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Aula 1_2015.2_homicídio

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DIREITO PENAL III
PARTE ESPECIAL DO CP
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DIVISÃO DO CÓDIGO PENAL (Dec-lei nº 2.848/1940)
1. Parte Geral – art. 1º ao art. 120
	- destina-se a traçar as regras básicas do Direito Penal, tendo sido substancialmente modificada pela Lei nº 7.209/84 – reforma da Parte Geral do CP;
 
2. Parte Especial – art. 121 ao art. 361
	- é composta dos crimes em espécie e se desenvolve por meio da definição dos delitos, com as sanções particulares de cada um.
 
	
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IMPORTÂNCIA DA PARTE ESPECIAL
- ao tipificar crimes e cominar penas, constitui-se em corolário do princípio da reserva legal ou da estrita legalidade, consagrado no art. 5º, inciso XXXIX, CF e no art. 1º do CP;
- punem-se as infrações penais em conformidade com as figuras típicas das normas incriminadoras, para que o Estado proteja os bens jurídicos cuja violação comprometa a vida em sociedade. 
 
	
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TÍTULO DO CRIME
- também chamado de nomen iuris, é o nome pelo qual um delito é “batizado” pelo legislador, ou seja, a denominação que consta ao lado dos crimes definidos na Parte Especial;
Ex: O art.121 do CP chama a conduta de “matar alguém” de homicídio. 
	
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APRESENTAÇÃO DA PARTE ESPECIAL
 atualmente, a Parte Especial do CP está ordenada em conformidade com a natureza e a importância do objeto jurídico protegido pelos tipos penais;
- o CP em vigor, datado de 1940, e com índole manifestamente individualista, inicia-se com os crimes que atentam contra bens jurídicos individuais...
- ...até chegar aos crimes contra os interesses do Estado, de natureza difusa e, consequentemente, de interesse mediato das pessoas em geral. 
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DIVISÃO DA PARTE ESPECIAL DO CÓDIGO PENAL
TÍTULO I – Dos crimes contra a pessoa. 
TÍTULO II – Dos crimes contra o patrimônio. 
TÍTULO III – Dos crimes contra a propriedade imaterial. 
TÍTULO IV – Dos crimes contra a organização do trabalho.
TÍTULO V – Dos crimes contra o sentimento religioso e contra o respeito aos mortos. 
TÍTULO VI – Dos crimes contra a dignidade sexual. TÍTULO VII – Dos crimes contra a família. 
TÍTULO VIII – Dos crimes contra a incolumidade pública. 		
TÍTULO IX – Dos crimes contra a paz pública.
TÍTULO X – Dos crimes contra a fé pública. 
TÍTULO XI – Dos crimes contra a administração pública.
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AULA 1. CRIMES CONTRA A VIDA
Fundamento constitucional: art. 5º, caput.
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
	
	
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QUESTÃO: O direito à vida é absoluto? 
	
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Resposta 
	Não. O direito à vida é relativo, não obstante a sua dimensão.
	A CF autoriza a privação da vida humana quando admite a pena de morte em tempo de guerra.
Art. 5º...
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
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Curiosidade
	A pena de morte é executada por fuzilamento.
Código Penal Militar
Art. 56. A pena de morte é executada por fuzilamento. 
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Espécies
		O Código Penal apresenta 4 crimes contra a vida:
1. Homicídio;
2. Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio;
3. Infanticídio;
4. Aborto.
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Competência
		Exceto o homicídio culposo (art. 121, § 3º, CP), cuja competência é do juiz singular, todos os demais são julgados pelo Tribunal do Júri.
Art. 5º...
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; 
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Ação Penal
		Levando-se em consideração a indisponibilidade do direito à vida, a ação penal será pública incondicionada.
		Em caso de inércia do MP poderá ser utilizada a ação penal privada subsidiária da pública.
	Art. 5º...
	LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;
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1. Homicídio - art. 121, CP
PARTE ESPECIAL
TÍTULO I DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
CAPÍTULO I DOS CRIMES CONTRA A VIDA
Homicídio simples
Art 121. Matar alguém: 
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
	
	
	
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Estrutura do tipo penal
a) Homicídio doloso
	- simples (caput)
	- privilegiado (§ 1º)
	- qualificado (§ 2º)
	- circunstanciado (§ 4º, 2ª parte e § 6º)
b) Homicídio culposo
	- simples (§ 3º)
	- circunstanciado (§ 4º, 1ª parte)
	- perdão judicial (§ 5º).
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Conceito de homicídio
	É a supressão da vida extrauterina praticada por outra pessoa. 	Quais crimes do Código Penal protegem a vida extrauterina?
	- arts. 121, 122 e 123.
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Homicídio simples e caráter hediondo
	- em regra, o homicídio simples NÃO é crime hediondo;
	- porém, se for praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que por um só agente, será hediondo.
Art. 1o São considerados hediondos ...
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, I, II, III, IV e V); 
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Objetividade jurídica
	- o bem jurídico protegido é a vida humana exterior ao útero materno;
	- a vida extrauterina se inicia a partir do nascimento com vida, não importando se tinha ou não a possibilidade de permanecer vivo.
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Elemento subjetivo
	- é o dolo, independentemente de qualquer finalidade específica.
	...com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica” (extorsão – art. 158)
(esse delito possui uma finalidade específica)
	
Ex: Embriaguez ao volante e “racha” entre veículos – STJ: caracteriza dolo eventual.
	
	 
	
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Sujeitos do delito
	a) Ativo - trata-se de crime comum. Qualquer pessoa pode praticá-lo.
	- é possível a coautoria e a participação. 
	b) Passivo – pode ser qualquer pessoa humana, após o nascimento e desde que esteja viva.
Obs: Se a pessoa já estava morta crime impossível (absoluta impropriedade do objeto).
 
	
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Homicídio previsto em leis penais especiais
QUESTÃO: Qual o crime cometido pela pessoa que mata dolosamente os Presidentes da República, do Senado Federal, da Câmara dos Deputados ou do STF? 
	
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Resposta 
Art. 29, Lei nº 7.170/1983 – Crimes contra a segurança nacional.	
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QUESTÃO: Qual o crime cometido pela pessoa que, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, mata membros do grupo? 
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Resposta 
	Pratica o crime de genocídio, previsto no art. 1º, alínea “a”, da Lei nº 2.889/1956.
	Trata-se de crime contra a humanidade, e não contra a vida.
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Consumação e Tentativa
	- o homicídio consuma-se com a morte da vítima (crime material);
	- a morte ocorre com a cessação da atividade encefálica (art. 3º, Lei nº 9.434/97 – remoção de órgãos);
	- é perfeitamente possível a tentativa.
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Homicídio privilegiado – art. 121, § 1º, CP
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
	- a denominação “privilegiado” é uma criação doutrinária e jurisprudencial;
	- na verdade, trata-se de causa de diminuição da pena. 
	
 
	
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Circunstâncias que caracterizam o privilégio
	a) Relevante valor social: diz respeito a um interesse da coletividade. Ex: morador de uma comunidade mata um criminoso que assassinava crianças.
	b) Relevante valor moral: se relaciona a um interesse particular. Ex: matar o estuprador da própria filha.
c) Domínio de violenta emoção logo em seguida a injusta provocação da vítima. Ex: xingar a mulher e a filha de prostitutas, quando não o são. 
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Eutanásia
	
	É uma maneira de se abreviar a vida de pessoa em estado terminal. Ambas caracterizam o homicídio privilegiado. Divide-se em duas espécies :
	a) Eutanásia em sentido estrito – é o modo comissivo de abreviar a vida da pessoa. Ex: médico aplica uma injeção letal no paciente a seu pedido, por não suportar mais vê-lo sofrendo. 
	b) Ortotanásia - é a eutanásia omissiva. Ex: o médico deixa de adotar providências necessárias para prolongar a vida de doente terminal.
	
	 
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Distinções com a atenuante genérica do art. 65, III, “c”, CP
Privilégio: art. 121, § 1º Atenuante genérica: art.65, III, “c”
- homicídio doloso - qualquer crime
- domínio de violenta emoção - influência de violenta emoção
- injusta provocação da vítima - ato injusto da vítima
- logo em seguida - em qualquer momento
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Homicídio qualificado – art. 121, § 2º, CP
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
II - por motivo fútil; 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
	
			
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	- o art.121, § 2º elenca 5 qualificadoras:
 Incisos I e II – relacionam-se aos motivos do crime;
 Incisos III e IV – relacionam-se aos meios e modos de execução do crime;
 Inciso V – refere-se à conexão, caracterizada por uma especial finalidade almejada pelo agente.
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Homicídio qualificado e concurso de pessoas
 Incisos I, II e V: são de natureza subjetiva, logo, pertencem à esfera interna do agente e não ao fato.
Conclusão: não de comunicam aos demais coautores e partícipes.
Ex: Flávia e Alessandra cometem um homicídio, agindo a primeira por motivo fútil, circunstância ignorada pela última. Neste caso, somente Flávia será julgada por homicídio qualificado.
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 Incisos III e IV: são de natureza objetiva, logo, pertencem ao fato, e não ao aspecto pessoal do agente.
Conclusão: comunicam-se aos demais coautores e partícipes, desde que tenham conhecimento sobre a qualificadora.
	
Ex: Flávia e Alessandra matam Eurico com emprego de veneno. As duas praticaram o delito de homicídio qualificado. 
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Elementares x Circunstâncias (REVISÃO)
Elementares: são dados essenciais da figura típica, cuja ausência pode gerar uma atipicidade absoluta (não há crime), ou relativa (desclassificação).
			Conclusão: interferem no tipo penal.
Exemplos:
	- “sob a influência do estado puerperal” no art. 123, CP;	- “funcionário público” no art. 312, CP;
	- matar um cadáver, e não “alguém” – fato atípico.
		
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Circunstâncias: são dados periféricos da figura típica; podem aumentar ou diminuir a pena, mas não interferem no crime. 
			Conclusão: interferem somente na pena.
Exemplos:
	- “relevante valor moral”, na eutanásia.
	- “motivo torpe”, no crime de homicídio.
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QUESTÃO: Valdemar, ao chegar à sua casa, verifica que sua filha foi estuprada por Vanderlei. Tomado por motivo de relevante valor moral contrata Severino, um pistoleiro profissional, para matar o estuprador. O serviço foi realizado com êxito. Por quais crimes deverão responder?
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Resposta
	Valdemar responderá por homicídio privilegiado (art. 121, § 1º), enquanto Vanderlei responderá por homicídio qualificado por motivo torpe (art. 121, § 2º, I).
Conclusão: o relevante valor moral é circunstância pessoal, que não se comunica a Vanderlei.
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.
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Atualização legislativa
Feminicídio       (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:     
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:     (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
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§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
I - violência doméstica e familiar;      
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.      
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Homicídio qualificado e a Lei nº 8.072/90
	O homicídio qualificado é CRIME HEDIONDO, qualquer que seja a qualificadora.
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII);  (Redação dada pela Lei nº 13.142, de 2015)
Obs: Tal delito só se tornou hediondo em 1994 (Lei Glória Perez). 
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Análise das qualificadoras
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe. 
 
	- torpe = repugnante, vil, abjeto, que causa desprezo;
	- a promessa de recompensa não precisa ter caráter econômico (posição majoritária). Ex: favor sexual;
	- também chamado de homicídio mercenário ou por mandato remunerado;
	- é um crime de concurso necessário.
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QUESTÃO: Aplica-se a qualificadora ao mandante, ao executor, ou a ambos?
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Resposta
	Promessa de recompensa é uma elementar ou uma circunstância?
	- trata-se de uma CIRCUNSTÂNCIA de caráter pessoal (subjetiva), logo, somente se aplica ao executor, e não ao mandante.
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II – por motivo fútil.
	- é aquele sem importância, insignificante;
	- faz com que o comportamento do agente seja desproporcional.
Ex: Josué vai a um restaurante e, após o jantar, o garçom entrega-lhe o troco errado. Furioso, o agente mata-o com um tiro no peito. 
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QUESTÃO: A ausência de motivo qualifica o delito?
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Resposta
	“Na hipótese em apreço, a incidência da qualificadora prevista no art. 121, § 2º, II, CP, é manifestamente descabida, porquanto motivo fútil não se confunde com ausência de motivos, de tal sorte que se o crime for praticado sem nenhuma razão, o agente somente poderá ser denunciado por homicídio simples”.
			(STJ, HC 152.448/MG, de 22.02.2011) 
Obs: Os autores Rogério Greco e Cléber Masson não concordam com tal posicionamento do STJ.
	
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III – com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum.
Meio insidioso: o agente utiliza uma forma de ludibriar a vítima; uma fraude para cometer o crime. Ex: retirar o óleo de freio do automóvel para causar um acidente fatal.
Meio cruel: a vítima sofre um intenso sofrimento físico ou mental até morrer. Ex: matar alguém lentamente com golpes de faca.
	
Meio de que possa resultar perigo comum: expõe não somente a vítima, mas também um nº indeterminado de pessoas. Ex: conduzir um automóvel a 200 km/h em via pública. 
	
	
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Homicídio qualificado pela tortura x Tortura com resultado morte
	
	O primeiro caracteriza-se pela morte dolosa, de competência do Tribunal do Júri (12 a 30 anos de reclusão);
	O segundo (Lei nº 9.455/97) é um crime preterdoloso, de competência do juízo singular
(8 a 16 anos de reclusão). 
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IV – à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido.
	- nesta hipótese o delito é qualificado pelo modo de execução; são de natureza objetiva.
	
	- traição: a vítima estava desprevenida. Ex: atirar pelas costas;
	
	- emboscada: o agente aguarda a vítima escondido, esperando-a passar por um local determinado;
	
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	- dissimulação: tem o objetivo de ocultar a intenção homicida. Ex: agente finge ser amigo da vítima a fim de facilitar a execução do crime;
	- outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido: trata-se de uma fórmula genérica. Ex: matar a vítima enquanto dorme. 
	
	
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V – para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime. 
	- trata-se de uma qualificadora de natureza subjetiva que se relaciona com a motivação do autor do crime;
	Ex: Lucas mata o segurança de Josias, um rico empresário, para depois poder sequestrá-lo.
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Homicídio qualificado-privilegiado
	É possível, desde que as qualificadoras sejam de natureza objetiva.
	Ex: Eliseu praticou um homicídio mediante emboscada, impelido por um motivo de relevante valor moral (sua filha acabara de ser estuprada).
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Nesse sentido... 
	“A jurisprudência do STF é assente no sentido da conciliação entre homicídio objetivamente qualificado e, ao mesmo tempo, subjetivamente privilegiado. Dessa forma, salientou que, tratando-se de circunstância qualificadora de caráter objetivo (meios e modos de execução do crime), seria possível o reconhecimento do privilégio, o qual é sempre de natureza subjetiva”.
			(HC 98.265/MS, de 25.08.2009)
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QUESTÃO: O homicídio qualificado-privilegiado é hediondo?
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Resposta 
	Não. A Lei nº 8.072/90 não fez referência ao delito de homicídio qualificado-privilegiado como hediondo.
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A presença de mais de uma qualificadora
	O STJ vem se manifestando no sentido de que somente uma qualificadora será considerada. As outras devem ser analisadas como circunstâncias agravantes ou circunstância judicial do art. 59, CP.
				(HC 205.677/DF, DJe 21.05.2013) 
	 	
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Homicídio culposo - art. 121, § 3º, CP
 
§ 3º Se o homicídio é culposo:
	Pena - detenção, de um a três anos. 
	Imprudência: consiste na prática de um ato perigoso. Ex: manusear arma de fogo carregada em um local cheio de pessoas. 
	Negligência: consiste em deixar de fazer algo que era recomendável. Ex: deixar arma de fogo carregada ao alcance de crianças.	
	Imperícia: é a falta de aptidão técnica para o exercício de profissão, arte ou ofício. Ex: Cirurgião plástico que mata sua paciente por falta de habilidade para realizar o procedimento. 
 	
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Homicídio culposo praticado na direção de veículo automotor
	- neste caso aplica-se a regra do art. 302, CTB;
	- trata-se da aplicação do princípio da especialidade;
	- a pena prevista no CTB é de 2 a 4 anos de detenção.
	 
	
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Homicídio culposo e a Lei nº 9.099/95
	- pena mínima cominada ao delito: 1 ano;
	- neste caso, o homicídio culposo é compatível com a suspensão condicional do processo, desde que presentes os demais requisitos previstos no art. 89 da citada lei.
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Causas de aumento da pena – art. 121, § 4º, CP
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. 
Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. 
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Observações
	- a primeira parte do § 4º é chamada de homicídio culposo qualificado;
	- imperícia ≠ de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício;
	- nesta última, o agente tem o conhecimento para a prática do ato, mas não o observa.
Ex: médico cirurgião deixa de fazer assepsia no paciente.
 
		
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QUESTÃO 1: Joanilson atentou contra a vida de Alberto, este com 13 anos de idade, porém, Alberto veio a falecer após completar 15 anos. Aplica-se a causa de aumento da pena neste caso?
QUESTÃO 2: Carolina atirou em Antonia, esta com 59 anos de idade, porém, Antonia morre aos 60 anos. Aplica-se a causa de aumento da pena?
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Respostas
	Na primeira questão SIM. Já na segunda questão, NÃO.
Com relação ao tempo do crime, qual a teoria adotada pelo CP?
	 
	
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Perdão Judicial – art. 121, § 5º, CP
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. 
- natureza jurídica: causa de extinção da punibilidade, nos termos do art. 107, IX, CP;
- trata-se de direito subjetivo do réu, logo, presentes os requisitos legais, não poderá ser negado pelo juiz. 
	
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Súmula 18, STJ
A sentença concessiva de perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório. 
Consequências...
- não gera reincidência;
- não há obrigação de reparar o dano provocado pelo crime;
- o nome do réu não será lançado no rol dos culpados.
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Homicídio praticado por milícia privada ou por grupo de extermínio – art. 121, § 6º, CP
§ 6o  A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.       (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012)
	- trata-se de causa especial de aumento da pena.
	
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Feminicídio e a causa especial de aumento da pena – art. 121, § 7º, CP
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:      (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;     
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência;      
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima.      
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REFERÊNCIAS
MASSON, Cléber. Direito Penal Esquematizado: parte especial – vol. 2. 6 ed. rev. e atual. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2014. 
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. vol 3. 8. ed. São Paulo: Saraiva. v.3, 2010. 
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. Parte Especial. vol II. 12. ed. rev. e atual. – Rio de Janeiro: Impetus, 2015.
	
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EXERCÍCIOS
1. Segundo entendimento do STJ, do STF e da doutrina dominante acerca do direito penal, julgue o item subsequente.  Responde pela prática de homicídio qualificado por motivo fútil o agente que, em virtude de um desentendimento relacionado à má divisão do dinheiro obtido em atividades ilegais de jogatina ocorrido com a vítima, executa-a mediante disparos de arma de fogo, alvejando-lhe o tórax.
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Resposta
1. (FUNIVERSA/2015 – SEAP/DF) – ERRADO, pois trata-se de motivo torpe.
FÚTIL – motivo bobo, ex: briga de trânsito.
TORPE – motivo repugnante, ex: matar por dinheiro a Susane Von RichTOphen.
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2. O indivíduo “B”, com intenção de matar a pessoa “D”, efetua dez disparos de arma de fogo em direção a um veículo que se encontra estacionado na via pública por imaginar que dentro desse veículo encontrava-se a pessoa “D”, contudo, não havia nenhuma pessoa no interior do veículo. Com relação à conduta praticada por “B”, é correto afirmar que:
a) o indivíduo “B” poderá ser punido pelo crime de homicídio tentado, por analogia ao crime de homicídio em vista de sua intenção.
b) o indivíduo “B” não poderá ser punido pelo crime de homicídio.
c) o indivíduo “B” poderá ser punido pelo crime de homicídio consumado, em virtude da interpretação
extensiva do crime de homicídio.
d) o indivíduo “B” poderá ser punido pelo crime de homicídio consumado, por analogia ao crime de homicídio em vista de sua intenção.
e) o indivíduo “B” poderá ser punido pelo crime de homicídio tentado, em virtude da interpretação extensiva do crime de homicídio em vista de sua intenção.
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Resposta (VUNESP/2015 – PC/CE)
Alternativa “b”.
Fundamento: Trata-se de crime impossível, por absoluta impropriedade do objeto.
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3. Com relação a crimes contra a pessoa, contra o patrimônio e contra a administração pública, julgue o item que segue. 
No crime de homicídio, admite-se a incidência concomitante de circunstância qualificadora de caráter objetivo referente aos meios e modos de execução com o reconhecimento do privilégio, desde que este seja de natureza subjetiva.
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Resposta: Correto.
A qualificadora deve ser de caráter OBJETIVO (meios e modos de execução)
Quais sejam ---- Art. 121, § 2º, Incisos 
" iii - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia..."
" iv - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso..."
O homicídio privilegiado é de caráter SUBJETIVO (motivacional)
Quais sejam ---- Art. 121, § 1º - " Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima..."
  * Relevante valor social;
  * Relevante valor moral;
  * Violenta emoção, logo em seguida à injusta provocação da vítima. 
Ex. O pai que mata o estuprador de sua filha por asfixia.
 
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EXERCÍCIOS DO CADERNO
1. Adamastor Vale foi condenado como incurso nas sanções do artigo 121,§2º, inciso IV, do Código Penal por ter matado Anatalino da Silva, utilizando de recurso que impossibilitou a defesa da vítima, desferindo pauladas no ofendido, causando-lhe as lesões descritas no auto de necropsia de fls. 19 do Inquérito Policial, que foram a causa de sua morte. Na ocasião, o denunciado utilizando-se de um pedaço de madeira, uma “trama” para cerca, desferiu pauladas na vítima, quando esta tentava se retirar do pátio da residência do acusado. Por outro lado, não se pode deixar de registrar que, momentos antes do fato, a vítima estaria embriagada no pátio da casa do réu, proferindo diversas ofensas verbais a ele e sua cunhada, além de tentar invadir sua residência e agredi-los fisicamente, razão pela qual, Adamastor Vale interpôs recurso de apelação...
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...com vistas ao reconhecimento da nulidade da decisão proferida pelo Tribunal do Júri por não ter sido formulado quesito relativo à forma privilegiada do delito, consoante entendimento sumulado pelo Supremo Tribunal Federal (Súmula nº 162), pedido julgado improcedente, haja vista a tese relativa à forma privilegiada do ilícito não ter sido ventilada pela defesa técnica em nenhum momento processual, nem mesmo no julgamento em plenário, ocasião em que propugnou apenas pelo afastamento da qualificadora e pela absolvição. Sucessivamente: 1. Arguiu o reconhecimento da causa de diminuição de pena (privilégio). 2. Afastamento da hediondez do delito. A partir do caso concreto narrado e dos estudos realizados sobre a teoria da pena, os crimes contra a vida e os institutos repressores da lei de crimes hediondos (Lei nº 8.072/1990) analise a procedência dos pedidos sucessivos. 
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Questão objetiva
Com relação ao delito de homicídio assinale a opção correta: I. Segundo a jurisprudência do STJ é admissível o concurso entre o homicídio privilegiado e qualificado, desde que, as qualificadoras tenham natureza objetiva, sendo, neste caso, caracterizado como delito hediondo. II. O homicídio praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que na forma simples, poderá ser considerado hediondo, consoante expressa previsão legal na Lei nº 8.072/1990. III. No caso de um delito de homicídio ser praticado em concurso de pessoas no qual haja um contrato para o pagamento, tanto o contratante, quanto o executor do homicídio que receber o pagamento, obrigatoriamente, serão responsabilizados pelo homicídio qualificado pela torpeza, consoante o disposto no art. 30, do Código Penal. IV. O instituto do perdão judicial aplica-se aos crimes de homicídio culposo previstos no Código Penal e na Lei nº 9.503/1997 (CTB) e configura-se como direito público subjetivo do réu de caráter unilateral, no qual o Estado-juiz deixa de aplicar a pena em circunstâncias expressamente previstas em lei. 
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Estão corretas apenas: a) I e III. b) I e IV. c) II e III. d) II e IV. e) I, II e III. 
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