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OAB XVII EXAME – 1ª FASE 
Processo Civil 
Sabrina Dourado 
1 
AULA 02 OAB - XVII EXAME 
SABRINA DOURADO 
 
CAUTELARES 
 
Noções gerais 
 
O Estado realiza a jurisdição sob duas 
formas: pela cognição, quando o magistrado, 
diante dos elementos trazidos aos autos pelas 
partes (provas), faz a concreção da norma ao 
caso abstrato, dizendo a vontade da lei; e 
pela execução, quando torna efetiva, vale 
dizer, real, esta mesma vontade. 
Acontece que a prestação não surge 
instantaneamente, sendo certo que o 
adequado decisório apenas se dará após uma 
longa sequência de atos que levarão ao 
convencimento do juiz. 
E é justamente nesse interregno (demora-
tempo) que o estado de pessoas, coisas e 
provas pode sofrer mutações (desvio, 
deterioração, alienação e até mesmo a morte) 
que, se não obstadas, levam à inutilização do 
provimento jurisdicional. 
De nada adiantaria determinar que o obrigado 
entregasse coisa que já não mais existisse ao 
tempo da prolação da sentença; ou deferir à 
parte o direito de colher depoimento 
testemunhal de quem já estivesse morto na 
ocasião da instrução processual; ou, ainda, 
conceder alimentos a quem, no curso da 
demanda, veio a falecer justamente pela 
ausência de ditos alimentos. 
Todos os elementos do processo (pessoas, 
provas e bens) podem, na demora do 
processo principal, enfrentar situação de risco 
de dano, por conduta de um dos litigantes ou 
por evento ocasional. Para a proteção 
provisória de todos eles tem cabimento a 
atuação da função cautelar. 
Dentro de uma perspectiva do amplo acesso, 
o objetivo da jurisdição é conceder a solução 
“justa”, ou seja, apta a produzir efeitos que 
restabeleça, em efetivo, a ordem jurídica 
abalada. 
A função cautelar não tem o escopo de 
satisfazer antecipadamente o direito material 
posto em questão na causa principal; o que 
se obtém no processo cautelar, por meio de 
uma medida cautelar, é tão somente uma 
prevenção contra risco de dano imediato que 
afeta interesse litigioso da parte e que 
compromete a eficácia da tutela definitiva a 
ser outorgada no processo de mérito. 
No sistema do CPC de 1973 o processo 
cautelar é apresentado como um terceiro 
gênero da jurisdição ao lado dos processos 
de cognição e de execução. Cada uma 
dessas atividades possui características, 
princípios e finalidades inconfundíveis. 
 
Características 
Feita a colocação do processo cautelar no 
contexto do ordenamento nacional, passamos 
a analisar os seus traços marcantes 
(características). 
 
a) Instrumentalidade: A instrumentalidade é a 
principal característica do processo cautelar e 
decorre dele não ter um fim em si mesmo, 
mas servir à efetividade do processo de 
cognição ou de execução (é instrumento dos 
mesmos). 
 
b) acessoriedade: O processo cautelar é 
acessório porque ele existe em função do 
processo principal que ele visa tutelar (art. 
796 do CPC). O processo cautelar e a medida 
cautelar não esgotarão a jurisdição. Nele 
haverá a preservação de pessoas ou/e de 
coisas para a efetividade do processo de 
cognição ou de execução manejado ou a ser 
proposto. Como possui o caráter acessório, 
acaso extinto o processo principal, o cautelar 
seguirá a mesma sorte, haja vista que o 
acessório segue a mesma sorte do principal 
(art. 808, III, CPC). 
 
c) autonomia: A autonomia do processo 
cautelar é decorrência de sua finalidade e de 
seus procedimentos, os quais não se 
confundem com a finalidade e os 
procedimentos dos processos de cognição e 
de execução. A dependência referida no art. 
796 do CPC quer dizer acessoriedade. A 
finalidade do processo cautelar, qual seja, a 
efetividade dos processos de cognição e de 
execução mediante a preservação das coisas 
e pessoas revelam a autonomia desse 
processo que a doutrina denomina de “tertium 
genus”. 
Por outro lado, os procedimentos cautelares 
são próprios e inconfundíveis com os 
procedimentos de cognição e de execução. É 
que o mesmo possui autos próprios, cujo 
 
 
 
 
 
 
 
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OAB XVII EXAME – 1ª FASE 
Processo Civil 
Sabrina Dourado 
2 
procedimento nele contido é totalmente 
autônomo em relação ao processo principal 
ao qual ele serve (petição inicial própria, 
defesa, instrução e sentença e recursos 
próprios). 
Também a autonomia do processo cautelar 
se destaca quando o seu resultado não reflete 
sobre a substância do outro, dito principal, 
podendo a parte que logre êxito na ação 
cautelar sair vencida no processo principal. 
 
d) revogabilidade: A preservação de pessoas 
e coisas pelo processo cautelar persiste 
enquanto for mantido o risco (Art. 807, CPC). 
Uma medida cautelar pode, destarte, ser 
revogada quando afastado o risco que gerou 
o seu deferimento. A sentença proferida no 
processo cautelar não tem, assim, força de 
coisa julgada material, ou seja, não é 
imutável. 
Exemplo é o do deferimento de alimentos 
provisionais à esposa e, no curso da 
demanda principal, percebe-se que a mesma 
logrou aprovação em concurso público, de 
modo a ter como sustentar-se sem a ajuda do 
marido durante o transcorrer do processo. 
 
e) provisoriedade: A provisoriedade como 
característica da medida cautelar nos diz que 
a medida já nasce com a vocação para 
sobreviver por tempo delimitado, 
precisamente entre a sua efetivação no 
processo cautelar e o fim do processo 
principal que ela visa resguardar. Elas são 
absorvidas ou substituídas pela solução 
definitiva do processo principal. 
Assim, por exemplo, o arresto desaparece e é 
substituído pela penhora; o seqüestro, pela 
imissão de posse ou pelo depósito; a prova 
antecipada exaure sua finalidade com a 
utilidade prestada à sentença, etc. 
 
f) sumariedade: Pode ser contemplada sob 
dois prismas ou significados. O primeiro é 
decorrente do caráter perfunctório, superficial, 
do juízo de cognição exercido na tutela do 
interesse que o processo visa, ou seja, aqui o 
magistrado decide com base num juízo de 
mera probabilidade (fumus boni iuris). O 
segundo significado se diz respeito à 
simplicidade e brevidade dos procedimentos 
cautelares. O processo cautelar prevê, por 
exemplo, que a contestação seja apresentada 
pelo réu no prazo de cinco dias, como regra. 
Após a contestação segue-se a instrução em 
audiência, quando necessário e a decisão do 
processo em cinco dias. 
 
Requisitos da medida cautelar 
Considerando que a medida cautelar tem 
caráter, muitas vezes, restritivo de direitos, 
não pode ser a mesma concedida sem que 
estejam preenchidos certos requisitos. 
Destarte, é mister que haja a presença de 
dois requisitos, a saber: fumus boni iuris e 
periculum in mora. 
O fumus boni iuris pode ser traduzido como 
“aparência do bom direito”. É a probabilidade 
de existência de uma pretensão. A expressão 
“aparência do bom direito” sugere que a 
medida cautelar só possa ser deferida após 
um exame da possível procedência do pedido 
feito na ação principal ou da titularidade de 
um crédito. A interpretação não é correta. 
Diante de um pedido cautelar não compete ao 
juiz verificar a possível procedência do pedido 
principal. O fumus boni iuris, expresso no 
inciso IV do art. 801 do CPC, é menos que a 
possível procedência do pedido principal e 
consiste na verificação da existência, em 
abstrato, de uma ação, a principal, que deva 
ser preservada ou instrumentalizada por meio 
da medida pretendida. A possibilidade de 
êxito do pedido é analisada quando a medida 
é apresentada como antecipação da tutela, ou 
seja, quando ela tem caráter de satisfação do 
direito material. 
Para merecer a tutela cautelar, o direito em 
risco há de revelar-se apenas como um 
interesse que justifica o direito de ação, ou 
seja, o direito ao processo de mérito. Ou seja, 
o magistrado apenas indaga-se: “se fulano 
tivero direito que diz ter, devo conceder a 
tutela cautelar sob pena de minha futura 
decisão no processo principal ser um todo 
inócuo”. 
O periculum in mora é requisito que está 
expresso na parte final do inciso IV do art. 
801, CPC. Cumpre ao requerente da medida 
cautelar demonstrar que há um risco efetivo 
de que a ausência da medida comprometa o 
resultado útil do processo principal, tutelado 
por meio do processo cautelar. O autor não 
pode simplesmente alegar um risco. Ele tem 
de provar a sua alegação. O risco, ademais, 
tem de ser relevante. A mera suposição de 
 
 
 
 
 
 
 
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OAB XVII EXAME – 1ª FASE 
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risco ou ameaça é pouco para o deferimento 
da medida. 
 
Diferença entre tutela cautelar e tutela 
antecipada 
 
Anoto, de início, que a antecipação da tutela 
se distingue da medida cautelar por ser 
aquela para gozo imediato e provisório do 
bem perseguido no processo. A medida 
cautelar não institui o autor da ação no gozo 
imediato do bem. Ele apenas preserva 
pessoas, provas e coisas para o resultado útil 
do processo principal. Não esqueçamos que a 
medida cautelar é instrumental. 
Por outro lado, a antecipação da tutela pode 
ser concedida pelo risco da demora na 
prestação jurisdicional ou, alternativamente, 
pelo abuso do direito de defesa ou manifesto 
intuito protelatório do réu ou, ainda, pela falta 
de contestação de pedido formulado em 
cumulação de ações – inciso I e II e § 6º do 
art. 273. 
 A medida cautelar só pode ser 
deferida se houver risco de prejuízo ao 
processo principal pela demora na prestação 
jurisdicional. Não há medida cautelar por 
abuso do direito de defesa ou manifesto 
intuito protelatório do réu ou pela falta de 
contestação de pedido formulado em 
cumulação de ações. 
 A principal diferença, contudo, é 
quanto à verossimilhança da alegação que se 
reclama na antecipação da tutela em 
comparação com o fumus boni iuris. A 
verossimilhança da alegação é a análise do 
provável êxito do autor. É um juízo que é feito 
quanto à procedência do pedido. O juiz 
considera se o autor ganhará a causa ou não. 
O fumus boni iuris é menos que isso. Não 
interessa, nesse ponto, se o autor pode 
ganhar a causa principal. O que importa é que 
haja um processo principal a ser tutelado. 
Na antecipação, diferentemente do que 
ocorre na cautelar, o autor passa a usufruir o 
bem pretendido na ação como se já tivesse 
sido o vitorioso no processo. Na técnica 
processual se diz que a antecipação é 
satisfativa e que a cautelar é apenas 
preventiva. 
Em suma, a tutela cautelar apenas 
ASSEGURA uma pretensão, enquanto a 
tutela antecipada SATISFAZ, de imediato, 
tal pretensão. Noutros termos, o perigo à 
integridade do processo requer a atuação 
cautelar; se o perigo de lesão se referir à 
pessoa, deverá entrar em cena a tutela 
antecipada. 
Como às vezes, do ponto de vista prático, é 
difícil se distinguir tais medidas, o legislador, 
por meio da lei 10.444/02, instituiu a 
fungibilidade entre tais medidas, permitindo o 
deferimento de medida cautelar incidental 
quando, a despeito de postulada sob a 
epígrafe de tutela antecipada, preencher os 
requisitos de medida cautelar (art. 273, par. 
7º, CPC). 
 
Poder geral de cautela 
 
O poder geral de cautela é o reconhecimento 
da existência de medidas cautelares atípicas 
ao lado daquelas expressamente referidas no 
ordenamento, visando, com essa previsão 
genérica, que a atividade jurisdicional se torne 
efetiva. 
Sabe-se que, ao disciplinar especificamente 
as medidas cautelares, o intento do legislador 
era repelir todas as situações de perigo que 
pusessem em “xeque” a eficácia das decisões 
jurisdicionais. Ocorre que não é dado ao 
mesmo prever todas as situações que trariam 
aludido risco. Daí existir a previsão (art. 798, 
CPC) no sentido de que cabe ao magistrado 
determinar medidas provisórias que julgasse 
adequadas (repare que o termo “medidas 
provisórias” tem o conteúdo muito amplo!), 
sempre que existisse receio de dano ao 
direito de alguma das partes antes da solução 
definitiva da questão. 
Exemplo comum de utilização de medida 
inominada é a de sustação de protesto. 
Assim, antes de propor a ação anulatória de 
título ou desconstituição do negócio jurídico 
subjacente, para evitar o prejuízo causado ao 
suposto devedor, consistente em nome “sujo” 
na praça, o mesmo ingressa com pedido de 
sustação de protesto. 
 
Tutela cautelar “ex ofício” 
 
Uma questão controvertida é a referente à 
adoção de medidas cautelares ex-offício. O 
juiz, condutor do processo, estaria dotado do 
poder de adotar as medidas preventivas que 
ele julgue necessárias à efetividade do 
 
 
 
 
 
 
 
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processo? As medidas cautelares têm por 
função garantir que o processo principal, de 
execução ou de cognição, chegue ao final e 
possam ser traduzidos num resultado prático 
em favor da parte que o manejou. 
Assim, então, não apenas as partes ou o 
autor, mais especificamente, tem interesse 
em que o processo chegue a um bom termo. 
O próprio órgão jurisdicional tem interesse em 
que o processo tenha um resultado útil, o que 
evidencia o caráter instrumental do processo, 
e por isso pode adotar as medidas urgentes 
que julgar necessárias ao sucesso do 
processo. 
A regra do art. 797, no entanto, remete o juiz, 
para a adoção de medidas preventivas de 
ofício, a que haja autorização legislativa. (é 
esta a posição que deverá ser adotada no 
exame de ordem!) 
A permissão, portanto, encontra claras 
limitações, na medida em que o legislador se 
refere aos termos “casos excepcionais” e 
“expressamente autorizados por lei”. 
Exemplos da atuação ex ofício são vistos nos 
artigos 653 (arresto na execução por quantia 
certa), Art. 804, CPC (prestação de caução 
nos casos de medida sem a oitiva da parte 
contrária), Art. 1.001, CPC (quando a 
impugnação da qualidade de herdeiro for 
remetida às instâncias ordinárias e o juiz 
mandar o inventariante reservar quantia a 
título de quinhão até que a causa seja 
decidida), etc. 
 
Atenção! Observação importante para o 
exame de ordem: 
 
Ressalte-se que o poder em questão nunca 
consistirá na possibilidade de dar início a um 
dado processo cautelar (lembre-se a 
jurisdição é inerte, não podendo se mover por 
iniciativa própria, salvo os casos legais, de 
modo a não se mover por paixões que a 
incentivaram a iniciar o procedimento), porém 
de apenas conceder medidas “avulsas”, 
“incidentais”, no processo cognitivo ou 
executivo tutelados pela medida. 
 
Perda da eficácia da medida cautelar 
Ao tratar da perda da eficácia da medida 
cautelar, o legislador consignou: 
“Art. 808. Cessa a eficácia da medida 
cautelar: 
 I - se a parte não intentar a ação no prazo 
estabelecido no art. 806; 
 II - se não for executada dentro de 30 
(trinta) dias; 
III - se o juiz declarar extinto o processo 
principal, com ou sem julgamento do 
mérito.” 
 
A cessação da eficácia é a perda dos efeitos 
da medida cautelar. Os dois primeiros casos 
relacionados no art. 808 dizem respeito à 
negligência do requerente da medida. O 
requerente deverá propor a ação principal no 
prazo de 30 dias da efetivação da medida. 
Não o fazendo, a medida restará sem 
eficácia. Por outro lado, a medida cautelar às 
vezes reclama a concorrência da atuação do 
requerente para a sua efetivação, ou seja, 
que o requerente proporcione meios para que 
a medida seja efetivada. Quando a efetivação 
da medida reclamar meios proporcionados 
pelo requerente e ele não os fornecer até 
trinta dias do deferimento, a medida perderá a 
eficácia. A medida também perderá a eficácia 
na hipótese da extinção do processo principal. 
Ora, nessa última hipótesea cessação da 
eficácia é em razão de aspecto lógico. A 
cautelar é instrumento do processo principal 
e, não havendo processo principal a ser 
tutelado, a consequência será a perda da 
eficácia da medida. 
A medida que perde a eficácia não pode ser 
renovada. É uma pena a mais que incide 
sobre o requerente que foi negligente. Diz o 
parágrafo único do artigo em comento que, se 
por qualquer motivo cessar a medida, é 
defeso à parte repetir o pedido, salvo por 
novo fundamento. 
A proibição de renovação da medida estará 
sem efeito, no entanto, se outro motivo for 
invocado para a pretensão cautelar. 
 
Procedimento Cautelar 
 
O processo cautelar também é informado pelo 
princípio do devido processo legal, o qual 
deve observar. Assim, todo procedimento 
cautelar deve ser iniciado, desenvolver-se e 
terminar consoante as regras que preveem o 
modo de sua realização como uma garantia 
do jurisdicionado quanto às normas que deve 
observar e atos que devem ser praticados no 
curso desse processo. É importante que 
 
 
 
 
 
 
 
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Processo Civil 
Sabrina Dourado 
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tenhamos em mente que a medida cautelar 
não cessa necessariamente o processo 
cautelar. A medida pode vir em forma de 
liminar e o processo seguirá até que o juiz 
profira a sentença cautelar, a qual, por sua 
vez, admite o recurso de apelação. 
 
a) Competência para a Ação Cautelar 
A competência para a ação é definida na 
regra do art. 800. A ação deve ser proposta 
no juízo competente para conhecer da ação 
principal, se a cautelar for preparatória, ou no 
juízo em que estiver tramitando o 
procedimento principal, se pleiteada 
incidentalmente. Assim, se a ação estiver em 
grau de recurso, competente para a ação será 
o órgão encarregado do seu julgamento 
(Parágrafo Único do art. 800). 
 
b) Petição Inicial Cautelar 
A petição inicial cautelar tem regras definidas 
no art. 801. A redação, fiel à característica de 
sumariedade que informa o processo 
cautelar, é mais singela que a redação do art. 
282, CPC, que trata da inicial nas ações de 
cognição. 
Resta evidente, contudo, que são mantidas as 
exigências de identificação do juízo a que se 
dirige (e não autoridade judiciária, como está 
redigida), da qualificação das partes, da 
causa de pedir, do pedido e da referência às 
provas que o requerente pretende produzir. 
Não há referência à fixação do valor da 
causa, o que, contudo, é necessário em vista 
das custas processuais e para a definição dos 
honorários advocatícios a serem pagos pelo 
sucumbente. É de se observar, outrossim, 
que a causa de pedir, relativamente ao 
processo que necessita ser instrumentalizado, 
é dispensada quando o procedimento cautelar 
for movido em caráter incidental (Parágrafo 
único do art. 801, CPC). 
 
c) O Despacho da Inicial 
A inicial cautelar deve ser submetida ao juízo 
para a análise de sua regularidade e não 
apenas para o deferimento ou não de 
eventual liminar requerida. A possibilidade de 
emenda ou de complementação da inicial é 
controvertida, por falta de previsão, mas 
recomendada pelo princípio da 
instrumentalidade das formas. Os 
documentos indispensáveis à propositura da 
ação devem vir logo e determinará a 
intimação do autor a que os traga na hipótese 
de sua não colação. 
 
Atenção! Observação importante para o 
exame de ordem: 
 
O juiz pode indeferir a inicial se constatar a 
decadência ou a prescrição do direito 
veiculado ou a ser apresentado na ação 
principal. Essa decisão repercute no processo 
principal e é a única exceção à independência 
dos julgamentos entre a cautelar e o processo 
principal (art. 810, CPC). 
 
d) A liminar 
Outrossim, conforme afirmado alhures, pode 
o magistrado, sem ouvir a parte requerida 
(inaudita altera parte), conceder a medida 
liminarmente ou após justificação prévia, 
quando verificar que a demora na citação e 
defesa do réu venha acarretar a consumação 
do dano temido. O perigo pode derivar tanto 
de conduta do demandado (ex: dilapidação de 
bens) como fato natural (ex: morte de 
testemunha). A liminar pode ser deferida tanto 
em sede de ação preparatória quanto 
incidental. 
 
e) Da citação do Réu (requerido) 
A citação do réu ou requerido no processo 
cautelar é por meio de oficial de justiça, como 
sugere a regra do Parágrafo único do art. 802 
na medida em que quem cumpre mandado é 
oficial de justiça. 
 
f) A Defesa do Requerido 
O requerido ou réu apresenta a sua defesa 
em cinco dias, prazo que se conta conforme 
os incisos do parágrafo único do art. 802 do 
CPC. Na contestação o réu se opõe à 
presença dos requisitos ensejadores da 
medida cautelar. É possível ao réu, 
igualmente, oferecer exceções de 
incompetência, suspeição ou impedimento. 
Não cabe reconvenção em processo 
cautelar, seja pelo fundamento da urgência, 
seja pelo não cabimento de discussão de 
cunho meritório no processo cautelar. 
 
g) A instrução do Processo Cautelar 
A instrução do processo cautelar é quase 
eminentemente documental. Os documentos 
 
 
 
 
 
 
 
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Processo Civil 
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do autor e do réu devem vir acompanhando a 
inicial e a defesa, respectivamente. Nada 
obsta, todavia, que haja a produção de prova 
oral em torno das alegações do autor e do 
réu, inclusive, quanto ao autor, para permitir 
que o eventual pedido de liminar seja 
apreciado pelo juiz. As partes devem requerer 
as provas necessárias ao convencimento do 
juízo e competirá ao juiz como dirigente do 
processo o deferimento da produção da prova 
necessária. 
 
h) A Sentença Cautelar 
A sentença cautelar é proferida ao final do 
procedimento cautelar instaurado junto ao 
juízo monocrático. A liminar eventualmente 
deferida não encerra o procedimento. O 
devido processo legal determina que o juiz dê 
prosseguimento ao processo até a decisão 
final. 
A sentença cautelar está sujeita aos 
requisitos de clareza e completude, quanto à 
interpretação, e aos estruturais de relatório, 
fundamentação e conclusão ou dispositivo 
(art. 458, CPC). 
Todas as decisões do Poder Judiciário devem 
ser fundamentadas sob pena de nulidade (art. 
93, IX da CF 88) e a decisão cautelar não 
foge à regra. A decisão no processo cautelar, 
por outro lado, se restringe à apreciação da 
procedência da medida cautelar ante a 
constatação dos requisitos de aparência do 
bom direito e do perigo de dano irreparável ou 
de difícil reparação em razão da demora na 
tramitação do processo. 
Excepcionalmente, o juiz pode proferir a 
decadência ou a prescrição do direito de 
ação, com repercussão no processo principal 
(art. 810, CPC). Esse é o único caso em que 
a sentença cautelar adquire a autoridade de 
coisa julgada material. No mais, a decisão 
final do processo cautelar não tem qualquer 
repercussão no processo principal. Ressalte-
se que, a teor do que dispõe o artigo 219, par. 
5º, agora o magistrado pode decretar de 
ofício a prescrição. 
 
Cautelares típicas 
Preocupado com a efetividade processual, o 
legislador, a partir do artigo 822, CPC, previu 
uma série de medidas cautelares, utilizadas, 
cada qual, de acordo com a situação de 
perigo vivida. 
Considerando a realidade cobrada nos 
exames de ordem, efetuamos, nesta obra, a 
abordagem de quatro medidas: arresto, 
sequestro, busca e apreensão e produção 
antecipada de provas. 
Arresto 
 
a) Considerações gerais 
 
É a medida cautelar, preparatória ou 
incidental, que tem como objetivo separar 
bens para garantir uma execução ameaçada 
por atos do devedor. 
 
Seria, noutros termos, a apreensão judicial 
de bens do patrimônio do devedor (tantos 
quantos bastem), com vistas a assegurar 
uma futura execução por quantia certa. 
 
O arresto se justifica pelas atitudes cometidaspelo devedor (tentativa ou ausência efetiva de 
forma furtiva, alienação de bens, contração de 
dívidas extraordinárias, etc.), que fazem 
presumir que este não arcará com o 
adimplemento da dívida líquida e certa a que 
está obrigado. 
 
O instrumento tem previsão nos artigos 813 a 
821, CPC. 
 
b) Pressupostos 
 
 prova da dívida líquida e certa: É a prova 
do crédito cuja quitação se pretende garantir 
por meio da medida. A liquidez e certeza aqui 
são aqueles requisitos exigidos para os títulos 
executivos, ou seja, precisamos estar diante 
de um título executivo que se apresente 
líquido e certo. A liquidez é quanto à previsão 
do “quantum devido”. O documento deve 
revelar a quantia devida pelo requerido. Por 
outro lado, a certeza é relativa à aptidão 
formal do título para a produção dos efeitos. 
Ele deve preencher todos os requisitos 
necessários para que o título seja hábil à 
produção de efeitos. 
 
 
Atenção! Observação importante para o 
exame de ordem: 
 
Equipara-se à prova literal da dívida líquida e 
certa, para efeito de concessão de arresto, a 
 
 
 
 
 
 
 
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sentença, líquida ou ilíquida, pendente de 
recurso, condenando o devedor ao 
pagamento de dinheiro ou de prestação que 
em dinheiro possa converter-se. (art. 814, par. 
único). 
 
 prova da atuação do devedor lesiva à 
efetividade da execução: É fundamental 
também para a obtenção do arresto que a 
parte demonstre que o devedor está atuando 
para tentar impedir que uma execução possa 
ter êxito. O devedor deve estar tentando 
impedir a quitação do crédito e a prova disso 
se impõe ao credor, como regra. O legislador 
menciona que a demonstração dos atos em 
questão se dará mediante prova documental 
(por exemplo, uma certidão cartorária que 
demonstra a venda de diversos bens em curto 
lapso temporal) ou, na impossibilidade, por 
prova testemunhal em audiência de 
justificação em audiência. 
 
c) A justificação prévia 
 
Os fatos imputados ao devedor como 
prejudiciais ao êxito da execução devem ser 
provados pelo autor. Em direito não basta 
alegar. Quem alega tem o ônus da prova. É 
possível, porém, que o requerente não tenha 
a prova documental dos fatos que o devedor 
está praticando para tentar fraudar a 
execução. Então, o legislador permitiu que 
essa prova pudesse ser feita por 
testemunhas. A prova terá lugar, destarte, 
numa audiência. A justificação prévia é a 
audiência para a obtenção de prova oral dos 
fatos imputados ao devedor e que não 
possam ser provados por documentos (por 
exemplo, seria difícil provar através de 
documentos que o devedor está na 
proximidade de fechar o seu estabelecimento 
e ausentar-se furtivamente da comarca). A 
audiência será realizada o mais rapidamente 
possível e em segredo de Justiça. Essa 
audiência não é para a prova da dívida líquida 
e certa. A dívida só poderá ser provada 
documentalmente. 
 
d) Decretação de arresto sem a prova dos 
fatos imputados ao devedor 
 
É possível ao credor obter, em caráter 
excepcional, o arresto de bens do devedor 
sem a prova dos fatos que ameaçam a 
execução. Essa excepcionalidade beneficia a 
União, os Estados e os Municípios e os 
credores privados que não disponham de 
prova, desde que, no caso desses últimos, 
haja a prestação de caução (art. 816, CPC). 
 
O fundamento diz respeito ao fato de que os 
atos afirmados pelas pessoas de direito 
público são dotados da presunção de 
legitimidade e veracidade. 
 
Em se tratando de credor privado que presta 
caução, a justificativa reside no fato de que o 
ressarcimento dos eventuais danos causados 
pela execução da medida já estaria 
assegurado pela garantia prestada. 
 
e) Arresto e a ação principal 
 
O legislador estabelece expressamente a 
ausência da repercussão da decisão do 
arresto no “julgamento” do processo principal 
(art. 817, CPC). Essa regra repete o princípio 
contido nas disposições gerais que regem o 
processo cautelar (art. 810, CPC). A norma 
do art. 810 tem redação defeituosa, contudo, 
ao estabelecer que “a sentença proferida no 
arresto não faz coisa julgada na ação 
principal”. O legislador melhor diria que a 
sentença na medida cautelar de arresto não 
teria repercussão em eventual discussão 
sobre a exigibilidade ou prevalência da dívida 
contida no título executivo. 
 
f) Transformação do arresto em penhora 
 
A vocação do arresto é transformar-se em 
penhora que é a efetivação de um gravame 
sobre um bem do devedor necessário à 
satisfação da execução. Destarte, julgada a 
procedência da ação principal na qual se 
discute a dívida, os bens arrestados são 
convertidos em bens penhorados. 
 
g) Suspensão do cumprimento do arresto 
 
A medida cautelar de arresto pode ter os seus 
efeitos cessados diante do depósito da 
quantia devida, mais honorários e custas 
que o juiz arbitrar para garantir a execução 
ou, ainda, na hipótese do devedor oferecer 
fiador ou prestar caução idônea. As causas 
 
 
 
 
 
 
 
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de suspensão do cumprimento do arresto 
revelam que o importante é a quitação do 
crédito não importando o meio que o juízo 
utilizará para tanto. Vale também o princípio 
de que o devedor não pode ser penalizado 
acima do necessário (art. 620 do CPC). 
 
Em que pese haver menção ao termo “pagar”, 
fato é que o fenômeno em questão importa a 
extinção e não a suspensão da medida como 
equivocadamente está apresentada no inciso 
I do artigo 819, CPC. 
 
h) Cessação do arresto 
 
O legislador apresenta como causas de 
término do processo cautelar de arresto o 
pagamento (modalidade de extinção de 
obrigação por excelência), a novação 
(fenômeno jurídico que altera o conteúdo ou 
os sujeitos de uma dada relação obrigacional) 
e a transação (acordo judicial onde as partes 
estabelecem concessões mútuas). O objetivo 
da medida é a quitação do crédito e é óbvio 
que a sua obtenção, o pagamento, seja causa 
da extinção do processo. A novação é 
fenômeno jurídico que altera o conteúdo da 
obrigação ou dos sujeitos do negócio 
originário, ou seja, é quando há a sucessão 
do devedor ou do credor (art. 360 do CC). 
Ocorrendo qualquer desses fatos que alterem 
a obrigação base do arresto, a medida 
cessará. Por fim, o arresto pode terminar 
porque as partes transacionaram. A transação 
é instituto jurídico previsto para a extinção de 
litígio mediante concessões mútuas. 
 
É mister salientar que, não obstante tenha o 
legislador mencionado apenas o pagamento, 
novação e a transação, é certo que qualquer 
causa extintiva da obrigação (prescrição, 
compensação, confusão, etc.) constituirá 
motivo para extinção da medida cautelar em 
comento, haja vista o desaparecimento do 
crédito a que a mesma visaria garantir. 
 
Sequestro 
 
a) Considerações gerais 
 
É comum que, no “calor” de uma relação 
processual que gira em torno da disputada de 
um ou mais bens, um dos litigantes pratique 
ato que impossibilite a futura entrega da coisa 
ao vencedor da demanda (ex: venda, doação, 
dissipação dos frutos, danificação, etc.). 
 
Com o fito de evitar dita situação de perigo, o 
legislador criou a medida cautelar de 
sequestro, que visa preservar os bens que 
estão sendo disputados ou que serão 
disputados em processo de cognição. 
 
Seria, noutros termos, a apreensão judicial 
de bem (ou bens) determinado(s), com 
vistas a assegurar uma futura execução 
para entrega de coisa. 
 
O instituto tem previsão nos artigos 822 a 825 
do CPC. 
 
Atenção! Observação importante para o 
exame de ordem: 
 
O sequestro distingue-se do arresto, 
embora ambos visem à constrição de bens 
para assegurar sua conservação até que 
possam prestarserviço à solução definitiva da 
causa. Assim: 1) o sequestro atua na tutela 
da execução para a entrega de coisa certa e 
o arresto garante a execução por quantia 
certa; 2) o sequestro visa a um bem 
específico (dito “litigioso”) e o arresto tem o 
escopo de preservar um “valor patrimonial”, 
podendo assim, qualquer bem patrimonial 
disponível ser objeto de tal medida. 
 
b) Pressupostos do sequestro 
O primeiro requisito genérico é o interesse na 
preservação da situação de fato, enquanto 
não julgado o mérito. 
 
O segundo requisito indispensável é o temor 
ou perigo de dano irreparável ou de difícil 
reparação ao bem que está sendo ou que 
será disputado no processo principal, ou 
mesmo às pessoas as quais o bem liga. A 
medida cautelar sempre pressupõe, portanto, 
um perigo a ser afastado. 
 
c) Objeto do sequestro 
 
A regra do art. 822, CPC, fala da decretação 
do sequestro nos seguintes casos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 de bens móveis, semoventes ou 
imóveis: sempre que, disputada a 
propriedade ou posse, houver perigo de rixas 
(contenda física entre pessoas, comumente 
verificada nas disputas entre herdeiros) ou 
danificações (dano que incide sobre o bem, 
valendo salientar que o termo tem ampla 
conotação, de modo a abranger a sua venda, 
doação, deterioração e até o seu 
desaparecimento); 
 
 dos frutos e rendimentos do imóvel 
reivindicando: neste caso o réu, após 
condenação em sentença ainda sujeita a 
recurso, está praticando ato de dissipação, 
sejas dos frutos (a exemplo de uma safra 
produzida pelo imóvel), seja dos rendimentos 
(a exemplo dos aluguéis); 
 
 dos bens do casal: o sequestro se dará, 
de forma preparatória ou incidental, nas 
ações de separação judicial, anulação de 
casamento ou divórcio (e, por extensão, nas 
de dissolução de união estável), quando um 
dos cônjuges os estiver dilapidando. 
 
 nos demais casos expressos em lei: vê-
se, portanto, que o rol acima é meramente 
exemplificativo. Outros casos de sequestro 
são encontrados, por exemplo, nos artigos 
125, CPP (sequestro de bens imóveis 
adquiridos pelo indiciado com os proventos da 
infração) e 16 da Lei 8.429/92 (sequestro dos 
bens do agente público ou terceiro que tenha 
enriquecido ilicitamente ou causado dano ao 
patrimônio. 
Pondere-se que o requerente da medida terá 
o ônus de demonstrar a existência de 
quaisquer dos fatos que alegar como causas 
da pretensão cautelar. 
 
d) A justificação prévia 
 
Os fatos imputados como prejudiciais ao bem 
disputado devem ser provados pelo autor. Em 
direito não basta alegar. Quem alega tem o 
ônus da prova. É possível, porém, que o 
requerente não tenha a prova documental dos 
fatos que está alegando. Então, o legislador 
permite que essa prova possa ser feita por 
testemunhas. A prova terá lugar, destarte, 
numa audiência. A justificação prévia é a 
audiência para a obtenção de prova oral dos 
fatos imputados como causa de pedir do 
seqüestro. 
 
e) O sequestro e a ação principal 
 
Assim como mencionado no arresto, a 
decisão na cautelar de seqüestro (sua 
procedência ou improcedência) não tem 
qualquer repercussão no processo principal 
(art. 810, CPC). 
 
Noutros termos, o requerente da medida não 
será, necessariamente, a pessoa a quem o 
juízo reconhecerá o direito à coisa defendida. 
 
f) Nomeação de depositário 
 
O depositário dos bens sequestrados será 
uma pessoa da confiança do juiz. O depósito 
é encargo e recai sobre pessoa que o juiz 
entenda idônea para a atribuição. As partes, 
contudo, podem indicar ao juiz, de comum 
acordo, o depositário. O juiz muito dificilmente 
rejeitará a pessoa indicada e essa parece ser 
a melhor solução para o depósito. O 
legislador permite, por outro lado, que 
qualquer das partes venha a ser nomeada 
depositária dos bens. O depositário, nesse 
caso, deve oferecer maiores garantias que a 
outra e prestar caução idônea. 
 
A entrega dos bens far-se-á logo após o 
depositário assinar o devido termo de 
compromisso. Acaso haja resistência na 
entrega, o magistrado poderá determinar o 
auxílio de força policial. 
 
Busca e apreensão 
 
a) Considerações gerais 
 
A busca e apreensão é espécie inserida no 
gênero “apreensão judicial”, ao lado das 
medidas de arresto e sequestro. 
 
No entanto, não podemos confundi-la com as 
modalidades anteriormente estudas. 
 
Primeiro porque ela tem caráter residual, na 
medida em que se aplica aos casos em que 
são incabíveis aquelas providências (ex: 
busca e apreensão de material confeccionado 
com violação a direito autoral, como 
 
 
 
 
 
 
 
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modalidade preparatória à futura ação de 
indenização por danos materiais e morais). 
 
Em segundo lugar, pelo fato de que, enquanto 
o arresto e sequestro incidem sobre coisas, a 
busca e apreensão também poderá incidir 
sobre pessoas. É o caso, por exemplo, do 
menor que, após passar um final de semana 
com o pai, está na iminência de ser levado 
para outro estado da federação. Assim, antes 
mesmo de ajuizar ação para pedir a 
manutenção de sua guarda, a mãe poderá 
ingressar com ação cautelar de busca e 
apreensão do menor. 
 
Pelo exposto, podemos definir a busca e 
apreensão como medida cautelar que tem 
por objetivo preservar pessoas ou coisas 
para a eficácia da decisão a ser proferida 
na cognição ou dos atos a serem 
praticados na execução. 
 
O instituto tem previsão nos artigos 839 a 843 
do CPC. 
 
b) Espécies 
 
A medida terá natureza pessoal quando 
incidir sobre pessoas e real quando incide 
sobre coisas. 
 
Pessoas que estejam em risco, em especial, 
incapazes, crianças, adolescentes que podem 
ser alvo da medida para o fim de preservá-las 
de maus tratos ou mesmo de deslocamentos 
para locais nos quais não possam ser 
alcançadas por quem com elas tenham 
relacionamento. 
 
Quanto às coisas, ressalte-se que, pela 
própria natureza da medida (buscar e 
apreender), a coisa há de ser móvel. 
 
c) Variações jurídicas do termo “busca e 
apreensão” 
 
A expressão “busca e apreensão” comporta 
variações na interpretação jurídica do 
conteúdo do termo. Ele pode se referir a uma 
medida cautelar autônoma, a uma simples 
medida em caráter incidental na cognição ou 
execução sem caráter de autonomia e 
também a uma medida satisfativa prevista em 
torno do bem alienado fiduciariamente. 
 
 A busca e apreensão cautelar 
autônoma: A busca e apreensão cautelar 
autônoma é o procedimento previsto entre os 
arts. 839 e 843 do CPC. O procedimento 
nasce com o objetivo de preservar pessoas 
ou coisas para a eficácia de um processo em 
curso ou a ser manejado. É instaurado pelo 
interessado por meio de uma petição inicial e 
surge com autonomia em relação ao 
procedimento principal de cognição ou 
executivo. 
 
 A busca e apreensão incidental na 
cognição ou execução: A busca e a 
apreensão também podem ocorrer em caráter 
incidental pela necessidade de apreensão de 
pessoas ou coisas para o cumprimento de 
uma decisão proferida. Determinada 
incidentalmente, ela também pode ter 
natureza cautelar e ser determinada de ofício. 
A busca e apreensão incidental são previstas, 
por exemplo, nos arts. 362 e art. 461, par. 5º 
do CPC. 
 
 A busca e apreensão na alienação 
fiduciária: Em razão da alienação fiduciária, 
o credor fiduciário pode requerer a busca e 
apreensão do bem adquirido pelo devedor e 
sobre o qual repousa a garantia do 
empréstimo. Nesse caso a medida é 
decorrente de um procedimento instaurado 
com o fim da busca e apreensão, tem caráter 
autônomo, e a pretensão é satisfativa do 
direito, ou seja, não é cautelar (Decreto-lei n. 
911/69). A alienaçãofiduciária, portanto, é 
ação de conhecimento (e não cautelar!) de 
rito especial, com caráter satisfativo, na 
medida em que o ato de apreensão do bem 
exaure a prestação jurisdicional. 
 
d) A justificação prévia 
 
A justificação prévia é uma audiência na qual 
a parte requerente terá a oportunidade de 
produzir prova em torno da alegação da 
inicial. Para a obtenção da medida não basta 
alegar a situação de risco da pessoa ou coisa 
objeto da medida é necessário que haja prova 
em torno da alegação. O juiz só deferirá a 
medida em havendo prova da alegação. A 
 
 
 
 
 
 
 
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liminar (medida no início do procedimento), 
especialmente necessária nesse tipo de 
procedimento, só será deferida se houver 
prova do risco a que submetido a pessoa ou 
coisa protegida. Se o requerente não tiver 
prova, poderá requerer a audiência de 
justificação prévia. 
 
e) Procedimento 
 
O procedimento cautelar de busca e 
apreensão é o mesmo previsto para qualquer 
outra ação cautelar (petição inicial, 
admissibilidade, liminar, citação, resposta, 
instrução e sentença). 
 
Cabe ressaltar que na peça inicial o 
requerente, além de atender aos requisitos 
gerais dos artigos 282 e 283 do CPC, exporá 
as razões justificativas da medida e da ciência 
de estar a pessoa ou a coisa no lugar 
designado. 
 
f) A sistemática do cumprimento do mandado 
 
Cabe ponderar, antes de mais nada, a 
necessidade de assinatura do juiz no 
instrumento em questão, sob pena de 
nulidade, em virtude do atendimento ao 
consubstanciado no inciso XI do artigo 5º da 
CF de 1988 (entrada em casa alheia somente 
com ordem judicial). 
 
Os artigos 841 a 843 disciplinam a 
sistemática do cumprimento do mandado nos 
seguintes termos: 
 
Art. 841. A justificação prévia far-se-á em 
segredo de justiça, se for indispensável. 
Provado quanto baste o alegado, expedir-
se-á o mandado que conterá: 
 I - a indicação da casa ou do lugar em 
que deve efetuar-se a diligência; 
 II - a descrição da pessoa ou da coisa 
procurada e o destino a Ihe dar; 
 III - a assinatura do juiz, de quem 
emanar a ordem. 
 
Art. 842. O mandado será cumprido por 
dois oficiais de justiça, um dos quais o 
lerá ao morador, intimando-o a abrir as 
portas. 
 § 1o Não atendidos, os oficiais de 
justiça arrombarão as portas externas, 
bem como as internas e quaisquer móveis 
onde presumam que esteja oculta a 
pessoa ou a coisa procurada. 
 § 2o Os oficiais de justiça far-se-ão 
acompanhar de duas testemunhas. 
 § 3o Tratando-se de direito autoral ou 
direito conexo do artista, intérprete ou 
executante, produtores de fonogramas e 
organismos de radiodifusão, o juiz 
designará, para acompanharem os oficiais 
de justiça, dois peritos aos quais 
incumbirá confirmar a ocorrência da 
violação antes de ser efetivada a 
apreensão. 
 
Art. 843. Finda a diligência, lavrarão os 
oficiais de justiça auto circunstanciado, 
assinando-o com as testemunhas. 
 Os Oficiais de Justiça: A regra para o 
cumprimento do mandado prevê que dois 
oficiais de justiça devem participar da 
diligência de cumprimento. O habitual é que 
os mandados sejam cumpridos por apenas 
um oficial de justiça. No caso da busca e 
apreensão cautelar, a previsão da 
participação de dois oficiais tem em vista dar 
maior segurança jurídica ao ato a ser 
praticado por esses serventuários da justiça. 
A medida de busca e apreensão ocorre, 
principalmente, quando é grande o grau de 
litigiosidade das partes e o objeto da 
apreensão deve ser resguardado de toda a 
atuação que possa ameaçá-lo. Às vezes é 
indicado ao magistrado determinar, também, 
o acompanhamento de profissional 
especializado ao ato a ser cumprido, como, 
por exemplo, um médico (no caso de pessoa 
a ser interditada) ou assistente social (no 
caso de menor). 
 
 O arrombamento de portas: Há regra 
prevendo expressamente o arrombamento de 
portas se necessário para o cumprimento da 
busca e apreensão. A regra consagra, em 
outros termos, que tudo o que for necessário 
para o cumprimento do mandado de busca e 
apreensão será feito. Os atos em questão 
deverão obedecer rigidamente à 
proporcionalidade ou razoabilidade dos atos 
administrativos (“não se abatem pardais com 
canhões”), sob pena de responsabilização 
 
 
 
 
 
 
 
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civil do poder público pelos danos materiais e 
morais causados. 
 
 O arrolamento de 
testemunhas:Integrando também a 
formalidade da busca e apreensão, a lei 
determina que os oficiais de justiça da 
diligência arrolem testemunhas. A medida tem 
evidente objetivo de dar transparência e 
segurança ao ato praticado pelos auxiliares 
da justiça. É mister ressaltar a inexistência de 
nulidade no caso de ausência de assinatura 
pelas testemunhas pelo fato de que o oficial 
de justiça goza de fé pública, além do 
disposto no princípio da instrumentalidade 
das formas (Art. 244, CPC). 
 
 O acompanhamento por perito: A 
diligência de busca e apreensão pode ter 
acompanhamento de perito. A hipótese de 
acompanhamento dos oficiais por “experts” é 
para o caso de disputa em torno de direito 
autoral, em especial para a verificação de 
eventual violação ao direito de propriedade 
intelectual.

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