importante que você entenda, entretanto, que o processo de 
independência não era marcado por um forte sentimento nacionalista, 
notadamente do ponto de vista econômico, uma vez que a economia era 
claramente voltada para o exterior, com um mercado interno extrema-
mente restrito e um sistema econômico doméstico desintegrado (o Brasil 
era formado por ilhas de produção cujo elo básico de ligação eram os 
HINTERLANDS pecuários). Dessa forma, os movimentos de revolta sempre 
foram localizados regionalmente, sem qualquer unidade nacional – pre-
valecia, portanto, uma espécie de “antiportuguesismo” caricaturado na 
fi gura dos “branquinhos do reino”.
H I N T E R L A N D S
Regiões mais afasta-
das da costa.
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Características do processo de independência
Apesar do crescente descontentamento interno na colônia, ocasionando até o surgi-
mento de revoltas internas, o processo de independência sofreu importante infl uência 
externa. Como explicar essa característica?
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Resposta comentada
Os acontecimentos históricos na Europa, em especial o Bloqueio Continental, deter-
minando a vinda da corte para o Brasil, além dos interesses econômicos da Ingla-
terra,tiveram um peso relevante e precipitaram o processo de independência do 
Brasil. Assim, o exclusivo colonial perdia totalmente o sentido de permanência.
Atividade 5
Figura 3.2: O Grito do Ipiranga, de Pedro Américo (1888).
A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
Em 7 de setembro de 1822, D. Pedro I proclamou a independência do 
Brasil em relação a Portugal, tornando-se nosso primeiro imperador. Estava 
conquistada, então, a autonomia política, mas não a econômica: Portugal 
exigiu 2 milhões de libras para reconhecer a independência do Brasil. Como o 
recém-formado império não dispunha de capital sufi ciente, D. Pedro decidiu 
pedir um empréstimo à Inglaterra. 
Em relação aos demais países, México e Estados Unidos foram os pri-
meiros países a reconhecer nossa independência. Transformavam-se também 
as relações comerciais, com maior autonomia para o Brasil.
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Formação Econômica do Brasil | A crise da economia colonial no Brasil
A História a ser 
aprendida
Por Alexandre Barbosa*
É preciso fi car claro que, mais que a roupa usada por 
D. Pedro ou a circunstância em que aconteceu a proclama-
ção, o importante é a ausência do povo deste processo históri-
co. A independência do Brasil, ao contrário de outras nações, foi 
um pacto de elite: o poder passou da Coroa Portuguesa para a aris-
tocracia criada por ela no Brasil. Não houve uma guerra de indepen-
dência. O processo não se rompeu. A escravidão não acabou, o Brasil 
continuou dependente de Londres e tecnologicamente atrasado. A 
historiografi a não deve apenas criticar o quadro de Pedro Américo 
como um embuste, mas deve apontar o processo de independên-
cia formal política de Portugal passando para dependência do 
capital inglês, e também evidenciar que a Proclamação da 
República, a queda de Vargas, o fi m da Ditadura, tudo 
não passou de pactos de elite. 
(BARBOSA, 2005)
!!
No plano interno, porém, a independência não provocou grandes 
mudanças. A estrutura agrária permaneceu inalterada, com base na escravi-
dão, na monocultura e no latifúndio, e a distribuição de renda continuava 
desigual, benefi ciando, principalmente, a elite agrária. O povo permaneceu 
à margem deste processo. E em nossos dias, será diferente?
CONCLUSÃO
A crise do sistema colonial brasileiro resultou do confl ito de 
interesses entre a metrópole e a classe produtiva e comercial atuante na 
colônia. O crescimento das relações de produção e comércio no interior 
da economia brasileira, especialmente a partir do avanço da explora-
ção do ouro, determinou uma maior preocupação da metrópole com o 
controle das atividades econômicas da colônia e a tentativa de preservar 
seus ganhos extraordinários. Dessa forma, a interferência da metrópole 
nas atividades internas desenvolvidas na colônia foi o estopim da crise. 
A vinda da corte portuguesa para o Brasil – e a formalização dos tra-
tados com a Inglaterra – precipitou o fi m das bases do pacto colonial, 
na medida em que as elites coloniais perceberam que poderiam obter 
maiores vantagens com a bandeira do livre comércio.
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1. “A economia mineira foi a mais propícia à formação de um mercado interno (...) De 
fato, longe da costa, em alguns casos, compensava à atividade local suprir necessidades 
antes satisfeitas pela importação” (LACERDA et al., 2001, p. 24).
“A queda do ‘exclusivo metropolitano’ e, em seguida, a formação do Estado Nacional 
criaram a possibilidade de que se nacionalizasse a apropriação do excedente e de que se 
internalizassem as decisões de investir” (MELLO, 1982, p. 58).
Relacione estas citações à crise nas bases do antigo sistema colonial.
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Resposta Comentada
A criação de um mercado interno mais significativo e, portanto, da formação de uma 
elite econômica cujos interesses estavam mais focados na colônia, minou as bases 
fundamentais do pacto colonial; as decisões de investir passaram a estar mais 
focadas nos interesses internos da colônia.
Atividades Finais
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2. Imagine que você é o editor do jornal Trem da História, que relata os principais 
acontecimentos dos períodos estudados no seu curso de Administração. Neste primeiro 
número, você tem uma tarefa muito importante: organizar a primeira página do jornal. 
O título principal é: As causas da independência do Brasil.
Você deve organizar as matérias de maneira que as mais importantes fi quem na parte 
superior do jornal. Os temas que estiverem relacionados podem fi car próximos, para 
facilitar a compreensão do leitor. Mãos à obra!
Trem da História – uma publicação do curso de Administração do Cederj
Notícia 1 Notícia 2
Notícia 3 Notícia 4
Notícia 5 Notícia 6
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Triunfo do povo em Paris
No dia 14 de julho de 1789, em Paris, os cidadãos franceses rebelaram-se contra o rei 
Luís XVI. Os manifestantes tomaram a prisão política da Bastilha, símbolo da monarquia 
francesa, reivindicando “liberdade, igualdade e fraternidade”. A família real foi capturada 
enquanto tentava escapar do país, sofrendo julgamento público.
Outros baluartes da monarquia estão sendo perseguidos. Muitos nobres preparam sua 
fuga para a Inglaterra ou outros países em que a monarquia subsiste. 
Em agosto, a Assembléia Nacional promulgará a Declaração dos Direitos do Homem e do 
Cidadão, contendo as orientações do novo governo. 
Revolução Industrial: máquinas fazem o trabalho do homem
Utilização de máquinas na indústria. Produção em maior quantidade, a menores preços. 
Iniciada na Inglaterra a partir do século XVIII, esta mudança nos meios de produção 
– denominada, a partir deste momento, Revolução Industrial – provocou a migração 
dos camponeses para as cidades. Estes trabalhadores, sem moradia e sem meios para 
sustentar-se, vão engrossar as fi leiras de desempregados nas fábricas. Crescimento 
populacional desenfreado, êxodo rural e desemprego são as conseqüências deste 
processo para a população. 
Brasil luta por independência
Os gritos de liberdade e igualdade ouvidos na França começaram a ecoar no Brasil. Em 
Minas Gerais, o movimento que defendeu a independência do Brasil em relação a Portugalfoi denominado Conjuração ou Inconfi dência Mineira. Os participantes, pertencentes à 
classe que tinha acesso à cultura e às idéias do Iluminismo, foram presos, condenados ao 
exílio perpétuo e o líder, o alferes Joaquim José da Silva Xavier, esquartejado. 
Já na Bahia, a Conjuração Baiana ou Revolta dos Alfaiates, também inspirada pelos ideais 
franceses, contou a participação popular. Este movimento defendia a liberdade para os 
escravos e a República, outro diferencial em relação à Inconfi dência Mineira. 
Igualmente sufocada pela Coroa, a Conjuração Baiana também teve seus mártires: quatro 
participantes foram enforcados.
Chegada da Família Real ao Brasil e abertura dos portos
Em 7 de março de 1808, chega, ao Rio de Janeiro, a corte portuguesa. Ameaçados por 
Napoleão, que intencionava invadir Portugal, a família real e os principais integrantes da 
corte vieram ao Brasil para fi car. Uma das primeiras medidas tomadas foi a abertura dos 
portos brasileiros às nações amigas – principalmente a Inglaterra, com quem Portugal 
mantém acordos comerciais. O Rio de Janeiro torna-se, então, o centro das 
decisões econômicas e políticas da colônia.
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Produção interna aumenta e mercado cresce na colônia
Temos a alegria de dar, por meio desta publicação, notícias muito alvissareiras. As atividades 
de subsistência crescem e se diversifi cam na Terra de Santa Cruz. Pecuária, cotonicultura, 
entre outras, ajudaram a interiorização do país. Com a ocupação do interior da colônia, 
aumentam a produção e o mercado interno. 
Independência dos Estados Unidos
As colônias inglesas na América do Norte proclamam sua independência. Em 4 de julho de 
1776, reunidos no Congresso, representantes dos 13 estados assinaram uma declaração, 
afi rmando que “que estas colônias unidas são e de direito têm de ser Estados livres 
e independentes, que estão desoneradas de qualquer vassalagem para com a Coroa 
Britânica, e que todo vínculo político entre elas e a Grã-Bretanha está e deve fi car 
totalmente dissolvido”. 
Com a independência dos agora denominados Estados Unidos da América, estão abalados 
os alicerces do sistema colonial no continente.
Resposta Comentada
Como bom editor, você deve ter colocado lado a lado, fatores internos e externos. No 
alto da sua primeira página, logo após o título, a revolução francesa pode ser uma boa 
matéria, principalmente se colocada ao lado das revoltas internas na colônia. Afinal, a partir 
dela surgiram os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade defendidos nas revoltas e 
que, mais tarde, seriam os alicerces para justificar a independência. A independência dos 
Estados Unidos e a chegada da família real ao Rio de Janeiro podem ficar logo abaixo, 
já que foram importantes, respectivamente, para provar que libertar-se da metrópole 
era possível, e para fazer crescer o desejo por autonomia comercial da colônia. Esta é a 
base do conflito entre as elites locais – os portugueses que moravam no Brasil – e as da 
metrópole, que buscavam o máximo de lucro para si.
A revolução industrial pode vir para “fechar” a página, já que teve como conseqüências, 
entre outras, o aumento da produção e o desenvolvimento do capitalismo industrial, 
origens do liberalismo econômico. 
Com todos estes elementos, estava configurada a crise no sistema colonial e, 
posteriormente, a independência política do Brasil em relação a Portugal.
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O crescimento da atividade econômica no interior da colônia brasileira 
determinou o surgimento de um intenso confl ito entre as elites locais e 
a metrópole. O foco central deste embate era o pacto colonial. O esforço 
de manutenção das bases do pacto através da política pombalina piorou 
signifi cativamente o quadro. A vinda da corte portuguesa e a maior dependência 
da tutela inglesa causaram o rompimento defi nitivo do pacto colonial, situação 
formalizada com a assinatura dos tratados com a Inglaterra.
R E S U M O
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