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Contratos administrativos Análise geral Ideia de supremacia da Administração Pública. ■ Impossibilidade de invocar a ■ exceptio non adimpleti contractus (exceção do con- trato não cumprido). Cláusulas exorbitantes. ■ Conceito de contrato administrativo É uma avença entre a Administração Pública e terceiros, sob regime de Direito Público, com a presença de cláusulas exorbitantes. Principais contratos: concessão de serviço público; ■ concessão de obra pública; ■ concessão de uso de domínio público (permissão de uso); ■ contratos de fornecimento em geral. ■ Características A principal característica é a presença de claúsulas exorbitantes (que exorbitam do direito comum e expressam a posição de supremacia do interesse público gerido pela Administração Pública). São elas: fiscalização da execução; ■ imposição de sanções pela Administração Pública; ■ rescisão unilateral. ■ O contrato administrativo também possui as seguintes características: comutativo (equivalência entre as prestações); ■ Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br sinalagmático (reciprocidade das obrigações); ■ equilíbrio econômico-financeiro (garantia que não pode ser afetada pela lei); ■ adesão; ■ oneroso. ■ O contrato administrativo no direito brasileiro e as cláusulas exorbitantes A União detém competência para edição de normas gerais (Lei 8.666/93). Nes- sas normas gerais, estabelecem-se as seguintes características: Alteração unilateral ■ – artigo 65, I: até 25% para mais ou para menos do valor para serviços, compras, obras e 50% para acréscimo em reformas. O professor Marçal Justen Filho (2003) diz que esse é o máximo para ser imposto, mas que pode ser ultrapassado no consenso (art. 65, §1.º). Alteração bilateral ■ – artigo 65, II: consenso, para melhor execução, por fato superveniente, fato do príncipe e da administração e para reestabelecer o equi- líbrio econômico-financeiro. Extinção unilateral ■ – artigos 78 e 79, I: motivação, contraditório. Por duas razões: interesse público, onde não há falta do contratado (há indenização) e pela falta do contratado. Extinção ■ – artigo 79, II e III: por mútuo acordo ou via judicial. A ■ exceptio non adimpleti contractus – artigo 78, XV e XIV, cabe após 90 dias. Prazo e prorrogação Artigo 57 da Lei 8.666/93: veda-se o prazo indeterminado. A duração está ads- trita à vigência do crédito orçamentário. Exceção: plano plurianual; serviços contínuos (prorrogação até o limite de 60 meses) mais 12 meses e aluguel de equipamentos e programas de informática até 48 meses. Situação especial: concessão de obra ou serviço público. Nestes, não há dispo- ■ nibilidade de créditos orçamentários e não sofrem essa limitação – os prazos são longos para amortização do capital. Os prazos de início, conclusão e entrega admitem prorrogação, motivada e ■ autorizada, mantendo-se a equação econômico-financeira. DIREITO ADMINISTRATIVO Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Formalidades do contrato administrativo Artigo 55 da Lei 8.666/93: não há contrato verbal (artigo 60); ■ deve ser precedido de licitação; ■ com cláusulas sobre regime de execução, reajustamentos, condições de paga- ■ mento, prazos, valores, responsabilidades, penalidades, multas, rescisão, garantias. Garantias e eficácia Artigo 56 da Lei 8.666/93: são escolhidas pelo contratado (caução em dinheiro ou títulos da dívida pública, seguro-garantia, fiança bancária). Eficácia a partir da publicação – artigo 61, parágrafo único. ■ Pagamentos devidos ao contratado Artigo 40, XIV, da Lei 8.666/93 – prazo não superior a 30 dias. O atraso implica correção monetária (art. 5.º, §1.º), mais indenização de prejuízo. Presença de cláusulas de reajuste para acompanhar a variação dos insumos. Sanções administrativas Administrativas (arts. 86 a 88) e penais (arts. 89 a 92, 96 e 99): Administrativas: advertência, multa, suspensão temporária, declaração de ini- ■ doneidade; Penais: detenção de três meses a seis anos; multa entre 2% e 5% do valor do ■ contrato. Equilíbrio econômico-financeiro Igualdade. ■ Intangível a equação. ■ Proteção nas seguintes condições: ■ agravo econômico oriundo da alteração unilateral (art. 65, ■ §6.º); 111 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br fato do príncipe (art. 65, II, “d”) – ex.: alteração do salário-mínimo; ■ agravo econômico em razão de fatos imprevisíveis, de forças alheias aos ■ contratantes – é a teoria da imprevisão (rebus sic stantibus). Exemplo: eleva- ção do preço de matérias-primas; sujeições imprevistas que oneram anormalmente o contratado (lençol de ■ água); fato da Administração: quando a Administração Pública viola o contrato. ■ Observações A equação econômico-financeira é direito do contratante. ■ A Administração Pública deve atuar de boa-fé, pois não almeja lucro. ■ O particular é colaborador e deve ser remunerado justamente. ■ Aplica-se a cláusula ■ rebus sic stantibus. Conceito: recomposição de relação contratual quando sobrevém álea extraordiná- ria, que acima da vontade das partes torna excessivamente onerosa a obrigação de uma delas. Conteúdo: equivalência entre as vantagens e os custos calculados no momento de conclusão do contrato. É direito do contratado, elemento determinante do contrato. Implica respeito ao interesse das partes. É a relação de igualdade do contrato. Artigo 58, parágrafos 1.º e 2.º, da Lei 8.666/93. ■ Artigo 66 da Lei 8.666/93. ■ Aplicação da teoria da imprevisão (rebus sic stantibus). Fundamento: a incapacidade do concessionário afeta interesses individuais e a continuidade do serviço público. Requisitos: a manutenção do serviço concedido num preço limite, que, após evento impre- ■ visível, apresenta-se insuficiente para a economia do contrato; ônus extracontratual; ■ estabelecimento do período específico relativo à imprevisão; ■ não interrupção do contrato. ■ DIREITO ADMINISTRATIVO Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Elemento indispensável Superveniência de fato inesperado que torne impossível o cumprimento da obri- gação assumida. Características das circunstâncias determinantes da teoria da imprevisão Elemento estranho às partes. ■ Que abale o equilíbrio contratual por uma álea econômica. ■ Transitória ou temporária. ■ Anormal, imprevista, extraordinária. ■ Controles do Estado Judicial: desvio de poder/anulação – artigo 5.º, XXXV. ■ Legislativo: Tribunal de Contas. ■ Administrativo: revogação/anulação; artigo 74 – controle interno. ■ Popular: democracia participativa. ■ Espécies de contratos Contrato de concessão de serviço público. ■ Contrato de concessão de serviço público precedido de execução de obra ■ pública. Contrato de obra pública. ■ Contrato de fornecimento. ■ Contrato de alienação. ■ Contrato de empréstimo público. ■ Contrato de concessão de serviço público A concessão existe em face da perda progressiva da capacidade de investimento do Estado em infraestrutura, com reflexos imediatos na prestação de serviço público. Para garantir o ritmo do crescimento, o Estado incrementou a concessão do serviço para o particular. 113 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Conceito de concessão Concessão de serviço público é ato complexo, através do qual o Estado atribui a alguém o exercício de um serviço público e este aceita prestá-lo em nome do poder público sob condições fixadas e alteráveis unilateralmente pelo Estado, mas por sua conta, risco e perigos, remunerando-se com a própria exploraçãodo serviço, geralmente pela cobrança de tarifas diretamente aos usuários do serviço, e tendo a garantia contra- tual (MELLO, 2004). Instituto através do qual o Estado atribui o exercício de um serviço público a alguém por sua conta e risco, nas condições definidas pelo Poder Público, com garan- tia de equilíbrio econômico-financeiro, remunerado pela própria exploração do serviço (exceção: TV). Concessão de serviço público Atividade a ser prestada universalmente ao público em geral. Não há transferên- cia de titularidade. Concessão de uso de bem público Não satisfaz necessidades do público em geral, mas somente do interessado. Forma e condições da outorga do serviço público Depende de lei. ■ Outorga após licitação. ■ Regime de exclusividade somente se a concorrência for inviável técnica ou ■ economicamente (motivação). Ato definindo objeto, área, prazo e os termos da execução do serviço público. ■ Modalidade licitação: concorrência; leilão só quando havia monopólio estatal. ■ Critérios: ■ menor valor da tarifa; ■ melhor oferta nos casos de pagamento ao poder concedente pela outorga ■ da concessão; combinação dos dois; ■ melhor proposta técnica; ■ DIREITO ADMINISTRATIVO Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br menor tarifa + melhor técnica. ■ O edital deve indicar as receitas alternativas. ■ Transferência da concessão O concessionário só pode repassar a concessão a outrem com a concordância da Administração Pública (Lei 8.987/95, art. 27). Celso Antonio Bandeira de Mello diz ser inconstitucional porque fere o princípio da licitação e da isonomia. Prazo e prorrogação O prazo é determinado: não há critério na lei. O Poder Público pode antecipar o final da concessão por conveniência e oportu- nidade (encampação), mas deve indenizar previamente. Poderes do concedente Inspeção e fiscalização. ■ Alteração unilateral. ■ Extinção antes do fim do prazo. ■ Interrupção. ■ Direitos do concessionário Respeito ao equilíbrio econômico-financeiro. ■ Não pode ser exigido desempenho de atividade estranha ao objeto da conces- ■ são. Tarifas Módicas, acessíveis aos usuários; remuneração básica do concessionário fixada pelo preço da proposta e preservada pelas regras de revisão da lei, edital e contrato. Fontes paralelas ou alternativas Exploração de áreas do subsolo ou contíguas à obra pública, para instalação de mercados etc. 115 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Direitos dos usuários Direito ao serviço adequado. ■ Sem interrupção. ■ Informação. ■ Fiscalização. ■ Representação contra má prestação. ■ Formas de extinção da concessão Por expiração do prazo. ■ Por rescisão judicial. ■ Por rescisão consensual. ■ Ato unilateral do concedente: ■ encampação (conveniência/oportunidade – indenização prévia e após lei); ■ caducidade: inadimplência; ■ anulação: vício jurídico; ■ falência do concessionário; ■ extinção da empresa ou morte do concessionário. ■ Contrato de parceria público-privada As parcerias público-privadas entram em discussão no cenário nacional e no mundo acadêmico, com maior força, a partir do advento da Lei 11.079/2004 que insti- tuiu as normas gerais para a contratação do referido modelo no âmbito da Administra- ção Pública. O tema das parcerias público-privadas, que tem como objetivo primordial colocar a iniciativa privada junto com o Estado na função de prestar serviços que anteriormente cabiam somente a este, não é necessariamente uma novidade. Dentro dessa perspectiva, foi editada a Lei 11.079/2004 com o fim de suprir pontos inexistentes para viabilizar parcerias e que seriam interessantes, de acordo com as experiências internacionais, para a Administração Pública. Seguindo os ensinamentos de Carlos Ari Sundfeld (2005), pode-se afirmar que para a viabilização de tais parcerias faltavam: DIREITO ADMINISTRATIVO Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br regras que disciplinassem o oferecimento pelo concedente a concessionários ■ de serviço ou obra pública de garantia de pagamento de adicional de tarifa; criação de condições jurídicas que disciplinassem outros contratos, que não ■ os disciplinados pela Lei de Concessões, para que os particulares assumis- sem os encargos de investir e de implantar infraestrutura estatal e depois mantê-la, fazendo-a cumprir seus fins e sendo remunerados a longo prazo. Dessa forma, surgem as parcerias público-privadas em sentido estrito, as quais são disciplinadas pela Lei Federal 11.079/2004 e divididas em duas modalidades, quais se- jam, concessão patrocinada e concessão administrativa, com o objetivo primordial de gerar compromissos estatais firmes e de longo prazo. Portanto, pode-se afirmar que as parcerias público-privadas em sentido estrito são os vínculos negociais estabelecidos entre Administração Pública e particular que adotem as formas de concessão patrocinada e de concessão administrativa, na forma estabelecida na Lei Federal 11.709/2004. Marçal Justen Filho (2005, p. 549) caracteriza as parcerias público-privadas como um [...] contrato organizacional, de longo prazo de duração, por meio do qual se atribui a um sujeito privado o dever de executar obra pública e (ou) prestar serviço público, com ou sem direito a remuneração, por meio da exploração da infraestrutura, mas mediante uma garantia especial e reforçada prestada pelo Poder Público, utilizável para obtenção de recursos no mercado financeiro. Maria Sylvia Zanella di Pietro (2005, p. 161), englobando as duas modalidades de parceria público-privada, define-a como um contrato administrativo de concessão que [...] tem por objeto (a) a execução de serviço público, precedida ou não de obra pública, remunerada mediante tarifa paga pelo usuário e contraprestação pecuniária do parceiro público, ou (b) a prestação de serviço que a Administração Pública seja usuária direta ou indireta, com ou sem execução de obra e fornecimento e instalação de bens, mediante contraprestação do parceiro público. A concessão patrocinada, segundo os ensinamentos de Luiz Alberto Blanchet (2006, p. 22), é a concessão de serviços ou obras públicas, prevista na Lei 8.987/95 quando, além da remuneração mediante aplicação da tarifa para cobrança dos usuários, houver desembolso por parte do Poder Público. Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2005, p. 162), identificando que a distinção entre concessão de serviço público e concessão patrocinada é de regime jurídico e não propria- mente conceitual, define o referido modelo de parceria público-privada como 117 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br [...] contrato administrativo pelo qual a Administração Pública (ou o parceiro público) delega a outrem (o concessionário ou parceiro privado) a execução de um serviço público, precedida ou não de obra pública, para que o execute, em seu próprio nome, mediante tarifa paga pelo usuário, acrescida de contraprestação pecuniária paga pelo parceiro pri- vado. Já a concessão administrativa, novamente seguindo os ensinamentos de Luiz Alberto Blanchet (2006, p. 22), é o contrato de prestação de serviços [...] cujo objeto terá como usuário direto ou indireto a Administração Pública, os pagamen- tos serão devidos integralmente pelo parceiro público e não custeados mediante cobrança de preços baseados em tarifas. Marçal Justen Filho (2005a, p. 19) esclarece que a concessão administrativa envolve os casos em que não há serviço público, e que tenham por objeto a construção pelo particular de infraestrutura necessária ao desempenho de uma atividade estatal, alertando, no entanto, que tal contratonão se confunde com a contratação prevista na Lei de Licitações e Contratos Administrativos (Lei 8.666/93), em razão de o particular somente começar a receber após concluída e entregue a obra ao parceiro público. Memorizar o conceito de contrato administrativo e de cláusulas exorbitantes, as hipó- teses de aplicação da teoria da imprevisão, incluindo toda a teoria sobre o equilíbrio eco- nômico financeiro dos contratos administrativos. Memorizar também o conceito de parceria público-privada. DIREITO ADMINISTRATIVO Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
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