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Aula KUPFER - autismo

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REVISÃO HISTÓRICA DAS FASES DA INCLUSÃO E DISTÚRBIOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO
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Na antiguidade a deficiência inexistia enquanto problema. As crianças que apresentavam deficiências deficiências detectáveis eram abandonadas ao relento, até a morte.
Idade Média: a deficiência foi atribuída ora a desígnios divinos, ora à possessão pelo demônio. (Ações de confinamento e de castigos severos).
Final do sec. XV – Capitalismo Mercantil.
ANTIGUIDADE E IDADE MÉDIA
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Avanço da Medicina
A demência e a amência deixaram de ser vistas como problemas teológicos e moral e passam a ser vistas como problema médico.
1º Paradigma: o paradigma da Institucionalização: prática do recolhimento e confinamento em conventos e hospícios, até o ensino especial segregado.
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2º Paradigma de Serviços
A pessoa com deficiência foi considerada cidadã, como outra qualquer. (Após a Segunda Guerra Mundial).
- Representou avanço, mas mostrou-se limitado ao focalizar a necessidade de mudança quase que exclusivamente na pessoa com deficiência (ideia de normalização)
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A normalização
“[...] era uma ideologia que advogava a necessidade de inserir o deficiente na sociedade mais ampla, auxiliando-o a adquirir as condições e os padrões o mais próximo possível aos da vida cotidiana das demais pessoas” (ARANHA, P. 13)
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Implicações
“[...] negar as limitações impostas por uma deficiência pode ser tão discriminatório quanto exacerbar seu papel na vida da pessoa, já que ao negá-las, a sociedade se desobriga d promover ajustes e adaptações que permitiriam a participação dessas pessoas na vida da comunidade”. (ARANHA, p. 14).
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3º Paradigma
A necessidade de disponibilizar suportes, instrumentos que viabilizariam a garantia de que a pessoa com deficiência possa receber todo e qualquer apoio que se mostre necessário para a otimização de seu potencial para uma vida de qualidade.
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Paradigma de suportes (3º)
“[...] onde se contextualiza a idéia da inclusão, prevê intervenções decisivas e incisivas, em ambos os lados da equação: no processo de desenvolvimento do sujeito e no processo de reajuste da realidade social”. (ARANHA, p. 15)
Promoção de ajustes físicos: materiais, humanos, sociais, legais, etc.
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	DISTÚRBIOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO
“[...] não há um consenso sobre o que sejam verdadeiramente uma psicose infantil ou um autismo infantil, e tampouco sobre a sua etiologia” (KUPFER, 2007, p. 44).
DSM-IV: crianças psicóticas e autistas foram categorizadas como portadores de distúrbios globais do desenvolvimento. Todavia os psicanalistas continuam utilizando-se dos diagnósticos de psicose infantil e de autismo.
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Autismo: falha a função materna. Construção do mapa libidinal do corpo. Construção da imagem corporal.
Psicose: falha a função paterna. “[...] a presença onipotente da mãe – ou, se preferir, da língua materna – impede a entrada da função paterna, essa que poderia carregar consigo aqueles significantes capazes de funcionar como pontos de basta, como articuladores, como pontos nodais dos feixes de cadeias significantes necessárias à constituição e ao exercício de um sujeito” (KUPFER, 2007, p. 55)
 DOIS QUADROS DISTINTOS
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FUNÇÃO MATERNA
“Nenhum psicanalista, em sã consciência, pode negar que um bebê seja antes de mais nada um feixe de nervos. E acolherá como bem-vindas todas as experiências que puderem avançar no conhecimento das bases neurológicas de todas as patologias. Um psicanalista acredita, porém, que o corpo de um bebê jamais sairá de sua condição de organismo biológico se não houver um outro ser que o pilote em direção ao mundo humano, que lhe dirija os atos para além dos reflexos e, principalmente, que lhes dê sentido. Assim, de nada adiantará um organismo absolutamente são se não houver quem o introduza no mundo do humano, vale dizer, da linguagem.” (KUPFER, p. 51)
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CONCEITOS LACANIANOS
Outro: um lugar simbólico, o significante, a lei, a linguagem, lugar terceiro.
Significante: elemento significativo do discurso (consciente ou inconsciente) que determina os atos, as palavras.
Forclusão: rejeição
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Conceitos lacanianos
O funcionamento psíquico do ser humano estrutura-se em 3 registros: Real, Simbólico e Imaginário.
Segundo Ildeu Baptista de Oliveira, “ o campo do real é o campo da “coisa”, daquilo que não é nomeável, daquilo que escapa à simbolização e não pode ser descrito por palavras.
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Conceitos lacanianos
O imaginário é feito de imagens, de fantasias, de crenças, de ilusões e impressões.
O campo do simbólico é o campo da linguagem, escrita e falada.
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Educação Especial
“[...] um dos campos férteis para a demonstração de que há na prática e não apenas na teoria, casamentos possíveis entre a psicanálise e a educação” (KUPFER, 2007, p. 38). 
Proposta de Kupfer: Legitimar a presença da libido e do desejo no ato educativo. Instituir o simbólico em torno do real.
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EDUCAÇÃO TERAPÊUTICA
Segundo Kupfer (2007), é compreender toda a montagem, em sua dimensão clínica, institucional e educacional como uma só ferramenta.
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Três eixos da educação terapêutica
Inclusão: é importante ter um lugar na escola, quer na regular, quer na especial. 
Grupo ponte: “[...] grupo de profissionais – psicólogos escolares e psicanalistas – encarregado de acompanhar o percurso da criança na escola” ( KUPFER, 2007, p. 92).
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CAMPO INSTITUCIONAL
Localizar os pontos de encontro e de repetição que enodavam os três níveis discursivos: discurso dos pais, da equipe e das crianças. Fazer um trabalho de desatamento dos pontos de cruzamento discursivo que se dão no encontro do discurso dos pais, da equipe e das crianças.
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DIREÇÃO DO TRABALHO
Ao invés de utilizar o critério da carência, de ver o que falta à criança, Kupfer propõe observar as tendências desejantes de cada criança. Exemplo: “[...] uma psicopedagogia será recomendada quando a subjetivação de uma criança estiver sendo atravessada pela escrita, e não porque ‘ainda não sabe escrever’”(KUPFER, 2007, p. 98).
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CAMPO INSTITUCIONAL
Elementos constitutivos do institucional: ateliês, passeios, festas e grupo de pais. A análise somente não basta, é importante neste trabalho transmitir a cultura dos homens.
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EIXO ESCOLAR
“Trata-se de lhe fornecer instrumentos como a leitura e a escrita, dentro de suas possibilidades subjetivas e cognitivas, apostando que esses instrumentos lhe serão de valia quer para o seu reordenamento simbólico, quer para poderem dizer-se em sua angústia” (KUPFER, 2007, p. 105).
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EDUCAÇÃO TERAPÊUTICA
Ela não visa, como a análise, tocar o real pelo simbólico e sim instituir o simbólico em torno do real, visto que há uma ausência de inscrição no Autismo. 
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PRINCÍPIOS DA AÇÃO EDUCATIVA
Desta forma, um dos princípios da ação educativa é a criação das bordas no real: “Não é à criação das bordas no real que os pais se dedicam quando se põem a transformar seu pequeno infans em um sujeito?” (KUPFER, 2007, p. 116).
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Referências
LEGNANI, V. N. Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade: Um estudo psicanalítico. Tese de Doutorado, Instituto de Psicologia, UNB, Brasília, DF, 2003.
 
 HERRMANN, F. Pesquisando com o método psicanalítico. In: HERRMANN, F. & LOWENKRON, T. (Orgs.). Pesquisando com o método psicanalítico. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004, p.43-121.
 
MEZAN, R. Psicanálise e pós-graduação: notas, exemplos, reflexões. In: MEZAN, R. Interfaces da psicanálise. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 395-435.

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