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* Função Renal Profª Claudia Gouveia * * Características da Função Renal Sua qualidade homeostática do meio interno exige que o rim esteja intimamente associado ao sistema cardiovascular. * * Relação entre Coração e os Rins O rim, em condições de trabalho basal, recebe entre 20-25% do volume cardíaco por minuto Os pesquisadores da Universidade da Califórnia acompanharam 4.378 pacientes, e analisaram sua função renal, monitoraram também se eles desenvolviam doenças relacionadas ao coração. * O resultado mostrou que as pessoas que tiveram problemas renais mais cedo, apresentaram mais riscos de ter doenças do coração do que os outros: • 32% – Falência do coração; • 48% – Ataque cardíaco; • 67% – Doença arterial obstrutiva periférica. * Outro estudo, realizado por cientistas da Universidade de Johns Hopkins mostrou que pessoas que apresentam uma diminuição de 5,6%, ao ano, na função dos rins, têm 30% mais chances de sofrer com doenças cardíacas. * ANATOMIA BÁSICA RENAL * * Como funcionam os rins O sangue chega ao rim através da artéria renal, que se ramifica muito no interior do órgão, originando grande número de arteríolas aferentes, onde cada uma ramifica-se no interior da cápsula de Bowman do néfron, formando um enovelado de capilares denominado glomérulo de Malpighi. * Glomérulo de Malpighi * * O sangue arterial é conduzido sob alta pressão nos capilares do glomérulo. Essa pressão, que normalmente é de 70 a 80 mmHg, tem intensidade suficiente para que parte do plasma passe para a cápsula de Bowman, processo denominado filtração. * * Essas substâncias extravasadas para a cápsula de Bowman constituem o filtrado glomerular, que é semelhante, em composição química, ao plasma sanguíneo, com a diferença de que não possui proteínas, incapazes de atravessar os capilares glomerulares. * O filtrado glomerular passa em seguida para o túbulo contorcido proximal, cuja parede é formada por células adaptadas ao transporte ativo. * * * Nesse túbulo, ocorre reabsorção ativa de sódio. A saída desses íons provoca a remoção de cloro, fazendo com que a concentração do líquido dentro desse tubo fique menor (hipotônico) do que do plasma dos capilares que o envolvem. * Com isso, quando o líquido percorre o ramo descendente da alça de Henle, há passagem de água por osmose do líquido tubular (hipotônico) para os capilares sangüíneos (hipertônicos) – ao que chamamos reabsorção. * * O ramo descendente percorre regiões do rim com gradientes crescentes de concentração. Conseqüentemente, ele perde ainda mais água para os tecidos, de forma que, na curvatura da alça de Henle, a concentração do líquido tubular é alta. * * Esse líquido muito concentrado passa então a percorrer o ramo ascendente da alça de Henle, que é formado por células impermeáveis à água e que estão adaptadas ao transporte ativo de sais. Nessa região, ocorre remoção ativa de sódio, ficando o líquido tubular hipotônico. * * Ao passar pelo túbulo contorcido distal, que é permeável à água, ocorre reabsorção por osmose para os capilares sangüíneos. Ao sair do néfron, a urina entra nos dutos coletores, onde ocorre a reabsorção final de água. * Dessa forma, estima-se que em 24 horas são filtrados cerca de 180 litros de fluido do plasma; porém são formados apenas 1 a 2 litros de urina por dia, o que significa que aproximadamente 99% do filtrado glomerular é reabsorvido. * Além desses processos gerais descritos, ocorre, ao longo dos túbulos renais, reabsorção ativa de aminoácidos e glicose. Desse modo, no final do túbulo distal, essas substâncias já não são mais encontradas. * * Os capilares que reabsorvem as substâncias úteis dos túbulos renais se reúnem para formar um vaso único, a veia renal, que leva o sangue para fora do rim, em direção ao coração. * Além de excretar substâncias tóxicas, os rins também desempenham muitas outras funções, tais como: # Eliminar substâncias tóxicas oriundas do metabolismo, como por exemplo, a uréia e creatinina. * # Manter o equilíbrio de eletrólitos no corpo humano, tais como: sódio, potássio, cálcio, magnésio, fósforo, bicarbonato, hidrogênio, cloro e outras. * # Regular o equilíbrio ácido-básico, mantendo constante o pH sanguíneo; * Representação do dióxido de carbono produzido pelo metabolismo, a sua pequena dissociação em íons e o equilíbrio sob a forma de CO2 dissolvido e água : * Representação do mecanismo renal de retenção de bicarbonato e eliminação de íons hidrogênio (H+). * # Regular a osmolaridade e volume de líquido corporal eliminando o excesso de água do organismo; # Excreção de substâncias exógenas como por exemplo medicações e antibióticos; * # Produção de hormônios: eritropoietina (estimula a produção de hemácias) e aldosterona (eleva a pressão arterial). * # Modificar a forma da vitamina D que chega ao rim depois de ser convertida em uma forma possível de ser transportada pela corrente sanguínea no fígado transformando esta num hormônio cuja função principal é aumentar a absorção de cálcio no intestino e facilitar a formação normal dos ossos. * # Produção de urina para exercer as suas funções excretórias. * A ação do PTH (paratormônio) nos ossos e nos rins * Dentro das múltiplas funções desenvolvidas no rim, cabe destacar duas, que se perturbam na insuficiência renal: # Função endócrina # Função urinária * Secreção de Renina A renina se refere a uma substância de ação enzimática que atua sobre uma fração α2-globulina das proteínas plasmáticas denominada: angiotensinogênio que quando sofre a ação da renina realiza as seguintes funções: * # Ação vasoconstrictora # Ação estimulante direta da reabsorção de sódio # Ação estimulante da secreção de aldosterona # Ação sobre as células do glomérulo (que passam a se contrair diminuindo a área de filtração) # Estimula a sensação de sede * * Sistema Renina - Angiostensina-Aldosterona. As Células Justaglomerulares da parede da arteríola aferente, em face da diminuição da pressão de perfusão e da pressão sistêmica, secretam o hormônio renina que leva a formação de angiotensina II. Angiotensinogênio => angiotensina I => angiotensina II * * Ações da Angiotensina # Promove a vasoconstricção tanto sistêmica quanto da arteríola eferente com conseqüente aumento da taxa de filtração. * Esse processo de auto-regulação permite que a taxa de filtração seja mantida mesmo quando o fluxo sanguíneo renal é baixo. Impede a falência renal na hipotensão arterial. * # Estimula a liberação da aldosterona (mineralocorticoide adrenal) que promove a reabsorção do Na+ que carreia água para o leito capilar auxiliando no aumento da pressão arterial * * # Induz a liberação de ADH que aumenta a reabsorção de água e uréia. # Estimula a produção e liberação de prostaglandinas vasodilatadoras renais , E2 e I2 (prostaciclina) que atuam como moderadores do efeito vasoconstritor (feed-back). * * Secreção de calicreína Em diversas condições, particularmente circulatórias, quando há diminuição do aporte de O2, libera-se calicreína que age enzimaticamente liberando cininas plasmáticas. As cininas agem como vasodilatadoras, modulando a função renal. * Secreção de eicosanóides Trata-se de substâncias derivadas do ácido aracdônico, que também agem como agentes moduladores da função renal de ação vasodilatadora. Existem quatro famílias de eicosanóides: as prostaglandinas, as prostaciclinas, os tromboxanos, e os leucotrienos. * Secreção de derivados di-hidroxilados de calciferol Na insuficiência renal, particularmente na crônica, existem alterações do metabolismo do cálcio e do fósforo, ao mesmo tempo que se detectam comprometimentos das funções ósseas e dentárias em que predominam as desmineralizações. * * Funções Homeostáticas Renais # Manutenção do conteúdo de água. # Conservação da osmolaridade extracelular # Persistência da concentração de eletrólitos # Manutenção do pH do meio extracelular # Retenção de metabólitos # Excreção controlada # Controle da pressão arterial sistêmica * Manutenção do Conteúdo de água Refere-se tanto ao conteúdo hídrico total do organismo, como em particular, do espaço extracelular. Essa função é efetuada através de controle da diurese ou volume urinário em função do tempo (1.200 a 1500 ml /dia), * Varia ainda mais quando diminui o conteúdo de água, havendo então oligúria, até chegar a valores de diurese próximos a 400 ml/dia. * Por outro lado, pode apresentar poliúria quando houver excesso de água, condição em que a diurese pode chegar a valores de 2,5 litros/dia. * O controle da diurese, é realizada pela arginina-vasopressina (A-VP), também intitulada ADH ou hormônio antidiurético, pelos seus efeitos retentores de água. * * Avaliação Laboratorial da Função Renal A avaliação da função renal deve ser dividida em: avaliação da função glomerular e avaliação da função tubular * Avaliação da Função Glomerular Nessa avaliação é importante sabermos se o glomérulo consegue filtrar quantidade suficiente de volume e se o glomérulo está sendo efetivo em não filtrar proteínas e elementos figurados do sangue. * A Depuração da Creatinina A depuração da creatinina é o método utilizado para mensurar a taxa de filtração glomerular (TFG). Essa substância é totalmente excretada pelos rins, não é reabsorvida e possui uma secreção quase desprezível. * Além disso, essa substância possui a facilidade de ser uma substância produzida pelo próprio organismo e é facilmente mensurada no plasma e na urina. * Quais fatores podem alterar os resultados do teste? O exercício físico pode elevar os valores da creatinina. 2) A coleta incompleta da urina de 24 horas pode acarretar em valores falsos. 3) Dieta rica em proteína pode produzir elevação transitória dos níveis de creatinina e de sua depuração. * Dosagem da Creatinina Sérica A dosagem isolada da creatinina sérica pode ser utilizada para a avaliação da função renal, sendo que o aumento dos seus níveis tem uma forte correlação com falência renal. * Dosagem de Uréia Sérica Essa substância é importante para diferenciação entre a azotemia pré-renal e a renal. Na primeira situação, a uréia tem um aumento mais expressivo que a creatinina. Isso é explicado porque o rim, em situação de desidratação e hipovolemia, reabsorve mais uréia, e concentra mais a urina. * OBS.: Azotemia é uma condição médica caracterizada por níveis anormais de nitrogênio - contendo compostos, como uréia, creatinina, e outros no sangue. * Proteinúria A avaliação da proteinúria constitui um indicador sensível da função renal. Em condições normais não se encontra proteína na urina. Porém, se a membrana glomerular for lesada, como ocorre nas glomerulonefrites, os espaços tornam-se maiores, permitindo a passagem de proteínas. * A Hematúria Glomerular Muitas são as causas possíveis entre elas: o trauma, o tumor, litíase renal e a cistite. * Avaliação da Função Tubular Densidade Urinária: É uma medida da concentração de soluto na urina. Quando elevada, indica uma urina concentrada; quando diminuída, indica urina diluída. * Quando a densidade está aumentada o que pensar? 1) Desidratação com redução do fluxo sanguíneo renal. Ex.: restrição hídrica, vômitos, hemorragia, sudorese excessiva, febre. Este fato ativa o sistema renina angiotensina aldosterona e a liberação de ADH, formando com isso uma urina mais concentrada. * 2) Diminuição do fluxo sanguíneo renal sem desidratação. Ex.: Insuficiência cardíaca, cirrose hepática e síndrome nefrótica. Essas situações produzem uma diminuição do volume plasmático efetivo e com isso apesar de terem um volume corporal adequado se comportam como a situação anteriormente citada. * 3) A síndrome de secreção inapropriada de ADH e suas inúmeras causas, como tumor de hipófise, tumor de pulmão e traumatismo craniano. * Quando a densidade está diminuída. O que pensar? 1) Hiperhidratação – a água em excesso deve ser excretada, produzindo uma urina diluída. 2) Diabetes mellitus insípido – pode ser ocasionada pela não liberação do ADH ou pro um rim não-responsivo ao ADH produzido. * 3) Insuficiência renal – um rim em falência não consegue sustentar uma medula hipertônica, já que o número de néfrons funcionantes diminui, e com eles a capacidade de concentrar a medula. 4) Diuréticos. * 5) Neuropatia da anemia falciforme tem como primeiro sinal a baixa densidade urinária, isso porque os primeiros néfrons acometidos são os justamedulares (que possuem o aporte de oxigênio mais débil). E esses néfrons são os mais efetivos em concentrar a medula renal. * Glicosúria A glicose é uma substância de baixo peso molecular que é livremente filtrada no glomérulo, porém a sua excreção urinária normal é nula. Logo, toda glicose filtrada é reabsovida pelos túbulos renais. * Quando encontramos glicose na urina (glicosúria), o que devemos pensar? A causa mais comum de glicosúria é a diabetes mellitus. * Quando temos glicosúria com glicemia normal? Isso é uma doença tubular renal, ou seja não está conseguindo exercer a função de reabsorver a glicose. Essa doença é conhecida como Síndrome de Fanconi. * Aminoacidúria A medida do pH numa amostra de urina recentemente emitida indica o equilíbrio ácido-básico. Reflete a função dos rins na manutenção da homeostasia normal do pH. Essa função é exercida pelos túbulos renais e, sendo assim, pode refletir alterações do funcionamento desse segmento. * Valores elevados do pH urinário 1) Alcalemia – O componente renal da homeostasia do pH consiste na excreção do excesso de base para corrigir um desequilíbrio ácido-base. 2) Infecções das vias urinárias – As bactérias que desdobram a uréia produzem urina alcalina, visto que a uréia é convertida em amônia. * Valores reduzidos do pH urinário Acidemia – Para manter a homeotasia, os rins excretam íons hidrogênio, com consequente redução do pH urinário. Diabetes mellitus Inanição * Fatores de Interferência # Demora no tempo entre coleta da urina e processamento do pH. Nessa situação o pH pode ficar alcalino pela proliferação de bactérias que desdobram a uréia. # Quando a amostra fica em frasco aberto ocorre evaporação do CO2, tornando a urina alcalina. * # Fatores dietéticos – dieta rica em frutas cítricas, laticínios e vegetais aumentam o pH. Enquanto dieta pobre em proteína reduz o pH. * UROANÁLISE * Introdução A uroanálise e um exame químico e físico da urina, importantíssimo no auxílio-diagnóstico à patologias do trato genito-urinário como: cistites,nefrites,cristais e cálculos urinários, presença de sangue ou infecção urinária. * Elementos Físicos da Urina: Volume: Os limites normais de 600 a 2.000 ml. # Oligúria: é a redução no volume diário normal de urina. # Anúria: cessação do fluxo da urina. Pode ser resultante de qualquer lesão renal. # Nictúria: aumento na excreção noturna da urina. # Poliúria: é o aumento no volume urinário diário. * Elementos Físicos da Urina: Transparente Opaca Turva Aspecto: # Transparente ou límpida. # Opaca ou ligeiramente turva. # Turva (presença de grandes quantidade : piócitos,hemácias, células epiteliais, cristais e bactérias). * Elementos Físicos da Urina: Odor: # Normal. # Amoniacal (má conservação, degradação da uréia por bactérias formando amônia). # Pútrido (mau cheiro, cheiro de podre por infecção urinária) # Cetônico ou frutoso (corpos cetônicos na urina). * Elementos Físicos da Urina: pH: Juntamente com os pulmões, os rins são os mais importantes reguladores do equilíbrio ácido-básico do organismo. O pH ligeiramente ácido, está entre 5 e 6 pH normal, das outras amostras do dia pode variar de 4, 5 à 8, 0. * Elementos físicos da urina: Depósito: Tem relação com o aspecto da urina, uma vez que o mesmo é formado por elementos dissolvidos ou em suspensão, os quais aparecem pela precipitação, ou são constituídos por elementos figurados, como células de descamação, piócitos, bactérias e hemácias. * * * * * * * * *
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