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REVISÃO - ANTROPOLOGIA I - 1º PERÍODO - DIREITO - PUC MINAS BARREIRO O QUE É A ANTROPOLOGIA? É a ciência que dedica ao estudo do ser humano. É importante ressaltar que a antropologia está interessada no estudo do ser inserido na sociedade, e não apenas o indivíduo. QUAL O SEU SURGIMENTO? A antropologia tem o seu surgimento no início do século XX, na Europa. Principalmente na Inglaterra e França que financiaram o desenvolvimento da ciência antropológica. QUEM SÃO OS ETNOLOGOS E ANTROPÓLOGOS? Aqueles que se dedicam ao estudo antropológicode etnias/culturas são tidos como etnólogos ou antropólogos. QUAIS ERAM OS MEIOS UTILIZADOS POR UM ANTROPÓLOGO NO INÍCIO DO SÉCULO XX? No início do século XX, para que fosse possível o estudo antropológico, era necessário ir a campo, onde muitas vezes era bem distante do lugar onde o etnólogo se residia. Isso o remetia a longas e cansativas viagens, onde era necessário por vezes habitar nas regiões onde seria pesquisado. Com o tempo, instrumentos tecnológicos possibilitaram a dinamicidade do estudo, proporcionando uma maior mobilidade e conseqüentemente uma melhor comodidade ao pesquisador. QUAL A IMPORTÂNCIA DA ANTROPOLOGIA NA SOCIEDADE? Algumas certezas de idéias introjetadas desde a nossa origem são por vezes responsáveis por criar em nossa mente o pensamento de que o nosso modo de vida é o melhor e o mais correto. Isso pode gerar conflitos ao depararmos com modos de vida divergentes do nosso. É nesse ponto em que a antropologia entra. Na busca de entender e respeitas as divergências culturais. QUAL É A IDEIA DE EVOLUCIONISMO SOCIAL E POR QUE ISSO NÃO É CORRETO? Na visão do europeu, aqueles grupos étnicos e culturais que tinham um modo mais ruralista, mais campestre, eram considerados primitivos. Essa ideia era tida como evolucionismo social. Como se uma sociedade tivesse por passar por etapas até atingir o desenvolvimento, que por modelo era o padrão cultural europeu. Do primitivo ao civilizado. O QUE É A CULTURA? Cultura é o modo com o qual os indivíduos enxergam e dão significado ao mundo. E que a nossa herança cultural é a responsável por determinar tal característica em nós. Em outras palavras, seria como se toda nossa carga cultural, tudo aquilo que aprendemos ao longo das gerações condicionasse o nosso olhar para as coisas do mundo e determinasse o nosso modo de vida. Todo ponto de vista que temos a cerca de algo é diverso em culturas diferentes. “A cultura é como uma lente através da qual o homem vê o mundo. Homens de culturas diferentes usam lentes diversas e, portanto, têm visões desencontradas das coisas.” (Ruth Benedict, 1972). Ao contrário do que declara o senso comum, cultura não é um objeto, onde podemos possuir ou não. Cultura é algo que todos possuem e isso se reflete na maneira com que o indivíduo se porta. Refere-se ao modo de ver, expressar e definir a vida. Trata-se do contexto na qual um grupo, sociedade ou pessoa vê a vida. E ela pode ser utilizada como forma de entender, compreender e respeitar as diversas diferenças do outro. O QUE DIFERE O HOMEM DO ANIMAL PARA A ANTROPOLOGIA? Os homens, diferentemente dos animais que agem por instintos, são capazes de criar regras. Como modo de organização social. QUAIS SÃO AS CONSEQUENCIAS DE ACREDITAR QUE NOSSA CULTURA É A CORRETA O fato de pertencermos a uma cultura nos faz ter certezas introjetadas em nossa mente desde nossa formação, fruto da nossa herança cultural adquirida nas relações que ocorrem no meio social com qual fazemos parte. Ao depararmos com o que não é familiar, é natural compararmos e por vezes acreditamos na concepção de que algumas questões culturais não são corretas ou não são ideais. Isso pode ocorrer de forma natural, mas quando apresenta um comportamento que valoriza seu grupo étnico e inferioriza as demais culturas passa a assumir um caráter etnocêntrico. DEFINA ETNOCENTRISMO O indivíduo condicionado a ver o mundo de uma forma pode muitas vezes se espantar com as diferenças culturais, ou seja, as outras maneiras de ver o mundo. Esse espanto pode criar uma ideia equivocada de que o modo de ver o mundo de um indivíduo é mais correto que o outro. “O fato de que o homem vê o mundo através de sua cultura tem como consequência a propensão em considerar o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural.” (Laraia, 2001). O etnocentrismo seria um julgamento de outra cultura considerando apenas a nossa. “A nossa herança cultural, desenvolvida através de inúmeras gerações, sempre nos condicionou a reagir depreciativamente em relação ao comportamento daqueles que agem fora dos padrões aceitos pela maioria da comunidade. Por isso é que os homens discriminam outros comportamentos desviantes.” (Laraia, 2001). Tal comportamento pode acarretar o racismo, a intolerância, a xenofobia e são justificativas da maioria dos conflitos sociais ao longo da história como, por exemplo, o holocausto, a colonização da América e da África e etc. TEXTO: VOCÊ TEM CULTURA? DE ROBERTO DA MATTA Roberto da Matta em seu texto “Você tem cultura?” apresenta a ideia sempre propagada pelo senso comum, acerca do que é cultura. Basicamente, se ouve dizer que cultura é objeto por definir a capacidade intelectual do possuidor. “Cultura aqui é equivalente a volume de leituras, a controle de informações, a títulos universitários e chega até mesmo a ser confundido com inteligência, como se a habilidade para realizar certas operações mentais e lógicas (que definem de fato a inteligência), fosse algo a ser medido ou arbitrado pelo número de livros que uma pessoa leu, as línguas que pode falar, ou aos quadros e pintores que pode de memória enumerar” (DA MATTA, 1981, Página 1). Da Matta demonstra o equivoco nessa concepção e adverte que o conceito de cultura também não pode ser confundido como modo de hierarquizar grupos étnicos. Como durante muito tempo foi utilizado. “De fato, quando um antropólogo social fala em "cultura", ele usa a palavra como um conceito chave para a interpretação da vida social. Porque para nós ''cultura" não é simplesmente um referente que marca uma hierarquia de "civilização", mas a maneira de viver total de um grupo, sociedade, país ou pessoa. Cultura é, em Antropologia Social e Sociologia, um mapa, um receituário, um código através do qual as pessoas de um dado grupo pensam, classificam, estudam e modificam o mundo e a si mesmas.” (DA MATTA, 1981, Pág. 2) Avaliar o fenômeno cultural dessa maneira é um modo etnocêntrico. “O problema é que sempre que nos aproximamos de alguma forma de comportamento e de pensamento diferente, tendemos a classificar a diferença hierarquicamente, que é uma: forma de exclui-la” (DA MATTA, 1981, Pág. 2). Conforme declara Da Matta, é preciso atentar a esses conceitos para evitar certos equívocos. Todos nós temos cultura, o que ocorre em nossa sociedade é que por vezes definimos erroneamente a palavra cultura. E isso nos leva a cometer outros erros. Cultura na verdade é modo com quais os indivíduos moldam e são moldados. LIVRO: CULTURA – UM CONCEITO ANTROPOLÓGIO DE ROQUE DE BARROS LARAIA (SEGUNDA PARTE – COMO OPERA A CULTURA) Capítulo 1 - A cultura condiciona a visa de mundo do homem No capítulo 1, Laraia demonstra o modo com o qual a cultura determina a visão do indivíduo para com o mundo. “Por exemplo, a floresta amazônica não passa para o antropólogo — desprovido de um razoável conhecimento de botânica — de um amontoado confuso de árvores e arbustos, dos mais diversos tamanhos e com uma imensa variedade de tonalidades verdes. A visão que um índio Tupi temdeste mesmo cenário é totalmente diversa: cada um desses vegetais tem um significado qualitativo e uma referência espacial” (Laraia, 2001). Todos nós possuímos um modo de enxergar o mundo, que segundo Laraia é fruto de uma herança cultural. E dessa forma, podemos notar as diferenças étnico- culturais em um determinado grupo pelo modo de agir, falar, vestir, caminhar, comer. Nesse capítulo, o autor irá nos atentar ao modo com o qual enxergamos o modo cultural do outro, para que não seja de forma depreciativa, adquirindo um caráter etnocêntrico. Capítulo 2 - A cultura interfere no plano biológico No capítulo 2, é abordado um fenômeno que difere do etnocentrismo, que é a apatia. “Em lugar da superestima dos valores de sua própria sociedade, numa dada situação de crise os membros de uma cultura abandonam a crença nesses valores e, conseqüentemente, perdem a motivação que os mantém unidos e vivos [...] Muitos foram os suicídios praticados, e outros acabavam sendo mortos pelo mal que foi denominado de banzo. Traduzido como saudade, o banzo é de fato uma forma de morte decorrente da apatia.” (Laraia, 2001). Esse é um exemplo claro da atuação da cultura sobre o plano biológico. Outros exemplos são abordados como, por exemplo, a capacidade de cura de doenças reais e imaginárias que são possíveis pela crença do doente na eficácia do remédio ou no poder dos agentes culturais. Capítulo 3 - Os indivíduos participam diferentemente de sua cultura. Laraia aponta que o indivíduo não é capaz de participar de todos os fenômenos da cultura com a qual ele pertence. “A participação do indivíduo em sua cultura é sempre limitada; nenhuma pessoa é capaz de participar de todos os elementos de sua cultura.” (Laraia, 2001). Essas limitações podem ocorrer por diversos motivos, sejam eles pela faixa etária do indivíduo, diferenças de sexo ou simplesmente pela ignorância do indivíduo em admitir determinados comportamentos sociais. Capítulo 4 - A cultura tem uma lógica própria As concepções do mundo são diferentes e variam em diferentes sistemas culturais. Todos esses sistemas procuram explicações para o mundo em seu entorno. “As explicações encontradas pelos membros das diversas sociedades humanas, portanto, são lógicas e encontram a sua coerência dentro do próprio sistema” (Laraia, 2001). Capítulo 5 - A cultura é dinâmica As culturas estão um contínuo processo de modificação, ainda que não percebidas por aqueles que estão de fora. Existem dois tipos de mudanças culturais, segundo Laraia: • A primeira seria uma mudança interna, que diz respeito às relações do indivíduo dentro do seu próprio sistema cultural. Nesse caso, o ritmo da mudança é um pouco mais lento, dando a impressão de que se trata de uma cultura estática, o que não é verdade. Apenas pode caracterizar um sistema cultural satisfeito com suas tradições. Exemplo que temos de um sistema cultural assim são os muitos grupos indígenas. • E a segunda seria das interações do indivíduo com outros sistemas culturais, essa seria a externa. Trata-se de um sistema com uma velocidade maior para as mudanças, talvez isso possa se explicar pelo contato com diversos sistemas culturais ou com insatisfação da sociedade com as respostas do meio. TEXTO: O OFÍCIO DO ETNOLOGO OU COMO TER ANTROPOLOGICAL BLUES DE ROBERTO DA MATTA Em seu artigo “O Ofício do Etnólogo ou como ter Antropological Blues” Roberto da Matta menciona o processo feito pelo etnólogo de tornar o que é familiar em exótico e vice versa. Da Matta deixa claro que não é seu intuito explicitar ao longo do artigo um método antropológico para trabalho em campo, mas tão somente demonstra as dificuldades do antropólogo em pesquisa. O que ele irá chamar de aspectos românticos. “O pesquisador se vê obrigado a atuar como médico, cozinheiro, contador de histórias, mediador dos índios e funcionários da FUNAI, viajante solitário e até palhaço, lançando mão desses vários papéis para poder realizar as rotinas que infalivelmente aprendeu na escola graduada” (DA MATTA, 1972 Pág. 5). Com todo esse discurso Roberto pretende demonstrar as tristezas que o etnólogo pode ter no trabalho de campo, chamando atenção para as emoções vividas, que são experiências que não são parte da pesquisa, mas acabam por se tornar parte na vida do antropólogo como profissional. “Como o blues, cuja melodia ganha força pela repetição das suas frases de modo a cada vez mais se tornar perceptível. Da mesma maneira que a tristeza e a saudade se insinuam no processo do trabalho de campo, causando surpresas ao etnólogo” (Da Matta, 1972, Pág. 6) “Seria possível dizer que o elemento que se insinua no trabalho de campo é o sentimento e a emoção” (Da Matta, 1972, Pág. 7). TEXTO: O “PESSIMISMO SENTIMENTAL” E A EXPERIÊNCIA ETNOGRÁFICA: Por que a cultura não é um “objeto” em via de extinção (PARTE I) DE MARSHALL SAHLINS Na primeira parte do seu artigo, Marshall faz uma crítica à ciência antropológica e a alguns pensadores que defendem a ideia de que a cultura está fadada ao desaparecimento com o advento da globalização. “A cultura é submetida a um duplo empobrecimento conceitual” (Sahlins, p. 43) Ao criticar a disciplina antropológica, ele admite que existam alguns equívocos quanto à interpretação de o que é a cultura. Alguns autores definem cultura como “marcador distintivo” e outros como “sistematicidade cultural”. “Instituições sociais, modos de produção, valores dos objetos, categorizações da natureza e o resto, tudo isso se vê reduzido a um mero aparato pelo qual as sociedades ou grupos se distinguem uns dos outros” (Sahlins, p.44) “Aponta-se que a “cultura” seria fruto do colonialismo, concebida com finalidade igualmente condenável de diferenciação e dominação” (Sahlins, p. 45) Ele aborda também no conteúdo de seu artigo as diferenças existentes nas escolas francesas, inglesa e americana. Essas escolas sofreram diferentes influencias filosófica e, por isso, apenas em períodos diferentes foram se desligar da concepção colonialista da definição de cultura. A escola americana, por exemplo, com a influência do pesquisador Frans Boas, já havia adquirido uma definição bem diferente daquela que defende que existe um processo cultural que vai do primitivo ao civilizado. Enquanto a escola americana é capaz desvincular dessa ideia ainda no século XIX, as demais escolas só se atentaram a isso a partir da década de 20 do século XX. Revisão da matéria de Antropologia do curso de Direito. Letícia Campos.
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