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Déficit e Inadequação Habitacional - IPPUR/UFRJ

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_______________________________________________________ 
 
 
 
 
NECESSIDADES HABITACIONAIS 
 
 
DÉFICIT HABITACIONAL 
 
& 
 
INADEQUAÇÃO HABITACIONAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
SETEMBRO 2003 
 
 
 
 
 
 
Coordenação 
Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro 
Adauto Lúcio Cardoso 
Luciana Corrêa do Lago 
Pesquisa – Tabulação – Geoprocessamento 
Peterson Leal Pacheco 
Marcelo Nicoll Pires 
Henrique Rezende de Castro 
Paulo Renato Faria Azevedo 
NOTA À PROGRAMAÇÃO DAS NECESSIDADES HABITACIONAIS 
 
O esforço, no sentido de produzir um instrumento concreto de análise sobre as 
necessidades sociais em termos de moradia, se apresenta como fundamental iniciativa para a 
formulação de novas bases de estudo sobre a questão da habitação, contribuindo para o 
debate teórico desse objeto. Bem como, também, pode ser importante ferramenta no auxílio à 
formulação e implementação de políticas públicas orientadas a combater o problema da 
moradia. 
A tarefa de organizar dados empíricos a respeito de determinadas características da 
situação habitacional no Brasil cumpre, portanto, o objetivo de disponibilizar material útil à 
análise das questões sobre a habitação e algumas de suas configurações. A proposta é discutir 
alguns indicadores, que têm como fonte pesquisas consolidadas e amplamente discutidas, que 
permitam inferir sobre o fenômeno habitacional em algumas de suas dimensões. Trata-se de 
sugerir um conjunto de resumos estatísticos que sirvam de ferramenta para a composição das 
Necessidades Habitacionais no Brasil. 
Para a determinação das necessidades habitacionais é preciso que sejam estabelecidos 
parâmetros mínimos de habitabilidade, a partir dos quais possam ser mensurados o tamanho e 
a natureza dos problemas habitacionais locais. Nesse sentido destaca-se que o processo de 
definição desses parâmetros é influenciado por modos específicos de se perceber a questão 
da habitação e os problemas que suscitam dela. De maneira que a cada padrão definido 
corresponderá uma opção de olhar a problemática da população. 
No âmbito do Observatório de Políticas Urbanas e Gestão Municipal (IPPUR/UFRJ–
FASE) nosso estudo toma como referência analítica o trabalho desenvolvido pela Fundação 
João Pinheiro (“O Déficit Habitacional no Brasil”, Belo Horizonte, 1995), onde se busca 
estabelecer parâmetros de habitabilidade, tomando como base as variáveis censitárias. Para 
efeito da produção de tais parâmetros se impõe a tarefa de manipular as bases censitárias com 
o objetivo de estabelecer relações entre algumas de suas variáveis afim de que resultem em 
novos indicadores. Os Censos são pesquisas importantes para a realização desta tarefa dado 
o seu caráter ampliado ( a cobertura do Censo permite inferir estimativas em níveis bem 
desagregados, como os municípios ), ainda contam com uma gama interessante de questões ( 
variáveis, na linguagem utilizada na pesquisa ), têm periodicidade definida e são, relativamente, 
bem disseminadas para a sociedade. A preocupação em relacionar essas variáveis 
censitárias1, obedecendo aos critérios teóricos definidos2, exige a elaboração de uma instrução 
técnica3 que, ao indicar a maneira como essas variáveis se articulam para a composição dos 
componentes das Necessidades Habitacionais, simplifique o trabalho de produção desses 
novos indicadores e que seja base para a aplicação da mesma metodologia nas várias bases 
de dados disponíveis, como por exemplo os Censos Demográficos e Pesquisa Nacional por 
 
1 Importante conferir documentação do Censo para compreensão das variáveis disponíveis. 
2 Vale conferir CARDOSO, Adauto Lúcio. Notas Metodológicas sobre o déficit habitacional.[Rio de 
Janeiro:IPPUR/UFRJ, 2001]. 
3 No caso do trabalho desenvolvido pelo METRODATA as instruções técnicas são em formato de sintaxe de 
programação desenvolvida em linguagem computacional particular ao software estatístico SPSS. 
Amostra de Domicílios. Tais instruções se prestam, ainda, para a necessária explicitação dos 
caminhos percorridos até a produção dos indicadores habitacionais almejados. Bem como são 
material de replicação da metodologia adotada, expediente que busca conferir transparência e 
possibilidade de conferência das estimativas que serão apresentadas. 
A programação ( conjunto de instruções ) das Necessidades Habitacionais obedece, 
portanto, a uma rotina que objetiva organizar indicadores capazes de compor um quadro 
sistematizado dos diferentes componentes das necessidades habitacionais. As relações que 
são estabelecidas entre as muitas variáveis buscam definir e quantificar cada um desses 
elementos. Temos então a possibilidade de calcular, com o apoio desses indicadores, as 
necessidades habitacionais e também perceber a distinção entre seus componentes. Logo, a 
“programação” das instruções que geram os indicadores das necessidades habitacionais 
obedece a concepção dos componentes desse trabalho. 
Este trabalho propõe o conceito de necessidades habitacionais, que teria em um 
caráter mais amplo, duas dimensões: 
 
• Déficit Habitacional, correspondendo à necessidade de reposição total de unidades 
precárias e ao atendimento à demanda não solvável nas condições dadas de mercado; 
• A Inadequação, que aponta para a necessidade de melhoria de unidades habitacionais 
com determinados tipos de precarização. 
 
O conjunto das Necessidades Habitacionais seria estabelecido, portanto, pela análise 
articulada do Déficit Habitacional e da Inadequação. As estimativas produzidas, resultado 
material da manipulação das bases de dados orientadas pelas instruções técnicas, servem de 
indicativo da dimensão dos problemas habitacionais definidos como componentes das 
Necessidades Habitacionais. Essas estimativas, totais de domicílios com atributos que os 
definem como deficitários ou inadequados, podem ser tomadas como quantidades reveladoras 
das dimensões de cada indicador componente das Necessidades Habitacionais. De maneira 
que, além contarmos com totais de domicílios com os atributos que os definam em cada 
componente das situações de déficit ou inadequação, a estrutura desses indicadores permite 
combiná-los ( somas diretas ) para composição de situações mais gerais. Quer dizer, além da 
oportunidade de trabalhar com os quantitativos resultantes de cada componente das situações 
de déficit ou inadequação é possível proceder uma agregação desses componentes a fim de 
obtermos resultados mais sintéticos acerca das Necessidades Habitacionais. Para melhor 
compreensão desses componentes e das possibilidades de agregação entre eles é importante 
descrevê-los, mesmo que topicamente. 
Antes, no entanto, de passar a apresentação resumida dos componentes das situações 
de déficit e inadequação vale retomar que a eleição das variáveis segue a orientação da 
metodologia trazida pela Fundação João Pinheiro. Cabe ressaltar, porém, que embora 
tomando como ponto de partida o trabalho da Fundação João Pinheiro, foram feitas algumas 
pequenas modificações na classificação dos problemas habitacionais bem como nos 
parâmetros de habitabilidade mínimos. 
Uma pequena distinção entre critérios da Fundação João Pinheiro e aqueles 
apresentados nesse trabalho diz respeito aos atributos de carência ou deficiência na infra-
estrutura do domicílio no que diz respeito ao parâmetro de coleta de lixo. Neste trabalho a 
variável coleta de lixo é classificada de maneira distinta, variando de acordo com a situação de 
localização do domicílio. Quer dizer, se um domicílio é localizado na zona urbana ele recebe 
uma classificação diferente de um outro localizado na zona rural. O sentido dessa distinção 
parece, sobretudo, se pautar pelas condiçõesde infra-estrutura entre as áreas rurais e urbanas 
no Brasil. E ainda práticas ou usos que já se estabeleceram no campo no que diz respeito ao 
aterramento do lixo. 
Uma segunda distinção importante entre os critérios da Fundação João Pinheiro e a que 
se apresenta aqui diz respeito ao total de variáveis disponíveis para análise. Em 2001 o 
trabalho “Déficit Habitacional no Brasil – 2000”, apresenta resultados do déficit para algumas 
escalas espaciais e um conjunto de indicadores. Nesse projeto a FJP se pautou na Pnad4 de 
1999 para estimar resultados comparáveis com aqueles obtidos pelo Censo de 1991. Isso 
possibilitou a Fundação João Pinheiro utilizar algumas variáveis, como por exemplo, valor 
aluguel do domicílio ou material utilizado na construção do domicílio. São variáveis existentes 
no questionário da amostra do Censo de 1991 e replicados nas Pnads. Como o trabalho 
desenvolvido pelo Metrodata se baseia no Censo de 2000 precisamos suprimir essas variáveis 
da metodologia dado que os questionários desse Censo não mais contemplam esse tipo de 
questão. Isso implica, do ponto de vista prático, uma distinção razoável entre a metodologia da 
Fundação João Pinheiro e que segue apresentada aqui5. Além das variáveis inexistentes na 
base de dados do Censo 2000 os resultados da FJP ainda contam com estimativas que não 
incorporamos em nossa metodologia. São dados referentes, por exemplo, a rusticidade dos 
domicílios e sua depreciação. Sobretudo em relação ao componente que trata da depreciação 
do domicílio não temos condições de estimar, nem por aproximação, esse quantitativo. Isso por 
se tratar de dimensão calculada a partir de dados obtidos por pesquisas próprias da Fundação 
João Pinheiro. 
 Apresentamos, a seguir, as descrições mais gerais dos componentes das 
“Necessidades Habitacionais”. 
 
Déficit Habitacional: 
Tomando como referência a base de informações do IBGE, o déficit habitacional, no que 
se refere às condições de moradia, é composto por 3 elementos: 
 
 
4 Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - IBGE 
5 Conferir quadro comparativo entre FJP e o OBSERVATÓRIO, ANEXO II. 
1. Domicílios improvisados – construções para fins não residenciais, mas que estavam 
servindo de moradia por ocasião do Censo. 
 
2. coabitação familiar – representa a insuficiência do estoque habitacional para atender 
à demanda, compreendendo a convivência de mais de uma família no mesmo domicílio 
(famílias conviventes6) ou o aluguel de quartos ou cômodos para moradia de outras famílias. 
 
3. Cômodo cedido ou alugado – indica cômodos cedidos ou alugados. Ou seja, 
cômodos para o domicílio localizado em casa de mais cômodos, cortiço, cabeça-de-porco, etc 
e que foram considerados alugados, cedidos por empregador ou cedidos por particular. 
 
O déficit, na forma como definido aqui, conta com três componentes que são exclusivos 
entre si. Isso implica na possibilidade de soma direta desses componentes para a obtenção de 
quantidades sintéticas do Déficit Habitacional. Portanto além de se prestarem à análise 
particular, esses componentes somados, podem der usados como indicativo da amplitude 
necessária a programas habitacionais que se prestem ao objetivo de diminuir a demanda por 
novas unidades habitacionais.7 
 
Inadequação: 
As moradias classificadas como inadequadas são aquelas que necessitam de 
melhoramentos para que alcancem um padrão mínimo de habitabilidade, definido a partir de 
critérios de qualidade da infra-estrutura de serviços, relacionados ao ambiente em que a 
moradia está inserida, e quantitativa de cômodos do domicílio em relação ao tamanho da 
família. 
As moradias classificadas como inadequadas podem ter problemas relacionados ao 
acesso à infra-estrutura ou ao adensamento excessivo: 
Os problemas de acesso à infra-estrutura, por sua vez, podem ser de carência de 
alguma de suas modalidades (iluminação, abastecimento de água, instalação sanitária ou 
destino do lixo), ou relacionado a algum tipo de deficiência no acesso, ou seja, aquelas que 
têm infra-estrutura mínima, porém de forma deficiente. Os critérios de inadequação habitacional 
por infraestrutura (carência e deficiência) são apresentados no quadro denominado anexo I.
 Para caracterizar as habitações com adensamento excessivo foi considerada a 
 
6 O pressuposto do conceito de famílias conviventes é o de que, para cada família, deve haver a disponibilidade de 
pelo menos uma unidade habitacional. Esse pressuposto poderia ser criticado, tendo em vista a sobrevivência, 
principalmente nos meios populares, das famílias ampliadas. Isso implicaria na necessidade de se investigar em que 
medida a coabitação é uma opção voluntária ou um constrangimento gerado pela limitação do mercado de moradias. 
Dada a impossibilidade de se estabelecer parâmetros quantitativos que estabelecessem essa diferenciação, sem o 
recurso a uma pesquisa de campo, decidiu-se manter esse indicador, conforme estabelecido pela Fundação João 
Pinheiro. 
7 A demanda por novas unidades habitacionais não se configura apenas pelo déficit habitacional. Outras dimensões 
importantes, como por exemplo a demográfica, precisam ser consideradas em termos de políticas públicas. O Déficit 
Habitacional se presta a “apontar” uma demanda que se pauta pela precariedade de moradia de unidades “existentes”. 
densidade de moradores por domicílio urbano, excluindo-se aqueles com presença de famílias 
conviventes ou quartos/cômodos alugados, para não haver sobreposição com a coabitação 
familiar, componente do déficit. Tomou-se como suportável o limite de até 3 moradores por 
dormitório, nas casas e apartamentos urbanos. 
A Inadequação articula dois componentes que não são mutuamente exclusivos. Isso 
significa que a combinação desses componentes, a inadequação por infra-estrutura e a 
inadequação por adensamento excessivo, precisa ser compreendida não como caminho para 
se chegar ao número de domicílios em situação de inadequação mas um contingente de ações 
públicas que se prestem ao resgate das condições de habitabilidade desse conjunto de 
domicílios. 
O adensamento e a infra-estrutura são dimensões distintas de uma mesma questão 
habitacional. Quer dizer, não há filtro para a situação de adensamento no caso de outro tipo de 
inadequação também se fazer presente em um dado domicílio. É Importante notar que os 
arquivos que o Metrodata disponibiliza não apresentam os resultados da inadequação 
somados. Isso significa que tratamos a inadequação distinguindo seu tipo de depreciação. 
Todos os resultados (tabelas e gráficos) separam a inadequação por infra-estrutura e por 
adensamento. Isso não significa que não exista hipótese de soma possível. Um domicílio com 
inadequação dupla(infra-estrutura e adensamento) requer uma dupla ação pública para 
“reativar” as condições de moradia dessa unidade, portanto, fica legitimada a contagem dupla. 
Quer dizer, não se trata de intervenção em dois domicílios e sim de uma dupla intervenção na 
mesma unidade. Em um primeiro momento é importante observar as estimativas particulares 
para cada componente da Inadequação Habitacional. E a soma direta desses componentes, se 
realizada, precisa ser compreendida na sua significação mais adequada. Ou seja, não se 
produz, pela soma simples da inadequação por adensamento e por infra-estrutura, uma 
quantidade de domicílios com atributo de inadequação. Quando essa soma é realizada o 
resultado pode ser entendido como a necessidade de ações, intervenções públicas, no sentido 
de adequar as condições de moradia. 
Essa mesma lógica só não se reproduz nas situações de inadequação por infra-estrutura 
porque esse tipo de “ausência” decondições de habitabilidade é tratado não de forma 
segmentada, mas sim integrada. Melhor dizendo, apresentamos os resultados da inadequação 
por infra-estrutura separada da inadequação por adensamento, por que não distinguir, na 
situação de inadequação por infra-estrutura, a carência e a deficiência ? Parece que o 
tratamento dispensado à inadequação por infra-estrutura pressupõe intervenções integradas de 
políticas. A ação pública necessária em um domicílio inadequado por infra-estrutura é de 
SANEAMENTO, que quer dizer condições adequadas de oferta dos serviços elementares de 
água, escoadouro sanitário e coleta de lixo. Daí se um determinado domicílio é carente ou 
deficiente, do ponto de vista da ação pública, a necessidade é de uma ação apenas. Se um 
domicílio sofre carência de coleta de lixo e deficiência de escoadouro sanitário, por exemplo, 
ele requer uma ação de saneamento. Dessa forma a Inadequação por infra-estrutura é 
apresentada como resultado da combinação dos tipos de carência e deficiência. Esses 
subcomponentes da Inadequação ( por infra-estrutura ) são mutuamente exclusivos. Decorre 
disso que é perfeitamente aplicável, para este caso, a soma direta das dimensões de carência 
e deficiência para estimar uma quantidade de domicílios com inadequação quanto à infra-
estrutura. De sorte que a Inadequação conta com uma dimensão que trata do adensamento no 
domicílio e outra que trata da precariedade na oferta de serviços básicos de infra-estrutura. 
 
Uma descrição, de forma detalhada dos componentes do déficit e da inadequação, é 
apresentada a seguir. A descrição mais apurada das variáveis que são consideradas para a 
produção de cada componente desse trabalho pode ser mais bem definida na documentação 
dos microdados da amostra do Censo de 2000.8 Os rótulos, apresentados em negrito a seguir, 
estão disponíveis apenas em arquivos especiais disseminados pelo Observatório, portanto não 
compõem os quadros divulgados pela página na internet. 
 
Carência habitacional por infra-estrutura – ( para domicílios particulares permanentes ) 
 
car_agu : Quando o abastecimento de água do domicílio não contar com rede geral ou 
poço/nascente, por exemplo, abastecido por água das chuvas, carro pipa, fonte/poço ou bica 
fora da propriedade, etc., este será registrado como domicílio carente de infra-estrutura por 
abastecimento de água. 
 
car_ilu : Quando a iluminação existente no domicílio não fosse obtida por iluminação 
elétrica, proveniente ou não de uma rede geral, com ou sem medidor ou relógio que registre o 
consumo exclusivo do domicílio. 
 
car_ins : Quando a instalação sanitária do domicílio não existir ou o tipo de escoadouro 
for classificado como vala negra ou outro ( quando fossem usados como escoadouro rios, 
lagos, etc ) este domicílio será registrado como domicílio carente de infra-estrutura por 
instalação sanitária. 
 
c_lixurb : Quando o domicílio, localizado em área urbana, e o destino do lixo é 
caracterizado como : queimado, jogado em terreno baldio, enterrado, jogado em rio – lago - 
lagoa ou mar, ou ainda o destino do lixo fosse outro que não a coleta, este domicílio será 
registrado como domicílio carente de infra-estrutura por destino do lixo. 
 
 
8 Os códigos que usamos no ANEXO I são referentes ao dicionário de variáveis do Censo 2000. 
c_lixrur : Quando o domicílio, localizado em área rural e o destino do lixo é caracterizado 
como : queimado, jogado em terreno baldio, jogado em rio – lago - lagoa ou mar, ou ainda o 
destino do lixo fosse outro que não a coleta, este domicílio será registrado como domicílio 
carente de infra-estrutura por destino do lixo. 
 
carente : Quando o domicílio se enquadrasse em qualquer uma das opções de carência 
por infra-estrutura. Esse indicador permite , entre os domicílios com carência, estipular uma 
contagem simples que não permita redundância ( registros com mais de uma situação de 
carência são contabilizados apenas uma única vez ). 
 
Deficiência habitacional por infra-estrutura ( para domicílios particulares permanentes )9 
 
def_agu : Domicílios cujo o abastecimento de água fosse realizado por rede geral sem 
canalização ou poço/nascente sem canalização foram considerados deficientes, em função do 
tipo de abastecimento de água. 
def_ins : Domicílios com instalação sanitária classificada como fossa rudimentar foram 
considerados deficientes, em função do tipo de instalação sanitária. 
 
d_lixurb : Domicílios, em área urbana, com o destino do lixo classificado como coleta 
indireta foram considerados deficientes. 
 
d_lixrur : Domicílios, em área rural, com o destino do lixo classificado como enterrado 
(diretamente na área do domicílio ou fora dela) foram considerados deficientes. 
 
Há, na programação das necessidades habitacionais, uma instrução que gera os casos 
de famílias conviventes. A idéia é encontrar uma família convivente pela seguinte estratégia. 
Verifica-se se o chefe da família não é chefe do domicílio. Neste caso vale lembrar a 
convenção de que cada domicílio e cada família têm necessariamente um único chefe. Se a 
pessoa identificada como chefe de família não for ao mesmo tempo chefe do Domicílio 
podemos caracterizá-lo como chefe de uma família convivente. 
É também parte integrante da referida programação uma instrução que cria faixas de 
renda familiar. São 4 faixas; até 2 salários mínimos, de 2 até 5 SM, de 5 até 10 SM e renda 
familiar maior que 10 salários mínimos. A renda familiar utilizada para compor essas faixas foi a 
renda nominal, ou seja, referente ao valor da renda vigente no período da pesquisa. Apenas 
alguns resultados estão tabulados por renda. 
 
9 Para evitar redundância ou duplicidade os casos registrados como deficientes não podem ser improvisados ou 
carentes. 
Essa nota sobre a programação do déficit e da inadequação habitacional busca detalhar 
os caminhos que levam a construção de uma instrução capaz de gerar os indicadores 
necessários para a mensuração dos problemas habitacionais propostas pelo estudo das 
necessidades habitacionais. Sua função específica é contribuir para a socialização do processo 
de construção dessa instrução e também homogeneizar nomenclaturas e conceitos, para que 
em quaisquer bases de dados possamos planejar a mesma estrutura de indicadores. 
O déficit habitacional e a Inadequação por infra-estrutura são índices que tratam de 
resumir processos diferenciados e exigem ação política também distinta. Em um dado domicílio 
pode existir uma situação de Inadequação, por exemplo, em função da inexistência de 
escoadouro sanitário. Ao mesmo tempo esse domicílio pode abrigar duas famílias, 
configurando assim coabitação familiar - componente importante do déficit habitacional. Se 
pensarmos em termos de intervenção urbana necessária esse caso carece de duas ações 
distintas. Uma recuperação das condições sanitárias do domicílio e a produção de uma nova 
unidade domiciliar para a família que coabita. Com isso, em princípio, a soma simples das 
dimensões do trabalho sobre necessidades habitacionais não se configura em objetivo desse 
trabalho. No entanto se for despertado o interesse para o computo dessa soma os resultados 
precisam ser examinados dentro dos limites de suas especificidades. Quer dizer, a soma 
simples do Déficit e das formas de Inadequação não gera um quantitativo de domicílios com 
vulnerabilidade habitacional. O melhor entendimento, nesse caso, é a avaliação do contingente 
de intervenções necessárias para combater essas vulnerabilidades. 
 Segue abaixo uma comparação entre as metodologias utilizadas pela Fundação João 
Pinheiro, retiradas do Déficithabitacional no Brasil 2000 – Fundação João Pinheiro / Centro de 
Estatística e Informações. Belo Horizonte - 2001, e a metodologia comentada nesta nota. 
Grande parte das diferenças se deve ao limite dos indicadores disponíveis nos dados 
censitários distribuídos pelo IBGE. 
 
 
ANEXO I 
 
 
 
ANEXO II 
 
 
 
 
 
 
 
 
1991 ( FJP ) 2000 ( FJP ) 2000(obs)
Renda Média Domiciliar Renda Média Familiar Renda Média Familiar
Reposição do estoque Reposição do estoque
 - Domicílios Rústicos - Domicílios Rústicos
 - Depreciação
Incremento do estoque Incremento do estoque Incremento do estoque
 - Domicílios Improvisados - Domicílios Improvisados - Domicílios Improvisados
 - Coabitação familiar - Coabitação familiar - Coabitação familiar
 - Famílias conviventes - Famílias conviventes - Famílias conviventes
 - Cômodos alugados e cedidos - Cômodos alugados e cedidos - Cômodos alugados e cedidos
 - Ônus excessivo com aluguel
1991 ( FJP ) 2000 ( FJP ) 2000(obs)
Renda Média Domiciliar Renda Média Familiar Renda Média Familiar
Densidade Excessiva de moradores 
por dormitório
Densidade Excessiva de moradores 
por dormitório
Densidade Excessiva de moradores 
por dormitório
Ônus excessivo do aluguel
Inadequação da infra-estrutura Carência de Serviços de infra-estrutura
Carência de Serviços de infra-
estrutura
 - Carência de infra-estrutura
 - Infra-estrutura inadequada
 - Qualidade da infra-estrutura física
Inadequação fundiária urbana Inadequação fundiária urbana
Inadequação em função da depreciação
Inexistência de unidade sanitária Inexistência de unidade sanitária
RESUMO DAS ALTERAÇÕES METODOLÓGICAS
DÉFICIT HABITACIONAL
INADEQUAÇÃO HABITACIONAL
energia elétrica, abastecimento de 
água, esgotamento sanitário e coleta 
de lixo
energia elétrica,abastecimento de 
água, esgotamento sanitário e coleta 
de lixo

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