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SÉRIE BRANCA Prof. Dr. Célio Ribeiro LEUCOGRAMA � É a parte do hemograma completo que avalia os leucócitos (glóbulos brancos) em circulação � Análise qualitativa e quantitativa dos glóbulos brancos � É composto por: 1) contagem total (leucometria) 2) contagem diferencial 3) análise morfológica � Valores de referência: 3.600 a 11.000/mm3 � Valores aumentados: leucocitose (↑ 11.000/mm3) - fisiológicas: recém-nascido, exercícios físicos, estresse - patológicas: infecções (bacterias, vírus, fungos), leucemias, reações leucemóides � Valores diminuídos: leucopenia (↓ 3.600/mm3) - imunossuprimidos (SIDA, Quimioterapia) *eritroblastos interferem positivamente na contagem de leucócitos (falsa leucocitose) 1) Contagem total (leucometria) � Neutrófilos - Promielócitos - Mielócitos - Metamielócitos - bastonetes - segmentados � Eosinófilos � Linfócitos � Monócitos � Basófilos 40 – 70 % 0 0 0 – 2 % 0 – 7 % 40 – 70 % 1 – 7 % 20 – 50 % 2 – 10 % 0 – 2 % • 1.500 – 6.800/mm3 0 0 0 - 200/mm3 0 - 400/mm3 1.500 - 6800/mm3 50 - 400/mm3 1.000 – 3.800/mm3 100 – 800/mm3 0 - 200/mm3 2) Contagem diferencial � Neutrofilia (↑70 % ou ↑6.800/mm3) - infecções bacterianas: pneumonias, meningites, peritonites, peritonites, artrites, osteomielite, septicemia - uso de corticóides, tratamento com lítio e com desmopressina - Leucemia mielóide crônica, doença de Hodgkin, tireoidite de Hashimoto, infarto do miocárdio, hemorragias agudas, trauma severo, pós-operatório - descargas adrenérgicas: exercícios físicos, pânico, convulsões, choques elétricos e choro da criança ao coletar sangue - doenças inflamatórias: febre reumática, doenças intestinais crônicas (Crohn, colite ulcerativa), - intoxicações endógenas: acidose diabética, anoxemia prolongada, choque - intoxicações exógenas (chumbo, mercúrio, benzeno) e os envenenamentos por picadas de artrópodes ou ofídios 2) Contagem diferencial � Neutropenia (↓40 % ou ↓ 1.500/mm3) - infecções virais (varicela, sarampo, rubéola, hepatite A e B, mononucleose infecciosa, citomegalovírus, influenza, parvovírus) - disfunção pulmonar - hemodiálise - deficiência de vitamina B12 e folato - síndrome de Chediak-Higashi - infiltração medular por células neoplásicas - Lupus eritematoso sistêmico 2) Contagem diferencial � Eosinofilia (↑7 % ou ↑400/mm3) - doenças parasitárias: Ascaris lumbricoides, Necator americanus, Ancylostoma duodenale, Strongyloides stercoralis - doenças alérgicas comuns: rinoconjutivite, asma brônquica, dermatite atópica, alergia alimentar) - radioterapia 2) Contagem diferencial � Eosinopenia (↓1 % ou ↓ 50/mm3) - processos infecciosos agudos (bacteriano) - Abdômen agudo (apendicite, diverticulite, colecistite, pancreatite) - Uso de corticóides - queimaduras 2) Contagem diferencial � Linfocitose (↑50 % ou ↑3.800/mm3) - infecções virais: mononucleose infecciosa, citomegalovirose, hepatites virais, rubéola, brucelose - é rara em infecções bacterianas agudas, a única excessão é a coqueluche - Emergências cardiológicas e traumáticas, estados convulsivos - Leucemia linfocítica crônica (LLC) 2) Contagem diferencial � Linfopenia (↓20 % ou ↓ 1.000/mm3) - infecções agudas - Lupus eritematoso sistêmio, - SIDA - Quimioterapia, corticoterapia - exposição à radiação ionizante (radioterapia) - idosos 2) Contagem diferencial � Monocitose (↑10 % ou ↑800/mm3) - infecções virais (mononucleose infeciosa) - recuperação de infecções agudas - hemodiálise a longo prazo, após quimioterapia, inflamações crônicas - doenças imunes (LES, AR) - tuberculose, brucelose, sífilis, malária, endocardites bacterianas, febre tifóide, - Algumas neoplasias (Leucemia Mielomonocítica Cronia , carcinoma de ovário, estômago, mama) � Monocitopenia (↓2 % ou ↓ 100/mm3) - anemia aplástica, tricoleucemia 2) Contagem diferencial � Basofilia (↑2 % ou ↑200/mm3) - reações hipersensibilidade imediata e associadas a IgE (asma, urticária, rinite alérgica, reações anafiláticas) - doenças mieloproliferativas (policitemia vera, trombocitemia essencial, leucemia mielóide crônica) - exposição à radiação ionizante � Basopenia (desuso) - valores de referência: 0 a 2 % 2) Contagem diferencial Em processos infecciosos agudos 3 fases são desenvolvidas: � FASE NEUTROFÍLICA OU DE LUTA - leucocitose com neutrofilia, desvio à esquerda, eosinopenia e linfopenia � FASE MONOCÍTICA OU DE DEFESA - leucocitose com neutrofilia ou normal, monocitose, eosinopenia e linfopenia � FASE LINFOCITÁRIA OU CURA - leucócitos normais ou elevados, neutropenia, ausência de desvio a esquerda, linfocitose com presença de eosinófilos normais ou elevados � Granulações tóxicas � Vacúolos citoplasmáticos � Corpos de Döhle � Anomalia de May-Hegglin � Anomalia de Chédiak-Higashi � Anomalia de Alder-Reilly ANORMALIDADES CITOPLASMATICAS: Granulações tóxicas, vacúolos citoplasmáticos, corpos de Döhle, anomalias de May-Hegglin, Chédiak-Higashi e Alder-Reilly, 3) Análise morfológica 3) Análise morfológica � Granulações tóxicas - são grânulos primários azurófilos hipercromáticos vistos em infecções, toxemias, gravidez, administração de G-CSF e GM-CSF � Vacúolos citoplasmáticos - resultam da fusão de grânulos com um vacúolo fagocítico e exocitose do conteúdo dos lisossomos. São vistos em infecções e na intoxicação alcoólica 3) Análise morfológica � Corpos de Döhle - são inclusões citoplasmáticas azul-acinzentadas produzidas por grumos de material do retículo endoplasmático devido à maturação acelerada do neutrófilo em infecções, inflamações e síndromes mielodisplásicas 3) Análise morfológica � Anomalia de May-Hegglin - as inclusões leucocitárias estão presentes nos neutrófilos, eosinófilos, basófilos e mais raramente nos monócitos e caracterizam-se por serem granulações grandes, acinzentadas, que lembram corpúsculos de Döhle. São estruturas relacionadas com os ribossomos 3) Análise morfológica � Anomalia de Chédiak-Higashi - é uma síndrome rara, que se caracteriza pela presença de lisossomos gigantes nos leucócitos. Os neutrófilos apresentam grânulos grandes resultantes da fusão de granulações primárias e secundárias 3) Análise morfológica � Anomalia de Alder-Reilly - é uma mucopolissacridose que tem como característica morfológica a presença de grânulos vermelho-escuro ou púrpura, que lembram granulações tóxicas 3) Análise morfológica LEUCOGRAMA: 3) Análise morfológica � Anomalia de Pelger-Huët � Desvio a esquerda � Desvio a direita ANORMALIDADES NUCLEARES: Anomalia de Pelger-Huet, desvio à esquerda, desvio à direta � Anomalia de Pelger-Huet - é uma anomalia benigna que morfologicamente apresenta uma diminuição na segmentação do núcleo (hipossegmentação) - nos heterozigotos o núcleo apresenta-se com 2 lóbulos, mais arredondados que o normal e em forma de óculos e também em forma de halteres ou amendoins com acentuada condensaçãocromatínica 3) Análise morfológica � Anomalia de Pelger-Huet - no hemograma dos heterozigotos encontra-se um pseudo desvio nuclear à esquerda dos neutrófilos - nos homozigotos, os neutrófilos apresentam núcleos ovais ou redondos, excêntricos e com cromatina bem mais condensada, lembrando morfologicamente um mielócito ou metamielócito 3) Análise morfológica � Anomalia de Pelger-Huet 3) Análise morfológica � DESVIO À ESQUERDA (DE) - o DE é causado pelo aumento da proporção de bastonetes e/ou células mais jovens - o limite de detecção do DE é 7 – 10 %- o DE é comum em processos infecciosos agudos bacterianos 3) Análise morfológica � DESVIO A DIREITA (DD) - o DD é causado pelo aumento do número de neutrófilos com múltiplos segmentos (6 ou mais lóbulos nucleares) - o limite de deteccção de DD é 3 % ou mais de neutrófilos hiperssegmentados - o DD é significativo nas síndromes megaloblásticas 3) Análise morfológica LEUCOGRAMA: Infecções � Infecções graves - quadro leucocitário com DE - degeneração na maioria dos neutrófilos - ausência de eosinófilos � Processos supurativos - degeneração acentuada dos neutrófilos (presença de granulações tóxicas, microvacúolos citoplasmáticos, corpos de Döhle) LEUCOGRAMA: Infecções � Processos benignos e crônicos - presença de neutrófilos multissegmentados (DD) - presença de eosinófilos � Falta de reação defensiva do organismo - ausência de monocitose - linfocitose após muitos dias de evolução LEUCOGRAMA: Infecções � Processos infecciosos crônicos por bactérias Gram Positiva* - leucocitose - linfocitose# - monocitose - granulações tóxicas nos neutrófilos *Estreptococos, Estafilococos, Enterococos, Actinobacteria, Listeria, etc. # infecção agudas por cocos gram-positivos causam neutrofilia com maior constância, mas processos similares por gram- negativos também costumam faze-lo LEUCOGRAMA: Infecções � Processos infecciosos virais - leucopenia - linfocitose - presença de linfócitos atípicos - monocitose - eosinopenia LEUCOGRAMA: Infecções � Abdômen agudo cirúrgico (apendicite, diverticulite, colecistite, pancreatite) - neutrofilia - desvio a esquerda - linfopenia - presença de linfócitos atípicos - monocitose - eosinopenia LEUCOGRAMA: Infecções � Meningites (meningococos, pneumococo, estafilococo, estreptococo e H. influenzae) - neutrofilia - desvio a esquerda - eosinopenia � Meningites - as meningites virais são linfocíticas no LCR, mas no sangue há neutrofilia proporcional à gravidade dos sinais clinicos LEUCOGRAMA: Infecções � Diarréia sem leucócitos fecais (enterotoxinas, rotavírus) - o hemograma é inexpressivo � Diarréia com leucócitos fecais, com sangue (disenteria) ou sem sangue - neutropenia* - desvio a esquerda (*explicado pela considerável perda de neutrófilos nas fezes) LEUCOGRAMA: Infecções � Quadro Leucemóide - desaparece os eosinófilos circulantes - células jovens em menor porcentagem - citologia normal - serie vermelha normal - fosfatase alcalina aumentada � Quadro Leucêmico - aparecem os eosinófilos circulantes - células jovens em maior porcentagem - assincronismo de maturação - presença de eritroblastos - fosfatase alcalina normal Referências Bibliográficas � SILVA, P.; H.; HASIMOTO, Y.; ALVES, H. B. Hematologia Laboratorial. Rio de Janeiro: Revinter, 2009. 466 p. � ZAGO, M. A.; FALCÃO, R. P.; PASQUINI, R. Hematologia: Fundamentos e Prática. 1ªed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2001. 1081 p. � FAILACE, R. Hemograma: manual de interpretação. 5ªed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 424 p. � SANTOS, P. C. J. L. Hematologia: Métodos e Interpretação. São Paulo: GEN, 2013. 450 p.
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