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POLITICA ECONOMICA - DIREITO - 2015 2

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CURSO: DIREITO
DISCIPLINA: ECONOMIA POLÍTICA
2º. PERÍODO – 2015/02
APOSTILA II
PolíticasEconômicas
Introdução
1 O que são Políticas Econômicas?
 Entendem-se como políticas econômica, as ações tomadas pelo governo, que, utilizando instrumentos econômicos, buscam atingir determinados objetivos macroeconômicos.
 É papel do governo zelar pelos interesses e pelo bem-estar da comunidade em geral. Para esta finalidade, o setor público, enquanto um agente econômico de peso dentro do sistema, procura atuar sobre determinadas
variáveis e através destas alcançar determinados fins tidos como positivos para a população.
 A exemplo do que foi comentado, é comum encontrar, no jornalismo econômico, notícias a respeito da elevação ou redução da taxa de juros. Todavia, essas alterações nos juros são determinadas pela atuação do governo sobre outras variáveis (neste caso . oferta de moeda). Essas modificações nos juros buscam afetar outros objetivos maiores como crescimento econômico e/ou controle inflacionário.
 Políticas econômicas têm como objetivo afetar a economia como um todo, e é por isso que sua análise está no campo da macroeconomia. Entender os objetivos e instrumentos das políticas é um dos objetivos do presente
capítulo. Portanto, torna-se fundamental o entendimento do encadeamento lógico entre as ações, variáveis e objetivo. Desta forma é possível uma leitura e interpretação geral do mundo macroeconômico.
2 Para que Existem as Políticas Econômicas?
Os governos federais, estaduais e municipais têm importante papel na economia de uma nação. As principais funções do setor público são destacadas em quatro áreas de grande abrangência:
. reguladora: o Estado deve regular a atividade econômica mediante
leis e disposições administrativas. Com isso, torna-se possível o
controle de alguns preços, monopólios e ações danosas ao direito
do consumidor;
. provedora de bens e serviços: o governo, também, deve prover ou facilitar o acesso a bens e serviços essenciais, principalmente àqueles que não são de interesse do setor privado, tais como, educação, saúde, defesa, segurança, transporte e justiça;
. redistributiva: as políticas econômicas devem atingir e vir a beneficiar os mais necessitados da sociedade.Com isso, modificam a distribuição de renda e riqueza entre pessoas e/ou regiões. A igualdade social deve ser uma prioridade a ser buscada pelos órgãos públicos;
. estabilizadora: os formuladores de políticas econômicas devem estar preocupados em estabilizar/controlar os grandes agregados macroeconômicos, tais como, taxa de inflação, taxa de desemprego e nível de produção, com o intuito de beneficiar a população.
 
 Os cidadãos e agentes informados da sociedade brasileira sabem que essas quatro funções básicas do governo são vitais para o bom funcionamento de qualquer sistema econômico.
 No estudo da macroeconomia cabe ainda destacar, neste capítulo, a última função do governo, ou seja, a de estabilizar/controlar os grandes agregados macroeconômicos. Dentro dessa função do setor público, os principais agregados econômicos são: taxa de juros, crescimento econômico, nível de preços, taxa de desemprego e taxa de câmbio.
 Entretanto, para que esses objetivos do setor público sejam alcançados de forma eficaz, o governo utiliza-se de um conjunto de políticas e instrumentos econômicos, destacados a seguir.
3 Políticas Econômicas e seus Instrumentos
 As políticas econômicas e os grupos de instrumentos de que estas se utilizam para o atingimento de determinados fins podem ser divididos em três grandes grupos: política monetária, política fiscal e política cambial.
3.1 Política monetária
 A política monetária tem como objetivo controlar a oferta de moeda na economia. Determinar a quantidade de moeda (dinheiro) na economia é função do Conselho Monetário Nacional (CMN), com participação do Banco
Central do Brasil (BACEN). Ao determinar a quantidade de dinheiro, tem-se a formação da taxa de juros, ou seja, a taxa de juros pode ser simplificadamente interpretada como sendo o .preço do dinheiro..
 A lógica da política monetária consiste em controlar a oferta de moeda (liquidez) para determinar a taxa de juros de referência do mercado. Nesse sentido, o Banco Central, seja qual for o país, eleva a taxa de juros (.preço do
dinheiro.), enxugando (diminuindo) a oferta monetária, e a reduz atuando de forma inversa.
 Cabe destacar que em um sistema econômico, moeda representa os meios de pagamento. Estes, na sua forma mais líquida, podem ser representados pelo papel-moeda e pelos depósitos à vista nos bancos comerciais. Tanto as
cédulas/moedas metálicas quanto os valores existentes nas contas bancárias representam os meios de pagamento.
 A política monetária, ao controlar os meios de pagamento, está visando estabilizar o nível de preços geral da economia. Os governos que necessitam diminuir a taxa de inflação reduzem a oferta monetária e aumentam a taxa de juros. Esse mecanismo controla o nível de preços. Mas, se as taxas de juros permanecerem elevadas por um período longo, a economia pode deixar de elevar o crescimento econômico.
 A propósito, qual o motivo de a taxa de juros da economia brasileira ser tão elevada, e o que poderia ser feito para reduzir a mesma? Os juros estão altos com o intuito de controlar a estabilidade de preços da economia, e, para
baixar o mesmo, o governo teria que aumentar a liquidez do sistema, ou seja, colocar mais moeda em circulação, o que provavelmente traria um efeito indesejado que é a elevação dos preços de forma generalizada, definida em
economia como inflação.
 Assim, respondendo a uma questão de anseio popular, a inflação pode retornar a patamares mais altos? Sim. Mas isto só virá a acontecer se por algum motivo (dificuldades na rolagem da dívida, por exemplo) o governo
tiver que colocar em circulação uma grande quantidade de moeda para financiar a dívida.
 O BACEN pode alterar os meios de pagamento (oferta de moeda) utilizando-se de quatro instrumentos:
a) Operações de mercado aberto (Open Market)
As operações de mercado aberto são caracterizadas pela compra e venda de títulos públicos do BACEN no mercado. Esses títulos podem ser de emissão própria ou em geral do Tesouro. Seu impacto sobre a liquidez na economia pode ser resumido em dois simples exemplos:
Exemplo 1: Banco Central compra títulos públicos do mercado, fazendo o pagamento em reais. Nesse caso, a oferta de moeda aumenta, pois o BACEN está retirando um ativo (título) que não é meio de pagamento e fornecendo ao mercado um ativo líquido (moeda), no caso, Real.
 Essa operação, realizada em grande quantidade, tem como objetivo aumentar a oferta de moeda e consequentemente diminuir a taxa de juros do mercado.
Exemplo 2: Banco Central vende títulos públicos ao mercado, recebendo o pagamento em reais. Ocorre o caso inverso do exemplo anterior. O BACEN está ofertando um ativo menos líquido (títulos) e retirando do mercado (economia) um ativo mais líquido (moeda). Essa operação, realizada em grande escala, tem como finalidade diminuir a oferta monetária e conseqüentemente aumentar a taxa de A lógica da política monetária consiste em controlar a oferta de moeda (liquidez) para determinar a taxa de juros de referência do mercado juros e com isso controlar o nível de preços.
b) Depósito compulsório
 São depósitos sob a forma de reservas bancárias que cada banco comercial é obrigado legalmente a manter junto ao Banco Central. É calculado como um percentual sobre os depósitos à vista nos bancos comerciais.
 Quanto maiores os depósitos compulsórios, maior o nível de reservas obrigatórias dos bancos junto ao Banco Central. Os recursos destinados aos empréstimos sofrerão
uma diminuição e provocando com isso a criação de moeda bancária (valores depositados nos bancos).A taxa de juros sofreria um aumento, sendo o inverso também verdadeiro.
 Para diminuir a liquidez do sistema financeiro, o Banco Central eleva a taxa de compulsório. Com menos recursos para emprestar dos bancos comerciais, o crescimento da economia como um todo e afetado.
c) Redesconto bancário
 A assistência financeira de liquidez ou redesconto é o mecanismo pelo qual o BACEN socorre instituições financeiras com problemas de liquidez. O redesconto é o empréstimo que os bancos comerciais
recebem do BACEN para cobrir eventuais problemas de liquidez. A taxa cobrada sobre esses empréstimos é chamada de taxa de redesconto. Um aumento da taxa de redesconto indica que os bancos sofrerão maiores
custos, caso tenham problema de liquidez. Neste caso, as instituições irão aumentar suas reservas e diminuir o crédito, aumentando o custo para se obter meios de pagamento, ou seja, a taxa de juros.
d) Controle e seleção de crédito
 Um instrumento não muito convencional, mas às vezes utilizado pelo Banco Central, refere-se ao controle direto sobre o crédito. Este pode estar relacionado ao volume de crédito, ao prazo e destinação do
crédito. Este instrumento pode gerar distorções no livre funcionamento do mercado de crédito, e até desestimular a atividade de intermediação financeira.
 A política fiscal visa estimular o crescimento e reduzir a taxa de desempenho por meio da elaboração do orçamento público
3.2 Política Fiscal
 O principal instrumento de política econômica do setor público refere se à política fiscal. Esta, por sua vez, consiste na elaboração e organização do orçamento do governo, o qual demonstra as fontes de arrecadação e os gastos públicos a serem efetuados em um determinado período (exercício).
 A política fiscal visa atingir a atividade econômica e assim alcançar dois objetivos inter-relacionados, a saber, estimular a produção, ou seja, crescimento econômico e combater, se for o caso, a elevada taxa de desemprego. O
financiamento do déficit do setor público, também e um fator de preocupação da política fiscal.
 O governo pode alterar o volume das receitas e gastos públicos através dos instrumentos fiscais. Estes instrumentos são:
a) Impostos (receita):
Os impostos podem ser classificados em duas categorias:
- Impostos diretos: incidem diretamente sobre a renda das unidades familiares e das empresas. Ex.: IRPF (Imposto de Renda de Pessoa Física); IRPJ (Imposto de Renda de Pessoa Jurídica).
- Impostos indiretos: são tributos que oneram as transações intermediárias e finais. São incorporados ao processo produtivo e, portanto, incidem indiretamente sobre o contribuinte (consumidor). Ex.: ICMS; ISS; COFINS; PIS.
b) Despesas do governo (gastos):
As despesas do governo podem ser divididas em:
- Consumo: gastos com salários, administração pública, funcionalismo civil e militar.
- Transferências: benefícios pagos pelos institutos de previdência social, sob a forma de aposentadorias, salário-escola, FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
- Subsídios: são pagamentos feitos pelo governo a algumas empresas públicas ou privadas.
- Investimentos: gasto com aquisição de novas máquinas, equipamentos, construção de estradas, pontes, infra-estrutura.
c) Orçamento do governo:
O resultado das operações de receitas menos os gastos do setor público representam o orçamento do governo. Este saldo pode ser classificado em três esferas:
- Orçamento equilibrado: ocorre quando o total das receitas em valores monetários de um determinado período for exatamente igual ao total dos gastos em valores monetários.
- Orçamento superavitário: as receitas superam os gastos em valores monetários em um determinado exercício do governo.
- Orçamento deficitário: as receitas são inferiores aos gastos. Quando o Tesouro Nacional, responsável pelas contas do setor público, registra um caso de déficit, o governo deve determinar como será o financiamento ou o pagamento desse excesso de gastos. Entretanto, o resultado do setor público pode ser dividido em duas contas:
. Superávit/déficit primário ou fiscal: é o saldo positivo/negativo alcançado quando a receita do governo federal e estadual é superior/ inferior aos seus gastos. É a diferença entre os gastos públicos e a arrecadação tributária no exercício, independente dos juros e da correção da dívida passada.
. Déficit operacional (Necessidade de Financiamento do Setor Público - NFSP): é calculado pelo resultado primário, acrescido do pagamento dos juros da dívida passada. O déficit do setor público pode ser financiado por duas principais fontes de recursos:
. Emissão de moeda: o BACEN, neste caso, cria moeda para financiar a dívida do Tesouro. Este procedimento é também conhecido como monetarização da dívida.
. Empréstimos: venda de títulos da dívida pública ao setor privado (interno ou externo): o governo oferta títulos em troca de moeda para financiar sua dívida atual. Esse financiamento tende a aumentar o déficit operacional devido ao pagamento dos juros.
No governo (Fernando Henrique Cardoso) apresentava uma dívida pública no seu conceito operacional crescente porque busca sistematicamente o financiamento do déficit via empréstimos. A monetização1 da dívida é descartada, pois esta teria um impacto significativo sobre a taxa de inflação. A atuação do governo através da política fiscal, da mesma forma que pela política monetária, busca alcançar alguns objetivos de política econômica, dentre os principais, a estabilidade e o crescimento econômico. Por exemplo, o nível de desemprego da economia brasileira pode ser entendido como resultado do baixo crescimento econômico, e este pode ser explicado em grande
parte pela falta de políticas fiscais expansivas (por exemplo, aumento dos gastos públicos). Pelo lado da política monetária, uma maior oferta monetária para redução da taxa de juros poderia estimular o investimento privado, gerando desta forma novos empregos.
 Entende-se como monetarização da dívida o resgate dos títulos públicos (dívida do governo) através da compra destes, utilizando-se nova moeda criada no sistema. O governo emite moeda e através desta salda a sua dívida.
3.3 Política Cambial
 O mercado de câmbio (divisas) é formado pelos diversos agentes econômicos que compram e vendem moeda estrangeira, conforme suas necessidades. Empresas que vendem mercadorias ou ações no exterior estão aumentando a oferta de moeda estrangeira, em particular o Dólar, pois sua receita ocorre em moeda estrangeira. Empresas que compram bens ou ações do exterior estão demandando moeda estrangeira (Dólar), pois seus gastos
ocorrem em dólares. Neste sentido, o preço da moeda estrangeira em relação à moeda nacional é determinado neste mercado. Este preço é chamado de taxa de câmbio (R$/US$).
 Cabe explicar que as relações econômicas, comerciais e financeiras dos agentes de determinado sistema econômico, com os agentes de outro sistema econômico (normalmente país), são registradas na Balança de
Pagamentos. Eventuais déficits no Balanço de Pagamentos são decorrentes do fato de a entrada de divisas (dólares) ser inferior a saída de divisas. Este fato é resultado de dois desequilíbrios. O primeiro é que se exportam bens e
serviços menos do que se conseguem importar, resultando em uma saída de divisas maior do que a entrada. O segundo desequilíbrio é causado pelo lado financeiro, onde não se conseguem atrair recursos (dólares) em quantidade suficiente para pagar as contas em dólar.
 Caso o câmbio esteja a R$ 2,50, significa que são necessários R$ 2,50 reais para comprar um dólar. Se este subir para R$ 3,00 por dólar, ocorreu uma desvalorização da moeda local em relação à moeda estrangeira. O preço da moeda estrangeira elevou-se.
 Se o preço sobe devido a um aumento
da demanda por dólares, dizemos que ocorreu uma desvalorização do Real frente ao Dólar. Precisa-se de mais reais para comprar a mesma quantidade de dólares. Se o preço desce devido a um aumento da oferta de dólares, dizemos que ocorreu uma valorização do Real frente ao Dólar. Menos reais serão necessários para comprar a mesma quantidade de dólares.
 As empresas brasileiras que participam do comércio internacional dependem substancialmente da taxa de câmbio. Entender o funcionamento desse mercado é fundamental. Ele pode agir de três maneiras. As empresas brasileiras que participam do comércio internacional dependem substancialmente da taxa de câmbio. Entender o funcionamento
desse mercado é fundamental:
a) Regime de câmbio flutuante
Neste caso não há intervenção do Banco Central no mercado. O preço da moeda estrangeira, ou a taxa de câmbio, é determinado exclusivamente pela interação entre oferta e demanda. O BACEN não compra e não vende dólares. Esse procedimento é adotado nos principais países desenvolvidos. Após a desvalorização do Real frente ao Dólar em 1999, o País adotou um regime híbrido de câmbio, que mais se aproxima do cambio flutuante.
b) Regime de câmbio fixo
Este regime representa um caso extremo de controle do mercado. O Banco Central deve estar constantemente regulando o mercado. Caso haja um excesso de procura/demanda por dólares, este deve vender dólares ao mercado para que o câmbio não se desvalorize. Caso ocorra um excesso de oferta de dólares no mercado, o Banco
Central deve comprar o excesso para que o câmbio não se valorize. A Argentina adotou esse regime durante a década de 1990. Alguns países da América Latina, tais como, Equador e Uruguai, também adotam ou adotaram esse sistema. Eles buscavam uma alternativa para controlar o nível de preços internos, fortalecendo a moeda nacional, pois esta estava fixada a uma taxa determinada de câmbio. Controlar o mercado de câmbio exige do Banco Central um certo nível de reservas internacionais (cambiais). Se esse regime sofrer uma fuga significativa de capitais (dólares), o BACEN ira perder muitas reservas e consequentemente pode desvalorizar a moeda local.
c) Formas híbridas de câmbio
Formas híbridas de câmbio são maneiras de atuar sobre este; é uma mistura entre o câmbio fixo e o câmbio livre ou flutuante. Existem inúmeras maneiras intermediárias entre o câmbio fixo e o câmbio livre de se atuar sobre o câmbio. Este texto se concentra em duas delas, pelo fato destas terem sido utilizadas na economia brasileira desde o período de 1994 até 2002. Regime de Bandas Cambiais e Dirty Float (flutuação suja).
 O Regime de Bandas Cambiais, que foi utilizado na economia brasileira para o período de 1994 a 1999, adota uma flutuação para a taxa de câmbio dentro de determinados limites, ou seja, estabelece um teto e um piso. Esta forma de câmbio é considerada híbrida, porque entre os parâmetros, superior e inferior, o câmbio flutua livremente, aproximando-se dessa forma do câmbio livre. Todavia, quando a taxa de câmbio aproxima-se ou ultrapassa as bandas, as autoridades intervêm no mercado comprando ou vendendo divisas (dólares) até que a taxa retorne aos patamares estabelecidos. Sendo assim, podemos considerar essa taxa fixa dentro de determinados valores.
 A amplitude de variação da taxa de câmbio depende dos interesses das autoridades econômicas, com vista aos objetivos de política econômica, podendo ter uma flexibilidade maior (limites mais amplos), ou ter uma maior
restrição fazendo com que o teto e o piso desta flutuação se aproximem, sendo que neste segundo caso o regime também é chamado de Mini Bandas Cambiais.
 A flutuação suja, que passou a ser utilizada no Brasil pós 1999, distancia-se do Regime de Bandas Cambiais, porque a princípio o câmbio é livre e pode flutuar livremente. No entanto, quando as oscilações ocorridas no mercado cambial podem vir a comprometer determinados objetivos de política econômica, o governo atua sobre o mercado até que a situação venha a estabilizar-se. A idéia é que, com a adoção do câmbio flutuante, o mercado passe a ter uma completa liberdade. Desta maneira, as intervenções não são desejadas e só ocorrem em situações específicas.
Considerações finais
Pretende-se explicitar que as políticas econômicas, discutidas ao longo deste capítulo, são de suma importância para o entendimento dos cenários macroeconômicos. As ações de política monetária, fiscal e cambial têm como
finalidade maior alcançar objetivos que tragam benefícios para a população, sendo que tanto o resultados destes objetivos como os reflexos, muitas vezes indesejados, que estas trazem acabam por afetar a vida de todos, empresas e pessoas. Porém é importante saber que o governo, antes da adoção das medidas de política econômica, procura fazer uma leitura do cenário macroeconômico, buscando verificar qual a situação em que se encontra a economia, para traçar um plano de onde espera chegar. Para isto ele utiliza-se de mecanismos de observação da atividade econômica, que são conhecidos como indicadores econômicos.
Bibliografia recomendada
MENDES, Judas Tadeu Grassi. Economia empresarial. Curitiba: Ed. do
autor, 2002.
ROSSETTI, José P. Introdução à economia. 18.ed. São Paulo: Atlas, 2000.
DORNBUSCH, Rudiger; FISCHER, Stanley. Macroeconomia. 5.ed. São
Paulo: Makron, Mc Graw-Hill, 1991.
O que é Demanda Agregada:
Demanda agregada (DA) significa a totalidade de bens e serviços (demanda total) que numa determinadaeconomia os consumidores, as empresas e o Estado, estão dispostos a comprar, a um determinado nível de preço e em determinado momento.
Na economia de um país, a demanda agregada representa o gasto total com a compra de bens e serviços que serão adquiridos, para cada nível de preço. Está relacionada com o total da produção, PIB (Produto Interno Bruto) de um país quando os seus níveis de estoque são estáveis.
A demanda agregada depende de alguns fatores como: política monetária e fiscal, da renda em poder dos consumidores disponível para consumo, dos impostos a que estão sujeitos, dos gastos públicos efetuados pelo Estado, entre outros.
A curva de demanda agregada revela a quantidade de bens que os consumidores desejam comprar a cada nível de preço. Tem inclinação negativa devido aos efeitos da renda, da taxa de juros e da taxa de câmbio.
Política Econômica Brasileira
A política econômica brasileira é caracterizada pelas ações do governo que buscam atingir seus objetivos através de instrumentos econômicos, divididos entre as políticas monetária, fiscal e cambial. A principal função do poder público no Brasil é zelar pelo bem comum, contudo, para realizar essa função, o governo, enquanto agente econômico do sistema, precisa intervir sobre determinadas variáveis no intuito de prover condições favoráveis à população. Os governos federal, estaduais e municipais atuam em conjunto para a consolidação das políticas econômicas adotadas no país.
Cumprindo seu papel regulador, o Estado direciona as atividades econômicas mediante leis e disposições administrativas, controlando preços, monopólios e ações danosas ao direito do consumidor. O governo também possui o compromisso de prover ou facilitar o acesso a bens e serviços essenciais, principalmente aqueles que não são de interesse do setor privado, como educação, saúde, defesa, segurança, transporte e justiça.
Outra função assumida pelo Estado é a redistributiva, que tem o objetivo de beneficiar a parcela de necessitados da sociedade. Suas diretrizes econômicas e sociais devem primar pela distribuição de renda de maneira igualitária. Entretanto, a mais importante de suas atribuições no setor é manter a economia estabilizada, controlando os grandes agregados macroeconômicos, as taxas de inflação, desemprego e nível de produção. O bom desempenho das funções gestoras do governo resultam no bom funcionamento do sistema econômico.
Compondo as diretrizes econômicas
nacionais estão as medidas adotadas pela política cambial, que regulamenta as operações de exportação e importação; a política monetária, que controla a quantidade de moeda em circulação no país; e a política fiscal, que determina as fontes de arrecadação e os gastos públicos brasileiros.
  
A NOVA REALIDADE ECONÔMICA
O Japão, apesar de se submeter à ocupação militar, não se submeteu a uma ocupação econômica. Ainda que totalmente devastado, o parque industrial japonês continuou sob controle nacional, e o gênio e a capacidade de trabalho deste povo logo deu início à sua recuperação. Programas econômicos governamentais em paralelo com a ajuda externa propiciaram a recuperação econômica, e já na década de 1960 o Japão era um dos países de mais rápido crescimento da economia, em todo o mundo, com um crescimento bastante veloz da renda nacional.
Uma florescente indústria automobilística e eletrônica logo colocou de novo o país como um dos maiores exportadores do mundo.
 A formação de uma comunidade econômica européia na década de 1960 evoluiu para a formação de um bloco político e econômico, a União Européia, com uma moeda única (o Euro)
e que caminha para um governo unificado (o Parlamento Europeu ainda não tem total autonomia sobre todos os assuntos dos países membros).
A Alemanha, apesar de ter gasto uma soma fabulosa em sua reunificação, não tem dado mostras de esgotamento econômico.
No continente americano, os projetos de unificação comercial (ALCA e Nafta)esbarram na exagerada desproporção econômica dos países centro e sul-americanos frente ao gigante do norte. Problemas políticos e econômicos sempre foram a regra no chamado Cone Sul, e o crescimento econômico sempre foi descontínuo (o México,ainda que tenha passado recentemente por graves problemas, apresenta atualmente uma economia em franco progresso).As décadas de 1980 e 1990 foram marcadas pelo início do processo de regionalização das relações comerciais mundiais. Este processo, contudo, apenas continuava aquele processo iniciado a partir da década de 1950, quando se iniciou o processo de integração econômica européia. Em 1957, com a assinatura do Tratado de Roma, foi criada a CEE – Comunidade Econômica Européia (ou Mercado Comum Europeu – MCE), na esteira do Plano Marshall, inicialmente com os seguintes países: Alemanha Ocidental, França, Itália, Holanda, Bélgica e Luxemburgo. Em 1973,incorporaram-se à organização a Irlanda, Inglaterra e Dinamarca, que antes participavam da Associação Européia de Livre Comércio. Em 1967, surgiu a Asean, ou Associação das Nações do Sudeste, que atualmente compreende a Indonésia, Filipinas, Malásia, Tailândia, Singapura, Brunei, Vietnã, Mianmar (antigo Ceilão), Laos e Camboja. Em 1969, surgiu o Pacto Andino, ou Comunidade dos Países Andinos, que compreende os seguintes países: Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia. Em1973, foi formado o Mercado Comum e Comunidade do Caribe (Caricom), integrado por Suriname, Guiana, Honduras, Belize e as Ilhas do Caribe. Em 1988, surgiu o Nafta, reunindo Estados Unidos da América, Canadá e México. Em 1989 veio a Apec, ou Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico, composta por Austrália, Brunei, Canadá, Indonésia, Japão, Malásia, Nova Zelândia, Filipinas, Singapura, Coréia do Sul, Tailândia, Estados Unidos, China, Hong Kong, Formosa (Taiwan), México, Papua, Nova Guiné, Chile, Peru, Federação Russa e Vietnã. A CEE, ou Comunidade dos Estados Independentes, foi criada em 1991, tendo como participantes a Armênia, Belarus (Bielo-Rússia), Cazaquistão, Federação Russa, Moldávia, Quirguistão, Tadjiquistão, Turcomenistão, Uzbequistão, Ucrânia, Geórgia e Azerbaijão. Em 1991criou-se o Mercosul, ou Mercado Comum do Cone Sul, formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Em 1992, surgiu a Comunidade da África Meridional para o Desenvolvimento (SADC), integrado por Angola, África do Sul, Botswana, Lesopo, Malauí, Ilhas Maurício, Moçambique, Namíbia, República Democrática do Congo, Ilhas Seicheles, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia, Zimbábue. Este processo de regionalização econômica marcou o modo como se tem se desenvolvido a economia mundial, nas últimas décadas. O Mercado Comum Europeu evoluiu para a integração política do continente europeu (a União Européia), unificando moedas e abrindo fronteiras internas. Ainda hoje estão em processo embrionário deformação outras comunidades; o grande debate hoje em dia, no Brasil, é decidir se o país fará parte da ALCA (Área de Livre Comércio das Américas), que irá integrar todo o continente americano (com a exceção prevista de Cuba) em um único bloco econômico.
Capitalismo versus Comunismo
 
A constante expansão econômica que se deu no período do após guerra veio desmentir em toda a linha as críticas que sempre se fizera contra o sistema capitalista. No confronto econômico entre os blocos dos países capitalistas e dos países ditos socialistas, a realidade acabou por mostrar a diferença crônica entre os dois sistemas. A derrocada do socialismo e o fim da União Soviética se deu exatamente por motivos econômicos. O planejamento econômico centralizado sucumbiu ante a pujança da economia baseada na propriedade individual e na livre concorrência.
A economia soviética não pôde suportar os sucessivos aumentos de gastos militares, e acabou ruindo. Mesmo um país como a China, que se declara politicamente marxista, aderiu completamente ao sistema econômico capitalista, admitindo a propriedade privada e a livre iniciativa. A preocupação com o bem-estar do trabalhador, ainda que nebulosamente fizesse parte das considerações teóricas de Karl Marx em sua revolta furibunda contra o capitalismo de sua época,
realmente jamais fez parte da sua ou das demais preocupações dos marxistas. Assim, quando Lênin subiu ao poder na Rússia, ele estava mais preocupado em fortalecer o Estado contra os inimigos internos ou externos; jamais houve nenhuma iniciativa no sentido de criar uma legislação trabalhista adequada, por exemplo. Qualquer sinal de comportamento “anti-revolucionário” (que incluía a buscado conforto ou da prosperidade pessoal) era severamente punido.
 Não se pode citar uma só conquista trabalhista que se tenha dado em função da pretensa “proteção” socialista ao trabalhador, constantemente apregoada pelo regime. Na verdade, a regra sempre foi a repressão a qualquer anseio de melhoria, qualquer que fosse ele.
Durante o período stalinista, faltar ou chegar atrasado ao trabalho era considerado falta gravíssima, punida com o exílio na Sibéria. Além disso, o Estado soviético não tinha nenhum respeito pelo trabalhador. Em vários momentos, cogitou-seda substituição do salário por bens “úteis”.“
 Na Rússia, o Estado combina as formas mais evoluídas de controle e dominação burocrática com o que de mais baixo e atrasado existe no que se refere ao desenvolvimento econômico. Daí a consideração da personalidade humana como mero índice de produção, podendo a burocracia dirigente dispor como bem quiser do homem, transferindo-o do Kirkiz à Sibéria ou de Vladivostok a Moscou.” 
A situação do trabalhador soviético só começou a melhorar com a ascensão de Khruschev ao poder, após a morte de Stálin.
E no entanto, este estado de coisas apenas representava a paranóia que tomava conta dos dirigentes, sempre vendo a ameaça capitalista em tudo. Lênin, assim que tomou o poder na Rússia, procedeu a um verdadeiro expurgo nas próprias fileiras marxistas, exterminando antigos companheiros a pretexto de seu (deles) vezo burguês.
 O sistema capitalista, por sua vez, após ter passado pela fase “selvagem” (que foi a que Marx conheceu), começou gradativamente a mudar. Não foi uma mudança rápida; entretanto, já em 1880 o cenário social alemão viu surgir uma nova mentalidade, que viria a se traduzir no moderno Estado do Bem-Estar. O chanceler Bismarck, temeroso que a ordem do Estado fosse afetada por revoluções sociais, começou a exortar para que se atenuasse a face mais cruel do capitalismo. Seu poder
de convencimento levou o Reichstag alemão a aprovar, em 1884 e 1887, leis que, ainda que de forma rudimentar, viriam a prover aos trabalhadores proteção e assistência nos casos de doença, acidentes, incapacidade, bem como ampará-los na velhice. Medidas similares foram adotadas na Áustria, na Hungria e no resto da Europa. Na Inglaterra, por volta do final do século XIX e início do século XX, homens e mulheres
socialmente engajados, bem como os sindicatos (que já eram poderosos e bem organizados), fizeram aprovar leis (em 1911)que instituíam proteção contra doença e invalidez, e mais tarde, contra o desemprego (o seguro-desemprego). Para sustentar todas estas medidas, novos impostos foram criados, que agora alcançavam uma classe que jamais os pagara: os ricos.
 Quando o presidente Roosevelt subiu ao poder em 1933, e tendo como tarefa vencera Grande Depressão, ele tomou medidas econômicas visando combater o marasmo econômico e a queda de produção e de renda nacional. Apesar de que tenha ocorrido outra crise (uma recessão) em 1937, suas medidas levaram pouco a pouco o país a recuperar-se, e lançaram as bases da prosperidade que se seguiria à Segunda Guerra Mundial.
A Nova Revolução Industrial
 
Com a derrocada do sistema socialista da União Soviética, e com o predomínio da mentalidade capitalista, o mundo entrou em uma nova era econômica. Se antes se dividia em pólos opostos pela ideologia, agora o mundo se divide em áreas econômicas de influência. A civilização atual, seja ela formada nos moldes capitalista ou provinda dos escombros do socialismo, caracteriza-se por uma forte tendência ao consumismo.“
“ A Revolução Industrial elevou a produtividade do trabalho a níveis sem precedentes na história do homem. A multiplicação das fábricas e a ampla utilização de máquinas constituíram a base mecânica dos ganhos de  produtividade. Contudo, a canalização do potencial produtivo para a criação de bens de capital exigiu que uma parte relativamente menor deste potencial fosse dedicada à produção de bens de consumo. A aquisição de bens de capital fez-se, portanto, a um custo social elevado, resultando em grandes privações para as massas”. 
Nos países mais avançados economicamente, o aumento crescente da produtividade, trazendo mais altos salários que propiciassem ao consumo, levou à criação de um forte mercado interno de consumo.
O bem estar e a aparente tranqüilidade proporcionada pela pujança material, por outro lado, possuem um lado menos racional; a prosperidade pagou o seu preço.“
“Os direitos e liberdades que foram fatores assaz vitais nas origens e fases iniciais da sociedade industrial renderam-se a uma etapa mais avançada desta sociedade: estão perdendo o seu sentido lógico e conteúdo tradicionais. Liberdade de pensamento, liberdade de palavra e liberdade de consciência foram – assim como o livre empreendimento, que elas ajudaram a promover e proteger – idéias essencialmente críticas destinadas a substituir uma cultura material e intelectual obsoleta por outra mais produtiva e racional. Uma vez institucionalizados, esses direitos e liberdades compartilharam do destino da sociedade da qual se haviam tornado parte integral. A realização cancela as premissas”.  
Entretanto, uma nova consciência vem surgindo por entre os beneficiários desta sociedade de opulência, representada por uma atitude crítica frente ao preço a pagar por ela. Cada vez mais se levantam críticas, oposições e movimentos organizados contra a ação predatória e poluidora característica do sistema industrial. Atualmente, aumenta cada vez mais a preocupação pelo equilíbrio ecológico do planeta, ameaçado pela exploração desenfreada de seus recursos. Por todo o mundo, grupos se organizam visando defender não apenas o futuro, mas o próprio presente ameaçado.
  
“ A questão política mais básica, ( ... ) não é quem controla os últimos dias da sociedade industrial, mas quem modela a nova civilização que surgirá rapidamente para substituí-la. Enquanto as escaramuças políticas de curto alcance esgotam a nossa energia e atenção, uma batalha muito mais profunda já está tomando lugar sob a superfície. De um lado estão os guerrilheiros do passado industrial; do outro, crescentes milhões que reconhecem que os problemas mais urgentes do mundo – a comida, a energia, o controle da armas, a população, a pobreza, os recursos, a ecologia, o clima, os problemas da idade, o colapso da comunidade urbana, a necessidade de trabalho produtivo e compensador – não mais podem ser resolvidos dentro da estrutura da ordem industrial”. 
A obra de Toffler que citamos acima tem uma penetrante visão sobre o modo como se desenvolveu a nossa civilização. Para este autor, este desenvolvimento pode ser dividido em três fases: a Primeira Onda, de características essencialmente agrícolas; a Segunda Onda, especificamente industrial; e a Terceira Onda, que apenas iniciamos, e que se caracteriza pela desurbanização, des-industrialização e por formas de produção econômicas totalmente novas.
Para Toffler, a atual revolução está se processando em um eixo cujo motor é a tecnologia, transportes aperfeiçoados e as comunicações. Daniel Bell, um outro teórico da nova civilização, a chama de “sociedade pós-industrial”. Ele diz que esta sociedade se caracteriza por três componentes principais: em economia, pela mudança da manufatura para os serviços; em tecnologia, pela centralização destas nos ramos de computadores, eletrônica, ótica e polímeros; sociologicamente, pela ascensão de novas elites técnicas e novas estratificações de classes sociais.
.Para este autor, as mudanças na indústria e na economia irão se caracterizar pela automação em massa, impondo novos ritmos à vida cotidiana, ao modo de vida e ao lazer, pela diminuição dramática do número de horas trabalhadas por semana. A composição básica da força de trabalho se altera, à medida que os processos automáticos reduzem o número de operários industriais necessários à produção. Como conseqüência mais importante, Bell aponta o fato de que as indústrias passariam a se localizar distantes das grandes cidades, mais perto das fontes de matéria-prima e combustíveis. A descentralização industrial, além de revolucionar a topografia social, tornaria indistinta as orlas radiais das metrópoles e das fronteiras entre urbano e suburbano. Sob o domínio da automação, a depreciação do maquinário representaria um custo maior do que o dos salários da mão-de-obra; assim, para neutralizar o alto investimento de capital, cada vez mais as fábricas automatizadas passariam a funcionar 24 horas por dia. Como conseqüência, ficariam alteradas todas as formas conhecidas de “turnos de trabalho”, trazendo como conseqüência novas relações trabalhistas, nova legislação e novas formas sociais e jurídicas de interpretação do trabalho.
 Um aspecto que causa calafrios é o gigantismo da nova economia. Fusões sucessivas estão criando corporações tão gigantescas, que fazem parecer insignificantes as corporações de fim do século XIX. O advento da tecnologia da informática e do mundo virtual criado pela rede de computadores (a Internet) propiciou o surgimento de novas corporações cujo valor de mercado ascende a centenas de bilhões de dólares. Atualmente, já não se pode definir uma empresa como sendo de capital intensivo ou de mão-de-obra intensiva. A pesquisa, a engenharia e o Design levaram à criação de um novo termo, a inteligência intensiva. No custo final de um chip, por exemplo, apenas15% referem-se à matéria prima, energia, maquinário e mão-de-obra. Os restantes 85%são gastos com a pesquisa e o design.
A maioria das gigantescas corporações está migrando o seu pessoal para a produção de softwares e projetos de sistemas; outra parte está ligada ao marketing de vendas. Apenas 5% do pessoal se ocupa com a fabricação propriamente dita.
Um Novo Mundo Econômico
A característica mais marcante da nova economia mundial, a globalização, tem efeitos favoráveis e efeitos perversos. As gigantes empresas transnacionais,
ao perderem a sua identidade, já não possuem um centro definido; elas procuram se instalar preferencialmente em países de mão-de-obra barata, e buscam também unificar a sua produção, fabricando produtos “mundiais” que se possam rapidamente adaptar para outros perfis de consumo. Globalização, então, é o processo de descentralização industrial, processo este que força a que as economias mundiais (ou seja, que os países participantes deste processo tenham uma economia aberta, permitindo um maior fluxo tanto de capital quanto de mercadorias e serviços – seja na exportação, seja na importação). Isto implica na necessidade de limitar o controle alfandegário, diminuindo(ou mesmo abolindo) tarifas protecionistas sobre mercadorias. O próprio fato de que a maioria das mercadorias atualmente fabricadas em qualquer país surge da montagem de peças provindas dos mais variados pontos do globo obriga a esta abertura. A característica mais marcante da globalização é o surgimento do chamado “produto mundial”, uma mercadoria que tem basicamente as mesmas características em qualquer dos mercados nacionais onde seja fabricada e vendida. O produto mundial (que surgiu da necessidade de diminuir custos de produção, e da concorrência enorme no mercado) decorre da padronização das linhas de montagem e da unificação e diminuição das peças básicas usadas no produto (ou seja, diminuição do número de fornecedores).
 Novas técnicas de administração, tais com o Controle de Qualidade Total ou de reengenharia vem assolando os manuais de economia e de administração, e em seu nome, crescem as demissões. Neste processo capitalista acelerado, as mercadorias são vendidas em todo o mundo, num processo de competição sem paralelo. Este fenômeno é acompanhado por uma maior circulação de capitais (via empréstimo), que entretanto já não deseja seguir as regras tradicionais de maturação(tempo médio estimado para retorno dos investimentos); em um único dia, uma quantidade inacreditável de dinheiro (chamado “dinheiro volátil”) gira pelos vários mercados financeiros mundiais, sem se fixar por muito tempo em uma ou outra economia nacional.
Frente a estas quantias astronômicas, o dinheiro público disponível para investimentos, na maioria dos países, é simplesmente insignificante. Esta situação, agravada pela contenção orçamentária, obrigou muitos países a desestatizarem a sua economia, pela privatização de empresas públicas, apenas porque não tinham outro meio para conseguir dinheiro para investimentos. Esta movimentação econômica mundial sem precedentes mudou todos os parâmetros e teorias econômicas, incapazes de abarcar todo o processo. Mais do que a Revolução Industrial, que deslocou o foco da sociedade do campo para as cidades, a nova
economia está lançando as bases para um mundo totalmente diferente, que mal pode ser imaginado.
 Sob um ponto de vista, parece que uma característica marcante desta nova economia seria o desemprego maciço, mesmo em países economicamente avançados. Segundo alguns especialistas, os índices de desemprego na Europa, ao final do século XX eram os mais elevados desde a época da Grande Depressão. Visto sob outra ótica, parece estar havendo, na verdade, uma migração em massa de empregos, originalmente das empresas tradicionais, para empresas de serviços e até mesmo empresas automatizadas. Os países que mais avançaram nestas áreas (Estados Unidos e Japão) atravessaram o período sem graves crises de desemprego (mesmo em recessão, o Japão manteve os seus índices tradicionais de emprego).A globalização, apesar da grande oposição que tem levantado, tem mostrado ser um fenômeno irreversível. Os países que tentaram fechar a sua economia ao comércio mundial regrediram a um nível vegetativo de crescimento, com fome e miséria interna(é o caso da Coréia do Norte e da Albânia).Se a globalização tem uma faceta ruim, ela pode estar no fato de que os governos nacionais vêm perdendo sua autonomia interna (e, em certos casos, até mesmo uma parte de sua soberania), pelo fato de terem de se submeter aos ditames do capital internacional.
A quebradeira generalizada de vários países deu-se em função, basicamente, da sua incapacidade de controlar os capitais voláteis.
 Reservas de mercado, legislação reguladora, controle de preços, proteção alfandegária, são medidas inócuas e até mesmo deletérias, em uma economia globalizada.
E se o país tenta simplesmente fechar suas fronteiras, fatalmente deixará de ter acesso aos capitais externos e a novas tecnologias. Caminhando para trás, seus produtos acabam por perder competitividade, a indústria sucateia, e a inflação acaba vindo como corolário deste estado de coisas.
O Problemas dos Países Emergentes
Com a progressiva descolonização que ocorreu após o fim da Segunda Guerra Mundial, um novo problema surgiu. A maioria dos países recém-independentes era muito pobre e subdesenvolvido, sendo a sua pobreza caracterizada por desemprego, baixos salários, analfabetismo, doenças, fome, etc. Enfim, a má qualidade de vida era a principal característica desses países. Mas não eram apenas as ex-colônias que estavam nesta situação. Países há muito independentes politicamente, por seu lado, mostravam-se extremamente dependentes economicamente, apresentando uma economia fraca e incapaz de trazer prosperidade e bem-estar aos seus cidadãos. A solução buscada, adotada ou imposta, na maioria dos casos, voltava-se para um desenvolvimento urbano-industrial, como o único capaz de eliminar o atraso crônico destes países. Vários preceitos foram postulados para se proceder a este desenvolvimento forçado: industrialização urbana maciça; mecanização intensiva da agricultura; desenvolvimento das áreas urbanas; controle demográfico; adoção de uma política de redistribuição de renda; adoção de reformas políticas e administrativas, visando basicamente coibir a corrupção; incremento das exportações. Por outro lado, nada disto funcionaria se não houvesse uma contrapartida externa, materializada na forma de ajuda, investimento direto, transferência de tecnologia e importação. Analisando-se os resultados gerais desta política de desenvolvimento, podemos notar que pouca coisa mudou desde que ela foi adotada. Em geral, e com poucas exceções, os países do Terceiro Mundo que conseguiram sair do “círculo vicioso” da pobreza o fizeram às próprias custas, através de investimento maciço em educação e pesquisa tecnológica.
De um modo geral, as condições econômicas e sociais bastante instáveis que prevaleceram nas décadas de 1960 a 1980 impediram que diversos países pudessem proceder a um desenvolvimento auto-sustentável. A tentativa de industrialização a qualquer custo redundou em fracasso, em muitos países, principalmente devido ao fato de que eles careciam de know-how
tecnológico. A falta de uma estrutura educacional abrangente impede o aproveitamento integral da ajuda tecnológica.
 Por outro lado, a maioria das indústrias tecnológicas estão em mãos de empresas estrangeiras, que repassam apenas uma tecnologia ultrapassada para suas filiais. Alia-se a este fato a relutância dos países avançados em passar para os menos desenvolvidos o que consideram “tecnologia sensível”, principalmente nos campos da mecânica fina, robótica, nanotecnologia, ótica, microprocessadores, polímeros, energia nuclear,  exploração espacial, etc
Os problemas relativos ao desenvolvimento levaram várias pessoas a repensar esta questão. Acreditar, por exemplo, que o desenvolvimento deva ter como parâmetro único o crescimento econômico, é perigosamente enganoso. Expandir, simplesmente, a produção de bens e serviços, talvez seja uma condição necessária, mas não é suficiente para garantir o desenvolvimento. Distribuir riqueza não é o mesmo que criar um mercado de consumo (que, quase sempre, baseia-se na obsolescência planejada como forma para continuamente criar novos anseios de consumo, em uma espiral interminável).Os países em desenvolvimento, ou países “emergentes”, geralmente buscam transplantar um ou vários tipos de indústria a partir de países avançados,
sem no entanto buscar paralelamente usar os recursos técnicos e culturais disponíveis internamente para complementar a tecnologia estrangeira. Além disso, muitas vezes esquecem que os países avançados dão grande ênfase à sua produção primária, alocando recursos barato se proporcionando constantes estímulos (via subsídios) à classe de agricultores. Isto quer dizer que os países industrializados o são tanto na parte urbana quanto na parte rural, característica esta facilmente esquecida pelos países do Terceiro Mundo, que dão pouco apoio à agricultura. Em alguns países menos desenvolvidos, a experiência provou que algumas iniciativas simples de mistura de política doméstica e internacional eram capazes de acelerar o desenvolvimento, reduzir disparidades de renda e colocar sob controle o crescimento populacional. Estas iniciativas passam pela oferta generalizada de educação, crédito, tecnologia barata e serviços de saúde a pequenos produtores rurais e urbanos, bem como a trabalhadores sub-empregados. De um modo surpreendente, notou-se que estas iniciativas eram capazes de, por si só, tornar altamente produtivos estes segmentos sociais, que também adquiriam capacidade de poupança e de investimento positivo. Outro fator comumente desconsiderado é o fato de que, nos países avançados, a maioria dos empregos oferecidos geralmente estão no setor de serviços; a indústria e a agricultura, excessivamente mecanizadas, ocupam pouca mão-de-obra. Entretanto, na maioria dos países do Terceiro Mundo, o Estado (o setor público) vem assumindo este mister. O que se nota é que o setor público vem se expandindo e absorvendo áreas do setor privado (indústrias nacionalizadas, bancos, etc.) ou simplesmente aumentando o quadro de pessoal da administração direta e indireta. Na maioria dos países menos desenvolvidos, o excesso de burocracia, a voracidade fiscal e um excesso de leis, regulamentos e decretos, em vários níveis governamentais, aliado a um excesso de impostos, vem onerando a produção de riqueza nacional via o comércio. A soma destes fatores maléficos tem como conseqüência a redução da oferta de empregos e o aumento da sonegação, como forma de sobrevivência econômica.
 
Há um último e importante parâmetro a ser considerado, no que tange às necessidades econômicos de um país. Normalmente, considera-se a necessidade de uma poupança interna elevada, como meio de suprir as elevadas demandas de capital necessário para os investimentos. Historicamente, os países menos desenvolvidos tem mostrado uma menor capacidade de poupança. Entretanto, um fator importante normalmente é desconsiderado, aqui. A poupança existente nos países mais ricos somente surgiu após ser satisfeita a demanda de consumo interno. Um país como o Japão, por exemplo, que apresenta índices atuais altíssimos de poupança, criou um mercado interno vigoroso, de intensa demanda, e nele baseou o seu crescimento econômico. A exportação jamais foi a mola-mestre do crescimento econômico japonês(dizendo de outro modo: o Japão jamais necessitou priorizar as exportações, como o fazem os países menos desenvolvidos, que praticam uma política equivocada de desenvolvimento).* * *Todos os fatores apontados mostram claramente a necessidade de mudanças culturais, antes que se proponham mudanças econômicas. O desenvolvimento deve começar pela reorientação das metas, apoiando e estimulando todas as iniciativas que levem à formação de uma verdadeira e coerente base material e tecnológica interna, bem como a uma reforma coerente do sistema produtivo de riqueza.
Tecnologia e Desenvolvimento
Na atualidade, pode-se dizer que a tecnologia é sinônimo de desenvolvimento e importante fator para a prosperidade dos países avançados. O alto grau de dependência da ciência em relação à tecnologia força a que as nações lancem cada vez mais mão dos recursos disponíveis com o fim de possibilitar a pesquisa científica, pesquisa esta que, aplicada praticamente, contribui para que estas nações mantenham os seus altos índices de progresso e crescimento econômico. Nenhuma nação que esteja em vias de desenvolvimento deve desdenhar este esforço, ou jamais alcançará a sua emancipação. No entanto, ainda assim parece existir, nestas nações, uma dicotomia entre esta necessidade e o esforço que despende para tal. Um equívoco, contudo, parece imperar entre os responsáveis por este esforço. Quando se trata de adquirir tecnologia, sustentam a tese de que esta deve ser adquirida no exterior, justificando que assim se pode “queimar etapas” inúteis. Agindo assim, ou demonstram má-fé ou parecem ignorar que isso só faz dar continuidade à dependência cultural, científica e econômica do país que age assim. O pior é que, além da tecnologia, o país absorve uma infra-estrutura cultural que não lhe é própria, na forma aparentemente inocente de métodos educacionais (acompanhados por livros didáticos, manuais, técnicas pedagógicas, etc.) estranhos, que apenas fazem tumultuar o esforço nacional.
A dependência tecnológica que se cria é perpetuada pelo fato de que qualquer atualização, além de dispendiosa, não acompanha o desenvolvimento tecnológico interno, porque este fica amarrado à produção de ciência feita no exterior. Este monopólio da tecnologia cria aspectos inusitados de dominação econômica, porque a carência de pesquisa interna não cria os benefícios que se poderia esperar dos avanços científicos. O próprio sistema internacional de patentes cria obstáculos à pesquisa, além de criar monopólios de comercialização em diversas áreas sensíveis, tais como defensivos agrícolas e remédios. Além do mais, a tecnologia transferida sempre constitui, para quem a recebe, autêntica “caixa preta” da qual não tem idéia do conteúdo. Em várias ocasiões, a ONU posicionou-se quanto a este assunto, manifestando uma preocupação neste sentido. Para este órgão internacional, os seguintes fatores devem ser considerados: 1) o custo real da tecnologia é superior ao que se poderia desejar; 2) os modos atuais de transmissão de tecnologia tendem a perpetuar a dependência tecnológica dos países que a recebem, e impedem o incremento de uma tecnologia nacional; 3) a tecnologia estrangeira, ainda que possa fortalecer a capacidade produtiva nacional, freqüentemente se converte em fator de elevação dos custos de produção; 4) a tecnologia transferida nem sempre contribui para a expansão das exportações de produtos manufaturados; 5) muitas vezes, a tecnologia importada é incompatível com as condições locais. A implantação de uma tecnologia genuinamente nacional choca-se muitas vezes com diversos obstáculos. O núcleo natural do qual ela deveria provir, universidade e centros de pesquisa avançadas, muitas vezes sofre de alta de recursos, pela falta de apoio governamental, ausência de uma educação de alto nível, baixos salários, etc. Este último fator tem levado a uma intensa evasão de talentos, que agrava ainda mais o problema. Outras vezes a pesquisa é mal orientada, dando prioridade a setores não tão importantes. Com isso, recursos preciosos são mal gastos, piorando o problema. Também falta de planejamento ou até mesmo planejamentos errôneos, bem como a falta de técnicos de nível médio capazes de dar suporte (montagem, conserto e manutenção)aos equipamentos de alta complexidade tecnológica acaba por tornar-se um obstáculo absolutamente intransponível.
Haverá Uma Ideologia para a Nova Época?
Finalmente, neste mundo novo que se avizinha, a antiga pregação ideológica perde o seu matiz. A “queda” do Muro de Berlim em 1989 foi um marco referencial para uma mudança de paradigma, a passagem para uma nova época na qual perde o sentido qualquer discussão ou separação entre “esquerda” e “direita”, ambos órfãos de uma filosofia social capaz de dar sentido e finalidade a qualquer discussão, debate ou confronto entre ideologias. Doravante, apenas um discurso de novo tipo, voltado para a conservação ecológica, para a tentativa de realização de um ideal social baseado em premissas possíveis, pode conseguir a atenção do habitante deste mundo novo,
e será capaz de lançar os modelos para uma nova sociedade, modelos estes calcado em novas teorias sociais e econômicas capazes não só de trazer prosperidade e eliminar o fosso existente entre as classes privilegiadas e as classes desfavorecidas, mas principalmente trazer condições não apenas para que este mundo novo seja, além de próspero e feliz, também mais equilibrado e mais racional.
Apostila elaborada por: Juarez Humberto Guimarães

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