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APOSTILA TÍTULOS DE CRÉDITO 2014

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TÍTULOS
 DE
CRÉDITO
Professor: Adair Siqueira de Queiroz Filho
Brasília, fevereiro de 2014�
SUMÁRIO
1 – TEORIA GERAL DOS TÍTULOS DE CRÉDITO	
 1.1. Títulos de crédito frente ao Novel Código Civil...........................................
2 – CONCEITO	
3 – PRINCÍPIOS	
3.1. Literalidade	
3.2. Cartularidade	
3.3. Autonomia	
3.3.1. Inoponibilidade das Exceções	
3.4. Abstração	
3.5. Independência	
4 – NATUREZA JURÍDICA	
4.1. Juristas Franceses (Teoria Contratual)	
4.2. Juristas Alemães (Teoria da Abstração)	
4.3. Juristas Italianos (Teoria dos Direitos )	
5 – CLASSIFICAÇÃO	
5.1. Quanto à natureza ou conteúdo	
5.1.1. Propriamente ditos	
5.1.2. Destinados à aquisição de direitos reais	
5.1.3. Atribuem a qualidade de sócio	
5.1.4. Impropriamente ditos	
5.2. Quanto à pessoa do emitente	
5.2.1. Públicos	
5.2.2. Privadas	
5.3. Quanto a Circulação	
5.3.1. Nominativos	
5.3.2. à Ordem	
5.3.3. Ao Portador	
5.3.4. Não à ordem	
6 – CRIAÇÃO E EMISSÃO	
7 – ATRIBUTOS	
7.1. Aceite	
7.1.1. Conceito	
7.2. Endosso	
7.2.1. Conceito	
7.2.2. Figuras 	
7.2.3. Classificação	
7.2.3.1. Endosso próprio	
7.2.3.1.1. Endosso em Branco	
7.2.3.1.2. Endosso em Preto	
7.2.3.2. Endosso Impróprio	
7.2.3.2.1. Endosso-mandato ou endosso-procuração	
7.2.3.2.2. Endosso caução ou pignoratício	
7.2.3.2.3. Endosso Fiduciário	
7.2.3.2.4. Endosso Póstumo ou Tardio	
7.2.3.2.5. Endosso sem Data	
7.3. Aval	
7.3.1. Conceito	
7.3.2. Figuras 	
7.3.3. Diferenças entre Aval e Fiança 	
7.3.4. Avais Simultâneos e Sucessivos 	
8 – PROTESTO	
8.1. Conceito	
8.2. Interrupção da Prescrição	
8.3. Protesto Facultativo	
8.4. Protesto Obrigatório	
8.5. Legislação: Lei nº 9492/97 (Lei do Protesto – LP)	
9 – LETRA DE CÂMBIO	
10 – NOTA PROMISSÓRIA	
11 – CHEQUE	
12 – DUPLICATA DE VENDA MERCANTIL E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS	
13 –WARRANT – CONHECIMENTO DE DEPÓSITO – CONHECIMENTO DE TRANSPORTE – CÉDULA DE CRÉDITO RURAL – CÉDULA DE CRÉDITO COMERCIAL – CÉDULA DE CRÉDITO INDUSTRIAL – CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO – BILHETE AÉREO – BILL OF CHANGE – TRAVELLER’S CHECKS	
14 – LEGISLÇÃO.........................................................................................
 	14.1. Legislação remanescente
15 – SÚMULAS DO S.T.F. ..........................................................................
16 – SÚMULAS DO S.T.J. .........................................................................
17 – BIBLIOGRAFIA ...................................................................................
1. TEORIA GERAL DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
1.1. O crédito é, economicamente, a negociação de uma obrigação futura, sendo a utilização dessa obrigação futura para a realização de negócios atuais, ou seja, o crédito se verifica na troca de um valor presente e atual, por um valor futuro.�
O crédito apresenta dois elementos implícitos: a confiança e o tempo.
“O crédito importa um ato de fé, de confiança, do credor”. Daí a origem etimológica da palavra – creditum, credere.� Tal confiança, no pagamento futuro, pode não derivar, exclusivamente, do devedor, mas de garantias pessoais (verbi gratia aval, fiança), ou reais (verbi gratia penhor, hipoteca), que o mesmo ofereça ao credor pelo referido pagamento.�
O tempo é o prazo concedido pelo credor ao devedor para saldar o seu débito.
Ao direcionar a economia monetária a creditória, ampliou-se, decididamente, o conceito de troca.� Mas, assim como a troca não gera mercadorias, o crédito não cria capitais, já sustentava Stuart Mill, pois o crédito redunda na permissão para se usar do capital alheio, o que, naturalmente, permite um melhor aproveitamento e disseminação deste capital.
Com o desenvolvimento, na Idade Média, do tráfico mercantil, viabilizou-se a simplificação do meio circulante de capitais. Houve a separação do capital e pessoas. Gerou-se um aperfeiçoamento dos títulos de crédito, que, até aí, eram transmitidos por via de cessão, notificando-se o devedor, com o tratamento totalmente formal (Lei Paetelia Papiria).
	1.1 – O que mudou frente ao Novel Código Civil.
 			Praticamente nada, mas duas mudanças foram significativas.
 			Permita-se transcrever o preceito do art. 903 do Código Civil:
 		“Art. 903. Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos de crédito pelo disposto neste código.”
 			Acontece que os títulos de crédito, quase que em sua totalidade, são regidos por lei especial, o que leva ao entendimento que as Leis Adjetivas inerentes aos títulos não sofreram nenhuma alteração.
 			As modificações introduzidas pelo Novo Código são apenas duas. A primeira, a disposição do art. 1647, III, que exige a vênia conjugal ao aval, exceto se o regime de bens for o da separação absoluta. E a segunda, a do art. 202, tendo em vista que a prescrição da pretensão, que ocorrerá agora uma única vez, se dará tanto pelo protesto judicial, quanto pelo protesto cambial.
 			De resto, nada mudou.
2. CONCEITO
O conceito mais difundido e aceito, considerados por alguns perfeito� é o de César Vivante, segundo o qual:
“Título de crédito é o documento necessário para o exercício do direito, literal e autônomo, nele mencionado.” �
A conceituação de Vivante para títulos de créditos é tão boa que vários países a incorporaram em suas legislações, positivando-a, o próprio Brasil, em seu Projeto de Código de Obrigações, a perfilha no art. 899.�
3. PRINCÍPIOS
Com a definição de Vivante, conclui-se quais são os elementos caracterizadores dos títulos de crédito: a LITERALIDADE, a CARTULARIDADE (chamada pelo Prof. João E. Borges de INCORPORAÇÃO) e a AUTONOMIA. Estes são os característicos comuns aos títulos de crédito, entretanto, há algumas outras que são particulares a determinados títulos, por assim dizer lhes são acidentais (ABSTRAÇÃO E INDEPENDÊNCIA).
3.1. A LITERALIDADE. Vale no título apenas o que nele está escrito. É o conteúdo, a extensão e a modalidade do direito nele consubstanciado. É decisivo exclusivamente o teor do título.
João Eunápio Borges, vislumbra na literalidade um duplo aspecto, a atuar contra e a favor das partes, que é positivo e negativo. Esclarece ele, in verbis: “Se, sob o aspecto positivo, somente do conteúdo ou teor do título é que resulta a individuação e a delimitação do direito cartular, sob o seu aspecto negativo, nem o subscritor, nem o portador poderá invocar contra o título, fato ou elemento não emergente do mesmo título.”�
3.2. A CARTULARIDADE. Para a existência do título, há a necessidade de haver uma cártula, que é materialização do direito por intermédio do documento. Duas posições se apresentam, uma que entende que o documento (título) incorpora o direito.�, entretanto, a tal entendimento se contrapõe Vivante�, segundo o qual o título de crédito se assenta, se materializa em um documento (cártula), sendo que para o exercício do direito resultante do crédito impõe-se a apresentação do documento. Destarte, para se exigir ou exercitar qualquer direito oriundo do título de crédito, faz-se mister a apresentação do documento.
3.3. A AUTONOMIA. As obrigações contraídas no título são autônomas e não se ligam. Ressalte-se que a mesma não guarda ligação à causa, ao nexo causal do título, como ás vezes se expõe. A autonomia dos títulos de crédito deriva de fato de que as co-obrigações (endosso, aval, etc.) que se estabelecem são autônomas, ou seja, não se ligam, nem vinculam, não há dependência, com relação às demais obrigações.�
3.3.1. Decorrente do princípio da autonomia das obrigações cambiárias, surgiu a regra da INOPONIBILIDADE DAS EXCEÇÕES�, onde o devedor do título não pode opor ao portador as suas exceções pessoais que tinha com o seu antigo credor, salvo se o portador, ao adquirir o título, agiu conscientemente em detrimento do devedor (má-fé).
Há a inoponibilidade da exceções do titular e do título.
A inoponibilidade das exceçõesdo titular está disposta no art. 104 do C.C., eis que, a validade do negócio jurídico requer agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita e não defesa em lei.
A inoponibilidade das exceções do título está relacionada aos seus requisitos essenciais, já que a falta dos mesmos o invalida.
Desta feita, é que, por via da inoponibilidade das exceções, a autonomia pode ser estudada sob dois aspectos.�
Num primeiro aspecto, é o que trata da oponibilidade pessoal que PODE ocorrer entre o portador do título e o devedor. Parece razoável a posição de João Eunápio Borges, segundo a qual nenhum título é criado despropositadamente, sem nenhum nexo causal.�. Assim sendo, o devedor do título poderá opor-se ao pagamento por exceções pessoais. Também poderá, em qualquer caso, opor-se por defeito de forma do título ou por má-fé do seu adquirente, visando prejudicar o devedor, devidamente comprovado, na última hipótese.
E no segundo aspecto, é nas relações entre o devedor e terceiros que se revela a autonomia do direito cartular. O fundamento da inoponibilidade, neste caso, é que, “num título de crédito, as obrigações são autônomas umas das outras." Por tal razão, o devedor não se pode escusar de cumprir a obrigação assumida alegando ao portador suas relações com qualquer obrigado anterior.� Neste caso, o devedor não poderá opor suas exceções ao portador, que teria com outros co-obrigados, sendo que, em relação a ele, são res inter alios.
Outros princípios dos títulos de crédito, mas não de todos, é a INDEPENDÊNCIA e ABSTRAÇÃO.
3.4. A ABSTRAÇÃO. O título não se liga á causa que lhe deu origem. Decorre do fato que gerou o título estar desvinculado dele, cumpri-nos ressaltar que “a obrigação abstrata ocorre apenas quando o título está em circulação, isto é, quando põe em relação duas pessoas que não contrataram entre si, encontrando-se uma em frente da outra, em virtude apenas do título.”�Exemplo de títulos não abstratos são a duplicata antes de aceita, pois se liga a venda mercantil ou a prestação de serviço que lhe deu origem, e a nota promissória vinculada a contrato.
3.5. A INDEPENDÊNCIA. O título basta em si mesmo, ou seja, é per se stante, sem necessidade de outro documento para completá-lo (compiutezza)17-A. São exemplos a letra de câmbio e nota promissória. Ao contrário, dependentes, são a ação de uma S. A., que se liga ao seu estatuto e a cédula de crédito rural, ligada à Lei Orçamentária.
Fran Martins evoca como elemento preponderante para a existência do título de crédito o formalismo,� segundo ele, para que o papel de caracterize como título de crédito é indispensável que o documento se revista das exigências legais, pois em caso contrário o mesmo não terá eficácia para incorporar os princípios dos títulos de crédito.
Atualmente, inclinam-se a doutrina e a jurisprudência no sentido de não haver novação do crédito anterior por via cambial. (Carvalho de Mendonça, Rubens Requião, Paulo Lacerda, Saraiva e Arruda, bem como o STF.)
Calha anotar uma analogia entre a abstração e a dependência. Enquanto que a abstração está voltada para dar mais segurança à circulação, a dependência pode decorrer: a) da vontade das partes; b) por imposição legal (ex: cédula de crédito rural e Lei do Orçamento); e c) da própria substância do negócio e do título (ações da S.A. e o seu Estatuto). Destarte, são títulos de crédito que não seguem o princípio da independência: a ação de uma S.A., pois depende de seu Estatuto, e a cédula de crédito rural, já que é dependente da Lei Orçamentária.
4. NATUREZA JURÍDICA
É a Justificativa para a existência do título de crédito.
4.1.Juristas Franceses – baseia-se em um contrato.
Pothier – meio pelo qual se executa o contrato; 
Pardessus – mandato outorgado pelo sacador ao sacado; 
Thaller – sacador delega ao sacado pagar o tomador; 
Worms – estipulação a favor de terceiros.
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4.2. Juristas Alemães: Princípio da abstração.
Einert: o direito do portador é abstrato, autônomo, independente da causa que lhe deu origem;
Thöl: teoria da emissão onde o título só se aperfeiçoa com a entrega ao portador;
Liebe: a redação do título e o endosso como atos formais;
Küntze e Siegel: teoria da criação;
Brunner e Girke: o título incorpora direitos;
Jacobi: Teoria da aparência.
4.3. Juristas Italianos: Direitos nascidos do título.
Vivante: Cartularidade, autonomia e abstração;
Ascarelli: Direito próprio e autônomo;
Várias foram as teorias relativas aos títulos de crédito, senão vejamos:
- Inicialmente, quando ainda não existia o endosso, surgiu a teoria do DOCUMENTO CONFESSÓRIO, mais atenta ao complexo de relações havidas antes da emissão do título, que apenas era mais um documento probatório do crédito.
- Já com a introdução do endosso, surge a teoria do PAPEL MOEDA DOS COMERCIANTES, para os autores da teoria, o título surge de uma promessa unilateral, e não como um contrato, ou negócio jurídico bilateral, entre o portador e o tomador imediato. Destarte, o título é promessa dirigida ao público. Por motivo de confiança do público, exige-se ampla autonomia da promessa em relação á causa, redundando-se em promessa abstrata de pagamento.
- A teoria retro só conseguiu se impor decênios depois de sua publicação, no que se refere a não serem os títulos contratuais, sendo que as teorias CONTRATULISTAS e do ATO FORMAL dominam naquele período.
- Thöl criou a teoria da PROMESSA DE SOMA OU VALOR, segundo a qual o momento decisivo do encontro de vontades ocorre quando da entrega e recebimento do título, contra a presunção da voluntária entrega e negociação do mesmo, poderia o devedor insurgir-se, fazendo a prova cabível, outrossim no caso de perda ou furto o devedor não era obrigado a pagar. Tudo isso gerava insegurança para o título, dificultando-lhe a circulação.
- Seguiu-se, então, a teoria da CRIAÇÃO, por via da qual se contrapôs às teorias contratualistas, nos termos desta teoria “o título completo, embora em poder do subscritor constitua um valor patrimonial, podendo tornar-se, em qualquer momento, fonte de um direito de crédito."
A simples redação do título é fonte de obrigação, independente de qualquer acordo exigido pelos contratualistas.”�
- Pela teoria da BOA FÉ, que se distingue da teoria da criação, porque nesta se tem por ineficaz o título obtido de má-fé. Entretanto Kuntze, com sua teoria da criação, previa a actio ou exceptio doli¸ através da qual declarava ineficaz o título próprio com má-fé.
- A teoria da EMISSÃO expõe que, com a assinatura do título não surge vínculo algum, sendo que somente, “após o abandono voluntário da posse, seja por ato unilateral, seja por tradição, é que nasce a obrigação do subscritor. Sem emissão voluntária não se forma o vínculo.”�
- Teoria largamente usada é a de Vivante, que começa por indagar: como explicar a posição jurídica distinta entre o emitente do título e o credor inicial, e aquele a quem o credor inicial transferiu o título.
A partir daí é que ele conclui não ser possível utilizar-se de um critério único para se explicar tal fato. Então, formula sua teoria em um duplo sentido da vontade, o que lhe rendeu críticas por parte de Bonelli.
A teoria escolada por Vivante diz que, “em relação ao seu credor, o devedor do título se obriga por um relação contratual, motivo por que contra ele mantém intactas as defesas pessoais que o direito comum lhe assegura; em relação a terceiros, o fundamento da obrigação está na sua firma (do emissor), que expressa sua vontade unilateral de obrigar-se, e essa manifestação não deve defraudar as esperanças que desperta em sua circulação.”�
Rubens Requião entende, após analisar artigos do Código Civil, que o legislador brasileiro temperou os rigores da teoria da criação com as nuances da teoria da emissão, concluindo que o Código Civil Brasileiro não se filiou puramente a nenhuma dessas teorias.�
5. CLASSIFICAÇÃO
5.1. Quanto à natureza ou conteúdo (Vivante): 
 		- propriamente ditos (letra, n.p. - circulam crédito);- destinados à aquisição de direito real sobre determinada coisa (cédula pignoratícia);
- atribuem a qualidade de sócio (ação de S.A).;
- impropriamente ditos – dão ao titular algum serviço (bilhete de viagem – não circulam crédito).
5.2. Quanto à pessoa do emitente: - público (TDA – título de dívida agrária);
- privado.
5.3. Quanto à circulação: 	- nominativos – trazem o nome do benefíciário, mas transmitem por cessão ou termo de transferência;
 	- à ordem – trazem o nome do beneficiário, mas transmitem por mero endosso;
- ao portador – cláusula “ao portador” ou não revela o nome;
- não à ordem – cessão de direitos de crédito.
Quanto à classificação dos títulos de crédito, a mais difundida� é a de Vivante.
Em relação à pessoa do emitente, os títulos serão públicos, quando emitidos por entes públicos, ou privados, todos os emitidos por pessoas privadas, naturais ou jurídicas.
Quanto à forma de circulação os títulos de crédito se classificam em nominativos, à ordem e ao portador.
“Os títulos emitidos ao portador não revelam o nome da pessoas beneficiadas. Têm inserida a cláusula ´ao portador` ou mantém em branco o nome do beneficiário, que é o titular do crédito.”�
Os títulos nominativos são emitidos em favor de um pessoa cujo nome conste do registro do emitente, para haver a transmissão do título impõe-se que se faça mediante endosso em preto, efetuando-se o competente registro no livro do emitente, ou se faça mediante cessão do título de crédito.�
Os títulos à ordem são aqueles emitidos “em favor de pessoa determinada, transferindo-se pelo endosso. Diferenciam-se, portanto, dos títulos nominativos porque são transferíveis pelo simples endosso, sem qualquer outra formalidade.”�
 5.4. Título de crédito frente ao Código Civil:
 		O Código Civil disciplina no LIVRO I - PARTE ESPECIAL - DIREITO DAS OBRIGAÇÕES. O TÍTULO VIII – Capítulo I, regula as DISPOSIÇÕES GERAIS, e o Capítulo II, o TÍTULO AO PORTADOR, À ORDEM e NOMINATIVO.” Por resultado, temos hoje, na codificação civil, um conjunto de preceitos de direito cambiário de importância nenhuma26-A. Consoante o art. 903 do C.C., somente regem-se pelo Código Civil, os títulos de crédito não regulados por lei especial. Ora, senão todos, a maioria dos quirógrafos são regulados por lei especial, o que torna raríssimas as situações em que os títulos serão regulados pelo Código Civil.
6 – CRIAÇÃO e EMISSÃO 
CRIAR um título de crédito é a sua feitura material.
EMITIR um título de crédito é efetivamente coloca-lo em circulação.
O renomado Fran Martins enuncia que, dentre as principais teorias da criação do título de crédito, duas são merecedoras de destaque para justificar a natureza do ato gerador do título de crédito.
 “A teoria contratual segundo a qual a criação da letra de câmbio está ligada a um contrato (inicialmente, um contrato de troca de moeda; posteriormente, um contrato relativo à remessa de valores de um lugar para o outro).
E a teoria que considera os direitos incorporados na letra como decorrentes de um ato unilateral de vontade do emissor, independentes, assim, da relação contratual que lhes deu origem.”�
No que tange à criação do título de crédito, cumpre-nos ressaltar a sua diferença da emissão do título de crédito. 
A criação do título ocorre com a sua feitura material, é quando se dá vida a ele, sendo que o momento mais importante é quando o sacador assina o título.
Já a emissão, dá-se pelo ato de por o título em circulação, transferindo-lhe do sacador para o tomador.
�
7. ATRIBUTOS
7.1. ACEITE
7.1.1. Conceito:
Entende-se por aceite o ato formal segundo o que o sacado se obriga a efetuar, no vencimento, o pagamento da ordem que lhe é dada.�
Com a assinatura do aceitante no título, o mesmo se torna o principal obrigado pelo pagamento do título.
“O ato de submeter a letra ao reconhecimento do sacado chama-se apresentação.”� Sendo que a apresentação deve ser efetuada no domicilio do sacado e até a data do vencimento. Caso o título já tenha vencido a apresentação se faz para o pagamento.
O aceite deve ser aposto no próprio título, “não valendo em relação a terceiros a promessa feita em documento separado.” � o art. 29 da Lei Uniforme de Genebra (L.U.G) introduziu importante alteração no direito cambiário pátrio, na medida em que passou a admitir o aceite mediante a informação por escrito ao portador ou a qualquer signatário de que aceita o título, ficando obrigado perante eles, nos termos de sue aceite.
A recusa do aceite, total ou parcialmente, gera o vencimento do título, provando-se por via de protesto (art. 43, L.U.G.). Conforme registra o Prof. Amador Paes de Almeida: “Recusando-se ao aceite, todavia, não se obrigará cambialmente o sacado, só ensejando ao credor ação ordinária em que se faz referência à origem do débito.”�
A apresentação do título ao sacado, no caso de ter sido sacado à vista, dificilmente se compreende para aceitação, mas sim para pagamento. Assim, compreendemos que a apresentação para aceite se dá, geralmente, em títulos que vencem e serão pagos a prazo.
O direito brasileiro foi inovado, também, pelo surgimento da cláusula non acceptable dos franceses. Entretanto, a lei exclui a cláusula “sem-aceite” ou de “não-aceitação” nos casos em que se tratar de um título cujo pagamento deva ser realizado no domicílio de terceiro ou em localidade diferente da do domicílio do sacado.� O emérito professor paranaense lembra que as “letras sacadas a certo termo de vista não podem, evidentemente, dispensar a apresentação ou aceite que se determina o termo do prazo de vencimento.”�
O aceite é puro e simples, bastando a assinatura do sacado no anverso, ou no verso desde que precedido da palavras “aceito”, no entanto, admite-se que o sacado limite o aceite a uma parte da importância sacada, porém, constitui recusa qualquer modificação introduzida pelo aceite ao enunciado do título.
7.2 – ENDOSSO
Endosso = in dorso = nas costas
7.2.1. Conceito:
“O endosso é meio pelo qual se transfere a propriedade de um título, podendo constituir-se também em simples mandato. (o endosso impróprio também chamado endosso-procuração)”.�
O endosso é, assim, o meio pelo qual se processa a transferência do título de crédito de um credor para outro, redundando em sua circulação. É um instituto típico do direito cambiário.
Os títulos de crédito são, por essência, endossáveis, entretanto, é admissível a inclusão da cláusula “não à ordem”, que impede a circulação por via de endosso, só podendo ser operada a circulação pela forma e com os efeitos de uma cessão ordinária de crédito, regulada pelo Código Civil. Somente o emitente do título pode inserir a cláusula “não à ordem.”.
“O endossante pode, também, proibir, após ter recebido o título, novos endossos, inserindo a cláusula proibitiva no ato em que dispuser da letra. Neste caso, não garante o pagamento às pessoas a quem a letra for posteriormente endossada, com desrespeito à cláusula. A transferência da letra se processa, mas sem os efeitos cambiários naturais do endosso.”�
7.2.2. Figuras:
	ENDOSSANTE: quem transmite o título (transmitente)
	ENDOSSATÁRIO: quem recebe o título (novo credor)
7.2.3. Classificação:
O endosso pode ser próprio (translativo da propriedade) ou impróprio. O endosso próprio pode ser em branco ou em preto; já o endosso impróprio pode ser: endosso-procuração (ou endosso-mandato), endosso-caução (ou endosso-pignoratício) e endosso-fiduciário.
7.2.2.1. ENDOSSO PRÓPRIO
7.2.2.1.1. No ENDOSSO EM BRANCO, apõe-se, simplesmente, a assinatura do endossante, sem se designar o beneficiário do endosso, neste caso o título passa a circular como se fosse ao portador.
7.2.2.1.2. “No ENDOSSO EM PRETO o endossante designa, acima da sua assinatura, o nome do endossatário, a quem se destina o endosso. O endosso em preto pode ser concedido tanto no dorso como na face da letra, pois a Lei Uniforme somente ao endosso em branco exigiu que fosse conferido no verso.”�
7.2.2.2. ENDOSSO IMPRÓPRIO
7.2.2.2.1.No ENDOSSO-PROCURAÇÃO ou ENDOSSO-MANDATO transmite ao mandatário-endossatário, que passa a ter, também, a posse do título, o poder de efetuar a cobrança, dando a devida quitação. Com o endosso-procuração a posse do título, mas não a disponibilidade do crédito pertencente ao endossante. O endossatário para levar a protesto o título deve ser investido de poderes especiais.
7.2.2.2.2. O ENDOSSO-CAUÇÃO teve resolvida a divergência que existia acerca de sua viabilidade com a introdução do art. 19, L.U.G., que o admite. Com esta forma de endosso, dá-se o título em garantia ao endossatário que poder exercitar todos os direitos do mesmo emergentes, mas o endosso vale apenas como endosso-procuração.
7.2.2.2.3. O ENDOSSO FIDUCIÁRIO, segundo o Prof. Rubens Requião� surge com a alienação fiduciária em garantia do título.
7.2.2.3. O ENDOSSO TARDIO: ocorre após o vencimento do título, tem os mesmos efeitos do anterior ao vencimento (art. 20, L.U.G.). Todavia, apenas no caso do endosso posterior ao protesto, ou feito depois de expirado o prazo fixado para se fazer o protesto, produz os efeitos de uma cessão de crédito. É bom ressaltar que o endosso sem data, presume-se (júris tamtum) que tenha ocorrido antes do prazo fixado pata o protesto.
7.2.2.4. ENDOSSO SEM DATA: considera-se endossado o título antes do vencimento.
7.2.3. ENDOSSO x CESSÃO: 
	Antes de delinear as diferenças, objetiva-se a cessão de crédito, que está prevista nos arts. 286 e seguintes do Código Civil,
Conceito: 
Negócio jurídico bilateral, pelo qual o credor transfere a outrem seus direitos na relação obrigacional.
- Figuras:
CEDENTE: credor que transfere seus direitos
CESSIONÁRIO: terceiro que recebe o crédito
CEDIDO: devedor
- QUADRO COMPARATIVO DE ENDOSSO E CESSÃO:
	ENDOSSO
	CESSÃO
	( é circulação dos títulos (lei cambiária)
	( é transferência de direitos (Código Civil)
	( não solene
	( solene
	( circula o bem corpóreo (título)
	( transmite bem incorpóreo (crédito)
	( Inoponível exceções pessoais
	( Oponível as exceções pessoais
	( é total
	( pode ser total ou parcial
	( não exige notificação
	( exige notificação do devedor
7.2.4. Endosso disposto em lei especial e frente ao Código Civil 
 	A Lei Maior que trata dos títulos de crédito, que é o Decreto 57663/66 (Lei Uniforme de Genebra – LUG) e a Lei Brasileira (Lei 2044/1908) dispõem que o endosso parcial não seria capaz de surtir efeitos. Nesse sentido também se encontra o Código Civil, conforme o art. 912, parágrafo único, ao registrar que o endosso parcial é nulo de pleno direito.
7.3. AVAL
- Aval = “a valle” = valere = “à valoir” = “ao pé” ou “embaixo de”
7.3.1. Conceito:
“Entende-se por aval a obrigação cambiária assumida por alguém no intuito de garantir o pagamento nas mesmas condições de um outro obrigado. “
O aval é a obrigação cambiária assumida por alguém no intuito de garantir o pagamento do título nas mesmas condições de um obrigado.
É uma garantia pessoal, que reforça o pagamento da letra. 
Pode se prestada por um estranho ou mesmo por quem já anteriormente tenha se obrigado.”�
O avalista é responsável da mesma maneira que a pessoa por ele avalizada,� ou seja, o avalista se equipara ao avalizado. Por isso que em certas ocasiões é chamado de co-aceitante, co-endossante eco-sacador.
 “A simples assinatura do próprio punho do avalista, ou de seu mandatário especial é suficiente para a validade do aval.”� (Prof. Rubens Requião). O art. 31 da L.U.G. diz que o aval considera-se como resultante da simples assinatura da dador aposta na face anterior da letra, salvo as assinaturas do sacado ou do sacador. Se o aval foi dado no verso, deve vir com a expressão “em aval de” ou outra semelhante41 (Prof. Fran Martins). Na prática, deve-se inserir a expressão para não se confundir com o endosso em branco, que, nessa situação, o Prof. Fran Martins41, Silva Pinto, Mossa, Supino, De Semo e Arminjon et Carry, consideram a assinatura como ineficaz. Frise-se que não se considera a firma como inexistente ou nula, mas ineficaz de produzir efeitos cambiários, portanto, sem afronta ao princípio de que em títulos de crédito não existem assinaturas inúteis.
O aval deve ser dado no próprio título.
Não existe obrigatoriedade no sentido de se exigir uma ordem cronológica ao aval.
O aval antecipado é a obrigação a que o avalista pretende equiparar-se, dada a autonomia das obrigações cambiárias.
Divergências surgem quanto à eficácia do aval antecipado na hipótese de não se verificar a existência da obrigação principal.
“Para autores como J. X. Carvalho de Mendonça, Lacerda e Margarino Torres, que vêem no aval antecipado uma obrigação condicional, cuja validade fica dependente da existência da obrigação avalizada, não produz nenhum efeito cambial. João Eunápio Borges� conclui, entretanto, que é válido o aval em favor do sacado, antes do aceite. A recusa total ou parcial do aceite nenhuma influência exercerá sobre a responsabilidade do avalista, que independentemente do aceite assumiu a obrigação de garantir o pagamento do título.”�Calha frisar que há diferença entre aval antecipado e aval dado a assinatura nula. No aval de assinatura nula será válido, diante do princípio da autonomia das obrigações.
O Aval, de acordo com o Art. 1.647, III C.C., exige a vênia conjugal, exceto se o regime de bens for o da separação total. Para contornar a imposição legal, o cônjuge pode outorgar ao sócio procuração por instrumento público ou particular (esta com poderes especiais, registrada no cartório de títulos de documentos) .
De acordo com o entendimento do TJDFT, a ausência da vênia conjugal conduz à anulabilidade da garantia prestada, visto que o intento da lei foi o de se evitar por em risco a subsistência do lar em comum, com vias à preservação da unidade familiar.
Nesse sentido, anote-se:
“APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO CIVIL E EMPRESARIAL. AVAL. OUTORGA UXÓRIA. NECESSIDADE. AUSÊNCIA. ANULABILIDADE. RECURSO PROVIDO. DECAIMENTO DE PARTE MÍNIMA DO PEDIDO. INVERSÃO DA SUCUMBÊNCIA. 
1. Nos termos do artigo 1.647 do Código Civil, "Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: (...) III - prestar fiança ou aval".
2. Em consequencia, por força do artigo 1.642 do mesmo diploma legal, "Qualquer que seja o regime de bens, tanto o marido quanto a mulher podem livremente (...)IV - demandar a rescisão dos contratos de fiança e doação, ou a invalidação do aval, realizados pelo outro cônjuge com infração do disposto nos incisos III e IV do art. 1.647". Ademais, o artigo 1.649 reza que: "A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de terminada a sociedade conjugal"
3. Interpretando os dispositivos legais acima, verifica-se que a ausência de outorga uxória conduz à anulabilidade da garantia prestada, visto que o intento da lei foi o de se evitar por em risco a subsistência do lar em comum, com vias à preservação da unidade familiar.
4. Precedentes desta Corte e do Superior Tribunal de Justiça.
5. Decaindo a autora de parte mínima do pedido, deve a parte ré suportar os ônus de sucumbência em sua integralidade.
6. Recurso provido em parte.”
(Acórdão n. 529265, 20090111725263APC, Relator SANDOVAL OLIVEIRA, 1ª Turma Cível, julgado em 10/08/2011, DJ 23/08/2011 p. 79)
 	O S.T.J. também não diverge, verbis:
“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL E DIREITO
PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO ANULATÓRIA DE AVAL. OUTORGA UXÓRIA.
NECESSIDADE. AGRAVO DESPROVIDO.
 	1. Necessária a vênia conjugal para a prestação de aval por pessoa casada, por força do artigo 1647, III, do Código Civil.
 	2. Precedentes específicos desta Corte.
 	3. Agravo regimental desprovido.”
(AgRg no REsp´1109667/PB, Relator Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, 3ª Turma, DJ 07/06/2011, DJe 10/06/2011 – UNANIMIDADE)
 
 	“RECURSOESPECIAL. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. INEXISTÊNCIA. DOAÇÃO DE BENS ADQUIRIDOS NA CONSTÂNCIA DO CASAMENTO EM REGIME DA SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA. OUTORGA UXÓRIA. NECESSIDADE. FINALIDADE. RESGUARDO DO DIREITO À POSSÍVEL MEAÇÃO. FORMAÇÃO DO PATRIMÔNIO COMUM. CONTRIBUIÇÃO INDIRETA. SÚMULA N. 7 DO STJ. RECURSO IMPROVIDO.
 	1. Negativa de prestação jurisdicional. Inexistência.
 	2. Controvérsia sobre a aplicação da Súmula n. 377 do STF.
 	3. Casamento regido pela separação obrigatória. Aquisição de bens durante a constância do casamento. Esforço comum. Contribuição indireta. Súmula n. 7 do STJ.
 	4. Necessidade do consentimento do cônjuge. Finalidade. Resguardo da possível meação. Plausibilidade da tese jurídica invocada pela Corte originária. 
 	5. Interpretação do art. 1.647 do Código Civil.
 	6. Precedente da Terceira Turma deste Sodalício: "A exigência de outorga uxória ou marital para os negócios jurídicos de (presumidamente) maior expressão econômica previstos no artigo 1647 do Código Civil (como a prestação de aval ou a alienação de imóveis) decorre da necessidade de garantir a ambos os cônjuges meio de controle da gestão patrimonial, tendo em vista que, em eventual dissolução do vínculo matrimonial, os consortes terão interesse na partilha dos bens adquiridos onerosamente na constância do casamento. Nas hipóteses de casamento sob o regime da separação legal, os consortes, por força da Súmula n. 377/STF, possuem o interesse pelos bens adquiridos onerosamente ao longo do casamento, razão por que é de rigor garantir-lhes mecanismo de controle de outorga uxória/marital para os negócios jurídicos previstos no artigo 1647 da lei civil." (REsp n. 1.163.074, Rel. Min. Massami Uyeda, DJe 4-2-2010).
 	6. Recurso especial improvido.”
(REsp 1199790/MG, Relator Ministro Vasco Della Giustina (desembargador convocado do TJ/RS), 3ª Turma, DJ 14/12/2010, DJe 02/02/2011)
7.3.2. Figuras:
	AVALISTA: quem dá a garantia
	AVALIZADO: pessoa a quem é dada a garantia
7.3.3. AVAL x FIANÇA:
Tanto o aval como a fiança são garantias pessoais, também chamadas de garantias fidejussórias, do latim fidejussio.
A garantia fidejussória não se confunde com a garantia fiduciária (alienação fiduciária em garantia, onde: CREDOR → domínio resolúvel e posse indireta da coisa móvel; DEVEDOR → posse direta e depósito – art. 1º do Dec-Lei 911/69).
O aval é instituto típico do direito cambiário, não se confundindo com instituto da fiança, pois enquanto esta é um garantia acessória, aquele, como toda obrigação cambiária, é autônomo em relação a qualquer outra.
- QUADRO COMPARATIVO DE AVAL E FIANÇA:
	AVAL
	FIANÇA
	( Garantia cambiária
	( Garantia comum (civil)
	( Parcial
	( Limitada e comporta exoneração
	( Inoponibilidade das exceções
	( Oponível as exceções
	( Inexiste o benefício de ordem
	( Há o benefício de ordem
	( Não há solidariedade passiva
	( Há solidariedade passiva
	( Equipara-se ao devedor principal
	( É subsidiário ao principal.
7.3.4. Aval Parcial
É possível o aval parcial, nos termos do art. 30 da L.U.G, onde “O pagamento de uma letra pode ser no todo ou em parte garantido por aval.”
Apesar do art. 897, parágrafo único C.C. dispor da vedação do aval parcial, dispõe o art. 903 que “Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos de crédito pelo disposto neste Código.”
Sendo assim, somente aplica-se o Código Civil no silêncio da Lei Especial, o que não é caso, em se tratando de Letra de Câmbio e Nota Promissória. No mesmo sentido autorizando o aval parcial, anote-se:
“COMERCIAL E CIVIL. AVAL. CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. INEXISTÊNCIA DE BENEFÍCIO DE ORDEM. INADIMPLÊNCIA DO DEVEDOR. DESCONTOS EM CONTA CORRENTE. AVALISTA. LIMITAÇÃO. PREVISÃO CONTRATUAL. ADMISSIBILIDADE. DANO MORAL. INEXISTÊNCIA.
I - Figurando o autor como avalista de cédula de crédito bancário, é legítimo ao credor exigir-lhe diretamente a dívida, diante da existência de solidariedade com o devedor principal.
II - Inexiste o dever da instituição bancária de pagamento de indenização por danos morais se a inscrição do avalista nos órgãos de proteção ao crédito decorreu da inadimplência da devedora avalizada.
III - Havendo previsão na cédula de crédito bancário de que os descontos na conta corrente do avalista deveriam respeitar o limite de 30% (trinta por cento) da sua renda líquida mensal, essa cláusula deve ser respeitada, em homenagem ao pacta sunt servanda e ao princípio da dignidade da pessoa humana.
IV - Deu-se parcial provimento ao recurso.”
(Acórdão n. 557549, 20100110287542APC, Relator JOSÉ DIVINO DE OLIVEIRA, 6ª Turma Cível,
julgado em 14/12/2011, DJ 12/01/2012 p. 173).
7.3.5. Aval parcial disposto em lei especial e frente ao Código Civil 
 	A contrario sensu do endosso parcial, a Lei Uniforme de Genebra – LUG e a Lei Brasileira dispõem ser possível o aval parcial. Entretanto, o Código Civil, em seu art. 912, parágrafo único, rege expressamente que é vedado o aval parcial.
 	Não se pode olvidar que, por força do pré-falado art. 903 da Lei Substantiva, que o Código Civil tem aplicação subsidiária, razão pela qual prevalece a regra que o aval parcial é válido.
 7.3.6. Avalista Simultâneo e Avalista Sucessivo:
AVALSITA SIMULTÂENO		AVALISTA SUCESSIVO
- Súmula 189 STF: “Avais superpostos em branco são tipos como simultâneos e não sucessivos.”.
O esquema acima desenha o direito de regresso de um avalista que paga ao portador. No aval simultâneo, a relação entre os avalistas é extracambiária (direito comum ou civil), posto que o que pagou só pode cobrar a metade do outro. Já no aval sucessivo, a relação entre os avalistas é cambiariforme (direito cambiário), pois o segundo que pagou pode cobrar integralmente o primeiro.
Em outra situação, onde o portador detenha um título com avais simultâneos ou sucessivos, pouco importa a posição dos avais, eis que poderá acionar um ou outro ou todos ao mesmo tempo (avalistas e avalizado), pois há a solidariedade cambiária e o princípio da equiparação.
 8. PROTESTO
É muito importante para o direito cambiário que o cumprimento de certas obrigações seja formalizado de modo inequívoco, assegurando-se uma prova da realização de determinados atos, com a celeridade que exige o direito comercial. Para dar solução a este problema é que surge o PROTESTO.
O protesto é o ato solene destinado principalmente a comprovar a falta ou recusa do aceite ou pagamento de determinado título. Esse ato é de natureza cambial que não consta do próprio título.
8.1. Conceito:
O protesto, para os efeitos cambiais (protesto cambial), é a formalidade extrajudicial, mas solene, destinada a servir de prova da apresentação do título, no tempo devido, para o aceite ou para o pagamento, não tendo o portador, apesar da sua diligência, obtido este ou aquele.
8.2. Obrigação:
Pode ser portable (ou, ainda, portável), na qual o devedor oferece o pagamento ao credor; ou pode ser quérable (ou chiedibile, ou, ainda, quesível), na qual o devedor deve ser procurado pelo credor para pagar (registra-se que, no Brasil, há presunção da dívida ser quérable, justificando-se, assim, o protesto, onde se formaliza a apresentação para o pagamento do título.
PROTESTO EXTRAJUDICIAL E JUDICAIL:
O protesto extrajudicial ou cambial não cria direitos, constituindo-se tão-somente em prova de que o devedor deixou de pagar no vencimento obrigação líquida e certa, não se podendo alçar à categoria do protesto judicial, previsto no art. 867 – CPC.
De acordo com a redação do art. 15 da Lei 9492/97, antes do título ser protestado, o Tabelião de Protesto expedirá intimação ao devedor, onde fará constar os requisitos a que se refere o § 1º, precipuamente o prazo limite para o cumprimento da obrigação.
Para melhor compreensão da LP, abaixo segue anexado um aviso de protesto:
Entregue o aviso do protesto no endereço do devedor fornecido pelo credor, caso não ocorra o pagamento do título, o Tabeliãoirá protestá-lo.
Permita-se colacionar um exemplo de protesto extrajudicial ou cambial:
8.3. Interrupção da Prescrição:
De acordo com o art. 202, II e III do C.C., interrompe-se a prescrição, uma única vez, por protesto e por protesto cambial.
O protesto do art. 202, II do CC é o judicial (art. 867 e segs. do C.P.C.).
O protesto do art. 202, III do CC é cambial (Lei nº 9.492/97).
8.4. Protesto facultativo:
O protesto cambial é facultativo com referência aos obrigados principais: sacado, aceitante, emitente e seus avalistas, que a ele são equiparados para todos os efeitos legais.
8.5. Protesto Obrigatório:
a) Na falta de aceite ou de pagamento, para conservar os direitos do portador contra o sacador e contra os outros coobrigados, à exceção do aceitante;
b) No caso de ter sido indicada uma pessoa para aceitar ou pagar, por intervenção, e esta não o tenha feito, para exercer o seu direito de ação antes do vencimento, contra o que fez a indicação;
c) No caso de letra pagável a certo termo de vista, em que houver falta de data, para o efeito de constatar essa omissão, e o portador conservar os seus direitos de regresso contra os endossantes e contra o sacador;
d) Não ter sido a letra aceita por intervenientes e não ser paga, para conservar o direito de regresso contra aquele que tiver indicado as pessoas para pagarem em caso de necessidade;
e) No caso de pluralidade de exemplares, para que o portador possa exercer seu direito de regresso, quando o que enviar ao aceite uma das vias, e a pessoas em cujas mãos se encontrar não entregue essa via ao portador legítimo do outro exemplar, para poder exercer o seu direito de ação;
f) No caso de cópia, e a pessoas em cujas mãos se encontre o título original se recuar a entregá-la ao legítimo portador da cópia, para exercer o seu direito de ação contra as pessoas que tenham endossado ou avalizado a copia.
É obrigatório o protesto para ação de regresso contra os coobrigados, endossantes e seus respectivos avalistas.
CANCELAMENTO:
O protesto não se caracteriza pela perpetuidade e pode ser cancelado por autorização judicial ou, ainda, pelo pagamento.
8.6. FINALIDADES DO PROTESTO:
►comprovação da mora;
►comprovação da apresentação do título ao devedor (obrigação querable)
►comprovação da falta ou recusa, total ou parcial, do aceite e do pagamento do título cambial no vencimento;
►interrupção da prescrição (art. 202, III C.C.);
►garante o direito de regresso contra os coobrigados;
►torna público o ato contra terceiros.
8.7. LEGISLAÇÃO: Lei nº 9.492/97 (Lei do Protesto – LP)
8.7.1. Prazos para o protesto:
- Por falta de pagamento (art. 38 da LUG, com a reserva do art. 6º do Anexo II, o que remete ao art. 28 do Dec. 2.044/08): entendimento dominante: 1º dia útil subseqüente ao vencimento do título;
Exceção: (art. 13, § 4º, da Lei nº 5.474/68): Para duplicatas o prazo é de 30 dias após o vencimento.
- Por falta de aceite (art. 44, LUG): durante o prazo de apresentação.
8.7.2. Conceito legal do protesto:
Art. 1º da LP: “Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida”.
Ao conceito legal são feitas severas críticas, pois o protesto nada mais é do que a prova insubstituível da apresentação do título, que pode ser para pagamento, aceite, ou até mesmo para datar título com vencimento a certo termo de vista. Nesse último caso é muito difícil ocorrer na prática, pois na forma da súmula nº 387 do S.T.F., o preenchimento da data pode ser feito de boa-fé.
João Eunápio Borges, em seu livro Títulos de Crédito, conceitua o protesto como sendo o ato formal (oficial) e solene por meio no qual se faz certa e se prova a falta ou recusa, total ou parcial, do aceite ou do pagamento de um título cambial.
Observa-se que a os títulos de crédito, por serem querable, dependem da apresentação do credor ao devedor para pagarem, e isso se comprova pelo protesto.
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8.7.3. Finalidades Legais do protesto: art. 2º da LP.
* Autenticidade;
* Publicidade;
* Segurança;
* Eficácia dos atos jurídicos.
8.7.4. Lugar do protesto:
* Local do pagamento; ou, na sua ausência, no domicílio do devedor.
* Quanto ao cheque, art. 6º da LP (lugar do pagamento ou domicílio do emitente).
8.7.5. O Tabelião poderá não aceitar a lavratura do protesto se constatar qualquer vício formal no documento. Assim, a avaliação do tabelião deverá ser meramente formal.
Não compete ao tabelião do protesto reconhecer prescrição e decadência (caducidade).
8.7.6. Protesto emitido em moeda estrangeira:
* Emitido fora do Brasil;
* Tradução obrigatória do título, por tradutor juramento (como auxiliar do comércio, o tradutor é matriculado na Junta Comercial);
* O meio liberatório é a moeda nacional, sendo imposto ao apresentante o título, a conservação dos valores na data da apresentação, pela cotação do dia.
* O registro do protesto conterá a descrição e tradução do documento.
8.7.6.1. Se o título tiver sido emitido no Brasil, em moeda estrangeira, aplica-se o disposto no Dec-lei nº 857, de 11/09/69, que estabelece o curso forçado da moeda brasileira em território nacional.
8.7.6.2. Se o título estiver indexado, impõe-se a conversão na data da apresentação.
8.8. Prazo do protesto:
* O protesto deve ser lavrado no prazo de 03 dias úteis contados da protocolização. 
É dentro desse prazo que a Medida Cautelar de Sustação Protesto deve ser ajuizada, para se sustar o protesto. 
A Ação Principal deve ser proposta no prazo de 30 dias (art. 806 do C.P.C.), contados da efetivação da medida, ou seja, da data da sustação do protesto (entendimento jurisprudencial dominante). 
O prazo de 30 dias a que alude o art. 806 do C.P.C. é decadencial, e não prescricional. Sendo assim, é fatal e improrrogável. Nesse sentido, se o último dia do prazo cair num dia em que não há expediente forense (sábado, domingo ou feriado), a Ação Principal deve ser proposta antes desse dia.
Se a Ação Principal não for ajuizada em tempo, cessam imediatamente os efeitos da sustação do protesto (art. 808, I do C.P.C.), e o protesto é efetivado.
Caso a Ação Principal seja julgada procedente, o protesto é sustado em definitivo.
* Dias úteis: expediente bancário com horário normal;
* Na contagem do prazo exclui-se o dia a quo e inclui-se o ad quem;
* Caso a intimação seja feita no dia do vencimento do prazo ou após ele, por motivo de força maior o protesto ser tirado no 1º dia útil subseqüente.
8.9. Intimação do protesto:
8.9.1. Pessoa: Será feita no endereço fornecido pelo apresentante, sendo considerada cumprida pela simples entrega da intimação no endereço fornecido (Se foi entregue no endereço declinado errado pelo apresentante, a responsabilidade é sua).
* Meios: Pelo tabelião;
- Por AR (carta registrada com aviso de recebimento) ou documento equivalente;
- Qualquer meio que assegure o recebimento e comprovado por protocolo;
* Requisitos: Nome e endereço do devedor;
- Identificação da dívida;
- Prazo limite para o cumprimento no tabelionato;
- Número do protocolo;
- Valor a pagar;
8.9.2. Edital: Afixado no tabelionato e publicado na imprensa (onde há jornal diário);
* Hipótese de admissibilidade: - Desconhecido o devedor;
- Localização incerta ou ignorada;
- Residir ou domiciliar fora da competência territorial do tabelionato;
- Negativa do recebimento do endereço fornecido.
8.9.3. Responsabilização: O apresentante ou credor são civil, penal e administrativamente responsável pelo fornecimento incorreto do endereço do devedor, agindo de má-fé.
8.10. Desistência e Dúvida:
a) A desistência é possível antes da lavratura do protesto, desde que pagos os emolumentos e demais despesas;
b) As dúvidas (processo de dúvida) serão dirimidas pelo juízo competente.
8.11. Sustação:
a) Sustado, o título ou documento fica à disposição do juízo,só podendo ser pago, protestado ou retirado com autorização judicial;
# Revogada a ordem: - Não é necessária nova intimação;
- Lavra-se o protesto no 1º dia útil subseqüente, salvo necessidade de consulta de apresentante, caso em que o prazo começa a correr da resposta.
# Tornada definitiva: O tabelião remeterá ao juízo o título, quando não for designado também pelo juízo a quem entregar o documento.
- Remeter-se, ainda, ao juízo, quando a parte designada não procurar o título no prazo de 30 dias.
8.12. Pagamento:
* Apresentado o título para o protesto, o pagamento será feito no tabelionato;
O valor deverá ser igual ao declarado pelo apresentante acrescido dos emolumentos e demais despesas;
Não é possível haver a recusa se o pagamento for feito perante o cartório competente e no horário de funcionamento;
A quitação deve ser dada no ato de pagamento pelo tabelionato, sendo o valor disponibilizado ao apresentante no 1º dia útil subseqüente;
Pagamentos com cheques, se adotado esse meio pelo cartório, a quitação fica condicionada à liquidação. Mesmo que se trate de cheque administrativo.
Subsistindo parcelas vincendas, a quitação será dada em documento em apartado e o original será devolvido ao apresentante.
8.13. A intervenção:
a) No aceite: a responsabilidade do interveniente se equipara à do sacado;
Depende da aquiescência do detentor ou portador;
É realizado por terceiro, sendo que o Professor João Eunápio Borges entende que mesmo que se trate de coobrigado no título. Esse entendimento não pacífico.
A intervenção para aceite visa afastar o vencimento antecipado do título pela recusa ou pelo aceite parcial.
b) No pagamento: no ato do protesto por falta de pagamento, qualquer pessoas – salvo o devedor principal e seus avalistas – pode intervir para efetuar o pagamento por honra de qualquer das firmas apostas no título;
- No silêncio do interveniente, presume-se ter sido honrada a firma do devedor principal;
- Havendo vários intervenientes: aceita-se o que desonerar o maior número de firmas houver vários intervenientes para a mesma firma: ordem legal (art. 35, § 3º, Dec. 2.044/08).
c) Havida a intervenção: o registro e o instrumento de protesto indicarão os intervenientes, a firma honrada e, se o caso, a anuência do apresentante.
8.14. Requisitos do instrumento de protesto: art. 22 da LP.
8.15 Protesto de título com endosso e/ou aval:
Os devedores e os indicados pelo apresentante como responsáveis pelo cumprimento da obrigação não poderão deixar de figurar no termo de lavratura e registro do protesto.
8.16. Formalização e registro do protesto: 
 Transcorrido o prazo legal (03 dias úteis) sem o pagamento, sustação ou desistência. Lavra-se e registra-se o protesto, entregando-se ao apresentante o respectivo instrumento.
8.17. Cancelamento: 
 É feito pelo tabelião titular, seus substitutos ou escrevente autorizado.
É solicitado diretamente ao tabelionato:
- Por pessoas apresentando o documento protestado – cuja cópia ficará arquivada no cartório;
- Se impossível a apresentação do original, é necessário DECLARAÇÃO DE ANUÊNCIA, como identificação e firma reconhecida daquele registrado como credor;
- Havendo endosso-mandato é suficiente a declaração de anuência do credor endossante;
O cancelamento, se não for pelo pagamento, só poderá ocorrer por ordem judicial, mas deverão ser pagos os emolumentos;
O cancelamento decorrente de processo judicial pode ser solicitado com a apresentação de certidão expedida pelo juízo, constando o trânsito em julgado da sentença. Isso substituirá o título ou documento protestado.
No protesto registrado sob a forma de microfilme ou gravação eletrônica, o cancelamento será dado em documento apartado, que será arquivado com os documentos que instruíram o pedido de anotada no índice respectivo.
8.18. Certidões:
 Serão dadas no prazo máximo de 05 dias e relativas a um período mínimo de 05 anos da data do pedido, salvo se referir ao protesto específico.
a) Requisitos: Art. 27, § 1º, LP;
Forma de elaboração: Art. 30, LP.
b) Vedação: Não se dará certidão constando os registros cancelados, salvo se requerido, por escrito, pelo próprio devedor ou por ordem judicial.
Sempre que a homonímia se verificar pelo simples confronto de documento de identidade, o tabelião dará certidão negativa;
As certidões serão dadas a qualquer um que requerer, por escrito, e serão relativas aos protestos não cancelados.
c) Certidão diária, constando protesto e cancelamentos, poderão ser fornecidas às entidades representativas da indústria, comércio e entidades de proteção ao crédito.
Nesse caso, é vedada a divulgação, mesmo que parcial, pela imprensa, sob pena de suspensão do fornecimento. Essa nota é obrigatória no texto desse tipo de certidão.
8.19. Livros:
a) Livro de registro de protesto (que deverá ser arquivado, juntamente com os respectivos títulos, pelo prazo de 10 anos).
Há um termo de abertura e encerramento pelo tabelião, seus substitutos, ou escrevente autorizado, com folhas numeradas e rubricadas.
b) Livro de protocolo (que deverá ser arquivado pelo prazo de 03 anos):
- A escrituração pode ser manual, mecânica, eletrônica ou informatizado;
- Em folhas soltas e com colunas destinadas às seguintes anotações:
* Número de ordem;
* Natureza do título ou documento;
* Valor;
* Apresentante;
* Devedor;
* Ocorrências.
- A escrituração deste livro é diária, com termo de encerramento, o número de documentos apresentados no dia.
* A data do protocolo = a do termo diário do encerramento.
c) Arquivamentos obrigatórios e prazo de conservação: art. 35, LP.
9 – LETRA DE CÂMBIO
		 	Como aplicar a legislação pertinente às Letras de Câmbio e Notas Promissórias.
- Lei Uniforme de Genebra (L.U.G.): Decreto 57.663/1966, anexo I e II e;
- Lei Cambial Brasileira: Decreto 2044/1908
 			Leciona Maximilianus Cláudio Américo Fugrer, “in” Resumo de Direito Comercial, Editora Malheiros, 12ª edição, ff. 83/84, de forma clara, concisa e coesa, que, verbis: 
“Em apenso ao Decreto 57.663/66, encontramos o Anexo I e o Anexo II da Convenção sobre letras e notas promissórias. O Anexo I é a própria Lei Uniforme de Genebra (L.U.G.) e o Anexo II é a lista articuladas das reservas ou ressalvas brasileiras, que modificam ou excluem o disposto no Anexo. Em geral, as reservas são derrogatórias.
 A primeira providência do intérprete é riscar os arts. 1º, 4º, 8º, 11, 12, 14, 18, 21, 22 e 23 do Anexo II, porque essas reservcas não interessaram ao Brasil, como se vê do item 1º do Decreto 57663/66.
(...)
O Anexo I deve ser conjugado com os artigos não riscados do Anexo II. Cada vez que examinarmos um artigo da LUG (Anexo I), teremos que verificar necessariamente se ele não foi derrogado ou modificado por algum dos 13 artigos do Anexo II (lista de reservas).
Ao conjugar o Anexo I com o Anexo II, devemos seguir os seguintes princípios:
1º) Se o Anexo II nada disser, valerá o que ficou dito no Anexo I;
2º) Havendo reserva derrogatória no Anexo II, cancela-se a disposição do Anexo I, e se substitui a mesma pela norma correspondente da lei cambial brasileira (Decreto 2044/1908) ou por outra lei interna pertinente;
3º) Mas, se apesar da reserva, não houver lei brasileira para a substituição, permanecerá válida a regra do Anexo I.
(...)
Em síntese, o manuseio da Lei Uniforme de Genebra – L.U.G., obriga o interessado a dar os seguintes passos:
a) riscar do Anexo II as reservas não adotadas;
b) anotar ao lado de cada reserva restante a regra correspondente da nossa lei cambial interna (Decreto 2044/1908).”
Exemplo de Letra de Câmbio, com a indicação de seus requisitos essenciais ou obrigatório, e não essenciais ou facultativos:
9.1. Origem:
9.1.1. PERÍODO ITALIANO: Mero câmbio trajetício, facilitando a remessa de dinheiro de uma cidade a outra.
9.1.2. PERÍODOFRANCÊS: Conquanto se transformasse em documentação de contrato de compra e venda resultante de um relação de delegação ou mandato, enriquecia-se com a figura do endosso, permitindo a transmissibilidade do título, transformando-o em título de crédito.
9.1.3. PERÍODO ALEMÃO: a) desaparecem os requisitos de distância loci e do “valor recebido”; b) a endossabilidade de torna elemento natural, implícito, desaparecendo a necessidade de cláusula à ordem; c) pode ser apresentada ao aceitante, e o portador exerce o direito de regresso contra o sacador, desde que não seja aceita ou paga; d) a assinatura aposta no título é autônoma, independente das demais; d) é credor quem possuir o título por uma série interrompidas de endossos; f) ao credor não podem ser opostas as exceções no direito pessoal.
9.2. Conceito:
A Letra de Câmbio é uma ordem de pagamento que o sacador dá ao sacado em valor do tomador.
9.3. Figuras intervenientes (sacador, sacado e tomador):
SACADOR → A pessoa que dá a ordem de pagamento. É o sacador, emissor, antigamente chamado passador, trahens ou scribens. É ela quem cria, fornece ou saca a letra de câmbio;
- SACADO → A pessoa encarregada de pagar a letra de câmbio. É o sacado, antigamente denominado numerator pecunie ou solvens. Sobre ela se saca a letra de câmbio. Se reconhece a ordem e lança sua assinatura passa a ser ACEITANTE;
- TOMADOR → A pessoa que recebe a letra de câmbio do sacador e que deve cobrá-la no vencimento, ou simplificando, a pessoa a quem a letra deve ser paga. Chama-se esta pessoa tomador ou beneficiário, antigamente remitens.
Calha anotar que numa letra uma figura pode ser ao mesmo tempo outra. 
Ex: o SACADOR pode ser ao mesmo tempo o TOMADOR. 
Ex: O SACADOR pode ser ao mesmo tempo o SACADO e o TOMADOR e circular a letra. 
 Não pode o SACADO ser o TOMADOR.
9.4. Outras Figuras: 
ENDOSSANTE e AVALISTA;
9.5. Requisitos Essenciais:
9.5.1. Intrínseco (requisitos comuns a todas as obrigações): sujeito, vontade e objeto – agente capaz, objeto lícito e inexistência de vício de vontade.
9.5.2. Extrínsecos (art. 1º, do Dec. nº 2.044/08 e art. 1º da Lei Uniforme de Genebra – LUG)�:
I – A denominação “Letra de Câmbio” ou a denominação equivalente na língua e que for emitida;
II – a soma em dinheiro e a espécie da moeda;
II.1 – Havendo divergência entre o valor em algarismos e o valor por extenso, prevalecerá este último;
II.2 – Sendo dois os valores, prevalecerá o menor;
II.3 – Não é admissível o valor aproximado, deve ser indicado com precisão a importância a ser paga.
III – o nome da pessoa que deve pagá-la;
IV – o nome da pessoa a quem deve ser paga;
V – assinatura de próprio punho do sacador ou de mandatário especial.
V.1 – Que, na forma do art. 9º, da LUG, é garante tanto do aceite quanto do pagamento, destarte, ele fica vinculado ao título.
9.5.2.1. A estes requisitos a LUG acrescentam-se outros 02 (dois):
I – A data do saque;
II – O lugar onde é sacada.
9.5.2.1.1. Não se consideram requisitos essenciais a exigência do art. 1º, alíneas 4 e 7, mas na falta de indicação da data e do lugar em que é passada a letra, consideram-se estes junto ao nome do sacado. Na falta dos dois, a cártula não vale como Letra de Câmbio da L.U.G. (Dec. nº 57.663/66), em face da inequívoca redação do art. 2º, do referido diploma legal.
9.6. Vencimentos (Art. 33. LUG): à vista, a um certo termo de vista, a um certo termo de data e num dia fixado, onde:
Termo = evento futuro e certo / Condição = evento futuro e incerto
à vista = no ato da apresentação ao sacado
a um certo termo de data = a um certo tempo da emissão
a um certo termo de vista = da data aceite, na falta, do protesto
num dia fixado – estipulado pelo sacador
9.6.1. À VISTA: É vencimento à vista aquele que ocorre na apresentação ao sacado.
“A letra à vista vence-se no ato da apresentação ao sacado.” (art. 17, Dec. nº 2.044/08)
9.6.2. A DIA CERTO: É o próprio sacador quem determina o prazo.
 9.6.3. A TEMPO CERTO DE DATA: Significa a tempo certo da emissão. Assim, o vencimento passa a correr da emissão ou do saque.
“A 30 (trinta) dias desta V.Sª, pagará por esta letra de câmbio...”
9.6.4. A TEMPO CERTO DA VISTA: O prazo só começa da data do aceite e, na falta deste, do protesto.
9.6.5. VENCIMENTO POR ANTECIPAÇÃO:
9.6.5.1. Quando o portador não consegue obter o aceite, ou seja, por motivo de ausência ou impedimento do sacado, ou por oposição deste, tácita ou explícita, fica, dede logo, verificado que o valor contido na letra de câmbio não será realizado no tempo e na forma que nele está prometido.
9.6.5.2. É justo, portanto, que o portador tenha, neste caso, o direito de exigir resgate imediato do título desprestigiado.
9.6.5.3. A falência produz o vencimento antecipado de todas as dívidas do falido e do sócio solidário da sociedade falida (art. 25, LF).
9.6.5.4. A declaração da insolvência do devedor produz o vencimento antecipado das duas dívidas. (art. 751, CPC).
9.7. A questão do título em branco, no todo ou em parte:
Súmula 387 do STF: “A cambial preenchida com omissões poderá ser completa pelo credor de boa-fé antes do protesto.”.
9.8. A Prescrição:
9.8.1. Definição e Distinção entre Aquisitiva e Extintiva de Direitos.
9.8.2. Em matéria cambial, a prescrição diz respeito unicamente a pretensão da ação e não ao direito do credor e devedor. Perdida a natureza cambial pelo transcurso de determinado espaço de tempo, o título se torna uma obrigação de natureza civil, podendo por isso mesmo ser cobrado judicialmente, pela via ordinária.
9.8.2.1. A pretensão executiva fulminada pela prescrição dá lugar a possibilidade de requerimento de ação ordinária de cobrança ou ação monitória.
9.8.3. Prescrevem em:
9.8.3.1. 03 (três) anos a ação do portador contra o aceitante (sacado) e o avalista;
9.8.3.2. 01 (um) ano a ação do portador contra os endossantes e sacador;
9.8.3.3. 06 (seis) meses ações dos endossantes, uns contra os outros.
9.8.4. Interrompe a prescrição, uma única vez, consoante art. 202, II e III do C.C, por protesto cambial ou judicial.
9.8.4.1. Por despacho do Juiz, mesmo que incompetente, ordenar a citação. Portanto, quando o juízo apõe “cite-se” ou expressão equivalente. 
Aqui não vale a mera distribuição da ação. Se o Juiz determinar que se emende a petição inicial ou se faça aditamento, sem ordenar a citação, “cite-se”, a prescrição também não será interrompida.
9.8.4.2. Pelo protesto; Cambial ou Judicial.
9.8.4.3. Pela apresentação do título de crédito, em juízo de inventário, ou em concurso de credores;
9.8.4.4. Por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor.
9.8.4.5. No direito cambiário a interrupção da prescrição só produz efeito em relação à pessoa para quem a interrupção foi feita (art. 71, LUG), não atingindo a todos os coobrigados, exatamente pela inaplicabilidade dos princípios do direito comum relativos à solidariedade.
“não se consegue igualar, para fins de interrupção do lapso liberatório, a solidariedade resultante de um única obrigação, de natureza civil comum, com aquela decorrente da responsabilidade cambial, campo onde, por força mesmo do título, despontam várias obrigações, valendo cada um por si própria, independente da outra.” (RT 234/365)
9.9. A Prescrição intercorrente:
A prescrição intercorrente se dá pela inércia do autor (o credor do título) a dar impulso ao processo, através da prática de qualquer ato processual à ação proposta contra o devedor principal e/ou seus avalistas, ou contra os demais coobrigados (endossantes e avalistas, destes exige o protesto). Os prazos, em se tratando de letra de câmbio, são os mesmos dispostos na L.U.G., ou seja, 3 anos, 1 ano ou 6 meses, conforme o caso. 
- Ex: A ação executiva proposta contra o devedor principal será fulminada pela prescrição intercorrente se o autor não praticar nenhum ato processual no prazo de três anos.
A prescriçãointercorrente vale para todos os títulos de crédito, com as observâncias peculiares de seus prazos prescricionais.
9.10. O aval antecipado na letra de câmbio não aceita.
Conforme já salientado 
10 – NOTA PROMISSÓRIA
10.1. Conceito:
Entende-se por nota promissória a promessa de pagamento de certa soma em dinheiro, feita, por escrito, por uma pessoa, em favor de outra ou à sua ordem.
10.2. Figuras Intervenientes:
 SACADOR	EMITENTE	DEVEDOR
TOMADOR BENEFICIÁRIO CREDOR
Não existe a figura do sacado, próprio da Letra de Câmbio.
O emitente da nota promissória é equiparado ao aceitante da letra de câmbio, conforme determina o art. 78 da L.U.G. c/c o art. 56, primeira alínea do Dec. 2044/08.
10.2 – Aceitante da Letra e emitente da nota:
Ao teor do que dispõe o art. 77 da LUG, é aplicável à nota promissória (NP), na parte que não sejam contrárias à sua natureza, as disposições relativas às letras de câmbio concernentes ao endosso, vencimento, pagamento, direito de ação, pagamento por intervenção, cópias, alterações, prescrição, dias feriados, contagem de prazos e interdição de dias de perdão.
 Os requisitos da nota promissória são aqueles descritos no art. 75 da LUG, com as normas subsidiárias do art. 76 do mesmo diploma.�
Como nas letras de câmbio, nas notas promissórias há o vencimento a certo termo de vista (cf. Art. 78, LUG), que devem ser presente ao emitente, no prazo de um ano, para que possam ser vistadas dando início ao cômputo do prazo de vencimento da cambial, uma vez que o termo de vista se conta deste visto dado pelo emitente. A recusa do visto não gera o vencimento antecipado da NP, impondo-se o protesto por falta de visto, cuja data serve de início do termo de vista.
10.3 – Nota promissória vinculada a contrato:
É comum na prática deparar-se com uma nota promissória vinculada a um contrato de mútuo. Nessa circunstância, a nota promissória deixa de ser um título abstrato, para ser um título causal, pois se liga a causa que lhe deu origem. Também deixa de ser um título independente, ou seja, não é per se stante, já que depende de outro documento. Destarte, a cambial jungida ao avençado não é emitida como promessa de pagamento, mas como garantia do contrato (REsp 262623 / RS).
Súmula 27 do STJ: “Pode a execução fundar-se em mais de um título extrajudicial relativos ao mesmo negócio”.
10.4 – Nota promissória pro solvendo:
A expressão latina é composta da preposição pro (a título de) e solvendo (do que está se pagando), que se traduz a título do que está se pagando, para exprimir a futura entrega em definitivo do que se faz a respeito da obrigação, seja da prestação ou de coisa que lhe seja equivalente. 
Note-se então que o verbo pro solvendo está empregado no gerúndio. 
Exemplificando-se: se uma nota promissória vinculada a contrato de compra e venda foi emitida em caráter pro solvendo, nada mais quer dizer que a quitação do objeto contratado se dará na medida em que as prestações forem honradas. No caso de não pagamento da cambial, o vendedor poderá desfazer o negócio.
Logo, a emissão da cambial pro solvendo é harmônica com a possibilidade da rescisão contratual, multa e arras.
10.5 – Nota promissória pro soluto:
A expressão latina é composta da preposição pro (a título de) e solutio (pagamento), que se traduz a título de pagamento, para exprimir a entrega do que se faz a respeito da obrigação, seja da prestação ou de coisa que lhe seja equivalente, a título de pagamento ou para valer como pagamento ou de satisfação da dívida. 
Vale então anotar que verbo pro soluto está empregado no passado.
Exemplo: se uma nota promissória vinculada a contrato de compra e venda foi emitida em caráter pro soluto, nada mais quer dizer que o objeto contratado está quitado. No caso de não pagamento da cambial, o vendedor não poderá desfazer o negócio, restando apenas a execução da cambial contra o comprador. Nessa ordem de idéias, é certo que a boa técnica jurídica coaduna a emissão da cambial pro soluto com a cláusula contratual da irrevogabilidade e irretratabilidade, e, por outro lado, por óbvio, é antagônica com a possibilidade de rescisão contratual e multa.
No que diz respeito ainda à emissão de títulos pro solvendo e pro soluto, anote-se os precisos dizeres do Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, relator do REsp 4292, unânime, no que alude a compra e venda de imóvel com pagamento de cheques, verbis:
“Impende ainda considerar que não se apresenta crível que, tendo assinado um contrato no qual declara haver recebido em espécie, e havendo recebido efetivamente em cheque, com vencimento posterior, o credor tenha aceitado tais títulos como pagamento, ou seja pro soluto. (...) Como é cediço, nesse tipo de negócio, aguarda-se a compensação dos cheques inclusive para outorga de escritura, razão peal qual o recebimento dos títulos é via de regra pro solvendo, isto é, para pagamento.” 
 	Nesse sentido também já se posicionou o egrégio TJDFT:
 
 	“DIREITO COMERCIAL E DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. PAGAMENTO PRO SOLUTO E PRO SOLVENDO. NO PAGAMENTO PRO SOLUTO, A DÍVIDA CONTRATUAL DESAPARECE; É SUBSTITUÍDA PELO PRÓPRIO TÍTULO. QUANDO DO CONJUNTO PROBATÓRIO NÃO FICA CARACTERIZADO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS VINCULANDO AS NOTAS PROMISSÓRIAS, INFERE-SE QUE FORAM EMITIDOS DE FORMA PRO SOLUTO, ISTO É, QUE OS TÍTULOS FORAM DADOS COMO PAGAMENTO DA DÍVIDA, E NÃO EM PAGAMENTO DA DÍVIDA ( PRO SOLVENDO).”
(2007 01 1 074116-4 APC , Desembargador Relator Waldir Leôncio C. Lopes Júnior, 2ª Turma Cível, D.J. 15/10/2008 – UNÂNIME).
10.6 – Nota promissória com pacto adjeto:
Pacto adjeto é a denominação dada a toda cláusula inserta em um contrato, da qual se deriva uma obrigação acessória. Diz-se justamente adjeto porque é convenção ou ajuste promovido dentro de um contrato, constituindo-se em cláusula ou obrigação ligada à principal, mas não própria à composição do contrato. É o mesmo que pacto acessório. Os pactos adjetos objetivam cláusulas de multa.
Nessas circunstâncias, um nota promissória com pacto adjeto se traduz a emissão de uma futura ordem de pagamento com a disposição de cláusulas acessórias, como a multa e juros.
Em caso de vencimento e não pagamento, a cambial com pacto adjeto será devida com o acréscimo da multa e dos juros ali dispostos.
10.7. Ação Monitória lastreada em nota promissória com pretensão à execução prescrita.
	SÚMULA n. 504: “O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do título.”
 	“DIREITO EMPRESARIAL. PRAZO PRESCRICIONAL PARA AJUIZAMENTO DE AÇÃO MONITÓRIA FUNDADA EM NOTA PROMISSÓRIA PRESCRITA. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ).
 	O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do título. Com efeito, qualquer dívida resultante de documento público ou particular, tenha ou não força executiva, submete-se ao prazo prescricional de cinco anos, que está previsto no art. 206, § 5º, I, do CC. Cabe registrar que a nota promissória é título de crédito abstrato, isto é, pode ser emitida em decorrência de qualquer negócio jurídico e o seu pagamento resulta na extinção da obrigação originária. O art. 132 do CC ainda esclarece que, salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os prazos, excluído o dia do começo e incluído o do vencimento. Assim, o termo inicial para a fluência do prazo prescricional para a perda da pretensão relativa ao crédito concernente à obrigação originária corresponde ao dia seguinte àquele previsto na cártula para o pagamento do título de crédito – quando, então, se pode cogitar inércia por parte do credor.”
REsp 1.262.056-SP , Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 11/12/2013. 
11 – CHEQUE
- Códigos:
11 = sem fundos na 1ª apresentação12 = sem fundos na 2ª apresentação
21 = sustado, por desacordo comercial
28 = sustado, por furto ou roubo
11.1 - Conceito:
É uma ordem incondicional de pagar à vista uma quantia determinada, dada por quem tenha fundos disponíveis em pode de banco ou instituição financeira que lhe seja equiparada (sacado), e esteja autorizado a emitir cheques sobre tais fundos em virtude de contrato expresso ou tácito, lembrando sempre que a ordem pode ser dada em favor de terceiro ou do próprio emitente.
11.2 - A Lei Uniforme do cheque (Dec. 57.595/66) não está em vigor no Brasil.
11.3 - A Lei 9.311/93 (Lei da CPMG), no art. 17, I, que é uma Lei Ordinária, assim como a Lei do Cheque, diz que “somente é permitido um único endosso nos cheques pagáveis no País”. Todavia, aludida legislação foi revogada, razão pela qual, ocorreu retorno de cadeia de endossos em se tratando de cheques.
11.4 - Requisitos:
I – a denominação “cheque” inscrita no contexto do título e expressa na língua em que este é redigida;
II – a ordem incondicional de pagar quantia determinada em cifra e por extenso;
III – o nome do banco ou da instituição financeira que deve pagar (sacado);
IV – a indicação do lugar do pensamento;
V – a indicação da data e do lugar da emissão;
VI – a assinatura do emitente (sacador) ou de seu mandatário com poderes especiais;
- Dos requisitos mencionados, na verdade, não são essenciais o do lugar do pagamento e o da emissão, já que na falta de tais indicações é considerado lugar do pagamento o lugar designado junto ao nome do sacado (banco); designando vários lugares, o cheque é pagável no primeiro deles; inexistindo indicação, o cheque é pagável no lugar da sua emissão. Não indicando o lugar da emissão, considera-se emitido o cheque no lugar indicado junto ao nome do emitente (sacador).
- Admite-se, outrossim, no lugar da assinatura de próprio punho do emitente ou de seu mandatário e chancela ou outros processo equivalentes.
11.5 - Figuras Intervenientes:
SACADOR 	 EMITENTE	 DEVEDOR
TOMADOR	BENEFICIÁRIO	CREDOR
SACADO (BANCO OU INSTITUIÇÃO FINANCEIRA) – que quita o título
11.6 - Apresentação:
A apresentação do cheque a um câmara de compensação equivale à apresentação para pagamento.
O cheque deve ser apresentado para pagamento, a contar do dia da emissão, no prazo de:
a) 30 dias, quando emitido no lugar onde deve ser pago;
b) 60 dias, quando emitido em outro lugar do país ou estrangeiro, daquele onde deve ser pago.
Diz-se que o cheque é um instrumento de exação (cobrança rigorosa), pois deve ser pago pelo banco-sacado no ato da apresentação, não podendo ser adiado para um dia posterior.
11.7 - Prescrição:
- Execução: 06 meses, contados do término do prazo de apresentação; ou do pagamento para coobrigados;
- A interrupção da prescrição só produz efeitos em relação à pessoa para a qual a interrupção foi feita;
- A prescrição intercorrente do cheque é de 6 meses, contados da data de apresentação (30 ou 60 dias).
- O prazo para ação por locupletamento ilícito (no qual o cheque serve como meio de prova) é de dois anos. Também pode ser manejada a ação monitória.
11.8 - Emissão:
Pode-se estipular no cheque que seu pagamento seja feito (lembrar que a presunção é de que seja à ordem);
a) à pessoa nomeada, com ou sem cláusula expressa, neste caso, “à ordem”, o cheque é transmissível por via do endosso;
b) à pessoa nomeada, com cláusula “não à ordem” (a jurisprudência entende que havendo a cláusula “a ordem”, e sendo a mesma riscada – equivale-se á cláusula “não à ordem”); nesta hipótese, o cheque só é transmissível com as características de uma cessão civil;
c) ao portador (ausência de nome ou nominal, seguido de cláusula: “ou ao portador”).
- Cheque ao Portador:
Cheque ao portador é aquele que não indica o benefício, ou que em seu lugar tem inserida a expressão ao portador.
Note-se que o cheque pode consignar o nome do beneficiário e, ainda assim, ser considerado ao portador, bastando que se acrescente ao nome do tomador a expressão: “ou ao portador”.
- Cheque Nominal:
Cheque nominal, também chamado nominativo, é aquele que consigna o nome do tomador ou beneficiário.
11.9 – O Cheque Pós-Datado (Pré-datado):
O cheque pós-datado é corriqueiramente conhecido como cheque pré-datado e apresentado a pagamento antes do dia indicado como data da emissão é pagável no dia da apresentação. (art. 32, § único)
Sob o prisma do Direito Comercial, a apresentação do cheque pós-datado antes da data assinalada é exercício regular de direito (art. 32, parágrafo único, Lei nº 7353/85). Contudo, a jurisprudência entende que, nesse contexto, há ruptura do negócio jurídico subjacente ao título, fazendo emergir o dano moral, registre-se:�
“Indenização. Dano moral. Cheque pós-datado.
A apresentação prematura de cheque a estabelecimento bancário, resultando em encerramento da conta do emitente, acarreta ao responsável obrigação indenizatória por dano moral, que deve ser fixada de acordo com a gravidade da lesão, intensidade de culpa ou dolo do agente e condições sócio-econômicas das partes.”.�
“Indenização. Dano Moral. Cheque. Pré-datado. Apresentação Prematura pelo estabelecimento comercial. Importa em dano moral o comportamento do estabelecimento comercial que, descumprindo acordo firmado com o consumidor, apresenta para saque cheque pré-datado cujo pagamento estava programado para data posterior.”.�
11.10 – O Cheque Cruzado:
O cheque cruzado no anverso, ou seja, atravessado por dois traços paralelos, só poderá ser pago a um banco.
O Cruzamento é faculdade exclusiva do portador (beneficiário) e do sacador (emitente).
- Espécies:
a) Cruzamento ao portador, também, chamado geral, não designa o banco a ser pago;
b) Cruzamento nominal, também, denominado especial, que designa o banco ao qual deve ser pago.
11.11 - Cheque Para Creditar:
O emitente ou portador podem proibir que o cheque seja pago em dinheiro, mediante a inscrição transversal, no anverso do título, da cláusula “para ser creditado em conta”, ou outra equivalente. Nesse caso, o sacado só pode preceder a lançamento contábil (crédito em conta, transferência ou compensação), que vale como pagamento. O depósito em conta de seu beneficiário dispensa o respectivo endosso.
11.12 - Cheque Visado:
- Nominal;
- Prazo de apresentação – após o que será estornado o valor voltando à conta do emitente;
- “Por consenso unânime dos interessados, o visto não atesta apenas, como que a doutrina, a existência de provisão, mas tem a virtude de colocar esta à disposição do portador e vincular o sacado”.
11.13 - Cheque Marcado:
O cheque marcado pelo sacado: “bom para o dia...” Não é admitido pela Legislação Brasileira atualmente.
* TIPOS:
- Turismo, ou traveller’s check;
- Postal;
- Fiscal: É aquele emitido pelo Poder Público para a restituição de tributos recolhidos em excesso ou destinado à poupança:
a) o primeiro (restituição): 	- Nominal
	- Cláusula não à ordem;
	- Validade: 06 meses
b) o segundo (poupança): 	- Incentivos fiscais;
	- Nominal;
	- Sacado – Banco do Brasil S/A;
- Endossável às instituições financeiras indicadas na Lei;
- Administrativo:
- Nominal;
- É o cheque emitido pelo próprio banco contra si mesmo, ou seja, contra um dos seus estabelecimentos, em favor de terceiro;
- Nele, sacador e sacado se confundem, devendo ser, necessariamente, nominal.
- Cheque Em Branco Ou Incompleto:
Contrato de preenchimento.
“A cambial emitida ou aceita com omissões, ou em branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto.” (Súmula: 387, STF).
- Cheque com Pluralidade de Exemplares:
O cheque nominal, emitido num país, para ser pago em outro, facultado é ao sacador emitir vários exemplares.
Todos esses exemplares reunidos, necessariamente numerados, representam uma só obrigação, um só valor, e o pagamento de uma via quita todas as outras.

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