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CRIME CONSUMADO E TENTADO
O crime está consumado quando o fato reúne todos os elementos de sua definição legal (tipo objetivo). Quando há total conformidade entre o fato praticado pelo agente e a hipótese abstrata descrita pela norma penal incriminadora. O momento da consumação varia de acordo com a natureza do delito:
1) Nos crimes materiais, em que há ação e resultado, o instante consumativo é o da produção do resultado, da lesão ao bem jurídico. 
2) Nos de mera conduta, em que não há descrição do resultado, a consumação ocorre no momento da ação. Ex: no delito de violação de domicílio (art. 150), o delito consuma-se com o entrar.
3) Nos delitos formais, a consumação ocorre com a simples atividade, independentemente da produção do resultado. 
4) Nos culposos - consumam-se com o resultado naturalístico.
5) Nos delitos permanentes a consumação se prolonga no tempo por vontade do agente ativo. Ex: seqüestro, cárcere privado (art. 148, CP).
6) Complexo - quando todas as figuras do tipo forem realizadas. A jurisprudência vem mudando este entendimento no caso de latrocínio (art. 157, § 3º, CP).
7) Nos delitos omissivos próprios, a consumação se faz com o simples comportamento negativo. 
Crime consumado é diferente de crime exaurido. O crime está exaurido quando após a consumação ocorrem outros resultados lesivos. Ex: o recebimento do resgate no art. 159, a venda da coisa furtada ou roubada. Ocorre crime tentado quando há realização incompleta do tipo penal por circunstâncias independentes da vontade do agente. Há conjugação do tipo tentado pelo agente com a regra do art. 14, II, do CP. Ex: uma tentativa de homicídio simples deverá ser enquadrada como o art. 121, caput, c.c. art. 14, II, CP. Elementos da tentativa: 1) ação executiva; 2) fato interrompido por circunstâncias alheias à vontade do agente. O dolo é igual ao dolo do crime consumado.
O fato delituoso percorre uma trajetória, denominada pela doutrina de iter criminis. É o caminho do crime, que vai da cogitação do crime até a sua consumação. Ocorre a tentativa quando o agente não chega à consumação, não percorre todo iter criminis. O iter criminis compõe-se de quatro fases:
a) cogitação - é o que se passa no foro íntimo da pessoa, desígnio de cometer o delito. A cogitação não é punida, a não ser que seja considerada um delito autônomo. Ex: ameaça (art. 147); incitação ao crime (art. 286).
b) atos preparatórios - anteriores aos de execução. Ex: compra da arma, emboscada. Os atos preparatórios também não são punidos, em regra. Há exceções, quando por si só já tipificam um crime. Ex: art. 291, CP.
c) atos de execução - são aqueles dirigidos à prática de um crime. Na doutrina há duas correntes definindo quando iniciaria este momento: 1) no momento do ataque ao bem jurídico (critério material) - se o ato não representar perigo ao bem jurídico, não será de execução; 2) no início da realização do tipo (critério formal). Para nossa lei só há tentativa quando há o início da realização do tipo. Ações que por sua vinculação necessária com a ação típica, parecem integradas a ela.
d) consumação – reunião de todos os fatos descritos no tipo. Dependendo do momento em que ocorrer a interrupção da execução, a tentativa poderá ser perfeita ou imperfeita:
1) Tentativa Perfeita (crime falho) - ocorre quando o agente pratica todos os atos necessários à produção do evento. Pratica tudo quanto lhe era possível para alcançar o resultado, que é evitado por circunstâncias alheias a sua vontade. Ex: dispara todos os tiros, mas a vítima não morre, ministra o veneno, mas alguém a socorre. 
2) Tentativa Imperfeita - ocorre quando o agente não consegue realizar todos os atos executórios por interferência externa. Ex: alguém segura o agente, prisão do agente.
Punibilidade da tentativa - A pena na tentativa é a do crime consumado, reduzida de um a dois terços. A redução maior ou menor da pena depende do percurso realizado pelo agente no iter criminis. Quanto mais próximo o agente chegar da consumação, menor será a redução, quanto mais distante o agente chegar da consumação, maior será a redução.
Há exceções de crimes que, mesmo tentados, são punidos: evasão ou tentativa de evasão de preso (art. 352, CP), votar ou tentar votar duas vezes (art. 309, Código Eleitoral). Não admitem tentativa: os crimes culposos; os preterdolosos; os unissubsistentes (compostos por um único ato, como a injúria verbal, art. 140); os omissivos puros (art. 135, 269) e os habituais, que exigem repetição dos atos para haver consumação (Ex: art. 230). Também não admitem tentativa os crimes em que a lei condiciona a punibilidade a consumação (art. 122, CP). As contravenções não admitem tentativa por disposição expressa da lei.
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA
(Tentativa qualificada)
Ocorre quando o agente inicia a execução mas não a leva adiante, desistindo da realização típica. A desistência voluntária ocorre na tentativa imperfeita ou inacabada. Ex: agente que invade a casa para furtar e desiste da subtração; o agente que dispara um tiro contra a vítima, dispondo de mais munição. O agente responde pelos atos já praticados, se estes constituírem tipos penais. Nos exemplos anteriores, os agentes responderão por violação de domicílio, no primeiro caso, e por lesão corporal, no segundo.
A desistência deve ser voluntária, isto é, aquela em que não há coação física ou moral, pode ser não espontânea, através da sugestão de terceiro ou da vítima. Os motivos que levam o agente a desistir também não contam, aproveitando a desistência. Se há coação física ou moral para a desistência haverá tentativa. Ex: agente que desiste por medo do risco de ser pego; se a vítima foge; intervenção de terceiros; alarme. Não há desistência se o agente suspende a execução a retomando posteriormente (não desiste da consumação de um crime quem a adia).
ARREPENDIMENTO EFICAZ
Ocorre quando o agente esgota os meios disponíveis para a prática do crime, arrepende-se e evita o resultado. Ex: ministra antídoto após ter envenenado a vítima; leva o ferido ao hospital. A ação deve ser eficaz, efetivamente a ação do agente deve impedir a consumação do crime. Se não impedir, responde pelo crime consumado. O agente responde pelos atos já praticados.
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
Ocorre quando já consumado o crime, o agente, por vontade própria, repara o dano ou restitui a coisa. Deve ser posterior ao fato, incidindo em todos os casos em que ocorrer um prejuízo patrimonial à vítima. A redução da pena é obrigatória e aplica-se aos crimes dolosos ou culposos, consumados ou tentados. Deve ser pessoal (pelo agente e não por terceiro, mas há posições admitindo por terceiros), completa (abrangendo todo o prejuízo causado ao sujeito passivo do crime) e voluntária (sem coação física ou moral).Não exige que seja espontânea (agente pode ser convencido). Quanto mais rápido for o ressarcimento, maior deverá ser a diminuição.
CRIME IMPOSSÍVEL
(Quase-crime, tentativa impossível, tentativa inidônea)
Não se pune a tentativa quando há impropriedade absoluta do meio ou do objeto.
1) Absoluta impropriedade do meio - quando o meio empregado pelo agente não pode produzir o resultado. Ex: usar açúcar pensando ser veneno; tentar matar alguém usando um revólver descarregado.
2) Absoluta impropriedade do objeto - bem jurídico inexiste. Ex: esfaquear morto; práticas abortivas em mulher que não está grávida.
Se houver relatividade do meio ou do objeto, há tentativa punível. Ex: administrar açúcar a diabético; armas que negam fogo; tentar tirar carteira do bolso direito, quando ela estava no esquerdo; ministrar veneno em dose insuficiente; dar susto em cardíaco.
Crime Putativo - é aquele que só existe na imaginação do agente. Acredita ser delituosa a ação que pratica, quando não há lei que incrimina.
Crime Provocado (flagrante preparado) - delinqüente é impelido ao delito por um agente provocador (polícia, delinqüente a serviço desta). Nestecaso, não há crime (Súmula 145, STF).

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