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PRINCÍPIOS AMBIENTAIS

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3. PRINCÍPIOS AMBIENTAIS 
Conforme Édis Milaré, no empenho natural de legitimar o Direito do Ambiente 
como ramo especializado e peculiar da ciência jurídica, os estudiosos têm se debruçado 
sobre a identificação dos princípios que fundamentam o desenvolvimento da doutrina.
1
 
Desse modo, a doutrina é fundamentada através da identificação dos princípios 
ambientais legitimando assim, o Direito do Ambiente como um ramo específico da 
ciência jurídica. Segundo Elida Séguin, os princípios que regem uma ciência jurídica 
são fundamentais para a compreensão e hermenêutica das leis que regem o assunto. 
Para o Direito, a instituição de princípios.
2
 No mesmo sentido, os princípios 
representam pilares fundamentais sob os quais se baseiam a ciência jurídica, tornando-
se de suma importância para o Direito. Assim como em outros tantos ramos do direito, 
os princípios no direito ambiental são de suma importância. Logo, da mesma forma que 
no âmbito administrativo, no âmbito ambiental, também há previsão de diretrizes. Neste 
diapasão, Bessa Antunes conceituou a finalidade dos princípios do direito ambiental: 
 
Os princípios do direito ambiental estão voltados para a finalidade básica de 
proteger a vida, em qualquer forma que esta se apresente, e garantir um 
padrão de existência digno para os seres humanos desta e das futuras 
gerações 
3
. 
 
De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, violar um princípio é mais 
grave que transgredir uma norma, pois implica ofensa não apenas a um mandamento 
obrigatório, mas a todo o sistema de comando. É a mais grave 
forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do 
princípio atingido, porque representa insurgência contra todo o sistema, 
subversão de seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu 
arcabouço lógico e corrosão de sua estrutura mestra.
4
 
Pode-se além da definição acima, conceituar os princípios do direito ambiental 
como “construções teóricas que visam melhor orientar a formação do direito ambiental, 
procurando denotar-lhe certa lógica de desenvolvimento, uma base comum presente nos 
 
1
 MILARÉ, Édis. Direito do ambiente: a gestão ambiental em foco: doutrina, jurisprudência, glossário: de 
acordo com o novo regulamento das infrações e sanções administrativas ambientais – Decreto 
6.514/2008. 6. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009. p. 817. 
2
 SÉGUIN, Elida; CARRERA, Francisco. Planeta Terra. 2. ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2001. p. 53. 
3
 ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. 6.ed.rev.ampl.atual. Rio de Janeiro: Editora Lúmen 
Júris, 2002. p. 30. 
4
 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Elementos de direito administrativo. 2. ed. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2001. p. 300. 
instrumentos normativos” 5. Assim, há sete princípios do direito ambiental de relevante 
importância para o presente estudo, quais sejam: da precaução, da prevenção, da 
participação, da informação e da educação ambiental, do desenvolvimento sustentável e 
do poluidor-pagador. 
Princípio da Precaução 
O princípio da precaução deverá ser adotado sempre que houver a iminência de 
ocorrer um dano irreversível, a fim de evitar uma degradação e comprometer o meio 
ambiente, mesmo que não haja certeza científica que tal atividade danosa, irá se 
consumar. Leme Machado refere que a incorporação do princípio da precaução não tem 
por finalidade imobilizar as atividades humanas. Não se trata de precaução que tudo 
impede ou que em tudo vê catástrofes ou males, mas trata-se de um princípio que vai ao 
encontro de uma sadia qualidade de vida humana e da natureza no planeta.
6
 O referido 
princípio, não tem por objetivo engessar e impedir todas as incidências fáticas que 
ocorrem na sociedade, mas trata-se de um princípio que visa à manutenção de uma sadia 
qualidade de vida
7
. A imposição de mecanismos de sanções mais severas, é um 
mecanismo de prevenção para que o poluidor avalie se a sua ação poluidora compensará 
economicamente, de modo que inviabilize sua atividade poluidora. 
Sueli Padilha, o princípio da precaução é uma proposta para se aplicar 
instrumentos que propiciem uma análise do impacto ambiental que determinada 
atividade potencialmente agressora poderá causar, e assim atuar de forma a minimizar 
ou proibir a atividade ameaçadora.
8
 Toda vez que ocorrer a eminência de uma atividade 
potencialmente agressora ao meio ambiente, deverá ser adotado o princípio da 
precaução, como medida de se analisar o possível impacto que poderá ocorrer ao meio 
ambiente e assim evitar ou minimizar a agressão. A Conferência das Nações Unidas 
sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a RIO/92, composta de 27 princípios, 
consagrou o princípio da precaução em seu artigo 15: 
 
5
 DERANI, Cristiane. Direito Ambiental Econômico. 2.ed.rev. São Paulo: Editora Max Limonad, 2001. 
p. 159-160. 
6
 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental brasileiro. 17. ed. São Paulo: Malheiros, 2009. p. 
69. 
7
 “A qualidade do meio ambiente em que a gente vive, trabalha e se diverte influi consideravelmente na 
própria qualidade de vida”. SILVA, José Afonso da. Direito ambiental Constitucional. 4. ed. rev. e 
atual. São Paulo: Malheiros, 2003. p. 24. 
8
 PADILHA, Norma Sueli. Fundamentos Constitucionais do direito brasileiro. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. p. 
249. 
[...] de modo a proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deve ser 
amplamente observado pelo os Estados, de acordo com suas capacidades. 
Quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a ausência de 
absoluta certeza científica não deve ser utilizada como razão para postergar 
medidas eficazes e economicamente viáveis para prevenir a degradação 
ambiental.
9
 
O princípio da precaução é um dos resultados da Conferência das Nações Unidas 
sobre o Meio Ambiente – “ECO 92”, que assim determinou: 
Princípio nº 15. Com o fim de proteger o meio ambiente, os estados devem 
aplicar amplamente o critério de precaução conforme às suas capacidades. 
Quando haja perigo de dano grave ou irreversível, a falta de uma certeza 
absoluta não deverá ser utilizada para postergar-se a adoção de medidas 
eficazes em função do custo para impedir a degradação do meio ambiente 
10
. 
 
O princípio da precaução deverá ser adotado sempre que houver alguma ameaça 
de dano que seja grave ou irreversível. Derani aduz que “o princípio da precaução se 
resume na busca do afastamento, no tempo e no espaço, do perigo, na busca também da 
proteção contra o próprio risco e na análise do potencial danoso oriundo do conjunto de 
atividades”.11 A Constituição Federal de 1988 consagra no artigo 1º da Lei 11.105/2005 
o princípio da precaução: 
Art. 1º. Esta Lei estabeleça normas de segurança e mecanismos de 
fiscalização sobre a construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o 
transporte, a transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a 
pesquisa, a comercialização, o consumo, a liberação, no meio ambiente e o 
descarte de organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados, 
tendo como diretrizes o estímulo ao avanço científico na área de 
biossegurança e biotecnologia, a proteção à vida e à saúde humana, animal e 
vegetal, e a observância do princípio da precaução para a proteção do meio 
ambiente.
12
 
 
9
 DECLARAÇÃO do Rio sobre meio ambiente e desenvolvimento. Brasília, DF, 1992. Informação 
postada no site do Ministério do Meio Ambiente sobre a Conferência das Nações Unidas sobre Meio 
Ambiente e Desenvolvimento, tendo se reunido no Rio de Janeiro, de 3 a 14 de junho de 1992,reafirmando a Declaração da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, no 
hiperlink Agenda 21. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido= conteudo. 
monta&idEstrutura=18&idConteudo=576>. Acesso em: 15 abr. 2012. 
10
 MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente: doutrina, prática, jurisprudência, glossário. 
2.ed.rev.atual.ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2001. p. 119. 
11
 DERANI, Cristiane. Direito ambiental econômico. 2. ed. rev. São Paulo: Max Limonad, 2001. p. 170. 
12
 BRASIL. Lei 11.105, de 24 de março de 2005. Regulamenta os incisos II, IV e V do § 1o do art. 225 da 
Constituição Federal, estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que 
envolvam organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados, cria o Conselho Nacional 
de Biossegurança – CNBS, reestrutura a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, 
dispõe sobre a Política Nacional de Biossegurança – PNB, revoga a Lei no 8.974, de 5 de janeiro de 
1995, e a Medida Provisória no 2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5º, 6º, 7º, 8º, 9º, 10 e 16 da 
Lei no 10.814, de 15 de dezembro de 2003, e dá outras providências. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11105.htm>. Acesso em: 12 abr. 
2012. 
Podemos concluir que os conceitos acima levam em consideração uma situação 
hipotética de um dano que possa ou não ocorrer no futuro, mesmo que não se tenha uma 
certeza de que o dano realmente acarretará degradação ao meio ambiente. O princípio 
da precaução encontra-se na Lei 9.605/1998 em seu artigo 54 parágrafo 3º: 
Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que 
resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que 
provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da 
flora: 
Parágrafo 3º. Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem 
deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de 
precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível.
13
 
Quando uma ameaça de degradação ao meio ambiente for iminente, mesmo que 
não aja certeza científica quando a sua potencial degradação, ainda assim, deverá ser 
aplicado o princípio da precaução, o qual será observado pelos Estados. A precaução 
visa a proteção do meio ambiente, cabendo aos Estados, ou seja, a Administração 
Pública, efetivarem medidas de precaução visando prevenir a degradação ambiental. 
Contudo, tal medida não decorre de uma certeza científica, uma vez que em muitos 
casos, as situações apresentadas ainda demandam investigações acerca das 
conseqüências danosas ao meio ambiente 
14
: 
[...] não é preciso que se tenha prova científica absoluta de que ocorrerá o 
dano ambiental, bastando o risco de que o dano seja irreversível para que não 
se deixem para depois medidas efetivas de proteção ao ambiente. Existindo 
dúvida sobre a possibilidade futura de dano ao homem e ao meio ambiente, a 
solução deve ser favorável ao ambiente e não ao lucro imediato – por mais 
atraente que seja para as gerações presentes 
15
. 
 
A aplicação do princípio da precaução não há a necessidade de um dano certo, 
basta, tão-somente, a existência de um risco provável e, o consequente dano, para, 
assim, atentar-se à precaução ambiental. Diante desse mesmo critério, observa-se que “a 
incerteza científica milita em favor do ambiente, carregando-se ao interessado o ônus de 
provar que as intervenções pretendidas não trarão conseqüências indesejadas ao meio 
 
13
 BRASIL. Lei 9.605, 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas 
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9605.htm>. Acesso em: 12 abr. 2012. 
14
 ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. 6.ed.rev.ampl.atual. Rio de Janeiro: Editora Lúmen 
Júris, 2002. p. 30. 
15
 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Estudos de Direito Ambiental. São Paulo: Malheiros Editores, 
1994. p. 36. 
considerado” 16. A diretriz da precaução encontra-se disposta na Constituição Federal e 
em diversas legislações acerca da proteção ambiental. A começar pela Constituição 
Federal, em que impõe a exigência para instalação de obra ou atividade causadora de 
degradação do meio ambiente um estudo prévio do impacto ambiental (art. 225, §1º, 
inciso IV). 
Assim, além do dispositivo constitucional, é possível destacar a Lei nº 6.938/81, 
que em seu artigo 4º dispõe sobre os objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente, 
expressando a necessidade de haver um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e 
a utilização, de forma racional, dos recursos naturais, inserindo também a avaliação do 
impacto ambiental. Outro exemplo é a Lei nº 9.605/98 que define sanções ambientais 
àquele que deixar de adotar medidas de precaução exigidas pela autoridade competente 
(art. 54, §3º). Nesse sentido, leciona Cristiane Derani acerca do conceito de precaução: 
Precaução é cuidado. O princípio da precaução está ligado aos conceitos de 
afastamento de perigo e segurança das gerações futuras, como também de 
sustentabilidade ambiental das atividades humanas. Este princípio é a 
tradução da busca da proteção da existência humana, seja pela proteção de 
seu ambiente como pelo asseguramento da integridade da vida humana. A 
partir desta premissa, deve-se também considerar não só o risco eminente de 
uma determinada atividade, como também os riscos futuros decorrentes de 
empreendimentos humanos, os quais nossa compreensão e o atual estágio de 
desenvolvimento da ciência jamais conseguem captar em toda densidade [...] 
17
. 
Portanto, verifica-se a importância do princípio da precaução no âmbito do 
direito ambiental, visto que implica em uma ação antecipatória à ocorrência do dano, 
diante de análises do impacto ao meio ambiente, mesmo que sem a existência de certeza 
científica de degradação ou poluição. Ora, diante do exposto, fica evidente que o 
princípio da precaução visa além da proteção ambiental atual, a proteção das gerações 
futuras, eis que basta o risco eminente e abstrato para que se faça necessária a aplicação 
dessa diretriz. 
Princípio da Prevenção 
Constatou-se ainda que o conceito do princípio da prevenção elencado acima 
demonstra que os danos ao meio ambiente são muitas vezes de difícil reparação, pois é 
pouco provável, que o sistema jurídico consiga restaurar uma situação igual à anterior 
 
16
 MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente: doutrina, prática, jurisprudência, glossário. 
2.ed.rev.atual.ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2001. p. 119. 
17
 DERANI, Cristiane. Direito Ambiental Econômico. 2.ed.rev. São Paulo: Editora Max Limonad, 2001. 
p. 167. 
ao dano causado à determinada coisa, portanto a preservação é o melhor caminho a ser 
adotado, tornando o princípio da prevenção um dos princípios mais relevantes do direito 
ambiental. Paulo de Bessa Antunes, afirma que o princípio da prevenção é aplicado 
quando existe um perigo certo que alguma atividade perigosa possa ocorrer, de modo a 
comprometer certa área em razão dos riscos que apresentam. Bessa Antunes define: 
O princípio da prevenção aplica-se aos impactos ambientais já conhecidos e 
dos quais se possa, com segurança, estabelecer um conjunto de nexos de 
causalidade que seja suficiente para a identificação dos impactos futuros mais 
prováveis. Com base no princípio da prevenção, o licenciamento ambiental
18
 
e, até mesmo, os estudos de impacto ambiental
19
 podem ser realizados e são 
solicitados pelas autoridades públicas. Pois tanto olicenciamento quanto os 
estudos prévios de impacto ambiental serão realizados com base em 
conhecimentos acumulados sobre o meio ambiente. É importante deixar 
consignado que a prevenção de danos, tal como presente no princípio ora 
examinado, não significa – em absoluto – a eliminação de danos20 . 
O princípio da prevenção tem como objetivo não deixar que ocorra um dano ao 
meio ambiente, pois o princípio baseia-se no risco de que uma atividade degradante 
possa causar, adotando medidas cautelares para prevenir a ocorrência do fato gerador do 
dano. Wander Garcia o princípio da prevenção pode ser conceituado como aquele que 
impõe à coletividade e ao Poder Público a tomada de medidas prévias para garantir o 
meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações.
21
 Sueli 
Padilha, é preciso saber se há certeza científica do risco ambiental, pois para aplicar-se a 
prevenção, para o agir antecipado, é preciso haver conhecimento e informação.
22
E, em 
Pacheco Fiorillo menciona que uma legislação severa que imponha multas e sanções 
mais pesadas funciona também como instrumento de efetivação da prevenção, mas é 
necessário que se leve em consideração o poder econômico do poluidor.
23
 
 
18
 Art. 1º, I. – “Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental 
competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades 
utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas 
que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental [...]”. CONSELHO NACIONAL DO 
MEIO AMBIENTE – CONAMA. Resolução n. 237, de 19 de dezembro de 1997. Disponível em: 
<http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797.html>. Acesso em: 22 abr. 2012. 
19
 “Trata-se de um meio de atuação preventiva, que visa a evitar as consequências danosas, sobre o 
ambiente, de um projeto de obras, de urbanização ou de qualquer atividade”. SILVA, José Afonso da. 
Direito ambiental Constitucional. 4. ed. São Paulo: Malheiros: 2003. p. 287. 
20
 ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito ambiental. 12. ed. Rio de Janeiro: Lumen Júris, 2010. p. 45. 
21
 GARCIA, Wander. Direito ambiental. São Paulo: Premier Máxima, 2009. p. 38. 
22
 PADILHA, Norma Sueli. Fundamentos Constitucionais do direito brasileiro. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. p. 
254. 
23
 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 
38. 
O conceito acima denota que o princípio da prevenção é aplicado toda vez que 
ocorra alguma atividade lesiva ao meio ambiente, algum impacto ambiental que já se 
conhece e que tenha a probabilidade de causar danos futuros, mas não significa que a 
aplicação do referido princípio resulte em eliminação dos danos que foram causados e 
sim apenas a sua prevenção. Sueli Padilha, demonstra que o principal instrumento 
jurídico do princípio da prevenção é o licenciamento ambiental e o estudo de impacto 
ambiental
24
, que são realizados sobre conhecimentos acumulados sobre o meio 
ambiente.
25
 O princípio da prevenção em muito se assemelha com o da precaução, mas 
com ele não se confunde. Ambos objetivam a preservação do meio ambiente, contudo 
em situações diversas. Assim, de uma maneira preliminar, pode-se referir que o 
princípio da precaução age na iminência de um dano improvável, ou seja, de um risco 
abstrato. Já a prevenção atua quando há a certeza do dano, ou seja, um risco certo de 
degradação ao meio ambiente: 
Prevenção é o substantivo do verbo prevenir, e significa ato ou efeito de 
antecipar-se, induz uma conotação de generalidade, simples antecipação no 
tempo, é verdade, mas com intuito conhecido. Precaução é substantivo do 
verbo precaver-se (do Latim prae = antes e cavere = tomar cuidado), e sugere 
cuidados antecipados, cautela para que uma atitude ou ação não venha a 
resultar em efeitos indesejáveis. A diferença etimológica e semântica 
(estabelecida pelo uso) 
26
. 
 
Feita essa diferenciação, destaca-se que o princípio da prevenção constitui em 
uma das mais importantes diretrizes do direito ambiental. Tal situação decorre do fato 
de que, se ocorrido o dano ambiental, a reconstituição ao status a quo é praticamente 
impossível 
27
. O Poder Público instituiu formas de concretização de tal prevenção, a 
começar pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente que passou a financiar projetos 
científicos. Ademais, criou o estudo de impacto ambiental, meio pelo qual a 
Administração analisa os impactos gerados pelo empreendimento e, diante dessa 
verificação, aprova ou não a instalação 
28
: 
O estudo de impacto ambiental, previsto no art. 225, § 1º, IV, da CF, bem 
como a preocupação do legislador em “controlar a produção, a 
 
24
 Conceito de estudo de impacto ambiental. 
25
 PADILHA, Norma Sueli. Fundamentos Constitucionais do direito ambiental. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. p. 
254. 
26
 MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente: doutrina, prática, jurisprudência, glossário. 
2.ed.rev.atual.ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2001. p. 118. 
27
 RODRIGUES, Marcelo Abelha. Elementos do Direito Ambiental. Parte Geral. 2.ed.rev.atual.ampl. 
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005. p. 204. 
28
 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Estudos de Direito Ambiental. São Paulo: Malheiros Editores, 
1994. p. 37. 
comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que 
comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente”, 
manifestada no mesmo artigo, inciso V, são exemplos típicos deste 
direcionamento preventivo 
29
. 
 
Assim, além do texto constitucional, é possível vislumbrar, ainda que 
implicitamente, o princípio da prevenção no artigo 2º da já citada Lei nº 6.938/81 que 
dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, em que objetiva em seus incisos 
I,IV e IX a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental 
30
. 
Os instrumentos de tutela ambiental acerca desse princípio, seja no âmbito 
administrativo ou jurisdicional. Na esfera administrativa, é possível destacar o 
licenciamento ambiental, o zoneamento industrial, assim como as sanções 
administrativas. Já na judicial, existem os remédios constitucionais, quais sejam: a ação 
civil pública e a ação popular, além de haver previsão de tutelas de urgência que 
antecipam o julgado 
31
. Em face da importância de uma medida que antecipe a decisão 
final do judiciário, destacou Barbosa Moreira: 
[...] não se pode pensar, apenas, em ressarcimento de dano já ocorrido, pois 
esses interesses, entre outras características, tem a de que, as mais das vezes, 
precisam ser protegidos antes de consumada a lesão. Isso fica muito nítido no 
que tange ao meio ambiente. [...] destruída a rocha que embelezava a 
paisagem, o dano é irreparável e não há como pretender substituir aquilo que 
deixou de existir por uma compensação pecuniária 
32
. 
 
Portanto, enquanto o princípio da precaução visa a proteção de um dano 
abstrato, ou seja, que ainda não existe a comprovação científica da ocorrência, o 
princípio da prevenção visa a proteção do meio ambiente quando a degradação é certa. 
Para tanto, para a efetivação dessa diretriz são utilizados meios administrativos e 
judiciais que, em certos momentos, objetivam, inclusive, decisões que antecipa o 
julgado final, em face de que o tempo pode causar uma degradação irreversível ao meio 
ambiente. 
Princípio da Participação 
 
29
 MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente: doutrina, prática, jurisprudência, glossário. 
2.ed.rev.atual.ampl.São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2001. p. 119. 
30
 MUKAI, Toshio. Direito Ambiental Sistematizado. 3.ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1998. 
p. 36. 
31
 RODRIGUES, Marcelo Abelha. Elementos do Direito Ambiental. Parte Geral. 2.ed.rev.atual.ampl. 
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005. p. 204. 
32
 MOREIRA, José Carlos Barbosa. Ação civil pública. Revista Trimestral de Direito Público, São 
Paulo, n. 3, p. 186, 1993. 
Do princípio da participação, da cooperação ou, ainda, democrático, denota-se 
que a proteção ambiental não é somente obrigação estatal, mas sim de toda uma 
sociedade. Ou seja, pode-se dizer que tal diretriz constitui um dos elementos 
primordiais do Estado Social de Direito, objetivando, acima de tudo, a proteção dos 
direitos sociais, através da participação popular 
33
. Isso quer dizer que “cada um de nós 
deve fazer a sua parte em relação aos bens ambientais, e mais do que isso, exigir que 
todos façam a sua parte” 34. O princípio da participação impõe como dever da 
coletividade em conjunto com o Estado, a proteção ambiental: 
[...] é um princípio fundamental do procedimento do direito ambiental e 
expressa a idéia de que para a resolução dos problemas do ambiente deve ser 
dada especial ênfase à cooperação entre o Estado e a sociedade, através da 
participação dos diferentes grupos sociais na formulação e execução da 
política do ambiente 
35
. 
 
Ademais, cumpre ressaltar que, apesar do princípio da participação já constar no 
artigo 225 da Constituição Federal, em que há menção de que a proteção do meio 
ambiente é um dever do Poder Público e da coletividade, o enunciado 10 da Declaração 
do Rio de Janeiro, em 1992 também tratou da questão: 
A melhor forma de tratar as questões ambientais é assegurar a participação 
de todos os cidadãos interessados ao nível conveniente. Ao nível nacional, 
cada pessoa terá acesso adequado às informações relativas ao ambiente 
detidas pelas autoridades, incluindo informações sobre produtos e 
actividades perigosas nas suas comunidades, e a oportunidade de participar 
em processos de tomada de decisão. Os Estados deverão facilitar e 
incentivar a sensibilização e participação do público, disponibilizando 
amplamente as informações. O acesso efectivo aos processos judiciais e 
administrativos, incluindo os de recuperação e de reparação, deve ser 
garantido 
36
. 
 
Assim, de maneira límpida, se verifica a importância da participação popular na 
proteção do meio ambiente, podendo ocorrer de diversas maneiras, como: participação 
individual, participação em grupo, assim como mediante a “representação” por entes 
governamentais e não governamentais 
37
. Nesse sentido, Paulo Sirvinskas, in verbis: 
 
33
 FIORRILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 5.ed. São Paulo: 
Saraiva, 2004. p. 38. 
34
 RODRIGUES, Marcelo Abelha. Elementos do Direito Ambiental. Parte Geral. 2.ed.rev.atual.ampl. 
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005. p. 174. 
35
 MUKAI, Toshio. Direito Ambiental Sistematizado. 3.ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1998. 
p. 37. 
36
 Declaração do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente. Princípio 10. 1992. 
37
 RODRIGUES, Marcelo Abelha. Elementos do Direito Ambiental. Parte Geral. 2.ed.rev.atual.ampl. 
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005. p. 175. 
Essa participação poderá dar-se em três esferas: legislativa, administrativa e 
processual. Na esfera legislativa, o cidadão poderá diretamente exercer a 
soberania popular por meio do plebiscito (art. 14, I, da CF), referendo (art. 
14, II, da CF) e iniciativa popular (art. 14, III, da CF). Na esfera 
administrativa, o cidadão pode utilizar-se do direito de informação (art. 5º, 
XXXIII, da CF), do direito de petição (art. 5°, XXXIV, a, da CF) e do estudo 
prévio de impacto ambiental (art. 225, IV, da CF). Na esfera processual, o 
cidadão poderá utilizar-se da ação civil pública (art. 129, III, da CF), da ação 
popular (art. 5°, LXXIII, da CF), do mandado de segurança coletivo (art. 5º, 
LXX, da CF), do mandado de injunção (art. 5°, LXXI, da CF), da ação civil 
de responsabilidade por improbidade administrativa (art. 37, § 4°, da CF) e 
da ação direta de inconstitucionalidade (art. 103 da CF) 
38
. 
 
O princípio da participação institui o direito dos cidadãos em obter informações 
sobre as intervenções ambientais, assim como, assegura à população os mecanismos 
judiciais, legislativos e administrativos que impõem efetividade ao referido princípio 
39
, 
pois, é possível concluir pela estrita relação do princípio da participação com o da 
informação ambiental, uma vez que o acesso à informação propicia melhores condições 
de atuação dos cidadãos sobre a sociedade e, particularmente, sobre as questões 
ambientais 
40
. 
Portanto, para a real eficiência da proteção ambiental, é necessário não só o 
empenho do Poder Público, mas, da mesma forma, participação da população no auxílio 
da execução, resolução e implementação das políticas ambientais, através das três 
esferas: legislativo, administrativo e judicial. Em outras palavras, somente agindo em 
conjunto, ou seja, a Administração Pública e a população é que se torna possível, 
efetivamente, a diminuição da degradação ambiental. 
Princípio da Informação Ambiental 
O princípio da informação ambiental resulta da participação popular. Assim, 
pode-se dizer que a informação visa não omitir dados de interesse de proteção ambiental 
que se encontram sob o controle do poder público
 41
. 
 
38
 SIRVINSKAS, Luis Paulo. Manual de Direito Ambiental. 3. edição revista e atualizada. São Paulo. 
Editora Saraiva. 2005. p. 35. 
39
 ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. 6. edição revista, ampliada e atualizada – Rio de 
Janeiro: Editora Lúmen Júris. 2002. p. 34. 
40
 MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente: doutrina, prática, jurisprudência, glossário. 2. edição revista, 
atualizada e ampliada – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais. 2001. p. 115. 
41
 FIORRILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 5.ed. São Paulo: 
Saraiva, 2004. p. 40. 
Destaca-se que a Constituição Federal prevê o direito à informação em diversos 
momentos do seu texto. Como exemplo, é possível destacar o artigo 5° que trata das 
garantias individuais e coletivas (incisos XIV e XXXIII), bem como o artigo 220, §1º, 
da Constituição Federal que, também, prevê a informação ambiental. A informação 
ambiental está prevista na legislação da Política Nacional do Meio Ambiente, como 
exemplo pode-se citar os artigos 6º, §3º, e 10º, em que há a previsão de fornecimento 
aos cidadãos dos resultados de análises ambientais realizadas. O princípio da 
informação ambiental, visa, acima de tudo, um conhecimento amplo e vasto acerca dos 
procedimentos ambientais, proporcionando uma consciência ecológica da população. 
A proteção ambiental necessita da participação de todos, seja da população ou 
do poder público, todavia para que esse auxílio seja realizado é necessário que os 
cidadãos tenham informação e conhecimento daquilo que polui e degrada o meio 
ambiente; eis que sem isso, não é possível a implementação e concretização de maneira 
positiva de políticas públicas que objetivam um desenvolvimento econômico 
sustentável. 
Princípio da Educação Ambiental 
O princípio da educação ambiental é de suma importância para a proteção do 
meio ambiente, eis que objetiva o estímulo da relação da natureza com os seres 
humanos, através da aprendizagem participativa 
42
. Acerca dessa importância, a 
Declaração de Estocolmo em seuprincípio 19, assim destacou: 
É essencial seja ministrada a educação sobre questões ambientais às gerações 
jovens como aos adultos, levando-se em conta os menos favorecidos, com a 
finalidade de desenvolver bases necessárias para esclarecer a opinião pública 
e dar aos indivíduos, empresas e coletividades o sentido de suas 
responsabilidades no que concerne à proteção e melhoria do meio ambiente 
em toda a sua dimensão 
43
. 
 
A educação ambiental, ou seja, do conhecimento acerca das políticas ambientais 
existentes, é que a população poderá auxiliar a Administração Pública na efetivação da 
proteção do meio ambiente. Dessa forma, Celso Antônio Pacheco Fiorillo e Marcelo 
 
42
 FIORRILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 5.ed. São Paulo: 
Saraiva, 2004. p. 40. 
43
 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Estudos de Direito Ambiental. São Paulo: Malheiros Editores, 
1994. p. 39. 
Abelha Rodrigues definiram as conseqüências que a educação ambiental pode gerar em 
uma sociedade: 
Educar ambientalmente significa: a) reduzir os custos ambientais, à medida 
que a população atuará como guardiã do meio ambiente; b)efetivar o 
princípio da prevenção; c) fixar a idéia de consciência ecológica, que buscará 
sempre a utilização de tecnologias limpas; d) incentivar a realizar do 
princípio da solidariedade, no exato sentido que perceberá que o meio 
ambiente é único, indivisível e de titulares indetermináveis, devendo ser justa 
e distributivamente acessível a todos; e) efetivar o princípio da participação, 
entre outras finalidades 
44
. 
 
Evidencia-se que a educação ambiental só será efetivada através de políticas 
ambientais e ações práticas educativas, sejam em universidades, escolas ou através de 
propagandas governamentais, que objetivem a construção de valores sociais voltados à 
proteção ambiental 
45
. Portanto, a educação ambiental e de certa maneira, aliada à 
informação ambiental, é uma obrigação inerente ao poder-dever do Estado, sendo um 
instrumento fundamental dentro do contexto das políticas de proteção ao meio 
ambiente, uma vez que somente através do conhecimento ambiental é que a população 
vai possuir condições de auxiliar o Poder Público nas questões acerca do meio 
ambiente, através da cooperação. 
Princípio do Desenvolvimento Sustentável 
O princípio do desenvolvimento sustentável surgiu como conseqüência do 
crescimento socioeconômico em face da preservação ambiental. De um lado, está e 
exploração do meio ambiente, enquanto do outro está o crescimento econômico dos 
grandes centros 
46
. A Constituição Federal, em seu artigo 225, caput, fez referência ao 
princípio, impondo ao Poder Público e à coletividade o dever de defender e respeitar o 
meio ambiente para as gerações presentes e futuras. Também destacou a proteção ao 
meio ambiente no artigo 170, em que trata da ordem econômica. Além disso, diversos 
encontros mundiais já trataram a respeito do tema, sendo possível citar a Conferência do 
Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada pela Assembléia Geral das Nações 
Unidas em 1989; assim como a ECO 92, como é conhecida a Conferência ambiental 
 
44
 FIORILLO, Celso Antônio Pacheco; RODRIGUES, Marcelo Abelha. Manual de direito ambiental e 
legislação aplicável. Max Limonad, 1999. p. 147. 
45
 FIORRILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 5.ed. São Paulo: 
Saraiva, 2004. p. 42. 
46
 MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente: doutrina, prática, jurisprudência, glossário. 
2.ed.rev.atual.ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2001. p. 122. 
realizada no Rio de Janeiro em 1992 e, da mesma forma, a Comissão Mundial sobre o 
Meio Ambiente, que assim definiu o desenvolvimento sustentável: “é aquele que atende 
às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras 
atenderem as suas próprias necessidades” 47. Verifica-se que o desenvolvimento 
sustentável é de suma importância para que haja a proteção ambiental necessária não só 
para o atendimento das necessidades das gerações presentes, como para as futuras: 
O princípio do desenvolvimento sustentável procura conciliar a proteção do 
meio ambiente com o desenvolvimento socioeconômico para a melhoria da 
qualidade de vida do homem. É a utilização racional dos recursos naturais 
não renováveis. Também conhecido como meio ambiente ecologicamente 
equilibrado ou eco-desenvolvimento 
48
. 
 
É evidente que a preocupação em preservar o meio ambiente, decorre, 
simplesmente, do motivo de que os recursos ambientais não são inesgotáveis. Assim, 
esta diretriz busca, na sua essência, harmonizar o desenvolvimento social e econômico e 
o meio ambiente. É necessário que o desenvolvimento seja sustentável e planejado 
levando em consideração os limites do ambiente a ser atingido 
49
. 
Estando em causa, numa apreciação correta e previdente em relação ao 
futuro, investimentos de fato justificados, com um interesse econômico e 
conseqüentemente de bem-estar superior aos custos ambientais, a teoria 
revela que a entidade poluidora deve compensar todos os que ficam 
prejudicados. Assim se obriga a que haja a segurança de que os benefícios 
sejam de fato superiores aos prejuízos, havendo ainda um ganho líquido para 
o investidor. Num mundo capitalista, em que as decisões econômicas 
dependem dos custos e da rentabilidade prevista das empresas, parece lógico 
que os custos da prevenção e da eliminação da poluição fossem tomadas em 
conta pelo empresário 
50
. 
 
As legislações hoje vigentes trataram de impor limites ao desenvolvimento, 
principalmente no que concerne aos empreendimentos de ordem econômica, tema esse – 
conforme já referido – tratado, inclusive, no artigo 170 da Constituição Federal. 
Todavia, a aplicação desse princípio não denota a proibição de instalações de indústrias 
 
47
 Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Nosso Futuro Comum. 2.ed. Rio de 
Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1991. p. 46. 
48
 SIRVINSKAS, Luis Paulo. Manual de Direito Ambiental. 3.ed.rev.atual. São Paulo: Editora Saraiva, 
2005. p. 35. 
49
 FIORRILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 5.ed. São Paulo: 
Saraiva, 2004. p. 24. 
50
 MARTINS, António Carvalho. A política de Ambiente da Comunidade Econômica Européia. 
Coimbra: Coimbra Editora, 1990. p. 107-108. 
ou outras atividades que degradam o meio ambiente, é preciso, sim, que exista um 
estudo prévio do impacto a ser gerado 
51
: 
É justamente por causa da aplicação deste princípio à atividade 
desenvolvimentista, produtora de consumo e eliminação de resíduos de 
massa, que a doutrina ambiental tem procurado fixar a atividade econômica e 
a sociedade de consumo em três pontos fundamentais: a) evitando-se a 
produção de bens supérfluos e agressivos ao meio ambiente; b) convencendo 
o consumidor da necessidade de evitar o consumo de bens “inimigos” do 
meio ambiente; c) estimulando o uso de “tecnologias limpas” no exercício da 
atividade econômica 
52
. 
 
Conclui-se que não há como a sociedade persistir num desenvolvendo 
desenfreado como se tem feito, em outras palavras, sem que realize um efetivo cuidado 
e proteção com a influência de tais ações no meio ambiente. Assim, através de medidas 
como as acima referidas, deve-se buscar um equilíbrio entre desenvolvimento e 
recuperação, conservação e preservação do meio ambiente. O princípio do 
desenvolvimento sustentável objetiva o equilíbrio, ou seja, uma moderação do 
desenvolvimento econômico em face da qualidade ambiental,a fim de que o impacto 
causado, ou seja, a influência da população no meio ambiente não se efetive de maneira 
tão degradante ao meio ambiente. 
Princípio do Poluidor–Pagador 
O princípio do poluidor-pagador foi desenvolvido pela primeira vez pela OCDE 
(Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico) em 1972 e visava 
obrigar os agentes da degradação ambiental a arcarem com os custos necessários para 
que se atingisse determináveis níveis de qualidade do meio ambiente 
53
. Pode-se dizer 
que denota a obrigação daquele que poluir sem atentar às indicações de preservação 
ambiental, de pagar pelo dano gerado e restituir o ambiente degradado. Ou seja, “o 
poluidor deve arcar com o prejuízo causado ao meio ambiente de forma mais ampla 
possível” 54: 
O Princípio Poluidor-Pagador (PPP) é um mecanismo que obriga o poluidor a 
reparar o dano causado por sua conduta, saldando sua dívida para com a 
 
51
 ARAÚJO, Luiz Alberto David. Direito Constitucional e Meio Ambiente. Revista do Advogado da 
AASP, São Paulo, p. 37, 1992. 
52
 RODRIGUES, Marcelo Abelha. Elementos do Direito Ambiental. Parte Geral. 2.ed.rev.atual.ampl. 
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005. p. 172. 
53
 MOTA, José Aroldo. A valoração dos ativos naturais como subsídio a decisão política. Brasília: 
Centro de Desenvolvimento Sustentável. – UNB, 2000. p. 131. 
54
 SIRVINSKAS, Luis Paulo. Manual de Direito Ambiental. 3.ed.rev.atual. São Paulo: Editora Saraiva, 
2005. p. 37. 
sociedade e restituindo o meio ambiente a seu estado anterior. O PPP tem por 
objetivo imputar ao poluidor o custo social da degradação por ele gerada, 
criando um mecanismo de responsabilidade pelo dano ambiental não somente 
sobre bens e pessoas, mas sobre toda a natureza 
55
. 
 
Este princípio é mais uma conseqüência da constatação de que os recursos 
naturais não são inesgotáveis e que o seu uso descontrolado e excessivo acarreta 
seqüelas imensuráveis e, muitas vezes, irreversíveis 
56
. A criação dessa diretriz impôs 
aos investidores uma punição pelo descaso com o meio ambiente. Um dos principais 
fatores que impulsionou a criação de tal diretriz foi o crescimento da economia e, o 
conseqüente desenvolvimento industrial que acabou gerando a utilização desenfreada de 
bens naturais, degradando o meio ambiente. Logo, conclui-se pela disposição do 
princípio que, os custos externos causados pela deterioração ambiental devem ser 
suportados pelo agente poluidor, o que acaba ocasionando um aumento no preço final 
do produto e, assim, influenciando na competitividade
 57
: 
Assenta-se este princípio na vocação redistributiva do Direito Ambiental e se 
inspira na teoria econômica de que os custos sociais externos que 
acompanham o processo produtivo devem ser internalizados, vale dizer, que 
os agentes econômicos devem levá-los em conta ao elaborar os custos de 
produção e, conseqüentemente, assumi-los 
58
. 
 
A não observância de medidas mitigadoras, fica facilitada a visualização da 
importância do princípio ora estudado, vez que, é através dele que se efetiva a maior 
proteção ao meio ambiente. Contudo, é importante destacar que o princípio não traz 
como indicativo o “pagar para poder poluir”, pelo contrário, impõe a responsabilidade 
de contornar a reparação causada 
59
: 
Para finalizar este tópico é importante que fique claro que o axioma 
poluidor/usuário-pagador não pode ser interpretado ao pé da letra, tendo em 
vista que não traduz a idéia de “pagar para poluir” ou de “pagar pelo uso”, 
especialmente também porque o seu alcance é absurdamente mais amplo do 
que a noção meramente repressiva que possui. Muitas vezes tomado como 
“pago para poder poluir”, o princípio do poluidor pagador passa muito longe 
desse sentido, não só porque o custo ambiental não encontra valoração 
pecuniária correspondente, mas também porque a ninguém poderia ser dada a 
 
55
 BENJAMIN, Antônio Herman. 10 anos da ECO-92: O Direito e o Desenvolvimento Sustentável. (O 
princípio poluidor-pagador à luz da responsabilidade objetiva: instrumento para o alcance do 
desenvolvimento sustentável). p. 599. 
56
 ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. 6.ed.rev.ampl.atual. Rio de Janeiro: Editora Lúmen 
Júris, 2002. p. 40. 
57
 NUNES, Cléucio Santos. Direito Tributário e Meio Ambiente. São Paulo : Dialé t ica, 2005. p. 
2. 
58
 MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente: doutrina, prática, jurisprudência, glossário. 
2.ed.rev.atual.ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2001. p. 116. 
59
 FIORRILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 5.ed. São Paulo: 
Saraiva, 2004. p. 27. 
possibilidade de comprar o direito de poluir, beneficiando-se do bem 
ambiental em detrimento da coletividade que dele é titular 
60
. 
 
Aqui, cabe destacar que a responsabilidade nesse caso (de poluição ambiental) é 
objetiva 
61
, ou seja, independe de culpa para que se possa pleitear a reparação do dano. 
Assim, verificado o dano ambiental e o agente causador, é possível, em nome do 
interesse público, impor o dever de reparação do meio ambiente atingido 
62
. No que 
tange os aspectos formais da legislação, importante registrar que, como nos outros 
princípios, a Conferência Internacional do Rio de Janeiro – ECO/92 também assentou 
entendimento a respeito: 
As autoridades nacionais devem esforçar-se para promover a internalização 
dos custos de proteção do meio ambiente e o uso dos instrumentos 
econômicos, levando-se em conta o conceito de que o poluidor deve, em 
princípio, assumir o custo da poluição, tendo em vista o interesse público, 
sem desvirtuar o comércio e os investimentos internacionais 
63
. 
 
Assim, além da “ECO/92” prever que o poluidor deve arcar com os custos da 
poluição, a Constituição Federal no artigo 225, §3º, determinou que as condutas e 
atividades lesivas ao meio ambiente serão punidas. Da mesma forma, determinou o 
artigo 4º da Lei 6.938/81, impondo ao causador dos danos ambientais o dever de 
recuperar o meio ambiente lesado. Diante do todo exposto, conclui-se que o princípio 
do poluidor-pagador possui além de uma ótica preventiva, uma visão repreensiva, 
estabelecendo que o agente causador da poluição será o responsável pela consequência 
de sua ação ou, até mesmo, de sua omissão, independente de comprovação de culpa. 
 
 
 
60
 RODRIGUES, Marcelo Abelha. Elementos do Direito Ambiental. Parte Geral. 2.ed.rev.atual.ampl. 
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005. p. 190. 
61
 Destaca-se o artigo 14, §3º, da Lei 6.938/81: Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste 
artigo, é o poluidor obrigado, independente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos 
causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. 
62
 BENJAMIN, Antônio Herman. 10 anos da ECO-92: O Direito e o Desenvolvimento Sustentável. (O 
princípio poluidor-pagador à luz da responsabilidade objetiva: instrumento para o alcance do 
desenvolvimento sustentável). p. 603. 
63
 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Estudos de Direito Ambiental. São Paulo: Malheiros Editores, 
1994. p. 41.

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