Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FARMACOLOGIA DO SISTEMA GASTROINTESTINAL INTRODUÇÃO O trato gastrointestinal é um dos principais sistemas endócrinos do corpo, porém essa não é sua única característica. Sua função principal é a digestão e absorção de alimentos. O trato gastrointestinal é formado pela boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso. Além disso, ele possui o sistema nervoso entérico, uma rede de neurônios que integram esse sistema, formado por plexos mioentéricos e submucoso. O sistema em questão é suscetível a muitas patologias simples ou complexas. Para tratar essas doenças são usados diversos medicamentos que podem agir em locais específicos, como na secreção gástrica ou no tratamento de inflamações, por exemplo. Eles representam cerca de 8 % das prescrições. CONTROLE NEURAL E HORMONAL O controle neural do trato gastrointestinal é feito pelo sistema nervoso entérico, que secretam acetilcolina, norepinefrina, 5-hidroxitripina, purinas, óxido nítrico, e peptídeos farmacologicamente ativos. O sistema nervoso entérico se divide em plexo mioentérico entre a acamada muscular externa e a camada média, e plexo submucoso que se localiza no lado luminal da camada muscular. As células ganglionares dos dois plexos que são interligados recebem fibras parassimpáticas pré-ganglionares do vago, que são colinérgicas e excitatórias, mas algumas também podem ser inibitórias. As fibras simpáticas pós-ganglionares inervam vasos sanguíneos, músculo liso e algumas células glandulares. Essas fibras podem terminar nos plexos e inibirem a secreção de acetilcolina. O controle hormonal do trato gastrointestinal está ligado a secreção endócrina, como a secreção da gastrina e da colecistoquinina e a secreção parácrina que incluem hormônios que atuam em células próximas ao estômago, como a histamina. FISIOLOGIA DA SECREÇÃO GÁSTRICA A produção do ácido é importante para a digestão proteolítica dos alimentos, absorção de ferro e eliminação de patógenos. Sua regulação é importante na patogênese de úlcera péptica, além de ser um alvo para a ação de fármacos. Existem múltiplos fatores envolvidos na secreção de H+ pelas células parietais. Os fatores neurais (acetilcolina ACh), parácrinos (histamina), endócrinos (gastrina) regulam a secreção de ácido e seus receptores (M3, H2, e CCK2, respectivamente) se encontram na membrana basolateral das células parietais no corpo e no fundo gástrico. O núcleo motor dorsal do nervo vago, o hipotálamo e o núcleo do trato solitário são as estruturas mais importantes no SNC para a estimulação da secreção de ácido gástrico. As fibras que se se originam do núcleo motor dorsal desce até o estômago pelo nervo vago e faz sinapse com células ganglionares do sistema nervoso entérico. A liberação de ACh dessas fibras estimula a secreção de ácido gástrico através dos receptores M3 muscarínicos na membrana basolateral das células parietais. Também existe a secreção gástrica em resposta à visão, olfato, paladar ou pela antecipação do alimento. Nesse caso o SNC modula predominantemente a atividade do sistema nervoso entérico através da ACh. O aumento na liberação de histamina nas células pela ACh, afeta indiretamente as células parietais. Os principais mediadores que controlam direta ou indiretamente o ácido gerado pelas células parietais são: • Histamina: atua como mediador parácrino, difundindo-se de seu local de liberação, para as células parietais vizinhas, onde ativa os receptores H2. O papel decisivo da histamina na secreção do ácido gástrico é notavelmente demonstrado pela eficácia dos antagonistas dos receptores H2 na redução dessa secreção. • Gastrina: é produzida nas células G do antro e sua liberação é estimulada pela ativação do SNC, distensão local e por componentes químicos do conteúdo gástrico. A gastrina induz a liberação de histamina pelas células enterocromafins (ECL) e assim estimula de forma indireta a secreção do ácido gástrico. • Somatostatina: é produzida pelas células D do antro e tem ação inibitória sobre a produção do ácido gástrico. Sua liberação é estimulada pela acidificação do estômago (ph < 3). A somatostatina inibe a liberação de gastrina, histamina e além de suprimir diretamente a produção de ácido gástrico. • Acetilcolina: estimula receptores M3 muscarínicos específicos nas células parietais elevando o Ca+ intracelular e estimulando a liberação de prótons. A inibição da somatostatina, potencializa sua ação sobre a secreção de ácido pelas células parietais. • Prostaglandina: tem efeito citoprotetor no aumento da secreção de bicarbonato, no aumento da liberação de mucina protetora, na redução da produção de ácido gástrico e prevenindo a vasoconstrição. A concentração exagerada de H+ no lúmen gástrico necessita de defesa para proteger o esôfago e o estômago. A proteção do esôfago é feita pelo esfíncter esofágico inferior, que impede o refluxo do ácido gástrico para dentro do esôfago. O estômago tem várias maneiras de se proteger da lesão ácida, como a secreção de muco que é estimulada pelas prostaglandinas E2 e I2. O muco é um gel que reveste a superfície do estômago, retarda a difusão de íons e impede a lesão da mucosa por macromoléculas. O álcool, ácido acetil salicílico e outros fármacos que inibem a formação de prostaglandinas diminuem a secreção de muco deixando o estômago mais susceptível ao desenvolvimento de doenças ácido-péoptica. A mucosa gástrica também é protegida da lesão mediada pelo ácido através da neutralização do ph pelos íons bicarbonato secretado pelas células epiteliais gástricas superficiais. INIBIDORES DA BOMBA DE PRÓTONS Os supressores mais potentes da secreção de ácido gástrico são os inibidores da H+/K+ - ATPase gástrica. Eles diminuem a produção diária de ácido em até 95%. Para o usos clinico, existem cinco inibidores da bomba de prótons, omeprazol, esomeprazol, lansoprazol, rabeprazol e pantoprazol. Os inibidores da bomba de prótons são pró-fármacos que se ativam em ambiente gástrico. Após sua absorção, o pró-fármaco se espalha no estômago e se acumula nos canalículos secretores de ácidos, onde é ativado. Essa forma ativada se liga aos grupos sulfidrila de cisteínas na bomba de prótons inativando irreversivelmente a molécula da bomba. Uma dose diária única de um desses fármacos afeta a secreção do ácido por dois ou três dias, pois se acumula nos canalículos. A via de administração mais comum dos inibidores da bomba de prótons é a oral, porém, também existem algumas preparações injetáveis. Como o fármaco se degrada rapidamente em pH baixo, ele é administrado em cápsulas contendo grânulos de revestimento entérico. Os efeitos adversos dessa classe de fármacos podem incluir cefaleia, diarreia, tonturas, sonolência, confusão mental, impotência, dores musculares. O uso desses fármacos pode mascarar os sintomas de câncer gástrico. ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES H2 Inibem a produção de ácido de ácido ao competir com a histamina pela sua ligação aos receptores H2 na membrana basolateral das células parietais. Existem quatro antagonistas diferentes dos receptores de H2, a cimetidina, a ranitidina, a famotidina e a nizatidina. Eles inibem principalmente a secreção de ácido basal, por isso, é mais eficaz na supressão de secreção ácida noturna. Os quatro antagonistas dos receptores de H2 para administração oral, são adquiridas com ou sem prescrição médica. Também existem preparações intravenosas e intramusculares. Após administração oral, eles sofrem rápida absorção, que pode ser aumentada pela presença de alimento, ou diminuídas por antiácidos. Pequenas quantidadesdesses fármacos sofrem metabolismos hepático. Os antagonistas de receptores H2 são excretados pelo rim através de filtração e secreção tubular renal, e é deve-se reduzir a dose em pacientes com diminuição da depuração de creatinina. Os efeitos colaterais dessa classe de medicamentos incluem delírios, alucinações, fala, arrastada, cefaleia. Além disso, o uso prolongado dos antagonistas de receptores de H2 diminui a ligação da testosterona ao receptor androgênio e inibe a CYP que hidrolisa o estradiol. Isso pode provocar galactorréia, nas mulheres e ginecomastia, redução na contagem de espermatozoides e impotência nos homens. ANTIÁCIDOS Apesar de terem sidos substituídos por medicamentos mais convenientes e efetivos ainda são utilizados com várias indicações. Eles tratam os sintomas da secreção excessiva de ácido gástrico sendo na maioria sais de magnésio e alumínio. Eles neutralizam e agem na atividade da enzima, inibindo-a que param no pH 5. Quando administradas em tempo e quantidade suficiente podem fechar ulceras duodenais, porém sendo menos eficaz para as gástricas. Devido aos sais de magnésio causar diarreia e o de alumínio constipação eles podem ser administrados juntos para o beneficio de preservar funções normais do intestino. Para os pacientes com dieta de restrição de sódio deve haver um cuidado pois essas preparações apresentam altas quantidades de sódio. Algumas preparações antiácidas são: hidróxido de magnésio, trissilicato de magnésio e gel de hidróxido de alumínio. O alginato ou simeticona são combinados com esses antiácidos. O alginato aumenta a viscosidade e a aderência do muco à mucosa esofágica, formando uma barreira protetora enquanto a simeticona é um agente „‟antiespumante‟‟ para aliviar a distensão abdominal e a flatulência. AGENTES QUE AUMENTAM A DEFESA DA MUCOSA Conhecidos como citoprotetores eles tem a função de aumentar os mecanismos endógenos de proteção da mucosa e/ou proporcionar uma barreira física sobre a superfície da úlcera. São usados: - Quelato de bismuto: utilização combinada com outros fármacos para o tratamento de H. pylori causando efeitos tóxicos no bacilo e também impedindo sua aderência na mucosa ou inibindo suas enzimas proteolíticas bacterianas, além de mecanismos que não são claros em proteger a mucosa. Náuseas, vômitos, escurecimento da língua e das fezes são os efeitos adversos mais comuns. - Sucralfato: é um complexo de hidróxido de alumínio e sacarose sulfatada que na presença de um ácido libera alumínio. Possui forte carga negativa que se liga a grupos catiônicos em proteínas, glicoproteinas entre outras. Em contato com o muco pode formar géis. Pode inibir a ação da pepsina e estimular a secreção de muco, bicarbonato e prostaglandinas pela mucosa gástrica. Essas ações resultam na proteção da mucosa. Ele reduz a absorção de fármacos como: antibióticos fluorquinolonas, teofilina, tetraciclina, digoxina e amitriptilia. Possui poucos efeitos adversos sendo a constipação a mais comum. Boca seca, náuseas, vômitos, cefaleia, formação de benzoar gástrico e rashes são os menos comuns. É administrado por via oral. - Misoprostol: ele é um análogo estável da prostaglandina E1. Seu uso é por via oral e tem a função de cicatrizar a ulcera ou para prevenir lesões gástricas que pode ocorrer com o uso crônico de antiinflamatórios não estereoidais. Ele inibe a secreção de ácido gástrico e também aumenta o fluxo sanguíneo na mucosa e aumenta a secreção de muco e de bicarbonato. Diarreia e cólicas abdominais estão presentes nos efeitos adversos mas também pode ocorrer contrações uterinas sendo esse o motivo de não poder ser usado durante a gravidez podendo induzir o aborto. VÔMITO Ocorre desde efeitos indesejáveis de alguns medicamentos, principalmente para os de tratamento do câncer, bem como os opioides, anestésicos gerais e digoxina até na cinetose, durante o inicio da gravidez e em numerosas doenças. Eles são regulados no bulbo especificamente no centro do vômito e pela zona de gatilho quimiorreceptora que é sensível a estímulos químicos e sendo o local em que os fármacos eméticos e antieméticos agem principalmente. A barreira hematoencefálica nas vizinhanças da ZGQ é relativamente permeável, permitindo que mediadores circulantes atuem diretamente sobre esse centro. Ela também regula a cinetose. FÁRMACOS ANTIEMÉTICOS Existem vários agentes antieméticos. Tais fármacos tem grande importância e podem ser usados como complemento na quimioterapia para o câncer devido as fortes náuseas, para o tratamento de náuseas na gravidez, porém deve se levar em conta o problema de lesão para o feto (que na verdade todos os fármacos devem ser evitados durante os primeiros três meses de gravidez). - antagonistas dos receptores: H1, muscarínicos, 5-HT3 e dopamina. Para o receptor H1 são mais empregados as: cinarizina, ciclizina, meclizina e prometazina que são efetivos para diferentes causas de náuseas e vômitos incluindo cinetose e presença de irritantes no estomago porém não são eficazes para agir no CTZ. A prometazina tem benefícios comprovados para náuseas matinais da gravidez e é usada até na NASA para tratamento de cinetose do espaço. Os principais efeitos indesejáveis são a sonolência e sedação mas também contribuindo para sua eficácia clínica. Do receptor muscarínico a mais utilizada é a hioscina (escopolamina) para objetivos gerais. Seu uso é principalmente para o tratamento e profilaxia, principalmente, de cinetose tendo como efeitos indesejáveis boca seca e visão embaçada podendo ocorrer também sonolência porém ele tem menos ação sedativa que os anti-histamínicos. Para o 5-HT3 são utilizados a ondansetrona, granisetrona, tropisetrona, palonosetrona e dolasetrona prevenindo e tratando náuseas e vômitos pós- operatórios ou aqueles causados por radioterapia ou administração de citotóxicos como a ciplastina. O local primário de ação destes fármacos é a CTZ. A cefaleia e o desconforto gastrintestinal são seus efeitos indesejáveis porém relativamente incomuns. Para os antagonistas de dopamina são utilizados a clorpromazina, perfenaina, proclorperazina e trifluoperazina que são eficazes para tratar distúrbios mais intensos particularmente as náuseas e vômitos devido a câncer, radioterapia, citotóxicos, opióides, anestésicos e outros fármacos. Sua ação é, principalmente, como antagonistas dos receptores D2 da dopamina da CTZ mas eles também podem bloquear os receptores histamínicos e muscarínicos. São os efeitos indesejáveis: sedação (principalmente a clorpromazina), hipotensão e sintomas extrapiramidais, inclusive distonias e discinesia tardia. Outros psicóticos como o haloperidol e levomepromazina atuam como antagonistas dos receptores D2 na CTZ e podem ser utilizados para êmese aguda causada pela quimioterapia. DOENÇA POR REFLUXO GASTROESOFÁGICO Na maioria dos casos é benigno, mas pode evoluir para esofagite erosiva grave. As sequelas graves incluem: estenoses e metaplasia de Barrett que está associado a um risco muito pequeno de adenocarcinoma. Ela é um distúrbio crônico que necessita um tratamento a longo prazo. São utilizados inibidores da bomba de prótons que são muito eficazes, tendo sua porcentagem de cura depois de 4 semanas é de 80% e depois de 8 é 90%, que os antagonistas dos receptores H2, que possuem após o mesmo período cerca de 50 e 70%, respectivamente. Os fármacos antagonistas dos receptores H2 são: cimetidina, famotidina, nizatidina e ranitidina; os inibidores da bomba de prótons são: esomeprazol, lansoprazol, omeprazol, pantoprazol e rabeprazol. Geralmenteé recomendado uma „‟redução gradual‟‟ onde diminui a dose do inibidor da bomba de prótons ou substitui pelo antagonista do receptor H2, ou também recomendam uma terapia intermitente „‟demanda‟‟ com inibidores da bomba de prótons para alivio assintomático em pacientes que responderam inicialmente mas que continuam apresentando sintomas. Com base nos sintomas é decidido sua dose. Embora que alguns pacientes com sintomas leves podem ser tratados com doses noturnas de antagonistas dos receptores H2 é habitualmente necessária a administração do fármaco 2 vezes por dia. Os antiácidos são recomendados para aqueles pacientes que possuem episódios leves e infrequentes de pirose. DOENÇA ULCEROSA PÉPTIDICA É um desequilíbrio entre os fatores da defesa da mucosa como bicarbonato, mucina, prostaglandinas, óxido nítrico e outros peptídicos e fatores de crescimento, e fatores agressivos como ácido e pepsina. Esses pacientes, em média, produzem mais ácido que os sob controle particularmente à noite. Os pacientes com ulceras gástricas produzem menos ácido ou ate mesmo tem uma produção normal fazendo com que as ulceras dificilmente ocorrem na ausência completa de ácido. Assim, o enfraquecimento da mucosa com a diminuição da produção de bicarbonato leva a lesão. O H. pylori junto com outros fatores como os antiinflamatorios não-esteróides levam a formação dessa ulcera. MOTILIDADE DO TRATO GASTRINTESTINAL O trato gastrintestinal está em constante atividade contrátil, absortiva e secretora. O controle desse estado funcional é complexo e tem contribuições dos próprios músculos e epitélio, bem como dos nervos locais do sistema entérico (SNE), do sistema nervoso autonômico (SNA) e dos hormônios circulantes. Entre esses, talvez o regulador mais importante da função intestinal fisiológica seja o SNE. O SNE é um extenso conjunto de nervos que constitui a terceira divisão do SNA e é a única parte do SNA verdadeiramente capaz de funcionar autonomamente se separado do sistema nervos central (SNC). O SNE situa-se dentro das pares de trato gastrintestinal e é organizado em duas redes de neurônios e fibras nervosas interligados: o plexo mioentérico (plexo de Auerbach), localizado entre as camadas musculares circulantes e longitudinais, e o plexo submucoso (plexo de Meissner) localizado na submucosa. O primeiro é o grande responsável pelo controle motor, enquanto o segundo regula a secreção, o transporte de líquidos e o fluxo sanguíneo. O SNE é responsável pela natureza largamente autônoma da maior parte das atividades gastrintestinais. Essa atividade está organizada em programas relativamente distintos, que respondem aos estímulos provenientes das estruturas locais do intestino, bem como do SNA-SNC. Cada programa consiste em uma série de padrões complexos e coordenados de secreção e movimento, que mostram variações regionais e temporais. A motilidade pode ser alterada, diminuída ou aumentada, podendo o indivíduo apresentar constipação ou diarreia, respectivamente. • Diarreia: pode ser definida como o aumento do volume, da fluidez ou da frequência das evacuações, quando comparada ao padrão normal do paciente. Geralmente, mais do que três evacuações durante um período de 24 a 48 horas é percebido como diarreia. O tratamento farmacológico para diarreia pode ser específico ou inespecífico. O tratamento específico visa combater a causa da diarreia, através da suspensão de fármacos causadores de diarreia; tratamento de doenças metabólicas; cirurgias; antibióticos; e antiinflamatórios (corticoides); e o inespecífico visa combater os sintomas da mesma, através de fármacos que diminuem o peristaltismo e de fármacos que diminuem o volume de fezes. Os fármacos para tratar diarreia são: • Opióides – elixir paregórico; • Anti-secretores – subsalicilato de bismuto; • Anticolinérgicos – diciclomina. Além dos fármacos supracitados temos a Loperamida, que é o fármaco mais utilizado. É 40 a 50% mais potente que a morfina como anti-diarréico e penetra muito pouco no sistema nervoso central, apenas 1% dela vai pela circulação sistêmica, ou seja, possui efeito local. É de venda livre, em doses muito altas vai apresentar efeitos adversos semelhantes ao da morfina e a naloxona é um antídoto contra altas dosagens, portanto esse fármaco é usado para inibir a morfina quanto para inibir a loperamida. As reações adversas são: prurido, constipação, depressão respiratória, delírio, retenção urinária e dependência. Interações medicamentosas: É um fármaco depressor do SNC, então o uso de álcool, anti-histamínicos, sedativos e benzodiazepínicos ao mesmo tempo em que se utiliza loperamida exacerbará a depressão do SNC. • Constipação: também conhecida como prisão de ventre, é caracterizada pela eliminação de fezes endurecidas; sensação de esvaziamento retal incompleto, frequência de evacuação menor que três vezes por semana, dor e/ou esforço e manobra de retenção fecal. Devido à automedicação, nos últimos anos se observou uma diminuição de pacientes em hospitais, ambulatórios e consultórios médicos com queixas de diarreia e constipação. Temos como fármacos utilizados para essa condição: • Laxantes: medicamentos com efeitos de promoção da defecação leve e com eliminação de fezes macias e formadas; • Cartáticos: medicamentos com efeitos de promoção da defecação forte e com eliminação de fezes líquidas. Geralmente depende da dose utilizada, assim os termos laxante e catárticos são usados como sinônimos. As orientações para distúrbios crônicos compreendem as seguintes: dieta - ingestão de água (6-8 copos/dia); exercício respeitando as capacidades individuais e educação Intestinal para promover uma regularidade. Em circunstâncias normais, o bolo fecal, o amolecimento e a hidratação das fezes dependem muito da quantidade de fibras da dieta. As fibras da dieta podem ser definidas como a parte da alimentação que resiste à digestão enzimática, chegando, portanto ao cólon em grande parte inalterada. As bactérias do cólon fermentam as fibras em graus variados, dependendo da natureza química e da hidrossolubilidade dos diferentes subtipos de fibras. FÁRMACOS PARA DOENÇA INTESTINAL CRÔNICA Essa categoria compreende a síndrome do cólon irritável (SCI) e as doenças inflamatórias intestinais. A SCI, talvez seja uma das doenças não fatais mais desafiadoras encontradas pelos gastrenterologistas. Os pacientes podem queixar-se de vários sintomas, entre os quais o mais característicos é a dor abdominal recidivante associada à alteração das evacuações. A fisiopatologia desse distúrbio não está clara, mas parece resultar de uma combinação variável de anormalidades das funções sensoriais e motoras viscerais, geralmente associadas a distúrbios significativos da afetividade. As anormalidades da função intestinal, que podem ser evidenciadas por constipação ou diarreia, ou ambas, nas mais diferentes ocasiões, resultaram na interpretação clássica da SCI como um “distúrbio da motilidade”, embora as alterações motoras não possam explicar inteiramente o quadro clínico observado. A colite ulcerativa e a doença de Crohn são formas de doenças inflamatórias intestinais afetando o cólon ou o íleo. Trata-se de distúrbios inflamatórios autoimunes, que podem ser graves e progressivos, necessitando de tratamento com fármacos anti-inflamatórios e imunossupressores e, ocasionalmente, ressecção cirúrgica. São usados os seguintes agentes • Glicocorticoides: são potentes anti-inflamatórios e os fármacos de escolha em geral prednisolona ou budesonida, dados por via oral ou localmente no intestino por supositórios ou enemas.• Aminossalicilatos: conquanto os glicocorticoides sejam uteis para as crises agudas de doenças inflamatórias intestinais, não são ideais para tratamento de longo prazo. A manutenção da remissão tanto na colite como na doença de Crohn, em geral, é obtida com os aminossalicilatos. A sulfassalazina consiste no sulfonamídico sulfapiridina ligado ao ácido 5-aminossalicílico. Seu mecanismo de ação é obscuro; pode resuzir a inflamação por remoção de radicais livres, inibindo a produção de prostaglandinas e leucotrienos e/ ou por diminuição da quimiotaxia dos neutrófilos e da geração de superóxidos. Seus efeitos adversos são diarreia, hipersensibilidade aos salicilatos e nefrite intersticial. FÁRMACOS QUE AFETAM O SISTEMA BILIAR A afecção patológica mais comum do trato biliar é a coleletíase por colesterol, isto é, formação de cálculos biliares com um alto conteúdo de colesterol. A cirurgia, em geral, é opção preferida, mas há fármacos ativos por via oral que dissolvem cálculos biliares de colesterol não calcificados, “radiolúcidos”. O principal agente é o ácido ursodesoxicólico, um constituinte menor da bile humana. O principal efeito adverso é a diarreia. A cólica biliar, produzida pela passagem de cálculos biliares pelo ducto biliar, pode ser muito grave, podendo requerer alívio imediato. A morfina alivia a dor com eficácia, mas pode ter um efeito local indesejável porque causa constrição do esfíncter de Oddi e eleva a pressão no ducto biliar. A buprenorfina pode ser preferível. A petidina tem ações semelhantes, embora relaxe outros músculos lisos, por exemplo, os do ureter. A atropina é comumente empregada para aliciar o espasmo biliar porque tem ação antiespasmódica e pode ser usada em conjunto com a morfina. O trinitrato de glicerila pode produzir acentuada queda da pressão intrabiliar e pode ser usado para aliviar espasmo biliar. CONCLUSÃO Pode-se achar que a ampla disponibilidade de diferentes tipos de fármacos antissecretórios seguros satisfaz as necessidades médicas para a terapêutica antiúlcera, porém não é isso que ocorre. Embora a incidência de ulceras tenha diminuído graças a tais fármacos, outras doenças associadas ao excesso de produção de ácido estão aumentando. Universidade de Ribeirão Preto – Unaerp Curso de Ciências Farmacêuticas Disciplina: Farmacologia I Professor: Gustavo Marin Arado Alunos: Gabriel Gomes de Oliveira - Cód. 815.546 Jéssica Ferreira Baleia - Cód. 815.666 Verônica Marcela Saltarelli - Cód. 815.848 Tema: Farmacologia do Sistema Gastrointestinal Novembro - 2014
Compartilhar