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Sobre o Artigo 109 do CTN 
A questão da autonomia do Direito Tributário é ponto decisivo dos debates em torno deste 
artigo. Porém, o direito é uno, nenhum ramo do direito é inteiramente autônomo, podendo 
apenas assumir certas peculiaridades próprias das relações jurídicas de cada ramo. 
Para Sacha Calmon Navarro Coelho este artigo visa reprimir o abuso de formas, 
permitindo ao legislador (somente ao legislador!), por exemplo, equiparar a contrato de 
locação, para fins de imposto de renda (em que o aluguel é tributado), um contrato de 
comodato (cessão de uso gratuita), salvo se entre parentes. O artigo quer evitar os 
chamados "negócios jurídicos indiretos", para que o particular não evite a tributação 
dizendo "comodato" onde existe na verdade uma locação. O legislador fiscal não deforma 
o conteúdo e o alcance dos institutos conceitos e formas de direito privado, apenas que 
lhes atribui efeitos fiscais. 
Sacha Calmon defende que mesmo nos dispositivos contra-elisivos (Artigo 116, parágrafo 
único) ou contra-evasivos (Artigo 149, VII e 150, § 4º), deve-se permitir ao contribuinte a 
defesa para que possa provar que os seus objetivos são legais e fidedignos. 
Exemplo: segundo ele não pode haver uma presunção de que o comodato é um contrato 
inoponível à receita federal, pois que visa ocultar a percepção de alugueres (renda 
tributável). Veja-se o caso de um tio de boa-fé que dá em comodato à sua sobrinha do 
interior, um apartamento na capital para que a jovem possa cursar uma universidade. 
Deveria ele pagar IR sobre um aluguel presuntivo sem a chance de provar a sua boa-fé? 
Deverá pagar imposto sobre renda inexistente? 
O direito tributário importa o instituto com a conformação que lhe dá o direito privado, 
sucessão causa mortis, compra e venda, locação, fusão de sociedades são conceitos 
postos no direito privado, porém, por exemplo no direito privado o contrato faz lei entre as 
partes e já no direito tributário as convenções particulares são inoponíveis ao fisco (Artigo. 
23 CTN), ou seja, os efeitos tributários do instituto de direito privado (contrato) são distintos 
de acordo com o ramo do direito a ser aplicado. 
Para Luciano Amaro, o silêncio da lei tributária significa que o instituto foi importado pelo 
direito tributário sem qualquer ressalva. Se o direito tributário quiser determinar alguma 
modificação nos efeitos tributários há que ser feita de modo expresso.

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