Buscar

KLEIN MELANIE - O DESMAME. 52p.

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

II 
O DESMAME 
por 
MELANIE KLEIN 
A DESCOBERTA de Freud de que existe uma parte inconsciente na mente, e cujo núcleo se desenvolve na primeira infância, foi uma das mais fundamentais e de maior alcance já ocorridas na história humana. Os sentimentos e as fantasias infantis deixam, por assim dizer, suas marcas na mente, impressões que não desaparecem mas são armazenadas permanecem ativas, e exercem uma influência contínua e poderosa na vida emocional e intelectual do indivíduo. Os primeiros sentimentos são experimentados em conexão com estímulos externos e internos. A primeira gratificação que a criança retira do mundo externo é a satisfação que sente ao ser alimentada. A análise mostrou que sàmente uma parte desta satisfação resulta do alívio da fome e que outra parte, não menos importante, resulta do prazer que o bebê experimenta quando sua bôca é estimulada pela sucção do seio da mãe. Esta gratificação é uma parte essencial da sexualidade infantil, e é, na verdade, sua expressão inicial. O prazer também se manifesta quando a cálida torrente de leite desce pela garganta e enche o estômago 
O bebê reage a estímulos desagradáveis e à frustração do seu prazer, com sentimentos de ódio e agressividade. Estes sen-
 35
timento de ódio são dirigidos para o niesmo objeto que proporciona os sentimentos de prazer, isto é, os selos da mãe. 
O trabalho analítico tem mostrado que bebês de poucos meses de idade entregam-se, sem dúvida, a construir fantasias. Acredito que esta constitua a atividade mental mais primitiva e que existam fantasias na mente do bebê quase a partir do nascimento. Pareceria que todo estímulo que a criança recebe é imediatamente respondido por fantasias; os estímulos desagradáveis, incluindo a mera frustração, por fantasias de espécie agressiva; os estímulos gratificadores por fantasias concentradas no prazer. 
Como disse antes, o objeto de tôdas essas fantasias é, no início, o seio da mãe. Pode parecer curioso que o interêsse do bebê se limite a uma parte da pessoa de preferência ao todo; mas devemos lembrar antes de tudo que, nesse estágio, a criança tem uma capacidade extremamente pouco desenvolvida para a percepção, física e mental, e igualmente lembrar o fato importantíssimo de que o bebê se relaciona tão-sômente com a sua gratificação imediata ou com a falta de gratificação; Frcud deu a isto o nome de ,“princípio do prazer-desprazer”. Assim, o seio da mãe, que dá gratificação ou a recusa, torna-se, na mente da criança, imbuído das características do bom e do ruim. Pois bem, aquilo que se poderia chamar dc selos “bons” torna-se o protótipo do que é sentido durante ‘tôda a vida como bem e benéfico, enquanto que os seios “maus” representam tudo que existe de ruim e perseguidor. A razão disto pode ser explicada pelo fato de que, quando a criança volta seu ódio contra o seio “mau” ou negador, ela atribui ao seio todo o seu próprio ódio ativo contra êle — processo ao qual se dá o nome de projeção. 
Mas existe outro processo de grande importância que se desenrola ao mesmo tempo, o chamado processo da projeção. Trata-se da atividade mental da criança por meio da qual, em sua fantasia, ela põe para dentro de si tudo que percebe do mundo exterior. Sabemos que neste estágio a criança recebe sua principal satisfação através da bôca, que assim se torna o principal conduto pelo qual ela põe para dentro não apenas seu alimento, mas também, em sua fantasia, o mundo exterior. Não apenas a bôca, mas até certo grau todo o corpo, com todos os seus sentidos e funções, realiza êstc processo de “pôr para dentro” — por exemplo, a criança inspira, absorve através de 
36 
seus olhos, scus ouvidos, através do tato e assim por diante. No início o seio da mãe é o objeto de seu desejo constante, logo é a primeira coisa a ser introjctada. Em fantasia. a criança suga o seio para dentro de si, o mastiga e o engole: assim ela sente que realmente o apreendeu, que possui o seio da mãe dentro de si, em ambos os aspectos: o bom e o mau. 
O enfoque da criança e seu apêgo a uma parte da pessoa é característica dêste primeiro estágio do desenvolvimento, e justifica em grande parte a natureza fantástica e irreal dc sua relação com tôdas as coisas; por exemplo, com partes de seu próprio corpo, com pessoas e com objetos inanimados, todos os quais são certamente, no início, percebidos apenas de modo indistinto, O mundo do objeto da criança, nos dois ou três primeiros meses de vida, poderia ser descrito como consistindo em partes ou porções do mundo real gratificantes ou hostis e perseguidoras. Mais ou menos nesta idade ela começa a ver a mãe e outras pessoas em sua volta como “pessoas totais”, sendo que sua percepção realística da mãe (e das demais pessoas) se desenvolve gradativamente, à medida que a criança começa a relacionar o rosto da mãe que a olha com as mãos que a acariciam e com o seio que a satisfaz; e o poder de perceber “todos” (depois que ela pode sentir prazer com “pessoas totais” e confiar nelas) se expande para o mundo externo além da mãe. 
Neste momento outras modificações também estão ocorrendo na criança. Quando o bebê tem poucos meses, pode-se observar que êle começa decididamente a usufruir certos períodos de vigília; a julgar pelas aparências, há momentos em que se sente bastante feliz. Parece que por volta da idade acima mencionada, diminuem os estímulos por demais fortes e localizados (no começo, por exemplo, a evacuação era freqüentemente sentida como desagradável), e começa a se estabelecer uma coordenação muito melhor no exercício das diferentes funções corporais. Isto conduz não apenas a uma melhor adaptação física, mas também a uma melhor adaptação mental do estímulos internos e externos. Pode-se supor que estímulos que inicial- mente eram sentidos como dolorosos não mais o são, e alguns dêles se tornam inclusive agradáveis. O fato de que a ausência de estímulos pode agora ser sentida como uni prazer por si mesma, indica que a criança não é mais tão influenciada por 
37 
sensações dolorosas, cansadas por estímulos desagradáveis, ou tão ávida de estímulos agradáveis ligados a uma gratificação imediata e plena dada pela alimentação; esta melhor adaptação em relação a estímulos toma menos urgente a necessidade da gratificação imediata e forte. 
Referi-me às primitivas fantasias e mêdos de perseguições em conexão com os selos hostis, e expliquei como êles se relacionam com a fantástica relação de objeto do bebê. As primeiras experiências da criança ligadas a estímulos externos e internos proporcionam a base para fantasias sôbre objetos hostis externos e internos, e contribuem largamente para o desenvolvimento de tais fantasias. 
No mais primitivo estágio de desenvolviipento mental, todo estímulo desagradável está aparentemente relacionado na fantasia do bebê com os seioA “hostis” ou negadores; todo estímulo agradável, por outro lado, com os selos “bons” ou gratificantes. Parece que temos aqui dois círculos, um benévolo e o outro malévolo, ambos baseados na interação de fatores externos ou ambientais e fatôres psíquicos internos; assim, qualquer diminuição na quantidade ou na intensidade de estímulos dolorosos, ou qualquer aumento na capacidade de ajustar-se a êles, deveria ajudar a diminuir a fôrça das fantasias de natureza aterradora, e uma diminuição das fantasias aterradoras, por sua vez, possibilita à criança encaminhar-se em direção a uma melhor adaptação à realidade, e isto ajuda a diminuir as fantasias aterradoras. 
É importante para o bom desenvolvimento mental que a criança venha a ficar sob a Influência do círculo benévolo que citei há pouco; quando isto acontece, ela é grandemente ajudada a formar uma imagem da mãe como pessoa; esta percepção crescente da mãe como um todo implica alterações muito importantes não apenas no seu desenvolvimento intelectual, como também no desenvolvimento emocional. 
38
Ja mencionei que fantasias e sensações de natureza agressiva e de natureza gratificante ou erótica, que se encontram em larga
extensão fundidas (fusão esta a que se dá o nome de sadismo), desempenham um papel predominante nos primeiros estágios da vida da criança. Estas são inicialmente concentradas nos seios da mãe, mas gradualmente estendem-se para seu corpo inteiro. Fantasias e sensações vorazes, eróticas e destrutivas, têm por objeto o interior do corpo da mãe. Em sua imaginação a criança o ataca, roubando-o de tudo que contem e devorando-o. 
A princípio as fantasias destrutivas são de natureza mais sugadora. Algo disto se evidencia na maneira poderosa com que algumas crianças sugam, mesmo quando o leite é copioso. Quanto mais a criança se aproxima da época da dentição, mais as fantasias assumem a natureza de morder, dilacerar, mastigar. e, desta maneira, destruir seu objeto. Muitas mães são de opinião que estas tendências de morder se evidenciam muito antes de a criança ter dentes. A experiência analítica provou que essas tendências se alinham com fantasias de natureza decididamente canibalística. A qualidade destrutiva de tôdas estas fantasias e sensações sádicas, como as que encontramos nas análises de crianças pequenas, encontra sua maior expressão quando a criança começa a perceber sua mãe como pessoa total. 
Ao mesmo tempo ela agora sente uma modificação em sua atitude emocional para com, a mãe. O apego prazeroso da criança ao seio se transforma em sentimentos para com a mãe como pessoa. Assim, sensações de natureza ao mesmo tenwo destrutivas e amorosas são experimentadas em relação a uma única e mesma pessoa, e isso dá origem a profundos e perturbadores conflitos na mente da criança. 
Em minha opinião, é muito importante para o futuro da criança que ela possa ser capaz de progredir, dos primeiros médos de perseguição e de uma fantástica relação de objeto, para uma relação com a mãe como uma pessoa total e um ser amoroso. Quando, entretanto, ela consegue fazê-lo, os sentimentos de culpa surgem em conexão com seus próprios impulsos destrutivos, que agora ela teme constituírem um perigo para seu objeto amado, O fato de que neste estágio do desenvolvimento a criança seja incapaz de controlar seu sadismo, quando éle brota a qualquer frustração, agrava ainda mais o con-
39
flito e a sua preocupação para com o ser amado. Mais uma vez, é muito iiportante que as crianças possam lidar satisfatoriamente com êstes sentimentos conflitantes — amor, ódio e culpa — que so provocados em sua nova situação. Se o conflito se manifestar insuportável, a criança não poderá estabelecer uma relação feliz com a mãe, e ficará aberto o caminho para muitos insucessos no desenvolvimento subseqüente. Desejo mencionar especialmente estados de depressão indevida ou anormal que, ao meu ver, têm sua origem mais profunda no malôgro em lidar com êsses conflitos. 
Mas consideremos agora o que acontece quando os sentimentos de culpa e mêdo da morte da mãe (que é temida como resultado dos desejos inconscientes de sua morte) são tratados adequadamente. Penso que êstes sentimentos têm efeitos remotos no futuro bem-estar mental da criança, na sua capacidade de amar e no seu desenvolvimento social. Dêles surge o desejo de reparar, que se expressa em numerosas fantasias de salvar a mãe e fazer tôda espécie de reparação. Encontrei estas tendências de fazer reparações, na análise de crianças pequenas, como as fôrças impulsionadoras de tôdas as atividades e interêsses construtivos, e do desenvolvimento social. Podemos vê-las agindo nas primeiras atividades de brinquedo e na base da satisfação da criança por suas realizações, mesmo naquelas espécies mais simples, como, por exemplo, colocar um tijolo sôbre o outro, ou fazer um tijolo permanecer de pé depois de ter caído; tudo isto é parcialmente derivado da fantasia inconsciente de fazer alguma espécie de reparação a uma ou a várias pessoas que a criança injuriou em fantasia. Porém, mais do que isto, mesmo as realizações mais precoces do bebê, tais como brincar com os dedos, achar alguma coisa que caiu de lado, ficar de pé e tôda sorte de movimentqs voluntários êstes também, acredito, são ligados a fantasias nas quais o elemento de reparação já está presente. 
A análise de crianças muito pequenas — recentemente mesmo crianças entre um e dois anos têm sido analisadas — mostra que bebês de poucos meses relacionam suas fezes e urina com fantasias nas quais êstes materiais são considerados como presentes. Não apenas estãó presentes, e, como tal, são indicações de amor para com a mãe ou ama, mas são também considerados como sendo capazes de efetuar a reparação. Por outro 
40
 
lado, quando os sentimentos destrutivos são predominantes, o bebê, em sua fantasia, defecará e urinará com raiva e ódio, e usará seus excrementos como agentes hostis. Assim, os excrementos produzidos com sentimentos amistosos são, na fantasia, usados como meios de reparar as injúrias infligidas também por intermédio de fezes e urina em momentos de raiva. 
Ë impossível, dentro do escopo dêste artigo, tratar adequadamente da conexão entre fantasias agressivas, mêdos, sentin entos de culpa e o desejo de efetuar reparação; mesmo assim, abordei êssc item porque quis indicar que os sentimentos agressivos, que causam tanta perturbação no psiquismo da criança, são ao mesmo tempo do mais alto valor para o seu desenvolviniento 
Já mencionei que a criança mentalmente põe para dentro de si mesma — introjeta — o mundo externo, tanto quanto possa percebê-lo. De início introjeta os seios bom e mau, mas gradualmente é a mãe total (novamente concebida como a mãe boa e a mãe má) que ela põe para dentro de si. Ao mesmo tempo o pai e as outras pessoas do ambiente da criança são postos para dentro também, inicialmente em grau menor, mas da mesma maneira que em relação à mãe; estas figuras crescem em importância e adquirem independência na mente da criança à medida que o tempo passa. Se ela conseguir estabelecer dentro de si uma mãe boa e propícia, esta mãe internalizada constituirá uma influência das mais benéficas por tôda sua vida. Embora esta influência possa normalmente modificar de caráter com o desenvolvimento da mente, é comparável com o lugar vitalmente importante que a mãe real ocupa na existência do bebê. Nã quero dizer que os bons pais “internalizados” serão sentidos conscientemente como tal (mesmo no bebê o sentimento de possuí-los dentro é profundamente inconsciente); êles não são sentidos conscientemente como aí estando, mas antes como algo no interior da personalidade que tem a natureza de bondade e sabedoria; isto leva à confiança e à fé em si mesma e ajuda a combater e vencer os sentimentos de mêdo de ter figuras más dentro de si e de ser governado por seu próprio ódio incontrolável; e, mais ainda, leva a confiar em pessoas do mundo exterior além do círculo familiar 
Como salientei acima, a criança sente qualquer frustração muito agdamente; embora algum progresso em direção à 
41
realidade se processe todo o tempo, a vida emocional da criança parece dominada por um ciclo de gratificação e frustração; mas os sentimentos de frustração são de uma natureza milito complicada. O doutor Ernest Jones descobriu que a frustraçio sempre sentida como uma privação; se a criança não pode obter a coisa desejada, sente que é impedida pela mãe maldosa. que tem poder sôbre ela. 
No tocante ao nosso problema principal, achamos que a criança sente, quando deseja o seio e êste não lhe é dado, como se o tivesse perdido para sempre; visto que a concepção do seio se estende à mãe, o sentimento de ter perdido o seio leva ao mêdo de ter perdido inteiramente a mãe amada, e isto não significa apenas a mãe real, mas também a boa mãe interna. Na minha experiência, êste mêdo da perda total do objeto bom (internalizado e externo) é entremeado com sentimentos de culpa de o ter destruído (de o ter devorado), e então a criança sente que a perda da mãe é uma punição por sua ação terrível; assim, sentimentos os mais perturbadores e conflítivos se associam com a frustração, e são êstes que tornam tão profundá o sofrimento daquilo que parece
uma simples contrariedade. A experiência real do desmame reforça grandemente êstes sentimentos dolorosos, ou tende a substanciar êstes mêdos; mas assim como o bebê nunca tem a posse ininterrupta do seio, e se encontra constantemente em estado de privação dêle, pode-se dizer que, neste sentido, está em estado constante de ser desmamado ou pelo menos em estado que leva ao desmame. Mesmo assim, o ponto crucial é alcançado no desmame real, quando a perda é completa e o seio ou a mamadeira perdidos irrevogavelmente. 
Poderia citar um caso de minha experiência, no qual os sentimentos ligados com essa perda foram mostrados muito claramente. Rita, de dois anos e nove meses de idade quando veio à análise, era uma criança muito neurótica com mêdos de tôda espécie e muito difícil de educar; suas depressões e sentimentos de culpa muito pouco infantis eram impressionantes. Era muito apegada à mãe, demonstrando, às vêzes antagonismo. Recebia ainda, na época que veio a mim, a mamadeira noturna e a mãe disse que tinha de conservá-la, uma voz que descobrira que a criança manifestara demasiada aflição quando tinha tentado parar’ de dá-la. O desmame de Rita fôra muito difícil. 
42 
Tinha sido amamentada por poucos meses, e então passou às mamadeiras, que no princípio se recusou a aceitar, mas às quais em seguida se habituou, e manifestou de nôvo grandes dificuldades quando as mamadeiras foram substituídas por alimentação comum. Quando, durante a análise comigo, lhe fo tirada a última mamadeira, caiu em estado de desespêro. Perdeu o apetite, passou a recusar o alimento, apegou-se mais que nunca à mãe, perguntando-lhe constantemente se ela a amava, se Rita tinha sido má, e assim por diante. Não poderia ter sido uma questão de alimento em si, já que o leite era apenas parte de sua dieta, e além disso a mesma quantidade de leite lhe era dada num copo. Eu tinha aconselhado à mãe que desse a Rita o leite ela mesma, acrescentando um biscoito ou dois, e sentando à sua cabeceira ou tomando-a no colo. Mas a criança se recusava a tomar o leite. A análise revelou que o desespêro era devido à sua ansiedade pela morte da mãe, ou ao mêdo de que a mãe a punisse cruelmente por sua maldade. O que sentia como “maldade”, realmente, eram os seus desejos inconscientes pela morte da mãe, no presente e no passado. Ela se encontrava dominada pela ansiedade de ter destruído, e especialmente de ter devorado a mãe, e a perda da mamadeira era sentida como a confirmação de tê-lo feito. Mesmo vendo a mãe, êsses mêdos não eram refutados, até que foram resolvidos pela análise. Neste caso, os primeiros mêdos de perseguição não tinham sido suficientemente sobrepujados, e a relação com a mãe nunca tinha sido bem esclarecida. Ëste insucesso era devido, por um lado, à incapacidade da criança em lidar com seus conflitos por demais fortes, e, por outro lado — e isto por sua vez torna-se parte do conflito interno — à conduta real da màe que era uma pessoa altamente neurótica. 
É evidente que um bom relacionamento humano entre a criança e sua mãe, na época em que êsses conflitos básicos se iniciam e são largamente elaborados, é da mais alta importância. Devemos lembrar que no período crítico do desmame, a criança, por assim dizer, perde seu objeto “bom”, isto é, perde aquilo que ama. Qualquer coisa que torne menos dolorosa a perda de um objeto bom externo e diminua o mêdo de ser punido, ajudará a criança a preservar a convicção em seu objeto bom interno. Ao mesmo tempo, preparará o caminho para a criança conservar, apesar da frustração, uma relação feliz com sua mãe 
43 
real e para estabelecer relações agradáveis com outras pessoas além dos pais. Então, ela conseguirá obter satisfações que substituirão a satisfação importantíssima que ela está prestes a perder. 
Agora, que podemos fazer para ajudar a criança nessa difícil tarefa? Os preparativos para essa tarefa começam no momento do nascimento. Desde o primeiro momento a mãe deve fazer tudo que puder para ajudar a criança a estabelecer um relacionamento feliz com ela. Freqüentemente constatamos que a mãe faz tudo a seu alcance em relação ao estado físico da criança; concentra-se nisto como se a criança fôsse uma coisa material que necessita de cuidado constante, como uma máquina valiosa e não um ser humano. Esta é a atitude de muitos pediatras que se preocupam principalmente com o desenvolvimento físico da criança, e se interessam apenas por suas reações emocionais na medida em que estas indicam algo sôbre o estado físico ou intelectual do bebê. As mães freqüentemente não compreendem que um bebê já é um ser humano, cujo desenvolvimento emocional é da maior importância. 
Um bom contato entre a mãe e .a criança pode ser pôsto em perigo no início, ou desde as primeiras amamentações, pelo fato de que a mãe não sabe induzir o bebê a pegar o bico do seio; se, por exemplo, em vez de lidar pacientemente com as dificuldades à medida que surgem, o bico do seio é empurrado um tanto bruscamente na bâca do bebê, êste pode deixar de desenvolver um forte apêgo ao bico do seio e ao seio, e torna-se um difícil sugador. Por outro lado, pode-se observar como bebês que mostram esta dificuldade inicial tornam-se, sob uma assistência paciente, tão bons sugadores como aquêles que não tiveram nenhuma dificuldade inicial . 
Há muitas outras ocasiões em que não apenas no seio o bebê sentirá e insconscientemente registrará o amor, á paciência e a compreensão da mãe — ou o contrário. Como já assinalei, as primeiras sensações são experimentadas em conexão com estímulos internos e externos — agradáveis ou desagradáveis — e são associados a fantasias. A maneira pela qual o bebê é 
44 
manipulado, mesmo a partir do momento do parto, certamente deixa impressões em sua mente. 
Embora o bebê, nos mais primitivos estágios do seu desenvolvimento, ainda não possa relacionar as sensações de prazer, que com o cuidado e a paciência da mãe néle surgem, para com ela como uma “pessoa total”, é de vital importância que essas sensações de prazer e o sentido de confiança sejam experimntados. Tudo aquilo que faz o bebê sentir que está rodeado de objetos amistosos, embora êstes sejam, no início, conhecidos na maior parte como “scios bons”, prepara o terreno e contribui para a construção de urna relação feliz com a mãe e, mais tarde, com as outras pessoas à sua volta. 
Deve ser mantido um equilíbrio entre as necessidades físicas e psíquicas. A regularidade da alimentação tem provado ser de grande valor para o bem-estar físico do bebê, e isto. mais uma vez, influencia o desenvolvimento psíquico; mas há muitas crianças que, pelo menos nos primeiros dias, não poden suportar fàcilmente intervalos de duração muito longa entre as inamadas; nestes casos é melhor não se ater rigidamente às regras e alimentar o bebê cada três horas ou mesmo menos, e, se necessário, dar pequenos goles de chá ou água açucarada nos intervalos. 
Penso que o uso da chupeta é útil. Ë verdade que apresenta uma desvantagem — não de natureza higiênica, já que esta pode ser eliminada — que é a desvantagem psicológica do desapontamento do bebê, quando ao sugar não recebe o leite desejado; mas de qualquer modo éle tem a gratificação parcial de poder sugar. Se não lhe derem a chupeta êle provàvelmente chupará os dedos; como o uso da chupeta pode ser melhor regulado que o chupar de dedos, o bebê pode mais fàcilrnente ser separado da chupeta. Pode-se começar gradualmente a separação, por exemplo, dando-a somente quando a criança vai dormir, ou quando ela não está muito bem, e assim por diante. 
Em relação à questão de chupar o polegar, a doutôra Middlemore (Capítulo III) expressa a opinião de que. de modo geral. a criança não deveria ser impedida de chupar o polegar. Há algo a ser dito em favor desta opinião. As frustrações que se podem evitar não deveriam ser infligidas à criança. Além do mais, deve-se considerar o fato de que frustrações por demais fortes na área da bôca podem levar a uma necessidade compen-
 45
satória de intensificação do prazer
genital, como, por exemplo, a masturbação compulsiva, e que algumas das frustrações intrínsecas experimentadas na bôca são levadas aos genitais. 
Mas há outros aspectos igualmente a se considerar. No sugar incontrolado do polegar ou da chupeta há o perigo de uma fixação oral bastante forte (quero dizer com isto que a libido é prejudicada no seu movimento natural da bôca para os genitais), enquanto uma frustração ligeira da bôca teria o efeito Iesejável de distribuir os impulsos sensoriais. 
O sugar contínuo pode atuar inibitõriamente sôbre o desenvolvimento da fala. Além disso, o sugar dos polegares, se excessivo, apresenta o seguinte inconveniente: a criança freqüentemente\se fere, e então não sômente experimenta dor física, mas a cônexão entre o prazer de sugar e a dor nos seus dedos é psicolàgicamente desvantajosa. 
Com relação à masturbação, eu diria categàricaxnentc que não se deve interferir; a criança deve ser deixada para lidar com isto à sua própria maneira. Em relação ao chupar do polegar, deveria dizer que pode, em muitos casos, ser substituído, sem pressão parcial e gradualmente, por outras gratificações orais, tais como balas, frutas e especialmente pratos favoritos. Êstes últimos deveriam ser proporcionados à criança ad libitum, enquanto ao mesmo tempo, com a ajuda da chupeta, facilita-se o processo do desmame. 
Outro ponto que quero acentuar é o êrro de se tentar acostumar a criança cedo demais a hábitos de limpeza com relação às funções excretórias. Algumas mães se orgulham de ter reali-
46
 
zado esta tarefa muito cedo, mas não compreendem os maus efeitos psicológicos que isso pode originar. Não quero dizer que haja algum mal em segurar o bebê vez por outra num urinol e assim começar aos poucos a acostumá-lo a êle. O ponto em questão é que a mãe não deve ficar por demais ansiosa, e não deve tentar impedir a criança de alguma vez se sujar ou se molhar, O bebê percebe essa atitude para com seus excrementos e se sente perturbado por ela, já que tem um forte prazer sexual em suas funções excretórias e preza seus excrementos como parte e produto de seu próprio corpo. Por outro lado, como assinalei antes, sente que suas fezes e urina são agentes hostis quando evacua e urina com sentimentos de raiva. Se a mãe ansiosamente tenta impedi-lo, de modo absoluto, de entrar em contato com seus excrementos, o bebê sente tal comportamento como confirmação de que êstes são agentes maus e hostis, dos quais a mãe tem mêdo; a ansiedade da mãe aumenta a ansiedade da criança. Esta atitude para com seus excrementos é psicologicamente prejudicial e desempenha grande papel em muitas neuroses. 
Naturalmente não quero dizer que se deva deixar o bebê ficar sujo por tempo indeterminado; aquilo qie, ao meu ver, se deveria evitar, é fazer de sua limpeza um assunto de tão grande importância, pois nesse caso a criança percebe quão ansiosa fica a mãe a êsse respeito. A coisa tôda deveria ser encarada com naturalidade, e sinais de nojo ou desaprovação durante a limpeza do bebê deveriam ser evitados. Penso que o treinamento sistemático para a limpeza deveria ser adiado para depois do desmame. Ëste treino constitui certamente um esfórço considerável para o bebê, tanto mental quanto fisicamente, e não deve lhe ser impôsto enquanto está lutando con as dificuldades do desmame. Mesmo mais tarde, êste treino não deve ser conduzido com qualquer rigor, como a doutôra Isaacs mostrará no seu capítulo sôbre “O Hábito”.
É uma grande vantagem para a futura relação entre mãe 
e criança se aquela não apenas amamentar, mas também cuidar do seu bebê. Se as circunstâncias a impedirem de fazê-lo, ainda assim ela será capaz de estabelecer um forte elo entre ela mesma e o bebê, se puder penetrar (insight) no psiquismo dêste. 
O bebê pode usufruir a presença da mãe de muitos modos. Freqüentemente brincará um pouco com seu seio depois da 
47
 
mamada, sentirá prazer que a mãe õlhe para êle, lhe sorria, brinque e lhe fale muito, mesmo antes que êle entenda o significado das palavras. Ële chegará a conhecer e a gostar da voz dela, e o seu canto a êle dirigido poderá permanecer como uma memória prazerosa e estimulante no seu inconsciente. Acalmando-o desta maneira, muito freqüentemente ela poderá desviar a tensão e evitar um estado infeliz da mente, e assim fazê-lo dormir, em vez de deixá-lo adormecer exausto de chorar. 
Uma relação realmente feliz entre mãe e filho pode ser estabelecida sômente quando o cuidado e a amamentação do bebê não constituírem uma questão de dever, mas um verdadeiro prazer para a mãe. Se ela for capaz de usufruí-io completamente, seu prazer será inconscientemente percebido pela criança, e esta felicidade recíproca levará a uma compreensão emocional plena entre mãe e filho 
Mas existe o outro lado do quadro. A mãe deve cornprcender que o bebê não é realmente sua posse, e que, embora seja tão pequeno e completamente dependente de sua ajuda, êle constitui uma entidade separada, e deve ser tratado como um ser humano individual; ela não deve amarrá-lo demais a si nesma, mas ajudá-lo a crescer para a independência. Quanto mais cedo ela puder tomar essa atitude, melhor; assim, ela no upenas ajudará a criança, mas preservará a si mesma de um futuro desapontamento. 
Não se deve interferir indevidamente com o desenvolvimento da criança Observar com prazer e compreensão seu crescimento físico e mental é uma coisa, tentar acelerá-lo é outra. Deve-se deixar o bebê se desenvolver tranqüilamente, a seu próprio modo. Como Ella Sharpe mencionou no capítulo precedente, o desejo de impor um ritmo de crescimento à criança, de fazê-la se ajustar a um plano predeterminado, é prejudicial para a criança e para sua relação com a mãe, O desejo destá de apressar o progresso é freqüentemente devido à ansie. dade, que é uma das principais fontes da perturbação da relação mãe-filho. 
Há Outro assunto no qual a atitude da mãe é da mais alta importância, e êste se relaciona com o desenvolvimento sexual da criança, isto é, suas experiências de sensações sexuais corporais e os desejos e sensações que as acompanham. Ainda não se compreende, geralmente, que o bebê, a partir do nascimento, 
48 
possui fortes sensações sexuais que, no início, se manifestam através do prazer experimentado em suas atividades com a bôca e nas funções excretórias, mas que logo se ligam igualmente aos genitais (masturbações); nem é geral e satisfatoriamente compreendido que essas sensações sexuais são essenciais para o desenvolvimento correto da criança, e que sua personalidade e caráter, bem como uma sexualidade adulta satisfatória, dependem do estabelecimento de sua sexualidade na infância. 
Já salientei que não se deve interferir com a masturbação da criança, nem exercer pressão para que deixe de chupar o dedo, e que se deve ser compreensivo a respeito do prazer que a criança sente com suas funções excretórias e com seus excrementos. Mas apenas isto não é suficiente. A mãe deve ter realmente uma atitude amistosa em relação a essas manifestações de sexualidade da criança. Freqüentemente ela é capaz de mostrar nojo, dureza ou desprêzo, que são humilhantes e prejudiciais para a criança. Visto que tôdas as suas tendências eróticas se dirigem primeira e principalmente para a mãe e para o pai, as reações dêstes influenciarão todo o seu desenvolvimento nestes aspectos. Por outro lado, há também a considerar a questão de indulgência demasiada. Embora não se deva interferir com a sexualidade da criança, a mãe pode ter que limitá-la 
— naturalmente de modo amistoso — se ela tentar tomar liberdade demais com a sua pessoa. A mãe também não deve se deixar envolver com a sexualidade da criança. Uma aceitação realmente cordial da sexualidade no filho constitui o limite do seu papel. Suas próprias necessidades eróticas devem ser bem controladas no que se refere à criança. Ela não deve se tornar apaixonadamente excitada por qualquer de suas atividades ao cuidar do bebê. Uma certa reserva se faz necessária ao se banhar o bebê, secá-lo ou pôr-lhe
talco, particularmente em conexão com as regiões genitais. A falta de autocontrôle da mãe pode ser sentida fàcilmente pela criança como uma sedução, e isto desencadeia complicações indevidas no seu desenvolvimento. Mas a criança não deve, de modo algum, ser privada de amor. A mãe certamente pode e deve beijá-la, acariciá-la e tomá-la no colo, coisas estas de que necessita, è que só podem lhe fazer bem 
Isto me leva a outro ponto importante. É essencial que o bebê não durma no quarto dos pais e não esteja presente durante 
49 
a relação sexual. Freqüentemente pensa-se que isto não lhe seja prejudicial, primeiro porque não se compreende que suas sensações sexuais, sua agressividade e seus mêdos sejam grandemente excitados por essas experiências, e, depojs, porque se ignora o fato de que o bebê absorve inconscientemente aquilo que parece incapaz de apreender intelectualmente. Muitas vêzes, quando os pais pensam que o bebê está dormindo, êle está acordado ou semi-acordado, e, mesmo quando parece dormir, êle é capaz de perceber o que se passa em torno. Embora tudo seja percebido apenas de maneira indistinta, uma lembrança vívida mas destorcida permánece ativa em sua mente inconsciente, e tem efeitos prejudiciais em seu desenvolvimento. O efeito é especialmente mau quando esta experiência coincide com outras que também aumentam a tensão da criança, como, por exemplo, uma enfermidade, uma operação, ou — para voltar ao tópico do meu capítulo — o desmame. 
Gostaria agora de dizer algumas palavras sôbre o próprio processo do desmame. Parece-me de grande importância que êste se faça devagar e cuidadosamente. Se o bebê está para se completamente desmamado, digamos, aos Oito ou nove meses 
— o que parece a idade conveniente— por volta dos cinco ou seis meses deve-se substituir uma mamada por dia por uma mamadeira e a cada mês subseqüente outra mamadeira deve substituir uma mamada. Ao mesmo tempo, deve-se introduzir outro alimento adequado e, quando a criança se habituar a êle, pode-se começar a tirar a mamadeira, que então será substituída em parte por outro alimento e em parte por leite tomado em copo. O desmame será grandemente facilitado se se exercer paciência e cuidado em acostumar a criança ao nôvo alimento. Não se deve obrigar a criança a comer mais do que deseja, ou a comer aquilo de que não gosta — pelo contrário, deve-se dar-lhe em quantidade a comida de que gosta — e as boas maneiras à mesa não devem desempenhar nenhum papel nesse período. 
Até agora nada disse sôbre a educação nos casos em que o bebê não é amamentado. Espero ter tornado clara a grande importância psicológica de a mãe amamentar seu bebê; consideremos agora a eventualidade de ela ser incapaz de fazê-lo. 
A mamadeira é um substituto do seio da mãe porque permite ao bebê fer o prazer de sugar e de estabelecer, assim, em 
50 
certo grau, a relação seio-mãe em conexão com a mamadeira dada pela mãe ou pela ama. 
A experiência mostra que freqüentemente crianças que não foram amamentadas se desenvolvem bastante bem . Assim mesmo, na análise, descobrir-se-á sempre, em tais pessoas, um profundo desejo pelo seio que nunca foi satisfeito; e, embora a relação seio-mãe tenha se estabelecido até certo grau, representa uma grande diferença para o desenvolvimento psíquico o fato de que a primeira e mais fundamental gratificação tenha sido obtida de um substituto, em vez da coisa real que era desejada. Pode-se dizer que embora crianças possam se desenvolver bem sem ter sido amamentadas, o desenvolvimento teria sido diferente e melhor, de uma forma ou de outra, se tivessem sido amamentadas com êxito. Por outro lado, posso inferir de minha experiência que crianças cujo desenvolvimento anca mal, mesmo quando foram amamentadas, estariam mais enfêrmas se não o tivessem sido. 
Para resumir: a amamentação bem sucedida é sempre uma vantagem importante para o desenvolvimento; algumas crianças, porém, embora lhes tenha faltado esta influência fundamentalmente favorável, se desenvolvem muito bem sem ela. 
Neste capítulo examinei os métodos que poderiam ajudar a tornar bem sucedidos o período de sucção e o desmame; estou agora na posição bastante difícil de ter de lhes dizer que aquilo que pode parecer êxito, não constitui necessàriamente um êxito completo. Embora algumas crianças pareçam ter passado pelc desmame bastante bem, e mesmo progridam satisfatàriamente por algum tempo, no fundo foram incapazes de lidar com as dificuldades que surgem nesta ocasião; apenás uma adaptação aparente teve lugar. Esta adaptação aparente resulta da necessidade da criança de agradar as pessoas em sua volta, das quais ela é tão dependente, e do seu desejo de estar em bons têrmos com elas. Este impulso na criança se manifesta, até certo ponto, mesmo tão cedo quanto no período do desmame; acredito que os bebês têm muito maior capacidade intelectual do que se pen- 
51
sa. Há outra razão importante para esta adaptação que é sobretudo aparente: ela serve como fuga aos conflitos internos profundos que a criança é incapaz de manejar. Em outros casos, há sinais mais óbvios do malôgro de urna verdadeira adaptação; por exemplo, em muitos defeitos de caráter, tais como ciúme, voracidade e suscetibilidade. A êste respeito, gostaria de mencionar o trabalho do Dr - Karl Abraham sôbre a relação entre as dificuldades iniciais e a formação do caráter. 
Todos nós conhecemos pessoas que estão sempre cheias de queixas. Elas deploram inclusive, por exemplo, o mau tempo, como algo que lhes é especialmente infligido por um destino hostil. Há outras pessoas, ainda, que recusam qualquer gratificação se esta não vier imediatamente quando desejada; nas palavras da canção popular de há poucos anos, “Eu quero o que quero quando quero, ou então não quero” 
Procurei mostrar-lhes que a frustração é tão difícil de suportar, pelo bebê, devido aos profundos conflitos internos que estão ligados a ela. Um desmame realmente bem sucedido implica que o bebê não apenas se habituou a um nôvo alimento, mas que na realidade fêz os primeiros e fundamentais passos para lidar com seus conflitos e mêdos internos, e que assim está encontrando o ajustamento à frustração no seu verdadeiro sentido. 
Se êste ajustamento tiver sido feito, então o desmame no sentido obsoleto da palavra pode ser empregado aqui. Em inglês antigo a palavra desmame era usada não somente no sentido de “desmame de” mas também de “desmame para”. Aplicando êstes dois sentidos da palavra, podemos dizer que quando uma verdadeira adaptação à frustração teve lugar, o indivíduo é desmamado não apenas dos selos da mãe, mas também para os substitutos — para tôdas aquelas fontes de uma vida plena, rica e feliz. 
52

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais