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CURSO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS PÚBLICOS DISCIPLINA:Direito Civil Professor: Dra. Raquel Valési Aula Da Organização dos Estados Coordenação: Dra. Elaine Borges www.r2direito.com.br CURSO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS PÚBLICOS DISCIPLINA:Administração Professor: Dr. Rebeca Tenório AulaAtos AdministrativosParte 2 www.r2direito.com.br Atos administrativos em espécie: Quanto ao conteúdo, dividem-se em: - licença, permissão, autorização, admissão, aprovação, homologação, visto e parecer. Quanto a forma, dividem-se em: - decreto, portaria, resolução, circular, despacho e o alvará. Licença: De acordo com José dos Santos Carvalho Filho, licença é o “ato vinculado por meio do qual a Administração confere ao interessado consentimento para o desempenho de certa atividade”. Como se trata sempre de solicitação do interessado, nunca será conferida “ex officio”/de ofício pelo Poder Público. Como se trata de ato vinculado exarado pelo Poder Público, via de regra, será definitivo, salvo quando a própria lei estabelecer prazo para a eficácia da licença. Todavia, no que tange a licença para construir, o STF já confirmou mais de uma vez que, antes de iniciada a obra, a licença pode ser revogada por conveniência da Administração, não podendo o particular se valer do argumento do direito adquirido. Permissão: De acordo com José dos Santos, “permissão é o ato administrativo discricionário e precário pelo qual a Administração consente que o particular execute serviço de utilidade pública ou utilize privativamente bem público.” Tratando-se de ato discricionário e precário, pode a Administração Pública exercer juízo de conveniência e oportunidade para expedi-lo, bem como pode a qualquer tempo revogá-lo, se assim entender conveniente, sem direito a indenização ao particular. Porém, de acordo com a temática constitucional, artigo 175, que determina a obrigatoriedade de licitação para a consecução de delegação de serviços públicos a precariedade do instituto restou mitigada, uma vez que se a escolha do permissionário resulta de procedimento licitatório formal, não pode o permitente, a seu bel prazer, revogar o ato, salvo se devidamente comprovado interesse público. Deste modo, sendo a permissão de serviços públicos, terá natureza legal de contrato administrativo, bilateral e resultante de atividade vinculada do administrador face a exigência de licitação para a escolha do contratado. No entanto, corrente diversa, encabeçada por Maria Sylvia Zanella Di Pietro, entende que por se tratar de contrato, face os dispostos no artigo 175, inciso I, da Constituição da República e na Lei n° 8.987/95, que estabelecem que tanto a permissão quanto a concessão de serviços públicos são contratos, não há mais falar-se em permissão de serviço público, pois que este é ato unilateral. A permissão pode ainda se referir ao uso de bens públicos por parte do particular. Desta forma, concedida a permissão ao particular, não lhe conferirá direito adquirido ao uso eterno do retro bem público, que poderá ser revogado por razões de conveniência da própria Administração, ou em razão de ter exarado o prazo de utilização do bem. Neste caso, a permissão constituir-se-à como ato administrativo unilateral, discricionário e precário. Cite-se como exemplo de permissão de uso de bem público a colocação de mesas de bares na calçada. Autorização: De acordo com o entendimento de Maria Sylvia, a autorização é ato administrativo discricionário e de natureza precária em razão do qual o Poder Público confere ou possibilita ao particular a realização de certas atividades, atos ou serviços ou a utilização de determinados bens públicos. Para José dos Santos Carvalho Filho, o Poder Público somente concederá autorização para que o particular exerça determinada atividade ou utilize um bem público no seu respectivo interesse. Assim, será necessária a autorização quando o particular não puder desenvolver a atividade validamente sem o consentimento do Poder Público. Haverá, no caso, exercício do poder de polícia por parte do Estado, que somente legitimará a atividade de interesse particular se o interesse público não restar prejudicado. Ex: autorização para porte de arma. Aprovação: Aprovação é ato administrativo unilateral e discricionário pelo qual a Administração Pública exerce o controle sobre certo ato jurídico, manifestando-se prévia ou posteriormente sua prática. Ex: artigo 49, IV, da Constituição da República. Admissão: A admissão é ato administrativo unilateral e vinculado, pelo qual a Administração Pública defere a quem preenche os requisitos legais a inclusão em estabelecimento governamental para a fruição de um serviço público. Por ex: aprovação no vestibular em universidade pública. Homologação: Homologação também é ato administrativo de controle sobre a legalidade, conveniência ou oportunidade de outro ato administrativo ou de outra entidade ou particular a “posteriori”, para dar-lhe eficácia. Por ex: homologação de licitação. Visto: Visto é ato administrativo de controle formal de outro ato jurídico, e não significa concordância com o conteúdo do ato que se controla. Por ex: o visto aposto pelo chefe imediato no requerimento do servidor ao chefe mediato. Parecer: É uma opinião sobre algum assunto técnico ou jurídico. A regra é de que o parecer não vincula a decisão da autoridade, mesmo que a expedição do parecer seja obrigatória. Excepcionalmente se a lei determinar, o parecer será vinculante e a autoridade não poderá decidir contrariamente ao parecer, como por exemplo, na concessão de aposentadoria por invalidez. Havendo laudo médico atestando a invalidez a concessão de aposentadoria será obrigatória. Decretos: São atos normativos de competência privativa do Chefe do Poder Executivo e visam o provimento de situações gerais ou individuais. Doutrinariamente se distinguem os decretos como o autônomo/independente, ou regulamentar/de execução/executivo. O decreto autônomo visa regrar matéria organizativa, desde que não importe em aumento de despesa ou criação ou extinção de órgãos públicos. Já o decreto regulamentar ou de execução objetiva explicitar os conteúdos da lei para sua fiel aplicação. Portarias: São atos de competência de todas as autoridades até o nível de diretor de serviço e também das autoridades policiais, dos dirigentes de entidades descentralizadas e de demais autoridades previstas em lei. Resoluções: São atos administrativos expedidos pelas altas autoridades do Poder Executivo ou pelo Presidente de Tribunais e Componentes da Mesa das corporações legislativas e órgãos colegiados administrativos. Circulares: As circulares visam ao ordenamento de serviço veiculando ordens internas e uniformes dos superiores aos inferiores. Despachos: São decisões exaradas pelas autoridades nos requerimentos e processos sujeitos a sua apreciação. Alvará: É a forma pela qual se revestem os atos administrativos de licença e de autorização praticados com base no poder de polícia. Vícios do ato administrativo: O pressuposto da invalidação do ato administrativo é exatamente a presença de um vício na composição do ato administrativo. Quanto ao agente: O ato administrativo padecerá de vício se praticado mediante alguma violação de norma concernente a capacidade e competência do agente público. Vício de capacidade: Acarreta o impedimento e a suspeição na prática do ato administrativo. Vício de competência: Classificam-se em excesso de poder, usurpação de cargo ou função e função de fato. Excesso de poder: o excesso de poder ocorrerá toda vez que o agente praticar determinado extrapolando os limitesde sua competência. Ex: a autoridade é competente para punir o servidor aplicando penas leves e acaba aplicando penas mais severas. Usurpação de cargo ou função: o agente pratica o ato sem possuir titulação legal para fazê-lo, seja porque ele não é competente para a prática do ato, seja porque ele está usurpando o cargo ou a função de outrem, que inclusive é crime previsto no artigo 328 do Código Penal. Função de fato: o agente pratica o ato com a aparência de ser o titulado para tanto. O ato deverá ser tido como inválido. No entanto, se não houver ofensa ao interesse público, será considerado válido perante terceiros de boa-fé. É o caso, por exemplo, do chefe substituto que continua exercendo a chefia além do prazo da substituição. Quanto ao objeto: O objeto será viciado se for ilícito, impossível, incerto ou imoral. Será ilícito se contrário ao ordenamento jurídico. Será impossível se não for realizável no mundo dos fatos e do direito. Será incerto quando não for definido com precisão. E será imoral se for contrário a ética, a boa-fé e a honestidade. Quanto a forma: Haverá vício quanto a forma se o ato não observou determinada forma ou formalidade estampada na lei para a prática do ato, ou ainda se a motivação era necessária e não foi realizada. Quanto a finalidade: Haverá vício quanto a finalidade se o ato desviar-se da finalidade ampla ou restrita estampada na lei. Quanto ao motivo: O motivo será viciado se inexistente ou falso. O ato administrativo ainda poderá conter vício se o pressuposto de direito que embasa sua prática for inexistente, uma vez que o direito somente comportará a análise de existência. Extinção e Invalidação do Ato Administrativo: Ordinariamente os atos administrativos se extinguem pela realização de seus efeitos, por perda de seu objeto, pela caducidade e, ainda, pelo desaparecimento do sujeito que é seu destinatário. Podemos, ainda, anotar as hipóteses de cassação, caducidade (ou decaimento), contraposição (ou derrubada) e renúncia. Cassação: Forma de extinção de ato administrativo que se dará nos casos em que seu beneficiário descumprir as condições que permitam a manutenção do ato e de seus efeitos. Por ex: cassação de licença para exercer certa atividade. Caducidade: A caducidade (ou decaimento) ocorre pela vigência de legislação posterior incompatível com a permanência dos efeitos do ato administrativo. Significa, portanto, a perda de efeitos jurídicos em virtude de norma jurídica superveniente contrária àquela que respaldava a prática do ato. Contraposição: A contraposição (ou derrubada) ocorrerá quando surgir a edição de um ato com fundamento em competência diversa da que gerou o ato anterior, mas cujos os efeitos são contrapostos aos daquele, conforme se verifica na exoneração de agente político nomeado para cargo de confiança, ou seja, a exoneração se contrapõe (derruba) a nomeação. Alguns autores entendem que a contraposição seria uma espécie, ou estaria dentro, da revogação. Renúncia: A renúncia também implica na extinção do ato administrativo ou de seus efeitos. O beneficiário do ato pode renunciar à relação jurídica por ele constituída, como por exemplo, o permissionário de uso de bem público que se desinteressa na continuidade da permissão. Todavia, em certas circunstâncias pode-se operar o perecimento do ato administrativo por razões anômalas. Essas seriam as hipóteses de revogação e anulação, de acordo com a súmula 473 do STF. Anulação ou invalidação do ato administrativo: Existem duas teorias que procuram explicar o tema: a monista e a dualista. De acordo com a teoria monista, a teoria geral das nulidades do direito privado não se aplica ao direito administrativo, uma vez que o vício de legalidade implicará sempre na nulidade do ato. Já para a teoria dualista, admite que no interior do direito administrativo possam existir atos nulos e atos anuláveis, em razão da maior ou menor gravidade do vício e da possibilidade de sua convalidação. Nesse sentido a doutrina de Hely Lopes Meirelles, adotando a teoria monista, classifica os atos administrativos em razão dos vícios em nulos e inexistentes. Sustenta o doutrinador que no âmbito do Direito Administrativo não haveria lugar para atos anuláveis. Isso porque a nulidade (absoluta) e a anulabilidade (nulidade relativa) assentam na ocorrência do interesse público ou do interesse privado, na manutenção ou eliminação do ato viciado. Quando presente o interesse público – hipótese sempre existente no caso dos atos administrativos -, o reconhecimento de sua ilegalidade se impõe, não podendo admitir-se sua manutenção pelo mero interesse das partes como ocorre no Direito Privado. A questão se resume, para Hely Lopes Meirelles, na circunstância de que o ato administrativo é legal ou ilegal, válido ou inválido, mas não válido ou semi-válido, circunstância que ocorreria caso se admitisse a anulabilidade. No âmbito do Direito Administrativo, conclui, não se pode operar com institutos do Direito Privado, sem sua redefinição em face dos princípios que regem o Direito Público. Admite, todavia, o citado doutrinador a possibilidade de convalidação, se inexistente lesão ao interesse público e desde que não haja prejuízos a terceiros. Entendimento diverso possui Oswaldo Aranha Bandeira de Mello, que operará a distinção entre atos nulos e anuláveis, com fundamento da Teoria Geral das Nulidades do Direito Privado, de modo que os últimos poderiam ser convalidados. Celso Antônio Bandeira de Mello “também operará com classificação semelhante, distinguindo os atos administrativos viciados, os nulos, anuláveis e irregulares”. Atos administrativos nulos seriam aqueles que a lei assim os declare e aqueles impossíveis de serem convalidados dada a gravidade do vício, como por exemplo, o objeto ilícito ou o motivo falso. Atos administrativos anuláveis também seriam aqueles que a lei assim os declare e os que possam ser reeditados sem o vício, como na hipótese daqueles emanados de autoridades incompetentes ou decorrentes de vontade viciada. E os atos irregulares seriam aqueles que portadores de vícios materiais irrelevantes. Retrata ainda o venerando autor que, a Administração Pública não invalidará o ato se a situação estiver estabilizada pelo Direito, nos casos em que já decorreu o prazo prescricional para a invalidação, ou ainda que não tenha ocorrido este, o ato viciado se categoriza como ampliativo da esfera jurídica dos administrados e a situação concreta revela que mais atende ao interesse público a manutenção do ato do que sua invalidação. Anulação: A anulação é a retirada da ordem jurídica pela própria Administração (autotutela) ou pelo Poder Judiciário no exercício do controle jurisdicional da Administração Pública de ato viciado em face do ordenamento jurídico (constitucional e infra- constitucional). A Administração exercerá o controle de legalidade do ato administrativo em virtude do princípio da autotutela. Já o Poder Judiciário, em razão de vigorar no Brasil o sistema de jurisdição única. O Poder Judiciário, no entanto, somente exercerá o controle de mérito dos atos administrativos, verificando se encontram-se ou não presentes os requisitos de validade do ato. Efeitos da anulação do ato administrativo: A anulação, ao contrário da revogação opera retroativamente (“ex tunc”) e decorre de circunstância de que o ato inválido não pode gerar direitos. O ato nulo, por não gerar direitos, não pode ensejar indenização. Todavia, ressalva-se os terceiros de boa-fé e mesmo em algumas hipóteses, sustentam alguns, o beneficiário do ato que não tenha concorrido para o vício. Revogação: É o ato da administração que retira da ordem jurídicaatos administrativos válidos, mas que se revelaram “a posteriori” inconvenientes e inoportunos em face do interesse público. Parcela da doutrina sustenta que a revogação é ato discricionário da Administração Pública. Isso porque para que se legitime a revogação do ato administrativo válido é necessária a existência precípua do interesse público nesse sentido. A revogação do ato administrativo válido só opera efeitos para o futuro (“ex nunc”). Convalidação: Convalidação é o ato administrativo pelo qual é corrigido o defeito de ato ilegal, com efeitos retroativos à data da prática do ato ilegal. A convalidação só será possível se o ato puder ser reproduzido validamente no momento presente. No entanto, a convalidação não poderá ser operada se não houver impugnação administrativa ou judicial do ato, com exceção de ato vinculado expedido sem motivação que poderá ser tardiamente convalidado mesmo que haja impugnação. Para Maria Sylvia, a convalidação pode ser vinculada ou discricionária, conforme o vício que o ato contenha. Havendo vício quanto ao sujeito ou agente, se o ato era da competência indelegável de determinada autoridade, não será possível a convalidação. De outro modo, se o ato era delegável, possível será a convalidação. Se houver vício de competência em ato vinculado a convalidação será obrigatória, mas se o vício de competência for tido em ato discricionário a convalidação será discricionária. Havendo vício quanto ao objeto não será possível a convalidação do ato discricionário, pois que o objeto decorre da escolha feita pela Administração em relação ao motivo ocorrido e conforme a finalidade a ser atingida. Porém, no que pertine ao ato vinculado, este poderá ser convalidado, pois que a Administração só tem um objeto possível diante do motivo e finalidade estampados na lei. Havendo vício quanto a forma, só será possível a convalidação do ato se a forma não era essencial à validade do ato. Ocorrendo desvio de finalidade não será possível a convalidação porque a autoridade não pode deixar de atender ao interesse público geral e específico da lei. Por fim, havendo vício quanto ao motivo, também não será possível a convalidação do ato, pois o motivo é o pressuposto de fato e de direito que embasa o ato e como não é possível alterar retroativamente o fato e a regra de direito, não será possível a sua convalidação. Av. Indianópolis, 1581 - Moema São Paulo/SP - CEP.: 04063-003 Apostila_16 Direito Administrativo - Rebeca Tenorio - AtosAdministrativos02.pdf Apostila_00
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