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FISIOLOGIA REPRODUTIVA Luís Carlos Reis Professor Associado III, DVM, MSc, PhD Área de Fisiologia Laboratório de Neuroendocrinologia Comportamental 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 1 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 2 DIMORFISMO SEXUAL DO SISTEMA NERVOSO 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 3 DIMORFISMO SEXUAL DO SISTEMA NERVOSO Como o sistema nervoso de indivíduos do sexo feminino reconhece machos? Como o sistema nervoso de indivíduos do sexo masculino reconhece fêmeas? Que estruturas/áreas do sistema nervoso estão implicadas na identificação e orientação sexual? Porque/como o sistema nervoso de machos e fêmeas regula a liberação de Gonadotrofinas adeno-hipofisárias na idade adulta? O sistema nervoso controla a função reprodutiva em seus aspectos neuroendócrinos e comportamentais (e seus respectivos correlatos neurovegetativos). Como os estímulos endógenos e exógenos acessam o sistema nervoso para controlar a função reprodutiva diferencialmente feminina e masculina? Como a conduta sexual se expressa segundo padrão dimórfico na libido durante a corte (interação psicossocial entre machos e fêmeas)? 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 4 SEXUAL DIMORPHISMS OF THE BRAIN Roger A. Gorski UCLA School of Medicine, Los Angeles, CA 90024 (ver também artigos dos anos 1960 de Roger A. Gorski) (PARA SABER) 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 5 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 6 PROGRAMAÇÃO DO DIMORFISMO SEXUAL PROGRAMAÇÃO DA FUNÇÃO REPRODUTIVA (caracterização - programação epigenética) 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 7 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 8 www.colorado.edu/.../iphy4480tsai/Lecture23.html 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 9 Período perinatal? A exposição à testosterona entre dia 17 prenatal ao dia 8-10 posnatal organiza a ontogênese cerebral de ratos machos para determinar o fenótipo de sua reação fisiológica (neuroendócrina) e comportamental na vida adulta. Na ausência de testosterona ou de qualquer esteróide gonadal neste período induz a organogênese cerebral feminina que define o fenótipo fisiológico e comportamental nas fêmeas tornadas adultas. Se ratos machos são castrados ao nascimento e forem tratados com estrógenos na vida adulta eles exibem lordose, uma resposta sexual feminina, quando exposto ao macho intacto adulto. Se ratas são tratadas com andrógenos ou tiverem testículos transplantados ao nascimento elas não exibem lordose na presença de ratos machos intactos nem tampouco adquirem a capacidade de liberar gonadotrofinas ciclicamente para (operar os ciclos reprodutivos com ovulação). Se ratos machos castrados ao nascimento forem expostos a uma rata intacta adulta na fase de estro eles não expressam conduta masculina (cópula). Se machos intactos são tratados com estrógenos na vida adulta eles não exibem lordose na presença de ratos adultos normais. Ratos normais acasalam com ratas normais durante o estro. A testosterona estabelece e induz à organização ontogênica de circuitos masculinos (indução da masculinização do SN) e inibe o desenvolvimento de circuitos cerebrais femininos (inibição da feminização do SN). Resumo das observações de Gorski 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 10 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 11 O núcleo periventricular anteroventral (AVPVn) sexualmente dimórfico MOE epitélio olfatório principal VNO órgão vômero-nasal MPOA área pre-óptica medial ME eminência média TIDA neuron neurônios dopaminérgicos túbero-infundibulares arcuate nucleus núcleo arqueado 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 12 O AVPVn sexualmente dimórfico (maior número de neurônios nas fêmeas) constitui circuito-alvo crítico para sinalização dos neurônios LH-RH. Sinais GABAérgicos e glutamatérgicos a partir do AVPVn, concomitantes a influência estrogênica regulam os neurônios LH- RH na MPOA. O AVPVn é maior nas fêmeas e contém muitos neurônios que co- expressam GABA e glutamato. Sinais sensoriais gerados no órgão vômero-nasal (VNO) bem como outros sinais sensoriais regulam as respostas neuroendócrinas hipotalâmicas, especialmente a liberação de LH-RH. Entretanto, os neurônios LH-RH também recebem inputs polissinápticos do epitélio olfatório principal (MOE). Neurônios LH-RH se projetam para vasos sanguíneos da eminência média (ME). Em machos a liberação sincronizada tônica de LH-RH produz liberação pulsátil de LH a partir da hipófise. Nas fêmeas, os neurônios túbero-infundibulares (TIDA) recebem projeções polissinápticas do VNO. Este neurônios também projetam-se para a ME onde liberam dopamina (DA), considerada um P-IH, evento crítico para a ciclicidade feminina e pico ovulatório de LH. 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 13 O núcleo sexualmente dimórfico da área pre-óptica (SDN-POA) 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 14 Lephart et al. 2001 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 15 Secções do SDN-POA de ratos. A:macho; B:fêmea; C:fêmea tratada com testosterona no período perinatal; D:fêmea tratada com o estrógeno sintético, di-etil-estil-bestrol. AC=comissura anterior; OC=quiasma óptico; SCN=núcleo supraquiasmático; V = 3º ventrículo. Dohler KD, Coquelin A, Davis F, Hines M, Shryne JE, Gorski RA. Brain Research, 302: 291–295, 1984. Macho intacto Fêmea intacta Fêmea tratada com testosterona no período perinatal Fêmea tratada com estrógeno sintético (DES) no período perinatal 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 16 O SDN-POA é maior em ratos machos (a) que em fêmeas (b) porque os testículos secretam testosterona durante o período perinatal. Após esse período a testosterona exerce pouco efeito sobre o número de neurônios do SDN-POA . Ao contrário, a região postero-dorsal medial da amígdala (MePD) que é 1,5 vezes maior nos machos (c) que em fêmeas (d) preserva sua responsividade à testosterona por toda a vida. Em tentilhões da Austrália o núcleo robusto do arqui-estriado (RA) é crítico para a vocalização e possui maior volume em machos (e) que em fêmeas (f). Como o SDN-POA de ratos, a exposição a esteróides gonadais no período perinatal é essencial para o RA desenvolver fenótipo masculino. Morris et al. 200425 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 17 Pesquisa com aves canoras abriu novas perspectivas para o entendimento do mecanismo de dimorfismo sexual e plasticidade Em diversas espécies de aves canoras os machos cantam mais que as fêmeas. Regiões prosencefálicas implicadas com o canto, o centro da vocalização superior (HVC) e o núcleo robustus archistriatum (RA) são maiores nos machos. Em canários, o tratamento das fêmeas com testosterona não masculiniza plenamente o HVC e RA mas induz ao canto. A extraordinária capacidade de plasticidade encefálica em canários adultos inclui a gênese de novos neurônios funcionais e, provavelmente evoluiu em resposta a estratégia reprodutiva de acasalamento sazonal na qual machos competem entre si (através exibição de seu repertório musical) por fêmeas mais atrativas. 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 18 Em tentilhões recém-eclodidos, axônios projetados do HVC tem os seusterminais na vizinhança de seus neurônios-alvo no RA mas não os alcançam até que receptores de estrógenos sejam ativados na vida adulta. Em fêmeas jovens tratadas com estrógenos os terminais axônicos crescem em direção ao RA que se masculiniza como em machos adultos. Entretanto, interferindo com a esteroidogênese gonadal em machos não se impede a masculinização na vida adulta. Isto tem suscitado a hipótese de que o encéfalo de tentilhões machos (e possivelmente o de outras aves canoras) pode produzir o seu próprio estrógeno. 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 19 T E2 Aromatase Andrógenos produzidos em período critico da programação sexual do sistema nervoso são convertidos em estrógenos pela aromatase 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 20 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 21 E no ser humano? Estudos morfometricos mostraram em cadáveres que nos homens o SDN-POA e 2-5 vezes mais volumoso que nas mulheres 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 22 Dimorfismo sexual cerebral no ser humano. O SDN-POA de indivíduos XY heterossexuais aumentam a emissão de positrons mediante a estimulação feromonial feminina enquanto que o oposto acontece quando indivíduos XX heterossexuais são expostos a estimulação feromonial masculina. Indivíduos XY expostos ao estimulo feromonial feminino praticamente não respondem enquanto que exibem significativa emissão de positrons após estimulação feromonial masculina. DIMORFISMO SEXUAL NA MEDULA ESPINHAL Núcleo de Onuf Os pericários dos neurônios do núcleo de Onuf projetam fibras que inervam os músculos pudendos especial os que circundam a uretra interna 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 23 Antes do nascimento o núcleo de Onuf está presente em machos e fêmeas. Os seus neurônios motores estabelecem uma junção neuromuscular funcional. Entretanto, alguns músculos e seus neurônios motores da área pudenda entram em apoptose após o nascimento a menos que sejam expostos (ou tratados com) testosterona. 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 24 Dimorfismo sexual na micção canina (Thales Martins & Ribeiro do Valle, 1946) 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 25 Dimorfismo sexual na micção canina (Thales Martins & Ribeiro do Valle, 1946) 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 26 Dimorfismo sexual na micção canina (Thales Martins & Ribeiro do Valle, 1946) 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 27 Dimorfismo sexual na micção canina (Thales Martins & Ribeiro do Valle, 1946) 25 de novembro de 2011 28Programação do Dimorfismo Sexual Dimorfismo sexual na micção canina (Thales Martins & Ribeiro do Valle, 1946) 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 29 Hipertrofia clitoriana em cadela adulta tratada com testosterona (Thales Martins & Ribeiro do Valle, 1946) 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 30 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 31 Cadela adulta exibindo conduta miccional masculina 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 32 Cópula entre gatos domésticos durante o dia O COMPORTAMENTO MATERNO É SEXUALMENTE DIMORFICO E TAMBÉM DEPENDE DE PROGRAMAÇÃO ONTOGENICA 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 33 A liberação de gonadotrofinas também preserva padrão dimórfico dependente de programação ontogênica. 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 34 O eixo hipotálamo-hipófise-gônadas Distribuição de neurônios LH-RH e receptores para estrógeno no hipotálamo de fêmeas POA: área pre- óptica CA: comissura anterior NPV: núcleo paraventricular Arch: núcleo arqueado EM: eminência média 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 35 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 36 Nos machos neurônios LH-RH exibem padrão de liberação tônica desse neurohormônio hipofisiotrófico que determina a liberação de tônica de FSH e LH. Nas fêmeas o padrão é basicamente cíclico. A expressão fenotípica desses padrões é influenciado pela exposição perinatal aos andrógenos (nos machos) e pela sua ausência (nas fêmeas). Ao longo do ciclo reprodutivo feminino circuitos inibitórios (dopaminérgico, GABAérgico, beta-endorfinérgico) e excitatório (noradrenérgico, NPYérgico, glutamatérgico, serotoninérgico) modulam a excitabilidade dos neurônios LH-RH mediante as oscilações plasmáticas dos esteróides ovarianos, estimulação luminosa, feromonial, social, etc. Ao contrário do que se supunha muito provavelmente o controle mono- aminérgico e peptidérgico não se realiza diretamente ou unicamente sobre os neurônios LH-RH. Quem então intermediaria esse controle? O que as imagens abaixo podem nos dizer sobre o controle da função reprodutiva 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 37 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 38 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 39 A nomenclatura original do KiSS-1 gene e seu produto, kisspeptina, pode ter sido designado com um pouco de capricho e orgulho, para garantir que todos soubessem (ou adivinhassem) onde foi ele descoberto: em Hershey, Pensilvânia, a casa do chocolate "Hersheys Kisses ". O receptor para kisspeptina, GPR54, foi primeiro identificado em 1999 no rato (Lee et al. 1999, FEBS Lett 446: 103–7) Em 2001, o ligante natural para GPR54 foi descoberto e determinado como o produto do gene Kiss1 originalmente identificado como um supressor de metastases de melanoma e tumor de mama (Kotani et al. 2001, J Biol Chem 276: 34631–6). Estudos posteriores evidenciaram que mutações genéticas relacionadas com o gene KiSS-1 causam distúrbios na instalação da puberdade em seres humanos devido a hipogonadismo hipogonadotrófico. Portanto, concluindo-se que a cascata de sinalização Kisspeptina-GPR54 e essencial para iniciar a secreção de gonadotrofinas na puberdade. Schematic representation of the hypothetical mechanisms of the regulation of pubertal onset and progression by ERα signaling in kisspeptin neurons. Mayer C et al. PNAS 2010;107:22693-22698 ©2010 by National Academy of Sciences 25 de novembro de 2011 40Programação do Dimorfismo Sexual 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 41 PARA APRENDER MAIS 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 42 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 43 25 de novembro de 2011 44Programação do Dimorfismo Sexual Palácio do Duque de Saxe Primeira Sede da ESAMV-1911 (aonde funciona hoje o CEFET-UFRJ, Rua General Canabarro, Maracanã) 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 45 Ruínas abandonadas da Escola formada da fusão ESAMV + Escola Agrícola da Bahia + Escola Média Teórico-Prática de Pinheiro (atual Pinheiral)-1916 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 46 Horto Botânico (Alameda São Boaventura, Niterói)-1918 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 47 Sede da ENA & ENV (depois Departamento Nacional da Produção Mineral, atual Museu de Ciências da Terra) Avenida Pasteur, Praia Vermelha-1927-1948 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 48 Sede principal da UFRRJ, Seropédica (1948-2010) 25 de novembro de 2011 Programação do DimorfismoSexual 49 Noventa e quatro anos da primeira aula de Fisiologia proferida por Miguel Ozório de Almeida na Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária (seu ex-diretor) na Praia Vermelha 25 de novembro de 2011 Programação do Dimorfismo Sexual 50 1910-2010
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