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www.cers.com.br OAB XVII EXAME - PILARES Direito Civil Luciano Figueiredo 1 Direito Civil Parte Geral Material para o Curso Pilares OAB. Elaboração: Luciano L. Figueiredo1. Parte Geral 1. Validade do Negócio Jurídico Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei. I – Capacidade do Agente: Já estudada na aula de Pessoa Física. II – Objeto Lícito, Possível, Determinado ou Determinável III – Forma Prescrita ou Não Defesa em Lei. Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir. Hipótese em que a vontade é vinculada: Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País. IV – Consentimento Válido Pode ser pelo silêncio? Art. 111 do CC: Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o 1 Advogado. Sócio do Figueiredo & Figueiredo Advocacia e Consultoria. Graduado em Direito pela Universidade Salvador (UNIFACS). Especialista (Pós-Graduado) em Direito do Estado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Mestre em Direito Privado pela Universidade autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa. 1.1 Teoria das Invalidades Duas observações iniciais: I. As nulidades nunca são implícitas (exigem sempre texto de lei). II. As invalidades admitem uma gradação. a) Nulidade Absoluta Hipóteses: Art.166. É nulo o negócio jurídico quando: I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; IV - não revestir a forma prescrita em lei; V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção. Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. § 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. Federal da Bahia (UFBA). Professor de Direito Civil. Palestrante. Autor de Artigos Científicos e Livros Jurídicos. Instagram: @lucianolimafigueiredo. Fan Page: Luciano Lima Figueiredo. Twitter: @civilfigueiredo. www.cers.com.br OAB XVII EXAME - PILARES Direito Civil Luciano Figueiredo 2 § 2o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado. Características: 1. O ato nulo atinge interesse público superior; 2. Pode ser arguida pelas partes, por terceiro interessado, pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir, ou, até mesmo, pronunciada de ofício pelo Juiz ex ofício; 3. Não admite confirmação (ratificação), mas pode ser convertido; 4. A ação declaratória de nulidade é decidida por sentença de natureza declaratória de efeitos “ex tunc”; 5. A nulidade, segundo o novo Código Civil, pode ser reconhecida a qualquer tempo, não se sujeitando a prazo prescricional (imprescritível) ou decadencial. # Atenção: apesar de o juiz poder reconhecer ex ofício a nulidade, ele não tem permissão para supri-la, ainda que a requerimento da parte (art. 168 p.u, CC/02). Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes. # Atenção: Entende o STJ que a argüição de nulidade absoluta nas instâncias extraordinárias demanda a observância do requisito do prequestionamento. Informativo 329, STJ: ALIENAÇÃO. BEM IMÓVEL. CLÁUSULA. INALIENABILIDADE. NULIDADE ABSOLUTA. DECLARAÇÃO. OFÍCIO. PREQUESTIONAMENTO. Destacaram as instâncias anteriores que os gravames em questão incidem, tão- somente, sobre os frutos, e não, propriamente, sobre o imóvel. O Tribunal estadual manteve-se nos exatos limites da questão da prescritibilidade, ou não, da pretensão de reconhecimento da nulidade do negócio jurídico entabulado, mantendo- se silente sobre qualquer outra matéria. Não obstante, ainda que se trate de questão chamada de "ordem pública", isto é, nulidade absoluta – passível, segundo respeitável doutrina, de conhecimento a qualquer tempo, em qualquer grau de jurisdição –, este Superior Tribunal já cristalizou seu entendimento pela impossibilidade de se conhecer da matéria de ofício, quando inexistente o necessário prequestionamento. Ocorrida essa nulidade, a prescrição a ser aplicada é a vintenária. Com esse entendimento, a Turma não conheceu do REsp, anotando que a ação foi ajuizada trinta e oito anos após o registro da alienação. O Min. Antônio de Pádua Ribeiro acompanhou o Min. Relator apenas na conclusão, por entender incidente a Súm. n. 283-STF, pois defende a imprescritibilidade dos atos nulos. Precedentes citados: REsp 178.342- RS, DJ 3/11/1998; AgRg no REsp 478.379- RS, DJ 3/4/2006; Edcl no REsp 750.406-ES, DJ 21/11/2005; REsp 919.243-SP, DJ 7/5/2007, e REsp 591.401-SP, DJ 13/9/2004. REsp 297.117-RS, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, julgado em 28/8/2007. b) Nulidade Relativa (Anulabilidade) Hipóteses: Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: I - por incapacidade relativa do agente; II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. Características: 1. O ato anulável atinge interesses particulares, legalmente tutelados (por isso a gravidade não é tão relevante quanto na hipótese de nulidade); www.cers.com.br OAB XVII EXAME - PILARES Direito Civil Luciano Figueiredo 3 2. Somente pode ser arguida pelos legítimos interessados; 3. Admite confirmação expressa ou tácita (ratificação); 4. A anulabilidade somente pode ser arguida, pela via judicial, em prazos decadenciais de 4 (regra geral) ou 2 (regra supletiva) anos, salvo norma específica sem sentido contrário (art. 178 e 179). Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: I - no caso de coação, do dia em que ela cessar; II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade. Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato. 2. Prescrição e Decadência 2.1 Conceitos 2.2 Observações Correlatas I. Os prazos prescricionais, por serem sempre legais, não podem ser alterados pela vontade das partes (ar. 192). E os decadenciais? Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes. II. A prescrição, por ser uma defesa do devedor, pode ser renunciada, nos termos do art.191 CC. Na mesma linha a decadência convencional também pode ser renunciada, não se admitindo, porém, a renúncia ao prazo decadencial legal (art. 209). Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição. Art. 209. É nula a renúncia à decadência fixada em lei. III. O juiz pronunciará e ofício a prescrição. A decadência legal deve ser conhecida de ofício pelo juiz, a convencional não pode ser arguida pela parte a quem aproveita em qualquer grau de jurisdição (arts. 219, parágrafo 5 do CPC, bem como arts. 210 e 211 do CC): Art. 219 - A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição. (Alterado pela L- 005.925-1973) § 1º - A interrupção da prescrição retroagirá à data da propositura da ação. (Alterado pela L-008.952-1994) § 2º - Incumbe à parte promover a citação do réu nos 10 (dez) dias subseqüentes ao despacho que a ordenar, não ficando prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário. (Alterado pela L-008.952-1994) § 3º - Não sendo citado o réu, o juiz prorrogará o prazo até o máximo de 90 (noventa) dias. (Alterado pela L-008.952- 1994) § 4º - Não se efetuando a citação nos prazos mencionados nos parágrafos antecedentes, haver-se-á por não interrompida a prescrição. (Alterado pela L- 005.925-1973) § 5º - O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição. (Alterado pela L-011.280-2006) (Alterado pela L-005.925-1973) § 6º - Passada em julgado a sentença, a que se refere o parágrafo anterior, o escrivão comunicará ao réu o resultado do julgamento. (Alterado pela L-005.925-1973) www.cers.com.br OAB XVII EXAME - PILARES Direito Civil Luciano Figueiredo 4 Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por lei. Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação. IV. O prazo prescricional pode ser impedido, suspenso ou interrompido. Já a decadência apenas não correrá em face dos absolutamente incapazes (arts. 207 e 208 do CC). Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição. Art. 208. Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I. a) Causas Impeditivas ou Suspensivas (art. 197 a 201 do CC). Consistem em causas que impedem o início da contagem do prazo prescricional, ou então vem a suspender a fluência desses esses prazos. A suspensão pode acontecer em diversas oportunidades e, em todas elas, o prazo reinicia de onde parou. Art. 197. Não corre a prescrição: I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal; II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar; III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela. Art. 198. Também não corre a prescrição: I - contra os incapazes de que trata o art. 3º; II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios; III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra. Art. 199. Não corre igualmente a prescrição: I - pendendo condição suspensiva; II - não estando vencido o prazo; III - pendendo ação de evicção. Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva. Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível. b) Causas Interruptivas (art. 202 a 204): Essas zeram o prazo, o interrompendo e fazendo necessidade de nova contagem do início. A interrupção só poderá ocorrer uma única vez, como determina o caput do art. 202. Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual; II - por protesto, nas condições do inciso antecedente; III - por protesto cambial; IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores; V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor. Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper. Art. 203. A prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado. www.cers.com.br OAB XVII EXAME - PILARES Direito Civil Luciano Figueiredo 5 Art. 204. A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros; semelhantemente, a interrupção operada contra o co-devedor, ou seu herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados. § 1º A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros. § 2º A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica os outros herdeiros ou devedores, senão quando se trate de obrigações e direitos indivisíveis. § 3º A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador. Já sobre a decadência: Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição. Art. 208. Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I. Ainda sobre a prescrição: Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita. Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor. Reais 3. Posse x Detenção O que é posse? Quando há detenção e quais as suas consequências? a) Os Servidores da Posse ou Fâmulos da Posse ou Gestores da Posse: art. 1.198 CC. Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. b) Os atos de permissão ou tolerância: art. 1208 CC Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade. c) Pratica de atos de violência ou clandestinidade: art. 1208 CC Desforço incontinente? Nomeação à autoria? 4. Posse Direta x Indireta Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto. De mais a mais, cumpre destacar o entendimento consolidado no Enunciado nº. 76 da Jornada de Direito Civil do Conselho Federal de Justiça: E. 76, CJF - O possuidor direto tem de defender a sua posse contra o indireto, e este, contra aquele. Observação – Composse: Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores Família 5. Regimede Bens www.cers.com.br OAB XVII EXAME - PILARES Direito Civil Luciano Figueiredo 6 Trata-se do estatuto patrimonial do casamento, o qual se inicia com o matrimônio, regido pelos princípios: a) Liberdade de escolha b) Mutabilidade a) Liberdade de Escolha - Pacto Antenupcial: Art. 1.653. É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e ineficaz se não lhe seguir o casamento. Art. 1.654. A eficácia do pacto antenupcial, realizado por menor, fica condicionada à aprovação de seu representante legal, salvo as hipóteses de regime obrigatório de separação de bens. Art. 1.655. É nula a convenção ou cláusula dela que contravenha disposição absoluta de lei. Art. 1.640. Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial. Parágrafo único. Poderão os nubentes, no processo de habilitação, optar por qualquer dos regimes que este código regula. Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a opção pela comunhão parcial, fazendo-se o pacto antenupcial por escritura pública, nas demais escolhas. Variabilidade? b) Mutabilidade (art. 1639) Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver. § 1º O regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar desde a data do casamento. § 2º É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros. O NCC, no §2º do art. 1639, permite a mudança do regime de bens, sendo necessário: a) Pedido conjunto de ambos os cônjuges b) Procedimento de jurisdição voluntária (não pode haver lide). c) O juízo competente é o juízo de família. d) Não pode vim a prejudicar terceiros. Por isso devem publicar editais. 5.1 Principais Espécies a) Regime Da Comunhão Parcial De Bens Ou Regime Supletivo Art. 1.658. No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal, na constância do casamento, com as exceções dos artigos seguintes. Art. 1.661. São incomunicáveis os bens cuja aquisição tiver por título uma causa anterior ao casamento. Art. 1.662. No regime da comunhão parcial, presumem-se adquiridos na constância do casamento os bens móveis, quando não se provar que o foram em data anterior. O que não entra (não-comunica) na comunhão parcial (art. 1659): Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares; III - as obrigações anteriores ao casamento; www.cers.com.br OAB XVII EXAME - PILARES Direito Civil Luciano Figueiredo 7 IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal; V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; VII - as pensões, meios-soldos (rendimento militar), montepios (pensão militar) e outras rendas semelhantes. O que entra (comunicam – aquestos) na comunhão parcial (art. 1660): Art. 1.660. Entram na comunhão: I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges; II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior; III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges; IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge; V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão. b) Regime Da Comunhão Universal De Bens: Art. 1.667. O regime de comunhão universal importa a comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges e suas dívidas passivas, com as exceções do artigo seguinte. Bens excluídos (não comunicam) da comunhão universal (art. 1668): Art. 1.668. São excluídos da comunhão: I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub- rogados em seu lugar; II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva; III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos (presentes de casamento), ou reverterem em proveito comum; IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade – ALIANÇA DE CASAMENTO; V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659. Sucessões 6. Sucessão Legítima 6.1. Ordem de Vocação Hereditária Como visto inicialmente a sucessão legítima é a sucessão por lei que, em principio, ocorre quando não fora feito testamento. Dentro desse contexto, são herdeiros legítimos os descendentes, ascendentes, o cônjuge e os colaterais até o quarto grau. Qual é a ordem de vocação hereditária? Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; III - ao cônjuge sobrevivente; IV - aos colaterais. Vamos à verificação das hipóteses. 6.2. Sucessão do Descendente Norteia-se por duas regras: 1) Igualdade www.cers.com.br OAB XVII EXAME - PILARES Direito Civil Luciano Figueiredo 8 2) Proximidade. Cabeça ou linhas? 6.3. Sucessão do Ascendente Sucessão do ascendente segue as mesmas regras da sucessão do descendente: 1) Igualdade 2) Proximidade. Cabeça ou linhas? 6.4. Sucessão do Cônjuge e Companheiro: Considerações Iniciais Cônjuge e companheiro têm: - herança - meação - direito real de habitação Direito real de habitação do cônjuge - está no art. 1831 CC. Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar. Direito real de habitação do companheiro Não vem disciplinado no CC, mas sim pela Lei 9278/96, no seu art. 7°, parágrafo único. Art. 7, p.u. Dissolvida a união estável por morte de um dos conviventes, o sobrevivente terá direito real de habitação, enquanto viver ou não constituir nova união ou casamento, relativamente ao imóvel destinado à residência da família. a) Sucessão do Cônjuge CC, Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente. Concorrência sucessória do cônjuge com o descendente Inicialmente, como visto, lembremo-nos de que o cônjuge foi elevado à categoria de herdeiro necessário (art. 1845) pelo vigente Código Civil. O cônjuge não concorrerá com os descendentes, se for casado nos seguintes regimes:a) separação obrigatória (1641); b) comunhão universal; c) comunhão parcial, se o falecido não deixou bens particulares. Na hipótese de comunhão parcial incide sobre os bens comuns ou apenas sobre os particulares? Quanto ao critério de divisão (montante), será aplicado o art. 1832 do Código: Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer. E se o cônjuge concorrer com descendentes comuns e não comuns (exclusivos)? Sucessão do cônjuge em concorrência com o ascendente www.cers.com.br OAB XVII EXAME - PILARES Direito Civil Luciano Figueiredo 9 O cônjuge terá direito concorrencial em face dos ascendentes, qualquer que seja o regime de bens, na forma do art. 1837: Art. 1.837. Concorrendo com ascendente em primeiro grau, ao cônjuge tocará um terço da herança; caber-lhe-á a metade desta se houver um só ascendente, ou se maior for aquele grau. Se não houver nenhum descendente e nem nenhum ascendente? b) Sucessão do Companheiro Hodiernamente, o art. 1725 CC manda aplicar à União Estável as regras da comunhão parcial: Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens. Logo, o companheiro tem direto à meação dos bens adquiridos na constância da união. E a sucessão? É herdeiro necessário? O fato é que, o cônjuge possui regramento sucessório especial no art. 1790 do CC. O companheiro somente terá direito sucessório sobre os bens adquiridos a título oneroso na constância da união estável. Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente (AQUESTOS) na vigência da união estável, nas condições seguintes: I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho; II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles; III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança; IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança. Como se dará tal divisão? Sucessão do companheiro com o descendente I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho; II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles; Como visto, incide apenas sobre os bens comuns, excluída a sua meação. Os bens particulares vão direto para os descendentes. E se concorrer com filhos exclusivos e não exclusivos? Sucessão do companheiro com o ascendente III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança; Incide sobre bens comuns. Bens particulares vão todos para os ascendentes. Sucessão do companheiro com colateral até o 4º grau III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança; Sucessão do companheiro sozinho IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança.
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