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Antologia de textos filosóficos (FOUCAULT)

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FOUCAULT concedeu inúmeras entrevistas em que expõe de 
modo claro seu pensamento, seus conceitos, a evolução de suas ideias. 
Na primeira entrevista desta antologia (1977) ele explica que as escolas fi-
losóficas predominantes na França entre 1950 e 1960, abordavam o sujei-
to como sujeito de conhecimento, como tendo uma consciência pensante. 
Esse tipo de abordagem, porém, não dá conta de como nasceu um saber 
acerca dos homens, de sua vida, de sua linguagem, de sua produção; 
um saber acerca de sua sanidade mental (psiquiatria), acerca de sua vida 
sexual. Para nenhuma dessas questões importa o sujeito enquanto mente 
que conhece e sim como os indivíduos são tomados por ciências diferen-
tes, em épocas diferentes. E também como esses saberes têm efeitos con-
cretos, por exemplo, a loucura, quando é investida pelo olhar do médico 
que a classifica como doença mental, o médico tem o poder de enquadrá-
la, internar, prescrever. Outra situação: quando, a partir do avanço do ca-
pitalismo, há necessidade de tomar o corpo como parte de um aparelho 
produtivo, corpo treinado, disciplinado, útil, surge outro tipo de poder, 
o poder disciplinar, de vigiar, de punir, de adestrar, que é perfeitamente 
ajustável aos mecanismos econômicos do capitalismo. 
Na segunda entrevista (1977), ele exemplifica seu pensamento 
FOUCAULT: UM PENSADOR DA NOSSA 
ÉPOCA, PARA A NOSSA ÉPOCA
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com a temática da medicalização, mostra que o capitalismo exige meca-
nismos disciplinares para que haja governo; a normalização dos indiví-
duos separa os que são aptos para o trabalho, para o tipo de trabalho que 
a indústria requer. Este poder funciona de modo eficaz se forem usados 
recursos que escolas, prisões, quartéis, fábricas e hospitais têm de sepa-
rar, escalonar o tempo através de atividades, moldar e capacitar crianças 
para os exercícios escolares, treinar operários e soldados, vigiar prisio-
neiros. Tudo isso através de controle e de exames que permitem detectar 
quem é o normal, quem é o anormal. Este tipo de poder difere do poder 
jurídico e do poder do estado, seus efeitos são muito diferentes da domi-
nação de classe, que é econômica. E, finalmente diz que em História da 
Sexualidade – A Vontade de Saber (1976) fez uma história dos procedimen-
tos de subjetivação, isto é, através de que regimes de verdade o sujeito 
é analisado, como a confissão que acabou por se transformar em instru-
mento para a constituição de um sujeito de desejo, dentro do dispositivo 
de sexualidade, que substituiu estilos de vida prazerosos.
Michel Foucault foi, e provavelmente ainda é um filósofo que pro-
voca polêmica, por vezes rejeição. Ele põe em xeque conceitos e catego-
rias que aceitamos sem exame crítico, como poder, verdade, saber, sujei-
to, conhecimento. 
Foucault nasceu em Poitiers (França) em 1926. Seu pai foi cirur-
gião bastante prestigiado, deu a seus três filhos uma educação rigorosa. 
Apesar da insistência do pai para que ele seguisse o curso de medicina, 
Foucault preferiu as humanidades, história e filosofia. Ele se preparou 
para ingressar na Escola Normal Superior em Paris, mas como os tempos 
eram de guerra, fez seus estudos em Poitiers, a contragosto. Em 1945 
vai para Paris onde se prepara com excelentes professores para o difí-
cil exame de ingresso na Escola Norma. Um desses professores era Jean 
Hyppolite, o maior especialista em Hegel. Estudar Hegel leva Foucault 
a compreender a importância da história para a filosofia e desta para 
aquela. Outra influência no pensamento de Foucault foi G. Canguilhem, 
que seria seu orientador na tese de doutoramento, a famosa obra Histó-
ria da Loucura (1961). Para Canguilhem o estatuto científico das ciências 
biológicas e da medicina depende de fatores estruturais, históricos. Ele 
221221
criticou as chamadas filosofias da consciência ou do sujeito próprias da 
fenomenologia e do existencialismo, o que influenciará Foucault. 
Michel Foucault se formou em filosofia pela Sorbonne em 1948, e 
ainda enquanto estudante de filosofia interessou-se pela psicologia, cur-
so no qual se formou em 1949 pelo Instituto de Psicologia de Paris. 
Foi professor em Lille entre 1951 até 1955, depois deu aulas de lite-
ratura em Uppsala (Suécia) onde durante três anos redigiu sua tese sobre 
a história da loucura. Morou também algum tempo na África (Tunísia), 
esteve em Varsóvia (1958), Hamburgo (1959-1960). Em 1960 estabeleceu-
se em Paris e começa a lecionar psicologia na universidade de Clermont-
Ferrand, e mais tarde filosofia; nestas aulas apresenta os esboços de As 
Palavras e as Coisas, e se revela um professor fascinante. Entre 1970 até sua 
morte, em 1984, foi professor no Collège de France. Os cursos estão sen-
do publicados, e podem ser considerados como uma fonte importante 
para compreender o pensamento do autor. Todas as entrevistas, publica-
ções na imprensa, artigos, foram reunidos em quatro volumes, agrupa-
dos mais tarde em dois volumes, totalizando mais de duas mil páginas 
(Ditos e Escritos). Nos últimos anos de sua vida, já bastante famoso, deu 
cursos em Berkeley (Califórnia) e também no Brasil.
O primeiro texto de Foucault foi o longo prefácio que fez à tra-
dução de O Sonho e Existência de Binswanger, famoso psiquiatra criador 
da análise existencial. Nesse prefácio estão algumas das questões que o 
levaram a filosofar. Binswanger critica a fenomenologia (para a qual o 
sujeito tem uma consciência que é intencional) e também Freud. O que 
levou Foucault a considerar que para compreender o sonho a visão dos 
chamados poetas malditos, R. Char, Blanchot e Bataille é mais revelado-
ra. A loucura e as paixões abrem para o estranho, para a necessidade de 
romper com uma visão única do homem como racional, como consciên-
cia plena de si, como sujeito pensante. O inconsciente, a realidade brutal 
da loucura, os sonhos, a morte, são experiências limite, cruciais. Foucault 
não acredita ser possível uma teoria geral dos seres humanos. 
Ele aprendeu mais sobre psicologia e a loucura como estagiário 
no hospital Sainte-Anne, e também como voluntário, numa prisão do 
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que com as teorias apresentadas nas aulas. Fazer testes psicológicos, pre-
encher fichas, examinar os doentes no hospital e os detentos nas prisões, 
mudaram sua visão do que é o homem e de como conhecê-lo.
A leitura de Nietzsche já na década de 50 o levaria a romper com 
a fenomenologia de Husserl e com a tradição marxista, como ele deixa 
claro na primeira entrevista. Valores e conceitos nascem de necessidades 
humanas. A filosofia deve se debruçar sobre a história dos acontecimen-
tos, do concreto, do saber de certa época que produz práticas com efeitos 
de poder. A intenção é sempre de compreender melhor o nosso presente 
e para tal de nada adiantam as análises da existência ou dos dados da 
consciência. 
Foi muito importante para Foucault o movimento estruturalista 
francês (ver nota 2 do texto traduzido), a ponto de ele ser considerado 
como um estruturalista, o que ele negou. Ele não desmereceu o valor do 
estruturalismo para as ciências culturais, como a etnologia. Mas não se 
cansou de dizer, seu problema é político, importam mais as lutas políti-
cas, os enfrentamentos,as batalhas, do que a fria análise estrutural. 
Em História da Loucura mostra como o modo de ver a loucura mu-
dou ao longo da história. Ela só é tratada (nos dois sentidos) como doença 
no século 19, quando é internada em uma instituição nova, o asilo. Nele 
o olhar do médico se apropria do louco como doente mental. Nas obras 
As Palavras e as Coisas (1966) e Arqueologia do Saber (1969), o autor indaga 
sobre as mudanças históricas em práticas discursivas e em saberes, em 
especial nas ciências humanas, que objetivaram o homem. O arqueólo-
go do saber analisa os saberes de cada época que mudam em função 
de necessidades e dificuldades a serem resolvidas. Assim, os objetos de 
saber não se encontram nunca prontos na realidade, eles são constituí-
dos numa trama de relações chamadas de “formações discursivas”. Cada 
época “diz” as coisas e as relaciona de modo diverso. Os acontecimentos 
na ordem do saber são, por exemplo, os enunciados dos psiquiatras so-
bre doença mental que constituem o objeto médico chamado loucura, os 
enunciados sobre produção e trabalho que constituem o domínio do dis-
curso da economia, os enunciados sobre a organização dos seres vivos, 
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que permitem o surgimento do objeto de saber da biologia. 
No curso que deu no Brasil, A Verdade e as Formas Jurídicas na PUC 
do Rio de Janeiro (1973), seu pensamento começa a passar por importan-
tes mudanças, como ele indica no início da primeira conferência:
Meu propósito é lhes mostrar como as práticas sociais podem vir 
a engendrar domínios de saber que não apenas fazem aparecer novos 
objetos, novos conceitos, novas técnicas, mas também produzem formas 
totalmente novas de sujeitos e de sujeitos de conhecimento. O sujeito de 
conhecimento tem, ele próprio, uma história, a relação do sujeito com 
o objeto, ou, mais claramente, a própria verdade tem uma história. As-
sim, gostaria especialmente de mostrar como se pôde formar, no século 
19, certo saber do homem, da individualidade, do indivíduo normal ou 
anormal, dentro ou fora da regra, um saber que, em verdade, nasceu de 
práticas sociais de controle e de vigilância. E como, de certo modo, esse 
saber não se impôs a um sujeito de conhecimento, não foi proposto a ele, 
nem nele foi impresso, mas produziu um tipo absolutamente novo de 
sujeito de conhecimento. Um primeiro eixo da pesquisa que eu propo-
nho é o da história dos domínios de saber em sua relação com as práticas 
sociais, o que exclui o primado de um sujeito de conhecimento dado de 
uma vez por todas. O segundo eixo de pesquisa é um eixo metodológico, 
que se poderia chamar de análise dos discursos. [...] O discurso é este 
conjunto regular de fatos linguísticos em certo nível, e de fatos polêmicos 
e estratégicos em outro nível. Essa análise do discurso como jogo estraté-
gico e polêmico é, a meu ver, um segundo eixo de pesquisa.1
A genealogia é um modo de analisar que usa a história para si-
tuar saberes e práticas que têm efeitos de poder na medida em que ser-
vem para adestrar, controlar, examinar, produzir comportamentos. O 
discurso carrega saber e poder, a verdade é produzida historicamente e 
o sujeito é sujeitado por práticas de vigilância e punição que permitem 
1 FOUCAULT, M. Dits et écrits. Paris: Gallimard, 1994. v. 2. p. 538-539.
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excluir e controlar, elas dividem o sujeito humano em normal e anormal, 
disciplinam, e também permitem conhecê-lo. Essa sociedade disciplinar 
é analisada em Vigiar e Punir (1975). Controlar os indivíduos e manter 
a população ativa e saudável foi fundamental para o avanço do capita-
lismo (ver entrevistas). Foucault não oferece uma teoria do poder. Ao 
questionar por que em nossa sociedade prevaleceu o modo de punir pela 
prisão, mostra que uma das razões foi o surgimento, no século 18, de um 
novo tipo de poder muito mais eficaz do que o do poder de reprimir ou 
subjugar como faz o estado ou o poder econômico. É um poder micro-
físico, feito de relações concretas, mais discretas e que permeiam toda a 
teia social, como ele explica nas entrevistas. O efeito é o indivíduo exa-
minado, disciplinado, adaptado aos aparelhos de produção, de cura, de 
instrução. 
Juntamente com esse tipo de poder, surge outro, o biopoder com 
seus mecanismos de regulação, controle e segurança das populações, 
através de políticas de saúde, estatísticas sobre natalidade, mortalida-
de, uma nova economia política liberal que transformam a sociedade em 
uma eficiente máquina de produção.
Além disso, há práticas de subjetivação, que levam à constituição 
de um “eu”, uma subjetividade forjada por mudanças no modo como 
lidamos com a sexualidade, desde a antiguidade clássica até a nossa épo-
ca. Nos três volumes de História da sexualidade: A Vontade de Saber (1976), 
O Uso dos Prazeres, O Cuidado de Si (1984), Foucault critica a hipótese de 
que a sexualidade é tão somente reprimida; ela é também produzida por 
discursos e práticas que a tomam sob o prisma científico. Foucault con-
trapõe a essa cultura da vontade de verdade, uma ética do cuidado de si 
como prática da liberdade. Em lugar da pretensão ao conhecimento de-
cifrador de uma verdade depositada no sexo, ele propõe uma estilística 
da existência, em certa medida inspirado no modo de viver dos gregos 
e os latinos. Não há regras rígidas, cada tem seu modo próprio de mo-
derar e modular o uso dos prazeres e fazer de sua existência, uma bela 
existência. 
O pensamento de Foucault gira em torno dos temas do sujeito, 
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verdade, saber e poder. É um pensamento que leva à crítica de nossa 
sociedade, à reflexão sobre a condição humana, mostra que a violência 
e o poder não são imediatamente visíveis, mas também não são esca-
moteados ou escondidos como as ideologias. Pelo contrário, são práticas 
que regulam o que alguém diz e a quem diz, em que circunstâncias. Não 
há verdades evidentes, todo saber foi produzido em algum lugar, com 
algum propósito. Por isso mesmo pode ser criticado, transformado, e, 
até mesmo destruído. Foucault considera que a filosofia pode mudar al-
guma coisa no espírito das pessoas. Sendo um crítico de nossa situação, 
Foucault apresenta também a possibilidade de rejeitar o que a própria 
humanidade produziu. 
Assim ele renova a filosofia ao analisar temas inéditos e de um 
modo inédito. Seu pensamento vem sempre engajado em uma tarefa po-
lítica ao evidenciar novos objetos de análise, com os quais os filósofos 
nunca haviam se preocupado. Entre eles se destacam: o nascimento do 
hospital; as mudanças no espaço arquitetural que servem para punir, vi-
giar, separar; o uso da estatística para que governos controlem a popula-
ção; a constituição de uma nova subjetividade pela psicologia e pela psi-
canálise; como e por que a sexualidade passa a ser alvo de preocupação 
médica e sanitária; como governar significa gerenciar a vida (biopoder) 
desde o nascimento até a morte, e tornar todos os indivíduos mais pro-
dutivos, sadios, governáveis. 
Em todas essas práticas há relações de poder e de saber, com força 
política e que, ao mesmo tempo, produzem verdade sobre o indivíduo, 
seu corpo, sua saúde, seu íntimo, sua sexualidade. Como se vê, uma pre-
ocupação muito diferente da tradição filosófica. A verdade é produzida, 
o sujeito é constituído por práticas e acontecimentos históricos. Não há 
uma essência última da verdade, nem do homem, nem da história. 
Foucault acredita que assim é que se pode fazer uma crítica de 
nossa época,sua análise nunca é inocente, é sempre para denunciar algo, 
por exemplo, a sujeição dos indivíduos a aparelhos que extraem suas for-
ças corporais, que o treinam a exaustão; a redução de desejos e prazeres 
a uma escala que divide o normal do anormal por uma suspeita análise 
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científica. Por isso Foucault propõe políticas de resistência, resistir e de-
nunciar todo tipo de violência, inclusive as menos perceptíveis, como 
a violência de discursos que, sob o pretexto de conhecer a sexualidade, 
reduzem-na a um problema psicológico ou médico-psiquiátrico; as puni-
ções pela violação de normas disciplinares, muitas vezes excessivas. Não 
é possível ir contra as relações de poder, somos fruto delas, não se pode 
sair da teia social. O que se pode é recusar o tipo de saber e as práticas 
que excluem o diferente, que não deixam opção para o que ele chamou 
de atos concretos de liberdade. 
Foucault não acha que é possível uma revolução social ou econô-
mica. Mas ele considera que é possível e desejável revolucionar com ati-
tudes novas, com novos conceitos e modos de ver a nós mesmos, pensar 
diferente. Se nós produzimos regras para filtrar discursos (aceitar apenas 
os que vêm com o carimbo “científico”), para produzir o normal, para 
tornar a todos governáveis, cabe também a nós modificar, abolir ou rein-
ventar tais regras, tais práticas, tais discursos, sempre que eles resulta-
rem em violência, sofrimento, humilhação.
S!"#$%&#$ '# L#(%!)*:
OBRAS DE FOUCAULT
Principais Obras de Foucault Traduzidas para o Português (em 
ordem cronológica de publicação original)
FOUCAULT, M. História da loucura. 8. ed. Tradução de José Teixeira Coelho 
Neto. São Paulo: Perspectiva, 2005.
FOUCAULT, M. Nascimento da clínica. 5. ed. Tradução de Roberto Machado. 
Rio de Janeiro: Forense, 2001.
FOUCAULT, M. As Palavras e as coisas. 8. ed. Tradução de Salma T. Muchail. 
São Paulo: Martins Fontes, 1999.
FOUCAULT, M. Arqueologia do saber. 6. ed. Tradução de Luiz Felipe Baeta Ne-
ves. Rio de Janeiro: Forense, 2000.
FOUCAULT, M. A Verdade e as formas jurídicas. Tradução de Roberto Cabral de 
Mello Machado et al. 3. ed. Rio de Janeiro: Nau, 2002.
FOUCAULT, M. Vigiar e punir. 34. ed. Tradução de Lígia M. Pondé Vassallo. 
Petrópolis: Vozes, 2007.

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