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6. PRINCÍPIOS PECULIARES DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Não há a desejável uniformidade entre os teóricos a respeito da existência de princípios peculiares (ou 
próprios) do direito processual do trabalho. Alguns entendem que os princípios do direito processual do 
trabalho são os mesmos do direito processual civil, apenas ressaltando ênfase maior quando da aplicação de 
alguns princípios procedimentais no processo laborai. Outros sustentam que existem apenas dois ou três 
princípios próprios do direito processual do trabalho.
É de suma importância reconhecer e comprovar a existência, ou não, de princípios próprios do direito 
processual do trabalho, pois isso constitui um dos critérios para justificar a própria autonomia desse 
segmento da ciência processual.
Cerramos fileira com a corrente doutrinária que sustenta a existência de princípios próprios do direito 
processual do trabalho que o diferencia do direito processual comum. Reconhecemos, porém, que a EC n. 
45/2004, ao transferir para a competência da Justiça do Trabalho outras demandas diversas das oriundas da 
relação de emprego, e até mesmo relações entre empregadores e o Estado, bem como entre sindicatos, acabou 
colocando em xeque a afirmação da existência dos princípios específicos do processo do trabalho.
É preciso, contudo, atentar para a especialidade do direito processual do trabalho, o qual se notabilizou 
pela efetivação dos direitos sociais constitucionalmente assegurados aos trabalhadores subordinados. No 
momento em que a especialidade do direito processual do trabalho é desfocada, corre-se o risco de 
desmoronamento dos seus princípios, o que recomenda ao intérprete e ao aplicador do novo texto 
constitucional redobrada cautela, pois a “desestruturação dos princípios significa uma tentativa ignóbil de 
desmantelo do aparato jurisdicional trabalhista, uma vez que sua atenuação reflete o esfacelamento da Justiça 
do Trabalho”55.
Reconhecemos, outrossim, que alguns princípios fundamentais do Novo Código de Processo Civil deverão 
ser aplicados ao processo do trabalho por meio da heterointegração desses dois subsistemas processuais.
Assim, parece-nos inegável que os princípios explícitos do art. 8- do CPC devem ser aplicados ao processo 
do trabalho, seja pelas suas lacunas normativa, axiológica ou ontológica, seja por guardarem rigorosa 
compatibilidade com a sua principiologia peculiar.
Noutro dizer, também passam a ser princípios fundamentais do processo do trabalho: a dignidade da 
pessoa humana, a razoabilidade, a proporcionalidade, a legalidade, a impessoalidade, a publicidade e a 
eficiência.
Plasma-se do citado art. 8- do CPC que o legislador invocou princípios fundamentais da própria 
Constituição (dignidade da pessoa humana e razoabilidade) e princípios específicos da Administração Pública 
(legalidade, publicidade e eficiência), de modo a considerar que a prestação jurisdicional também passa a ser 
considerada um serviço público essencial e indispensável à população e à realização dos direitos e deveres 
fundamentais.
Vale dizer, a prestação jurisdicional, por força do art. 8- do CPC, passará definitivamente a observar os 
princípios regentes da Administração Pública, o que, certamente, influenciará o próprio conceito de 
jurisdição, uma vez que esta, além de ser função-dever-poder-atividade estatal de pacificar os conflitos sociais, 
passará a ser também um serviço público a ser prestado com arrimo nos princípios dispostos no art. 37, caput, 
da CF.
De tal arte, o magistrado, além das suas funções institucionais tradicionais voltadas à prestação 
jurisdicional, também deverá atuar como um verdadeiro administrador público da Justiça, um autêntico
gestor público dos processos sob sua responsabilidade.
Para tanto, haverá necessidade de formação continuada dos juizes, de modo a propiciar-lhes capacitação 
em gestão:
a) de pessoas, a fim de que o “serviço público da justiça” seja prestado para promover a dignidade humana 
tanto dos jurisdicionados (partes, terceiros, advogados etc.) como também dos próprios servidores públicos do 
Judiciário e demais auxiliares judiciários; e
b) de processos, pois estes deverão ser ordenados, disciplinados e interpretados sob o enfoque dos 
princípios norteadores dos atos praticados pela Administração Pública, quais sejam os princípios da 
legalidade, moralidade, impessoalidade, publicidade e eficiência.
Passaremos, em seguida, a enumerar os princípios tradicionalmente peculiares do direito processual do 
trabalho.
6.1. Princípio da proteção processual
Nas pegadas de Américo Piá Rodríguez56, podemos dizer que o princípio da proteção ou tutelar é peculiar 
tanto ao direito do trabalho quanto ao direito processual do trabalho. Por meio dele, busca-se compensar a 
desigualdade existente na realidade socioeconômica (entre empregado, geralmente o reclamante, e 
empregador, via de regra o reclamado) com uma desigualdade jurídica em sentido oposto.
Daí a razão pela qual Manoel Antonio Teixeira Filho57 advoga a existência, no processo do trabalho, do 
princípio da correção da desigualdade, tendo em vista a inferioridade de natureza econômica e técnica do 
trabalhador em relação ao empregador.
No Estado Democrático de Direito, que tem como um dos seus objetivos a redução das desigualdades 
sociais e regionais (CF, art. 3-, III), parece-nos que tal redução é efetivada por meio da proteção jurídica da 
parte fraca tanto na relação de direito material quanto na relação de direito processual.
O princípio da proteção processual, portanto, deriva da própria razão de ser do processo do trabalho, o 
qual foi concebido para efetivar os direitos materiais reconhecidos pelo Direito do Trabalho, sendo este ramo 
da árvore jurídica criado exatamente para compensar ou reduzir a desigualdade real existente entre 
empregado e empregador, naturais litigantes do processo laborai.
Sublinha a propósito o mexicano Enrique Alvarez del Castillo: “Restabelecer e manter a verdadeira 
igualdade processual é um propósito fundamental do direito processual do trabalho”58 no que é seguido por 
Mario Pasco, cuja reflexão merece ser transcrita literalmente:
Lo dicho respecto del derecho sustantivo es plenamente válido para el procesal. Las desigualdades, el 
desequilíbrio, la posición preeminente dei empleador frente al trabajador propios de la relación dei 
trabajo, se trasladan a la relación jurídico procesal, donde adquiren nuevas manifestaciones. Dentro de las 
diferencias que se marcan entre la controvérsia común y la laborai, acaso la más evidente es la múltiple 
desigualdad jurídica, econômica y probatória que separa a los contendientes en un litigio de trabajo y que 
hacen de un - el empleador - la parte fuerte y dei otro - el trabajador - la parte débil59.
Entre os autores pátrios que reconhecem ser o princípio da proteção peculiar ao processo do trabalho 
destaca-se Wagner D. Giglio, para quem,
embora muitas outras fossem necessárias, algumas normas processuais de proteção ao trabalhador já 
existem, a comprovar o princípio protecionista. Assim, a gratuidade do processo, com isenção de 
pagamento de custas e despesas, aproveita aos trabalhadores, mas não aos patrões; a assistência judiciária 
gratuita é fornecida ao empregado, mas não ao empregador; a inversão do ônus da prova por meio de 
presunções favorece o trabalhador, nunca ou raramente o empregador; o impulso processual ex officio 
beneficia o empregado, já que o empregador, salvo raras exceções, é o réu, demandado, e não aufere 
proveito da decisão: na melhor das hipóteses, deixa de perder60.
Acrescentamos, ainda, que a ausência dos litigantes à audiência trabalhista implica o arquivamento dos 
autos para o autor (geralmente, o empregado) e revelia e confissão ficta para o réu (em regra, o empregador). 
Esse tratamento legal diferenciado constitui a exteriorização do princípio de proteção ao trabalhador (natural 
litigante no polo ativo da demanda) no âmbito doprocesso laborai. É o que deflui do art. 844 da CLT, segundo 
o qual o “não comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento da reclamação, e o não 
comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão, quanto à matéria de fato”.
Na mesma esteira, Coqueijo Costa convida-nos à seguinte reflexão:
O processo não é um fim em si mesmo, mas instrumento de composição de lides, que garante efetividade 
do direito material. E como este pode ter natureza diversa, o direito processual, por seu caráter 
instrumental, deve saber adaptar-se a essa natureza diversa61.
A desigualdade econômica, o desequilíbrio para a produção de provas, a ausência de um sistema de 
proteção contra a despedida imotivada, o desemprego estrutural e o desnível social e cultural entre 
empregado e empregador, certamente, são realidades trasladadas para o processo do trabalho, sendo, 
portanto, imprescindível a existência de um princípio de proteção ao trabalhador, que é destinatário de 
direitos humanos sociais e fundamentais. Na verdade, o princípio da proteção visa salvaguardar direitos 
sociais, cujos titulares são juridicamente fracos e, por isso, dependem da intervenção do Estado-Juiz para o 
restabelecimento dos postulados da liberdade e da igualdade material entre as partes da relação jurídica 
processual.
Com efeito, a própria ideia de justiça deixa patente que “justo é tratar desigualmente os desiguais, na 
mesma proporção em que se desigualam, e o favorecimento é qualidade da lei, e não defeito do juiz, que deve 
aplicá-la com objetividade, sem permitir que suas tendências pessoais influenciem seu comportamento”62.
A jurisprudência vem admitindo a aplicação do princípio da proteção no processo do trabalho, como se vê 
dos seguintes arestos:
RECURSO DE REVISTA - PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI N- 13.015/2014 - COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO 
LUGAR - AJUIZAMENTO DA AÇÃO NO DOMICÍLIO DO RECLAMANTE. A jurisprudência do Tribunal 
Superior do Trabalho tem posicionamento no sentido de ser competente para o julgamento da demanda o 
foro do domicílio do empregado, em observância aos princípios da proteção ao trabalhador e do acesso à 
Justiça. Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido (TST-RR 114368820165030097, Rei. Min. Luiz 
Philippe Vieira de Mello Filho, 7â T., DEJT 24-8-2018).
RECURSO DE REVISTA. PRESCRIÇÃO. PRONUNCIAMENTO DE OFÍCIO. PROCESSO DO TRABALHO. 
INCOMPATIBILIDADE 1. No processo do trabalho, ordinariamente, o empregado figura no polo ativo da 
demanda e busca o reconhecimento de direitos trabalhistas irrenunciáveis e de cunho eminentemente 
alimentar. 2. A norma do art. 487, II, do CPC de 2015 (219, § 5-, do CPC de 1973), que autoriza o 
pronunciamento de ofício da prescrição, é incompatível com o Direito do Trabalho, que vive à sombra do 
princípio da proteção. Ademais, se aplicada, prejudicaria somente o empregado, economicamente 
hipossuficiente, o que é inaceitável. 3. Recurso de revista do Reclamante de que se conhece e a que se dá 
provimento (TST-RR 2011000520095020262, Rei. Des. Conv. Altino Pedrozo dos Santos, DEJT 9-3-2018).
Todas essas considerações são aplicáveis na hipótese em que o processo do trabalho se apresenta como 
instrumento de realização dos direitos sociais dos trabalhadores previstos no ordenamento jurídico, tanto no 
plano constitucional quanto no plano infraconstitucional.
Reconhecemos, não obstante, que a ampliação da competência da Justiça do Trabalho para processar e 
julgar outras relações de trabalho (EC n. 45/2004), bem como para as ações relativas à cobrança de multas 
administrativas e contribuições previdenciárias, passa a exercer grande influência para o enfraquecimento do 
princípio da proteção processual. Afinal, nas ações de cobrança de multas impostas pelos órgãos da 
fiscalização do trabalho em que figuram empregador, como réu, e União, como autora, ou nas ações de 
disputa de representatividade de categoria entre dois sindicatos, indaga-se: quem é o hipossuficiente? Há 
realmente uma parte destinatária do princípio da proteção? Surgem, nesses casos, “duelos” entre duas 
pessoas jurídicas, que não permitem ao juiz adotar o princípio da proteção, já que são partes 
presumivelmente iguais.
Além disso, a Lei n. 13.467/2017, que alterou diversos dispositivos da CLT, tanto no aspecto material quanto 
no processual, desferiu um duro golpe no princípio de proteção processual ao trabalhador, como, por 
exemplo, a obrigatoriedade do depósito recursal (CLT, art. 899, § 4°), que era exigido apenas do empregador, e 
nunca do empregado, passou a ser exigível de qualquer parte, haja vista que deverá ser feito em conta 
vinculada ao juízo, e não mais em conta vinculada do FGTS. De nossa parte, o princípio da proteção 
processual ao trabalhador impede que o depósito recursal seja a ele imputado, uma vez que a finalidade de tal 
depósito reside na garantia de futura execução de crédito de natureza alimentícia.
Igualmente, no tocante às despesas processuais, pois, com o advento da Lei n. 13.467/2017, o trabalhador 
poderá ser condenado no pagamento de honorários advocatícios e honorários periciais, mesmo sendo 
beneficiário da justiça gratuita (CLT, arts. 790-B, caput e § 4-, e 791, caput, §§ 3- e 4°), sendo tais dispositivos 
questionados sobre sua constitucionalidade (STF, ADI n. 5.766, Rei. Min. Roberto Barroso).
6.2. Princípio da finaiidade social do processo
Segundo Humberto Theodoro Júnior, “o primeiro e mais importante princípio que informa o processo 
trabalhista, distinguindo-o do processo civil comum, é o da finalidade social, de cuja observância decorre uma 
quebra do princípio da isonomia entre as partes, pelo menos em relação à sistemática tradicional do direito 
formal”63.
Theodoro Júnior inspira-se no juslaboralista mexicano Néstor de Buen, para quem há perfeita comunhão 
entre o direito material e o direito processual do trabalho:
Em primeiro lugar, é óbvio que tanto o direito substantivo como o processual intentam a realização da 
justiça social. Para esse efeito, ambos estimam que existe uma evidente desigualdade entre as partes, 
substancialmente derivada da diferença econômica e, como consequência, cultural, em que se encontram.
Em virtude disso a procura da igualdade como meta. O direito substantivo, estabelecendo de maneira 
impositiva, inclusive acima da vontade do trabalhador, determinados direitos mínimos e certas obrigações 
máximas. O direito processual, reconhecendo que o trabalhador deve ser auxiliado durante o processo 
pela própria autoridade julgadora, de maneira que, no momento de chegar o procedimento ao estado de 
solução, a aportação processual das partes permita uma solução justa64.
A diferença básica entre o princípio da proteção processual e o princípio da finalidade social do processo é 
que, no primeiro, a própria lei confere a desigualdade no plano processual; no segundo, permite-se que o juiz 
tenha uma atuação mais ativa, na medida em que auxilia o trabalhador, em busca de uma solução justa, até 
chegar o momento de proferir a sentença.
Parece-nos, contudo, que os dois princípios - proteção e finalidade social - se harmonizam e, pelo menos 
em nosso ordenamento jurídico, permitem que o juiz, na aplicação da lei, possa corrigir uma injustiça da 
própria lei. É o que prescreve o art. 5- do Decreto-Lei n. 4.657/42 (LINDB), segundo o qual, “na aplicação da lei, 
o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”.
Quanto a essa possibilidade conferida ao magistrado no exercício da prestação jurisdicional, convém 
colacionar a lúcida observação de José Eduardo Faria, relativa
ao problema do alcance e do sentido das expressões ‘fins sociais’ e ‘bem comum’, dois princípios gerais do 
direito sempre presentes nas exposições de motivos dos legisladores (...). Num contexto socioeconômico 
como o do Brasil em que os 20% mais pobres do país detêm apenas 2% da riqueza nacional, enquanto os 
20% mais ricos ficam com 66%,‘sociais’ e ‘comum’ na perspectiva de quem? Longe de possuírem um 
significado evidente, tais conceitos expressam várias representações conflitantes entre si; em vez de 
propiciarem uma visão precisa do sistema jurídico, eles funcionam como barreiras ideológicas 
mascarando contradições sociais profundas e antagonismos inconciliáveis. Assim, em que medida todos os 
grupos e classes podem ter realmente os mesmos interesses ‘comuns’ e anseios pelos mesmos ‘fins’? Até 
que ponto todos os homens situados numa formação social como a brasileira, em que a miséria e a 
pobreza atingem 64% da população, podem ser tomados como cidadãos efetivamente iguais entre si em 
seus direitos, seus deveres e em suas capacidades tanto subjetivas quanto objetivas de fazê-los prevalecer? 
65
Para enfrentar tais indagações, o referido jurista e sociólogo propõe que o direito seja uma atividade 
crítica e especulativa, calcada na experiência vivida e, como tal, incorporada à própria percepção da 
realidade por parte dos atores jurídicos. Daí por que, diz ele, “a proposta de uma ciência do direito reflexiva, 
consciente das contradições do direito positivo, nega-se a reduzir a análise das leis e dos códigos apenas nos 
seus aspectos lógico-formais”66. Dessa nova função prospectiva do direito, que irradia seus efeitos no direito 
processual, segundo o mesmo autor,
pode emergir um direito original e legítimo, voltado mais à questão da justiça do que aos problemas de 
legalidade, cabe a uma magistratura com um conhecimento multidisciplinar e poderes decisórios 
ampliados a responsabilidade de reformular a partir das próprias contradições sociais os conceitos 
fechados e tipificantes dos sistemas legais vigentes. Sob pena de a magistratura ver progressivamente 
esgotada tanto a operacionalidade quanto o acatamento de suas decisões face à expansão de conflitos 
coletivos67.
Colhemos um julgado que adotou expressamente o princípio da finalidade social do processo:
SINDICATO COMO SUBSTITUTO PROCESSUAL. AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO PESSOAL PARA ADOÇÃO DE 
MEDIDAS NECESSÁRIAS AO ANDAMENTO DO FEITO. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. INOCORRÊNCIA. Não 
se pronuncia a prescrição intercorrente em ação ajuizada por sindicato, como substituto processual, se 
não houve notificação pessoal do ente coletivo ou dos substituídos para adoção de medidas necessárias ao 
andamento do feito, sob pena de ofensa ao Princípio da Finalidade Social do Processo e ao disposto no § 1- 
do art. 267 do CPC, aplicado subsidiariamente. Agravo de Petição provido (TRT, 14â Reg., AP 
00794.2000.005.14.00-5, Rei. Des. Vânia Maria da Rocha Abensur, j. 14-12-2007, DO 19-12-2007).
Com a ampliação da competência da Justiça do Trabalho para outras lides diversas da relação de emprego, 
como as oriundas da relação de trabalho autônomo, as ações para cobranças de multas administrativas e as 
ações sobre representações sindicais, o princípio da finalidade social, bem como o princípio da proteção 
processual, acabarão sofrendo grandes transformações, como já alertamos na epígrafe anterior.
6.3. Princípio da efetividade sociai
É importante destacar que alguns autores vêm defendendo a existência do princípio da efetividade social 
como desdobramento do princípio da finalidade social. Segundo André Monteiro Barbosa, Brasilino Santos 
Ramos, Jouber S. S. Amaral e Juliana Rodrigues de Morais:
Entende-se por princípio da efetividade social o conjunto de concepções, políticas, conceitos, idéias e 
mecanismos necessários que devem inspirar a concretização ou materialização da prestação jurisdicional, 
evitando-se preventivamente a lesão ao ordenamento jurídico que se avizinha, ou restabelecendo-se, 
tempestivamente e com a maior fidelidade possível, o direito que foi violado. É, por isso mesmo, um 
verdadeiro princípio do direito processual do trabalho. Esclareça-se que não se tratam de meras formas 
procedimentais, mas sim um viés, um norte, uma concepção social na formação, propulsão, julgamento e 
entrega da prestação jurisdicional, numa constante oposição à ótica individualista impregnada no 
processo e que decorre de sua ultrapassada inspiração do Estado Liberal68.
Verifica-se, assim, a ampla possibilidade de aplicação do princípio da efetividade processual, mormente 
nas hipóteses de tutelas inibitórias para proteção do meio ambiente do trabalho69.
6.4. Princípio da busca da verdade real
Este princípio processual deriva do princípio do direito material do trabalho, conhecido como princípio da 
primazia da realidade.
Embora haja divergência sobre a singularidade deste princípio no sítio do direito processual do trabalho, 
parece-nos inegável que ele é aplicado com maior ênfase neste setor da processualística do que no processo 
civil.
Corrobora tal assertiva o disposto no art. 765 da CLT, que confere aos Juízos e Tribunais do Trabalho ampla 
liberdade na direção do processo. Para tanto, os magistrados do trabalho “velarão pelo andamento rápido das 
causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas”.
A jurisprudência tem acolhido o princípio em tela no campo da prova:
SALÁRIO EXTRAFOLHA. INVALIDADE DA PROVA DOCUMENTAL. PRINCÍPIO DA BUSCA DA VERDADE REAL. 
INAPLICABILIDADE DO ART. 227, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CÓDIGO CIVIL. No Processo do Trabalho, vigora 
o princípio da busca da verdade real, que faz com que a prova documental ceda espaço à testemunhai, 
quando esta se mostra firme no sentido da desconstituição daquela. Diante disso, o parágrafo único do art. 
227, do CC, segundo o qual, “qualquer que seja o valor do negócio jurídico, a prova testemunhai é 
admissível como subsidiária ou complementar da prova por escrito”, é inaplicável ao Processo do 
Trabalho, porque incompatível com esse princípio peculiar. Assim, demonstrado pela prova testemunhai, 
firme e idônea, o pagamento de salário extrafolha, são devidas as diferenças reflexas decorrentes da 
integração daquele no salário para todos os efeitos legais (TRT, 3â R., RO 0001070-73.2012.5.03.0147, Rei. 
Des. Fernando Luiz G. Rios Neto, 7â T., DEJT19-8-2014).
6.5. Princípio da indisponibiiidade
Este princípio constitui adaptação do princípio da indisponibiiidade ou irrenunciabilidade do direito 
material do trabalho no campo do processo do trabalho.
Justifica-se a peculiaridade do princípio da indisponibiiidade nos sítios do processo do trabalho, pela 
considerável gama de normas de ordem pública do direito material do trabalho, o que implica a existência de 
um interesse social que transcende a vontade dos sujeitos do processo na efetivação dos direitos sociais 
trabalhistas e influencia a própria gênese da prestação jurisdicional especializada. Numa palavra, o processo 
do trabalho tem uma função precípua: a efetiva realização dos direitos sociais indisponíveis dos 
trabalhadores.
É claro que as normas de direito processual de qualquer ramo são, em regra, de natureza absoluta e de 
ordem pública, mas nos sítios do processo do trabalho a indisponibilidade do direito processual assume 
importância mais enfática, tendo em vista a inferioridade econômica do trabalhador destinatário, em regra, 
de créditos de natureza alimentícia como um dos sujeitos da relação jurídica processual.
Daí a interpretação restritiva para se admitir os negócios jurídicos processuais no campo do processo 
laborai.
Com efeito, conforme estabelece o art. 190 do CPC: “Versando o processo sobre direitos que admitam 
autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às 
especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes 
ou durante o processo”.
Nessa ordem, e tendo em vista o princípio da indisponibilidade, bem como o princípio da proteção 
processual, ambos inerentes aos direitos fundamentais sociais dos trabalhadores e imunes à autocomposição, 
parece-nos inaplicável a regra do art. 190 do CPC ao processo do trabalho, salvo, é claro,se o negócio 
processual implicar manifesta vantagem ao trabalhador.
O art. 2-, II, da IN/TST n. 39/2017, no entanto, dispõe que é inaplicável ao processo do trabalho o art. 190 e 
seu parágrafo único do CPC (negociação processual).
Vislumbramos, ainda, a aplicação do princípio ora focalizado na hipótese de substituição processual, pois 
ao sindicato (substituto processual) é vedado renunciar direitos metaindividuais veiculados em ação civil 
pública.
Há de se destacar, contudo, que a ampliação de competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar 
ações oriundas de outras relações de trabalho (EC n. 45/2004), incluindo o trabalho autônomo, bem como as 
lides entre os sindicatos e entre os empregadores e os órgãos de fiscalização do trabalho, acabará mitigando 
aplicação do princípio da indisponibilidade nos domínios do processo do trabalho.
6.6. Princípio da conciliação
O princípio da conciliação encontrava fundamento expresso nas Constituições brasileiras de 1946 (art. 
123), de 1967 (art. 134), de 1969 (art. 142, com redação dada pela EC n. 1/69) e na redação original do art. 114 
da Carta de 1988. Todas essas normas previam a competência da Justiça do Trabalho para “conciliar” e julgar 
os dissídios individuais e coletivos.
Com o advento da EC n. 45/2004, que deu nova redação ao art. 114 da CF, houve supressão do termo 
“conciliar e julgar”, cabendo agora à Justiça do Trabalho “processar e julgar”.
A omissão, contudo, não desnatura o princípio em estudo, pois ele continua existindo no plano 
infraconstitucional e não se mostra incompatível com o novo texto da Carta de outubro de 1988.
Embora o princípio da conciliação70 não seja exclusividade do processo laborai, parece-nos que é aqui que 
ele se mostra mais evidente, tendo, inclusive, um iter procedimentalis peculiar.
Com efeito, dispõem o art. 764, caput, e seus parágrafos da CLT, in verbis:
Art. 764. Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da Justiça do Trabalho serão sempre 
sujeitos à conciliação.
§ 1- Para os efeitos deste artigo, os juizes e Tribunais do Trabalho empregarão sempre os seus bons ofícios 
e persuasão no sentido de uma solução conciliatória dos conflitos.
§ 2- Não havendo acordo, o juízo conciliatório converter-se-á obrigatoriamente em arbitrai, proferindo 
decisão na forma prescrita neste Título.
§ 3- É lícito às partes celebrar acordo que ponha termo ao processo, ainda mesmo depois de encerrado o 
juízo conciliatório.
No mesmo sentido, o art. 831 da CLT estabelece uma condição intrínseca para a validade da sentença 
trabalhista, ao determinar que ela somente “será proferida depois de rejeitada pelas partes a proposta de 
conciliação”.
Há, no procedimento comum ordinário trabalhista, dois momentos obrigatórios para a proposta judicial de 
conciliação.
O primeiro está previsto no art. 846 da CLT e ocorre por ocasião da abertura da audiência, nos seguintes 
termos: “Aberta a audiência, o Juiz ou Presidente proporá a conciliação”.
A segunda tentativa de conciliação ocorre após o término da instrução e da apresentação das razões finais 
pelas partes. Está prevista no art. 850 da CLT, in verbis:
Art. 850. Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em prazo não excedente de 10 
minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente renovará a proposta de conciliação, e não se 
realizando esta, será proferida a decisão.
Outra peculiaridade do processo do trabalho repousa na equiparação prática do termo de conciliação à 
coisa julgada. É o que diz o parágrafo único do art. 831 da CLT: “No caso de conciliação, o termo que for 
lavrado valerá como decisão irrecorrível, salvo para a Previdência Social quanto às contribuições que lhe 
forem devidas”.
Em 2007, o CNJ instituiu o movimento “Conciliar é Legal”, que resultou na instalação de Gabinetes de 
Conciliação em vários órgãos do Poder Judiciário nos quais são realizados periodicamente mutirões de 
conciliação nos órgãos jurisdicionais de primeiro grau.
Acreditamos que o CNJ tenha utilizado a expressão “conciliar é legal” no sentido leigo, popular, e não no 
sentido jurídico. Vale dizer, para o CNJ conciliar é uma boa ação, faz bem a todos e, por isso, deve ser 
estimulada.
O procedimento dos mutirões inicia-se com uma triagem dos processos em que o magistrado vislumbra a 
existência de probabilidade de negociação inicial entre as partes, levando em conta a pequena complexidade 
das questões ou a existência de provas suficientes nos autos para o pronto julgamento. Depois, marcam-se 
audiências prévias de conciliação, com designação de dias ou semanas específicas organizadas de acordo com 
o perfil de litigância dos réus. Há, assim, os chamados “litigantes habituais”, que figuram no polo passivo em 
grande parte das demandas ajuizadas na Justiça do Trabalho, de acordo com os dados divulgados nos sites do 
TST e do próprio CNJ.
Sobreleva lembrar que o art. 2-, IV, da IN/TST n. 39/2016 não autoriza a aplicação subsidiária ou supletiva 
do art. 334 do CPC, que trata da audiência de conciliação ou de mediação, ao Processo do Trabalho.
Além disso, o art. 14 da referida IN n. 39 dispõe que não se aplica ao Processo do Trabalho o art. 165 do 
CPC, salvo nos conflitos coletivos de natureza econômica (CF, art. 114, §§ 1- e 2-). Vale registrar que o art. 165 
do CPC determina a criação, no âmbito dos tribunais, de “centros judiciários de solução consensual de 
conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo 
desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição”.
Voltaremos a falar sobre conciliação no Capítulo XIII, itens 5,11 e 12, e no Capítulo XVII, itens 2, 3 e 5.6.
6.7. Princípio da normatização coletiva
A Justiça do Trabalho brasileira é a única que pode exercer o chamado poder normativo, que consiste no 
poder de criar normas e condições gerais e abstratas (atividade típica do Poder Legislativo), proferindo 
sentença normativa (rectius, acórdão normativo) com eficácia ultra partes, cujos efeitos irradiarão para os 
contratos individuais dos trabalhadores integrantes da categoria profissional representada pelo sindicato que 
ajuizou o dissídio coletivo.
Essa função especial (competência) conferida aos tribunais trabalhistas é autorizada pelo art. 114, § 2-, da 
CF, segundo o qual:
Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de 
comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o 
conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas 
anteriormente.
O princípio da normatização coletiva não é absoluto, pois encontra limites na própria Constituição, nas leis 
de ordem pública de proteção ao trabalhador (CF, art. 7°; CLT, arts. 8- e 444) e nas cláusulas (normas) 
anteriores previstas em convenções e acordos coletivos que disponham sobre condições mínimas de 
determinada categoria profissional (CF, art. 7-, XXVI).
6.8. Outros princípios do processo trabalhista
Além dos princípios acima arrolados, a doutrina invoca outros princípios como peculiares ao processo do 
trabalho, como os princípios da simplicidade, da celeridade, da despersonalização do empregador e da 
extrapetição. Todavia, pensamos que esses princípios são comuns ao processo do trabalho e ao processo civil.
6.8.1. Princípio da simplicidade das formas
Com efeito, o princípio da simplicidade das formas decorre dos princípios da instrumentalidade e da 
oralidade, já estudados nas linhas pretéritas, e - é inegável - constitui objetivo de todo e qualquer sistema 
processual, seja ele civil, penal ou trabalhista.
O art. 899 da CLT consagra expressamente que os recursos serão interpostos por simples petição, isto é, 
sem os formalismos extremos exigidos nos recursos de natureza extraordinária.
Os juizados especiais cíveis e criminais também são exemplosde aplicação do princípio da simplicidade. É 
importante ressaltar, porém, que as raízes deontológicas e fenomenológicas desses órgãos da justiça comum 
provêm do direito processual do trabalho.
6.8.2. Princípio da celeridade
O princípio da celeridade, embora comum a todos os ramos do direito processual, é um desdobramento do 
princípio constitucional da duração razoável do processo (CF, art. 5-, LXXVIII) e assume ênfase muito maior 
nos sítios do processo do trabalho, uma vez que, em regra, os créditos trabalhistas nele veiculados têm 
natureza alimentícia.
É bem de ver que o princípio da celeridade encontra abrigo expresso no art. 765 da CLT, segundo o qual os 
Juizes e os Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento 
rápido das causas.
6.8.3. Princípio da despersonificação do empregador (desconsideração da personalidade jurídica)
A despersonificação do empregador, ou desconsideração da personalidade jurídica do empregador, 
constitui, a rigor, princípio do direito material trabalhista (CLT, arts. 2-, 10 e 448).
Além disso, o princípio da desconsideração da personalidade jurídica é encontrado em outros ramos, como 
o direito comercial, o direito civil, o direito ambiental, o direito das relações de consumo e o direito tributário.
Há duas teorias sobre a desconsideração da personalidade jurídica. A teoria maior, adotada pelo Código 
Civil (art. 50), e a teoria menor, adotada pelo Código de Defesa do Consumidor, cujo art. 28 dispõe, in verbis:
O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, 
houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou 
contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, 
encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.
Cumpre esclarecer, por oportuno, que o princípio da desconsideração da personalidade jurídica do 
empregador tem sido bastante utilizado no processo do trabalho, mormente em sede de execução 
trabalhista71.
O CPC (arts. 133 a 137) instituiu o incidente da desconsideração da personalidade jurídica, cabível em 
qualquer fase do processo, como uma espécie de intervenção de terceiro na lide.
Parece-nos, porém, que tal incidente, por implicar suspensão do processo, mostra-se incompatível com o 
processo do trabalho, mormente nas ações oriundas da relação de emprego ou de trabalho avulso, em função 
da natureza alimentícia dos créditos veiculados em tais ações, nas quais deve prevalecer o princípio da 
máxima celeridade da prestação jurisdicional.
Contudo, pensamos que é possível a aplicação do § 2- do art. 134 do CPC nos sítios do processo laborai, caso 
em que, mediante requerimento fundamentado do reclamante/autor, poderá haver formação de litisconsórcio 
passivo entre a empresa empregadora e seus sócios. Neste caso, não haverá incidente nem suspensão 
processual, e sim citação dos litisconsortes para se defenderem na demanda.
O art. 6- da IN/TST n. 39/2016, no entanto, manda aplicar “ao Processo do Trabalho o incidente de 
desconsideração da personalidade jurídica regulado no CPC (arts. 133 a 137), assegurada a iniciativa também 
do juiz do trabalho na fase de execução (CLT, art. 878)”. O art. 855-A da CLT, igualmente, autoriza a aplicação 
dos arts. 133 a 137 do CPC no processo do trabalho.
A Lei n. 13.874/2019 alterou a redação do art. 50 do Código Civil, passando a disciplinar os aspectos de 
direito material do instituto da desconsideração da personalidade jurídica. Vale destacar que essa lei não 
poderia dispor sobre normas de direito processual, incluído o do trabalho, uma vez que se trata de lei 
decorrente de conversão de Medida Provisória. Ora, se a CF (art. 62, § 1-, I, b) veda a edição de Medida 
Provisória que disponha sobre Direito Processual Civil, Penal ou Trabalhista (STF - ADI n. 1.910), então há 
vício de inconstitucionalidade formal na lei que é resultado de conversão de Medida Provisória que, por sua 
vez, dispunha sobre direito processual.
Sobre este tema, remetemos o leitor ao Capítulo XI, item 3.6.
6.8.4. Princípio da extrapetição
O princípio da extrapetição é admitido no processo civil, mormente nos casos em que o juiz acrescenta à 
condenação juros legais e correção monetária (CPC, art. 322, § 1-), ainda que não pedidos pelo autor.
A CLT reconhece o princípio da extrapetição, como se infere dos seus arts. 137, § 2-, 467 e 496. O item II da 
Súmula 396 do TST também o consagra, ao dispor: “Não há nulidade por julgamento extra petita da decisão 
que deferir salário quando o pedido for de reintegração, dados os termos do art. 496 da CLT”.
7. Natureza jurídica do direito processual do trabalho
Identificar a natureza jurídica do direito processual do trabalho consiste em analisar a sua essência e 
composição para, em seguida, classificá-lo dentro de um conjunto próximo de disciplinas correlatas. Como 
bem ressalta Maurício Godinho Delgado,
Encontrar a natureza jurídica de um instituto do Direito consiste em se apreenderem os elementos 
fundamentais que integram sua composição específica, contrapondo-os, em seguida, ao conjunto mais

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