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APOSTILA 11 TROCA CONTRATOS

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA – UNIPÊ – DISCIPLINA -DIREITO CIVIL III –
Coordenador: OSWALDO TRIGUEIRO DO VALLE
 Prof. Alexandre Jorge do Amaral Nóbrega
APOSTILA 11
DA TROCA OU PERMUTA
				
Conceito: 
	A troca ou permuta, segundo Clóvis Beviláqua, é o contrato pelo qual as partes se obrigam a dar uma coisa por outra que não seja dinheiro. Apresenta os seguintes carecteres jurídicos: é contrato bilateral, oneroso, comutativo, translativo de propriedade no sentido de servir como titulus adquirendi ( direito obrigacional), gerando, para cada contraente, a obrigação de transferir para o outro o domínio da coisa objeto de sua prestação, e, em regra, consensual, embora excepcionalmente possa ser solene; p. ex: se uma ou as duas coisas permutadas forem imóveis, celebrar-se-á a troca por escritura pública.
Objeto: 
O objeto da permuta há de ser dois bens; se porventura um dos contraentes, em vez da coisa, prestar um serviço, não se terá troca. A coisa a permutar não precisará ser perfeitamente individuada, bastando que seja passível de determinação.
São suscetíveis de troca todas as coisas que puderem ser vendidas, não sendo necessário que os bens sejam da mesma espécie ou tenha igual valor. Assim, poderão ser permutados: móveis por móveis; móveis por imóveis; imóveis por imóveis; coisa corpórea por coisa corpórea, coisa por direito; direito por direito, etc.
Obs: Na obra do professor Orlando Gomes, o nominado mestre, ao meu sentir, faz uma ligeira confusão ao tratar o assunto voltado à permuta de direitos, enfatizando, em primeira linha que: “Se conteúdo do contrato é a permuta de dois direitos que não sejam de propriedade, há troca, mas será atípico ou inominado o contrato em virtude do qual se troque o gozo de uma coisa pelo de outra” (excerto extraído da página 269, da obra “Contratos”, 18ª Edição). Ocorre que o nominado jurista, linhas depois, vem a dissentir do posicionamento acima abordado, no momento em que perfilha, na mesma obra, o seguinte raciocínio: “Todas as coisas que podem ser vendidas podem ser trocadas. Também os direitos, como, por exemplo, um usufruto por outro”. Ora, sendo o usufruto um direito que recai sobre a propriedade, fácil é concluir que essa segunda afirmação vem a contradizer o primeiro pensamento do autor, no que entendia ser um contrato inominado ou atípico. 
Também haverá contrato de troca ou permuta, quando as prestações de um dos contraentes recair parte em dinheiro, parte em outra coisa, sendo o valor do bem superior ao valor da quantia ofertada como prestação.
Disposições comuns à troca e à compra e venda
Em virtude dos dois institutos, ora enforcados – troca e compra e venda –, possuírem expressiva afinidade, as legislações prescrevem que se apliquem as mesmas regras. Assim, os permutantes têm as mesmas obrigações de vendedor quanto à garantia de evicção, e cada qual responde pelo defeito oculto da coisa, podendo, pois, sofrer os efeitos da sentença proferida na ação estimatória ou na ação quanti minoris. 
Quantos aos riscos, a aplicação do preceito referente à compra e venda restringe-se, intuitivamente, à parte relativa ao vendedor. Como é sabido, até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor. Essa regra aplica-se aos permutantes, visto que cada qual se obriga a entregar determinada coisa.
Em sendo a coisa gênero ilimitado, sua determinação torna-se necessária à execução do contrato.
Disposições próprias da troca
Sem embargo das semelhanças existentes entre a troca e a compra e venda, há, contudo, preceitos específicos que se aplicam, tão somente, à troca.
Assim, as despesas de escritura na compra e venda ficam a cargo do comprador, e a cargo do vendedor, as da tradição, enquanto, na troca, cada um dos contratantes deve pagar por metade essas despesas. Uma e outra são, porém, disposições que só se aplicam se não houver cláusula em contrário. Daí a natureza supletiva ( agendi) de tais preceitos. Desta feita, nada impede que as partes, de comum acordo, estipulem que na compra e venda as despesas sejam dividas e que, na troca, um dos permutantes se obrigue a satisfazê-la integralmente.
Outra disposição própria à troca diz respeito à realização do contrato entre ascendentes e descendentes. O ascendente não pode vender a descendente sem que os outros descendentes expressamente consintam, mas podem permutar bens independentemente desse consentimento. Exige-se apenas que a troca seja de bens do mesmo valor. Se de valores desiguais, dependerá do consentimento expresso dos outros descendentes, sob pena de nulidade. Do contrário se estaria a permitir o que se procura impedir com a proibição de venda.
O Novo Código Civil ao tratar da troca manteve a mesma orientação perfilhada na legislação de 1916, acrescentando a necessidade do consentimento do cônjuge na hipótese timbrada no inciso II, do art.533�. Ainda a título de inovação, passou a nova legislação a considerar, de acordo com o art.496, da Lei Substantiva, anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes, sem o consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do alienante.
Obs: O autor Carlos Roberto Gonçalves, ao comentar o inciso II, do art.533, registra, verbis, que:”Se os valores são desiguais, e o objeto que pertence ao ascendente é mais valioso, os demais descendentes devem ser ouvidos e consentir expressamente, pelas mesmas razões que justificam a necessidade de tal consentimento na venda de ascendente para descendente (art.496). Se os valores são iguais, não há necessidade da referida anuência, pela impossibilidade de haver prejuízo para os demais descendentes. E, embora o Código não mencione, também será dispensável tal anuência se o bem recebido pelo ascendente, na troca, tiver valor superior ao por ele entregue, pois haverá, na hipótese, aumento de seu patrimônio, não tendo os demais descendentes legítimo interesse para discordar do negócio”(Carlos Roberto Gonçalves –Direito Civil Brasileiro – Vol III. Saraiva 2004 – pág.249).
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�	 Art. 533. Aplicam-se à troca as disposições referentes à compra e venda, com as seguintes modificações: 
	I - salvo disposição em contrário, cada um dos contratantes pagará por metade as despesas com o instrumento da troca; 
	II - é anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes, sem consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do alienante.

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