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Transtornos Alimentares Professora: Mikaella Moura Disciplina: Endocrinologia Fonte: Escala de Figuras de Stunkard (EFS). Morgado; Ferreira, 2011) Imagem Corporal Construção multidimensional que representa como os indivíduos pensam, sentem e se comportam a respeito de seus atributos físicos. Insatisfação com o tamanho, a forma e os contornos do corpo predispõe à distorção da IC, onde este é apresentado como um dos fatores relacionados com desenvolvimento desses transtornos. (César et al, 2011) Definição do TA “Doenças psiquiátricas caracterizadas e insatisfação e distúrbios da imagem corporal e por graves alterações do comportamento alimentar e que afetam, na sua maioria, adolescentes e adultos jovens do sexo feminino, podendo originar prejuízos biológicos, psicológicos e aumento da morbidade e mortalidade.” Borges et al., 2006; Oliveira et al., 2003 • Alteração da consciência da forma corporal - visão distorcida do corpo; • Preocupação excessiva com peso; • Medo patológico de engordar Como reconhecer um transtorno alimentar ? TRANSTORNOS ALIMENTARES TRANSTORNOS ALIMENTARES - Atividades que privilegiam e enfatizam o estado de magreza do corpo (atores, modelos, bailarinas e desportistas); - Ex-obesas ou com excesso de peso que se tornam obsessivas por práticas frequentes de dietas e atividade física; População de Risco - História familiar de transtornos mentais: depressão, abuso de álcool e substâncias; - Baixa auto-estima, perfeccionismo, insegurança no relacionamento social, dificuldade em identificar e expressar sentimentos; TRANSTORNOS ALIMENTARES População de Risco TRANSTORNOS ALIMENTARES Causas de transtornos alimentares 1) FATORES BIOLÓGICOS: • Genética: • Herança familiar: 7 a 12x em parentes com TA; • Alterações endócrinas; • Disfunção serotonina, dopamina e norepinefrina (envolvidos na regulação do comportamento alimentar); TRANSTORNOS ALIMENTARES 2) FATORES SOCIAIS: • Ênfase social na estética da beleza; • Maior pressão sobre as mulheres: peso ideal magro; • Medida de sucesso e de bom desempenho depende da capacidade do indivíduo de manter peso ideal; Causas de transtornos alimentares Anorexia Nervosa “Transtorno alimentar caracterizado por uma restrição alimentar auto- imposta com um padrão bizarro, acentuada perda de peso, induzida e mantida pela pessoa, associada a um medo intenso de engordar”. Cordás, 2004 TRANSTORNOS ALIMENTARES 1- ANOREXIA NERVOSA - PREOCUPAÇÃO OBSESSIVA COM A PERDA DE PESO - RECEIO FÓBICO DO ALIMENTO - RESTRIÇÃO ALIMENTAR DRÁSTICA - PERDA CONSTANTE DE PESO - EXERCÍCIOS FÍSICOS COMPULSIVOS -PROVOCAÇÃO DE VÔMITOS, USO DE DIURÉTICOS E LAXANTES - USO DE INIBIDORES DE APETITE Características • Prevalência 0,3% a 1,0% mulheres e 0,1% homens; • Percepção da imagem corporal fortemente distorcida; • peso - conquista notável e sinal de extraordinária disciplina; • peso - inaceitável fracasso do autocontrole; • + comum na adolescência (13 a 17 anos); • ↑ mortalidade: 0-21% das anoréxicas , 57% dos casos suicídios. Cordás, 2004, Machado, 2009 1- ANOREXIA NERVOSA - DISTORÇÃO DA IMAGEM CORPORAL - FORMA DE OBTER SENSAÇÃO DE CONTROLE - RELAÇÕES FAMILIARES E IDENTIDADE - INFLUÊNCIAS SÓCIO-CULTURAIS Classificação Restritiva (300-700Kcal) Purgativa Cordás, 2004 TRANSTORNOS ALIMENTARES Anorexia nervosa • ANOREXIA TIPO RESTRITIVO: - o indivíduo utiliza jejum, dieta e exercício extenuante; - não apresenta episódio de ingestão excessiva de alimentos e/ou outro comportamento compensatório; • ANOREXIA TIPO PURGATIVO: – apresenta episódios de ingestão excessiva de alimentos e comportamentos compensatórios: vômitos auto- induzido, laxantes, diuréticos ou enemas. Diagnóstico da Anorexia Nervosa DSM-IV (Diagnostic and Stastistical Manual of Mental Disorders) ou CID-10 • Perda de peso ou recusa a manter o peso corporal acima do mínimo Considerado eutrófico para idade e estatura; • Medo intenso do ganho de peso e de se tornar obeso, apesar da subnutrição; •Perturbação na forma de vivenciar o baixo peso, influencia indevida do peso sobre a auto-avaliaçao e negação do baixo peso; •Nas mulheres presença de amenorréia por três ciclos consecutivos. Cordás, 2004 TRANSTORNOS ALIMENTARES •Traços personalidade: obsessividade, perfeccionismo, passividade, introversão •Baixa autoestima •Dificuldade de autonomia e identidade; •Reação às mudanças da adolescência Anorexia nervosa CARACTERÍSTICAS PSICOLÓGICAS TRANSTORNOS ALIMENTARES • Mulheres: parada da menstruação; • Homens: perda de interesse e potência sexual; • Início antes da puberdade: seios não se desenvolvem, genitais masculinos permanecem juvenis; • Risco futuro de osteoporose, infertilidade e baixa estatura na idade adulta; Anorexia nervosa Como ele se vê... Distorção da imagem corporal e o comportamento irracional de emagrecimento O comportamento é introvertido; Isolamento social com tendências a depressão, exagero nas atividades físicas mania de perfeição na escola e no trabalho grande cobrança em relação aos cuidados com o corpo. ANOREXIA NERVOSA COMPLICAÇÕES - Carências vitamínicas -Perda de elementos essenciais ( Potássio, sódio, cálcio, magnésio...) - Carências hormonais (com amenorréia em mulheres) - Consumo de massa muscular Tratamento • FOCO INICIAL: Recuperação do estado nutricional; • EQUIPE MULTIDISCIPLINAR: medico (clínico), medico psiquiatra, psicólogo e nutricionista; • Conscientização da família; • Avaliação semanal (peso, avaliação cardiovascular e exames laboratoriais); • Tratamento ambulatorial ou hospitalar; Machado, 2009 Critérios de internação Alterações clinicas: • bradicardia, • hipotensão arterial (impulsividade, instabilidade afetiva, sociabilidade, comportamentos de risco; • Associação frequente com abuso de substâncias; • Disfunção familiar: pais insuficientes em seus cuidados, relação pouco afetuosa, pouco calorosa; FATORES PSICOLÓGICOS Bulimia TRANSTORNOS ALIMENTARES • Preocupação persistente com o comer e um desejo irresistível por comida; • Sensação de perda do controle; • Compulsão alimentar: (orgias) quantidade fora do normal (2 a 5 mil kcal); • Param de comer por mal estar físico, interrupção externa ou quando acaba comida; Bulimia FATORES PSICOLÓGICOS TRANSTORNOS ALIMENTARES Métodos compensatórios inadequados: Tenta “neutralizar” os efeitos de engordar • vômitos auto-induzidos; • abuso de diuréticos e laxantes; • uso de drogas inibidoras de apetite; • períodos de jejum; • exercício físico exagerado. Bulimia TRANSTORNOS ALIMENTARES Bulimia • Curso crônico, mais tempo em segredo; • Sem perda de peso; • Hábito alimentar secreto, bizarro e ritualizado; • ↑ ↓ Auto-estima depende da eficiência dos métodos usados para alcançar perda de peso; • Muito frequente: depressão (38 a 63%) e abuso de substâncias (24%). QUADRO CLÍNICO TRANSTORNOS ALIMENTARES Bulimia • Vômitos frequentes; uso de diuréticos/laxativos: - desidratação - distúrbios eletrolíticos - bradicardia - sinal de Russel: calos e cicatrizes na face posterior da mão - esofagite QUADRO CLÍNICO Como o bulímico se vê... paciente com vergonha de seu problema que causa: - sentimento de inferioridade - auto-estima baixa. O paciente reconhece o absurdo de seu comportamento – não controla Geralmente estão dentro do seu peso ou um pouco acima. Como o bulímico se vê... • Tentativas de dieta estão sempre sendo realizadas Isolamento e distanciamento social Não consegue se saciar com o que o meio oferece e depois rejeita aquilo que conseguiu colocar para dentro. Este tipo de funcionamento simboliza algo que o emocional está tentando comunicar. • Complicações – As complicações clínicas são decorrentes principalmente das manobras compensatórias para perda de peso: • Erosão dos dentes; • Esofagites; • Hipopotassemia; • Alterações cardiovasculares. Bulimia Nervosa TRATAMENTOS 2 - BULIMIA DIAGNOSTICAR E TRATAR QUADROS ASSOCIADOS Psicoterapias NÃO USAR: ANSIOLÍTICOS INIBIDORES DO APETITE SINTOMATOLOGIA VIGOREXIA • Def: compulsão por atividade física com transtorno de corpo dismórfico • O indivíduo se vê diferente do que é, com partes magras , sem músculos, portanto feias, sofre por isso e para solucionar pratica atividade física de forma excessiva(doentes, machucados, por mais de três horas diárias, sofrem se não podem fazê- lo). • Como tem transtorno de auto imagem nunca apresentará o padrão físico desejado e portanto tende a praticar cada vez mais atividade física. • É mais frequente em homens, jovens, embora apareça em “mulheres-ratos de academia” Mídia e vigorexia • A mídia incentiva o culto ao corpo malhado • As drogas acabam sendo consumidas por esta população para resultados rápidos- anabolizantes, energéticos, suplementos, entre outros. • Estão disponíveis no comércio e podem ser adquiridas sem receita médica • Internet propagandeia e vende • Tendo em vista que os transtornos alimentares surgem com grande frequência na infância e na adolescência, o profissional de saúde envolvido com o atendimento deste grupo etário deve estar bem familiarizado com suas principais diretrizes clínicas. • O diagnóstico precoce e uma abordagem terapêutica adequada dos transtornos alimentares são fundamentais para o manejo clínico e o prognóstico destas condições. Transtorno Compulsivo Alimentar Periódico Consumo exagerado de alimentos em curto espaço de tempo, com perda de controle da alimentação, sem a presença de mecanismos compensatórios. Machado, 2009 Características • + comum em obesos; • Não há pratica de mecanismos compensatórios; • Prevalência de 1,5% a 5% (populaçao geral); • Obesos: prevalencia 7,5% a 30%; • Atualmente + comum nos EUA; • Acomete pessoas de meia-idade (46-55 anos); • Mulheres (3x mais) do que homens; • Comer rápido nos episódios de compulsão; • Comer ate sentir-se cheio; • Comer grande qtdade , mesmo sem fome (2 horas), 2x semanas nos últimos 6 meses; • Comer sozinho; • Sentir repulsa de si mesmo; • Maioria já teve depressão, dificuldade de lidar com as emoções, TOC; Machado, 2009 Complicações • DM 2; • HAS • Dislipidemias; • Litíase Biliar; • Cardiopatias • Câncer Machado, 2009 Tratamento Medicamentoso • Inibidores da recaptaçao de serotonina; Antidepressivos; Topiramato; Sibutramina; Reboxetina. Machado, 2009 Cognitivo-comportamental Interpessoal Tratamento psicoterápico Síndrome do comer noturno Caracterizada por um atraso circadiano do padrão alimentar, mediado por alterações neuroendócrinas (melatonina, cortisol e leptina). Harb et al., 2010 Características • Epidemiologia: 0,5 a 1,5% da população EUA (adultos e crianças); • Grande prevalência entre indivíduos com excesso de peso; • Anorexia matutina; • Ingestão ≥ 50% da ingestão energética diária após às 19h; • Despertar para comer pelo menos 1x nos últimos 3 meses (consciente e lanches calóricos); • Depressão e mau-humor na 2ª parte do dia; • Ausência de critérios para bulimia e TCAP. Harb et al., 2010 Tratamento • Fármacos (sertralina, fenfluramina e topiramato (inibidores da recaptação de serotonina, melatonina); • Terapia comportamental (cognitiva-comportamental); • Fitoterápicos (Kavain) Harb et al., 2011 ORTOREXIA • A ortorexia nervosa é um novo distúrbio do comportamento alimentar caracterizado por uma obsessão para comer saudável. • Preocupação excessiva com a qualidade da alimentação limitando a variedade; e • Acabam excluindo certos grupos como carnes, laticínios, gorduras, carboidratos sem fazer a substituição adequada podendo levar a quadros de carências nutricionais ou a um quadro completo de distúrbio da conduta alimentar. ORTOREXIA • Também associa uma preocupação com a forma de preparo e os utensílios utilizados na preparação dos alimentos. • Comer fora de casa é considerado um problema, evitam reuniões sociais e jantares para não “cair na tentação” de ingerir outro tipo de produto e pesam os alimentos e sentem “grande culpa se quebrar as regras” ORTOREXIA Sinais de Ortorexia: • Examina cada pormenor do que se encontra em cada alimento? • Só se permite alimentos saudáveis? • Consegue comer uma refeição preparada por outra pessoa? • Observa e comenta a maneira como outras pessoas preparam a comida? • Pensa em conteúdo nutricional durante o dia? • Preocupa-se ao comer qualquer coisa que possa não ser “boa” para si? • Perdeu muito peso recentemente sem seguir conscientemente uma dieta ORTOREXIA • Acabam se isolando para conseguir se alimentar dessa forma saudável ou com alimentos considerados “puros” em casa, não aceitando comer em restaurantes e dessa forma acabam deixando de sair com os amigos ou namoradas/os. • Ainda não se sabe qual a prevalência deste distúrbio na população geral, porém alguns grupos foram identificados nos últimos trabalhos científicos. Dentro deles, aparecem os atletas, esportistas, os artistas, os médicos e os nutricionistas. • As pessoas que sofrem dessa síndrome vivem preocupadas (mais que o normal) com a preparação, compra, apresentação e ingestão de pratos especiais, diferentes e e/ou exóticos. Podem continuar com esse tipo de preocupação e atividade, muito embora tenham perdido o interesse nas suas relações sociais, familiares e ocupacionais. • Pessoas que evitam se alimentar e passam a consumir exageradamente bebidas alcóolicas. • Álcool – inibidor de apetite • Para detectar esse transtorno e diferenciá-lo do alcoolismo é preciso haver além do uso abusivo do álcool uma preocupação exagerada em perder peso. • A pessoa deixa de comer para poder beber e assim conseguemanter o seu peso sem engordar. PICA • Trata-se de uma condição rara onde existe apetite por coisas ou substâncias não alimentares, como por exemplo, terra, moedas, carvão, sabonete, giz, tecido, etc. ou uma vontade anormal de ingerir produtos considerados ingredientes de alimentos, como diferentes tipos de farinha, batatas cruas, milho, mandioca, etc. • Para o diagnóstico de Pica esse fenômeno precisa persistir pelo menos por um mês. • O nome pica vem do latim e significa pega, um pássaro do hemisfério norte renomado por comer quase de tudo que encontrar por sua frente. • Principal acometimento em gestantes