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50 Derivada de Func¸o˜es Suma´rio 2 Derivada de Func¸o˜es de Varia´veis reais 53 2.1 O Problema da Tangente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 2.2 Derivada de uma Func¸a˜o de Varia´veis Reais . . . . . . . . . . 54 2.3 Alguns Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 2.4 Alguns Teoremas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 2.5 Propriedades das Derivadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 2.6 Ca´lculo de Derivadas Usando as Propriedades . . . . . . . . . 67 2.7 Determinac¸a˜o da Tangente Usando Derivada . . . . . . . . . . 73 Apeˆndice A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 Me´todo de Descartes para a Tangente . . . . . . . . . . . . . . 76 Apeˆndice B . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79 Me´todo de Fermat para a Tangente . . . . . . . . . . . . . . . 79 Apeˆndice C . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82 Me´todo de Barrow para a Tangente . . . . . . . . . . . . . . . 82 51 52 Derivada de Func¸o˜es Cap´ıtulo 2 Derivada de Func¸o˜es de Varia´veis reais 2.1 O Problema da Tangente Muito embora os gregos na˜o possu´ıssem um conceito preciso de aˆngulos e que para eles a tangente era uma reta que encontrava uma dada curva em um ponto. Estabaleceram, com demonstrac¸o˜es por reductio ad absurdum a construc¸a˜o da tangente a algumas curvas conhecidas como: o c´ırculo, el´ıpse, para´bola e hipe´rbole. No se´culo XVII com os me´todos de Rene´ Descartes e Pierre Fermat o problema do trac¸ado da tangente a uma curva voltou ao interesse dos matema´ticos com forc¸a total. O B A t Figura 2.1: Demonstrac¸a˜o da tangente ao c´ırculo O seguinte argumento, que demonstra a tangente a um c´ırculo, e´ devido 53 54 Derivada de Func¸o˜es a Euclides. ARGUMENTO: Baseado na Figura 2.1, seja t a reta que no ponto A do c´ırculo faz aˆngulo de ∠OAB = pi/2 com o raio OA. Usaremos duas te´cnicas de demonstrac¸a˜o. A primeira e´ conhecida como estudo de casos e consiste em analizar todas as possibilidades de um caso. Em seguida, elimina-se alguns deles usando a te´cnica reductio ad absurdum. As poss´ıbilidades sa˜o: a reta t toca o c´ırculo no ponto A e no ponto B, B 6= A ou a reta t na˜o toca o c´ırculo apenas no ponto A. Definindo, por reductio ad absurdum que: Hipo´tese Nula: a reta t toca o c´ırculo en outro ponto B. Como os raios OA ≡ OA sa˜o congruentes, o triaˆngulo ∆OAB e´ iso´celes e portanto os aˆngulos ∠OAB ≡ ∠OBA sa˜o congruentes. Da´ı, ∠OAB = pi/2 e ∠OBA = pi/2. Como ∠AOB > 0→ ∠AOB 6= 0 e para o triaˆngulo ∆OAB, ∠AOB + ∠OAB + ∠OBA = pi → ∠AOB = 0. Da´ı, ∠AOB = 0 ∧ ∠AOB 6= 0. Que e´ absurdum logo a Hipo´tese Nula e´ falsa e vale a segunda possibilidde i.e. reta t na˜o toca o c´ırculo apenas no ponto A, de onde concluimos que t e´ tangente ao c´ırculo no ponto A. ¤ Nos apeˆndices vemos alguns me´todos de determinac¸a˜o da tangente a uma curva dada. Em particular os me´todos de Rene´ Descartes, Isac Barrow, e de Pierre de Fermat. 2.2 Derivada de uma Func¸a˜o de Varia´veis Re- ais Definic¸a˜o 2.1 Sejam f : D ⊂ R 7→ R uma func¸a˜o de valores reais e a ∈ D. Definimos a derivada de f(x) em x = a, denotada f ′(a), por: f ′(a) = lim h→0 f(a+ h)− f(a) h De modo ana´logo podemos definir a derivada a` direita e a derivada a` esquerda. A saber: Definic¸a˜o 2.2 Sejam f : D ⊂ R 7→ R uma func¸a˜o de valores reais e a ∈ D. Definimos a derivada a` dirita de f(x) em x = a, denotada f ′+(a), por: f ′+(a) = lim h→0+ f(a+ h)− f(a+ 0) h e tambe´m, Generalidades 55 ab P(x,f(x)) Q(x+h,f(x+h)) h x x+h A(x+h,f(x)) Figura 2.2: Derivada: Interpretac¸a˜o Geome´trica Definic¸a˜o 2.3 Sejam f : D ⊂ R 7→ R uma func¸a˜o de valores reais e a ∈ D. Definimos a derivada a` esquerda de f(x) em x = a, denotada f ′−(a), por: f ′−(a) = lim h→0− f(a+ h)− f(a− 0) h Hoje temos uma definic¸a˜o precisa de tangente. Uma definic¸a˜o dinaˆmica, apoiada no conceito de limite. Baseado na Figura 2.2 temos que: tan(a) = lim Q→P tan(b) Isto e´. A a reta tangente a uma curva em um ponto P e´ o limite das retas secantes a curva que passam pelos ponto P e Q, quando o ponto Q tende ao ponto P . OBS 2.1 Seja f : D ⊂ R 7→ R uma func¸a˜o de valores reais deriva´vel. Po- demos, fixado x = a, definir a func¸a˜o: r(a, h) = f(a+ h)− f(a) h − f ′(a). Como lim h→0 f(a+ h)− f(a) h = f ′(a), temos que: lim h→0 r(a, h) = 0. Da´ı, podemos, alternativamente, definir a derivada da func¸a˜o f(x) no ponto x = a da seguinte forma: Dizemos que f ′(a) ∈ R e´ a derivada da func¸a˜o f(x) no ponto x = a se, somente se existe uma 56 Derivada de Func¸o˜es func¸a˜o cont´ınua r(a, h) tal que lim h→0 r(a, h) = 0 e f(a + h) − f(a) = [f ′(a) + r(a, h)].h, ∀h ∈ R. Esta definic¸a˜o equivale dizer que para h suficientemente pequeno podemos aproximar f(a+ h) pela reta f ′(a).h+ f(a). OBS 2.2 Alternativamente podemos definir a derivada em termos da raza˜o incremental ∆x = x − a e ∆y = f(a +∆x) − f(a) i.e. f ′(a) = lim ∆x→0 ∆y ∆x = lim ∆x→0 f(a+∆x)− f(a) ∆x 2.3 Alguns Exemplos Vamos diretamente a` pra´tica, determinando, isto e´, calculando a derivada de algumas func¸o˜es. Exemplo 2.3.1 Seja f : R 7→ R dada por f(x) = sin(x). Determinar a derivada de f(x) em x = a. SOLUC¸A˜O: Fixado a, seja g : R− 0 7→ R definida por: g(x) = sin(a+∆x)− sin(a) ∆x Usando a fo´rmula da diferenc¸a de senos teremos: g(a,∆x) = 2 sin ( a+∆x− a 2 ) cos ( a+∆x+ a 2 ) ∆x = 2 sin ( ∆x 2 ) ∆x cos ( 2a+∆x 2 ) = sin ( ∆x 2 ) ∆x 2 cos ( 2a+∆x 2 ) Generalidades 57 Passando o limite ∆x→ 0 temos: f ′(a) = lim ∆x→0 g(a,∆x) = lim ∆x→0 sin ( ∆x 2 ) ∆x 2 cos ( 2a+∆x 2 ) = lim ∆x→0 sin ( ∆x 2 ) ∆x 2 lim∆x→0 cos ( 2a+∆x 2 ) Como lim ∆x→0 sin ( ∆x 2 ) ∆x 2 = 1 e lim∆x→0 cos ( 2a+∆x 2 ) = cos(a) temos: f ′(a) = cos(a). ¤ DESAFIO 2.1 Determinar a derivada das demais func¸o˜es trigonome´tricas cos(x), tan(x), cot(x), sec(x) e csc(x). Exemplo 2.3.2 Sejam n ∈ N e f : R 7→ R dada por f(x) = xn. Determinar a derivada de f(x) em x = a. SOLUC¸A˜O: Sa seja g : R− 0 7→ R definida por: g(a,∆x) = (a+∆x)n − an ∆x Desenvlvendo o binoˆmio de Newton temos: (a+∆x)n = n∑ k=0 (Cnk a k(∆x)n−k) = n−2∑ k=0 (Cnk a k(∆x)n−k) + Cnn−1a n−1∆x+ Cnna n Como Cnn−1 = n e C n n = 1 temos: (a+∆x)n = n−2∑ k=0 (Cnk a k(∆x)n−k) + nan−1∆x+ an Substituindo na definic¸a˜o de g(a,∆x) temos: 58 Derivada de Func¸o˜es g(a,∆x) = n−2∑ k=0 (Cnk a k(∆x)n−k) + nan−1∆x+ an − an ∆x = n−2∑ k=0 (Cnk a k(∆x)n−k) + nan−1∆x ∆x = n−2∑ k=0 (Cnk a k(∆x)n−k) ∆x + nan−1∆x ∆x = n−2∑ k=0 (Cnk a k(∆x)n−k) ∆x + nan−1 = Cn0 (∆x) n + Cn1 a(∆x) n−1 + · · ·+ Cnn−2an−2(∆x)2 ∆x + nan−1 = Cn0 (∆x) n−1 + Cn1 a(∆x) n−2 + · · ·+ Cnn−2an−2∆x+ nan−1 Passando o limite ∆x→ 0 temos: f ′(a) = lim ∆x→0 g(a,∆x) = lim ∆x→0 { Cn0 (∆x) n−1 + Cn1 a(∆x) n−2 + · · ·+ Cnn−2an−2∆x+ nan−1 ) = nan−1 Da´ı, temos: f ′(a) = nan−1. ¤ DESAFIO 2.2 Determinar a derivada da func¸a˜o f : R+ 7→ R dada por f(x) = n √ x. 2.4 Alguns Teoremas Veremos agora alguns teoremas referentes a`s derivadas. O primeiro diz que se uma func¸ao e´ deriva´vel em um ponto de seu domı´nio enta˜o a func¸a˜o e´ cont´ınua neste ponto. O segundo e´ mais conhecido como “A Regra da Cadeia” e diz respeito a derivac¸a˜o da composta de duas func¸o˜es deriva´veis. Ma˜os a obra. Generalidades 59 Teorema 2.1 Seja f : D ⊂ R 7→ R uma func¸a˜o de varia´veis reais tal que f(x) e´ deriva´vel em x = a enta˜o f(x) e´ cont´ınuaem x = a. PROVA: Podemos escrever: f(x)− f(a) = f(x)− f(a) x− a (x− a). Passsando o limite x→ a temos: lim x→a {f(x)− f(a)} = lim x→a { f(x)− f(a) x− a (x− a) } = lim x→a { f(x)− f(a) x− a } lim x→a (x− a) Como f(x) e´ deriva´vel, da definic¸a˜o, lim x→a { f(x)− f(a) x− a } = f ′(a) e como lim x→a (x− a) = 0 temos: lim x→a {f(x)− f(a)} = 0 lim x→a f(x)− lim x→a f(a) = 0 lim x→a f(x)− f(a) = 0 lim x→a f(x) = f(a) Portanto lim x→a f(x) = f(a) e f(x) e´ cont´ınua no ponto x = a. ¤ Agora vamos a` “REGRA DA CADEIA”. Teorema 2.2 Sejam f : D1 ⊂ R 7→ R e g : D2 ⊂ R 7→ R duas func¸a˜o de varia´veis reais tais que img(g) ⊂ D1, a ∈ D1 e b = g(a). Se f ′(b) e g′(a) existem enta˜o a composta (f ◦ g) : D2 7→ R e´ deriva´vel em x = a e (f ◦ g)′(a) = f ′(g(a)).g′(a) PROVA: Como f(x) e´ deriva´vel em y = b e g(x) deriva´vel em x = a temos: f(b+ k)− f(b) = [f ′(b) + r(b, k)].k e lim k→0 r(b, k) = 0 g(a+ h)− g(a) = [g′(a) + s(a, h)].h e lim h→0 s(a, h) = 0 (2.1) Fazendo em particular: k = g(a+ h)− g(a)→ k = g(a+ h)− b→ g(a+ h) = k + b (2.2) Tomando a func¸a˜o composta f ◦ g temos: (f ◦ g)(a+ h) = f(g(a+ h)) (2.3) De 2.2 e 2.3 temos: (f ◦ g)(a+ h) = f(b+ k) (2.4) 60 Derivada de Func¸o˜es Por outro lado: (f ◦ g)(a) = f(g(a)) = g(b) (2.5) De 2.1.1, 2.4 e 2.5 temos: (f ◦ g)(a+ h)− (f ◦ g)(a) = [f ′(b) + r(b, k)].k (2.6) De 2.2 e 2.6 temos: (f ◦ g)(a+ h)− (f ◦ g)(a) = [f ′(b) + r(b, k)].(g(a+ h)− g(a)) (2.7) De 2.1.2 e 2.7 temos: (f ◦ g)(a+ h)− (f ◦ g)(a) = [f ′(b) + r(b, k)].[g′(a) + s(a, h)].h (2.8) Fazendo o produto dos colchetes no lado direito de 2.8 temos: (f ◦ g)(a+ h)− (f ◦ g)(a) = [f ′(b).g′(a) + r(b, k).g′(a)+ +f ′(b).s(a, h) + r(b, k).s(a, h)].h (2.9) Definindo σ(a, h) = r(b, k).g′(a) + f ′(b).s(a, h) + r(b, k).s(a, h) (2.10) A equac¸a˜o 2.9 passa a forma: (f ◦ g)(a+ h)− (f ◦ g)(a) = [f ′(b).g′(a) + σ(a, h)].h (2.11) Como k = g(a+ h)− g(a) e b = g(a) podemos reescrever 2.10 como: σ(a, h) = r(g(a), g(a+ h)− g(a)).g′(a)+ +f ′(g(a)).s(a, h) + r(g(a), g(a+ h)− g(a)).s(a, h) (2.12) Passando o limite h→ 0 em σ(a, h) temos: lim h→0 σ(a, h) = g′(a). lim h→0 r(g(a), g(a+ h)− g(a))+ +f ′(g(a)). lim h→0 s(a, h)+ + lim h→0 r(g(a), g(a+ h)− g(a)). lim h→0 s(a, h) (2.13) Como b = g(a) e g(x) e´ cont´ınua em x = a e k = g(a + h) − g(a) vem que h→ 0⇒ k → 0. Da´ı, a equac¸a˜o 2.13 passa a forma: lim h→0 σ(a, h) = g′(a). lim k→0 r(b, k) + f ′(g(a)). lim h→0 s(a, h)+ + lim k→0 r(b, k). lim h→0 s(a, h) (2.14) Generalidades 61 Como lim k→0 r(b, k) = 0 e lim h→0 s(a, h) = 0 de 2.14 temos: lim h→0 σ(a, h) = 0 (2.15) Dividindo 2.11 por h e passando o limite h→ 0 temos: (f ◦ g)(a+ h)− (f ◦ g)(a) h = f ′(b).g′(a) + σ(a, h) (2.16) Passando o limite h→ 0 temos: lim h→0 (f ◦ g)(a+ h)− (f ◦ g)(a) h = lim h→0 (f ′(b).g′(a) + σ(a, h)) = f ′(b).g′(a) + lim h→0 σ(a, h)) (2.17) De 2.15 e 2.17 temos: lim h→0 (f ◦ g)(a+ h)− (f ◦ g)(a) h = f ′(b).g′(a) (2.18) Da definic¸a˜o de derivada e como b = g(a), finalmente temos: (f ◦ g)′(a) = f ′(g(a)).g′(a). ¤ (2.19) 2.5 Propriedades das Derivadas Veremos, agora, algumas das propriedades das derivadas. Elas sera˜o, jun- tamente com a regra da cadeia, importantes na determinac¸a˜o da derivada de func¸o˜es. A utilizac¸a˜o destas propriedades permite a derivac¸a˜o de func¸o˜es independente da complexidade de sua forma. Propriedade 2.5.0.1 Sejam f, g : D ⊂ R 7→ R duas func¸o˜es de valores reais. Se f(x) e g(x) sa˜o deriva´veis em x = a enta˜o (f+g)′(a) = f ′(a)+g′(a) PROVA:Da definimos a func¸a˜o ϕ(a, h) = (f + g)(a+ h)− (f + g)(a) h . Da´ı, temos: ϕ(a, h) = (f + g)(a+ h)− (f + g)(a) h = f(a+ h) + g(a+ h)− f(a)− g(a) h = f(a+ h)− f(a) h + g(a+ h)− g(a) h Passando o limite h→ 0, usando a definic¸a˜o de derivada, temos: 62 Derivada de Func¸o˜es (f + g)′(a) = lim h→0 ϕ(a, h) = lim h→0 { f(a+ h)− f(a) h + g(a+ h)− g(a) h } = lim h→0 { f(a+ h)− f(a) h } + lim h→0 { g(a+ h)− g(a) h } Como, lim h→0 { f(a+ h)− f(a) h } = f ′(a) e lim h→0 { g(a+ h)− g(a) h } = g′(a) temos: (f + g)′(a) = f ′(a) + g′(a). ¤ Propriedade 2.5.0.2 Sejam f, g : D ⊂ R 7→ R duas func¸o˜es de valores reais. Se f(x) e g(x) sa˜o deriva´veis em x = a enta˜o (f−g)′(a) = f ′(a)−g′(a) PROVA: Da definimos a func¸a˜o ϕ(a, h) = (f − g)(a+ h)− (f − g)(a) h . Da´ı, temos: ϕ(a, h) = (f − g)(a+ h)− (f − g)(a) h = f(a+ h)− g(a+ h)− f(a) + g(a) h = f(a+ h)− f(a) h − g(a+ h)− g(a) h Passando o limite h→ 0, usando a definic¸a˜o de derivada, temos: (f − g)′(a) = lim h→0 ϕ(a, h) = lim h→0 { f(a+ h)− f(a) h − g(a+ h)− g(a) h } = lim h→0 { f(a+ h)− f(a) h } − lim h→0 { g(a+ h)− g(a) h } Como, lim h→0 { f(a+ h)− f(a) h } = f ′(a) e lim h→0 { g(a+ h)− g(a) h } = g′(a) temos: (f − g)′(a) = f ′(a)− g′(a). ¤ Propriedade 2.5.0.3 Sejam f, g : D ⊂ R 7→ R duas func¸o˜es de valores reais. Se f(x) e g(x) sa˜o deriva´veis em x = a enta˜o (f.g)′(a) = f ′(a)g(a) + f(a)g′(a) Generalidades 63 PROVA: Da definimos a func¸a˜o ϕ(a, h) = (f.g)(a+ h)− (f.g)(a) h . Da´ı, temos: ϕ(a, h) = f(a+ h).g(a+ h)− f(a).g(a) h = f(a+ h).g(a+ h)− f(a).g(a+ h) + f(a).g(a+ h)− f(a).g(a) h = f(a+ h)− f(a) h .g(a+ h) + f(a). g(a+ h)− g(a) h Passando o limite h→ 0, usando a definic¸a˜o de derivada, temos: (f + g)′(a) = lim h→0 ϕ(a, h) = lim h→0 { f(a+ h)− f(a) h .g(a+ h) + f(a). g(a+ h)− g(a) h } = lim h→0 { f(a+ h)− f(a) h } . lim h→0 {g(a+ h}+ lim h→0 {f(a)} . lim h→0 { g(a+ h)− g(a) h } Como, lim h→0 { f(a+ h)− f(a) h } = f ′(a) e lim h→0 { g(a+ h)− g(a) h } = g′(a), da continuidade de g(x), lim h→0 g(a + h) = g(a) e tambe´m que, lim h→0 f(a) = f(a) temos: (f.g)′(a) = f ′(a).g(a) + f(a).g′(a). ¤ Propriedade 2.5.0.4 Seja f : D ⊂ R 7→ R uma func¸a˜o de valores reais. Se f(x) e´ deriva´vel em x = a enta˜o ( 1 f )′ (a) = − f ′(a) f 2(a) , se f(a) 6= 0. PROVA: Da definimos a func¸a˜o ϕ(a, h) = ( 1 f ) (a+ h)− ( 1 f ) (a) h . Da´ı, temos: ϕ(a, h) = ( 1 f ) (a+ h)− ( 1 f ) (a) h = 1 f(a+ h) − 1 f(a) h = f(a)− f(a+ h) f(a+ h).f(a) h = −f(a+ h)− f(a) h 1 f(a+ h).f(a) 64 Derivada de Func¸o˜es Passando o limite h→ 0, usando a definic¸a˜o de derivada, temos: (f + g)′(a) = lim h→0 ϕ(a, h) = lim h→0 { −f(a+ h)− f(a) h 1 f(a+ h).f(a) } = − lim h→0 { f(a+ h)− f(a) h } . lim h→0 { 1 f(a+ h).f(a) } Como, lim h→0 { f(a+ h)− f(a) h } = f ′(a) e da continuidade de f(x) lim h→0 f(a+ h) = f(a) temos: ( 1 f )′ (a) = − f ′(a) f 2(a) . ¤ Propriedade 2.5.0.5 Sejam f, g : D ⊂ R 7→ R duas func¸o˜es de valo- res reais. Se f(x) e g(x) sa˜o deriva´veis em x = a enta˜o ( f g )′ (a) = f ′(a).g(a)− f(a).g′(a) g2(a) , se f(a) 6= 0. Generalidades 65 PROVA: Da definimos a func¸a˜o ϕ(a, h) = ( f g ) (a+ h)− ( f g ) (a) h . Da´ı, temos: ϕ(a, h) = ( f g ) (a+ h)− ( f g ) (a) h = f(a+ h) g(a+ h) − f(a) g(a) h = f(a+ h).g(a)− f(a).g(a+ h) g(a+ h).g(a) h = f(a+ h).g(a)− f(a).g(a) + f(a).g(a)− f(a).g(a+ h) g(a+ h).g(a) h = (f(a+ h)− f(a)).g(a)− f(a).(g(a+ h)− g(a)) h g(a+ h).g(a) = f(a+ h)− f(a) h .g(a)− f(a).g(a+ h)− g(a) h g(a+ h).g(a) = ( f(a+ h)− f(a) h .g(a)− f(a).g(a+ h)− g(a) h ) . 1 g(a+ h).g(a) Passandoo limite h→ 0, usando a definic¸a˜o de derivada, temos: ( f g )′ (a) = lim h→0 ϕ(a, h) = lim h→0 {( f(a+ h)− f(a) h .g(a)− f(a).g(a+ h)− g(a) h ) . . 1 g(a+ h).g(a) } = ( lim h→0 f(a+ h)− f(a) h .g(a)− f(a). lim h→0 f(a+ h)− f(a) h ) . . lim h→0 1 g(a+ h).g(a) 66 Derivada de Func¸o˜es Como, lim h→0 f(a+ h)− f(a) h = f ′(a) e lim h→0 g(a+ h)− g(a) h = g′(a), da conti- nuidade de g(x), lim h→0 g(a+ h) = g(a) temos: ( f g )′ (a) = f ′(a).g(a)− f(a).g′(a) g2(a) . ¤ Propriedade 2.5.0.6 Seja f : D ⊂ R 7→ R uma func¸a˜o de valores reais invers´ıvel. Se f(x) e´ deriva´vel em x = a e f−1 cont´ınua em b = f(a) enta˜o (f−1)′(b) = 1 f ′(f−1(b)) , se f ′(f−1(b)) 6= 0. PROVA: Como f(x) e´ deriva´vel x = a e´ cont´ınua em x = a e portanto se y = f(x) temos x→ a equaivale a y → b. Da´ı, podemos escrever: f−1(y)− f−1(b) y − b = x− a y − b = 1 y − b x− a = 1 f(x)− f(a) x− a Passando o limite y → b e levando em conta que y → b equaivale a x → a temos: lim y→b f−1(y)− f−1(b) y − b = limy→b 1 f(x)− f(a) x− a = lim x→a 1 f(x)− f(a) x− a = 1 lim x→a f(x)− f(a) x− a Como, da definic¸a˜o, lim x→a f(x)− f(a) x− a = f ′(a) e como f ′(a) = f ′(f−1(b)) temos: lim y→b f−1(y)− f−1(b) y − b = 1 f ′(a) = 1 f ′(f−1(b)) Generalidades 67 Como da definic¸a˜o lim y→b f−1(y)− f−1(b) y − b = (f −1)′(b) finalmente temos: (f−1)′(b) = 1 f ′(f−1(b)) . ¤ 2.6 Ca´lculo de Derivadas Usando as Propri- edades Voceˆ esta´ cansado de calcular a derivada de uma func¸a˜o usando a definic¸a˜o. Voceˆ se desespera com os limites que tem que determinar para calcular uma derivada. O ca´lculo de derivadas lhe deixa cansado. SEUS PROBLEMAS ACABARAM. Chegou o CA´LCULO DE DERIVADAS USANDO AS PROPRIEDADES. Fa´cil de usar. Voceˆ pode fazeˆ-lo em qualquer lugar. Agora voceˆ vai determinar derivada no cinema na praia,. Em qualquer lugar. Ate´ na avaliac¸a˜o. Para calcular a derivada de uma func¸a˜o f(x) usando as propriedades e´ fa´cil e descreveremos na forma de passos. • identificar todas as operac¸o˜es necessa´rias para determinac¸a˜o do valor de f(x) • somas e subtrac¸o˜es teˆm o menor grau de prioridade. Prioridade 1 • produtos e diviso˜es tem prioridade 2 • poteˆncias e radiciac¸a˜o tem prioridade 3 • composic¸a˜o de func¸o˜es tem prioridade varia´vel • deriva-se uma func¸a˜o aplicando as propriedades na ordem inversa das operac¸o˜es necessa´rias para determinac¸a˜o do valor de f(x) Vamos ver alguns exemplos. Pois, e´ vendo que se aprende Exemplo 2.6.1 Determinar a derivada da func¸a˜o f(x) = x2 + sin(1/x). SOLUC¸A˜O: observando a func¸a˜o vemos que a ordem das operac¸o˜es para determinac¸a˜o de f(x) dado um valor de x e´: • determinar x2 poteˆncia • determinar 1/x • determinar a composta sin(1/x) 68 Derivada de Func¸o˜es • determinar a soma f(x) = x2 + sin(1/x) Portanto a derivada de f(x) sera´ dada por: f ′(x) = (x2 + sin(1/x))′ = (x2)′ + (sin(1/x))′ = 2x2−1 + sin′(1/x).(1/x)′ = 2x+ cos(1/x).((−1)x−1−1) = 2x− (1/x). 1 x2 . ¤ Exemplo 2.6.2 Determinar a derivada da func¸a˜o f(x) = x2. cos(x+ x2). SOLUC¸A˜O: Observando a func¸a˜o vemos que a ordem das operac¸o˜es para determinac¸a˜o de f(x) dado um valor de x e´: • determinar x2 poteˆncia • somar x+ x2 • determinar a composta sin(x+ x2) • determinar o produto f(x) = x2. cos(x+ x2) Portanto a derivada de f(x) sera´ dada por: f ′(x) = (x2. cos(x+ x2))′ = (x2)′. cos(x+ x2) + x2.(cos(x+ x2))′ = 2x2−1. cos(x+ x2) + x2. cos′(x+ x2).(x+ x2)′ = 2x. cos(x+ x2) + x2.(− sin(x+ x2)).(x′ + (x2)′) = 2x. cos(x+ x2) + x2.(− sin(x+ x2)).(1 + 2x2−1) = 2x. cos(x+ x2)− x2. sin(x+ x2).(1 + 2x). ¤ Vejamos agora alguns exemplos mais elaborados. Exemplo 2.6.3 Determinar a derivada da func¸a˜o f(x) = 1 + cos(x+ sin(x2)) 1 + x2 . SOLUC¸A˜O:Observando a func¸a˜o vemos que a ordem das operac¸o˜es para determinac¸a˜o de f(x) dado um valor de x e´: • determinar x2 poteˆncia • somar 1 + x2 e reservar • determinar a composta sin(x2) • determinar a soma x+ sin(x2) Generalidades 69 • determinar a composta cos(x+ sin(x2)) • determinar a soma 1 + cos(x+ sin(x2)) • determinar a divisa˜o 1 + cos(x+ sin(x 2)) 1 + x2 Como a u´ltima operac¸a˜o e´ a divisa˜o a propriedade da derivada da divisa˜o sera´ a primeira a ser utilizada. Da´ı, f ′(x) = ( 1 + cos(x+ sin(x2)) 1 + x2 )′ = (1 + x2).(1 + cos(x+ sin(x2)))′ − (1 + cos(x+ sin(x2))).(1 + x2)′ (1 + x2)2 A u´ltima operac¸a˜o no ca´lculo de 1 + cos(x + sin(x2)) e de 1 + x2 e´ a soma. Da´ı, a propriedade da derivada da soma sera´ utilizada. f ′(x) = 1 (1 + x2)2 .((1 + x2).(1′ + (cos(x+ sin(x2)))′)− −(1 + cos(x+ sin(x2))).(1′ + (x2)′)) = 1 (1 + x2)2 .((1 + x2).(0 + (cos(x+ sin(x2)))′)− −(1 + cos(x+ sin(x2))).(0 + 2x)) Para derivar (cos(x + sin(x2)))′ usaremos a derivada da func¸a˜o composta (regra da cadeia). Da´ı, f ′(x) = 1 (1 + x2)2 .((1 + x2). cos′(x+ sin(x2)).(x+ sin(x2))′− −2x(1 + cos(x+ sin(x2)) = 1 (1 + x2)2 .((1 + x2).(− sin(x+ sin(x2)).(x+ sin(x2))′− −2x(1 + cos(x+ sin(x2)) A u´ltima operac¸a˜o no ca´lculo de x + sin(x2) e´ a soma. Da´ı, a propriedade da derivada da soma sera´ utilizada. f ′(x) = 1 (1 + x2)2 .((1 + x2).(− sin(x+ sin(x2)).(x′ + (sin(x2))′)− −2x(1 + cos(x+ sin(x2)) = 1 (1 + x2)2 .((1 + x2).(− sin(x+ sin(x2)).(1 + (sin(x2))′)− −2x(1 + cos(x+ sin(x2)) 70 Derivada de Func¸o˜es Para derivar (sin(x2))′ usaremos a derivada da func¸a˜o composta. f ′(x) = 1 (1 + x2)2 .((1 + x2).(− sin(x+ sin(x2)).(1 + sin′(x2).(x2)′)− −2x(1 + cos(x+ sin(x2)) = 1 (1 + x2)2 .((1 + x2).(− sin(x+ sin(x2)).(1 + sin′(x2).(2x))− −2x(1 + cos(x+ sin(x2)) = 1 (1 + x2)2 .(−2x(1 + x2). sin(x+ sin(x2).(1 + sin′(x2))− −2x(1 + cos(x+ sin(x2)) Finalmente, colocando −2x em evideˆncia, podemos escrever f ′(x) = − 2x (1 + x2)2 .((1 + x2). sin(x+ sin(x2).(1 + sin′(x2))+ +(1 + cos(x+ sin(x2)). ¤ Exemplo 2.6.4 Determinar a derivada da func¸a˜o f(x) = x8. cos(1 + x8) sin(1 + x2) . SOLUC¸A˜O:Observando a func¸a˜o vemos que a ordem das operac¸o˜es para determinac¸a˜o de f(x) dado um valor de x e´: • determinar x2 e x8 poteˆncias • somar 1 + x2 e 1 + x8 reservar • determinar a composta sin(1 + x2)reservar • determinar a composta cos(1 + x8) • determinar o produto x8. cos(1 + x8) • determinar a divisa˜o x 8. cos(1 + x8) sin(1 + x2) Como a u´ltima operac¸a˜o e´ a divisa˜o a propriedade da derivada da divisa˜o sera´ a primeira a ser utilizada. Da´ı, f ′(x) = ( x8. cos(1 + x8) sin(1 + x2) )′ = sin(1 + x2).(x8. cos(1 + x8))′ − x8. cos(1 + x8).(sin(1 + x2))′ sin2(1 + x2) Generalidades 71 A u´ltima operac¸a˜o no ca´lculo de x8. cos(1 + x8) e´ o produto. Da´ı, a proprie- dade da derivada do produto sera´ utilizada. f ′(x) = 1 sin2(1 + x2) .(sin(1 + x2).((x8)′. cos(1 + x8) + x8.(cos(1 + x8))′)− −x8. cos(1 + x8).(sin(1 + x2))′) = 1 sin2(1 + x2) .(sin(1 + x2).(8x7. cos(1 + x8) + x8.(cos(1 + x8))′)− −x8. cos(1 + x8).(sin(1 + x2))′) Para derivar (cos(1 + x8))′ e (sin(1 + x2))′ usaremos a derivada da func¸a˜o composta (regra da cadeia). Da´ı, f ′(x) = 1 sin2(1 + x2) .(sin(1 + x2).(8x7. cos(1 + x8) + x8. cos′(1 + x8). .(1 + x8)′)− x8. cos(1 + x8). sin′(1 + x2).(1 + x2)′) = 1 sin2(1 + x2) .(sin(1 + x2).(8x7. cos(1 + x8) + x8.(− sin(1 + x8)). .(1 + x8)′)− x8. cos(1 + x8). cos(1 + x2).(1 + x2)′) A u´ltima operac¸a˜o no ca´lculo de 1+x8 e 1+x2 e´ a soma. Da´ı, a propriedade da derivada da soma sera´ utilizada. f ′(x) = 1 sin2(1 + x2) .(sin(1 + x2).(8x7. cos(1 + x8) + x8.(− sin(1 + x8)). .(1′ + (x8)′))− x8. cos(1 + x8). cos(1 + x2).(1′ + (x2)′)) = 1 sin2(1 + x2) .(sin(1+ x2).(8x7. cos(1 + x8) + x8.(− sin(1 + x8)). .(0 + 8x7))− x8. cos(1 + x8). cos(1 + x2).(0 + 2x)) = 1 sin2(1 + x2) .(sin(1 + x2).(8x7. cos(1 + x8) + x8.(− sin(1 + x8)). .8x7)− x8. cos(1 + x8). cos(1 + x2).2x) = 1 sin2(1 + x2) .(sin(1 + x2).(8x7. cos(1 + x8)− 8x15. sin(1 + x8)− −2x10. cos(1 + x8). cos(1 + x2)) Finalmente, colocando 2x7 em evideˆncia, podemos escrever f ′(x) = 2x7 sin2(1 + x2) .(sin(1 + x2).(4 cos(1 + x8)− 4x8. sin(1 + x8)− −x3. cos(1 + x8). cos(1 + x2)). ¤ Vamos, a seguir, a alguns exemplos dada determinac¸a˜o da derivada de func¸o˜es inversas usando propriedades da derivada. 72 Derivada de Func¸o˜es Exemplo 2.6.5 Determinar a derivada da func¸a˜o f(x) = arcsin(x) = sin−1(x). SOLUC¸A˜O: Definindo a func¸a˜o g(x) = sin(x) temos que f(x) = g−1(x). Da´ı, usando a propriedade da derivada da func¸a˜o inversa temos: f ′(x) = (g−1)′(x) = 1 g′(g−1(x)) (2.20) Por outro lado temos: g′(x) = (sin(x))′ = cos(x) = √ 1− sin2(x) (2.21) Usando 2.21 temos g′(g−1(x)) = √ 1− sin2(g−1(x)) = √ 1− sin2(sin−1(x)) = √ 1− x2 (2.22) De 2.20 e 2.22 finalmente temos f ′(x) = 1√ 1− x2 . ¤ Exemplo 2.6.6 Determinar a derivada da func¸a˜o f(x) = sec−1(x). SOLUC¸A˜O: Definindo a func¸a˜o g(x) = sec(x) temos que f(x) = g−1(x). Da´ı, usando a propriedade da derivada da func¸a˜o inversa temos: f ′(x) = (g−1)′(x) = 1 g′(g−1(x)) (2.23) Por outro lado temos: g′(x) = (sec(x))′ = tan(x). sec(x) = sec(x). sin(x) cos(x) = sec(x). √ 1− cos2(x) cos(x) = sec(x). √ 1− cos2(x) cos2(x) = sec(x). √ 1 cos2(x) − cos 2(x) cos2(x) = sec(x). √ 1 cos2(x) − 1 = sec(x). √ sec2(x)− 1 (2.24) Generalidades 73 Usando 2.24 temos g′(g−1(x)) = sec(g−1(x)). √ sec2(g−1(x))− 1 = sec(sec−1(x)). √ sec2(sec−1(x))− 1 = x. √ x2 − 1 (2.25) De 2.23 e 2.25 finalmente temos f ′(x) = 1 x. √ x2 − 1 . ¤ Exemplo 2.6.7 Determinar a derivada da func¸a˜o f(x) = n √ x. SOLUC¸A˜O: Definindo a func¸a˜o g(x) = xn temos que f(x) = g−1(x). Da´ı, usando a propriedade da derivada da func¸a˜o inversa temos: f ′(x) = (g−1)′(x) = 1 g′(g−1(x)) (2.26) Por outro lado temos: g′(x) = (xn)′ = nxn−1 (2.27) Usando 2.21 temos g′(g−1(x)) = n(g−1(x))n−1 = n( n √ x)n−1 (2.28) De 2.27 e 2.28 finalmente temos f ′(x) = 1 n( n √ x)n−1 2.7 Determinac¸a˜o da Tangente Usando Deri- vada A determinac¸a˜o da tangente a uma curva pode ser feita usando-se diversos me´todos (ver os apeˆndices) pore´m os me´todos descritos nos apeˆndices apre- sentam limitac¸o˜es. Por exemplo na˜o e´ poss´ıvel, utilizando os me´todos de tangente de Descartes, de Barrow ou de Fermat, determinar a tangente da func¸a˜o f(x) = sin(x). De modo geral de nenhuma func¸a˜o trigonome´trica. PROBLEMA: Determinar a reta tangente aa` curva descrita pela func¸a˜o f(x) no ponto P (x0, f(x0)). Utilizando a derivada. Na interpretac¸a˜o geome´- trica da derivada isto esta´ estabelecido. O coeficiente angular da reta tan- gente e´ dada pela derivada da func¸a˜o no ponto onde a tangente toca a curva. 74 Derivada de Func¸o˜es Isto e´: y = f ′(x0)x+ b (2.29) Onde b e´ o coeficiente linear da reta tangente. Como a reta tangente passa no ponto P (x0, f(x0)) temos: f(x0) = f ′(x0)x0 + b (2.30) Subtraindo as equac¸o˜es 2.29 e 2.30 temos: y = f ′(x0)(x− x0) + f(x0) (2.31) Como uma reta perpendicular (normal) a` uma reta dada tem como coeficiente angular o inverso negativo do coeficiente angular da reta dada, temos que a reta normal a` curva descrita por f(x) no ponto P (x0, f(x0)) e´ dada por: y = − 1 f ′(x0) (x− x0) + f(x0) (2.32) Exemplo 2.7.1 Determinar a reta tangente a` curva descrita pela func¸a˜o f(x) = x+ 1 x nos pontos P (1, 2) e Q(2, 5/2). SOLUC¸A˜O: Derivando f(x) temos: f ′(x) = (x+ 1 x )′ = (x)′ + ( 1 x )′ = 1− 1 x2 (2.33) bf a) No ponto P (1, 2) usando 2.33 temos: f ′(1) = 1− 1 12 = 0 (2.34) E a equac¸a˜o da reta tangente em P (1, 2) sera´ dada por: y = f ′(x0)(x− x0) + f(x0) = 0.(x− 1) + 2 = 2 (2.35) bf b) No ponto Q(2, 5/2) usando 2.33 temos: f ′(2) = 1− 1 22 = 3/4 (2.36) Generalidades 75 Q P y 5 4 3 2 1 0 x 43210 Figura 2.3: Gra´fico da func¸a˜o f(x) = x+ 1 x . E a equac¸a˜o da reta tangente em Q(2, 5 2 ) sera´ dada por: y = f ′(x0)(x− x0) + f(x0) = 3 4 .(x− 2) + 5 2 = 3 4 .x− 3 4 .2 + 5 2 = 3 4 .x+ 1. ¤ (2.37) 76 Derivada de Func¸o˜es Apeˆndice A Me´todo de Descartes para a Tangente RENE` DESCARTES estabeleceu um me´todo geome´trico para determina- c¸a˜o da tangente a um curva. Seja AC uma curva e CF a sua tangente no ponto C. De C tracemos o segmento de reta que encontra FA no ponto P . Fc¸amos CP = s, raio do c´ırculo de centro em P e que passa no ponto C da curva. y x v-x E F A M P C s Figura 2.4: Me´todo da tangente de Descartes Trac¸emos o segmento CM perpendicular a FA. Fac¸amos PA = v e como AM = x temos PM = v − x. Como CM = y e o triangulo ∆CMP e´ retangulo temos: CP 2 = CM 2 +MP 2 s2 = y2 + (v − x)2 Generalidades 77 que e´ a equac¸a˜o do c´ırculo de centro em P e que passa no ponto C. Da´ı podemos expressar y em func¸a˜o de x ou x em func¸a˜o de y. A saber: y = √ sr − (v − x)2 x = v + √ s2 − y2 Podemos agora determinar a intersecc¸a˜o do c´ırculo com a curva usando as equac¸o˜es y em func¸a˜o de x ou x em func¸a˜o de y para eliminar uma das varia´veis, resultando uma equac¸a˜o em apenas uma das varia´veis. Se o raio CP do c´ırculo for perpendicular a` tangente no ponto C, os triangulos ∆FCM e DeltaCMP sa˜o semelhantes. Da´ı, CM FM = MP CM y FM = v − x y A subtangente FM sera´ dada por: FM = y2 v − x Se CP na˜o for perpendicular a` tangente, o c´ırculo tocara´ a curv em dois pontos distintos. A forma de uma equac¸a˜o com duas raizes iguais e´: (x− e)2p(x) onde p(x) e´ um polinoˆmio. Para ilustrar o me´todo, aplicaremos a` determinac¸a˜o da tangente a` para´bola y2 = kx, k > 0. Usando y = √ sr − (v − x)2 para eliminar y temos: s2 − (v − x)2 = kx s2 − (v2 − 2vx+ x2) = kx x2 + (k − 2v)x+ (v2 − s2) = 0 Comparando com a forma da equac¸a˜o de segundo grau na varia´vel x com um ra´ız real (x− e)2 = 0 =⇒ x2 − 2ex+ e2 = 0, x = e temos: −2e = k − 2v ⇒ v − e = v − x = k/2 78 Derivada de Func¸o˜es Da´ı, para a subtangente FM temos: FM = y2 v − x = y2 k/2 = kx k/2 = 2x No me´todo de Descartes a tangente foi definida como a reta perpendicular a` reta normal no ponto c da curva, que representava um avanc¸o em relac¸a˜o ao conceito de tngente dos gregos. Por outro lado, seu me´todo e´ de ex- trema dificuldade quanto a` aplicabilidade, a na˜o ser em casos simples como o apresentado. Generalidades 79 Apeˆndice B Me´todo de Fermat para a Tangente PIERRE DE FERMAT Desenvolveu um me´todo para a determinac¸a˜o da tangente a` uma curva ada por y = f(x) a plicando o seu processo de valores vizinhos. Se C(x, f(x)) e´ um ponto da curva y = f(x) em que se deseja determinar a tangente, enta˜o um ponto E vizinho, de coordenadas (x+ e, f(x+ e)) estara´ ta˜o perto da reta tangente que podemos pensar nele como estando aproximadamente tambe´m sa reta tangente. y x e E F A B D C G Figura 2.5: Me´todo da tangente de Fermat Portanto, como os triangulos ∆FBC e ∆FDG sa˜o semelhantes e temos: CB FB = GD FD 80 Derivada de Func¸o˜es Usando propriedade das proporc¸o˜es temos: CB FB = GD − CB FD − FB Como CB = y = f(x), GD ∼ f(x+ e) e FD = c+ e temos: y FB ∼ f(x+ e)− y c+ e− c ∼ f(x+ e)− f(x) e E temos: y FB ∼ f(x+ e)− f(x) e Multiplicandao em cruz, cancelando os termos semelhantes,dividindo tudo por e e finalmente pondo e = 0, determina-se a subtangente c. O processo de Fermat e´ conceitualmente equivalente a lim e→0 f(x+ e)− f(x) e . O u´nico erro no procedimento de Fermat foi ter considerado a distaˆncia entre G e C igual a zero no lugar de tendendo a zero. Para exemplificar, aplicaremos o me´todo na determinac¸a˜o da tangente a` curva y2 = kx, k > 0 de outra forma y = √ kx. Aplicando o me´dodo de Fermat temos: y FB ∼ f(x+ e)− f(x) e ∼ √ k(x+ e)−√kx e ∼ √ k(x+ e)−√kx e . √ k(x+ e) + √ kx√ k(x+ e) + √ kx ∼ k(x+ e)− kx e.( √ k(x+ e) + √ kx) ∼ ke e.( √ k(x+ e) + √ kx) ∼ k√ k(x+ e) + √ kx Fazendo e = 0 temos: y FB = k 2 √ kx → FB = 2y √ kx k Generalidades 81 Como y = √ kx temos: FB = 2 √ kx. √ kx k = 2kx k = 2x Ome´todo de Fermat e´ praticamente o me´todo da derivada para determinac¸a˜o da tangente a` uma curva. Afazer e = 0 no lugar de e → 0 o me´todo perde em alcance, na˜o podendo ser aplicado na determinac¸a˜o da tangente a` curva f(x) = sin(x) ja´ que na˜o se pode simplificar sin(x+ e)− sin(x) e . E´ onde o processo de limite e´ imdispensa´vel. 82 Derivada de Func¸o˜es Apeˆndice C Me´todo de Barrow para a Tangente ISAC BARROW Desenvolveu um me´todo para a determinac¸a˜o da tan- gente a` uma curva dada por f(x, y) = 0. Se C(x, f(x)) e´ um ponto da curva f(x, y) = 0 em que se deseja determinar a tangente, enta˜o um ponto E vi- zinho, de coordenadas (x + e, f(x + e)) estara´ ta˜o perto da reta tangente que podemos pensar nele como estando aproximadamente tambe´m sa reta tangente. a H y x e E F A B D C G Figura 2.6: Me´todo da tangente de Barrow Portanto, se a subtangente no ponto C e´ TB = c e e como os triangulos ∆FBC e ∆CHG sa˜o semelhantes e temos: CB FB = GH CH Generalidades 83 Fazendo GH = e e CH = a e como CB = y temos: y FB = a e Logo para determinar a subtangente FB basta deteminar a relac¸a˜o a e . Para isto usaremos o fato de que como o ponto E esta´ ta˜o pro´ximo de C que o ponto da tangente G esta´ tambe´m muito de E e como as coordenadas de G sa˜o G(x+ e, y + a) podemos considerar: f(x+ e, y + a) ∼ 0 Procedemos enta˜o eliminando os termos comuns, eliminamos poteˆncias de a e poteˆncias de e levando em conta que a e e sa˜o muito pequenos. Finalmente tiramos a raza˜o a e . Para exemplificar, aplicaremos o me´todo na determinac¸a˜o da tangente a` curva y2 = kx, k > 0 que reescrevemos como f(x, y) = y2 − kx = 0. Apli- cando o me´dodo de Barrow temos: f(x+ e, y + a) ∼ 0 (y + a)2 − k(x+ e) ∼ 0 y2 + 2ya+ a2 − kx− ke ∼ 0 y2 − kx+ a2 + 2ya− ke ∼ 0 Eliminando os termos comuns y2 − kx = 0 e a poteˆncia a2 temos: 2ya− ke ∼ 0 Dada a proximidade dos pontos E, C e G podemos considerar a igualdade: 2ya− ke = 0 De onde tiramos: a e = k 2y Para a subtangente teremos: y FB = a e = k 2y Da´ı, FB = 2y2 k = 2kx k = 2x O me´todo de Barrow sofre do mesmo defeito que o me´todo de Fermat.
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