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@mdmpreoficial - Você pode tudo, menos desistir! 1 INTRODUÇÃO À LITERATURA 01. Leia o texto abaixo: Enfermo a 14 de novembro, na segunda-feira o velho Lima voltou ao trabalho, ignorando que no entretempo caíra o regime. Sentou-se, e viu que tinham tirado da parede a velha litografia representando D. Pedro de Alcântara. Como na ocasião passasse um contínuo, perguntou-lhe: – Por que tiraram da parede o retrato de sua majestade? O contínuo respondeu, num tom lentamente desdenhoso: – Ora, cidadão, que fazia ali a figura do Pedro Banana? – Pedro Banana! – repetiu raivoso o velho Lima. E sentando-se, pensou com tristeza: – Não dou três anos para que isto seja uma república! (Arthur de Azevedo. Vidas Alheias (1901). In: Lilia Moritz Schwarcz. As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p. 470) Este texto literário indica: a) os conflitos de uma sociedade em transição, que passava por mudanças na configuração da mão de obra e no cenário econômico, assim como intensa disputa entre as elites pelo controle do poder governamental. b) as mudanças sociais trazidas pela guerra contra o Paraguai, com a vitória brasileira fortalecendo a monarquia e ampliando o apoio ao imperador, inclusive entre setores populares. c) a intensa participação popular no golpe militar que marcou o final da monarquia e o início da república, bastante valorizada pelos intelectuais do período. d) as dinâmicas que caracterizaram esse período de transição, com as mudanças políticas acontecendo desvinculadas do cenário social e econômico. 02. Leia o texto abaixo: Sangrando espuma Parou de chover e a baía de Angra está deserta. A superfície do mar é lâmina mesclada de verde e cinza onde a luz do sol, refletida, cria um céu cheio de estrelas. Ao fundo, ilhas e montanhas com suas escarpas cobertas, ainda, pela vegetação atlântica, formam um degradê que se esbate em direção ao infinito. Ouço o barulho de um motor. Surge no horizonte uma pequena lancha. Corta a superfície espelhada, que sangra espuma. A princípio aquilo me agride. Mas depois reconheço que há beleza nessa intervenção do homem. São os nossos rastros. (SEIXAS, H. Contos mais que mínimos. Rio de Janeiro: Tinta Negra Bazar Editorial, 2010.) Um texto literário possibilita, na maioria das vezes, leitura polissêmica. Sobre leituras desse texto, assinale a que NÃO é possível. a) Entre superfície do mar e lâmina a característica comum é a espessura; entre superfície do mar e céu, é o brilho. b) Desde o início do conto, o eu lírico percebe que os elementos da natureza se encontram em desequilíbrio. c) A sequência descritiva no início do conto mostra ao leitor que, antes de a lancha surgir, havia tranquilidade. d) O atrito da lancha com a superfície do mar provoca movimentos da água, comparados a ferimentos, por isso usou-se o verbo sangrar. 03. Leia o texto abaixo: A democratização do acesso fez bem à última edição da Festa Literária Internacional de Pernambuco – FLIPORTO, que pela primeira vez não cobrou ingresso para o seu congresso literário. Quem circulou por Olinda no feriadão da Proclamação da República pôde conferir o comparecimento de um público mais diversificado e curioso pela leitura. Este texto foi publicado, em 24.11.2013, no Jornal do Commercio. Não tem crédito de autoria. Pelas suas características, trata- se de a) Texto literário de crítica b) Texto literário informativo c) Texto não literário de ensaio d) Texto não literário informativo e) Texto literário crônica 04. Assinale a alternativa que apresenta a característica inerente ao texto literário: a) Inconsistência do plano da expressão. b) Criação de denotações. c) Padrão formal rígido. d) Plurissignificação. 05. Uma das características do texto literário é a intocabilidade da organização linguística, que garante que se: a) evite alterações lexicais ou sintáticas no texto, pois alteram seu sentido. b) respeite os limites do texto literário, evitando temas sociais e engajados. c) atinja um público leitor mais experiente, por se tratar de textos canônicos. @mdmpreoficial - Você pode tudo, menos desistir! 2 d) mantenha o formato determinado pelo gênero, respeitando seu padrão. 06. Leia o texto abaixo: Em geral, a leitura por prazer associa-se à leitura de literatura. É natural que isso aconteça, pois os textos literários, cada um em seu nível e no nível adequado dos alunos poderão “enganchá-los” com maior probabilidade. Entretanto, também é muito frequente que a leitura de um texto literário seja associada ao trabalho sobre esses textos – questionários de comentário de textos, análise da prosa etc. – que, por outro lado, é totalmente necessário. (Isabel Solé, Estratégias de leitura, 1998) Segundo a autora: a) os textos literários precisam ser fáceis para poderem ser lidos pelos alunos. b) além de propiciarem o prazer de ler, textos literários também são objetos de ensino. c) o prazer da leitura ocorre porque os textos poéticos são mais adequados às crianças. d) é desaconselhável realizar atividades de leitura e escrita sobre textos literários. e) somente textos literários adequados aos alunos poderão resultar em prazer estético. 07. Sobre CONOTAÇÃO E DENOTAÇÃO, NÃO há conotação em: a) A multidão mergulhou sobre ele. b) Lembro-me de estar inteiro, de coração, numa angústia enorme c) era difícil explicar a jornalistas europeus a acusação deque teria ofendido um intérprete de sereias d) este novo palco tem o poder de juntar em poucos minutos largos milhares de pessoas, todas aos gritos 08. Um texto do teólogo, escritor, filósofo e professor universitário brasileiro Leonardo Boff possui o título de “O preço de não escutar natureza” A palavra preço é empregada em sentido figurado que confere maior expressividade às ideias do autor. Evidencia-se CONOTAÇÃO também em: a) Meu marido jamais foi trabalhar com a roupa mal passada. b) Castro Alves escreveu poemas em defesa da abolição da escravatura. c) Na parede da memória essa lembrança é o quadro que me dói mais d) O muro não era alto e bastava esticar o braço para arrancar a espiga. 09. As palavras de uma língua podem ser usadas com sentido próprio ou figurado, dependendo do contexto de que fazem parte. Tem-se uma palavra usada em sentido figurado no fragmento: a) “Sem perceber, fazemos publicidade gratuitamente ao usar roupas, sapatos, bolsas e outros objetos com etiquetas visíveis.” b) “É preciso esclarecer que propaganda e publicidade são dois termos que geralmente se confundem.” c) “Também chama a nossa atenção em bancos, escritórios, hospitais, restaurantes, cinema e outros lugares públicos.” d) “..não teria sido possível sem que o bombardeio incessante da publicidade tente nos convencer…” 10. Analise as frases abaixo e identifique com denotativo ( D ) a(s) que tiver(em) expressões com sentido literal e com conotativo ( C ) a(s) que tiver(em) expressões com sentido figurado. ( ) Muito se diz sobre o combate à violência, porém, levando ao pé da letra, combater significa guerrear, bombardear, batalhar, o que não traz um conceito correto para se revogar a mesma. ( ) A violência é um problema social que está presente nas ações dentro das escolas e se manifesta de diversas formas entre todos os envolvidos no processo educativo. ( ) A violência estampada nas ruas das cidades, a violência doméstica, os latrocínios, os contrabandos, os crimes de colarinho branco têm levado jovens a perder a credibilidade em uma sociedade justa e igualitária (…). ( ) Afinal, a credibilidade e a confiança são as melhores formas de mostrar para crianças e jovens que é possível vencer os desafios e problemas que a vida apresenta.e outras, cada vez mais ardentes e mais delirantes. Já não eram dois instrumentos que soavam, eram lúbricos gemidos e suspiros soltos em torrente, a correrem serpenteando, como cobras numa floresta incendiada; eram ais convulsos, chorados em frenesi de amor: música feita de beijos e soluços gostosos; carícia de fera, carícia de doer, fazendo estalar de gozo. AZEVEDO, A. O Cortiço . São Paulo: Ática, 1983 (fragmento). No romance O Cortiço (1890), de Aluísio Azevedo, as personagens são observadas como elementos coletivos caracterizados por condicionantes de origem social, sexo e etnia. Na passagem transcrita, o confronto entre brasileiros e portugueses revela prevalência do elemento brasileiro, pois a) destaca o nome de personagens brasileiras e omite o de personagens portuguesas. b) exalta a força do cenário natural brasileiro e considera o do português inexpressivo. c) mostra o poder envolvente da música brasileira, que cala o fado português. d) destaca o sentimentalismo brasileiro, contrário à tristeza dos portugueses. e) atribui aos brasileiros uma habilidade maior com instrumentos musicais. SIMBOLISMO & PARNASIANISMO 01. (ENEM 2014) Leia o texto abaixo: Abrimos o Brasil a todo o mundo: mas queremos que o Brasil seja Brasil! Queremos conservar a nossa raça, a @mdmpreoficial - Você pode tudo, menos desistir! 19 nossa história, e, principalmente, a nossa língua, que é toda a nossa vida, o nosso sangue, a nossa alma, a nossa religião. BILAC, O. Últimas conferências e discursos. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1927 Nesse trecho, Olavo Bilac manifesta seu engajamento na constituição da identidade nacional e linguística, ressaltando a a) transformação da cultura brasileira. b) religiosidade do povo brasileiro. c) abertura do Brasil para a democracia. d) importância comercial do Brasil. e) autorreferência do povo como brasileiro. 02. (ENEM 2014) Leia o texto abaixo: Vida obscura Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro, ó ser humilde entre os humildes seres, embriagado, tonto de prazeres, o mundo para ti foi negro e duro. Atravessaste no silêncio escuro a vida presa a trágicos deveres e chegaste ao saber de altos saberes tornando-te mais simples e mais puro. Ninguém te viu o sentimento inquieto, magoado, oculto e aterrador, secreto, que o coração te apunhalou no mundo, Mas eu que sempre te segui os passos sei que cruz infernal prendeu-te os braços e o teu suspiro como foi profundo! SOUSA, C. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1961. Com uma obra densa e expressiva no Simbolismo brasileiro, Cruz e Sousa transpôs para seu lirismo uma sensibilidade em conflito com a realidade vivenciada. No soneto, essa percepção traduz-se em a) sofrimento tácito diante dos limites impostos pela discriminação. b) tendência latente ao vício como resposta ao isolamento social. c) extenuação condicionada a uma rotina de tarefas degradantes. d) frustração amorosa canalizada para as atividades intelectuais. e) vocação religiosa manifesta na aproximação com a fé cristã. 03. (ENEM 2013) Leia o texto abaixo: Mal secreto Se a cólera que espuma, a dor que mora N’alma, e destrói cada ilusão que nasce, Tudo o que punge, tudo o que devora O coração, no rosto se estampasse; Se se pudesse, o espírito que chora, Ver através da máscara da face, Quanta gente, talvez, que inveja agora Nos causa, então piedade nos causasse! Quanta gente que ri, talvez, consigo Guarda um atroz, recôndito inimigo, Como invisível chaga cancerosa! Quanta gente que ri, talvez existe, Cuja ventura única consiste Em parecer aos outros venturosa! CORREIA. R In: PATRIOTA, M. Para compreender Raimundo Correia. Brasilia: AFhambra, 1995. Coerente com a proposta parnasiana de cuidado formal e racionalidade na condução temática, o soneto de Raimundo Correia reflete sobre a forma como as emoções do indivíduo são julgadas em sociedade. Na concepção do eu lírico, esse julgamento revela que: a) a necessidade de ser socialmente aceito leva o indivíduo a agir de forma dissimulada. b) o sofrimento íntimo torna-se mais ameno quando compartilhado por um grupo social. c) a capacidade de perdoar e aceitar as diferenças neutraliza o sentimento de inveja. d) o instinto de solidariedade conduz o indivíduo a apiedar-se do próximo. e) a transfiguração da angústia em alegria é um artifício nocivo ao convívio social. 04. (ENEM 2019) Leia o texto abaixo: A Esbraseia o Ocidente na agonia O sol... Aves em bandos destacados, Por céus de ouro e púrpura raiados, Fogem... Fecha-se a pálpebra do dia... Delineiam-se além da serrania Os vértices de chamas aureolados, E em tudo, em torno, esbatem derramados Uns tons suaves de melancolia. Um mundo de vapores no ar flutua... Como uma informe nódoa avulta e cresce A sombra à proporção que a luz recua. @mdmpreoficial - Você pode tudo, menos desistir! 20 A natureza apática esmaece... Pouco a pouco, entre as árvores, a lua Surge trêmula, trêmula...Anoitece. CORRÊA, R. Disponível em: www.brasiliana.usp.br. Acesso em: 13 ago. 2017. Composição de formato fixo, o soneto tornou-se um modelo particularmente ajustado à poesia parnasiana. No poema de Raimundo Corrêa, remete(m) a essa estética a) as metáforas inspiradas na visão da natureza. b) a ausência de emotividade pelo eu lírico. c) a retórica ornamental desvinculada da realidade. d) o uso da descrição como meio de expressividade e) o vínculo a temas comuns à Antiguidade Clássica. 05. Sobre as principais diferenças entre o Parnasianismo e o Simbolismo: I. Enquanto no Parnasianismo a linguagem é objetiva e culta, no Simbolismo a linguagem é vaga e fluida. II. O Simbolismo preza pelo subjetivismo, enquanto o Parnasianismo pelo objetivismo. III. O pessimismo é uma das características da poesia simbolista, enquanto na poesia parnasiana há contenção de sentimentos. Está correta a alternativa: a) I b) I e II c) I e III d) II e III e) I, II e III 06. (CEFET – PA) Leia os versos: Esta, de áureos relevos, trabalhada De divas mãos, brilhantes copa, um dia, Já de aos deuses servir como cansada, Vinda do Olimpo, a um novo deus servia. Era o poeta de Teos que a suspendia. Então e, ora repleta ora esvaziada, A taça amiga aos dedos seus tinia Todas de roxas pétalas colmada. Alberto de Oliveira Assinale a alternativa que contém características parnasianas presentes no poema: a) busca de inspiração na Grécia Clássica, com nostalgia e subjetivismo; b) versos impecáveis, misturando mitologia clássica com sentimentalismo amoroso; c) revalorização das ideias iluministas e descrição do passado. d) descrição minuciosa de um objeto e busca de um tema ligado à Grécia antiga. e) vocabulário preciosista, de forte ardor sensual 07. (ENEM 2010) Leia o texto a seguir. Cárcere das almas Ah! Toda a alma num cárcere anda presa, Soluçando nas trevas, entre as grades Do calabouço olhando imensidades, Mares, estrelas, tardes, natureza. Tudo se veste de uma igual grandeza Quando a alma entre grilhões as liberdades Sonha e, sonhando, as imortalidades Rasga no etéreo o Espaço da Pureza. Ó almas presas, mudas e fechadas Nas prisões colossais e abandonadas, Da Dor no calabouço, atroz, funéreo! Nesses silêncios solitários, graves, que chaveiro do Céu possui as chaves para abrir-vos as portas do Mistério?! Fonte: CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura / Fundação Banco do Brasil, 1993. Os elementos formais e temáticos relacionados com o contexto cultural do Simbolismo encontrados no poema Cárcere das almas, de Cruz e Sousa, são: a) a opção pela abordagem, em linguagem simples e direta, de temas filosóficos. b) a prevalência do lirismo amoroso e intimista em relação à temática nacionalista. c) o refinamento estético da forma poéticae o tratamento metafísico de temas universais. d) a evidente preocupação do eu lírico com a realidade social expressa em imagens poéticas inovadoras. e) a liberdade formal da estrutura poética que dispensa a rima e a métrica tradicionais em favor de temas do cotidiano. GABARITOS OFICIAIS Gabarito - Introdução à Literatura A, B, D, D, A, B, C, C, B, C Gabarito - Quinhentismo C, C, C, C, C, D, C, E, C, B @mdmpreoficial - Você pode tudo, menos desistir! 21 Gabarito - Barroco D, D, A, C, E, B, C, B, C, D Gabarito - Arcadismo C, B, A, E, E, C, C, C, D, A Gabarito - Romantismo E, C, B, D, A, E, E, D, A, B Gabarito - Realismo e Naturalismo A, C, A, C, A, B, D, A, A, C Gabarito - Simbolismo e Parnasianismo E, A, A, D, E, D, Ce narizes bem feitos; andam nus sem nenhuma cobertura; nem se importam de cobrir nenhuma coisa, nem de mostrar suas vergonhas.” Essa passagem pertence à Carta de Pero Vaz de Caminha, primeiro texto escrito no Brasil, no qual eram descritos a terra e o povo que a habitava. A respeito da Literatura Quinhentista, é correto afirmar que: a) Os textos dessa época têm grande valor literário. b) Registra apenas o choque cultural entre colonizadores e colonizados. c) Toda essa produção está diretamente relacionada à intenção de catequizar os selvagens. d) Os textos quinhentistas fazem parte do movimento literário intitulado Poesia PauBrasil. @mdmpreoficial - Você pode tudo, menos desistir! 5 e) A literatura da época está relacionada ao espírito aventureiro da expansão marítima e comercial portuguesa. 09. (EsPCEx) Assinale a alternativa correta em relação ao Quinhentismo brasileiro. a) É um período bastante produtivo da literatura brasileira, com importantes poetas exaltando as qualidades da nova terra. b) É o primeiro movimento literário ocorrido no Brasil, tendo como destaque o poeta Basílio da Gama. É uma escola de exaltação do sentimento de brasilidade. c) É um período em que não se pode falar numa literatura brasileira, e sim em literatura ligada ao Brasil mas que reflete as ambições e intenções do homem europeu. d) É composta de crônicas de viagem e de uma vasta produção jesuítica, com objetivos de descrever o interior do Brasil e converter índios e negros à fé católica. e) É uma fase inicial da nossa literatura, mas essencial para a formação cultural brasileira pela qualidade dos poemas e romances nela produzidos. 10. (IFMT) Leia o texto abaixo: “Ao delimitar e qualificar os momentos decisivos da formação literária brasileira, devemos procurar distinguir [...] manifestações literárias, de literatura propriamente dita, considerada aqui um sistema de obras ligadas por denominadores comuns [...] são, além das características internas (língua, temas, imagens), certos elementos de natureza social e psíquica, embora literariamente organizados, que se manifestam historicamente e fazem da literatura aspecto orgânico da civilização. Entre eles se distinguem: a existência de um conjunto de produtores literários, mais ou menos conscientes do seu papel; um conjunto de receptores, fornecendo os diferentes tipos de público, sem os quais a obra não vive; um mecanismo transmissor (de modo geral, uma linguagem, traduzida em estilos) que liga uns a outros. O conjunto dos três elementos dá lugar a um tipo de comunicação inter-humana, a literatura, que aparece, sob este ângulo como sistema simbólico. (CANDIDO, Antônio. A formação da literatura brasileira: momentos decisivos. 4. ed. São Paulo: Martins, 1971, v. 1, p. 23). De acordo com a leitura do texto acima, e a respeito das primeiras manifestações literárias no Brasil, analise os itens: I. No período colonial,, não tivemos uma literatura propriamente dita, e sim manifestações literárias que, no Brasil, surgem no Humanismo Português. II. Os textos no Brasil, no período colonial, tinham como características a sua praticidade: davam à Metrópole informações úteis para a colonização (Literatura de Informação) ou se prestavam a fins didáticos e religiosos (Literatura de Formação). III. Os maiores ícones de representação da Literatura de Formação foram os Pe. José de Anchieta e Manoel da Nóbrega, que se valiam do teatro e de textos em Tupi-Guarani para a catequese dos índios que aqui viviam. Está correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) I, II e III. c) II e III, apenas. d) I e III, apenas. e) I e II, apenas. BARROCO 01. (ENEM 2009) Leia o texto abaixo: Lisongeia outra vez impaciente a retenção de sua mesma desgraça… Gregório de Matos Discreta e formosíssima Maria, Enquanto estamos vendo claramente Na vossa ardente vista o sol ardente, E na rosada face a Aurora fria: Enquanto pois produz, enquanto cria Essa esfera gentil, mina excelente No cabelo o metal mais reluzente, E na boca a mais fina pedraria: Gozai, gozai da flor da formosura, Antes que o frio da madura idade Tronco deixe despido, o que é verdura. Que passado o Zenith da mocidade, Sem a noite encontrar da sepultura, É cada dia ocaso de beldade. (CUNHA, H. P. Convivência maneirista e barroca na obra de Gregório de Matos. In: Origens da Literatura Brasileira. Rio de Janeiro:Tempo Brasileiro, 79.p. 90) O Barroco é um movimento complexo, considerado como a arte dos contrastes. O poema de Gregório de Matos, que revela características do Barroco brasileiro, é uma espécie de livre-tradução de um poema de Luís de Góngora, importante poeta espanhol do século XVII. Fruto de sua época, o poema de Gregório de Matos destaca: @mdmpreoficial - Você pode tudo, menos desistir! 6 a) a concepção de amor que se transforma em tormento da alma e do corpo do eu lírico. b) o uso de antíteses para distinguir o que é terreno e o que é espiritual na mulher. c) o contraste entre a beleza física da mulher e a religiosidade do poeta. d) o pesar pela transitoriedade da juventude e a certeza da morte ou da velhice. e) a regular alternância temática entre versos pares e ímpares. 02. (ENEM 2012) Leia o texto abaixo: (BARDI, P. M. Em torno da escultura no Brasil. São Paulo: Banco Sudameris Brasil, 1989) Com contornos assimétricos, riqueza de detalhes nas vestes e nas feições, a escultura barroca no Brasil tem forte influência do rococó europeu e está representada aqui por um dos profetas do pátio do Santuário do Bom Jesus de Matosinho, em Congonhas (MG), esculpido em pedra-sabão por Aleijadinho. Profundamente religiosa, sua obra revela: a) liberdade, representando a vida de mineiros à procura da salvação. b) credibilidade, atendendo a encomendas dos nobres de Minas Gerais. c) simplicidade, demonstrando compromisso com a contemplação do divino. d) personalidade, modelando uma imagem sacra com feições populares. e) singularidade, esculpindo personalidades do reinado nas obras divinas. 03. (ENEM 2014) Leia o texto abaixo: Sermão da Sexagésima Nunca na Igreja de Deus houve tantas pregações, nem tantos pregadores como hoje. Pois se tanto se semeia a palavra de Deus, como é tão pouco o fruto? Não há um homem que em um sermão entre em si e se resolva, não há um moço que se arrependa, não há um velho que se desengane. Que é isto? Assim como Deus não é hoje menos onipotente, assim a sua palavra não é hoje menos poderosa do que dantes era. Pois se a palavra de Deus é tão poderosa; se a palavra de Deus tem hoje tantos pregadores, por que não vemos hoje nenhum fruto da palavra de Deus? Esta, tão grande e tão importante dúvida, será a matéria do sermão. Quero começar pregando-me a mim. A mim será, e também a vós; a mim, para aprender a pregar; a vós, que aprendais a ouvir. (VIEIRA, A. Sermões Escolhidos, v. 2 . São Paulo: Edameris, 1965) No Sermão da sexagésima, padre Antônio Vieira questiona a eficácia das pregações. Para tanto, apresenta como estratégia discursiva sucessivas interrogações, as quais têm por objetivo principal: a) provocar a necessidade e o interesse dos fiéis sobre o conteúdo que será abordado no sermão. b) conduzir o interlocutor à sua própria reflexão sobre os temas abordados nas pregações. c) apresentar questionamentos para os quais a Igreja não possui respostas. d) inserir argumentos à tese defendida pelo pregador sobre a eficácia das pregações. e) questionar a importância das pregações feitas pela Igreja durante os sermões. 04. (ENEM 2014) Leia o texto abaixo: Quando Deus redimiu da tirania Da mão do Faraó endurecido O Povo Hebreu amado, e esclarecido, Páscoa ficou da redenção o dia. Páscoa de flores, dia de alegria Àquele povo foi tão afligido O dia, em que por Deus foi redimido; Ergo sois vós, Senhor,Deus da Bahia. Pois mandado pela Alta Majestade Nos remiu de tão triste cativeiro, Nos livrou de tão vil calamidade. Quem pode ser senão um verdadeiro Deus, que veio estirpar desta cidade o Faraó do povo brasileiro. @mdmpreoficial - Você pode tudo, menos desistir! 7 (DAMASCENO, D. Melhores poemas: Gregório de Matos. São Paulo: 2006) Com uma elaboração de linguagem e uma visão de mundo que apresentam princípios barrocos, o soneto de Gregório de Matos apresenta temática expressa por: a) visão cética sobre as relações sociais. b) preocupação com a identidade brasileira. c) crítica velada à forma de governo vigente. d) reflexão sobre dogmas do Cristianismo. e) questionamento das práticas pagãs na Bahia. 05. (ENEM 2015) Leia o texto: (ÁVILA, A. Discurso da difamação do poeta. São Paulo: Summus, 1978) O contexto histórico e literário do período barroco- árcade fundamenta o poema Casa dos Contos, de 1975. A restauração de elementos daquele contexto por uma poética contemporânea revela que: a) a disposição visual do poema reflete sua dimensão plástica, que prevalece sobre a observação da realidade social. b) a reflexão do eu lírico privilegia a memória e resgata, em fragmentos, fatos e personalidades da Inconfidência Mineira. c) a palavra “esconso” (escondido) demonstra o desencanto do poeta com a utopia e sua opção por uma linguagem erudita. d) o eu lírico pretende revitalizar os contrastes barrocos, gerando uma continuidade de procedimentos estéticos e literários. e) o eu lírico recria, em seu momento histórico, numa linguagem de ruptura, o ambiente de opressão vivido pelos inconfidentes. 06. (UNICE) São características próprias do estilo Barroco: a) Oposição entre o mundo material e o espiritual, versos em tríades, teocentrismo. b) Gosto pelas inversões sintáticas, sugestão sonoras e cromáticas, conflito espiritual. c) Consciência da efemeridade do tempo (Carpe diem - Aproveite o dia), antítese, rima. d) Morbidez, exaltação da mulher amada, teocentrismo. e) Gosto por raciocínios complexos e intrincados, cantigas líricas, textos formais. 07. (Mackenzie-SP) Leia o texto abaixo: Não é fácil viver entre os insanos. Erra quem presumir que sabe tudo, Se o atalho não soube dos seus danos. O prudente varão há de ser mudo, Que é melhor neste mundo o mar de enganos, Ser louco cos demais, que ser sisudo. Gregório de Matos A leitura dos versos acima permite o reconhecimento do “título” dado ao poema: a) Defende o poeta por seguro, necessário, e reto seu primeiro intento sobre satirizar os vícios. b) Chegando o poeta a Vila de San Francisco descreve os divertimentos, que ali passava, e em que se entretinha. c) Queixa-se o poeta em que o mundo vai errado, e querendo emendá-lo o tem por empresa dificultosa. d) A uma dama que lhe pediu os cabelos. e) A mesma Custódia mostra a diferença que há entre amar e querer. 08. (EsPCEx SP-2017) Leia o texto abaixo: “Se gostas de afetação e pompa de palavras e do estilo que chamam culto, não me leias. Quando esse estilo florescia, nasceram as primeiras verduras do meu; mas valeu-me tanto sempre a clareza, que só porque me entendiam comecei a ser ouvido. (…) Esse desventurado estilo que hoje se usa, os que querem honrar chamam-lhe culto, os que o condenam chamam- lhe escuro, mas ainda lhe fazem muita honra. O estilo culto não é escuro, é negro (…) e muito cerrado. É @mdmpreoficial - Você pode tudo, menos desistir! 8 possível que somos portugueses e havemos de ouvir um pregador em português e não havemos de entender o que diz?!” Padre Antônio Vieira, nesse trecho, faz uma crítica ao estilo barroco conhecido como: a) antropocentrismo, caracterizado por mostrar o homem, culto e inteligente, como centro do universo. b) gongorismo, ao caracterizar-se por uma linguagem rebuscada, culta e extravagante. c) teocentrismo, caracterizado por padres escritores que dominaram a literatura seiscentista. d) conceptismo, por ser marcado pelo jogo de ideias, de conceitos, seguindo um raciocínio lógico. e) quevedismo, por utilizar-se de uma retórica aprimorada, a exemplo de seu principal cultor: Quevedo. 09. (UEL/PR – 2001) O Barroco manifesta-se entre os séculos XVI e XVII, momento em que os ideais da Reforma entram em confronto com a Contra-Reforma católica, ocasionando no plano das artes uma difícil conciliação entre o teocentrismo e o antropocentrismo. A alternativa que contém os versos que melhor expressam este conflito é: a) Fábio, que pouco entendes de finezas! Quem faz só o que pode a pouco obriga: Quem contra os impossíveis se afadiga, A esse cede amor em mil ternezas. (Gregório de Matos) b) Um paiá de Monal, bonzo bramá, Primaz da Cafraria do Pegu, Que sem ser do Pequim, por ser do Açu, Quer ser filho do sol, nascendo cá. (Gregório de Matos) c) Pequei Senhor; mas não porque hei pecado, Da vossa alta clemência me despido; Porque quanto mais tenho delinqüido, Vos tenho a perdoar mais empenhado. (Gregório de Matos) d) Luzes qual sol entre astros brilhadores, Se bem rei mais propício, e mais amado; Que ele estrelas desterra em régio estado, Em régio estado não desterras flores. (Botelho de Oliveira) e) Temerária, soberba, confiada, Por altiva, por densa, por lustrosa, A exaltação, a névoa, a mariposa, Sobe ao sol, cobre o dia, a luz lhe enfada. (Botelho de Oliveira) 10. (UFRS) Considere as seguintes afirmações sobre o Barroco brasileiro: I. A arte barroca caracteriza-se por apresentar dualidades, conflitos, paradoxos e contrastes, que convivem tensamente na unidade da obra. II. O conceptismo e o cultismo, expressões da poesia barroca, apresentam um imaginário bucólico, sempre povoado de pastoras e ninfas. III. A oposição entre Reforma e Contra-Reforma expressa, no plano religioso, os mesmos dilemas de que o Barroco se ocupa. Quais estão corretas: a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e III. e) I, II e III. ARCADISMO 01. (UEL) Leia o texto abaixo: SONETO Obrei quanto o discurso me guiava, Ouvi aos sábios quando errar temia; Aos bons no gabinete o peito abria, Na rua a todos como iguais tratava. Julgando os crimes nunca os votos dava, Mais duro, ou pio do que a lei pedia: Mas devendo salvar ao justo ria, E devendo punir aos réu chorava. Não foram, Vila Rica, os meus projetos, Meter em ferro cofre cópia de ouro, Que farte aos filhos, e que chegue aos netos: Outras são as fortunas, que me agouro, Ganhei saudades, adquiri afetos, Vou fazer deste bens melhor tesouro. Analisando as características do poema, assinale o movimento literário ao qual ele pertence, bem como o seu autor: a) Romantismo, de autoria de Gonçalves Dias. b) Arcadismo, de autoria de Santa Rita Durão. c) Arcadismo, de autoria de Tomás Antônio Gonzaga. d) Simbolismo, de Alphonsus de Guimaraens. e) Romantismo, de autoria de Álvares de Azevedo. 02. (ENEM 2008) Leia o texto abaixo: Torno a ver-vos, ó montes; o destino (verso 1) Aqui me torna a pôr nestes outeiros, @mdmpreoficial - Você pode tudo, menos desistir! 9 Onde um tempo os gabões deixei grosseiros Pelo traje da Corte, rico e fino. (verso 4) Aqui estou entre Almendro, entre Corino, Os meus fiéis, meus doces companheiros, Vendo correr os míseros vaqueiros (verso 7) Atrás de seu cansado desatino. Se o bem desta choupana pode tanto, Que chega a ter mais preço, e mais valia (verso 10) Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto, Aqui descanse a louca fantasia, E o que até agora se tornava em pranto (verso 13) Se converta em afetos de alegria. Cláudio Manoel da Costa. In: Domício Proença Filho. A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002, p. 78-9. Considerando o soneto de Cláudio Manoel da Costa e os elementos constitutivos do Arcadismo brasileiro, assinalea opção correta acerca da relação entre o poema e o momento histórico de sua produção. a) Os “montes” e “outeiros”, mencionados na primeira estrofe, são imagens relacionadas à Metrópole, ou seja, ao lugar onde o poeta se vestiu com traje “rico e fino”. b) A oposição entre a Colônia e a Metrópole, como núcleo do poema, revela uma contradição vivenciada pelo poeta, dividido entre a civilidade do mundo urbano da Metrópole e a rusticidade da terra da Colônia. c) O bucolismo presente nas imagens do poema é elemento estético do Arcadismo que evidencia a preocupação do poeta árcade em realizar uma representação literária realista da vida nacional. d) A relação de vantagem da “choupana” sobre a “Cidade”, na terceira estrofe, é formulação literária que reproduz a condição histórica paradoxalmente vantajosa da Colônia sobre a Metrópole. e) A realidade de atraso social, político e econômico do Brasil Colônia está representada esteticamente no poema pela referência, na última estrofe, à transformação do pranto em alegria. 03. Sobre o Arcadismo, estão corretas as seguintes proposições: I. Originou-se em Minas Gerais, e seu aparecimento tem relação direta com o grande crescimento urbano verificado, no século XVIII, nas cidades mineiras, cuja vida econômica girava em torno da extração de ouro. II. O Arcadismo foi uma manifestação artística que encontrou representantes também na música (o nascimento da ópera), na arquitetura (observa-se forte adesão ao estilo na construção de igrejas) e nas artes plásticas (destaque para as esculturas de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho). III. O conceptismo e o cultismo são características da linguagem árcade. No conceptismo, há o jogo de ideias, a concisão e a ordem para convencer por meio do raciocínio; no cultismo, há o uso excessivo de figuras de linguagem e jogo de palavras, recursos literários que tinham como objetivo evidenciar a habilidade verbal do escritor, IV. O movimento árcade tinha como principal intenção questionar a estética barroca, restabelecendo o equilíbrio, a harmonia e a simplicidade da literatura renascentista. Os primeiros árcades, jovens escritores portugueses, propuseram a eliminação dos rebuscamentos do Barroco, baseando-se nos preceitos do Iluminismo. V. No Brasil, o Arcadismo manifestou-se pela primeira vez no ano de 1768 e representou o que de melhor se fez culturalmente no período colonial brasileiro. “Obras Poéticas”, de Cláudio Manuel da Costa, foi a primeira publicação desse novo estilo que pretendia, acima de tudo, que sua poesia fosse apreciada pelo seu valor poético ou literário. a) I, IV e V. b) II e III. c) I, II e V. d) III e V. e) Apenas I está correta. 04. (ENEM 2016) Leia o texto a seguir. Soneto VII Onde estou? Este sítio desconheço: Quem fez tão diferente aquele prado? Tudo outra natureza tem tomado; E em contemplá-lo tímido esmoreço. Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço De estar a ela um dia reclinado: Ali em vale um monte está mudado: Quanto pode dos anos o progresso! Árvores aqui vi tão florescentes, Que faziam perpétua a primavera: Nem troncos vejo agora decadentes. Eu me engano: a região esta não era; Mas que venho a estranhar, se estão presentes Meus males, com que tudo degenera! No soneto de Cláudio Manuel da Costa, a contemplação da paisagem permite ao eu lírico uma reflexão em que transparece uma a) angústia provocada pela sensação de solidão. @mdmpreoficial - Você pode tudo, menos desistir! 10 b) resignação diante das mudanças do meio ambiente. c) dúvida existencial em face do espaço desconhecido. d) intenção de recriar o passado por meio da paisagem. e) empatia entre os sofrimentos do eu e a agonia da terra. COSTA, C. M. Poemas. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 jul. 2012 05. (ITA) Uma das afirmações abaixo é incorreta. Assinale-a: a) O escritor árcade reaproveita os seres criados pela mitologia greco-romana, deuses e entidades pagãs. Mas esses mesmos deuses convivem com outros seres do mundo cristão. b) A produção literária do Arcadismo brasileiro constitui-se sobretudo de poesia, que pode ser lírico-amorosa, épica e satírica. c) O árcade recusa o jogo de palavras e as complicadas construções da linguagem barroca, preferindo a clareza, a ordem lógica na escrita. d) O poema épico Caramuru, de Santa Rita Durão, tem como assunto o descobrimento da Bahia, levado a efeito por Diogo Álvares Correia, misto de missionários e colonos português. e) A morte de Moema, índia que se deixa picar por uma serpente, como prova de fidelidade e amor ao índio Cacambo, é trecho mais conhecido da obra O Uruguai, de Basílio da Gama. 06. (UFRR) Sobre o Arcadismo, é correto afirmar que: a) Expressa a sociedade medieval, teocêntrica, de caráter servil e fortemente religioso. Ao mesmo tempo, é marcado pelo surgimento de formas de expressões artísticas de caráter popular, vinculadas a classes sociais consideradas “inferiores” à época; b) É marcado pelo rebuscamento das formas, pela riqueza de detalhes e pelos contrastes. Influenciado pela Contrarreforma, foi concebido como uma reação ao Renascimento; c) É também chamado de Neoclassicismo, surge como uma releitura do Renascimento (ou Classicismo), preconizando uma arte pautada pela observância das formas clássicas e dos ideais humanistas. O bucolismo e o pastoralismo podem ser citados como características do Estilo no Brasil; d) Surge como reação direta à arte e às concepções de mundo medievais, valorizando o passado greco- latino e a explicação científica do mundo; é teocêntrico, em contraponto ao antropocentrismo difundido pela Igreja; e) É marcado pelo rebuscamento das formas, pela riqueza de detalhes e pelos contrastes. Expressa a sociedade medieval, teocêntrica, de caráter servil e fortemente religioso. Surge como reação direta à arte e às concepções de mundo medievais e é marcado pelo surgimento de formas de expressões artísticas de caráter popular, vinculadas a classes sociais consideradas “inferiores” à época. 07. (FAG) Sobre o Arcadismo, é correto o que se afirma em: a) Nesse período o homem é regido pelas leis físico- químicas, pela hereditariedade e pelo meio social. b) A poesia dessa época dá ênfase ao poder de vidência do artista. c) Destaca-se nessa fase certo gosto pelo equilíbrio, pela simplicidade e pela harmonia, a partir dos modelos clássicos antigos. d) Há nessa Escola Literária uma tendência à valorização do humor, com vistas a afugentar as circunstâncias desagradáveis da vida. e) Enfatiza-se na criação poética, desse momento, a utilização do valor sugestivo da música. 08. (UFRR) Leia o poema de Tomás Antônio Gonzaga, transcrito a seguir, e marque a alternativa que aponta três características do Arcadismo brasileiro que nele podem ser observadas. Lira I Eu, Marília, não sou algum vaqueiro, Que viva de guardar alheio gado; De tosco trato, d’expressões grosseiro, Dos frios gelos, e dos sóis queimado. Tenho próprio casal, e nele assisto; Dá-me vinho, legume, fruta, azeite; Das brancas ovelhinhas tiro o leite, E mais as finas lãs, de que me visto. Graças, Marília bela, Graças à minha Estrela! a) Vulgarização da figura da mulher; medievalismo; egocentrismo. b) Denúncia social; exaltação da vida no campo; temas urbanos. @mdmpreoficial - Você pode tudo, menos desistir! 11 c) Exaltação da vida no campo; linguagem simples; pastoralismo. d) Temas urbanos; linguagem simples; medievalismo. e) Egocentrismo; pastoralismo; denúncia social. 09. (UEMG) A Lira XIV, reproduzida a seguir, foi extraída da obra Marília de Dirceu, publicada em 1792; já a canção Tempos Modernos pertence ao álbum homônimo, lançado em 1982: Lira XIV – parte I (...) Ornemos nossas testas com as flores. E façamos de feno um brando leito, Prendamo-nos,Marília, em laço estreito, Gozemos do prazer de sãos Amores. Sobre as nossas cabeças, Sem que o possam deter, o tempo corre; E para nós o tempo, que se passa, Também, Marília, morre. Tempos Modernos (Lulu Santos) (...) Hoje o tempo voa amor Escorre pelas mãos Mesmo sem se sentir Não há tempo Que volte amor Vamos viver tudo Que há pra viver Vamos nos permitir... Por meio de uma leitura comparativa entre os dois textos, é CORRETO afirmar que a) Apesar de o tempo ser sempre o mesmo em todas as épocas, na modernidade ele parece passar mais rápido; daí a urgência do amor, presente na canção contemporânea de Lulu Santos, mas ausente na lira de Gonzaga, do século XVIII. b) Embora os textos tratem do mesmo tema, eles se diferem quanto à abordagem adotada. Na lira de Gonzaga, prevalece a idealização amorosa e a relação com a natureza; na canção de Lulu Santos, por sua vez, prevalece a relação entre amor e tempo. c) Ambos os textos apontam para a necessidade de se viver o tempo presente, decorrente da brevidade da existência; na lira de Gonzaga, o amor é tratado de forma idealizada, ao passo que, na canção de Lulu Santos, ele é essencialmente carnal. d) Embora escritos em épocas distintas, os textos tratam do mesmo tema e utilizam a mesma estratégia: o eu-poético tenta persuadir a amada a gozar os amores no momento presente, com base no argumento da fugacidade do tempo e da impossibilidade de se recuperá-lo. 10. (ENEM 2008) Leia o texto abaixo: Torno a ver-vos, ó montes: o destino Aqui me toma a pôr nestes outeiros, Onde um tempo os gabões deixei grosseiros Pelo traje da Corte, rico e fino. Aqui estou entre Almendro, entre Corino, Os meus fiéis, meus doces companheiros, Vendo correr os míseros vaqueiros Atrás de seu cansado desatino. Se o bem desta choupana pode tanto, Que chega a ter mais preço, e mais valia Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto. Aqui descanso a louca fantasia, E o que até agora se tornava em pranto Se converta em afetos de alegria. Cláudio Manoel da Costa. In: Domício Proença Filho. A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002, p. 78/9. Assinale a opção que apresenta um verso do soneto de Claudio Manoel da Costa em que o poeta se dirige ao seu interlocutor. a) "Torno a ver-vos, ó montes: o destino" (v. 1) b) "Aqui estou entre Almendro, entre Corino," (v. 5) c) "Os meus fiéis, meus doces companheiros" (v. 6) d) "Vendo correr os míseros vaqueiros" (v. 7) e) "Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto" (v. l l) ROMANTÍSMO (PROSA E POESIA) 01. (Limongi, 2023) No Brasil, o movimento literário do Romantismo se manifestou em três fases distintas, cada uma marcada por características próprias e influências culturais. A primeira fase, conhecida como Indianismo, destacou-se por explorar temas ligados à natureza exuberante e à figura do indígena. Na segunda fase, a Subjetividade e o Mal do Século foram temas recorrentes, refletindo uma visão mais introspectiva e melancólica. Por fim, a terceira fase trouxe uma maior complexidade temática, com a presença de elementos realistas e simbolistas. Após ler o texto, analise as afirmativas a seguir: I. A primeira fase do Romantismo, também chamada de Indianismo, foi influenciada pela busca por uma identidade nacional e pela valorização da natureza. II. A segunda fase do Romantismo destacou-se pela ênfase na subjetividade, no individualismo e na @mdmpreoficial - Você pode tudo, menos desistir! 12 exaltação do "Mal do Século", representando uma visão mais pessimista da sociedade. III. A terceira fase do Romantismo no Brasil incorporou elementos realistas e simbolistas, caracterizando-se por uma abordagem mais complexa e diversificada de temas. IV. Álvares de Azevedo, poeta da segunda fase do Romantismo, é considerado um representante do Mal do Século, expressando em suas obras uma visão romântica marcada pela melancolia e pessimismo. V. O Indianismo, presente na primeira fase do Romantismo brasileiro, retratou os índios como seres selvagens, primitivos e distantes da civilização, contribuindo para a construção de uma imagem estereotipada. Qual das afirmativas acima estão corretas? a) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas. b) Apenas as afirmativas II, III e IV estão corretas. c) Apenas as afirmativas I, IV e V estão corretas. d) Apenas as afirmativas III, IV e V estão corretas. e) Todas as afirmativas estão corretas. 02. (Limongi, 2023) Quais características foram marcantes no movimento literário do Romantismo brasileiro? a) Ênfase na objetividade e na razão, rejeitando a subjetividade. b) Valorização exclusiva da razão, com pouca expressão das emoções. c) Ênfase nas emoções, na subjetividade e na valorização da natureza. d) Desprezo pelas peculiaridades da sociedade brasileira. e) Prioridade na representação de temas estrangeiros em detrimento dos nacionais. 03. (ENEM 2022) Leia o texto abaixo: A escrava — Admira-me —, disse uma senhora de sentimentos sinceramente abolicionistas —; faz-me até pasmar como se possa sentir, e expressar sentimentos escravocratas, no presente século, no século dezenove! A moral religiosa e a moral cívica aí se erguem, e falam bem alto esmagando a hidra que envenena a família no mais sagrado santuário seu, e desmoraliza, e avilta a nação inteira! Levantai os olhos ao Gólgota, ou percorrei-os em torno da sociedade, e dizei-me: — Para que se deu em sacrifício o Homem Deus, que ali exalou seu derradeiro alento? Ah! Então não é verdade que seu sangue era o resgate do homem! É então uma mentira abominável ter esse sangue comprado a liberdade!? E depois, olhai a sociedade... Não vedes o abutre que a corrói constantemente!... Não sentis a desmoralização que a enerva, o cancro que a destrói? Por qualquer modo que encaremos a escravidão, ela é, e será sempre um grande mal. Dela a decadência do comércio; porque o comércio e a lavoura caminham de mãos dadas, e o escravo não pode fazer florescer a lavoura: porque o seu trabalho é forçado. REIS, M. F. Úrsula outras obras, Brasília: Câmara dos Deputados, 2018 Inscrito na estética romântica da literatura brasileira, o conto descortina aspectos da realidade nacional no século XIX ao a) revelar a imposição de crenças religiosas a pessoas escravizadas. b) apontar a hipocrisia do discurso conservador na defesa da escravidão. c) sugerir práticas de violência física e moral em nome do progresso material. d) relacionar o declínio da produção agrícola e comercial a questões raciais. e) ironizar o comportamento dos proprietários de terra na exploração do trabalho. 04. (ENEM 2021) Leia o texto abaixo: MEIRELLES, V. Moema. Óleo sobre tela, 129 cm x 190 cm. Masp, São Paulo, 1866. Disponível em: www.masp.art.br. Acesso em: 13 ago. 2012 (adaptado). Nessa obra, que retrata uma cena de Caramuru, célebre poema épico brasileiro, a filiação à estética romântica manifesta-se na a) exaltação do retrato fiel da beleza feminina. @mdmpreoficial - Você pode tudo, menos desistir! 13 b) tematização da fragilidade humana diante da morte. c) ressignificação de obras do cânone literário nacional. d) representação dramática e idealizada do corpo da índia. e) oposição entre a condição humana e a natureza primitiva. 05. (ENEM 2020) Leia o texto abaixo: Seixas era homem honesto; mas ao atrito da secretaria e ao calor das salas, sua honestidade havia tomado essa têmpera flexível da cera que se molda às fantasias da vaidade e aos reclamos da ambição. Era incapaz de apropriar-se do alheio, ou de praticar um abuso de confiança; mas professava a moral fácil e cômoda, tão cultivada atualmente em nossa sociedade. Segundo essa doutrina, tudo é permitido em matéria de amor; e o interesse próprio tem plena liberdade, desde que se transija coma lei e evite o escândalo. ALENCAR, J. Senhora. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 out. 2015. A literatura romântica reproduziu valores sociais em sintonia com seu contexto de mudanças. No fragmento de Senhora, as concepções românticas do narrador repercutem a a) resistência à relativização dos parâmetros éticos. b) idealização de personagens pela nobreza de atitudes. c) crítica aos modelos de austeridade dos espaços coletivos. d) defesa da importância da família na formação moral do indivíduo. e) representação do amor como fator de aperfeiçoamento do espírito. 06. (ENEM 2014) Leia o texto abaixo: Soneto Oh! Páginas da vida que eu amava, Rompei-vos! nunca mais! tão desgraçado!... Ardei, lembranças doces do passado! Quero rir-me de tudo que eu amava! E que doido que eu fui! como eu pensava Em mãe, amor de irmã! em sossegado Adormecer na vida acalentado Pelos lábios que eu tímido beijava! Embora — é meu destino. Em treva densa Dentro do peito a existência finda Pressinto a morte na fatal doença! A mim a solidão da noite infinda! Possa dormir o trovador sem crença. Perdoa minha mãe — eu te amo ainda! AZEVEDO, A. Lira dos vinte anos. São Paulo: Martins Fontes, 1996 A produção de Álvares de Azevedo situa-se na década de 1850, período conhecido na literatura brasileira como Ultrarromantismo. Nesse poema, a força expressiva da exacerbação romântica identifica-se com o(a) a) amor materno, que surge como possibilidade de salvação para o eu lírico. b) saudosismo da infância, indicado pela menção às figuras da mãe e da irmã. c) construção de versos irônicos e sarcásticos, apenas com aparência melancólica. d) presença do tédio sentido pelo eu lírico, indicado pelo seu desejo de dormir. e) fixação do eu lírico pela ideia da morte, o que o leva a sentir um tormento constante. 07. (ENEM 2021) Leia o texto abaixo: O laço de fita Não sabes, criança? 'Stou louco de amores... Prendi meus afetos, formosa Pepita. Mas onde? No templo, no espaço, nas névoas?! Não rias, prendi-me Num laço de fita. Na selva sombria de tuas madeixas, Nos negros cabelos de moça bonita, Fingindo a serpente qu'enlaça a folhagem, Formoso enroscava-se O laço de fita. [...] Pois bem! Quando um dia na sombra do vale Abrirem-me a cova... formosa Pepita! Ao menos arranca meus louros da fronte, E dá-me por c'roa... Teu laço de fita. @mdmpreoficial - Você pode tudo, menos desistir! 14 ALVES, C. Espumas flutuantes. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 8 ago. 2015 (fragmento). Exemplo da lírica de temática amorosa de Castro Alves, o poema constrói imagens caras ao Romantismo. Nesse fragmento, o lirismo romântico se expressa na a) representação infantilizada da figura feminina. b) criatividade inspirada em elementos da natureza. c) opção pela morte como solução para as frustrações. d) ansiedade com as atitudes de indiferença da mulher. e) fixação por signos de fusão simbólica com o ser amado. 08. (ENEM 2015) Leia o texto abaixo: Quem não se recorda de Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento da corte como brilhante meteoro, e apagou-se de repente no meio do deslumbramento que produzira seu fulgor? Tinha ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez na sociedade. Não a conheciam; e logo buscaram todos com avidez informações acerca da grande novidade do dia. Dizia-se muita coisa que não repetirei agora, pois a seu tempo saberemos a verdade, sem os comentos malévolos de que usam vesti-la os noveleiros. Aurélia era órfã; tinha em sua companhia uma velha parenta, viúva, D. Firmina Mascarenhas, que sempre a acompanhava na sociedade. Mas essa parenta não passava de mãe de encomenda, para condescender com os escrúpulos da sociedade brasileira, que naquele tempo não tinha admitido ainda certa emancipação feminina. Guardando com a viúva as deferências devidas à idade, a moça não declinava um instante do firme propósito de governar sua casa e dirigir suas ações como entendesse. Constava também que Aurélia tinha um tutor; mas essa entidade era desconhecida, a julgar pelo caráter da pupila, não devia exercer maior influência em sua vontade, do que a velha parenta. ALENCAR, J. Senhora. São Paulo: Ática, 2006. O romance Senhora, de José de Alencar, foi publicado em 1875. No fragmento transcrito, a presença de D. Firmina Mascarenhas como "parenta" de Aurélia Camargo assimila práticas e convenções sociais inseridas no contexto do Romantismo, pois a) o trabalho ficcional do narrador desvaloriza a mulher ao retratar a condição feminina na sociedade brasileira da época. b) o trabalho ficcional do narrador mascara os hábitos sociais no enredo de seu romance. c) as características da sociedade em que Aurélia vivia são remodeladas na imaginação do narrador romântico. d) o narrador evidencia o cerceamento sexista à autoridade da mulher, financeiramente independente. e) o narrador incorporou em sua ficção hábitos muito avançados para a sociedade daquele período histórico. 09. (ENEM 2016) Leia o texto abaixo: Estas palavras ecoavam docemente pelos atentos ouvidos de Guaraciaba, e lhe ressoavam n’alma como um hino celestial. Ela sentia-se ao mesmo tempo enternecida e ufana por ouvir aquele altivo e indómito guerreiro pronunciar a seus pés palavras do mais submisso e mavioso amor, e respondeu-lhe cheia de emoção: — Itajiba, tuas falas são mais doces para minha alma que os favos da jataí, ou o suco delicioso do abacaxi. Elas fazem-me palpitar o coração como a flor que estremece ao bafejo perfumado das brisas da manhã. Tu me amas, bem o sei, e o amor que te consagro também não é para ti nenhum segredo, embora meus lábios não o tenham revelado. A flor, mesmo nas trevas, se trai pelo seu perfume; a fonte do deserto, escondida entre os rochedos, se revela por seu murmúrio ao caminhante sequioso. Desde os primeiros momentos tu viste meu coração abrir-se para ti, como a flor do manacá aos primeiros raios do sol. GUIMARÃES, B. O ermitão de Muquém. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 out. 2015. O texto de Bernardo Guimarães é representativo da estética romântica. Entre as marcas textuais que evidenciam a filiação a esse movimento literário está em destaque a a) referência a elementos da natureza local. b) exaltação de Itajiba como nobre guerreiro. c) cumplicidade entre o narrador e a paisagem. d) representação idealizada do cenário descrito. e) expressão da desilusão amorosa de Guaraciaba. 10. (ENEM 2015) Leia o texto abaixo: Do amor à pátria @mdmpreoficial - Você pode tudo, menos desistir! 15 São doces os caminhos que levam de volta à pátria. Não à pátria amada de verdes mares bravios, a mirar em berço esplêndido o esplendor do Cruzeiro do Sul; mas a uma outra mais íntima, pacífica e habitual — uma cuja terra se comeu em criança, uma onde se foi menino ansioso por crescer, uma onde se cresceu em sofrimentos e esperanças plantando canções, amores e filhos ao sabor das estações. MORAES, V. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1987. O nacionalismo constitui tema recorrente na literatura romântica e na modernista. No trecho, a representação da pátria ganha contornos peculiares porque a) o amor àquilo que a pátria oferece é grandioso e eloquente. b) os elementos valorizados são intimistas e de dimensão subjetiva. c) o olhar sobre a pátria é ingênuo e comprometido pela inércia. d) o patriotismo literário tradicional é subvertido e motivo de ironia. e) a natureza é determinante na percepção do valor da pátria. REALISMO & NATURALISMO 01. (ENEM 2022) Leia o texto abaixo: Soluços, lágrimas, casa armada, veludo preto nos portais, um homem que veio vestir o cadáver, outro que tomou a medida do caixão, caixão, essa, tocheiros, convites,convidados que entravam, lentamente, a passo surdo, e apertavam a mão à família, alguns tristes, todos sérios e calados, padre e sacristão, rezas, aspersões d'água benta, o fechar do caixão, a prego e martelo, seis pessoas que o tomam da essa, e o levantam, e o descem a custo pela escada, não obstante os gritos, soluços e novas lágrimas da família, e vão até o coche fúnebre, e o colocam em cima e traspassam e apertam as correias, o rodar do coche, o rodar dos carros, um a um... Isto que parece um simples inventário eram notas que eu havia tomado para um capítulo triste e vulgar que não escrevo. ASSIS, M Memórias póstumas de Brás Cubas. Disponivel em: www.dominiopublico.gov.br Acesso em: 25 jul 2022, O recurso linguístico que permite a Machado de Assis considerar um capítulo de Memórias póstumas de Brás Cubas como inventário é a: a) enumeração de objetos e fatos. b) predominância de linguagem objetiva. c) ocorrência de período longo no trecho. d) combinação de verbos no presente e no pretérito. e) presença de léxico da campo semântico de funerais. 02. (ENEM 2022) Leia o texto abaixo: A senhora manifestava-se por atos, por gestos, e sobretudo por um certo silêncio, que amargava, que esfolava. Porém desmoralizar escancaradamente o marido, não era com ela.[..] As negras receberam ordem para meter no serviço a gente do tal compadre Silveira as cunhadas, ao fuso: os cunhados, ao campo, tratar do gado com os vaqueiros; a mulher e as irmãs, que se ocupassem da ninhada. Margarida não tivera filhos, e como os desejasse com a força de suas vontades tratava sempre bem aos pequenitos às mães que os estava criando. Não era isso. uma sentimentalidade cristã, uma ternura, era o egoísta e cru instinto da maternidade, obrando por mera simpatia carnal. Quanto ao pai do lote (refere-se ao Antônio) esse que fosse ajudar ao vaqueiro das bestas. Ordens dadas, o Quinquim referendava. Cada um moralizava o outro, para moralizar-se. No trecho do romance naturalista, a forma como o narrador julga comportamentos e emoções das personagens femininas revele influência do pensamento: a) capitalista, marcado pela distribuição funcional do trabalho. b) liberal, buscando a igualdade entre escravizadas e livres. c) científico, considerando o ser humano fenômeno biológico. d) religioso, fundamentado na fé e na aceitação dos dogmas do cristianismo. e) afetivo, manifesto na determinação de acolher familiares e no respeito mútuo. 03. (ENEM 2022) Leia o texto abaixo: Com efeito, Bom-Crioulo não era somente um homem robusto, uma dessas organizações privilegiadas que trazem no corpo a sobranceira resistência do bronze e que esmagam com o peso dos músculos. […] A chibata não lhe fazia mossa; tinha costas de ferro para resistir como um hércules ao pulso do guardião Agostinho. Já nem se lembrava do número das vezes que apanhara de chibata...Entretanto, já iam cinquenta chibatadas! Ninguém lhe ouvira um gemido, nem percebera uma contorção, um gesto qualquer de dor. Viam-se unicamente naquele costão negro as @mdmpreoficial - Você pode tudo, menos desistir! 16 marcas do junco, umas sobre as outras, entrecruzando- se como uma grande teia de aranha, roxas e latejantes, cortando a pele em todos os sentidos. Marinheiros e oficiais, num silêncio concentrado, alongavam o olhar, cheios de interesse, a cada golpe. "Cento e cinquenta!" Só então houve quem visse um ponto vermelho, uma gota rubra deslizar no espinhaço negro do marinheiro e logo este ponto vermelho se transformar numa fita de sangue. CAMINHA, A. O Bom-Crioulo. São Paulo: Martin Claret, 2006. A prosa naturalista incorpora concepções geradas pelo cientificismo e pelo determinismo. No fragmento, a cena de tortura a Bom-Crioulo reproduz essas concepções, expressas pela a) exaltação da resistência inata para legitimar a exploração de uma etnia. b) defesa do estoicismo individual como forma de superação das adversidades. c) concepção do ser humano como uma espécie predadora e afeita à morbidez. d) observação detalhada do corpo para a identificação de características de raça. e) apologia à superioridade dos organismos saudáveis para a sobrevivência da espécie. 04. (ENEM 2012) Leia o texto abaixo: — É o diabo!... praguejava entre dentes o brutalhão, enquanto atravessava o corredor ao lado do Conselheiro, enfiando às pressas o seu inseparável sobretudo de casimira alvadia. — É o diabo! Esta menina já devia ter casado! — Disso sei eu... balbuciou o outro. — E não é por falta de esforços de minha parte; creia! — Diabo! Faz lástima que um organismo tão rico e tão bom para procriar, se sacrifique desse modo! Enfim — ainda não é tarde; mas, se ela não se casar quanto antes — hum... hum!... Não respondo pelo resto! — Então o Doutor acha que...? Lobão inflamou-se: Oh! o Conselheiro não podia imaginar o que eram aqueles temperamentozinhos impressionáveis!... eram terríveis, eram violentos, quando alguém tentava contrariá-los! Não pediam — exigiam — reclamavam! AZEVEDO, A. O homem. Belo Horizonte: UFMG, 2003 (fragmento). O romance O homem, de Aluísio Azevedo, insere-se no contexto do Naturalismo, marcado pela visão do cientificismo. No fragmento, essa concepção aplicada à mulher define-se por uma a) conivência com relação à rejeição feminina de assumir um casamento arranjado pelo pai. b) caracterização da personagem feminina como um estereótipo da mulher sensual e misteriosa. c) convicção de que a mulher é um organismo frágil e condicionado por seu ciclo reprodutivo. d) submissão da personagem feminina a um processo que a infantiliza e limita intelectualmente. e) incapacidade de resistir às pressões socialmente impostas, representadas pelo pai e pelo médico. 05. (ENEM 2014) Leia o texto abaixo: Ana Rosa cresceu; aprendera de cor a gramática do Sotero dos Reis; lera alguma coisa; sabia rudimentos de francês e tocava modinhas sentimentais ao violão e ao piano. Não era estúpida; tinha a intuição perfeita da virtude, um modo bonito, e por vezes lamentara não ser mais instruída. Conhecia muitos trabalhos de agulha; bordava como poucas, e dispunha de uma gargantazinha de contralto que fazia gosto de ouvir. Uma só palavra boiava à superfície dos seus pensamentos: “Mulato”. E crescia, crescia, transformando-se em tenebrosa nuvem, que escondia todo o seu passado. Ideia parasita, que estrangulava todas as outras ideias. — Mulato! Esta só palavra explicava-lhe agora todos os mesquinhos escrúpulos, que a sociedade do Maranhão usara para com ele. Explicava tudo: a frieza de certas famílias a quem visitara; as reticências dos que lhe falavam de seus antepassados; a reserva e a cautela dos que, em sua presença, discutiam questões de raça e de sangue. AZEVEDO, A. O Mulato. São Paulo: Ática, 1996 (fragmento). O texto de Aluísio Azevedo é representativo do Naturalismo, vigente no final do século XIX. Nesse fragmento, o narrador expressa fidelidade ao discurso naturalista, pois: a) relaciona a posição social a padrões de comportamento e à condição de raça. b) apresenta os homens e as mulheres melhores do que eram no século XIX. c) mostra a pouca cultura feminina e a distribuição de saberes entre homens e mulheres. d) ilustra os diferentes modos que um indivíduo tinha de ascender socialmente. e) critica a educação oferecida às mulheres e os maus- tratos dispensados aos negros. 06. (ENEM 2014) Leia o texto abaixo: Talvez pareça excessivo o escrúpulo do Cotrim, a quem não souber que ele possuía um caráter ferozmente honrado. Eu mesmo fui injusto com ele durante os anos que se seguiram ao inventário de meu pai. Reconheço que era um modelo. Arguíam-no de @mdmpreoficial - Você pode tudo, menos desistir! 17 avareza, e cuido que tinham razão; mas a avareza é apenas a exageração de uma virtude, e as virtudes devem ser como os orçamentos: melhor é o saldo que o déficit.Como era muito seco de maneiras, tinha inimigos que chegavam a acusá-lo de bárbaro. O único fato alegado neste particular era o de mandar com frequência escravos ao calabouço, donde eles desciam a escorrer sangue; mas, além de que ele só mandava os perversos e os fujões, ocorre que, tendo longamente contrabandeado em escravos, habituara-se de certo modo ao trato um pouco mais duro que esse gênero de negócio requeria, e não se pode honestamente atribuir à índole original de um homem o que é puro efeito de relações sociais. A prova de que o Cotrim tinha sentimentos pios encontrava-se no seu amor aos filhos, e na dor que padeceu quando morreu Sara, dali a alguns meses; prova irrefutável, acho eu, e não única. Era tesoureiro de uma confraria, e irmão de várias irmandades, e até irmão remido de uma destas, o que não se coaduna muito com a reputação da avareza; verdade é que o benefício não caíra no chão: a irmandade (de que ele fora juiz) mandara-lhe tirar o retrato a óleo. A SSIS, M. Memórias póstum as de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992). Obra que inaugura o Realismo na literatura brasileira, Memórias póstumas de Brás Cubas condensa uma expressividade que caracterizaria o estilo machadiano: a ironia. Descrevendo a moral de seu cunhado, Cotrim, o narrador-personagem Brás Cubas refina a percepção irônica ao: a) acusar o cunhado de ser avarento para confessar-se injustiçado na divisão da herança paterna. b) atribuir a “efeito de relações sociais” a naturalidade com que Cotrim prendia e torturava os escravos. c) considerar os “sentimentos pios” demonstrados pelo personagem quando da perda da filha Sara. d) menosprezar Cotrim por ser tesoureiro de uma confraria e membro remido de várias irmandades. e) insinuar que o cunhado era um homem vaidoso e egocêntrico, contemplado com um retrato a óleo. 07. (ENEM 2013) Leia o texto abaixo: Capitulo LIV — A pêndula Saí dali a saborear o beijo. Não pude dormir; estirei-me na cama, é certo, mas foi o mesmo que nada. Ouvi as horas todas da noite. Usualmente, quando eu perdia o sono, o bater da pêndula fazia-me muito mai; esse tique-taque soturno, vagaroso e seco parecia dizer a cada golpe que eu ia ter um instante menos de vida. Imaginava então um velho diabo, sentado entre dois sacos, o da vida e o da morte, e a contá-las assim: — Outra de menos... — Outra de menos... — Outra de menos... — Outra de menos... O mais singular é que, se o relógio parava, eu dava-lhe corda, para que ele não deixasse de bater nunca, e eu pudesse contar todos os meus instanles perdidos, invenções há, que se transformam ou acabam; as mesmas instituições morrem; o relógio é definitivo e perpétuo. O derradeiro homem, ao despedir-se do sol frio e gasto, há de ter um relógio na algibeira, para saber a hora exata em que morre. Naquela noite não padeci essa triste sensação de enfado, mas outra, e deleitosa, As fantasias tumultuavam-me cá dentro, vinham umas sobre outras, â semelhança de devotas que se abaíroam para ver o anjo-cantor das procissões. Não ouvia os instantes perdidos, mas os minutos ganhados. O capítulo apresenta o instante em que Brás Cubas revive a sensação do beijo trocado com Virgüia, casada com Lobo Neves. Nesse contexto, a metáfora do relógio desconstrói certos paradigmas românticos, porque a) o narrador e Virgília nao têm percepção do tempo em seus encontros adúlteros. b) como “defunto autor”, Brás Cubas reconhece a inutilidade de tentar acompanhar o fluxo do tempo. c) na contagem das horas, o narrador metaforiza o desejo de triunfar e acumular riquezas. d) o relógio representa a materialização do tempo ê redireciona o comportamento idealista de Brás Cubas. e) o narrador compara a duração do sabor do beijo à perpetuidade do relógio. 08. (ENEM 2021) Leia o texto abaixo: Um criado trouxe o café. Rubião pegou na xícara e, enquanto lhe deitava açúcar, ia disfarçadamente mirando a bandeja, que era de prata lavrada. Prata, ouro, eram os metais que amava de coração; não gostava de bronze, mas o amigo Palha disse-lhe que era matéria de preço, e assim se explica este par de figuras que aqui está na sala: um Meflstófeles e um Fausto. Tivesse, porém, de escolher, escolheria a bandeja, - primor de argentaria, execução fina e acabada. O criado esperava teso e sério. Era espanhol; e não foi sem resistência que Rubião o aceitou das mãos de Cristiano; por mais que lhe dissesse que estava acostumado aos seus crioulos de Minas, e não queria linguas estrangeiras em casa, o amigo Palha insistiu, demonstrando-lhe a necessidade de ter criados @mdmpreoficial - Você pode tudo, menos desistir! 18 brancos. Rubião cedeu com pena. O seu bom pajem, que ele queria por na sala, como um pedaço da província, nem o pode deixar na cozinha, onde reinava um francês, Jean; foi degradado a outros serviços. ASSIS, M. Ouincas Borba. In: Obra completa. V.1. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993 (fragmento). Quincas Borba situa-se entre as obras-primas do autor e da literatura brasileira. No fragmento apresentado, a peculiaridade do texto que garante a universaIização de sua abordagem reside: a) no conflito entre o passado pobre e o presente rico, que simboliza o triunfo da aparência sobre a essência. b) no sentimento de nostalgia do passado devido à substituição da mão de obra escrava pela dos imigrantes. c) na referência a Fausto e Meflstófeles, que representam o desejo de eternização de Rubião. d) na admiração dos metais por parte de Rubião. que metaforicamente representam a durabilidade dos bens produzidos pelo trabalho. e) na resistência de Rubião aos criados estrangeiros, que reproduz o sentimento de xenofobia. 09. (ENEM 2015) Leia o texto abaixo: Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas. Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada, sete horas de chumbo. (...) Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas. Uns, após outros, lavavam a cara, incomodamente, debaixo do fio de água que escorria da altura de uns cinco palmos. O chão inundava-se. As mulheres precisavam já prender as saias entre as coxas para não as molhar; via-se-lhes a tostada nudez dos braços e do pescoço, que elas despiam suspendendo o cabelo todo para o alto do casco; os homens, esses não se preocupavam em não molhar o pêlo, ao contrário metiam a cabeça bem debaixo da água e esfregavam com força as ventas e as barbas, fossando e fungando contra as palmas da mão. As portas das latrinas não descansavam, era um abrir e fechar de cada instante, um entrar e sair sem tréguas. Não se demoravam lá dentro e vinham ainda amarrando as calças ou as saias; as crianças não se davam ao trabalho de lá ir, despachavam-se ali mesmo, no capinzal dos fundos, por detrás da estalagem ou no recanto das hortas. No Naturalismo, época literária a que pertenceu Aluísio de Azevedo, o homem é visto a) de forma negligente e egocêntrica, preocupado apenas com o próprio bem-estar. b) de forma atuante, responsável pela transformação do mundo em que vive. c) de forma idealista e romântica, alheio a tudo que acontece a seu redor. d) como responsável pelas condições do meio em que vive e capaz de melhorá-lo. e) como fruto do meio em que vive, sujeito a influências que escapam a seu controle. 10. (ENEM 2011) Leia o texto abaixo: Abatidos pelo fadinho harmonioso e nostálgico dos desterrados, iam todos, até mesmo os brasileiros, se concentrando e caindo em tristeza; mas, de repente, o cavaquinho de Porfiro, acompanhado pelo violão do Firmo, romperam vibrantemente com um chorado baiano. Nada mais que os primeiros acordes da música crioula para que o sangue de toda aquela gente despertasse logo, como se alguém lhe fustigasse o corpo com urtigas bravas. E seguiram-se outra notas,e o tratamento metafísico de temas universais. d) a evidente preocupação do eu lírico com a realidade social expressa em imagens poéticas inovadoras. e) a liberdade formal da estrutura poética que dispensa a rima e a métrica tradicionais em favor de temas do cotidiano. GABARITOS OFICIAIS Gabarito - Introdução à Literatura A, B, D, D, A, B, C, C, B, C Gabarito - Quinhentismo C, C, C, C, C, D, C, E, C, B @mdmpreoficial - Você pode tudo, menos desistir! 21 Gabarito - Barroco D, D, A, C, E, B, C, B, C, D Gabarito - Arcadismo C, B, A, E, E, C, C, C, D, A Gabarito - Romantismo E, C, B, D, A, E, E, D, A, B Gabarito - Realismo e Naturalismo A, C, A, C, A, B, D, A, A, C Gabarito - Simbolismo e Parnasianismo E, A, A, D, E, D, C