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Aula 2_2015.2_induz suic_infant_aborto

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DIREITO PENAL III
PARTE ESPECIAL DO CP
1
AULA 2
CRIMES CONTRA A VIDA II
1. Induzimento, instigação e auxílio ao suicídio – art. 122, CP;
2. Infanticídio – art. 123, CP;
3. Aborto - art.  124 a 128, CP; 
1. Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio – art. 122, CP
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
        Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. 
        Parágrafo único - A pena é duplicada:
       
        I - se o crime é praticado por motivo egoístico; 
        II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
 
Conceito de suicídio 
	É a destruição deliberada da própria vida. Também é chamado de autocídio ou autoquíria.
Obs: No Brasil, a conduta do suicida não é criminosa. 
Motivo...
	Princípio da Alteridade – o Direito Penal só está autorizado a punir os comportamentos que transcendem a figura do seu autor.
Obs: Como o Estado poderia punir o suicida em face do contido no art. 107, I, CP? 
	
Objeto jurídico
	Tutela-se a vida humana, direito fundamental previsto no art. 5º, caput, CF.
	O crime previsto no art. 122, CP possui 3 núcleos:
a) Induzir: significa incutir na mente alheia a ideia do suicídio, até então inexistente.
Ex: Osório procura seu amigo Horácio e lhe pergunta como deve fazer para acabar com seus problemas financeiros. Obtém a seguinte resposta: “Suicide-se e seus problemas estarão resolvidos”.
b) Instigar: o agente reforça a intenção suicida já existente. 
Ex: Osório diz a Horácio que devido aos seus problemas financeiros pretende suicidar-se, pois não aguenta mais viver assim. Horácio incentiva a vítima a suicidar-se.
	
 
c) Auxiliar: neste caso é diferente, o agente auxilia materialmente a prática do suicídio.
Ex: Horácio, sabendo que Osório quer suicidar-se e querendo que o ato se concretize, lhe empresta sua arma de fogo municiada. 
	
 Sujeito ativo	
	Trata-se de crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa.
Sujeito passivo 
	Qualquer pessoa, desde que possua um mínimo de discernimento, caso contrário, estaremos diante do delito de homicídio.
Ex: Aquele que induz um doente mental a se matar responderá pelo crime de homicídio.
 Elemento subjetivo
	É o dolo, não havendo a previsão de modalidade culposa.
Consumação e tentativa
	A consumação do crime de participação em suicídio ocorre com a morte da vítima ou com a ocorrência de lesão corporal de natureza grave.
	
Tentativa
	A tentativa de participação em suicídio não é possível, pois a lei só pune o crime em duas hipóteses:
	- se o suicídio se consuma; ou
	- se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. 
Causas de aumento de pena - § único
	- motivo egoístico: é aquele que revela certa repugnância; é um motivo mesquinho, torpe. 
Ex: Alfredo induz seu irmão Aurélio a cometer o suicídio, a fim de herdar, sozinho, a herança deixada pelos pais.
	- vítima menor: é aquela com idade entre 14 e 18 anos. Possui capacidade de discernimento, embora reduzida em face do incompleto desenvolvimento mental.
QUESTÃO: Se a conduta for praticada contra uma pessoa menor de 14 anos, qual crime deverá ser imputado ao agente?
Resposta
	Homicídio.
	- vítima que tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência: 
 Pode ser provocada por enfermidade física ou mental e também por efeitos do álcool ou de drogas.
Ex: Sérgio estimula Josué, parcialmente embriagado a eliminar sua própria vida. 
QUESTÃO: Se Josué estiver completamente inconsciente, qual crime deverá ser imputado ao agente? 
Resposta
	Homicídio.
Pacto de morte (ou suicídio conjunto)
	É o acordo celebrado entre duas pessoas que desejam se matar.
	Para que haja responsabilização pelo delito, o agente não pode ter praticado qualquer ato de execução característico do delito de homicídio.
	
Exemplo
	Amarildo e Getúlio, sob juramento, decidiram morrer na mesma ocasião. Para isso, trancaram-se em um quarto hermeticamente fechado e Amarildo abriu a válvula de um botijão de gás; porém, apenas Getúlio morreu. Nessa situação, Amarildo deverá responder pelo crime de participação em suicídio.
Certo ou Errado?
Roleta-russa e Duelo americano
	Se várias pessoas fazem, simultaneamente, roleta-russa ou duelo americano, aos sobreviventes será imputado o crime de participação em suicídio.
	 Roleta-russa: arma de fogo é municiada com um único projétil;
 Duelo americano: existem duas armas de fogo, uma municiada e outra desmuniciada. 
	
2. Infanticídio – art. 123, CP
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
        Pena - detenção, de dois a seis anos. 
	- crime de elevado potencial ofensivo;
	- elementar: “sob a influência do estado puerperal”.
Conceito
	O infanticídio nada mais é do que um homicídio com elementos especializantes.
Características
	- trata-se de uma modalidade especial de homicídio;
	- cometido levando-se em consideração determinadas condições particulares do sujeito ativo.	
Observação
	Segundo alguns doutrinadores esse delito deveria ser tratado como uma espécie de homicídio privilegiado.
	 Poderia ter sido colocado em um parágrafo do art. 121, CP.
 Estado puerperal
	É o conjunto de alterações físicas e psíquicas que acometem a mulher em decorrência das circunstâncias relacionadas ao parto.
 
QUESTÃO: É necessária a realização de perícia para a constatação do estado puerperal?
Resposta
	Prevalece o entendimento no sentido de ser desnecessária perícia para a constatação do estado puerperal.
	Trata-se de um efeito normal e inerente a todo e qualquer parto.
	
 Sujeitos ativo e passivo
	a) Ativo: trata-se de crime próprio – somente pode ser praticado pela mãe. 
	b) Passivo: é o filho recém-nascido (neonato).
 
Obs: O delito do art. 123, CP é chamado de bipróprio. 
QUESTÃO: Eliseu auxilia a parturiente sob o estado puerperal a matar seu filho recém-nascido. Nesse caso, Eliseu responderá por qual crime?
 Resposta
	Infanticídio. O delito previsto no art. 123, CP admite tanto a coautoria quanto a participação.
QUESTÃO: Regina, logo após o parto, sob a influência do estado puerperal, dirige-se ao berçário e mata outra criança, que não era seu filho. Responde por qual crime? 
	
Resposta
	Erro sobre a pessoa (art. 20, § 3º, CP). Responderá como se tivesse atingido a pessoa que queria atingir, logo, infanticídio.
Erro sobre a pessoa
        § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.
 
Análise do art. 61, II, “e”, CP
	É possível aplicar esse dispositivo do CP ao crime de infanticídio?
	Não, sob pena de bis in idem.
Objetividade jurídica 	
	
	É a vida humana.
 
Objeto material 
	É a criança, nascente ou recém-nascida, contra quem se dirige a conduta criminosa.
Elemento subjetivo
	É o dolo, direto ou eventual.
	Não admite a modalidade culposa.
	
Consumação e Tentativa
	A consumação do delito ocorre com a morte do nascente ou recém-nascido (crime material).
	É perfeitamente possível a tentativa.
3. Aborto – arts. 124 a 128, CP
Conceito
	É a interrupção da gravidez, da qual resulta a morte do produto da concepção.
	
QUESTÃO: Quando se inicia a gravidez?
Resposta
	A gravidez se inicia com a fecundação. 
Nidação: é a implantação do óvulo fecundado no útero.
Espécies de aborto
a) Natural: é a interrupção espontânea da gravidez. O organismo da mulher elimina o feto – não há crime.
b) Acidental:
é a interrupção da gravidez provocada por choques ou quedas – não há crime por ausência de dolo.
	
c) Criminoso: é a interrupção dolosa da gravidez, previsto nos arts. 124 a 127, CP.
d) Legal ou permitido: é a interrupção da gravidez de forma voluntária e aceita por lei. Previsto no art. 128, CP. 
	
e) Eugênico: é a interrupção da gravidez para evitar o nascimento da criança com deformidades genéticas.
(ADPF 54)
f) Econômico ou social: é a interrupção da gravidez a fim de evitar o agravamento da condição de miserabilidade enfrentada pela mãe ou por sua família. 	
 Neste último caso há crime.
 ABORTO CRIMINOSO – arts. 124 a 127, CP (características)
a) Objetividade jurídica
	É a vida humana (arts. 124 e 126);
	Além do feto, protege-se também a integridade física e psíquica da gestante (art. 125).
b) Objeto material
	É o feto, em todas as modalidades.
 
c) Sujeito ativo 
	É a gestante, mas modalidades do art. 124 (crime próprio) e qualquer pessoa, nos demais casos (crimes comuns);
	
d) Sujeito passivo
	É o feto, exceto no caso do art. 125, em que há duas vítimas, o feto e a gestante. 
 e) Meios de execução
	O crime de aborto é de forma livre, ou seja, admite qualquer meio de execução.
	- comissivo: a gestante ingere medicamentos abortivos;
	- omissivo: a gestante, dolosamente, deixa de ingerir medicamentos necessários para a preservação da gravidez.
 f) Elemento subjetivo
	É o dolo, direto ou eventual.
	Não existe na modalidade culposa.
Exemplo: Damasceno agride Maria, sua mulher, sabendo que ela está grávida, com a única intenção de lesioná-la, mas produz culposamente o aborto. Damasceno responderá por qual crime? 
 Resposta
	- lesão corporal gravíssima (art. 129, § 2º, V, CP)
Consumação e Tentativa
	O delito de aborto se consuma com a morte do feto. 
	É possível a tentativa em todas as modalidades de aborto criminoso.
Ação penal
	A ação penal em todas modalidades de aborto será pública incondicionada.
 Crimes em espécie
1. Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento – art. 124, CP
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Pena - detenção, de um a três anos. 
(crime de médio potencial ofensivo)
 
	O delito do art. 124 pode ser dividido em 2 partes:
a) Provocar aborto em si mesma – 1ª parte 
	- trata-se do autoaborto. A gestante efetua contra si própria procedimento que pode levar à morte do feto.
	- exemplos: uso de instrumentos contundentes, quedas propositais, ingestão de medicamentos abortivos.
	
	
 
	O delito do art. 124, CP é classificado como crime de mão própria: 
		- exige uma qualidade especial do agente;
		- não admite delegação.
Logo...
	- não admite a coautoria, somente a participação.
 Revisão...
		Concurso de pessoas (Teorias)
	Pluralista: existem tantos crimes quantos forem os coautores e partícipes.
	Dualista: existem dois crimes; um para os coautores e um para os partícipes.
	Monista: independentemente do número de coautores e partícipes, o delito permanece único. 
	
 
Teoria adotada pelo CP – Monista (ou Unitária)
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. 
 b) Consentir que outrem provoque o aborto – 2ª parte
	- neste caso a gestante autoriza um terceiro para provocar o aborto (não precisa ser um médico);
	- trata-se de uma exceção ao art. 29, CP – exceção pluralista à teoria monista. 
 gestante: responde pelo art. 124, 2ª parte;
 terceiro: responde pelo art. 126.
	
	
 Lei nº 9.099/95
	Tendo em vista a pena mínima cominada ao delito, admite a suspensão condicional do processo prevista no art. 89 da Lei dos Juizados Especiais Criminais.
 2. Aborto provocado por terceiro – art. 125, CP
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
        Pena - reclusão, de três a dez anos. 
(crime de elevado potencial ofensivo)
	- trata-se de crime de dupla subjetividade passiva;
	- neste caso, é um crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa.
Aborto de gêmeos 
Exemplo: Fonseca, sabendo que Eleonora está grávida de gêmeos, resolve colocar substância química abortiva em sua refeição, causando a morte dos fetos. Por quantos crimes ele deverá responder?
	Fonseca responderá por 2 crimes de aborto, em concurso formal impróprio.
 3. Aborto provocado por terceiro – art. 126, CP
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
        Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
        
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.
(crime de médio potencial ofensivo)
	
 
	- exceção pluralista à teoria monista;
	- o consentimento da gestante deve subsistir até a consumação do aborto.
Exemplo: Durante o procedimento abortivo a gestante se arrepende e solicita ao terceiro a interrupção do aborto e ele continua o seu intento.
	- gestante: não pratica nenhum crime;
	- terceiro: responde pelo art. 125, CP.
 Clínica clandestina e concurso material de crimes
	Se três ou mais pessoas se associam para o fim específico de cometer abortos, responderão pelos crimes: 
	- art. 288, CP, em concurso material com os crimes de aborto efetivamente realizados.
 Lei nº 9.099/95
	Tendo em vista a pena mínima cominada ao delito, admite a suspensão condicional do processo prevista no art. 89 da Lei dos Juizados Especiais Criminais.
 4. Aborto qualificado – art. 127 (erro do legislador)
     Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
	
 
	- o correto seria o legislador ter utilizado a expressão “causas de aumento da pena”;
	- somente se aplica nos casos de aborto provocado por terceiro – arts. 125 e 126, CP;
	- os resultados lesão corporal grave e morte só podem ser atribuídos ao agente a título de culpa.
	
 5. Aborto legal ou permitido – art. 128, CP
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
        Aborto necessário
  	I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
        
 Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
      	II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
	Na verdade, o art. 128, CP trata de duas causas especiais de exclusão da ilicitude.
 
a) Aborto necessário (ou terapêutico)
Requisitos:
		- risco de morte da gestante;
		- inexistência de outro meio para salvá-la;
		- praticado por médico.
 Não precisa de autorização judicial.
 Não precisa do consentimento da gestante.
b) Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
	Também é chamado de aborto sentimental, humanitário, ético.
Requisitos:
		- praticado por médico;
		- consentimento válido da gestante ou de seu representante legal;
		- gravidez resultante de estupro;
		- independe de autorização judicial.
QUESTÃO: Após a realização do aborto, foi descoberto que Jorgina apresentou ao médico um boletim de ocorrência com conteúdo falso. Por quais crimes deverão responder? 
Resposta
	O médico não responde por nenhum crime.
	Jorgina responderá pelos crimes de aborto e comunicação falsa de crime (art. 340, CP).
 
6. Aborto eugênico (ou eugenésico)
	Os exames indicam que a criança nascerá com graves deformidades físicas ou psíquicas.
	O ordenamento jurídico brasileiro não autoriza este tipo de aborto.
	Fundamento: tutela da vida humana no mais amplo sentido.
Aborto de feto anencéfalo
	- em
junho de 2004 a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde (CNTS), propôs a ADPF nº 54;
	- a ação questionava a aplicação dos arts. 124, 126 e 128, I e II, no que diz respeito ao feto anencéfalo;
	- após 8 anos o STF, por maioria, permitiu que o aborto de feto anencéfalo pode ser realizado, sem que a conduta fosse tipificada nesses artigos do CP. 
De acordo com o STF...
	Natureza jurídica do aborto de feto anencéfalo:
	- causa de exclusão da tipicidade penal.
Obs: Resolução CFM 1.989/2012 – disciplina a atuação prática dos médicos no tocante à interrupção da gravidez baseada na anencefalia do feto, independentemente de autorização do Estado.
	
7. Aborto econômico (ou miserável, ou social)
	É a interrupção da gravidez por questões econômicas ou sociais, quando a gestante não tem condições financeiras para cuidar da criança.
	O ordenamento jurídico brasileiro não contempla esta hipótese, logo, há o crime de aborto.
8. Aborto e a Lei de Biossegurança
	O STF já decidiu que as pesquisas com células-tronco embrionárias não violam o direito à vida, tampouco a dignidade da pessoa humana.
	A Lei nº 11.105/2005 é constitucional.
REFERÊNCIAS
 GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte especial – vol. II. 12 ed. Ver. e atual. – Niterói, RJ: Impetus, 2015.
 MASSON, Cléber. Direito Penal Esquematizado: parte especial – vol. 2. 6 ed. rev. e atual. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014. 
- CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: parte especial – vol. 2. 10 ed. São Paulo: Saraiva, 2012. 
75
EXERCÍCIOS
1. João induziu José, portador de oligofrenia por idiotia, a cometer suicídio. Diante desse induzimento, José se atirou de um prédio e milagrosamente sofreu apenas lesões corporais leves em razão da queda. João responderá pela prática do crime de:
a) Induzimento ao suicídio na modalidade consumada;
b) Lesões corporais leves;
c) Induzimento ao suicídio na modalidade tentada;
d) Homicídio tentado;
e) Induzimento ao suicídio tentado, na forma qualificada.
76
1. RESPOSTA (MP/RJ – 2011)
Alternativa “d”.
Fundamento: A vítima não possui discernimento para a prática do ato por problemas mentais.
	
77
 2. Levando-se em consideração a definição legal do crime de infanticídio, seu autor: 
a) pode ser qualquer pessoa, desde que a vítima seja criança menor de doze anos. 
b) pode ser qualquer familiar da vítima, desde que esta seja criança menor de doze anos. 
c) é, necessariamente, o pai ou a mãe da vítima. 
d) é, necessariamente, a mãe da vítima. 
78
 2. RESPOSTA 	
Alternativa “d”.
Fundamento: Trata-se de crime de mão própria, o qual não admite coautoria, apenas participação.
79
 3. Assinale a alternativa que traz as duas hipóteses de aborto legal, praticado por médico, expressamente previstas no art. 128 do CP. 
a) Se o feto sofre de doença incurável, sendo praticado com o consentimento da gestante; se há má-formação fetal que inviabilize a vida extrauterina. 
b) Se há má-formação fetal que inviabilize a vida extrauterina; se não há outro meio de salvar a vida da gestante. 
c) Se não há outro meio de salvar a vida da gestante; se praticado com o consentimento dela, tendo sido a gravidez resultada de estupro. 
d) Se o feto sofre de doença incurável, sendo praticado com o consentimento da gestante; se praticado com o consentimento da gestante, tendo sido a gravidez resultada de estupro. 
e) Se a gestante é menor de idade, sendo o procedimento autorizado pelos responsáveis; se praticado com o consentimento da gestante, tendo sido a gravidez resultada de estupro. 
80
 3. RESPOSTA (PC/SP – VUNESP/2014)
Alternativa “c”.
Fundamento: art. 128, CP.
81
EXERCÍCIOS DO CADERNO
1. Justiça manda a júri desempregada que fez autoaborto. 
Fonte: OABRJ DIGITAL. NOTÍCIAS. 
Disponível em: http://www.oabrj.org.br/noticia/72175-justica-manda-a-juri-desempregada-que-fez-autoaborto, 04/06/2012 – 11h42 
Fonte: jornal O Estado de S. Paulo 
Uma mulher de 37 anos, que cometeu um autoaborto em 2006, vai a júri popular. Dependente de drogas, desempregada e mãe de dois filhos, ela foi denunciada pelo Ministério Público, absolvida em primeira instância, mas terá de sentar no banco dos réus por determinação do Tribunal de Justiça de São Paulo, que atendeu ao recurso da promotoria. Keila Rodrigues mora em Paulo de Faria, uma cidadezinha no interior de São Paulo com pouco mais de 8,5 mil habitantes, distante 150 quilômetros de São José do Rio Preto. Ela pagou R$ 100 por dois comprimidos Cytotec, um abortivo de uso restrito, comprados clandestinamente. No dia 31 de outubro de 2006, grávida de cinco meses, ela foi até o Hospital de Base de Rio Preto e colocou os comprimidos na vagina. Pouco tempo depois, passou a ter fortes contrações e precisou ser internada imediatamente. Como a gravidez era avançada, o feto não foi expulso naturalmente, e Keila entrou em trabalho de parto antecipado. 
82
O bebê - que recebeu o nome de Amanda - nasceu de parto normal no dia 2 de novembro, pesando 615 gramas. A menina viveu por 20 dias, mas não resistiu. Morreu em decorrência de uma infecção neonatal, provocada pela prematuridade extrema. O caso foi parar na polícia depois que uma enfermeira do hospital registrou uma queixa contra Keila numa delegacia. A atitude da enfermeira é condenada pelo Ministério da Saúde na nota técnica Atenção Humanizada ao Abortamento e pelo Código de Ética de Profissionais da Enfermagem. O inquérito foi concluído e enviado ao Ministério Público, que entrou com uma denúncia formal contra Keila na Justiça. Sem dinheiro para contratar advogado, Keila recebeu o benefício da assistência gratuita - uma parceria da Defensoria Pública com a Ordem dos Advogados. A advogada Maria do Carmo Rocha Chareti foi então nomeada para defender Keila no processo. E ela mesma teve dificuldade para localizar a acusada.
83
“
“Keila mora nas ruas. É pobre, alcoólatra, dependente de drogas. Nos vimos uma única vez antes da audiência com a juíza", conta. Na audiência, Keila compareceu aparentemente alcoolizada - o que, segundo Maria do Carmo, demonstra as condições precárias em que vive. Ela confirmou que tentou praticar o aborto, mas disse estar "profundamente arrependida". Diante da situação, Keila foi absolvida sumariamente pela juíza Milena Repuo Rodrigues, que entendeu que, diante das condições expostas por Keila, a conduta dela foi legítima e ela não poderia ser responsabilizada pelo crime de prática de aborto. Recurso. O promotor Marco Antônio Lélis Moreira, no entanto, não ficou satisfeito com a absolvição e recorreu ao Tribunal de Justiça. Na argumentação, Moreira diz que não há dúvida de que houve o aborto. E emenda: "É lamentável, em pleno século 21, uma mulher experiente não se utilizar dos meios impeditivos de uma gravidez para depois, grávida, escolher a via criminosa do aborto e encontrar a benevolência do magistrado". 
84
Em entrevista ao Estado, o promotor Moreira diz que fez a denúncia contra Keila porque ela já tinha antecedentes criminais e porque ela não apresentou provas suficientes para demonstrar que vivia em condições subhumanas e seus dois filhos estavam sob a guarda da avó. "Além disso, ela confessou ter cometido o aborto. Essa ação vai servir de exemplo para a juventude da cidade prevenir a gravidez", afirmou o promotor. "No júri vou pedir a condenação de Keila como forma de prevenção geral. É uma punição moral para que as pessoas entendam que o aborto é criminoso", diz Moreira, admitindo que é raro que casos de aborto sejam denunciados e terminem em júri. A advogada Maria do Carmo diz que ficou surpresa com a decisão do TJ de mandá-la para júri popular. "Keila está arrependida. Tenho certeza de que os jurados vão absolvê-la." 
85
	A partir do caso concreto narrado e dos estudos realizados sobre os crimes contra a vida, identifique. 
a) As figuras típicas do delito de aborto. 
b) O momento consumativo do delito de aborto. Responda de forma objetiva e fundamentada.
c) O fato da criança ter nascido e vindo a falecer após 20 dias de seu nascimento descaracteriza o delito de aborto? Responda de forma objetiva e fundamentada. 
86
RESPOSTA
A questão versa sobre três aspectos relativos ao delito de aborto:
a) Diferenciar as condutas de aborto de acordo com a conduta e consentimento da gestante, quais sejam: as previstas nos artigos  124, 125 e 126, bem como a figura preterdolosa  prevista no art. 127, CP. 
b) O delito de aborto é um crime material, ou seja, a consumação ocorre com a eliminação da vida intrauterina, independentemente da expulsão do feto.
c) Não. O delito será o de aborto consumado. Neste caso é necessário verificar qual era a intenção do agente. 
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QUESTÃO OBJETIVA
2. (FCC/2014 - DPE-RS - Defensor Público). Marcos e Rodrigo instigaram Juarez, que sofria de depressão, a cometer suicídio, pois, na condição de herdeiros do último, pretendiam a morte do mesmo por interesses econômicos. Ainda que Juarez tenha admitido firmemente a possibilidade de eliminar a própria vida, não praticou qualquer ato executório. Diante desse contexto, Marcos e Rodrigo:
a) poderiam ter a pena reduzida de 1/3 a 1/2, se a pretensão tivesse caráter humanitário, de piedade, e a morte tivesse se consumado. 
b) deverão responder por tentativa de homicídio, visto que a ideia de ambos era eliminar a vida de Juarez para posterior enriquecimento. 
c) serão responsabilizados pelo crime previsto no art. 122 do Código Penal, com redução da pena pelo fato de a vítima não ter atentado contra a própria vida, já que para a consumação do delito basta a mera conduta de instigar. 
d) não responderão pelo crime de instigação ao suicídio, pois não houve morte ou lesão corporal de natureza grave na vítima. 
e) responderiam por instigação ao suicídio, caso, no mínimo, Juarez atentasse contra a própria vida e tivesse ocasionado lesões corporais leves em seu corpo. 
88
RESPOSTA
Alternativa “d”.
Fundamento: Art. 122, CP
89

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