Buscar

AULA DE PSICOPATO - REPOSICAO DO SABADO (p/ primeira prova)

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Meninas!
Esse Foucault... "A psicologia nunca poderá dizer a verdade sobre a loucura, pois é a loucura que detém a verdade da psicologia."
“Desfazer o normal, há de ser uma norma (Manoel de Barros)”
Abaixo às psicologias torturantes!!!
Uhuuuuuuu!!!
Psicopato na veia!!!
Exercício Neurose x Psicose
A profa. disse que não constarão da prova questões assim, era só para aprendermos a diferenciar uma estrutura da outra.
Bom, neurose e psicose são formas diferentes de se perder a realidade. Pelos sintomas em si, considerados em si mesmos, não conseguimos saber qual estrutura se apresenta. O que diz da estrutura não são os sintomas em si, eles não são idênticos às estruturas. O que diz da estrutura é o modo como o sujeito lida com a linguagem e com o corpo diante do sofrimento intenso, e isso só é possível perceber na relação terapêutica.
Na estrutura psicótica, o sintoma pode funcionar como defesa para evitar uma crise, então, abre-se uma fenda no Eu, no instante em que se rejeita a realidade, perdendo suas funções (funções do eu), é o desfacelamento egóico. No primeiro momento, perde-se parte da realidade pela expulsão de um conteúdo interno violento, retornando de fora agora, pois “isso não me diz respeito”, e no segundo momento tenta-se a reconstrução da mesma.
Na estrutura neurótica, o conteúdo que é insuportável de ser acolhido vai ser recalcado e se torna uma fantasia inconsciente, no segundo momento. O sintoma simboliza a fantasia inconsciente.
1 – Psicose – há alteração da linguagem através da produção de sentidos pelo simbólico “Já lhe disse que há mais de vinte anos não tenho problemas de ir bem” (referindo-se as pernas)
2 – Psicose – perda da realidade e a expulsão de um conteúdo intenso... esse exemplo seria igual ao da Estamira e aquele “as telecomunicações do Brasil passam pelo rádio do meu braço”
3 – Psicose – é como se o Sr. Bennett fosse substituído, ela não reconhece como o mesmo senhor, a mesma pessoa em cada situação. Quando ocorre a radicalização do Eu, perde-se a percepção de passado e presente, eles se misturam
4 – Neurose – alucinação também cabível na estrutura neurótica, gente! O sintoma simboliza a fantasia inconsciente
5 – Psicose – “a ideia de ser capturada e raptada por traficantes de rapariga” representa a rejeição da realidade dela própria, que era sim muito sofrida de viver com ela e constrói outra, a de ser raptada por vários homens
6 – Psicose – desfacelamento egóico, abre aquela fenda no Eu e ele perde as suas funções (funções do Eu)
7 – Psicose – igual ao anterior, aqui é alguém fora da crise falando sobre a crise
8 – Psicose – a profa. disse que era um caso de psicose, mas pq ela sabia a fonte de onde retirou. Mas, como está escrito, dá pra pensar nas duas estruturas
9 – Neurose – mas poderia, em uma estrutura psicótica, este sintoma estar funcionando como defesa para evitar uma crise, o sujeito se protege com o sintoma para não entrar em crise
10 – O sintoma aqui é “me sinto culpada” e se olharmos só para o sintoma, pensamos em neurose... e tem também o “tinha prazer quando meu pai batia em minha mãe”: aqui é o conteúdo insuportável que ela vai recalcar pq não dá conta de viver com ele, ela ama a mãe e sente prazer quando vê o pai bater nela? O mais claro para mostrar a fantasia inconsciente é o lado insuportável, a impossibilidade de acolher esse conteúdo e viver com ele. Mas, esse caso era de neurose mesmo!!! Hahaha ;)
Agora, as questões do estudo dirigido que a profa. comentou uma por uma:
1 – Discuta a releitura de pathos: o grande objetivo é resgatar o sujeito quando o pathos começou em sua vida entre os limites do corpo e os limites da cultura. É repensar pathos tanto na existência daquele sujeito quanto na estrutura de funcionamento do sujeito. Lembrando que só a partir do século XIX é que pathos foi reduzido à condição de doença mental, pois antes disso, tivemos muitas outras conotações de pathos como passividade, passional, etc. Repensar pathos é considerar legítima a forma de subjetivação daquele sujeito na sua existência, não é rotulá-lo de “anormal”, pois normalidade nem existe.
2 – De maneira geral, os sintomas indicam que algo não vai bem em nosso organismo, né? Mas essa discussão de Dalgalarrondo é tímida pq tem cunho eminentemente médico e tal... O sintoma também é uma construção cultural e por isso mesmo carrega uma significação própria. Portanto, o sintoma resgata o sujeito e a cultura na qual ele vive. O mesmo sintoma em culturas diferentes demanda cuidados distintos para os sujeitos implicados! Ver o sintoma como símbolo é muito importante na medida em que se evita de impor um “saber” científico ao outro e violentá-lo na sua forma de ser! Tem o saber científico, da medicina, sim mas tem também o saber da cultura daquele sujeito, tem o saber dele mesmo, e todos devem ser considerados no cuidado com o sujeito.
3 – A primeira e maior contribuição é a negação de todos os determinismos, né? A segunda é que a visão existencialista nos diz que nós nos constituímos como seres humanos no mundo. O próprio manicômio traz a impossibilidade de se viver ali, de existir, ou seja, o próprio manicômio é patológico, uma vez que ele apaga o sujeito e não resgata o mesmo. A lógica de funcionamento do hospital psiquiátrico é a da impossibilidade da vida porquanto silencia o sujeito.
4 – O ato é considerado libertário e de humanidade pq Pinel ao libertar os loucos fez duas grandes coisas: uma foi a ação de ver os loucos não como criminosos (pagam pena) mas como gente que precisa de ajuda, precisa ser cuidada e a outra foi a consequente criação de hospitais para tanto, as instituições psiquiátricas (as quais mais tarde se tornariam as mais violentas que se tem notícia na história, porém Pinel jamais imaginou isso quando propôs). E inaugura uma psiquiatria que se destina a curar a loucura e não punir... porém, lembrar da observação de Foucault quanto a isso: “Aos loucos só faltava o nome de ‘doentes’. Em nome desta proposta de curar que as instituições psiquiátricas acabaram por praticar as maiores violências contra esses sujeitos, como no filme Estranho no ninho.
5 – A doença mental é um mito pq é um conceito historicamente datado, o que implica, inclusive, em um julgamento nosso. Antes do chamarmos o que se convencionou de doença mental, esses sintomas existiam com outro nome, de bruxaria, por exemplo, ou de experiências religiosas de naturezas diversas. O julgamento a que me refiro é o de que duas pessoas podem dar diagnósticos diferentes frente o mesmo fenômeno ou experiência psicopatológica. Um médico dirá que é um transtorno X e um dirigente religiosos dirá que é uma possessão ou encosto, por exemplo. Em primeiro lugar, trata-se disso, a doença mental ou loucura é datada. Em segundo lugar, seria atentar-se para o fato de que isso tem consequência histórica, como nos assinala Lobosque no seu texto “As instituições da violência” – já que o louco é desprovido de razão, faço com ele o que eu quiser (eu normal). E o conceito de doença mental encobre todo o sofrimento em uma sociedade. Hoje em dia, que dizer? Ninguém pode sofrer por muito tempo, estamos em uma sociedade da medicalização, compramos droga do bem estar e tal. 
6 – A professora já comentou essa afirmação de Foucault quando comentamos sobre a questão 4 (vide questão 4)
7 – Desinstitucionalização significa desfazer ou desconstruir toda essa relação hierárquica de poder (do saber médico/científico) sobre o outro que existe dentro das instituições psiquiátricas, além do fato de abandonar/limar essa ideia de alguém viver e morrer dentro de um hospital (psiquiátrico). Mas, para além disso, é repensar e efetivar novas formas de se relacionar e cuidar dessa pessoa em sofrimento intenso. E, portanto, repensar novas formas (dignas) de terapêutica em saúde mental. 
8 – Seria o primeiro gesto de dizer “– Eu existo! Me ouça! Ou seja, é costumeiramente um gesto de agressividade, de descarga emocional intensa. “Ao invés de me dar ordens o tempo todo, me ouça!”.
É um processo de empoderamento do outro quando isso passa a acontecer. Como no filme Estranho no ninho, que terapia era aquela onde a enfermeira conduzia até o que o outro ia dizer? O ato terapêutico é qq terapêutica que reconheça que o outro tem valor e é legítimo, mesmo que a lógica de funcionamento dele seja diferente da minha e, a partir daí e dessa concepção, estabelecer uma relação. 
Poderíamos dizer também que o ato terapêutico é a tomada de consciência e que o fato de conter agressividade ou ser um ato violento, na maioria das vezes essa agressividade é a resposta, é a versão, é a maneira de que o sujeito dispõe naquele momento para fazer aquilo. Foi assim que ele “deu conta” de reagir, vamos dizer assim, não esquecendo os limites da convivência, lógico. (novamente aqui, Foucault: “tratados como criança, mas punidos como criminosos” – instituições semi-jurídicas). Em qq lugar se contém uma briga ou pessoas com risco de se machucar ou machucar outras, como em qq ambiente, ou seja, dentro dos limites de convivência. No filme Estranho no ninho, a presença do Jack Nicholson foi terapêutica.
9 – Significa um dia de conquista pelas políticas públicas de saúde mental, ou seja, de festa, mas também de luta: a luta antimanicomial. Por uma sociedade sem manicômios ou hospitais psiquiátricos. O 18 de maio nasce durante a primeira Conferência Pró Saúde Mental, em 1987. Tardiamente com relação o resto do mundo, né? Mas, antes tarde do que nunca! Vamos (sempre) à luta!!!
10 – É a cidadania e o resgate dos direitos humanos, é dar uma outra resposta social para o fenômeno psicopatológico, isto é, não excluir e silenciar, mas sim buscar a reinserção na cultura (na sociedade) dessas pessoas.
11 – Já foi respondido no início do exercício anterior de Neurose x Psicose. Vide lá em cima. 
Neurose e psicose são formas (legítimas) diferentes de se subjetivar o sujeito e de perder a realidade. Pelos sintomas em si, considerados em si mesmos, não conseguimos saber qual estrutura se apresenta. O que diz da estrutura não são os sintomas em si, eles não são idênticos às estruturas. O que diz da estrutura é o modo como o sujeito lida com a linguagem e com o corpo diante do sofrimento intenso, e isso só é possível perceber na relação terapêutica.
Na estrutura psicótica, o sintoma pode funcionar como mecanismo de defesa para evitar uma crise, então, abre-se uma fenda no Eu, no instante em que rejeita a realidade, perdendo suas funções (funções do eu), é o desfacelamento egóico. No primeiro momento, perde-se parte da realidade pela expulsão de um conteúdo interno violento, retornando de fora agora, pois “isso não me diz respeito”, e no segundo volta-se a reconstrução da mesma.
Na estrutura neurótica, o conteúdo que é insuportável de ser acolhido vai ser recalcado e o recalque é o mecanismo de defesa aqui nessa estrutura, o qual se torna uma fantasia inconsciente. O sintoma simboliza a fantasia inconsciente. Usualmente, o sintoma aparece nas relações interpessoais do sujeito, ou se sente culpado ou não consegue sair de casa, por exemplo.
12 – Quando um sujeito psicótico diz: “- Estou achando que essas vozes são criação da minha cabeça, mas que eu escuto, eu escuto!”, ele escuta mesmo! A estrutura psicótica não é uma doença, um desvio, uma desmesura impraticável para se conviver socialmente, é uma forma legítima desse sujeito se organizar e ser no mundo. É um modo próprio (particular) no qual se emergiu sua subjetividade, então, é legítimo! Não se deve pedir ou achar que alguém deve ser como é esperado que ele seja ou aja! Aliás, isso é o que faz adoecer: não deixar que você seja quem você é! Ele não nasceu para ser excluído, mas sim para ser entendido e não ser entendido como um ‘desvio’ ou ‘desvario’ da natureza. Ele é um sujeito como todo sujeito deve ser... ter respeitada sua trajetória, o seu destino pathico. É um jeito diferente de existir se comparado ao seu jeito de existir, por exemplo. Mas, ele existe e é tão sujeito quanto você!

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais