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PROVA (TJDFT - RESOLUÇÃO) - Penal- para publicação

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www.penalemfoco.com.br 
QUESTÕES RESOLVIDAS DE DIREITO PENAL DO 
CONCURSO PARA JUIZ SUBSTITUTO DO TJDFT 2015 
 
01. Em cada uma das opções subsecutivas, é apresentada 
uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser 
julgada. Considerando a ação penal e a tipicidade das 
condutas elencadas, assinale a opção que apresenta a 
assertiva correta. 
 
a) Marcos, com vinte anos de idade, capaz, após o falecimento de 
seus genitores em um acidente, passou a residir com seu tio 
paterno Sebastião, com cinquenta e cinco anos de idade, 
capaz. Após estarem residindo juntos havia cerca de dois anos, 
Marcos pegou o cartão de crédito de seu tio Sebastião, e, sem 
autorização dele, conseguiu a senha e sacou a importância de 
vinte mil reais, gastando-a em seu interesse pessoal. Nessa 
situação, a conduta de Marcos foi típica e a persecução penal 
que a reprime ocorre mediante ação privada. 
O CP traz previsão expressa, em seu art. 182, no sentido de 
alteração da espécie de ação penal dos crimes contra o 
patrimônio, em determinadas circunstâncias. É o que a doutrina 
resolveu intitular de imunidade relativa ou processual. In verbis: 
 
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o 
crime previsto neste título é cometido em prejuízo: 
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; 
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; 
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. 
 
Assim, tendo em vista que o caso em tela trouxe as 
características para aplicação dessa disposição, vê-se que a 
questão encontra-se incorreta, pois trata-se de ação penal 
condicionada à representação. 
 
b) Ana, com vinte e dois anos de idade, capaz, após discussão 
com sua vizinha Marina, com vinte e oito anos de idade, capaz, 
sabendo que não havia pessoa alguma no imóvel residencial 
desta, despejou um galão de gasolina e atiçou fogo no referido 
imóvel, vindo a incendiá-lo. Nessa situação, a conduta de Ana 
foi típica e a persecução penal que a reprime ocorre mediante 
ação pública incondicionada. 
Ana praticou o crime de incêndio: 
 
Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a 
integridade física ou o patrimônio de outrem: 
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. 
 
De fato, a espécie de ação penal para o crime em destaque é a 
incondicionada, razão pela qual a assertiva encontra-se 
correta. 
 
c) Pedro, capaz, é agricultor e possuía contrato com a entidade 
pública X, que pretendia distribuir os produtos do cultivo de 
Pedro à população carente. Antônia, com cinquenta anos de 
idade, capaz, também agricultora, a fim de prejudicar Pedro 
enquanto este viajava, sem o consentimento dele, soltou gado 
em sua propriedade, o qual destruiu grande parte dos produtos 
que estavam na iminência de serem colhidos e entregues à 
referida entidade pública. Nessa situação, a conduta de 
Antônia foi típica e a persecução penal que a reprime ocorre 
mediante ação pública incondicionada. 
Observa-se que Pedro praticou o crime de introdução ou 
abandono de animais em propriedade alheia, expresso no 
art. 164, CP: 
 
Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, 
sem consentimento de quem de direito, desde que o fato 
resulte prejuízo: 
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa. 
 
A ação penal, no tocante ao referido delito, é privada, conforme 
dispõe o art. 167, CP, in verbis: 
 
Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo 
e do art. 164, somente se procede mediante queixa. 
 
Portanto, assertiva incorreta. 
 
d) José, com trinta anos de idade, capaz, efetuou ligação 
clandestina de sinal de TV a cabo em sua residência, 
desviando o sinal da residência de sua vizinha, Josefina, com 
quarenta anos de idade, capaz, sem o consentimento dela, 
equiparando-se o objeto de desvio à energia elétrica. Nessa 
situação, a conduta de José foi típica e a persecução penal que 
a reprime ocorre mediante ação privada. 
No que tange à ligação clandestina de TV a cabo, aqui merece 
guarida os ensinamentos elucidativos de Masson: 
 
“É possível a subtração de energia elétrica ou “qualquer outra 
que tenha valor econômico” (art. 155, § 3º, do CP – norma 
penal explicativa). 
O STF, entretanto, já decidiu pela inexistência de furto na 
ligação clandestina de TV a cabo, com o argumento de que 
este objeto não seria “energia”. É indispensável tratar-se de 
energia cujo apossamento seja possível, isto é, que possa ser 
dissociada da sua origem. A subtração de sêmen também é 
considerada furto (energia genética)”. 
(MASSON. Cleber. Código penal comentado. 2ª Edição. rev. 
atual amp. São Paulo – Editora método, 2014 p. 642) 
 
Assim, alternativa incorreta. 
 
e) Jane, com dezoito anos de idade, capaz, filha adotiva, por 
ciúmes de sua irmã Carla, com dezenove anos de idade, 
capaz, filha biológica de seus pais, aproveitando-se que sua 
irmã estava acamada, retirou da bolsa desta, sem o seu 
consentimento, a importância de cinco mil reais, gastando-a 
com roupas e maquiagem. Nessa situação, a conduta de Jane 
foi típica e a persecução penal que a reprime ocorre mediante 
ação privada. 
Vimos nos comentários à assertiva “a” que, em determinados 
casos, o CP traz previsão de que o crime contra o patrimônio 
 
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terá como tipo de ação a condicionada à representação. É 
justamente o caso em tela. 
 
Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o 
crime previsto neste título é cometido em prejuízo: 
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; 
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; 
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. 
 
 
 
02. Com relação às teorias penais referentes à 
culpabilidade, assinale a opção correta. 
QUESTÃO ANULADA PELA BANCA EXAMINADORA 
 
a) Segundo a teoria normativa pura, o dolo é constituído de 
três elementos: o intencional (a voluntariedade ou 
volitividade), o intencional (previsão ou consciência; 
previsão do fato) e o normativo (consciência atual da 
ilicitude) 
 
b) À luz da teoria psicológica, a culpabilidade é algo que se 
encontra fora do agente, não podendo ser vista como 
vínculo entre este e o fato, mas como um juízo de 
valoração a respeito do agente. 
 
c) Para os defensores da teoria normativa pura, o dolo, como 
elemento da culpabilidade, somente existe se o agente 
quiser praticar um fato típico e ilícito com a consciência da 
antijuridicidade desse fato, isto é, quando sabe que está 
contrariando a ordem jurídica. 
 
d) De acordo com a concepção original da teoria psicológica, 
a culpabilidade de um agente é afastada quando ele age 
com “erro", o que elimina o elemento intelectual do crime, 
ou quando ele é coagido a cometer o crime, o que 
suprime o elemento volitivo do dolo. 
 
e) Conforme a teoria psicológico-normativa ou normativa, a 
reprovação contra o agente do fato, além de consistir na 
desconformidade entre a ação e a ordem jurídica, também 
se fundamenta no fato de o agente ter a possibilidade de 
não realizar a ação contrária às normas jurídicas. 
 
 
 
03. Constitui homicídio qualificado o crime 
 
a) cometido contra deficiente físico. 
A resolução da questão exigiu do candidato o conhecimento da 
legislação de regência, no caso, o Código Penal. Neste 
contexto, o artigo 121, §2º elenca as hipóteses em que o crime 
de homicídio é considerado qualificado. 
Denota-se, da análise do dispositivo supracitado, que o fato de 
o crime de homicídio ter como objeto material o deficiente físico 
não o qualifica. 
Portanto, assertivaincorreta. 
 
b) praticado com emprego de arma de fogo. 
O emprego de arma de fogo, em que pese seja causa de 
aumento do crime de roubo (art. 157, §2º, I, CP), não é 
considerado circunstância qualificadora do crime de homicídio. 
Portanto, assertiva incorreta. 
 
c) concretizado com o concurso de duas ou mais pessoas. 
O concurso de pessoas não é circunstância idônea a qualificar 
o crime de homicídio, porquanto não se encontra encartada 
nas hipóteses descritas no art. 121, §2º, CP. 
Portanto, assertiva incorreta. 
 
d) praticado com o emprego de asfixia. 
O emprego da asfixia no crime de homicídio qualifica-o. 
 
In verbis: 
Art. 121. Matar alguém: 
(...) 
Homicídio qualificado 
§2º Se o homicídio é cometido: 
(...) 
III- Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura 
ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar 
perigo comum; 
A asfixia é considerada um meio cruel para a prática do 
homicídio, causando sofrimento desproporcional à vítima. 
 
Portanto, assertiva encontra-se correta. 
 
e) praticado contra menor de idade. 
O fato de o crime de homicídio ser praticado contra menor de 
idade não é circunstância que o qualifica, conforme denota-se 
da análise do art. 121, §2º, CP. Deve-se observar, todavia, que 
o crime contra criança é circunstância agravante genérica (art. 
61, II, “h” do CP), sendo analisada na segunda fase da 
dosimetria da pena. 
Portanto, a assertiva encontra-se incorreta. 
 
 
 
04. Em cada uma das opções seguintes, é apresentada 
uma situação hipotética acerca de penas privativas de 
liberdade e de penas restritivas de direito, seguida de 
uma assertiva a ser julgada. Assinale a opção que 
apresenta a assertiva correta. 
 
a) Lana, com vinte e sete anos de idade, capaz, possui 
condenação definitiva por crime de aborto à pena de três anos 
de detenção. Decorridos dois anos, Lana foi condenada por 
crime de receptação à pena privativa de liberdade de dois anos 
de reclusão. Nessa situação, o juiz não poderá substituir a 
pena de Lana por pena restritiva de direitos, uma vez que ela é 
reincidente. 
Os requisitos para aplicação da substituição da pena privativa 
de liberdade em face da pena restritiva de direito encontram-se 
encartados no art. 44, CP. De fato, a não reincidência em 
crime doloso é requisito de ordem subjetiva que deve ser 
cumprido para aplicação da referida substituição (art. 44, II, 
CP). 
Entretanto, o §3º do dispositivo em destaque traz permissivo 
legal ao magistrado para substituição da pena privativa de 
liberdade, em que pese o agente seja reincidente, senão 
vejamos: 
 
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e 
substituem as privativas de liberdade, quando: 
 
 www.penalemfoco.com.br 
(...) 
§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a 
substituição, desde que, em face de condenação anterior, 
a medida seja socialmente recomendável e a reincidência 
não se tenha operado em virtude da prática do mesmo 
crime. 
 
Portanto, assertiva encontra-se incorreta. 
 
b) Fernando, com trinta anos de idade, capaz, ameaçou de morte 
sua companheira Tereza, com vinte e nove anos de idade, 
capaz. Fernando foi processado e condenado, definitivamente, 
pelo referido crime à pena de cinco meses de detenção. Nessa 
situação, Fernando tem direito à substituição da pena privativa 
de liberdade por pena restritiva de direitos. 
Diante da análise do art. 44, CP, observa-se que, para fazer 
jus à substituição em tela, o agente não pode ter cometido o 
crime com emprego de violência ou grave ameaça, conforme 
denota-se do inciso I, do dispositivo supracitado: 
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e 
substituem as privativas de liberdade, quando: 
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro 
anos e o crime não for cometido com violência ou grave 
ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o 
crime for culposo; 
 
Portanto, uma vez que Fernando utilizou de grave ameaça, a 
assertiva encontra-se incorreta. 
 
c) Glauber, com trinta e um anos de idade, capaz, primário, foi 
condenado, definitivamente, em concurso material, pelo crime 
de supressão de correspondência comercial, à pena de 
detenção de dois anos; e, por divulgação de informações 
sigilosas, à pena de detenção de quatro anos e pena 
pecuniária. Nessa situação, Glauber tem direito à substituição 
da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos. 
Não há a possibilidade de substituição da pena privativa de 
liberdade por restritiva de direito quando a pena aplicada ao 
agente ultrapassa 4 (quatro) anos, sendo este considerado um 
dos requisitos objetivos da substituição. In verbis: 
 
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e 
substituem as privativas de liberdade, quando: 
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a 
quatro anos e o crime não for cometido com violência ou 
grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, 
se o crime for culposo; 
 
Assim, considerando-se que no caso em tela o agente, no 
somatório da pena, teve contra si édito condenatório fixado em 
6 (seis) anos, a assertiva encontra-se incorreta. 
 
d) Carla, com vinte e três anos de idade, capaz, primária, 
devidamente habilitada, fugiu do local para evitar prisão em 
flagrante, pois, após desviar o veículo que dirigia na velocidade 
da via de um buraco na pista, o colidiu contra uma mureta que 
caiu sobre uma criança de três anos de idade, a qual faleceu 
em decorrência das lesões. Por matar a criança, Carla foi 
condenada ao crime de homicídio culposo. Nessa situação, 
Carla tem direito à substituição da pena privativa de liberdade 
por pena restritiva de direitos. 
O gabarito preliminar indicou esta assertiva como CORRETA (e 
na nossa opinião está realmente correta). Todavia, o gabarito 
definitivo alterou o gabarito para a letra E (que também está 
correta). Com isso, a assertiva D, equivocadamente, foi 
considerada errada pela Banca Examinadora, com a seguinte 
justificativa: “Os elementos constantes da opção apontada 
como gabarito preliminar são insuficientes para concluir pela 
possibilidade de “Carla” ser beneficiada pela substituição da 
pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, 
especialmente no que toca aos requisitos previstos no inciso III 
do art. 44 do Código Penal.” 
O art. 44, CP, assim aduz: 
 
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e 
substituem as privativas de liberdade, quando: 
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro 
anos e o crime não for cometido com violência ou grave 
ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se 
o crime for culposo; 
 
Assim, vê-se que o fato de o crime cometido ser culposo dá à 
Carla o direito à substituição. Na assertiva não há qualquer 
obstáculo relacionado ao art. 44, III do CP que impeça a 
substituição. 
A assertiva, portanto, encontra-se CORRETA (gabarito 
preliminar). O gabarito definitivo considerou como ERRADA 
(equivocadamente, na nossa opinião). 
 
e) Pedro, com vinte e oito anos de idade, capaz, primário, de 
corpo avantajado, desarmado, faixa preta em judô, trajando 
quimono, de forma intimidatória e exalando odor etílico, 
determinou que Ana, com dezessete anos de idade, capaz, 
entregasse a ele seu celular, sem que fosse possível a ela 
impor qualquer resistência. Por tais fatos, Pedro foi condenado, 
definitivamente, por crime de roubo simples, à pena de quatro 
anos de reclusão. Nessa situação, há vedação legalpara que a 
pena de Pedro seja substituída por pena restritiva de direitos. 
 
A expressão “intimidatória” utilizada pela Banca Examinadora 
indica o uso da grave ameaça por Pedro, o que impede o 
benefício. 
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e 
substituem as privativas de liberdade, quando: 
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a 
quatro anos e o crime não for cometido com violência ou 
grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena 
aplicada, se o crime for culposo; 
Sendo assim, a assertiva está CORRETA. 
 
 
05. Tendo em vista que cada uma das próximas opções 
apresenta uma situação hipotética sobre delitos 
praticados contra a pessoa, assinale a opção que 
apresenta situação característica de delito de lesão 
corporal de natureza grave. 
 
a) O médico Rodrigo, sob a justificativa de injetar um analgésico 
em Luíza, grávida de dois meses, aplicou-lhe anestesia geral e, 
aproveitando-se da incapacidade de resistência da paciente, 
realizou, em comum acordo com o namorado da paciente, um 
procedimento abortivo sem que a gestante tivesse consentido. 
 
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A conduta perpetrada pelo médico enquadra-se no tipo penal 
de aborto provocado por terceiro, e não lesão corporal de 
natureza grave. In verbis: 
 
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: 
Pena - reclusão, de três a dez anos. 
 
Assim, assertiva incorreta. 
 
b) Pedro, após ter sido preterido em sua expectativa de promoção 
no emprego, desferiu socos no rosto e no estômago de seu 
chefe, Elias. Embora a agressão tenha provocado tontura e 
hematomas na pele de Elias, este não apresentou nenhuma 
lesão aparente. Em razão da conduta de Pedro, Elias teve de 
se afastar das suas atividades profissionais durante uma 
semana, retornando ao trabalho no fim desse período. 
A conduta perpetrada por Pedro amolda-se ao tipo penal de 
lesão corporal leve (art. 129, CP). Observe que, caso o 
afastamento das atividades profissionais pela vítima se desse 
por um lapso temporal superior a 30 (trinta) dias, o agente 
responderia por lesão corporal grave (art. 129, §1º, CP). 
Portanto, encontra-se incorreta a assertiva. 
 
c) Cláudio caminhava por uma via pública quando, 
inesperadamente, um desconhecido desferiu-lhe um soco no 
rosto. A agressão fez que os óculos da vítima se quebrassem e 
ferissem o seu rosto, fazendo-a sangrar. Em decorrência da 
agressão, Cláudio ficou com a vista turva e somente se 
restabeleceu duas semanas após a agressão. 
Cláudio, diante da análise de sua conduta, responderá pelo 
crime de lesão corporal leve (art. 129, CP), porquanto as 
consequências e características da agressão não tiveram o 
condão de tipificar a lesão como grave (art. 129, §1º, CP), 
muito menos como gravíssima (art. 129, §2º, CP) 
Portanto, encontra-se incorreta a assertiva. 
 
d) Paulo, após discussão com sua colega de trabalho Regina, que 
estava grávida, desferiu-lhe um chute com a intenção de 
apenas machucá-la. Entretanto, em decorrência da conduta de 
Paulo, Regina entrou antecipadamente em trabalho de parto. 
A aceleração do parto é circunstância que tipifica o crime de 
lesão corporal como de natureza grave, segundo o que dispõe 
o §1º do art. 129, CP: 
 
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
Lesão corporal de natureza grave 
§ 1º Se resulta: 
(...) 
IV - aceleração de parto: 
 
ATENÇÃO: Perceba que, para que o agente incorra nesse tipo 
penal, deverá ter conhecimento da gravidez da vítima, pois a 
responsabilização no âmbito penal é de índole subjetiva. 
Destarte, a assertiva encontra-se correta. 
 
e) Manoel, após provocação, desferiu dois chutes, que não 
resultaram em lesões, contra seu irmão Isaac. Embora tenha 
sentido dores durante dois dias, Isaac voltou a exercer 
normalmente suas atividades habituais no dia seguinte à briga 
com seu irmão Manoel. 
Considerando que a própria assertiva indicou a inexistência de 
lesões na vítima, não há que se falar em delito de lesão 
corporal. A infração praticada foi a contravenção de vias de fato 
(art. 21 do Decreto-lei 3688/41). É a prática da violência sem 
causar lesão. Assim, alternativa incorreta. 
 
 
 
06. No que se refere aos crimes contra o patrimônio, 
assinale a opção correta à luz da jurisprudência do 
STJ e do STF. 
 
a) Caso haja concurso de agentes em crime de furto qualificado, 
deve ser aplicada, por analogia, a causa de aumento de pena 
referente ao crime de roubo. 
O aduzido na assertiva vai de encontro à jurisprudência do 
STJ, que, em seu verbete sumular 442, sedimentou a 
questão: 
"É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de 
agentes, a majorante do roubo". 
 
A Súmula foi criada em virtude de vários pleitos defensivos 
alegando a desproporcionalidade da pena do furto qualificado 
pelo concurso de pessoas, que dobra a pena em relação ao 
furto simples. Assim, os mais garantistas alegam que seria 
mais justo aplicar a majorante de 1/3 até a ½ do roubo também 
para o furto qualificado, evitando-se assim o dobro da pena. 
Mas esta tese é rejeitada pelo STJ. 
 
Portanto, assertiva incorreta. 
 
b) No crime de roubo, para que seja aplicado o aumento de pena 
por emprego de arma de fogo, é imprescindível que tenham 
sido realizadas a apreensão e a perícia no artefato utilizado no 
crime. 
O STJ possui entendimento contrário, senão vejamos: 
PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO 
ESPECIAL. NÃO CABIMENTO. ROUBO QUALIFICADO PELO 
CONCURSO DE AGENTES E USO DE ARMA DE FOGO. 
DOSIMETRIA. PENA-BASE FIXADA ACIMA DO MÍNIMO 
LEGAL. MAUS ANTECEDENTES. AUMENTO DE 1/4. 
PROPORCIONALIDADE. AGRAVANTE DA REINCIDÊNCIA. 
BIS IN IDEM. NÃO OCORRÊNCIA. USO DE ARMA DE FOGO. 
APREENSÃO E PERÍCIA. DESNECESSIDADE. 
MAJORANTES. QUANTUM DE ACRÉSCIMO. ILEGALIDADE. 
SÚMULA 443 DESTA CORTE. 
(...) 
5. A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça consolidou 
o entendimento de que é prescindível a apreensão e perícia 
da arma de fogo para a caracterização de causa de 
aumento de pena quando outros elementos comprovem tal 
utilização. 
(...) 
(HC 181.004/SP, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA 
TURMA, julgado em 26/05/2015, DJe 08/06/2015) 
 
Portanto, assertiva incorreta. 
 
c) Se o agente for primário, a coisa for de valor reduzido e a 
qualificadora incidente for de ordem objetiva, será permitido o 
reconhecimento de furto privilegiado nos casos de crime de 
furto qualificado. 
 
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A assertiva traduz, exatamente, o entendimento consolidado do 
STJ que, em seu verbete sumular 511. assim aduz: 
 
“É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do 
art. 155 do CP nos casos de crime de furto qualificado, se 
estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno 
valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva”. 
 
Para o STJ, todas as qualificadoras do furto são de ordem 
objetiva, com exceção da fraude e do abuso de confiança. 
No nosso entendimento, todas são de natureza objetiva, sem 
exceção, pois todas dizem respeito à forma de execução do 
delito e não aos motivos. 
 
Portanto, a assertiva encontra-se correta. 
 
d) O crime de uso de documento falso será absorvido pelo crime 
de estelionato sempre que ambos forem praticados no mesmo 
contexto, ainda que o dano provocado ao patrimônio da vítima 
também alcance outros bens jurídicos. 
O entendimento predominante na Corte Cidadã, diante do quepreleciona seu enunciado sumular 17, é a seguinte: quando o 
falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, 
é por este absorvido. 
Contudo, percebam que não é o caso da assertiva, que deixa 
claro que o dano ao patrimônio da vítima também alcança 
outros bens jurídicos. Nesse sentido: 
 
PENAL. HABEAS CORPUS. USO DE DOCUMENTO FALSO. 
ESTELIONATO TENTADO.PRETENSÃO DE APLICAÇÃO DO 
PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO E DA SÚMULA 
17/STJ.INVIABILIDADE. POTENCIALIDADE LESIVA DO 
FALSO QUE NÃO SE EXAURE NAFRAUDE PERPETRADA. 
ORDEM DENEGADA. 1. Segundo dispõe o enunciado 17 da 
Súmula desta Corte, "quando o falso se exaure no estelionato, 
sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido". 2. 
Portanto, a contrário sensu, não haverá consunção entre 
crimes se o potencial lesivo da falsidade não se exaurir 
com implementação da conduta-fim, a fraude. 3. Na 
hipótese, o falso tinha fins outros que não apenas a fraude cuja 
consecução foi tentada com a apresentação de documentos 
contrafeitos. Sua potencialidade lesiva, portanto, não se 
exauriria não fosse a pronta interrupção da jornada 
delitiva, o que torna impossível a aplicação do princípio da 
consunção ou do enunciado sumular citado. 4. Ordem 
denegada, em conformidade com o parecer ministerial. 
(STJ - HC: 221660 DF 2011/0245493-8, Relator: MIN. MARCO 
AURÉLIO BELLIZZE, Data de Julgamento: 07/02/2012, T5 - 
QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 01/03/2012) 
 
Portanto, alternativa incorreta. 
 
e) Pode ocorrer o reconhecimento da insignificância da conduta 
em furto praticado com o rompimento de obstáculo. 
A jurisprudência do STJ segue entendimento contrário, senão 
vejamos: 
 
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. FURTO 
QUALIFICADO. ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO E INVASÃO 
DE RESIDÊNCIA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. 
INAPLICABILIDADE. 
(...) 
2. A prática de furto qualificado pelo rompimento de 
obstáculo e invasão de residência, como ocorreu in casu, 
denota maior reprovabilidade da conduta e evidencia a 
efetiva periculosidade do agente, o que afasta o 
reconhecimento da atipicidade material da conduta pela 
aplicação do princípio da insignificância. Precedentes. 
Agravo regimental a que se nega provimento. 
(AgRg no REsp 1224357/RS, Rel. Ministra MARILZA 
MAYNARD (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/SE), 
QUINTA TURMA, julgado em 14/05/2013, DJe 20/05/2013) 
 
Portanto, alternativa incorreta. 
 
 
07. Luiz, policial civil lotado em uma delegacia de polícia, 
deixou de dar andamento a inquérito no qual 
Francisco estava sendo investigado. Tal interrupção 
no andamento do inquérito deveu-se ao fato de Mauro, 
irmão de Francisco, ter pagado ao policial, 
voluntariamente, a quantia de dois mil reais. 
Nessa situação hipotética, Luiz cometeu, em tese, o 
crime de 
 
a) advocacia administrativa. 
O crime de advocacia administrativa está capitulado no art. 
321, CP, in verbis: 
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado 
perante a administração pública, valendo-se da qualidade de 
funcionário: 
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. 
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa. 
 
Percebe-se, aqui, que o núcleo do tipo é o verbo “patrocinar”, 
que, em outras palavras, quer dizer amparar, advogar ou 
defender. 
Ainda em análise a este tipo penal, tem-se que, de acordo com 
a melhor doutrina, referido patrocínio pode ser direto (quando 
exercido pelo próprio funcionário público) ou indireto (no qual o 
funcionário público vale-se de interposta pessoa) 
Analisando-se o que dispõe a assertiva, verifica-se que a 
conduta perpetrada pelo agente não se subsume à norma em 
comento, razão pela qual a assertiva encontra-se incorreta. 
 
b) prevaricação. 
O intitulado delito está capitulado no art. 319, CP, senão 
vejamos: 
 
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de 
ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para 
satisfazer interesse ou sentimento pessoal 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
 
Observa-se da conduta criminosa perpetrada por Luiz que, em 
que pese a elementar “deixar de praticar” esteja configurada, 
porquanto o agente deixou de dar andamento a inquérito no 
qual Francisco estava sendo investigado, não se pode 
inferir, pelo enunciado, que tal omissão tenha se dado 
para satisfação de interesse ou sentimento pessoal. 
Assertiva incorreta. 
 
 
 
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c) corrupção passiva. 
O delito em tela está inserido no art. 317, CP, in verbis: 
 
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou 
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, 
mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa 
de tal vantagem: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência 
da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de 
praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever 
funcional. 
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato 
de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido 
ou influência de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
 
Nestes termos, verifica-se que a conduta perpetrada pelo 
agente amolda-se perfeitamente ao tipo penal em tela, pois 
Luiz, funcionário público, recebeu vantagem indevida em razão 
de sua função pública. 
Assim, conclui-se pelo acerto da assertiva. 
 
d) peculato. 
O crime de peculato insere-se no art. 312, CP: 
 
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor 
ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem 
a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio 
ou alheio: 
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, 
embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, 
ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou 
alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a 
qualidade de funcionário. 
 
Cotejando-se a conduta do agente com o crime em tela, não há 
subsunção do fato à norma, razão pela qual a assertiva 
encontra-se incorreta. 
 
e) concussão. 
O crime de concussão está tipificado no art. 316, CP: 
 
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou 
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, 
mas em razão dela, vantagem indevida: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
 
Observa-se que a o núcleo do tipo é “exigir” e, tendo em vista 
que Luiz em momento algum, usando-se de suas prerrogativas 
de funcionário público, exigiu vantagem indevida, mas sim 
apenas a recebeu, sua conduta não se amolda ao delito de 
concussão. 
Portanto, alternativa incorreta. 
 
 
08. Cada uma das próximas opções apresenta uma 
situação hipotética sobre crimes previstos no Estatuto 
do Desarmamento, seguida de uma assertiva a ser 
julgada. Assinale a opção que apresenta a assertiva 
correta. 
 
a) Carlos foi preso em flagrante, durante o período de vigência da 
Lei n.º 10.826/2003 — prorrogada pela Lei n.º 11.922/2009 —, 
devido ao fato de a polícia ter encontrado, em um armário de 
sua residência, uma arma de fogo de uso restrito. Nessa 
situação, a conduta de Carlos caracterizou-se como atípica em 
razão da incidência de abolitio criminis temporária. 
O instituto da abolitio criminis temporária, no âmbito do 
Estatuto do desarmamento, materializa-se no art. 30 do 
referido diplomanormativo, in verbis: 
 
Art. 30. Os possuidores e proprietários de arma de fogo de 
uso permitido ainda não registrada deverão solicitar seu 
registro até o dia 31 de dezembro de 2008, mediante 
apresentação de documento de identificação pessoal e 
comprovante de residência fixa, acompanhados de nota fiscal 
de compra ou comprovação da origem lícita da posse, pelos 
meios de prova admitidos em direito, ou declaração firmada na 
qual constem as características da arma e a sua condição de 
proprietário, ficando este dispensado do pagamento de taxas e 
do cumprimento das demais exigências constantes dos incisos 
I a III do caput do art. 4o desta Lei. 
 
Observa-se que o legislador direcionou a sua aplicabilidade 
aos possuidores e proprietários de arma de fogo de uso 
permitido, não se estendendo aos que possuíam arma de fogo 
de uso restrito, como é o caso descrito pela assertiva. 
Portanto, a assertiva encontra-se incorreta. 
 
 
b) Bruno, militar da Aeronáutica, em um dia de folga, atirou com 
sua arma de fogo na rua onde residia e assustou moradores e 
transeuntes que passavam pelo local. Nessa situação, devido 
ao fato de Bruno ter praticado crime de disparo com arma de 
fogo, a causa do aumento de pena, prevista no Estatuto do 
Desarmamento, deverá ser aplicada na sentença durante a 
terceira fase da dosimetria. 
Esta é a alternativa correta, que, exigiu do candidato o cotejo 
entre dispositivos do Estatuto do desarmamento, senão 
vejamos. 
O delito de arma de fogo encontra-se no art. 15 do referido 
diploma: 
 
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar 
habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em 
direção a ela, desde que essa conduta não tenha como 
finalidade a prática de outro crime: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 
A conduta perpetrada por Bruno amolda-se perfeitamente ao 
tipo penal em comento. Ademais, frisa-se que o fato de o 
agente ser integrante das forças armadas é causa de aumento 
do crime cometido, conforme colaciona-se os dispositivos: 
 
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a 
pena é aumentada da metade se forem praticados por 
integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6o, 7o e 
8o desta Lei. 
 
Art.6º É proibido o porte de arma de fogo em todo o território 
nacional, salvo para os casos previstos em legislação própria e 
para: 
 
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 I – os integrantes das Forças Armadas; 
 
Em se tratando de causa de aumento de pena, aplica-se o art. 
68 do Código Penal, com análise na terceira fase da 
dosimetria. 
 
Destarte, a assertiva encontra-se acertada, não merecendo 
reparos. 
 
c) André guardou em sua residência, de janeiro de 2015 até sua 
prisão em flagrante na presente data, uma arma de fogo de uso 
permitido, devidamente municiada, mas com numeração de 
série suprimida. Nessa situação, André praticou o crime de 
posse irregular de arma de fogo de uso permitido e, por isso, 
deve ser punido com pena de detenção. 
André incorreu no crime de posse ou porte ilegal de arma de 
fogo de uso restrito, e não posse irregular de arma de fogo de 
uso permitido, senão vejamos: 
 
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito 
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em 
depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, 
emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou 
ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou 
restrito, sem autorização e em desacordo com determinação 
legal ou regulamentar: 
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: 
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal 
de identificação de arma de fogo ou artefato; 
 
 
Eis o precedente do TJDFT na Apelação Criminal 
20140810042532 em 14/05/2015. 
“Na hipótese dos autos, os policiais encontraram, na residência 
do réu, arma de fogo de uso permitido, mas com número de 
série suprimido por abrasão, conforme comprovado por laudo 
pericial. O fato de a arma ser de uso permitido, por si só, não 
constitui causa suficiente para desclassificar a conduta para o 
artigo 14 da Lei nº 10.826/03, de modo que deve ser mantida a 
sentença que o condenou como incurso no artigo 16, parágrafo 
único, inciso IV, da mesma lei, pois, a posse de arma com 
numeração raspada, suprimida ou adulterada constitui crime 
mais grave, por dificultar o controle estatal de circulação de 
armas de fogo”. 
 
No mesmo sentido é o entendimento do STJ (AgRg no 
REsp 1359671 / MG) 
 
Assim, encontra-se incorreta a assertiva. 
 
d) Ronaldo foi preso em flagrante imediatamente após efetuar — 
com intenção de matar, mas sem conseguir atingir a vítima — 
disparos de arma de fogo na direção de José. Nessa situação, 
Ronaldo cometeu homicídio na forma tentada e disparo de 
arma de fogo em concurso formal. 
 
Aplica-se o princípio da consunção ao caso em tela, tendo os 
disparos de arma de fogo sido utilizados em prol de objetivo 
outro, que era matar. Ademais, é elementar do tipo penal do 
art. 15 do Estatuto do Desarmamento que o disparo não seja 
realizado para a prática de outro crime. 
Portanto, a alternativa está incorreta. 
 
e) Júlio, detentor de porte de arma e proprietário de arma de fogo 
devidamente registrada, vendeu para Tiago, de quatorze anos 
de idade, uma arma, devidamente municiada, acompanhada do 
seu documento de registro. Nessa situação, ao permitir que o 
adolescente se apoderasse da arma de fogo, Júlio praticou o 
delito de omissão de cautela, previsto no Estatuto do 
Desarmamento. 
A conduta perpetrada por Júlio amolda-se ao tipo penal posse 
ou porte ilegal de arma de foto de uso restrito, senão vejamos: 
 
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito 
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em 
depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, 
emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou 
ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou 
restrito, sem autorização e em desacordo com determinação 
legal ou regulamentar: 
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: 
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, 
arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança 
ou adolescente; e 
 
Ademais, o delito de omissão de cautela é culposo, o que não 
diz respeito ao narrado na assertiva. 
 
Desta feita, encontra-se equivocada a assertiva. 
 
09. Cada uma das próximas opções apresenta uma 
situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser 
julgada à luz do CP, da Lei de Juizados Especiais (Lei 
n.º 9.099/1995) e da legislação penal especial. Assinale 
a opção que apresenta a assertiva correta. 
 
a) O policial civil Cristiano, durante o expediente de trabalho, 
algemou e conduziu Orlando a uma viatura, mediante ameaça 
com emprego de arma de fogo, e o manteve detido no veículo 
por oito horas devido ao fato de, anteriormente, eles terem tido 
um desentendimento. Nessa situação, a conduta de Cristiano 
caracterizou crime de constrangimento ilegal. 
Eis os comentários de Cléber Masson acerca do sujeito ativo 
do crime de constrangimento ilegal: 
 
“Pode ser qualquer pessoa (crime comum). Se o sujeito ativo 
for funcionário público, e o fato for cometido no exercício de 
suas funções, responderá por abuso de autoridade, na forma 
definida pelos arts. 2º e 3º da Lei 4.898/1965.” (MASSON. 
Cleber. Código penal comentado. 2ª Edição. rev. atualamp. 
São Paulo – Editora Método, 2014 p. 617) 
 
Assim, alternativa incorreta. 
 
b) Wesley foi preso em flagrante porque estava pescando em um 
local que, conforme prévia regulamentação do órgão 
competente, era interditado para a pesca. Nessa situação, o 
crime descrito constitui delito de menor potencial ofensivo, 
razão por que, caso preencha os requisitos subjetivos exigidos, 
Wesley poderá ser beneficiado pela transação penal. 
A definição de crime de menor potencial ofensivo encontra-se 
inserida no art. 61 da Lei. 9.099/95, in verbis: 
 
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Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial 
ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e 
os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 
(dois) anos, cumulada ou não com multa. 
 
Assim, verifica-se que o delito em tela (art. 34, Lei 9.605/98) 
possui pena máxima superior ao elencado pela Lei supracitada, 
não preenchendo, portanto, o requisito legal, senão vejamos: 
 
Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em 
lugares interditados por órgão competente: 
Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as 
penas cumulativamente. 
 
Desta forma, forçoso concluir pelo desacerto da assertiva. 
 
c) Téo, réu primário e sem quaisquer antecedentes, foi preso em 
flagrante por ter cometido o delito de furto simples. Nessa 
situação, como o crime de furto não é de competência do 
juizado especial criminal, Téo não poderá ser beneficiado pela 
suspensão condicional do processo. 
Uma vez que o crime de furto simples possui pena máxima 
cominada superior a 2 (dois) anos, não sendo considerado, 
portanto, delito de menor potencial ofensivo, de fato, não é de 
competência do juizado especial criminal o seu processamento 
e julgamento. 
Entretanto, o Instituto da suspensão condicional do processo 
possui aplicabilidade a crimes não insertos na competência do 
JEC, possuindo requisitos próprios, conforme se extrai da 
própria norma, em seu art. 89, in verbis: 
 
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for 
igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, 
o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a 
suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o 
acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido 
condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que 
autorizariam a suspensão condicional da pena. 
 
Destarte, como o crime de furto simples possui pena mínima 
cominada de 1 (um) ano (art. 155, CP), denota-se que Téo 
poderá ser beneficiado pela suspensão condicional do 
processo. 
Alternativa incorreta. 
 
d) Gabriel estava recolhendo, em via pública, apostas de 
transeuntes para o jogo de azar conhecido como jogo do bicho 
e, imediatamente após anotar a aposta realizada por Ângelo, 
foi abordado por policiais. Nessa situação, a conduta de 
Gabriel é tipificada como contravenção penal, ao passo que a 
conduta de Ângelo é caracterizada como atípica. 
É de se dizer que a conduta pratica por Ângelo afigura-se 
típica, pois amolda-se ao tipo penal estabelecido pelo art. 58 
da Lei de Contravenções Penais, senão vejamos: 
 
Art. 58. Explorar ou realizar a loteria denominada jogo do bicho, 
ou praticar qualquer ato relativo à sua realização ou 
exploração: 
Pena – prisão simples, de quatro meses a um ano, e multa, de 
dois a vinte contos de réis. 
Parágrafo único. Incorre na pena de multa, de duzentos mil réis 
a dois contos de réis, aquele que participa da loteria, visando a 
obtenção de prêmio, para si ou para terceiro. 
 
Portanto, a assertiva encontra-se incorreta. 
 
e) Januário, maior e capaz, burlou, juntamente com José e 
Ricardo, ambos menores de dezoito anos, todos com unidade 
de desígnios, a vigilância de uma loja de departamentos e dela 
subtraíram, em horário comercial, três aparelhos de DVD 
novos. Os três foram presos em flagrante, na residência de 
José, duas horas depois de terem cometido o delito. Nessa 
situação, se ausentes quaisquer excludentes e comprovados 
os fatos, Januário deverá ser condenado por crime de furto 
qualificado e dois delitos de corrupção de menores, todos em 
concurso formal. 
A assertiva é a correta. 
A qualificadora do furto está presente, pois cometido o delito 
mediante concurso de duas ou mais pessoas, como disciplina o 
CP em seu art. 155, §4º, IV: 
 
Furto qualificado 
(...) 
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o 
crime é cometido: 
(...) 
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. 
 
O delito de corrupção de menores também está tipificado, 
conforme denota-se do cotejo da conduta de Januário com o 
que estabelece o art. 244-B do Estatuto da Criança e do 
Adolescente: 
 
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 
(dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-
o a praticá-la: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. 
 § 1o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem 
pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de quaisquer 
meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet. 
§ 2o As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas 
de um terço no caso de a infração cometida ou induzida estar 
incluída no rol do art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 
1990. 
 
Ademais, como os delitos em destaque foram cometidos 
cumprindo os requisitos da aplicação do concurso formal, quais 
sejam, unidade de conduta e pluralidade de resultados, merece 
guarida a sua aplicação (art. 71, CP). Neste sentido o 
precedente do TJDFT na Apelação Criminal 20140111329242 
em 07/05/2015. 
“Quando almejada a produção de um único resultado, dois ou 
mais delitos são cometidos pelo agente que, mediante uma só 
ação, corrompe adolescente, com ele praticando crime contra o 
patrimônio, aplica-se a regra do concurso formal próprio na 
unificação das penas (artigo 70, caput, 1ª parte, do Código 
Penal), salvo se o cúmulo material for mais benéfico. 
Precedentes do colendo STJ e desta eg. Corte de Justiça”. 
Portanto, a assertiva mostra-se acertada”. 
 
10. Assinale a opção correta à luz da Lei n.º 11.343/2006 
(Lei de Drogas), do CP e da jurisprudência do STF. 
 
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a) O crime de associação para o tráfico, caracterizado pela 
associação de duas ou mais pessoas para a prática de alguns 
dos crimes previstos na Lei de Drogas, é delito equiparado a 
crime hediondo. 
A jurisprudência da Corte Cidadã sedimentou entendimento 
contrário: 
EMENTA: Crimes hediondos (L. 8.072/90): regime fechado 
integral (art. 2º, § 1º), de constitucionalidade declarada pelo 
Plenário (ressalva pessoal do relator): inaplicabilidade, 
porém, da regra proibitiva da progressão ao condenado 
pelo delito de associação incriminado no art. 14 da Lei de 
Entorpecentes, inconfundível com o de tráfico, tipificado 
no art. 12, único daquele diploma a que se aplica a Lei dos 
Crimes Hediondos. 
(HC 75978, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, 
Primeira Turma, julgado em 12/05/1998, DJ 19-06-1998 PP-
00002 EMENT VOL-01915-01 PP-00034) 
 
 
No mesmo sentido o Superior Tribunal de Justiça: 
HABEAS CORPUS. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO DE 
ENTORPECENTES. NATUREZA HEDIONDA. NÃO 
CARACTERIZAÇÃO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO NO ROL 
TAXATIVO DO ARTIGO 2º DA LEI 8.072/90. POSSIBILIDADE 
DE FIXAÇÃO DO MODO INICIAL DE EXECUÇÃO DA PENA 
ACORDO COM AS REGRAS DO CÓDIGO PENAL.REGIME 
FECHADO. MODUS OPERANDI. GRAVIDADE CONCRETA.ESCOLHA JUSTIFICADA. AUSÊNCIA DE 
CONSTRANGIMENTO ILEGAL. 
1. O crime de associação para o tráfico não é equiparado a 
hediondo, uma vez que não está expressamente previsto 
no rol do artigo 2º da Lei 8.072/90, permitindo, assim, a 
imposição do regime prisional de acordo com as regras 
estabelecidas no art. 33 do Código Penal. 
(...) 
(HC 123.945/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA 
TURMA, julgado em 06/09/2011, DJe 04/10/2011) 
 
Portanto, alternativa incorreta. 
 
b) O crime de porte de entorpecentes para consumo pessoal, sem 
autorização ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar, está sujeito aos prazos prescricionais do CP. 
Não há que se falar em sujeição aos prazos prescricionais do 
CP no tocante aos crimes regulados pela Lei no 11.343/06, 
porquanto, nesse aspecto, possui disciplina própria. 
O art. 30 da lei em comento assim aduz: 
 
Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a 
execução das penas, observado, no tocante à interrupção do 
prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal. 
 
Assim, encontra-se incorreta a assertiva. 
 
c) instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga, poderá 
ser aplicada causa de redução de pena se o agente for 
primário, tiver bons antecedentes e não se dedicar a atividades 
criminosas ou integrar organização criminosa. 
Há, de fato, na Lei de drogas, esta causa especial de redução 
de pena, com os requisitos descritos na assertiva, a qual 
afigura-se direito subjetivo do réu quando presente seus 
requisitos. 
Contudo, tal causa especial de redução de pena não se aplica 
ao crime da assertiva, conforme denota-se do dispositivo 33, 
da Lei 11.343/06: 
 
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, 
fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em 
depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, 
ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que 
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar: 
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento 
de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. 
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: 
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, 
expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, 
traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem 
autorização ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico 
destinado à preparação de drogas; 
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em 
desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas 
que se constituam em matéria-prima para a preparação de 
drogas; 
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a 
propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou 
consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, 
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou 
regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas. 
(...) 
§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, 
as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois 
terços, vedada a conversão em penas restritivas de 
direitos, desde que o agente seja primário, de bons 
antecedentes, não se dedique às atividades criminosas 
nem integre organização criminosa. 
 
Portanto, assertiva incorreta. 
 
d) Quanto aos crimes previstos na Lei de Drogas, será isento de 
pena o agente que, por ser dependente de drogas, for, ao 
tempo do fato, totalmente incapaz de entender o caráter ilícito 
da ação praticada. 
Assertiva correta, pois consentânea com o disposto no art. 45 
da lei em destaque, senão vejamos: 
 
Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da 
dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou 
força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da 
omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, 
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de 
determinar-se de acordo com esse entendimento. 
 
e) Os crimes previstos na Lei de Drogas são insuscetíveis de 
anistia, graça e indulto, sendo impossível, àqueles que os 
praticarem, a concessão de liberdade provisória. 
A Lei de Drogas, de fato, traz esta previsão para determinados 
crimes previstos em seu diploma, conforme disciplina o art. 44. 
Entretanto, o STF, desde 2012, possui entendimento de que o 
artigo supramencionado, na sua parte final, que veda a 
 
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concessão de liberdade provisória, encontra-se eivado de 
inconstitucionalidade: 
 
“O Plenário, por maioria, deferiu parcialmente habeas corpus 
— afetado pela 2ª Turma — impetrado em favor de condenado 
pela prática do crime descrito no art. 33, caput, c/c o art. 40, III, 
ambos da Lei 11.343/2006, e determinou que sejam apreciados 
os requisitos previstos no art. 312 do CPP para que, se for o 
caso, seja mantida a segregação cautelar do 
paciente. Incidentalmente, também por votação majoritária, 
declarou a inconstitucionalidade da expressão "e liberdade 
provisória", constante do art. 44, caput, da Lei 11.343/2006 
("Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta 
Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, 
anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas 
penas em restritivas de direitos"). A defesa sustentava, além da 
inconstitucionalidade da vedação abstrata da concessão de 
liberdade provisória, o excesso de prazo para o encerramento 
da instrução criminal no juízo de origem. 
(HC 104339/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, 10.5.2012. (HC-
104339) 
 
Portanto, a assertiva está incorreta. 
 
 
11. Com intuito de conseguir dinheiro, João, imputável, 
ficou escondido nas proximidades de uma parada de 
ônibus e, armado com uma faca, abordou Maria, de 
vinte e um anos de idade, grávida de sete meses, 
assim que ela desceu do ônibus, em via pública, 
ordenando-lhe que lhe entregasse sua bolsa e seu 
celular. Maria não o fez e, por isso, João a esfaqueou, 
conseguindo, então, levar os objetos desejados. Em 
decorrência dessas lesões, Maria e o bebê morreram 
cerca de dez horas após o ocorrido. João foi 
identificado, processado e, depois do trâmite regular 
do processo, condenado em caráter definitivo. 
 
a) homicídio doloso contra Maria, qualificado por motivo torpe e 
por recurso que dificultou a defesa da vítima, bem como 
homicídio culposo contra o feto. 
As tipificações dos delitos cometidos por João encontram-se 
incorretas, senão vejamos: 
Não há que se falar em crime de homicídio doloso, porquanto a 
intenção precípua do agente, in casu, é a subtração de coisa 
móvel alheia, conforme denota-se do enunciado. Para isto, 
utilizou-se de violência o agente, configurando-se, portanto, 
crime de roubo (art. 157, CP). E, como da violência resultou a 
morte da vítima, tem-se que se enquadra o agente no delito de 
roubo qualificado pelo resultado morte: 
 
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, 
mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de 
havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de 
resistência: 
 Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
(...) 
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de 
reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta 
morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da 
multa. 
 
No que tange à tipificação do crime de homicídio culposo 
contra feto, tem-se por incorreta, pois o delito de homicídio tem 
como objeto material o ser humano e, portanto, configura-sequando há supressão da vida extrauterina. Observa-se que, se 
a vítima humana for intrauterina, configurar-se-á o delito de 
aborto. 
Portanto, assertiva incorreta. 
 
b) Homicídio doloso contra Maria, qualificado por motivo torpe e 
por recurso que dificultou a defesa da vítima, cuja pena deve 
ser agravada devido ao fato de o crime ter sido praticado 
contra mulher grávida. 
Pelas mesmas razões aduzidas nos comentários tecidos na 
assertiva anterior, não há que se falar em crime de homicídio 
no caso em tela. 
Alternativa incorreta. 
 
c) roubo circunstanciado pelo uso de arma, crime punido com 
pena pecuniária e pena de reclusão agravada pelo fato de ter 
sido praticado contra mulher grávida e com recurso que 
dificultou a defesa da vítima. 
De fato, o crime perpetrado é o de roubo, contudo, pela 
especificidade da conduta, que gerou a morte da vítima, incide 
a qualificadora do §3º do art. 157, CP, como visto nos 
comentários da assertiva “a”. 
Portanto, assertiva incorreta. 
 
d) latrocínio consumado, delito punido com pena pecuniária e 
pena de reclusão que deve ser agravada por ter sido praticado 
contra mulher grávida mediante recurso que dificultou a defesa 
da vítima. 
Alternativa correta. 
A transcrição da assertiva traduz, acertadamente, a tipificação 
penal em que incorrerá o agente. Conforme aduziu-se nos 
comentários da assertiva “a”, pelos cumprimentos das 
elementares do tipo fica configurado o crime de latrocínio 
consumado, pois, sendo tal delito considerado crime complexo, 
por resultar na fusão de dois crimes, tem, na figura do crime de 
roubo, o crime fim, e, no crime de homicídio, o crime meio. 
No tocante ao fato de a vítima encontrar-se grávida, observa-se 
que, de fato, o CP, em seu art. 61, II, “h”, disciplina a gravidez 
como agravante genérica do crime: 
 
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, 
quando não constituem ou qualificam o crime: 
 (...) 
II - ter o agente cometido o crime: 
(...) 
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou 
mulher grávida; 
 
Frise-se que a ciência da gravidez, pelo agente, é condição 
imprescindível para que incorra na agravante supracitada, pois 
não se admite, no âmbito do Direito Penal, a responsabilidade 
objetiva. 
Portanto, alternativa correta. 
 
e) homicídio doloso contra Maria e contra o feto, qualificado por 
motivo torpe e por uso de recurso que dificultou a defesa da 
vítima. 
 
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Não há que se falar em crime de homicídio, pelos comentários 
aduzidos nas assertivas anteriores. Alternativa incorreta.

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