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Fenômenos de Transporte II Transferência de Calor Prof. Dr. Marcelo José Pirani (DEM) Prof. MSc. Marcos Fábio de Jesus (DEQ) Prof. MSc. Yuri Guerrieri (DEQ) Termodinâmica: estudo da transferência de energia através de interações entre o sistema e suas vizinhanças, nas formas de calor e trabalho. Considera somente os estados inicial e final da transferência. Não fornece qualquer informação sobre a natureza da interação ou a taxa de tempo na qual ela ocorre. Objetivos da disciplina: Análise termodinâmica através dos meios como o calor é transferido. Desenvolvimento das relações para calcular as taxas nas quais essa transferência ocorre. Questões importantes a serem desvendadas: O que é transferência de calor? Como o calor é transferido? Qual a importância desse estudo? Balanço de Energia para um sistema com Escoamento ** , **** WQEEEE CGSEA A forma como o calor (Q) é transmitido é estudado em Fenômenos de Transporte O balanço de Energia (1° lei da termodinâmica – conservação da energia) é estudado pela Termodinâmica. CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO A primeira lei da Termodinâmica é uma ferramenta de grande utilidade em problemas de transferência de calor. É importante obter a forma adequada da primeira lei para análise desses problemas. ou W WQEEEE CGSEA , Calor líquido (Entra-Sai) do V.C. Energia relacionada ao fluxo de matéria no Entrando e Saindo do V.C. Energia Gerada ou Consumida no V.C. Energia Acumulada no V.C. Trabalho de Eixo líquido (Entra-Sai) do V.C. ** , **** WQEEEE CGSEA Desafios para o curso: Desenvolver os conceitos fundamentais e princípios dos processos de transferência de calor. Ilustrar a maneira pela qual um conhecimento de transferência de calor pode ser utilizado com a primeira lei da termodinâmica para resolver problemas relevantes para a tecnologia e para a sociedade. 1.1. Definições: Transferência de calor (ou calor): é a energia térmica em trânsito devido a uma diferença de temperatura. Sempre que houver uma diferença de temperatura em um meio ou entre meios, ocorre, necessariamente, transferência de calor. A transferência se dá do meio mais quente para o meio mais frio. 1.2. Mecanismos da Transferência de Calor: Condução: transferência de calor através de um meio (fluido ou sólido) estacionário, quando existe uma diferença de temperatura. Convecção: transferência de calor entre uma superfície e um fluido em movimento, quando eles se encontram a diferentes temperaturas. Radiação: transferência de calor entre duas superfícies, que emitem energia na forma de ondas eletromagnéticas, a diferentes temperaturas, na ausência de um meio que se interponha entre elas. CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO MECANISMOS FÍSICOS E EQUAÇÕES DAS TAXAS DE CALOR Condução Envolve processo físicos a nível de atividade atômica e molecular. Transferência de energia das partículas mais energéticas para as partículas de menor energia, em um meio, devido às interações entre elas. Mecanismo físico da condução (exemplo): Consideração: gás no qual exista um gradiente de temperatura. Suposições: • Não há movimento de mistura. • O gás está contido entre duas superfícies mantidas a diferentes temperaturas. • A temperatura em qualquer ponto pode ser associada à energia das moléculas em torno desse ponto. • Energia das moléculas: movimentos aleatórios de translação, rotação e vibração (teoria cinética dos gases). • Colisão entre moléculas: transferência de energia da molécula mais energética para a menos energética. Líquidos: Situação semelhante a dos gases. Interações moleculares mais fortes devido à proximidade entre as moléculas. Sólidos: Mecanismo de atividade atômica na forma de vibrações dos retículos cristalinos. Visão moderna: transferência associada a ondas na estrutura dos retículos. Exemplos de transferência de calor por condução: Ponta de uma colher de metal imersa em uma xícara de café quente. Dias de inverno: perda de aquecimento de uma sala para o ambiente externo. CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.2.1. Condução Ocorre em sólidos, líquidos e gases em repouso. xq 1 2 x A T T q x CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.2.1. Condução Ocorre em sólidos, líquidos e gases em repouso. Figura 1.2: Associação da transferência de calor por condução à difusão de energia devido à atividade molecular CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.2.1. Condução Lei de Fourier xd TdAkA''qq xx onde: q’’ – Fluxo de calor [W/m2] q – Taxa de calor [W] k – Condutividade Térmica [W/moC] A – Área [m2] dT/dx – Gradiente de temperatura [oC/m] xd Tdk''q x CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.2.1. Condução Condutividade térmica CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.2.1. Condução Condutividade térmica CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO Exemplo: A parede da fornalha de uma caldeira é construída de tijolos refratários com 0,20m de espessura e condutividade térmica de 1,3 W/mK. A temperatura da parede interna é de 1127oC e a temperatura da parede externa é de 827oC. Determinar a taxa de calor perdido através de uma parede com 1,8m por 2,0 m. 20,0 82711276,3.3,1q x TTAkq ei Dados: Solução x = 0,20 m k = 1,3 [W/moC] Ti = 1127 oC Te = 827 oC A = 1,8.2,0 = 3,6 m2 W7020q CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.2.2. Convecção Quando um fluido a determinada temperatura escoa sobre uma superfície sólida a temperatura diferente, ocorrerá transferência de calor entre o fluido e a superfície sólida, como conseqüência do movimento do fluido em relação a superfície. Abrange dois mecanismos: - Difusão; - Advecção. Tipos de Convecção: Convecção forçada: o escoamento é causado por meios externos (ventilador, bomba, ventos atmosféricos, etc). Convecção livre ou natural: o escoamento é induzido por forças de empuxo, originadas por diferenças de densidade, causadas por variações de temperatura do fluido. Convecção: transferência de energia no interior do fluido devido à combinação dos efeitos de condução e do movimento global do fluido. Energia transferida: energia sensível ou térmica interna do fluido. Outros processos de convecção: envolvem também troca de calor latente. Mais comuns: ebulição e condensação. CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.2.2. Convecção A convecção pode ser natural ou forçada. Convecção Natural O movimento ocorre devido a diferença de densidade TW > T q TW V T ar CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.2.2. Convecção A convecção pode ser natural ou forçada. Convecção Forçada O movimento ocorre devido a um mecanismo externo q TW U T ar TW > T Parede CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.2.2. Convecção Lei de Resfriamento de Newton TTh''q w onde: q’’ – Fluxo de Calor [W/m2] q – Taxa de calor [W] h – Coeficiente de convecção [W/m2 oC] A – Área [m2] Tw – Temperatura da parede [oC] T – Temperatura do fluido [oC] TTAhA''qq w O Fluxo de calor convectivo é proporcional à diferença de temperaturas da superfície e do fluido. Fluxo de calor convectivo q”(W/m2): é taxa de transferência de calor na direção x por unidade de área perpendicular à direção de transferência, proporcional ao gradiente de temperatura nessa direção. Constante de proporcionalidade h: coeficiente de transferência por convecção, que depende: Da geometria da superfície. Da natureza do movimento do fluido. Das propriedades termodinâmicas e de transporte do fluido. Um dos maiores desafios nesta ciência é a determinação dos valores de h. CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.2.2. Convecção CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃOExemplo: Ar a Tar = 25oC escoa sobre uma placa lisa mantida a Tw = 150oC. O coeficiente de convecção é de 80 W/m2 oC. Determinar a taxa de calor considerando que a placa possui área de A = 1,5 m2. Solução: 251505,1.80q TTAhq w W15000q CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO Exemplo 2: Uma tubulação de vapor sem isolamento térmico passa através de uma sala onde o ar se encontra a 25º C. O diâmetro externo do tubo é de 70 mm e a temperatura da superfície é 200º C. Se o coeficiente associado á transferência de calor por convecção natural da superfície para o ar é de 15 W/m2.K, qual é a taxa de calor perdida pela superfície do tubo por unidade de comprimento devido a convecção? Solução: 2520007015 , L q'q TTLDhq w m/Wq 577 CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.2.3. Radiação Todos os corpos emitem continuamente energia devido a sua temperatura, a energia assim emitida é a radiação térmica. A radiação não necessita de um meio físico para se propagar. A energia se propaga por ondas eletromagnéticas ou por fótons. CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.2.3. Radiação Emissão da Radiação do Corpo Negro 4 sn TE onde: nE sT - Poder emissivo do corpo negro -Constante de Stefan-Boltzmann igual a 5,67.10-8 W/(m2K4) -- Temperatura absoluta da superfície [K] ]m/W[ 2 CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.2.3. Radiação Emissão da Radiação de um Corpo Real 4 sTE onde: E - Poder emissivo de um corpo real - Emissividade 0 1 ]m/W[ 2 CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.2.3. Radiação Absorção de Radiação O fluxo de radiação que incide sobre um corpo negro é completamente absorvido por ele e é chamado de irradiação G. Se o fluxo de radiação incide sobre um corpo real, a energia absorvida por ele depende do poder de absorção e é dado por: GGabs onde: ]m/W[ 2 absG G - Radiação absorvida por um corpo real (irradiação) - Absortividade 0 1 - Radiação incidente CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.2.3. Radiação Troca de Radiação 4 vizs 4 ss TTqrad ]m/W[ 2 4 ss TE 4 vizTE sT vizT Admitindo s = s 4viz4ss TTqrad CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.2.3. Radiação Expressando a troca líquida de calor por radiação na forma de coeficiente de transferência de calor por radiação, tem-se: vizsr TTAhqrad onde: 2 2r s viz s vizh T T T T CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO Exemplo: Uma tubulação de vapor d’água sem isolamento térmico atravessa uma sala cujas paredes encontram-se a 25oC. O diâmetro externo do tubo é de 0,07m, o comprimento de 3m, sua temperatura é de 200oC e sua emissividade igual a 0,8. Considerando a troca por radiação entre o tubo e a sala semelhante a aquela entre uma superfície pequena e um envoltório muito maior, determinar a taxa de calor perdida por radiação pela superfície do tubo. Solução: 4viz4ss TTAqrad rad 8 4 4q 0,07 3 0,8 5,67 10 473 308 CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.3. Coeficiente Global de Transferência de Calor - U TA TB T2 T1 h1 h2 L k q TAUq 1 2 1U 1 L 1 h h Muitos processos nas indústrias envolvem uma combinação da transferência de calor por condução e convecção. Para facilitar a análise, pode-se lançar mão do Coeficiente Global de Transferência de Calor. CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.4. Diferença de Temperatura Média Logarítmica Trocador de calor de correntes paralelas CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.4. Diferença de Temperatura Média Logarítmica Trocador de calor em contracorrente CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.4. Diferença de Temperatura Média Logarítmica TAUq Para os trocadores de calor apresentados q pode ser determinado por: Qual T deve ser utilizado? CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.4. Diferença de Temperatura Média Logarítmica TAUq qT qq dTT fT ff dTT dx dA dq Trocador de calor de correntes paralelas qq,pq dTcmdq ff,pf dTcmdq CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.4. Diferença de Temperatura Média Logarítmica TAUq Troca de calor no Trocador de calor (1) Troca de calor através de uma área elementar TdAUdq (2) onde: é a diferença de temperatura local entre os fluidos fq TTT CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.4. Diferença de Temperatura Média Logarítmica Diferenciando a equação (2) (3) fq TTT fq dTdT)T(d O calor perdido pelo fluido quente é igual ao calor recebido pelo fluido frio qq,pq dTcmdq q,pq q cm dqdT ff,pf dTcmdq f,pf f cm dqdT (4) (5) CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.4. Diferença de Temperatura Média Logarítmica Substituindo (4) e (5) em (3), resulta: fq dTdT)T(d f,pfq,pq cm dq cm dq)T(d dq cm 1 cm 1)T(d f,pfq,pq TdAUdq Mas logo: (6) CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.4. Diferença de Temperatura Média Logarítmica TdAU cm 1 cm 1)T(d f,pfq,pq Integrando dAU cm 1 cm 1 T )T(d f,pfq,pq A fpfqpq T T dAU cmcmT Td ,, 11)(2 1 CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.4. Diferença de Temperatura Média Logarítmica Para os fluidos quente e frio, respectivamente: AU cmcmT T fpfqpq ,,1 2 11ln A fpfqpq T T dAU cmcmT Td ,, 11)(2 1 ent,qsai,qq,pq TTcmq ent,fsai,ff,pf TTcmq (7) CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.4. Diferença de Temperatura Média Logarítmica Isolando e , respectivamente: )TT( qcm ent,qsai,q q,pq f,pf cmq,pqcm )TT( qcm ent,fsai,f f,pf (8) (9) substituindo (8) e (9) em AU cm 1 cm 1 T Tln f,pfq,pqent sai CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.4. Diferença de Temperatura Média Logarítmica Isolando e , respectivamente:f,pf cmq,pqcm AU q TT q TT T T ffqq )()(ln 1,2,1,2, 1 2 q AUTTTT T T ffqq 1,2,1,2, 1 2ln q AUTTTT T T fqfq )()(ln 2,2,1,1, 1 2 CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.4. Diferença de Temperatura Média Logarítmica q AUTTTT T T fqfq )()(ln 2,2,1,1, 1 2 ou ainda q AUTT T T )(ln 21 1 2 logo ou 1 2 21 ln )( T T TTAUq 1 2 12 ln )( T T TTAUq CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.4. Diferença de Temperatura Média Logarítmica Finalmente mlTAUq ent sai entsai ml T Tln )TT(T onde é a diferença de temperatura média logarítmicamlT CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.4. Diferença de Temperatura Média Logarítmica Considerações feitas: 1- O trocador de calor encontra-se isolado termicamente da vizinhança, a única troca de calor ocorre entre os fluidos; 2- A condução axial ao longo do tubo é desprezível; 3- Variações nas energias cinética e potencial são desprezíveis; 4- Os calores específicos dos fluidos são constantes; 5- O coeficiente global de transferência de calor é constante.
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