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Aula 1 
O ramo do direito público 
O direito é um campo complexo e abrangente que pode ser dividido em diversas ramificações e 
uma das mais importantes é o Direito Público e o Direito Privado. 
 
introdução 
Olá, estudante, boas-vindas ao nosso curso de Direito Público! 
O direito é um campo complexo e abrangente que pode ser dividido em diversas ramificações e 
uma das mais importantes é o Direito Público e o Direito Privado. Compreender essa distinção é 
fundamental para entender como o sistema jurídico funciona como um todo. 
Nesta aula, vamos explorar precisamente o conceito e objeto do Direito Público, sua distinção com 
o chamado Direito Privado e os ramos que derivam dele, tais como o Direito Constitucional e o 
Direito Administrativo. 
Ao longo de nossa trajetória, você, estudante, estará apto a compreender melhor a área do Direito 
que estuda as noções básicas do Estado, seu funcionamento e sua importância para a construção 
da democracia e da cidadania. 
Como disse, uma vez, Nelson Mandela: "a educação é a arma mais poderosa que você pode usar 
para mudar o mundo" (MANDELA, 2003). Esteja preparado para expandir seus horizontes e 
descobrir como o Direito Público se relaciona com o mundo à sua volta. Vamos iniciar essa jornada 
de aprendizado juntos! 
 
Direito Privado X Direito Público 
Figura 1 | Constituição 
 
Fonte: Shutterstock. 
 
Figura 2 | Judiciário 
 
Fonte: Shutterstock
De modo geral, podemos dizer que o Direito pode ser dividido em dois grandes ramos científicos: 
o Direito Público e o Direito Privado. 
O Direito Privado é o ramo do Direito que estuda, basicamente, as regras e princípios que 
disciplinam as relações jurídicas entre os particulares. Porém, não é só isso. O ponto central do 
Direito Privado é a preocupação com a ideia de autonomia, isto é, a capacidade dos sujeitos de 
regularem os aspectos de sua própria vida em sociedade. Em outros termos, as pessoas podem 
escolher como suas relações vão se desenvolver em termos jurídicos. 
Tomemos como exemplo o Direito Contratual que é parte integrante do Direito Privado: se João 
deseja comprar e Maria pretende vender seu carro, eles podem, por meio de sua própria autonomia, 
ou seja, pela manifestação de sua vontade, criar e celebrar um contrato de compra e venda. Notem 
que, nesse caso, a coisa mais importante é, de fato, a manifestação de vontade livre de cada um 
para criar a relação jurídica em questão. O mesmo acontece com situações como o casamento ou 
a criação de um testamento. Em todas essas situações, estamos diante da suposição de que 
pessoas livres e iguais podem manifestar sua vontade, regulando suas relações jurídicas. 
Além desse ramo do Direito, temos outro que é o Direito Público. O Direito Público atua de uma 
forma bem diferente. Trata-se de um ramo que estuda, em linhas gerais, as regras e princípios que 
disciplinam as relações jurídicas que envolvem o Estado. O que ocorre, segundo Meirelles (2015), 
é que o Estado não pode se misturar com a vontade dos indivíduos que o compõem ou que o 
representam. O Estado deve perseguir um interesse que não é privado ou particular, mas público. 
Quando falamos em interesse público, conforme Alexandrino e Paulo (2014), estamos enfatizando 
que o Estado deve perseguir, grosso modo, finalidades que a lei define: o Estado age em 
conformidade com a lei e a partir daquilo que a lei orienta e disciplina. Ao mesmo tempo, a lei, em 
perspectiva democrática, deve ser considerada a expressão da vontade do povo, fruto da sua 
soberania. Vamos, inclusive, nos aprofundar nesse ponto nos tópicos seguintes. 
Mas, nesse momento, é importante que você, estudante, saiba que o centro do Direito Público, 
portanto, não é a autonomia, mas a busca pela finalidade e interesse público, que são, por sua vez, 
definidos em lei. Desse modo, há a prevalência do interesse público sobre a autonomia privada. 
Vamos a um exemplo: em frente à casa de Maria, há uma avenida. Interessado em resolver o 
problema do constante engarrafamento e a fim de possibilitar o fluxo do trânsito na região, o 
Município decide desapropriar os imóveis localizados no entorno, de modo a alargar ainda mais a 
avenida. Repare que, nesse caso, o Estado, buscando realizar o interesse público, desapropria o 
imóvel de Maria. Tudo deve ser feito, logicamente, dentro dos contornos e limites estabelecidos por 
lei! 
Resumindo: o Direito Privado é o ramo que estuda as relações jurídicas entre os particulares, 
predominando a sua autonomia. Já o Direito Público estuda as relações jurídicas que envolvem o 
Estado, sendo seu dever perseguir a finalidade pública definida na lei. 
 
Aprofundando o Direito Público, seu objeto e suas ramificações 
Como já abordado, o que distingue o Direito Público do Direito Privado é precisamente seu objeto: 
o interesse público. Há, com isso, características importantes do Direito Público. 
A primeira delas é o princípio da primazia do interesse público sobre o interesse privado. 
Considerando que o Estado figura como parte no Direito Público, ele não se encontra na mesma 
posição hierárquica que o particular. Justamente porque o Estado deve buscar satisfazer interesses 
voltados ao bem-estar da sociedade, ele deve possuir certas prerrogativas e poderes para poder 
realizar a sua finalidade. 
Para esclarecer esse ponto, retomemos ao exemplo que havíamos trabalhado sobre o Município 
que desapropriou um imóvel privado para ampliação de uma avenida pública. Nesse caso, o 
Município poderá restringir o exercício de direitos individuais, desde que observados os 
procedimentos legais e a devida indenização ao proprietário. O que importa, de todo modo, é que 
a desapropriação, para ser efetivada, não precisará de concordância do particular dono do imóvel. 
Em razão do princípio da supremacia do interesse público, ela poderá ocorrer mesmo sem qualquer 
anuência desse proprietário. Logo, o particular e o Estado não estão em uma posição de igualdade 
e simetria como ocorre no direito privado. O Estado está acima do particular e possui, inclusive, 
uma série de poderes e prerrogativas especiais para realizar os objetivos e finalidades definidos na 
lei. 
Uma segunda característica é o princípio da legalidade que funciona de forma distinta no Direito 
Público e no Direito Privado. No Direito Privado, esse princípio significa que o indivíduo pode fazer 
qualquer coisa que não seja proibida em lei. Logo, a liberdade individual é bem ampla, na medida 
em que se pode fazer aquilo que quiser, exceto as situações que a lei expressamente proíbe. Já 
no caso do Direito Público, a referência é o Estado sendo que sua atuação é muito mais restrita 
que a do particular. Isso significa dizer que o Estado só age quando houver determinação legal. A 
lei precisa determinar precisamente sua atuação, seja definindo de modo muito preciso como o 
agente público deve agir em certos contextos, seja definindo os limites legais para atuação desse 
agente. Nesse último caso, o agente público até tem liberdade de escolha – aquilo que no Direito 
Público chamamos de discricionariedade –, porém essa discricionariedade (liberdade) só ocorre 
dentro dos limites da lei. 
Logo, no Direito Público, a lei tem a função de delimitar e determinar a atuação do Estado e dos 
seus agentes, a fim de se realizar a finalidade pública, que também está determinada na lei. Os 
agentes públicos não podem, pois, agir conforme sua liberdade ou seus próprios interesses, eles 
só podem agir dentro dos contornos legais, diferentemente do que ocorre no direito privado, em 
que o particular age com sua liberdade, independentemente de previsão legal. 
Por fim, podemos destacar alguns dos principais ramos do Direito Público: 
1. Direito Constitucional: estuda a organização e o funcionamento do Estado, assim como seus 
direitos fundamentais. 
2. Direito Administrativo: trata das regras e princípios que regem o Estado no exercício da sua 
função administrativa.A democracia direta é aquela na qual 
os cidadãos governam diretamente, manifestando suas opiniões acerca das questões trazidas para 
decisão – a Cidade-Estado de Atenas, no mundo antigo, funcionava exatamente sob esse modelo. 
Na democracia indireta, também chamada de representativa, os cidadãos, por intermédio de um 
processo eleitoral, escolhem seus representantes, que deverão agir conforme os poderes 
outorgados popularmente, isto é, agem em virtude do mandato recebido e em prol dos interesses 
populares. Nesse cenário, os cidadãos transferem para os representantes o exercício do poder, do 
governo, cumprindo-lhes, porém, fiscalizar a maneira como é realizada a gestão (GAMBA, 2023). 
Enfim, na democracia semidireta, as características da democracia indireta e direta se fundem. A 
rigor, os cidadãos transferem o exercício do governo para representantes eleitos (no estilo do 
modelo representativo), porém ainda conservam algumas possibilidades de atuação direta em 
decisões, como nos casos do plebiscito (consulta popular prévia para a aprovação de normas), 
referendo (confirmação ou não de norma elaborada) ou iniciativa popular para projetos de leis. 
E no Brasil – você deve estar se perguntando – como funciona? Na realidade brasileira, está em 
vigor uma república democrática de tipo semidireto, porque elegem-se, periodicamente, 
representantes, mas existem instrumentos, pelo voto popular, de participação em decisões 
importantes, exatamente por intermédio do plebiscito, referendo e iniciativa popular de leis. 
Quanto ao sistema de governo, temos a forma pela qual se dá, predominantemente, o 
relacionamento político entre o poder executivo e o poder legislativo, bem como em termos de 
representação estatal, no plano internacional. Há dois modelos predominantes: o presidencialismo 
e o parlamentarismo. 
No presidencialismo, como é o caso do Brasil, é eleito um representante, por voto popular, para 
administrar e governar o Estado por determinado período de tempo (mandato de 4 anos, com a 
possibilidade de uma reeleição). Nesse caso, o presidente atua como chefe de Estado (perante os 
demais países) e como chefe de governo, no plano interno. Já no parlamentarismo, há a figura do 
primeiro-ministro, que é indicado e aprovado pelo parlamento, para exercer a chefia do governo. 
Tradicionalmente, o parlamentarismo teve lugar em Estados monárquicos, nos quais o Rei exercia 
o papel de chefe de Estado e o primeiro-ministro o de chefe de governo. Também pode ocorrer, no 
entanto, a figura de um presidente para atuar na chefia do Estado, de modo que o parlamentarismo 
se amolda bem tanto a um perfil republicano e democrático quanto a um monárquico. 
No caso brasileiro, adotou-se o presidencialismo como sistema de governo. 
Legal, não é mesmo? Continue seus estudos, ainda há muito o que aprender! 
 
A importância da forma e sistema de governo no caso brasileiro 
O regime republicano democrático e o sistema presidencialista de governo desempenham um papel 
crucial no contexto da alternância do poder e da soberania popular, especialmente quando 
baseados em uma Constituição Federal que assegura direitos e garantias fundamentais, como é a 
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Essas estruturas políticas são 
fundamentais para a estabilidade, a representatividade e a proteção dos direitos dos cidadãos em 
um Estado Democrático de Direito. 
A alternância do poder é um princípio fundamental em uma sociedade democrática. Ela permite 
que diferentes grupos políticos e ideologias tenham a oportunidade de governar e implementar suas 
políticas e agendas. Isso evita a concentração excessiva de poder em um único partido ou indivíduo 
e promove a pluralidade e a diversidade de ideias na tomada de decisões governamentais. O 
sistema presidencialista, ao estabelecer um chefe de Estado eleito pelo povo, com mandato 
limitado, permite que a alternância do poder ocorra de forma ordenada e previsível. 
Nesse sentido, a soberania popular é o princípio central da democracia. Significa que o poder 
político emana do povo e é exercido em seu nome. O regime republicano democrático permite que 
os cidadãos participem ativamente do processo político, seja por meio do voto, da liberdade de 
expressão ou da participação em organizações da sociedade civil. É por meio desses mecanismos 
que os cidadãos podem influenciar as decisões governamentais e garantir que seus interesses 
sejam representados. 
A existência de uma Constituição Federal que assegura direitos e garantias fundamentais é 
essencial para a proteção dos direitos individuais e coletivos dos cidadãos. Uma Constituição bem 
estruturada estabelece os limites do poder estatal, garante a separação de poderes e estabelece 
direitos civis, políticos e sociais que não podem ser violados. Ela serve como um instrumento de 
salvaguarda dos direitos humanos e uma base sólida para o funcionamento do Estado democrático. 
O sistema presidencialista, em particular, oferece uma série de vantagens práticas. Ao concentrar 
a autoridade executiva em um presidente eleito, separado do poder legislativo, permite uma divisão 
clara de responsabilidades e uma maior eficiência na tomada de decisões governamentais. O 
presidente, como chefe de Estado e de governo, possui poderes e prerrogativas que lhe conferem 
a capacidade de agir de forma decisiva em momentos de crise ou urgência. 
Além disso, o sistema presidencialista promove a estabilidade política. O presidente é eleito por um 
período determinado e não pode ser facilmente removido do cargo, a menos que haja um processo 
legal de impeachment (impedimento). Essa estabilidade proporciona continuidade nas políticas 
públicas e permite que o governo execute seus planos a longo prazo. 
Em resumo, o regime republicano democrático e o sistema presidencialista de governo, em 
conjunto com uma Constituição Federal que protege direitos e garantias fundamentais, são 
fundamentais para a governança eficaz, a participação popular e a proteção dos direitos dos 
cidadãos. Eles asseguram a alternância do poder, promovem a soberania popular e fornecem uma 
estrutura institucional sólida. 
 
Video Resumo 
Olá! Agora que você já estudou o conteúdo proposto, deve estar com muita curiosidade para assistir 
a uma aula especialmente preparada para abordar a questão da forma e sistema de governo, 
principalmente à luz da Constituição brasileira! Por isso, e para que tenha a oportunidade de 
consolidar seu conhecimento e aprofundar sua reflexão crítica, assista ao resumo desta aula. 
Saiba mais 
Estudar o sistema presidencialista de governo, incita a conhecer as maneiras pelas quais é realizado o controle dos 
atos do presidente e sua responsabilização, diante do cometimento de ilícitos. Nesse sentido, um dos principais 
instrumentos, à disposição do parlamento – vale dizer – para que um presidente seja destituído do seu mandato, é o 
chamado impeachment, ou, em tradução livre, impedimento. 
O processo de impeachment no Brasil é um mecanismo constitucional previsto para destituir um presidente da 
República, governador ou prefeito em casos de crime de responsabilidade. O processo tem suas bases na Constituição 
Federal de 1988 (art. 85) e é regido pela Lei nº 1.079/1950. 
Para que o impeachment seja iniciado, é necessário que haja uma denúncia formal que apresente indícios de crime de 
responsabilidade. A denúncia deve ser aceita pela Câmara dos Deputados para que o processo prossiga. A partir daí, 
a denúncia é encaminhada ao Senado Federal, que julgará o caso. 
Durante o julgamento, o presidente ou autoridade em questão tem direito à ampla defesa. O processo é presidido pelo 
presidente do Supremo Tribunal Federal e requer uma maioria de dois terços dos votos dos senadores para que ocorra 
a condenação e destituição do cargo. 
O processo de impeachment no Brasil é um mecanismo político-jurídico complexo, que visa proteger a ordem 
democrática e aresponsabilidade dos ocupantes de cargos públicos. Embora seja um instrumento importante, seu uso 
deve ser feito com cautela, garantindo o devido processo legal e evitando seu mau uso para fins políticos ou de 
instabilidade. 
Para conhecer mais sobre o processo de impeachment no Brasil, com um viés crítico e reflexivo, consulte a obra a 
seguir: RICCITELLI, Antonio. Impeachment à brasileira: instrumento de controle parlamentar? São Paulo: Editora 
Manole, 2006. E-book. ISBN 9788520446560. 
 
Aula 2 
A constituição federal de 1988 
O regime republicano e democrático em vigor no Brasil deve muito a uma longa construção e luta 
históricas que culminaram na promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil de 
1988. 
 
introdução 
Olá! 
O regime republicano e democrático em vigor no Brasil deve muito a uma longa construção e luta 
históricas que culminaram na promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil de 
1988. Trata-se de um documento de natureza política, jurídica, social e econômica que traduz os 
anseios da sociedade brasileira, firmando compromissos para o Estado, além de assegurar direitos 
e garantias fundamentais individuais e coletivos. 
E faz mais do que isso: estrutura as instituições estatais, cuida dos direitos sociais (saúde, 
educação, segurança, trabalho, alimentação, moradia etc.), disciplina a tributação, a ordem 
econômica, o orçamento público, dentre tantos outros temas. 
Mas, você sabe quais são as origens históricas, filosóficas, políticas e jurídicas da Constituição de 
1988? Afinal, como é possível classificá-la? E quais são suas características primordiais, que a 
colocam como referência no plano mundial? 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520446560/
Essas e outras questões você estudará a partir de agora. 
Bons estudos! 
 
A Constituição Federal de 1988 
Estudar a Constituição de 1988 significa apreender uma série de questões importantes que 
ocorreram ao longo da história, que resultaram no texto que hoje existe. O Brasil nem sempre foi 
um país republicano e democrático. Na verdade, o processo de redemocratização somente 
retornou na década de 1980, com o arrefecimento da ditatura militar, que desde 1964 impôs um 
regime de exceção, pelo emprego da força e da violência institucionais. 
Com o retorno da sociedade à liberdade e ao plano de se ver garantida contra eventuais 
arbitrariedades estatais, sobretudo com o reconhecimento de direitos e garantias fundamentais, 
individuais e coletivas, à luz da dignidade da pessoa humana, enfim temos uma república 
democrática, expressa num texto constitucional avançado, cujo objetivo principal passa pela 
reconstrução e desenvolvimento do Brasil, como uma nação plural e livre. 
As bases desse resultado, certamente, estão na dimensão moderna acerca do papel do Estado e 
do Direito, surgida no final do século XVIII, principalmente a partir da Revolução Francesa. Aí, o 
modelo antigo de Estado é rompido, criando-se outro, no qual o poder, enfim, está limitado pela lei. 
E não por qualquer lei, mas por uma lei fundamental, uma Constituição. Essa, que é também 
conhecida como Carta Magna, traduz os interesses e expectativas de uma sociedade, 
reconhecendo direitos, prevendo limitações para o exercício do poder, separando as funções 
estatais (judiciária, legislativa e executiva) e criando instrumentos de proteção individual e coletiva. 
Outorgam-se direitos, instituem-se garantias. 
Dizer que a Constituição brasileira de 1988 é moderna indica, basicamente, duas noções principais: 
de um lado, significa que seu DNA é aquele das constituições modernas no sentido histórico, isto 
é, que surgiram a partir do final do século XVIII e que, primordialmente, limitam o poder estatal, 
asseguram a igualdade de todos perante a lei (igualdade formal), garantem liberdades civis básicas, 
protegem a propriedade privada e a livre concorrência; por outro lado, indica um texto avançado, 
no sentido de postular pelo desenvolvimento da sociedade por meio da previsão de compromissos 
a serem cumpridos pelo Estado e pela sociedade como um todo e pela previsão de instrumentos 
para alcançar esses objetivos. 
Falar nesse tipo de Constituição é trazer alguns destaques para a sua classificação e estrutura. É 
entender como ela se desenvolve diante de uma multiplicidade de formas pelas quais se pode 
construir e desenvolver uma Constituição. Além disso, é preciso conhecer um pouco mais a fundo 
as características principais dessa Constituição, justamente para entender porque é possível dizer 
que ela é tão especial e, ao mesmo tempo, gera tantas polêmicas, sobretudo no momento da sua 
aplicação. 
A Constituição, como resultado direto da modernidade, inspira a construção de um novo país e de 
um novo tempo histórico. Trata-se de documento relevante que está no ápice do ordenamento 
jurídico brasileiro, de sorte que todas as demais normas produzidas devem guardar estrita 
observância para com os seus preceitos. 
 
A Constituição em movimento 
A Constituição Federal de 1988 apresenta um texto moderno. É a chamada Constituição Cidadã. 
Fruto de um longo e profundo processo de redemocratização, apresenta de maneira sistemática e 
extensa direitos e garantias fundamentais, reunidos a partir de um valor central, intransponível: a 
dignidade da pessoa humana. 
No final do século XVIII, a Revolução Francesa cumpriu as promessas do movimento iluminista, 
questionando o regime político de até então, dos Estados Absolutistas, comandados por reis 
despóticos, arbitrários, que sufocavam a existência livre das pessoas, tratadas como súditas, 
sujeitadas à vontade do monarca (MOTTA, 2021). 
Nesse contexto histórico, a marca do pensamento filosófico e, por conseguinte, político, jurídico e 
econômico era a utilização da razão humana como mecanismo de questionar o mundo e a 
sociedade. As pessoas deveriam pensar por si próprias e não poderiam mais admitir a imposição 
da vontade de um monarca, que privilegiava apenas segmentos específicos, como o clero e a 
nobreza. Era um cenário de exploração, faltavam alimentos básicos e liberdades fundamentais. 
Com isso, as revoltas populares empreenderam a revolução, rompendo com o antigo regime 
absolutista e instaurando um novo. Surge, assim, o chamado Estado Moderno ou Estado de Direito, 
cujas características principais são: igualdade formal perante a lei, liberdades individuais (de 
pensamento, expressão, negocial e concorrencial etc.), proteção da propriedade privada e limitação 
do poder estatal (MORAES, 2022). 
Essa nova configuração política e jurídica funciona a partir de um texto fundamental: a Constituição. 
Como documento fundamental de uma sociedade, institui o necessário para o asseguramento das 
liberdades individuais, ao mesmo tempo que moderniza a maneira pela qual ocorre a tutela das 
relações sociais. É, além disso, uma técnica juspolítica que estrutura a Administração Pública no 
trato com o patrimônio comum. É o principal elemento de defesa da cidadania e dos cidadãos 
relativamente às próprias relações sociais intersubjetivas e em relação às instituições estatais. 
Mas, as Constituições surgidas, ainda que com objetivo central comum, que é de fundamentar o 
ordenamento jurídico e político das nações, não são iguais umas às outras. Variam em sua 
estrutura, forma, conteúdo, conforme as influências e os processos que as engendraram, seja 
através do tempo, como construção contínua, seja como ruptura e inovação. 
Por esse motivo, é interessante e oportuno conhecer as principais classificações das Constituições: 
• Quanto ao conteúdo, a Constituição pode ser material ou formal: material quando disciplina 
assuntos tipicamente constitucionais (estrutura do Estado, dos Poderes, direitos e garantias 
fundamentais etc.); formal, ao revés, quando seu conteúdo não revela apenas questões de típico 
interesse constitucional, como os exemplificados, todavia todo e qualquer assuntoconforme a 
vontade do Poder Constituinte Originário. 
• Quanto à forma: escrita, quando se resume em um documento único; não-escrita, também 
chamada consuetudinária, porquanto não reunida em documento único, mas constante da prática, 
dos costumes. 
• Quanto ao modo de elaboração: dogmática, se fruto do trabalho único de um órgão constituinte 
(uma Assembleia Constituinte, por exemplo); ou, histórica, quanto fruto de paulatina evolução 
temporal. 
• Quanto à extensão: analítica, porque trata de assuntos variados com alto grau de especificidade; 
ou, sintética, quando lida apenas com os assuntos essenciais do Estado. 
• Quanto à origem: outorgada, se imposta por ato de vontade, geralmente arbitrário; ou, 
promulgada, se fruto de consenso esclarecido, geralmente de cunho democrático e representativo. 
• Quanto à finalidade: garantida, se pretende apenas a limitação dos poderes e a estruturação 
balizar da máquina estatal; ou, dirigente, também chamada de programática, de sorte que cria 
programas a serem seguidos pelo Estado, tanto para a atividade executiva, por meio de políticas 
públicas, quanto para a atividade legiferante, como um guia para a elaboração de leis pelo Poder 
Legislativo (MORAES, 2022). 
Desse cenário, nota-se que a Constituição Brasileira é formal, escrita, dogmática, analítica, 
promulgada e dirigente. 
É uma Constituição completa, altamente desenvolvida, que prevê princípios fundamentais, direitos 
e garantias individuais e coletivos, direitos sociais, direitos de nacionalidade, políticos, estrutura o 
Estado como uma federação, reparte competências, especifica a Administração Pública e seus 
princípios, sistematiza a tributação, o processo legislativo, as funções dos poderes constitucionais 
(Executivo, Legislativo e Judiciário), a proteção do meio ambiente, dentre tantos outros assuntos. 
A Constituição endereça o Brasil para um novo horizonte. Resta, é claro, cumpri-la. 
 
A Constituição em ação 
O caráter moderno de uma Constituição indica um dos postulados fundamentais para que o seu 
texto alcance efetividade. Imagine, nesse contexto, que durante um processo judicial, o juiz 
escolha, por sua própria vontade, inverter as fases de um procedimento. A primeira defesa será 
justamente a que invoca o devido processo legal como garantia fundamental, para evitar esse tipo 
de conduta. O devido processo legal é apenas mais um exemplo dos inúmeros direitos e garantias 
fundamentais individuais que a Constituição apresenta. E, de uma perspectiva vertical, quanto à 
relação entre o Estado e os cidadãos, como ocorre no caso da prestação jurisdicional, o devido 
processo legal age como uma proteção contra arbitrariedades estatais, ali representadas pela figura 
do magistrado. É porque temos uma noção moderna de Constituição, portanto, que entendemos 
que o Estado não pode fazer o que bem entender, mas deve seguir as leis e, principalmente, as 
normas constitucionais (MORAES, 2022). 
Nessa dimensão vertical, a modernidade nos ajuda com esse conceito fundamental, de limitação 
do poder com base na lei. E não qualquer lei, mas uma que foi estruturalmente pensada para 
organizar o funcionamento das instituições e elencar barreiras de proteção contra violações 
sistemáticas e deliberadas. Também é possível pensar o papel da Constituição nas relações 
horizontais, isto é, entre os próprios cidadãos. Trata-se de uma eficácia horizontal dos direitos e 
garantias fundamentais, que imanta as relações privadas com o mesmo conjunto de deveres que 
são utilizados para a defesa perante o Estado. Em situações de celebração de contratos, quanto 
ao respeito à dignidade humana, a função social e ambiental da propriedade quanto à sua 
utilização, são casos emblemáticos. 
Além do mais, o fato de conhecermos a Constituição brasileira como formal e escrita, confere 
segurança jurídica, porque as normas, em tese, encontram-se estabilizadas no texto constitucional, 
valendo lembrar que, no Brasil, o processo de alteração da Constituição é mais dificultoso, por meio 
de emenda, que demanda votação de três quintos dos membros de cada casa do congresso 
nacional, em dois turnos de votação. Também existem limitações para o que pode ser emendado. 
As normas que definem direitos e garantias fundamentais, por exemplo, não podem ser abolidas 
ou reduzidas, senão ampliadas e favorecidas, bem como a forma federativa de Estado, a separação 
dos poderes etc. (MOTTA, 2021). 
No mais, a Constituição, por ser dirigente, estabelece programas a serem seguidos pelo Estado, 
constituindo vetores, tanto para a ação estatal quanto para a interpretação das normas, sobretudo 
aquelas que dizem respeito aos direitos sociais, que demandam prestações positivas, ações 
concretas no sentido de efetivar as previsões normativas. Quando a Constituição prevê, por 
exemplo, o direito social à saúde, requer que o Estado mantenha um sistema público, gratuito e 
universal, como é o caso do Sistema Único de Saúde (SUS). Quando ela se refere ao direito social 
à moradia, dá margem para a criação de programas habitacionais que facilitam a aquisição de 
imóveis. Quanto à proteção ao meio ambiente, institui o dever de legislar e fiscalizar o uso social 
da fauna e da flora, e assim, sucessivamente. Para cada direito social previsto equivale uma 
prestação concreta, de incumbência do Estado. É dever do Estado e direito de todos. 
 
Vídeo Resumo 
Olá! 
O estudo da Constituição Federal de 1988 é ponto crucial para você entender o coração do direito 
público brasileiro, assim como o fundamento de validade de todo o ordenamento jurídico. 
Pensando nisso, assista ao vídeo resumo para consolidar o seu conhecimento e desenvolver ainda 
mais a sua capacidade de reflexão crítica sobre os assuntos abordados. 
Vamos lá! 
Saiba mais 
O movimento iluminista europeu foi um período de grande importância na história intelectual e cultural do continente. 
Surgido durante o século XVIII, ele se caracterizou pela defesa do uso da razão, da liberdade individual, da igualdade 
social e do progresso científico, com relevante impacto social e cultural. 
Uma das principais características do Iluminismo foi a crença no poder da razão humana. Os filósofos iluministas 
acreditavam que, através do uso da lógica e da investigação científica, o ser humano poderia compreender o mundo e 
melhorar sua condição. Eles criticavam a autoridade absoluta da Igreja e dos governantes, defendendo a liberdade de 
pensamento e a separação entre religião e Estado. 
Os filósofos iluministas, como Voltaire, Montesquieu, Rousseau e Diderot, foram responsáveis por disseminar essas 
ideias através de suas obras literárias e filosóficas. 
Além disso, o Iluminismo teve um impacto significativo na política. Os pensadores iluministas defendiam a ideia de que 
os governantes deveriam governar de acordo com o bem comum e que o poder deveria ser limitado e controlado pelo 
povo. Essas ideias influenciaram as revoluções americana e francesa, que resultaram na independência dos Estados 
Unidos e na queda do Antigo Regime Absolutista na França. 
Embora o movimento iluminista tenha sido predominante na Europa, suas ideias tiveram um impacto global. Os ideais 
de liberdade, igualdade e fraternidade inspiraram movimentos revolucionários em outros continentes, como na América 
Latina, durante as lutas pela independência das colônias europeias. 
Para conhecer mais sobre o movimento iluminista, leia da página 60 a 70 da obra: GUIMARÃES, Bruno; ARAÚJO, 
Guaracy; PIMENTA, Olímpio. Filosofia como esclarecimento. Belo Horizonte: Grupo Autêntica, 2014. E-book. ISBN 
9788582174289. 
 
Aula 3 
As dimensões dos direitos fundamentais 
Os direitos fundamentais são elementos essenciais no estudo do direito, abrangendo princípios que 
garantem a dignidade humana, a liberdade e a igualdade. 
 
introdução 
Olá, estudante 
Os direitos fundamentais são elementos essenciais no estudo do direito, abrangendo princípios quegarantem a dignidade humana, a liberdade e a igualdade. Para uma compreensão mais 
abrangente, é crucial considerar as diversas dimensões dos direitos fundamentais. Essas 
dimensões ampliam a perspectiva, abordando a evolução temporal dos direitos, sua aplicabilidade 
universal além das fronteiras, a importância da justiça social e da equidade, o respeito à diversidade 
cultural e a busca pela igualdade de gênero. Ao explorar essas dimensões, os estudiosos do direito 
podem compreender melhor as complexidades dos direitos fundamentais, suas interações com a 
sociedade e as respostas necessárias para enfrentar os desafios contemporâneos. A análise 
dessas dimensões proporciona uma base sólida para uma interpretação e aplicação efetiva dos 
direitos fundamentais, garantindo sua relevância contínua na proteção dos direitos humanos e na 
construção de uma sociedade justa e inclusiva. 
 
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As dimensões dos direitos fundamentais 
Direitos fundamentais são normas jurídicas de especial importância, porquanto acham-se 
fundamentados em princípios. Estes, ao lado das regras jurídicas, formam o arcabouço jurídico dos 
ordenamentos positivos, sobretudo aqueles de tradição do direito escrito, de raiz romano-
germânica (conhecido como sistema civil law). 
As referidas normas expressam valores humanos universais, que se mostram como situações 
concretamente exigíveis e razoáveis, considerando uma ideia basilar de dignidade humana. 
Os direitos fundamentais são aqueles que pertencem intrinsecamente à condição humana, que 
constam no ordenamento jurídico-positivo como um reconhecimento acerca do que é minimamente 
necessário para uma vida existencialmente digna. Constituem, além de barreiras contra o 
cometimento de arbitrariedades, seja pelo Estado ou pelas pessoas no âmbito das relações 
intersubjetivas, verdadeiros instrumentos de asseguramento de acesso a bens essenciais à vida. 
São direitos que estão no coração, mesmo das Constituições modernas, de natureza 
profundamente principiológica. Por constituírem princípios, acabam por sustentar a aplicação das 
demais normas jurídicas, conferindo-lhes legitimidade. Nesse sentido, funcionam como horizontes 
hermenêuticos para a aplicação do direito positivo, justificando sua incidência ou o afastamento de 
regras. Os princípios, porque imbuídos no seio de direitos expressamente fundamentais, sejam 
eles individuais ou coletivos, a exemplo dos arts. 5º e 6º, da Constituição Federal de 1988, 
representam o obstáculo mais enfático contra violações de todo gênero às pessoas, bem como 
pontes concretas para o reconhecimento de novos direitos e para a garantia do acesso a bens 
essenciais à vida digna. 
Por serem assim, os direitos fundamentais estão compostos, textualmente, de maneira a revelar 
técnica legislativa aberta, isto é, em uma norma de direito fundamental não se pode encontrar a 
determinação absoluta do seu campo de incidência, senão a vereda aberta para a argumentação, 
para a exploração do possível, conforme as necessidades de uma sociedade plural, diferenciada e 
múltipla, como é a brasileira. Diferem, portanto, das regras, porquanto revelam-se, no geral, como 
normas determinadas, específicas, diretas. Encontram-se, porém, em uma mesma comunidade 
normativa. Ambas as espécies geram obrigação, obediência. Ambas ostentam imperatividade. 
Neste contexto, torna-se válido discernir entre as dimensões dos direitos fundamentais. Tais 
dimensões atuam como instrumentos teóricos por intermédio dos quais o estudioso consegue 
melhor acessar os fenômenos a que se destinam os variados direitos fundamentais e os princípios 
correlatos. 
Os direitos fundamentais são os direitos básicos que todas as pessoas possuem, reconhecidos e 
garantidos pela legislação de um determinado país ou por tratados internacionais. A classificação 
em diferentes dimensões é uma forma de entender a evolução e a abrangência desses direitos ao 
longo do tempo. 
A classificação dos direitos fundamentais em dimensões foi proposta pelo jurista alemão Karl 
Loewenstein (MORAES, 2022) e é amplamente utilizada na doutrina jurídica, assim apresentada: 
A 1ª Dimensão: direitos civis e políticos; a 2ª Dimensão: direitos sociais, econômicos e culturais; a 
3ª Dimensão: direitos difusos e coletivos; a 4ª Dimensão: direitos digitais e tecnológicos. 
Vale ressaltar que essas dimensões não são estanques e independentes, mas sim 
complementares. Os direitos fundamentais devem ser interpretados de forma integrada, levando 
em consideração as diversas dimensões para garantir uma proteção abrangente e efetiva dos 
direitos humanos em todas as esferas da vida (MORAES, 2022). 
 
O horizonte dos direitos fundamentais 
Na verdade, os direitos fundamentais comportam horizontes vários. Não se pode fechá-los em 
conceitos absolutos, irretocáveis, porque pertencem justa e necessariamente à volatilidade da 
experiência humana quanto à adjetivação da vida digna. Quando, afinal, se pode dizer estar em 
gozo de uma vida digna? Qual o sentido da dignidade para você? E para um amigo? Note que 
muitas pessoas podem dizer coisas sobre as mesmas questões e, nesse caso, em que se indaga 
o que gera dignidade para uma e para outra, todas, com efeito, estão corretas. O mesmo ocorre 
quando se pensa na importância da liberdade de expressão, religiosa, de pensamento etc. Perceba 
quão vasto é o campo de respostas possíveis para o significado dos direitos fundamentais. 
Neste quadro, a teoria dos direitos fundamentais passou por incrível evolução que, inclusive, é 
contínua. A tentativa é a de melhor compreender tais normas e o papel que desempenham nas 
sociedades contemporâneas, marcadas pelo pluralismo cultural, político, social e econômico. Os 
direitos fundamentais, portanto, são constantemente desafiados a responder aos anseios do tempo 
presente e quanto à esperança de construção de uma sociedade mais justa, livre e igualitária. 
Daí que enxergá-los em suas dimensões, permite uma visão abrangente sobre como ocorre o seu 
desenvolvimento ao longo do tempo, conforme as necessidades sociais que vão surgindo. 
A primeira dimensão engloba os direitos civis e políticos, considerados como direitos de liberdade. 
Esses direitos são voltados para a proteção das liberdades individuais e incluem a liberdade de 
expressão, liberdade de religião, liberdade de associação, direito à vida, direito à privacidade, entre 
outros. Essa dimensão enfatiza a proteção dos indivíduos contra a intervenção abusiva do Estado. 
A segunda dimensão abrange os direitos sociais, econômicos e culturais, considerados como 
direitos de igualdade. Esses direitos estão relacionados às condições materiais e sociais 
necessárias para garantir a dignidade humana. Incluem o direito ao trabalho, direito à educação, 
direito à saúde, direito à moradia, direito à segurança social, entre outros. Essa dimensão 
reconhece a importância da igualdade de oportunidades e da proteção dos grupos sociais mais 
vulneráveis. 
A terceira dimensão abarca os direitos coletivos e difusos (direito do consumidor, direito ambiental, 
por exemplo), considerados como direitos de solidariedade. Essa dimensão destaca a importância 
dos direitos que transcendem o indivíduo e se voltam para a coletividade. Incluem o direito ao meio 
ambiente saudável, direito ao desenvolvimento sustentável, direito à participação política, direito à 
autodeterminação dos povos, direito ao patrimônio cultural, entre outros. Essa dimensão busca 
garantir a justiça social e a proteção dos interesses coletivos. 
A quarta dimensão é mais recente e se refere aos direitos digitais e tecnológicos. Com o avanço da 
tecnologia e a sociedade cada vez mais conectada, surgiram novos desafios em relação à proteção 
dos direitos individuais e coletivos nesse contexto. Essa dimensão engloba questões, como a 
privacidade online, a liberdade na internet, a proteção de dadospessoais, a segurança digital, a 
inteligência artificial, entre outros. É uma dimensão que busca adaptar os direitos fundamentais ao 
ambiente digital (MOTTA, 2021; MORAES, 2022). 
Sequencialmente, as dimensões são ampliadas, para que se enxergue o diferente, o outro em sua 
singularidade, notadamente quanto à expressão cultural e de gênero – outros aspectos essenciais 
– que demandam respeito à livre designação da pessoa, consoante sua orientação íntima e sua 
caracterização social. 
Os desafios perduram e servem-nos de incentivo para continuar os estudos e refletir, sempre 
criticamente, sobre os importantes direitos fundamentais. 
 
Direitos fundamentais em contexto 
Os direitos fundamentais são intrinsecamente multidimensionais, abrangendo diferentes aspectos 
que se entrelaçam para promover a proteção e a realização plena dos direitos humanos. Vamos 
explorar essas dimensões e suas aplicações práticas nos casos de racismo, violência contra a 
mulher e de gênero, degradação do meio ambiente e direito dos povos originários. (MORAES, 
2022). 
Primeiro, quanto ao direito à igualdade e à não discriminação, no caso do racismo, esses tais 
direitos visam a proteger e promover a igualdade racial, garantindo que todas as pessoas sejam 
tratadas de forma justa, independentemente da cor da pele. Isso implica na implementação de 
políticas públicas que combatam a discriminação racial, na criação de leis que punam atos racistas 
e na promoção de uma cultura inclusiva. 
Igualmente, o Estado tem a responsabilidade de agir para prevenir, punir e erradicar a violência 
contra a mulher e as violências e preconceitos de gênero. Isso envolve a criação de leis 
abrangentes, o estabelecimento de mecanismos de denúncia e proteção, além da promoção da 
igualdade de gênero. Nestes casos, vemos a primeira dimensão (liberdade) e a segunda dimensão 
(igualdade), além de um importante aspecto de solidariedade (MOTTA, 2021). 
Ademais, no caso da degradação do meio ambiente, a dimensão temporal ganha destaque. Essa 
dimensão reconhece a necessidade de adotar medidas para enfrentar as mudanças climáticas e 
preservar os recursos naturais para as futuras gerações. Isso envolve a implementação de políticas 
ambientais, a promoção de energias renováveis e a conscientização sobre a importância da 
sustentabilidade. 
No mesmo sentido, no contexto do reconhecimento dos direitos dos povos originários no Brasil, os 
direitos fundamentais desempenham um papel crucial. Esses direitos são fundamentais para 
proteger a identidade, cultura, território e autonomia dessas comunidades. No centro desse 
reconhecimento está o direito à autodeterminação dos povos originários, que envolve o respeito à 
sua organização social, costumes, línguas e formas de vida tradicionais. 
Além disso, o direito à terra e ao território é essencial para garantir a sobrevivência física e cultural 
desses povos. O reconhecimento e a demarcação de terras indígenas são fundamentais para 
assegurar a proteção de seus direitos ancestrais e promover o desenvolvimento sustentável de 
suas comunidades. 
Outros direitos fundamentais, como o direito à consulta prévia, livre e informada, são essenciais 
para garantir a participação ativa dos povos originários em decisões que afetem seus direitos e 
interesses. Isso implica em incluí-los nas discussões e negociações sobre políticas públicas, 
projetos de desenvolvimento e medidas legislativas que possam impactar suas vidas e territórios. 
A garantia do direito à saúde, educação, cultura e igualdade também é crucial para assegurar a 
plena realização dos direitos fundamentais dos povos originários, o que invariavelmente remete à 
terceira dimensão dos direitos fundamentais, mas também à primeira e à segunda. 
E como não notar que tais dimensões atuam, como camadas sobrepostas, nos desafios 
tecnológicos contemporâneos? Nota-se como o importante aspecto da indivisibilidade dos direitos 
fundamentais ganha relevância, ao analisar implicações práticas. Não há uma preferência, senão 
uma conjunção que age em concerto em prol da dignidade humana, que é sabidamente múltipla e 
complexa. 
 
Video Resumo 
Olá! 
Pensar sobre os direitos fundamentais no contexto brasileiro é um desafio e tanto, não é mesmo? 
Por isso, foi preparado um vídeo resumo especial para você reforçar os principais pontos da aula 
e refletir um pouco mais sobre os conteúdos abordados. 
Você não pode perder essa! 
 
Saiba mais 
A teoria dos direitos fundamentais passou por um desenvolvimento profundo e significativo a partir da trágica 
experiência do nazismo e do holocausto. Esses eventos atrozes, ocorridos durante a Segunda Guerra Mundial, 
expuseram ao mundo a natureza devastadora do abuso de poder e a necessidade urgente de proteger e promover os 
direitos inalienáveis de cada indivíduo. 
O nazismo, com sua ideologia racista e genocida, lançou as bases para a reconstrução do conceito de direitos 
fundamentais. O regime nazista desumanizou milhões de pessoas com base em raça, religião, orientação sexual e 
deficiências. Essa brutalidade coletiva serviu como um alerta chocante sobre os perigos do autoritarismo e da 
intolerância. O Holocausto, com seu extermínio sistemático de seis milhões de judeus e a perseguição de outros grupos 
minoritários, tornou-se o símbolo supremo do desrespeito aos direitos humanos. 
Diante dessas atrocidades, a comunidade internacional se viu compelida a reconstruir os fundamentos dos direitos 
fundamentais, a fim de evitar que tais violações se repetissem. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada 
pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1948, representa um marco nesse processo. Ela estabeleceu um 
conjunto abrangente de direitos que deveriam ser protegidos em todo o mundo, independentemente de raça, religião, 
sexo ou nacionalidade. 
A partir desse ponto de inflexão, a teoria dos direitos fundamentais evoluiu consideravelmente. O conceito de dignidade 
humana emergiu como a pedra angular dos direitos fundamentais, reconhecendo que cada indivíduo possui um valor 
intrínseco e inalienável. Além disso, o princípio da não discriminação tornou-se uma norma central, exigindo que todos 
sejam tratados igualmente perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. 
O desenvolvimento desses direitos também abrangeu áreas como a liberdade de expressão, a liberdade de religião, o 
direito à privacidade e a proibição da tortura. A ideia de responsabilidade estatal na proteção dos direitos humanos 
também ganhou força, com os Estados sendo chamados a garantir a aplicação efetiva desses direitos e a 
responsabilização daqueles que os violam. 
A teoria dos direitos fundamentais, enriquecida pela reflexão sobre o nazismo e o holocausto, continua a evoluir à 
medida que novos desafios surgem. Questões contemporâneas, como direitos LGBTQ+, igualdade de gênero, direitos 
das pessoas com deficiência e mudanças tecnológicas, exigem uma análise constante e uma adaptação da teoria dos 
direitos fundamentais para garantir que nenhum indivíduo seja excluído ou subjugado. 
Para conhecer mais sobre o assunto, leia o capítulo 13 da obra COMPARATO, Fábio K. A afirmação histórica dos 
direitos humanos. São Paulo: Editora Saraiva, 2019. E-book. ISBN 9788553607884. 
 
Aula 4 
Direitos fundamentais na constituição de 1988 
Os direitos fundamentais correspondem a um campo fascinante do direito que abrange princípios 
essenciais para a proteção e promoção dos direitos humanos em todo o mundo. 
 
introdução 
Olá! 
Os direitos fundamentais correspondem a um campo fascinante do direito que abrange princípios 
essenciais para a proteção e promoção dos direitos humanos em todo o mundo. Os direitos 
fundamentais são as pedras angulares de qualquer sociedade democrática e justa, garantindo a 
dignidade, a liberdade e a igualdade de todos os indivíduos. Esses direitos são caracterizados por 
sua natureza universal, inalienável e indivisível. No entanto,a aplicação prática dos direitos 
fundamentais nem sempre é fácil. 
Às vezes, ocorrem colisões entre diferentes direitos, exigindo uma análise cuidadosa e equilibrada 
para resolver os conflitos. Nesses casos, é necessário realizar uma ponderação adequada, levando 
em consideração os princípios de proporcionalidade e razoabilidade. Além disso, são protegidos 
internacionalmente por meio de tratados e convenções, como a Declaração Universal dos Direitos 
Humanos e os pactos internacionais de direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais. 
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Esses instrumentos estabelecem padrões mínimos que os Estados devem respeitar e garantir aos 
indivíduos sob sua jurisdição. 
Explorar os direitos fundamentais é uma jornada muito importante que nos desafia a refletir sobre 
a natureza dos direitos humanos e sua importância na construção de sociedades justas e 
inclusivas. 
Bons estudos! 
 
A questão dos direitos fundamentais 
Direitos fundamentais são normas jurídicas dotadas de natureza principiológica, que servem para 
sustentar prestações positivas, ações concretas, assim como para assegurar legitimidade para o 
ordenamento jurídico. São normas redigidas com alto grau de abstração e generalidade, justamente 
para que permitam uma multiplicidade de alternativas, conforme a realidade demandada. Isso não 
significa que tais direitos e os princípios equivalentes sejam relativos, isto é, que absolutamente 
não tenham algo estável e minimamente tangível. Toda norma definidora de direito fundamental, 
assim como os princípios, possui um núcleo essencial, que decorre de ampla investigação 
científico-doutrinária e de aplicações em casos análogos no âmbito jurisprudencial, ou mesmo em 
virtude de interpretação sistemática pelo próprio ordenamento jurídico (COMPARATO, 2019). 
Então, nenhuma norma que contém um direito fundamental está livre, solta no ar e na história. Note 
que há uma diferença entre o texto e a norma. A norma é que decorre da interpretação do texto, 
começando por ele, em sua literalidade. Mas, há palavras que são plurissignificativas, como é o 
caso dos textos legais que tratam de direitos fundamentais, a exemplo da dignidade humana, 
liberdade, função social da propriedade etc. São inúmeras as situações que podem ser abrangidas 
pelo escopo da norma, não se limitando ao seu texto em si, até mesmo porque o próprio texto, 
nesses casos, não nos diz nada de muito preciso. Apesar disto, quando lemos que uma norma 
protege a liberdade, a expressão, a dignidade e a vida, há uma compreensão mínima a respeito do 
conteúdo desses conceitos; esse elemento interpretativo mínimo advém de valores socialmente 
compartilhados, de perspectivas históricas comuns e ordinárias, de sentidos médios da vida e 
assim por diante (FONTE, 2021). 
Perceba que, os direitos fundamentais são princípios e garantias essenciais para a proteção da 
dignidade humana, liberdade, igualdade e justiça. Eles são universais, aplicáveis a todas as 
pessoas sem discriminação. São inalienáveis, não podendo ser renunciados ou transferidos. São 
indivisíveis e interdependentes, não devendo ser tratados isoladamente. São irrenunciáveis, 
essenciais para a dignidade humana. Podem ser limitados, desde que estabelecidos por lei e 
justificados. Possuem aplicabilidade imediata, podendo ser invocados diretamente perante 
autoridades competentes. 
Mas, eventualmente, os direitos fundamentais colidem entre si, em meio a disputas jurídicas. 
Isso ocorre quando há conflito entre dois ou mais direitos, quando a realização plena de um pode 
limitar o exercício do outro. Esse dilema exige um equilíbrio entre os direitos envolvidos, 
considerando a necessidade de proteger a dignidade humana e garantir a convivência harmônica 
na sociedade. Os tribunais enfrentam o desafio de analisar cada caso de forma individualizada, 
aplicando critérios de proporcionalidade e razoabilidade para resolver conflitos e tomar decisões 
que garantam a proteção adequada de todos os direitos envolvidos, evitando arbitrariedades e 
assegurando a preservação dos valores fundamentais da sociedade. 
Por fim, os direitos fundamentais têm sua origem histórica comum no domínio dos direitos humanos, 
do que se pode dizer haver uma proteção internacional bastante robusta. Afinal, violar um direito 
fundamental é violar um direito humano. 
A proteção internacional dos direitos fundamentais ocorre por meio de tratados e convenções sobre 
direitos humanos. Esses instrumentos estabelecem normas e princípios que os Estados devem 
respeitar e garantir em suas legislações e práticas. Os tratados internacionais servem como 
referência e base para a promoção da dignidade humana, liberdade e igualdade em todo o mundo. 
Eles estabelecem padrões mínimos de proteção e criam mecanismos de monitoramento e 
responsabilização. Além disso, os tratados permitem a cooperação internacional para a promoção 
e proteção dos direitos fundamentais, fortalecendo a consciência global sobre a importância desses 
direitos. 
 
Entendendo os direitos fundamentais 
Uma das principais características dos direitos fundamentais é a universalidade, ou seja, eles se 
aplicam a todas as pessoas, independentemente de sua origem étnica, gênero, religião, idade ou 
qualquer outra característica pessoal. Por exemplo, o direito à vida é um direito fundamental que 
se estende a todos os indivíduos, independentemente de sua nacionalidade. 
Outra característica importante é a inalienabilidade, o que significa que esses direitos não podem 
ser renunciados ou transferidos. Por exemplo, ninguém pode renunciar ao direito à liberdade de 
expressão ou ao direito à não discriminação. Além disso, os direitos fundamentais são 
imprescritíveis, ou seja, não podem ser perdidos com o passar do tempo. Por exemplo, mesmo que 
alguém cometa um crime, ele ainda mantém o direito à integridade física e à proteção contra tortura 
(MICHAEL; MORLOK, 2016). 
Os direitos fundamentais também são interdependentes e indivisíveis, o que significa que estão 
todos interligados e sua violação afeta outros direitos. Por exemplo, o direito à alimentação 
adequada está relacionado ao direito à saúde, pois a falta de alimentação adequada pode levar a 
problemas de saúde. Essas características dos direitos fundamentais são essenciais para garantir 
a proteção dos direitos humanos e a promoção da justiça e da igualdade em uma sociedade. Ao 
reconhecer e respeitar esses direitos, os países contribuem para a construção de um mundo mais 
justo e inclusivo. 
Mas, os direitos fundamentais também apresentam desafios. Eles colidem entre si em variadas 
situações. Algo normal, porém complexo. Como resolver essa questão, se os direitos fundamentais 
não são tão específicos como uma regra qualquer, Afinal, diante de um cenário em que uma regra 
pode ser aplicada, ou será a regra X ou a regra Y? Se houve um conflito, resolve-se pelas formas 
tradicionais: critério hierárquico (a regra de grau superior prevalece sobre uma de grau inferior); 
critério da antiguidade (regra anterior prevalece em relação à posterior); critério da especialidade 
(regra especial prevalece sobre de caráter geral), e assim por diante. No caso dos direitos 
fundamentais, isso não é possível, pois outros critérios devem ser utilizados (MICHAEL; MORLOK, 
2016). 
A colisão entre direitos fundamentais ocorre quando o exercício pleno de um direito entra em conflito 
com outro direito igualmente legítimo. Por exemplo, o direito à liberdade de expressão pode colidir 
com o direito à privacidade, quando uma informação pessoal sensível é divulgada publicamente. 
Nesses casos, é necessário encontrar um equilíbrio que garanta a proteção de ambos os direitos. 
Isso pode envolver a aplicação de critérios, como a proporcionalidade, necessidade e 
razoabilidade. A proporcionalidadeexige que a restrição imposta a um direito seja proporcional à 
importância do outro direito em jogo. A necessidade exige que a restrição seja estritamente 
necessária para atingir um objetivo legítimo. A razoabilidade envolve uma análise objetiva sobre a 
razoabilidade da restrição em uma sociedade democrática. 
Um exemplo clássico dessa colisão ocorre no debate entre liberdade de expressão e discurso de 
ódio. Enquanto a liberdade de expressão é um direito fundamental, o discurso de ódio pode causar 
danos e violar o direito à dignidade e igualdade de certos grupos. Nesse contexto, os sistemas 
jurídicos buscam encontrar um equilíbrio que permita a expressão livre, mas também proteja os 
indivíduos contra danos e discriminação. 
 
Direitos fundamentais em ação 
A temática da colisão entre direitos fundamentais é um desafio complexo e recorrente no campo 
dos direitos fundamentais e mesmo no campo dos direitos humanos, de natureza similar, quando 
em julgamento pelos tribunais brasileiros e no âmbito de cortes internacionais de direitos humanos. 
Muitas vezes, diferentes direitos fundamentais podem entrar em conflito, exigindo uma análise 
cuidadosa para encontrar soluções equilibradas. 
A colisão entre direitos fundamentais é uma questão desafiadora, exigindo uma análise cuidadosa 
e uma abordagem contextual. É necessário considerar o impacto das decisões sobre os diferentes 
direitos e encontrar soluções que promovam a harmonia e a coexistência dos direitos fundamentais 
em uma sociedade democrática e pluralista. 
Ganham destaque os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, porque contribuem para 
resolver conflitos entre direitos fundamentais. 
O princípio da proporcionalidade exige que a restrição imposta a um direito seja proporcional à 
importância do outro direito em jogo. Isso significa que a restrição deve ser necessária e adequada 
para alcançar o objetivo legítimo buscado, evitando medidas excessivas ou desnecessárias que 
prejudiquem de forma desproporcional um dos direitos em disputa. Já o princípio da razoabilidade 
envolve uma análise objetiva sobre se a restrição imposta é razoável em uma sociedade 
democrática. Isso implica considerar fatores como a natureza dos direitos envolvidos, o contexto 
em que ocorre a colisão, as consequências das diferentes decisões e as alternativas disponíveis. 
Ao aplicar esses princípios, os sistemas jurídicos buscam encontrar soluções que minimizem os 
conflitos e protejam, na medida do possível, a efetiva fruição dos direitos fundamentais em questão. 
Essa análise envolve uma avaliação cuidadosa de cada caso, levando em consideração as 
circunstâncias específicas e os valores em jogo. 
É importante destacar que a aplicação desses princípios pode variar de acordo com o contexto e a 
jurisdição, pois cada sistema legal pode adotar abordagens diferentes. No entanto, em geral, o 
objetivo é buscar um equilíbrio razoável e proporcional que preserve a essência dos direitos 
envolvidos, promovendo a coexistência e a harmonia dos direitos fundamentais na sociedade. 
Note, a seguir, outros potenciais conflitos: 
a) Liberdade religiosa versus igualdade de gênero, por exemplo, quando práticas religiosas 
discriminam mulheres, restringindo seu acesso à educação, trabalho ou autonomia. Nesses casos, 
é necessário encontrar um equilíbrio que respeite a liberdade religiosa, mas também proteja o 
direito das mulheres à igualdade. 
b) Direito à privacidade versus segurança pública: medidas de vigilância em massa podem interferir 
na privacidade das pessoas, enquanto buscam prevenir ameaças à segurança. Encontrar um 
equilíbrio adequado entre esses direitos é um desafio complexo. 
c) Direito à liberdade de expressão versus proteção da honra e reputação: discursos difamatórios 
ou injuriosos podem violar o direito de alguém à dignidade e integridade pessoal. Nesses casos, é 
necessário encontrar soluções que preservem a liberdade de expressão, mas também estabeleçam 
limites para evitar danos à reputação alheia. 
d) Direito à liberdade de imprensa versus privacidade de indivíduos: A divulgação de informações 
pessoais sensíveis sem consentimento pode violar a privacidade de pessoas envolvidas. Nesses 
casos, os tribunais, muitas vezes, precisam ponderar os interesses em jogo e determinar se há um 
interesse público legítimo que justifique a divulgação da informação. 
Como se percebe, muitas são as possibilidades e as alternativas. A construção da decisão deve se 
pautar, portanto, por argumentação racional, que indique a legitimidade da medida imposta, 
buscando sempre alguma forma para que não se sejam afastados os direitos, porém conformados, 
para conviverem em harmonia. 
Não há, porém, uma decisão apenas. Esses casos difíceis (hard cases), demandam sempre 
bastante cautela e esforço. 
Video Resumo 
Olá! 
Você está convidado a assistir a um vídeo resumo abordando os temas dos direitos fundamentais 
e das colisões entre eles. Neste vídeo, você encontrará uma síntese dos conceitos fundamentais e 
exemplos práticos de situações em que esses direitos entram em conflito, bem como sobre a 
proteção internacional dos direitos fundamentais. Essa é uma excelente oportunidade para 
aprofundar seus conhecimentos sobre direitos humanos e compreender como essas questões 
complexas são tratadas. Não perca a chance de ampliar seu entendimento nessa área 
fundamental. 
 
Saiba mais 
A técnica da ponderação de direitos fundamentais, criada pelo jurista alemão Robert Alexy, é um importante instrumento 
utilizado na resolução de colisões entre direitos fundamentais. Essa abordagem busca encontrar um equilíbrio razoável 
entre os direitos em conflito, considerando suas particularidades e importâncias relativas. 
Segundo Alexy, a ponderação envolve uma análise cuidadosa dos princípios e valores envolvidos em cada direito em 
disputa. Cada direito é avaliado em termos de sua força normativa, peso ou importância, levando em consideração seu 
impacto na sociedade e a relevância dos interesses protegidos. 
A técnica da ponderação requer uma análise contextual e proporcional. Os elementos a serem considerados incluem 
a natureza dos direitos em conflito, os interesses em jogo, a extensão da interferência em cada direito e as 
consequências das diferentes decisões. 
Dessa forma, a ponderação busca estabelecer uma solução que maximize a proteção dos direitos fundamentais, 
levando em conta as circunstâncias específicas do caso. Ela permite uma análise flexível e adaptável, considerando 
as nuances de cada situação e evitando soluções rígidas e inflexíveis. 
A técnica da ponderação de direitos fundamentais tem sido amplamente adotada em diversos sistemas jurídicos ao 
redor do mundo, contribuindo para uma abordagem mais equilibrada e justa na resolução de conflitos entre direitos. 
Ela desempenha um papel crucial na promoção da justiça e na proteção dos direitos humanos em sociedades 
democráticas. 
Para conhecer um pouco sobre a teoria desse pensador, consulte a obra: ANDRÉA, Fernando de. Robert Alexy - 
Introdução Crítica. São Paulo: Grupo GEN, 2013. E-book. ISBN 978-85-309-5053-8. 
 
Aula 5 
Revisão da unidade 
 
Estado, Governo e direitos fundamentais à luz da Constituição Federal de 1988 
Ao longo do seu estudo, você descobriu e aprendeu uma série de conceitos importantes, 
principalmente para as noções de Estado, Governo e direitos fundamentais – verdadeiramente o 
coração do direito público brasileiro. E mais! Tudo à luz da Constituição Federal de 1988. 
O Estado acha-se estruturado a partir de um texto fundamental, que é a Constituição. Esse 
documento tem caráter jurídico, político, social e econômico e funda as bases da nação. 
Os governos dizem respeito à maneira pela qual ocorre a gestão dos interesses coletivos, dentro 
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de um determinadoEstado. Afinal, fixada a estrutura mínima do Estado, é preciso que haja 
mecanismos para que o poder possa ser exercido. Nesse sentido, você estudou duas formas 
principais de governo: a república, que presume alternância do exercício do poder e separação 
entre a esfera pública e privada; e a monarquia, na qual o poder é passado por hereditariedade 
(MALUF, 2022). 
Tanto uma quanto a outra forma admitem composição com o regime democrático, que se funda na 
ideia de que o poder pertence ao povo, que indica o que deve ser feito, quanto aos rumos dos seus 
interesses comuns. Aliás, você também viu que, do ponto de vista do relacionamento do governo 
com o poder legislativo, dentro do Estado, pode-se adotar ou o sistema presidencialista, com um 
presidente eleito por meio do voto, para chefiar tanto o governo, como o Estado, tal como ocorre 
no Brasil, ou o sistema parlamentarista, no qual a indicação do chefe de governo parte do 
parlamento. Novamente, variadas combinações entre as formas e sistemas de governo são 
possíveis. O importante é perceber a importância de o governo atuar com base em uma 
Constituição. 
O referido documento tem um papel nuclear, pois limita o poder estatal e assegura direitos e 
garantias fundamentais. A Constituição Federal de 1988, por exemplo, pode ser classificada, 
principalmente, como uma constituição analítica (porque trata os assuntos com especificidade), 
formal (toda norma em seu texto tem natureza constitucional), dirigente (pois estabelece programas 
a serem cumpridos pelo Estado), dogmática (porque elaborada de uma só vez) e promulgada (pois 
seu processo de aprovação ocorreu em bases democráticas). 
A Constituição apresenta, ainda, direitos fundamentais, que construídos historicamente podem ser 
vistos em diferentes dimensões, porém complementares, desde os direitos civis e políticos, 
passando pelos direitos sociais, direitos difusos e coletivos e direitos tecnológicos, respectivamente 
a primeira, segunda, terceira e quarta dimensões mencionadas (MORAES, 2022). 
Direitos fundamentais instituem situações jurídicas ativas titularizadas pelas pessoas, à luz da 
dignidade humana. Têm natureza principiológica, pois servem de horizonte para a aplicação do 
ordenamento jurídico-positivo como um todo. 
Tais direitos podem, eventualmente, colidir entre si. Mas não há hierarquia entre eles, pois são, ao 
mesmo tempo, universais, indivisíveis, irrenunciáveis, inalienáveis e limitados uns pelos outros, 
conforme a situação. A resolução de tais conflitos depende da aplicação de métodos diferenciados, 
como o da proporcionalidade, no qual se verifica a necessidade e adequação da restrição a um 
direito fundamental em prol de outro, contraposto na situação concreta. O desafio é o de sempre 
conformar os interesses, privilegiando a máxima observância dos direitos fundamentais envolvidos. 
Por fim, os direitos fundamentais têm origem nos direitos humanos, que possuem especial proteção 
não apenas no plano interno, mas no plano internacional, por meio de convenções e tratados 
internacionais que se baseiam na dignidade humana, como valor intrínseco e inegociável. 
 
Revisão da unidade 
Olá! 
Você está no momento de revisão da unidade, na qual abordamos importantes temas relacionados 
às formas e sistemas de governo, classificação e estrutura da Constituição Federal de 1988 e os 
direitos fundamentais. Agora, é o momento ideal para reforçar e consolidar os conhecimentos 
adquiridos ao longo dessa jornada de aprendizado. 
Pensando nisso, convidamos você a assistir ao vídeo resumo da unidade, que aborda de maneira 
objetiva e clara os pontos principais discutidos até o momento. Por meio desse recurso visual, você 
terá a oportunidade de revisar os conceitos-chave, as características dos diferentes sistemas de 
governo, as principais estruturas da Constituição Federal e a importância dos direitos fundamentais 
na sociedade contemporânea. 
Aproveite essa chance para recapitular o conteúdo, reforçar sua compreensão e fortalecer sua base 
de conhecimentos. Assista ao vídeo resumo e se prepare para aplicar essas informações em 
futuras reflexões e debates sobre política, direito e cidadania. 
Bons estudos e até breve! 
 
ESTUDO DE CASO 
Para contextualizar sua aprendizagem, suponha que, em uma cidade fictícia, vive a família 
Silva, conhecida por sua forte religiosidade, sendo que os Silva são praticantes da religião 
denominada "X". 
Os Silva possuem um filho de 17 anos, chamado João, que foi diagnosticado com uma doença 
grave e precisa urgentemente de uma transfusão de sangue para sobreviver. No entanto, a religião 
X" proíbe seus seguidores de receberem transfusões de sangue, alegando que isso viola seus 
preceitos religiosos. 
Os médicos afirmam que, se João não receber a transfusão de sangue, há um alto risco de ele não 
sobreviver à doença. A família Silva está profundamente dividida, com alguns membros 
argumentando que a vida de João deve ser preservada a qualquer custo, enquanto outros 
acreditam que seguir os preceitos religiosos é mais importante, mesmo que isso signifique a morte 
de João. 
A questão que se coloca é a colisão entre o direito à liberdade religiosa da família Silva e o direito 
à vida de João. A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, estabelece tanto a liberdade 
religiosa quanto o direito à vida como direitos fundamentais. 
Além disso, é importante considerar as características dos direitos fundamentais, como sua 
natureza essencial para a dignidade humana e sua limitação pelos direitos de terceiros. A 
Constituição prevê que esses direitos podem sofrer restrições quando necessário para proteger 
outros direitos fundamentais, como é o caso do direito à vida. 
Nesse contexto, você é consultado a emitir um breve parecer jurídico a respeito, enfrentando a 
colisão entre esses direitos fundamentais, e a buscar uma solução que leve em consideração os 
princípios constitucionais e a importância em proteger a vida de João. O objetivo é mobilizar os 
conhecimentos sobre a liberdade religiosa, o direito à vida, as características dos direitos 
fundamentais e a Constituição Federal para desenvolver uma análise argumentativa coerente e 
fundamentada. 
 
Reflita 
O conhecimento acerca das técnicas de ponderação é de extrema importância para a resolução de 
conflitos entre direitos fundamentais. Nesse caso, é comum encontrarmos situações em que esses 
direitos entram em conflito, o que demanda uma análise cuidadosa para encontrar uma solução 
equilibrada e justa. 
A ponderação consiste em um processo de avaliação dos direitos em conflito, levando em 
consideração sua importância, alcance e impacto nas circunstâncias específicas do caso em 
questão. É uma ferramenta que permite realizar uma análise criteriosa, considerando os princípios 
e valores envolvidos, além das consequências da decisão. 
Ao utilizar as técnicas de ponderação, é possível estabelecer critérios objetivos para a resolução 
de conflitos, evitando decisões arbitrárias ou desproporcionais. Elas permitem uma análise 
aprofundada dos argumentos e interesses em jogo, proporcionando uma base sólida para a tomada 
de decisão. 
Além disso, a utilização dessas técnicas contribui para uma abordagem mais consistente e coerente 
na aplicação dos direitos fundamentais. Permite que os operadores do direito, como juízes e 
juristas, considerem a complexidade das situações concretas e ponderem os valores em jogo, 
garantindo a proteção efetiva dos direitos sem negligenciar outros aspectos relevantes. 
Por fim, a ponderação também promove a justiça e a igualdade, pois permite que cada caso seja 
analisado individualmente, levando em consideração suas peculiaridades. Isso possibilita a busca 
por soluções que sejam mais justas e adequadas às particularidades de cada conflito, respeitando 
a dignidade e os interesses de todas as partes envolvidas. 
 
Resolução do Estudo de Caso 
Diante da colisão entreo direito à liberdade religiosa da família Silva e o direito à vida de João, é 
fundamental buscar uma solução que concilie esses direitos fundamentais, levando em 
consideração os princípios constitucionais e a importância em preservar a vida do indivíduo. Para 
isso, algumas abordagens podem ser consideradas. 
Primeiramente, é importante ressaltar que a Constituição Federal de 1988 garante tanto o direito à 
liberdade religiosa quanto o direito à vida como direitos fundamentais. Ambos são essenciais para 
a dignidade humana e devem ser protegidos. No entanto, é necessário considerar que nenhum 
direito é absoluto e ilimitado. Em situações de conflito, é preciso buscar um equilíbrio entre eles, 
priorizando a proteção da vida quando estiver em risco. 
Uma possível solução seria a intervenção do Estado por meio do Poder Judiciário. Os juízes, ao 
analisarem o caso, poderiam considerar os direitos em questão e aplicar o princípio da ponderação, 
que consiste em avaliar a importância e o peso de cada direito em confronto. Nesse contexto, o 
direito à vida de João, que está em perigo iminente, poderia ser considerado preponderante, 
justificando a realização da transfusão de sangue mesmo contra a vontade da família Silva, em 
nome da preservação da vida. 
Outra abordagem seria a busca de um diálogo interno na família Silva. É importante reconhecer 
que a religião exerce uma influência significativa na vida das pessoas e que a decisão de aceitar 
ou não a transfusão de sangue é uma escolha pessoal e individual. Nesse sentido, membros da 
família poderiam buscar um consenso, ponderando a importância da religião e a necessidade de 
preservar a vida de João. Esse diálogo interno pode levar à conscientização de que a vida deve 
ser priorizada e que, em casos extremos, pode ser necessário renunciar a certos preceitos 
religiosos para garantir a sobrevivência. 
Além disso, é fundamental promover ações de conscientização e educação sobre os direitos 
fundamentais, incluindo a liberdade religiosa e o direito à vida. O Estado, em parceria com 
organizações da sociedade civil, poderia desenvolver campanhas e programas educativos para 
informar as pessoas sobre a importância desses direitos, esclarecer possíveis conflitos e promover 
o respeito mútuo entre diferentes convicções religiosas. 
Em síntese, a resolução da situação proposta envolve a busca de soluções que considerem a 
proteção da vida como valor primordial, mesmo diante da colisão com o direito à liberdade religiosa. 
Essas soluções podem envolver a intervenção do Poder Judiciário, o diálogo interno na família e a 
conscientização sobre os direitos fundamentais. Dessa forma, é possível promover uma abordagem 
equilibrada, que respeite os direitos das pessoas envolvidas e assegure a preservação da vida em 
situações de extrema gravidade. 
 
Resumo Visual 
Direitos Fundamentais 
Dignidade humana 
Natureza principiológica 
Titularidade universal 
Legitimam o ordenamento jurídico 
Definem situações ativas 
Partem dos direitos humanos 
Típicos de Constituições republicanas e 
democráticas 
Não há hierarquia entre eles 
Em caso de conflito, usa-se a ponderação
 
 
 
 
Aula 1 
Os direitos individuais e coletivos 
Você já ouviu falar em direitos fundamentais e garantias individuais? Abordaremos esses temas 
nesta nossa aula. 
 
introdução 
Olá, estudante! 
Você já ouviu falar em direitos fundamentais e garantias individuais? Abordaremos esses temas 
nesta nossa aula. 
Falaremos, em específico, sobre o direito à liberdade, o direito à igualdade e o direito ao devido 
processo legal. 
Esses direitos que hoje se encontram em nosso ordenamento jurídico receberam influência da 
sociedade Pós-Revolução Francesa, traduzidos nos lemas liberdade, igualdade e fraternidade, e 
estão previstos na Constituição Federal, possuindo vários desdobramentos. 
O direito à liberdade divide-se em várias espécies, como liberdade de manifestação de 
pensamento, liberdade de expressão, liberdade de consciência, crença e culto, liberdade de 
locomoção, dentre tantas outras. 
Já o direito à igualdade é classificado em igualdade material e igualdade formal. 
Por fim, o princípio do devido processo legal, além de ser um princípio fundamental, trata-se de 
garantia processual. 
Confira nosso material e venha aprender mais sobre o tema. 
 
Direito de igualdade, direito de liberdade e direito ao devido processo legal 
Nesta aula, abordaremos alguns direitos e garantias individuais, dentre eles o direito de liberdade, 
direito de igualdade e o direito ao devido processo legal. 
Antes, contudo, é importante entendermos como se deu a evolução dos direitos fundamentais e 
das garantias individuais até se chegar ao que temos hoje no ordenamento jurídico brasileiro. 
Os direitos fundamentais são classificados em gerações ou dimensões de direitos, e sofreram fortes 
influências da sociedade Pós-Revolução Francesa, a partir dos lemas de liberdade, 
igualdade e fraternidade. 
Os direitos fundamentais de 1ª Geração ficaram conhecidos como o direito às liberdades 
individuais, relacionados ao absenteísmo estatal, ou seja, o Estado não poderia intervir nas 
liberdades dos indivíduos. Nesse passo, pregava-se uma maior autonomia, sem intervenção 
estatal, nas garantias dos direitos políticos, direitos civis e liberdades públicas. Aqui destacam-se o 
direito à vida, à liberdade, à propriedade, à liberdade de expressão, à participação política e 
religiosa, à inviolabilidade de domicílio, à liberdade de reunião, entre outros. 
Por outro lado, nos direitos fundamentais de 2ª Geração, o Estado passa a intervir para a garantia 
de maior igualdade entre os indivíduos. Trata-se de direitos sociais, econômicos e culturais que, 
para alcançar as populações, necessita da criação de políticas públicas pelo poder estatal. 
Os direitos fundamentais de 3ª Geração são os direitos difusos e coletivos, como, por exemplo, o 
direito ao meio ambiente saudável, à proteção do patrimônio público histórico e cultural, entre 
outros, decorrentes do intenso crescimento da globalização. Assim, diante do crescimento mundial, 
o Estado passou a se preocupar com o bem-estar social. 
Já os direitos fundamentais de 4ª Geração são dos direitos à democracia, à informação e ao 
pluralismo, enquanto, na 5ª Geração, tem-se a defesa da paz. 
LENZA (2023, p. 559) traça algumas distinções entre direitos e garantias fundamentais. Para o 
autor, os direitos e deveres individuais e coletivos são espécies do gênero direitos e garantias 
fundamentais. Nesse passo, “direitos são bens e vantagens prescritos na norma constitucional, 
enquanto as garantias são instrumentos dos quais se assegura o exercício dos aludidos direitos”. 
Quando se fala em direito à liberdade, é importante destacarmos que ela se manifesta de várias 
formas no texto da Constituição Federal de 1988. Temos, por exemplo, a liberdade de manifestação 
de pensamento (art. 5º, IV e V, CF/88), a liberdade de consciência, crença e culto (art. 5º, VI a VIII, 
CF/88), a liberdade de atividade intelectual, artística, científica ou de comunicação (art. 5º, IX e X, 
CF/88), liberdade de profissão (art. 5º, XIII, CF/88), liberdade de informação (art. 5º, XIV e XXXIII, 
CF/88), liberdade de locomoção (art. 5º, XV, CF/88), Direito de reunião (art. 5º, XVI, CF/88), Direito 
de associação (art. 5º, XVII, XXVIII, XIX, XX e XXI, CF/88), dentre tantos outros. 
Já no que se refere ao direito à igualdade, a Constituição Federal consagra que todos são iguais 
perante a lei, sem qualquer distinção, a não ser nos casos previstos pelo próprio texto 
constitucional. Aqui, a doutrina classifica a igualdade em material e formal, e encontra previsão em 
vários artigos na Constituição Federal. Algumas dessas igualdades serão estudadas de forma mais 
detalhada. 
Por último, a direito ao devido processo legal encontra previsão no art. 5º, LIV e LV, da CF/88, 
decorrendo dele o direito ao contraditórioa à ampla defesa. 
 
Direito de igualdade, direito de liberdade e direito ao devido processo legal 
Vamos aprofundar nossos estudos sobre o direito de igualdade, direito de liberdade e direito ao 
devido processo legal. Começaremos falando sobre o direito de igualdade e a doutrina que 
classifica a igualdade em material e formal. 
A igualdade formal é aquela descrita pela própria lei, enquanto a igualdade material diz respeito à 
não discriminação arbitrária, devendo o Estado promover igualdade de oportunidades entre os 
indivíduos, elaborando leis e políticas públicas que tendem a diminuir as desigualdades sociais 
existentes. 
Quando falamos em igualdade material, é importante destacar que tal igualdade se encontra 
prevista em vários artigos no texto constitucional e, em especial, no caput do art. 5º, que diz serem 
todos “iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade”. O inciso I do art. 5º continua dizendo que “homens e mulheres são 
iguais em direitos e obrigações”. 
Nesse passo, veja-se que, caso necessário, é a própria Constituição Federal quem poderá 
estabelecer distinções entre os indivíduos, não cabendo a nós qualquer tipo de discriminação. 
Exemplo disso são as condições mais favoráveis às mulheres nas regras sobre aposentadoria (art. 
40, III, e art. 201, § 7º, I e II, CF/88), a diferença entre a licença maternidade e a licença paternidade 
(art. 7º, XVIII e XIX, CF/88), dentre outras distinções. 
Dessa forma, percebe-se que o direito à igualdade não é absoluto, pois o próprio poder constituinte 
traça algumas distinções que se traduzem em desigualdades entre alguns indivíduos. 
Da mesma forma que o direito à igualdade não é absoluto, o direito à liberdade também não é. 
Vamos entender um pouco como a Constituição Federal trata a liberdade de manifestação de 
pensamento prevista no art. 5º, IV e V. 
A manifestação de pensamento diz respeito à exteriorização de ideias e pensamentos, individual, 
coletiva ou institucional, não podendo o Estado impor qualquer tipo de censura ou licença. Trata-
se de um direito que a doutrina afirma ser a base sagrada de qualquer democracia (MUZY, 2023, 
p. 233). 
A liberdade de manifestação de pensamento, em conjunto com outros dispositivos, assegura a 
chamada liberdade de expressão, seja artística, de ensino e pesquisa, seja com uso da 
comunicação ou da informação ou, ainda, religiosa. 
Ocorre que a liberdade de expressão tem sido objeto de constante discussão perante o Supremo 
Tribunal Federal e, com o argumento de defender o Estado Democrático, a nossa Suprema Corte 
não tem admitido os chamados “discursos de ódio” sob qualquer hipótese. 
Nessa seara, enquanto guardião da Constituição Federal, cabe ao Supremo Tribunal Federal 
estipular alguns limites no uso da liberdade de expressão para garantia de uma perfeita ordem 
pública. 
Diferentemente do que ocorre com o direito à igualdade e o direito à liberdade, as regras para o 
direito ao devido processo legal são absolutas, isso porque se traduzem em garantias processuais 
individuais que, caso sejam inobservadas, gerarão nulidades processuais absolutas. 
Assim, por exemplo, a inobservância de prazos, fases processuais, regras processuais de 
impedimentos e suspeição, poderão gerar nulidades processuais, retornando o processo ao status 
anterior ao ato processual viciado, levando a uma ineficaz prestação jurisdicional. 
 
Direito de igualdade, direito de liberdade e direito ao devido processo legal 
Ainda falando sobre o direito à igualdade, o Poder Público tem criado ações afirmativas, também 
chamadas de discriminações positivas, como medidas de compensação, buscando proporcionar 
oportunidades iguais a alguns grupos de pessoas que por gerações sofreram intensas 
desigualdades. 
Dentre as políticas públicas de afirmação, podemos destacar uma muito importante, e que já gerou 
inúmeras discussões perante o Supremo Tribunal. Trata-se das políticas de cotas étnico-raciais 
para seleção de estudantes nas universidades públicas. 
Importante mencionar que o Supremo Tribunal Federal reconheceu ser possível que universidades 
públicas se utilizem de ações afirmativas para alcançar grupos sociais determinados, distribuindo 
certas vantagens, para permitir a “suplantação de desigualdades ocasionadas por situações 
históricas particulares” (Inf. 663/STF). 
A partir dessa importante decisão, foi editada a Lei n. 12.990/2014 que reserva aos negros 20% 
das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos 
públicos no âmbito da administração pública federal. Tal lei foi reconhecida como constitucional 
pelo Supremo Tribunal Federal. 
A Lei Maria da Penha é outra medida afirmativa que encontra fundamento no princípio da igualdade 
e no combate ao desprezo às famílias (LENZA, 2023, p. 570). 
Continuando nossos estudos sobre o direito à liberdade, vamos falar sobre a liberdade de 
consciência, crença e culto prevista no art. 5º, VI a VIII, da CF/88. Nela, é assegurada a 
inviolabilidade da liberdade de consciência e de crença, sendo ainda assegurado o livre exercício 
de cultos religiosos. 
Com base nessas garantias, podemos destacar alguns desdobramentos: 
• É possível a ministração de disciplina de Ensino Religioso nas escolas, desde que não tenha 
natureza confessional, cuja matrícula será facultativa, observando o respeito à diversidade cultural 
do país (art. 210, CF/88). 
• É possível a criação, por meio de lei, de feriados religiosos, diante de seu caráter histórico-cultural. 
• É possível que o casamento religioso tenha efeito civil e poderá ser realizado perante autoridade 
religiosa (art. 226, CF/88). 
• A transfusão de sangue nas Testemunhas de Jeová é tema sensível e tem gerado muita discussão 
perante o Supremo Tribunal Federal. Em geral, a Suprema Corte decidiu que a recusa na transfusão 
de sangue somente será válida se houver o consentimento genuíno, que se traduz nos seguintes 
requisitos: a) somente poderá ser recusada pelo titular do direito; b) o consentimento deverá ser 
livre, sem influência externa; e, c) o consentimento terá de ser informado. Quanto aos menores, a 
discussão ainda possui várias controvérsias, por ausência do consentimento genuíno. 
Concluindo nosso estudo, ainda sobre o direito ao devido processo legal, é importante ressaltar 
que não se aplica ao Inquérito Policial, por se tratar de garantia prevista para processos 
administrativos e processos judiciais. 
Logo, insta esclarecer que o Inquérito Policial não se trata de processo administrativo, mas de 
procedimento administrativo, de natureza inquisitiva, já que não há que se falar em contraditório e 
ampla defesa nessa fase investigativa, cuja finalidade é a colheita de elementos de provas quanto 
à autoria e materialidade delitiva. 
O delegado que preside o Inquérito Policial não profere qualquer decisão ou soluciona a lide. Sua 
função é meramente informativa, para subsidiar o Ministério Público quanto ao oferecimento ou não 
da denúncia nos crimes de ação penal pública. 
 
Video Resumo 
Nesta aula, você aprendeu alguns aspectos importantes sobre o Direito Público, dentre eles, 
estudamos o direito à liberdade, o direito à igualdade e o direito ao devido processo legal. 
Vimos a evolução dos direitos fundamentais e os seus desdobramentos no ordenamento jurídico 
brasileiro. 
Você também aprendeu que, embora estejam previstas na Constituição Federal, as regras de 
alguns direitos e garantias fundamentais não são absolutas. 
 
Saiba mais 
Para aprofundar seu conhecimento, indico a leitura do Capítulo 9 da obra de Gustavo Muzy, intitulada Direito 
Constitucional Decifrado, que fala sobre a Teoria Geral dos direitos e garantias fundamentais. 
 
Aula 2 
Os direitos sociais 
Você já ouviu falar em direitos3. Direito Tributário: regula a instituição, arrecadação e fiscalização dos tributos, que são 
contribuições financeiras exigidas pelo Estado. 
Todos esses ramos do Direito Público estão relacionados com o seu objeto, que é a regulação das 
relações jurídicas que envolvem o Estado e a sociedade. 
Compreendendo o Direito Público na prática 
Considerando que o Direito Público trata das questões que envolvem a organização, funcionamento 
e atuação do Estado na sociedade, ele está muito presente no nosso cotidiano. Questões de 
interesse público envolvem desde a discussão e votação em torno das leis no Poder Legislativo, a 
execução de políticas públicas importantes para o desenvolvimento social, como a criação de 
Escolas, Hospitais e Programas de Combate à Pobreza e à discriminação social, até mesmo o 
controle e a regulação do Poder Público de atividades de interesse geral, como os serviços de 
segurança pública ou de fornecimento de água, energia elétrica, esgoto, dentre outros. Todos esses 
exemplos práticos demonstram o funcionamento do Estado e das relações jurídicas entre ele e os 
cidadãos, devendo atuar na realização da finalidade pública, definida por lei. 
Por se tratar de um tema amplo, o Direito Público se desdobra em diversas ramificações, como o 
Direito Constitucional, o Direito Administrativo, o Direito Tributário, dentre outras. Para entendermos 
melhor, podemos citar alguns exemplos práticos em cada um deles. 
1. Direito Constitucional: é uma das principais áreas do Direito Público e envolve a organização do 
Estado e a proteção dos direitos fundamentais. Como exemplos, temos o processo legislativo que 
se trata justamente das regras da produção de leis no país pelo Poder Legislativo, a execução de 
políticas públicas de saúde e educação pelo Poder Executivo, assim como a proteção dos direitos 
fundamentais dos povos indígenas em caso de violação ou a discussão sobre os limites da 
liberdade de expressão como em casos de discursos racistas ou homofóbicos. Segundo Luís 
Roberto Barroso (2019), a liberdade de expressão é um direito fundamental e essencial para o 
funcionamento da democracia, mas esse direito não é absoluto e pode sofrer limitações, como é o 
caso de discursos de ódio. 
2. Direito Administrativo: é a área que regula a atuação do Estado na sua função administrativa, 
incluindo a prestação de serviços públicos. Um exemplo prático é o processo de licitação para 
contratação de compras, obras e serviços pelo Poder Público que deve seguir regras e critérios 
definidos em lei e no edital, de modo a garantir a transparência e o uso adequado de recursos 
públicos. Segundo Meirelles (2015), a licitação é um procedimento administrativo obrigatório para 
a contratação de serviços e obras pelos órgãos públicos. 
Outro exemplo é a restrição que o Estado faz da liberdade dos indivíduos em prol de uma 
convivência em sociedade, de modo a aplicar multas em casos de não cumprimento de certas 
normas, como ocorre com o imóvel construído sem licença ambiental, o que poderia causar 
prejuízos ao meio ambiente ou como ocorre com o restaurante que não cumpre normas sanitárias. 
É dever da Administração Pública fiscalizar as atividades do setor privado que violem normas 
públicas, justamente em prol do interesse público. 
3. Direito Tributário: é uma área do direito que regula as relações entre o Estado e seus 
contribuintes. Uma situação prática é a cobrança de impostos, como o Imposto de Renda e o ICMS. 
Caso o contribuinte não pague esses impostos de forma regular, ele poderá sofrer sanções legais, 
como a inclusão em dívida ativa ou cobrança judicial. Segundo Sacha Calmon (2019), o Direito 
Tributário é uma das áreas mais complexas e dinâmicas do direito, pois está em constante evolução 
em função das mudanças na economia e na sociedade. 
 
Video Resumo 
Olá, estudante! Você já parou para pensar na diferença entre o Direito Público e o Direito Privado? 
Sabia que cada um possui uma área específica de atuação e que suas ramificações são bastante 
distintas? Neste vídeo resumo, você verá as principais características do Direito Público, sua 
diferença do Direito Privado e suas ramificações, o que é essencial para entender as normas que 
regem as relações entre o Estado e os cidadãos. 
 
Saiba mais 
Para aprofundar o aprendizado sobre a atuação do Estado, objeto do Direito Público, uma indicação interessante é o 
artigo Uma definição de interesse público e a priorização de direitos fundamentais, de Salomão Ismail Filho, que pode 
ser encontrado no link 
Nesse texto, o autor verifica que, em razão da generalidade do termo interesse público, há uma necessidade de melhor 
definição da expressão a fim de possibilitar uma interpretação adequada do termo com o objetivo de afirmação dos 
direitos fundamentais. 
Certamente o texto ajudará na aquisição de um conhecimento ainda mais profundo sobre o tema discutido em nossa 
aula. Bons estudos! 
 
Aula 2 
A formação do estado nação 
Nesta aula, abordaremos o modo como a política era organizada antes da Modernidade, a 
construção histórica do chamado Estado Nação e seus elementos constituintes, tais como território, 
soberania e povo. 
 
introdução 
Olá, estudante! 
Nesta aula, abordaremos o modo como a política era organizada antes da Modernidade, a 
construção histórica do chamado Estado Nação e seus elementos constituintes, tais como território, 
soberania e povo. Compreender essa construção é fundamental para a compreensão do mundo 
contemporâneo, pois o Estado-Nação é uma das principais formas de organização política em 
nossa sociedade, tal como acontece aqui no Brasil. 
Ao final de nossa trajetória, esperamos que você seja capaz de identificar os principais elementos 
que constituem, hoje, o Estado Nação e compreender a importância da sua formação para o 
desenvolvimento da política e da sociedade como um todo. 
Como disse Nelson Mandela: "a educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar 
o mundo" (MANDELA, 2003). Esteja preparado para expandir seus horizontes e descobrir como o 
https://www.conjur.com.br/2016-mar-28/mp-debate-interesse-publico-priorizacao-direitos-fundamentais
Direito Público se relaciona com o mundo real à sua volta. Vamos dar sequência a essa jornada de 
aprendizado juntos! 
 
A origem do Estado Moderno 
Figura 1 | O Estado sou eu 
 
Fonte: Wikimedia. 
Figura 2 | Idade Média 
 
Fonte: Wikimedia. 
 
O Estado, tal como o conhecemos hoje, teve sua origem na Modernidade que se consolidou a partir 
da virada do século XV ao XVI, na Europa. 
Antes do seu surgimento, diversas formas políticas foram desenvolvidas ao longo da história, como 
o poder despótico, a pólis grega, o império romano e o feudalismo europeu, como salienta Marilena 
Chauí (2000). Cada uma dessas formas tinha características próprias de organização e relação 
com o poder político. Serão desenvolvidas algumas das principais características de cada uma 
dessas formas, mais adiante em nossa aula. 
O que ocorre, todavia, é que foi com o surgimento do Estado Nação que a forma de organização 
política ganhou contornos mais definidos. Atualmente, há fortes semelhanças gerais no modo como 
se organiza o poder no Brasil, na Argentina, nos Estados Unidos, na França e nos mais distintos 
Estados do Ocidente, pois todos esses Estados são herdeiros dos acontecimentos da 
Modernidade. Conforme salienta Magalhães (2012), em termos mais específicos, o Estado Nação, 
como forma de organização política da Modernidade, formou-se a partir da virada do século XV 
para o XVI, como um processo de centralização do poder político, que ocorreu a partir da 
identificação de um povo, dentro de um território e um governo, formando uma unidade política e 
administrativa. 
Os elementos constitutivos do Estado Moderno são: o território, que corresponde ao espaço físico 
ocupado por um povo; a soberania, que é o poder exercido pelo Estado dentro desse espaço;sociais e coletivos? Esses serão os temas abordados nesta aula. 
 
introdução 
Olá, estudante! 
Você já ouviu falar em direitos sociais e coletivos? Esses serão os temas abordados nesta aula. 
Falaremos, em específico, sobre os direitos sociais elencados no art. 6º, da CF/88, que se traduzem 
no direito à educação, direito à saúde, direito à alimentação, direito ao trabalho, direito à moradia, 
direito ao transporte, direito ao lazer, direito à segurança, direito à previdência social, direito à 
maternidade e à infância, e direito à assistência aos desamparados. 
Será que o Estado pode deixar de observar tais direitos sociais sob o argumento de que não possui 
recursos econômicos e financeiros suficientes? 
Também abordaremos aspectos importantes sobre o princípio da vedação do retrocesso social. 
Confira nosso material e venha aprender mais sobre o tema. 
 
Os direitos sociais, o mínimo existencial e a reserva do possível, e os direitos sociais e a 
vedação do retrocesso social 
Nesta aula, abordaremos aspectos importantes sobre os direitos sociais e como eles foram 
introduzidos no ordenamento jurídico brasileiro. 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786559646449/epubcfi/6/2%5b%3Bvnd.vst.idref%3Dhtml1%5d!/4/2/2%4051:60
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786559646449/epubcfi/6/2%5b%3Bvnd.vst.idref%3Dhtml1%5d!/4/2/2%4051:60
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786559646449/epubcfi/6/2%5b%3Bvnd.vst.idref%3Dhtml1%5d!/4/2/2%4051:60
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786559646449/epubcfi/6/2%5b%3Bvnd.vst.idref%3Dhtml1%5d!/4/2/2%4051:60
Os direitos sociais nas dimensões dos direitos fundamentais estão inseridos como direitos de 2ª 
Geração, exigindo do Estado uma atuação positiva na criação de políticas públicas para garantir 
maior igualdade social entre os indivíduos e determinar a proteção à dignidade da pessoa humana. 
Tais direitos encontram previsão sobretudo no art. 6º da Constituição Federal, sendo eles: 
• Educação. 
• Saúde. 
• Alimentação. 
• Trabalho. 
• Moradia. 
• Transporte. 
• Lazer. 
• Segurança. 
• Previdência social. 
• Proteção à maternidade e à infância. 
• Assistência aos desamparados. 
Tavares (2023, p. 292) classifica os direitos sociais nas seguintes espécies: 
 
[...] Os direitos sociais dos trabalhadores podem ser classificados em: 1º) direitos sociais individuais 
do trabalhador; 2º) direitos sociais coletivos do trabalhador. 
Os direitos sociais da seguridade social compreendem: 1º) direito à saúde; 2º) direito à assistência 
social; 3º) direito à previdência social. 
Os direitos sociais de natureza econômica envolvem todas as prestações positivas do Estado 
voltadas: 1º) à busca do pleno emprego; 2º) à redução das desigualdades sociais e regionais; 3º) 
à erradicação da pobreza e da marginalização; 4º) à defesa do consumidor e da concorrência. [...] 
 
Os direitos sociais da cultura englobam: 1º) direito à educação; 2º) direito à cultura propriamente 
dita. 
Assim, os direitos sociais têm por finalidade reduzir a vulnerabilidade socioeconômica de pessoas 
em situação de pobreza ou hipossuficientes. 
Já os arts. 7º ao 11 da CF/88 elencam de forma exemplificativa os direitos sociais restritos aos 
trabalhadores urbanos e rurais. 
A problemática do tema se encontra na relação existente ou não dos princípios do mínimo 
existencial e da reserva do possível, diante da possibilidade ou não da implementação dos direitos 
sociais de forma progressiva, em respeito aos limites orçamentários do Poder Público. 
Quando falamos em mínimo existencial, nos referimos às condições básicas para a existência de 
qualquer ser humano. São condições que retratam o verdadeiro sentido dos direitos fundamentais 
universais, que independem da existência de lei por serem inerentes aos seres humanos. Sem o 
mínimo existencial o indivíduo não poderá viver dignamente. 
Por outro lado, importante destacar que a reserva do possível diz respeito à escassez dos recursos 
públicos, que dificulta que o Estado implemente, de forma eficiente, os direitos sociais às 
populações em geral. O Poder Público se depara com um direito fundamental respaldado no 
mínimo existencial, porém, cabendo a ele a indicação dos recursos disponíveis para a execução 
desse direito. 
Assim, fica o questionamento, se diante da insuficiência de recursos pode o Estado se negar a 
garantir os direitos mínimos para a subsistência e sobrevivência de cada indivíduo, e se pode esse 
mesmo indivíduo judicializar tal questão, levando ao Poder Judiciário a apreciação da controvérsia, 
com a finalidade de obrigar o Poder Público a fornecer alguns serviços essenciais à sua 
sobrevivência. 
 
Os direitos sociais, o mínimo existencial e a reserva do possível, e os direitos sociais e a 
vedação do retrocesso social 
Você já aprendeu que os direitos sociais se encontram disciplinados no texto da Constituição 
Federal, sendo elencados como direitos fundamentais à existência humana. 
Vamos estudar de forma aprofundada alguns direitos sociais. Começaremos pelo direito à 
educação, que se encontra disciplinado em vários artigos na Constituição Federal. Vejamos alguns: 
 
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada 
com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para 
o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. 
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: 
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, 
assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade 
própria 
[...] 
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade 
[...] 
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas 
suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. 
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo. 
§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa 
responsabilidade da autoridade competente. 
O art. 206 da CF/88 consagra os princípios inerentes ao direito à educação. Nesse passo, 
importante ressaltar que o direito à educação está ligado à dignidade da pessoa humana, sendo 
dever do Estado e da família, e diretamente ligados ao ideal de igualdade, busca pela erradicação 
da pobreza, dentre os objetivos consagrados à República Federativa do Brasil. 
 
O direito à saúde também se trata de direito de todos e dever do Estado (art. 196, CF/88), devendo 
ser implementado por meio de políticas sociais e econômicas, visando à redução do risco de 
doenças. 
O direito à alimentação foi introduzido na Constituição Federal por meio da EC n. 64/2010, e 
também diz respeito ao mínimo existencial e à proteção da dignidade da pessoa humana. 
O direito à moradia busca proporcionar ao indivíduo o direito à habitação digna para sua 
sobrevivência. 
O direito ao transporte também exerce função social essencial à vida do ser humano. LENZA (2023, 
p. 646) vai dizer que se trata de “direto-meio para a implementação de vários outros direitos 
fundamentais (e sociais), como a educação, a saúde, a alimentação, o lazer, o direito de ir e vir 
etc.” 
O direito ao lazer diz respeito ao direito à recreação, constituindo verdadeiras prestações estatais 
que podem interferir na qualidade de vida do ser humano. Daí sua importância. 
O direito à segurança é dever do Estado e responsabilidade de todos (art. 144, caput, CF/88), para 
a preservação do patrimônio e da ordem pública. 
A previdência social, que se trata de um seguro social adquirido por meio de uma contribuição 
mensal, garante ao segurado o direito a uma renda em caso de incapacidade laborativa. 
O direito à proteção à maternidadee à infância se trata de direito de previdência e direito 
assistencial, garantindo maior proteção às trabalhadoras gestantes ou que recentemente deram à 
luz ou adotaram crianças nas mais variadas faixas etárias. 
Por fim, o direito de assistência aos desamparados garante assistência social às pessoas 
desamparadas, independentemente de contribuição social. 
 
Os direitos sociais, o mínimo existencial e a reserva do possível, e os direitos sociais e a 
vedação do retrocesso social 
Agora que você conheceu, de forma detalhada, alguns direitos sociais, vamos retomar ao nosso 
debate sobre a relação entre o princípio do mínimo existencial e da reserva do possível? 
Diante da insuficiência de recursos, pode o Estado se negar a garantir os direitos mínimos para a 
subsistência e sobrevivência de cada indivíduo? Pode esse mesmo indivíduo judicializar tal 
questão, levando ao Poder Judiciário a apreciação da controvérsia, com a finalidade de obrigar o 
Poder Público a fornecer alguns serviços essenciais à sua sobrevivência? 
Para responder a tal questionamento, você deve entender que, em se tratando de direitos mínimos 
à sobrevivência do indivíduo, mesmo diante de escassez e de insuficiência de recursos econômicos 
ou financeiros, o Estado não pode se negar a garantir a todos os direitos fundamentais elencados 
no texto constitucional. 
Não se trata de discricionariedade ou opção do Estado, mas de obrigatoriedade, já que é impossível 
que um indivíduo tenha uma vida digna sem o mínimo para viver. Dessa forma, é possível concluir 
que o mínimo existencial afasta a reserva do possível. 
Assim, por exemplo, não nos parece razoável condicionar uma eficiente prestação de serviço de 
saúde à disponibilidade de orçamento por parte do Estado, principalmente quando o próprio texto 
constitucional (art. 196, CF/88) apregoa se tratar de direitos de todos e dever do Estado. 
Da mesma forma, não seria razoável que a educação, enquanto dever do Estado, estivesse 
condicionada a limite orçamentário do Poder Público, principalmente a educação básica, já que, 
intrinsecamente se encontra inserida nos objetivos da República Federativa do Estado, vez que, 
sem educação, não há como erradicar a pobreza e alcançar condições melhores de vida para os 
indivíduos. 
Os tribunais pátrios têm recebido inúmeras ações judiciais pertinentes para garantir que direitos 
fundamentais mínimos sejam alcançados por pessoas que se veem diante de inobservâncias de 
uma prestação de serviços eficaz por parte do Poder Público. 
Ainda nesse contexto, é importante observarmos o chamado princípio da vedação ao retrocesso, 
que se traduz na impossibilidade de que a lei poderá retroceder ou diminuir os direitos fundamentais 
que já foram conquistados. 
Como garantia desse princípio, Lenza (2023, p. 655) cita a PEC do Orçamento Impositivo, que foi 
transformada na EC n. 86/2015. Tal ementa constitucional estabelece um gasto mínimo federal em 
saúde, que perfaz o total de 15% sobre a receita corrente líquida do respectivo exercício financeiro. 
O autor também cita a EC n. 95/2016 (LENZA, 2023, p. 656) que instituiu um novo regime 
orçamentário, prevendo a correção desse percentual (15%) de acordo com a variação do Índice 
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). 
Assim, o princípio da vedação do retrocesso visa proteger os direitos sociais que já foram 
conquistados ao longo dos anos, de forma a impedir que o Estado suprima ou restrinja tais direitos. 
 
Vídeo Resumo 
Nesta aula, você aprendeu alguns aspectos importantes sobre o Direito Público, dentre eles, 
estudamos os direitos sociais elencados no art. 6º da CF/88. 
Vimos a relação entre o princípio do mínimo existencial e o princípio da reserva do possível, no 
sentido que aquele afasta este, por se traduzir na garantia da própria dignidade humana. 
Você também aprendeu que os direitos conquistados não podem ser suprimidos ou restringidos 
pelo Estado, por força do princípio da vedação do retrocesso social. 
 
 
Saiba mais 
Para ampliar seu conhecimento, leia do artigo jurídico Direitos Fundamentais e reserva do possível: a judicialização da 
saúde. 
Confira, também, a tese firmada pelo STJ no julgamento do Recurso Especial n. 1.185.474-SC. 
Os textos sugeridos estão relacionados ao princípio do mínimo existencial e da reserva legal. 
Bons estudos! 
 
Aula 3 
Os direitos políticos 
Certamente você já ouviu falar em direitos políticos, pois são direitos presentes no dia a dia de cada 
cidadão, principalmente no período das eleições, quando escolhemos o presidente da república, 
os deputados federais e estaduais, os prefeitos e vereadores, por meio do voto. 
 
introdução 
Olá, estudante! 
Certamente você já ouviu falar em direitos políticos, pois são direitos presentes no dia a dia de cada 
cidadão, principalmente no período das eleições, quando escolhemos o presidente da república, 
os deputados federais e estaduais, os prefeitos e vereadores, por meio do voto. 
São os direitos políticos que regulam o exercício da soberania popular, permitindo que o povo 
participe das tomadas de decisões de nossos governantes, seja de forma direta ou indireta. 
É esse importante tema que abordaremos nesta aula. 
Assim, convido você a aprofundar seu conhecimento e descobrir mais sobre os direitos políticos. 
Confira nosso material e venha aprender sobre o tema. 
 
Capacidade eleitoral ativa, capacidade eleitoral passiva e inelegibilidade 
Os direitos políticos regulamentam o exercício da soberania popular e se traduzem em vários 
aspectos, por exemplo, no direito de todos os cidadãos participarem das eleições para eleger seus 
representantes por meio do voto direto e secreto, além do direito de ser votado, e ainda na 
regulamentação dos partidos políticos que integrarão o sistema eleitoral. 
Os direitos políticos representam grandes fatores determinantes de um Estado democrático, 
conferindo ao povo o direito de participação na tomada das decisões dos governantes, tanto direta 
quanto indiretamente. 
Lenza (2023, p. 674) classifica os regimes democráticos em três espécies: 
 
a) Democracia direta, em que o povo exerce por si só o poder, sem intermédio, sem representantes; 
b) Democracia representativa, na qual o povo, soberano, elege representantes, outorgando-lhes 
poderes para que, em nome deles e para o povo, governem o país; 
c) Democracia semidireta ou participativa, um “Sistema híbrido”, uma democracia representativa, 
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/Educacao/Jurisprudencia/STJ-creche%20-%20tese%20reserva%20do%20poss%C3%ADvel.pdf
com peculiaridades e atributos da democracia direta, a qual, conforme observação de Mônica de 
Melo, constitui um mecanismo capaz de propiciar, além da participação direta, concreta do cidadão 
na democracia representativa, controle popular sobre os atos estatais. 
 
A Constituição Federal de 1988 adotou o regime da democracia semidireta ou participativa (art. 1º, 
CF/88), pois o povo, além de eleger os representantes que tomarão decisões em nome dele, poderá 
participar das tomadas de decisões por meio do plebiscito, referendo, iniciativa popular, e, ainda, 
propor ação popular, inclusive como meio de fiscalizar a atuação desses governantes. 
A diferença entre plebiscito e referendo consiste no fato de que, no primeiro, a participação popular 
consiste na decisão sobre uma matéria antes de ser elaborada pelo Congresso Nacional. Já no 
referendo, o povo é consultado após a elaboração da matéria, podendo ela ser acatada ou rejeita 
pela soberania popular. 
Na iniciativa popular, algumas matérias podem ter iniciativa do próprio povo, nesse caso, é o povo 
quem propõe o projeto de lei que será votado perante o Poder Legislativo. 
Já a ação popular é a medida judicial que possibilita ao cidadão controlar e fiscalizar a legalidade 
dos atos administrativos praticados pelos representantes eleitos. 
Feitas essas considerações iniciais sobre os direitos políticos,falaremos agora sobre a capacidade 
eleitoral. 
Quando se fala em capacidade eleitoral, é importante traçar em poucas palavras o conceito de 
sufrágio, que significa o direito de votar e ser votado. A partir desse conceito, podemos classificar 
a capacidade eleitoral em ativa e passiva. Nesse caso, se o indivíduo, após preenchidos os 
requisitos legais, puder votar, significa que ele possui capacidade ativa; por outro lado, se puder 
ser votado, será ele dotado de capacidade eleitoral passiva. 
Por fim, em se tratando de capacidade eleitoral passiva, os requisitos previstos em lei podem variar 
de acordo com o cargo a que o cidadão pretende se candidatar. A ausência desses requisitos legais 
ou a presença de algum impedimento pode ensejar a sua inelegibilidade. 
 
Capacidade eleitoral ativa, capacidade eleitoral passiva e inelegibilidade 
Agora que você aprendeu alguns conceitos básicos sobre os direitos políticos, vamos aprofundar 
nosso estudo sobre capacidade eleitoral ativa e passiva. 
A capacidade eleitoral ativa ou sufrágio ativo dá-se pelo voto e possui como requisitos: 
• O alistamento eleitoral. 
• A nacionalidade brasileira (nata ou adquirida). 
• Idade mínima de 16 anos. 
• Não ser conscrito durante o serviço militar obrigatório. 
Quanto ao alistamento eleitoral e o voto, estes pressupõem a inscrição como eleitor (título de 
eleitor), podem ser obrigatórios para os maiores de dezoito anos e facultativo para os analfabetos, 
os maiores de setenta anos e os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos (art. 14, § 1º, 
da CF/88). 
Além disso, são proibidos de votar os estrangeiros e os conscritos durante o serviço militar 
obrigatório. Caso o estrangeiro venha se naturalizar brasileiro, poderá exercer o sufrágio ativo. 
Já no que se refere à capacidade eleitoral passiva ou sufrágio passivo, pressupõe a capacidade 
para se eleger e ser votado. Para adquirir essa capacidade, é necessário que o candidato preencha 
as condições de elegibilidade para o cargo prevista no § 3º do art. 14 da CF/88, que são: 
a) A nacionalidade brasileira. 
b) O pleno exercício dos direitos políticos. 
c) O alistamento eleitoral. 
d) O domicílio na circunscrição. 
e) A filiação partidária. 
f) A idade mínima de: 35 anos para presidente e vice-presidente da república e senador; 30 anos 
para governador e vice-governador de estado e do Distrito Federal; 21 anos para deputado federal, 
deputado estadual ou distrital, prefeito, vice-prefeito e juiz de paz; e, 18 anos para vereadores. 
Algumas situações previstas pela CF/88 ou por Lei Complementar poderão ensejar a inelegibilidade 
do candidato, suspensão e a perda dos direitos políticos. 
LENZA (2023, p. 679) afirma que a “inelegibilidade são as circunstâncias (constitucionais ou 
previstas em lei complementar) que impedem o cidadão do exercício total ou parcial da capacidade 
eleitoral passiva, ou seja, da capacidade de eleger-se”. O Autor afirma, ainda, que tais 
circunstâncias visam proteger a probidade administrativa e a moralidade para o exercício do 
mandato. 
As inelegibilidades podem ser absolutas ou relativas. Serão absolutas, quando presentes as 
condições constitucionais de impedimento eleitoral para qualquer cargo eletivo e relativas, quando 
esse impedimento se mostrar parcial, para algum determinado cargo eletivo ou mandato. 
Nesse passo, são absolutamente inelegíveis para qualquer cargo eletivo (art. 14, § 4º, CF/88) os 
inalistáveis e os analfabetos. 
Por outro lado, as inelegibilidades relativas se darão em relação à função exercida, o grau de 
parentesco, candidato militar, bem como em situações previstas em lei complementar, por força do 
que dispõe o art. 14, §§ 8º e 9º, da CF/88. 
A inelegibilidade em razão da função exercida ou por motivos funcionais se infere a partir da leitura 
do § 5º do art. 14 da CF/88 que o presidente da república, os governadores de estado e do Distrito 
Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos não 
poderão ser reeleitos para um terceiro mandato sucessivo, isso porque o diploma constitucional em 
comento, afirma que a reeleição somente se dará para um único período subsequente. 
A inelegibilidade em razão do grau de parentesco dispõe serem inelegíveis, no território de 
jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, conforme o § 7º do art. 14 da 
CF/88. 
 
Capacidade eleitoral ativa, capacidade eleitoral passiva e inelegibilidade 
Voltando ao tema sufrágio ativo, Tavares (2023, p. 278) sustenta uma natureza dúplice do voto, 
pois tanto possui natureza política como natureza jurídica. O voto seria político porque representa 
umas das formas de participação do indivíduo no poder, e jurídico por ser regulamentado pelo 
Direito. 
Por sua vez, Lenza (2023, p. 678) traça as características do voto, quais sejam: 
 
▪ direto, no sentido de que o cidadão vota diretamente no candidato, sem intermediário. [...] 
▪ secreto, na medida em que não se dá publicidade da opção do eleitor, mantendo-a em sigilo 
absoluto; [...] 
▪ universal, visto que o seu exercício não está ligado a nenhuma condição discriminatória, como 
aquelas de ordem econômica (ter ou não certa renda), intelectual (ser ou não alfabetizado), as 
concernentes a nome, família, sexo, cor, religião. [...] 
▪ periódico, já que a democracia representativa prevê e exige mandatos por prazo determinado; 
▪ livre, pois o eleitor pode escolher o seu candidato, ou, se preferir, anular o voto ou depositar a 
cédula em branco na urna. [...] 
▪ personalíssimo, pois é vetada a votação por procurador. O voto é exercido pessoalmente pelo 
cidadão, identificado pelo título eleitoral. [...] 
▪ com valor igual para todos, decorrente do princípio one mano one vote – “um homem um voto”, 
o voto deve ter valor igual para todos, independentemente da cor, sexo, situação econômica, social, 
intelectual etc. (voto igualitário) 
 
Nesse passo, é importante mencionar que o voto direto, secreto, universal e período é considerado 
cláusula pétrea (art. 60, § 4º, II, CF/88), não podendo ser objeto de deliberação por proposta de 
emenda constitucional que tenha por finalidade sua abolição. 
Ainda falando sobre inelegibilidade, vamos entender quando ela se dará para os militares. 
O § 8º do art. 14 da CF/88 prevê que o militar alistável é elegível desde que atendidas as seguintes 
condições: se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade; se contar mais 
de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará 
automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade. 
No que se refere à perda e suspensão dos direitos políticos, é importante ressaltar alguns pontos 
previstos pelo próprio texto constitucional. Primeiro, à luz do que dispõe o art. 15, da CF/88, será 
vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão somente se dará nas seguintes 
situações: 
• Cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado. 
• Incapacidade civil absoluta. 
• Condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos. 
• Recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII, 
da CF/88. 
• Improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º, da CF/88. 
 
Para concluirmos, a perda se dará em caso de cancelamento da naturalização, recusa de cumprir 
obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, e a suspensão ocorrerá nos casos de 
incapacidade civil absoluta e condenação criminal transitada em julgado. 
 
Video Resumo 
Nesta aula, você aprendeu alguns aspectos importantes sobre o Direito Público, dentre eles a 
importância dos direitos políticos na vida de todo cidadão. 
Aprendemos quais são as condições de elegibilidade para adquirir a capacidade eleitoral passiva, 
e os requisitos para a aquisição da capacidade eleitoral ativa. 
Também estudamos sobre as situações de inelegibilidade, perdae suspensão dos direitos políticos. 
 
Saiba mais 
Para ampliar seu conhecimento, sugerimos a leitura do tópico que trata sobre candidatos com ficha suja na obra Direito 
Constitucional, de Pedro Lenza. O texto aborda a lei da ficha limpa e os casos em que candidatos que possuem ficha 
suja são inelegíveis. 
Bons estudos! 
 
Aula 4 
O papel dos poderes na efetivação dos direitos fundamentais 
Nesta aula, falaremos sobre as funções do Estado, distinguindo as funções do Poder Legislativo, 
Poder Executivo e Poder Judiciário. 
 
introdução 
Olá, estudante! 
Nesta aula, falaremos sobre as funções do Estado, distinguindo as funções do Poder Legislativo, 
Poder Executivo e Poder Judiciário. 
Também estudaremos sobre o papel de cada um desses poderes na efetivação dos direitos 
fundamentais, explicando como podem contribuir na garantia da eficácia das normas 
constitucionais. 
Você aprenderá sobre as mais variadas situações que poderão gerar violação dos direitos sociais 
e o importante papel do Poder Judiciário para solucionar as controvérsias. 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786553624900/
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786553624900/
Assim, convido você a aprofundar seu conhecimento e descobrir mais sobre o tema. 
Confira nosso material e venha aprender conosco sobre o papel do Estado na garantia dos direitos 
fundamentais. 
 
As funções estatais, o papel do Legislativo, Executivo e Judiciário na efetivação dos direitos 
fundamentais, e a judicialização da política e dos direitos sociais 
A Constituição Federal adota a teoria da separação dos poderes. Essa teoria foi disseminada por 
toda Europa durante o período da Revolução Francesa pelo iluminista Montesquieu. 
Embora a teoria da separação dos poderes tenha influenciado o mundo somente a partir do século 
XVIII, sua concepção decorreu de Aristóteles, filósofo grego, que viveu entre 384 e 322 a.C. 
Gonçalves Filho (2023, p. 116) afirma que a separação dos poderes pressupõe a “tripartição das 
funções do Estado”, distinguindo as funções legislativa, administrativa e jurisdicional. 
Nesse passo, cumpre distinguir as três funções estatais, começando pela função legislativa. 
Gonçalves Filho (2023, p. 139) afirma que cabe ao Poder Legislativo “estabelecer as regras de 
direito gerais e impessoais a que todos devem obediência”. O autor completa dizendo que essas 
regras são as próprias leis. Nesse caso, cabe ao Poder Legislativo criar as leis, que por vezes serão 
gerais e impessoais. 
Por outro lado, Gonçalves Filho (2023, p. 191) sustenta que ao Poder Executivo cabe a dupla 
missão: garantir a defesa externa e manter a ordem interna. 
Por último, o autor (2023, p. 213) define a função do Poder Judiciário como a de fazer justiça. 
Lenza (2023, 268), por sua vez, ao trazer a distinção entre as funções legislativa, executiva e 
jurisdicional, vai além ao afirmar que tais órgãos, ou seja, o Poder Legislativo, o Poder Executivo e 
o Poder Judiciário possuem funções que lhes são típicas ou predominantes e, ainda, funções 
atípicas. 
Nesse passo, Lenza (2023, p. 268) distribui as funções típicas da seguinte forma: 
 
▪ função legislativa: “consiste na edição de regras gerais, abstratas, impessoais e inovadoras da 
ordem jurídica, denominadas leis”; 
▪ função executiva: “resolve os problemas concretos e individualizados, de acordo com as leis; 
não se limita à simples execução das leis, como às vezes se diz; comporta prerrogativas, e nela 
entram todos os atos e fatos jurídicos que não tenham caráter geral e impessoal; por isso, é cabível 
dizer que a função executiva se distingue em função de governo, com atribuições políticas, 
colegislativas e de decisão, e função administrativa, com suas três missões básicas: intervenção, 
fomento e serviço público”; 
▪ função jurisdicional: “tem por objeto aplicar o direito aos casos concretos a fim de dirimir 
conflitos de interesse”. 
Embora cada poder possua sua função típica ou predominante, é possível que cada um também 
tenha funções atípicas (LENZA, 2023, p. 268). Vejamos: 
 
▪ Legislativo: 
a) Natureza executiva: “ao dispor sobre sua organização, provendo cargos, concedendo férias, 
licenças a servidores etc. 
b) Natureza jurisdicional: “o Senado julga o Presidente da República nos crimes de 
responsabilidade (art. 52, I)”. 
▪ Executivo: 
a) Natureza legislativa: “o Presidente da República, por exemplo, adota medida provisória, com 
força de lei (art. 62)”. 
b) Natureza jurisdicional: “o Executivo julga, apreciando defesas e recursos administrativos”. 
▪ Judiciário: 
a) Natureza legislativa: “regimento interno de seus tribunais (art. 96, I, “a”)”. 
b) Natureza executiva: “administra, v.g., ao conceder licença e férias aos magistrados e 
serventuários (art. 96, I, “f”)”. 
 
essa forma, em linhas gerais, cabe ao Poder Legislativo a função de elaborar as leis; ao Executivo, 
administrar internamente o país, enquanto Chefe de Governo, e representar o Brasil 
internacionalmente, enquanto Chefe de Estado; por fim, cabe ao Poder Judiciário a função de julgar, 
declarando o direito aplicado ao caso concreto. 
 
As funções estatais, o papel do Legislativo, Executivo e Judiciário na efetivação dos direitos 
fundamentais, e a judicialização da política e dos direitos sociais 
Agora que você conheceu as funções estatais, vamos entender como cada poder contribui na 
efetivação dos direitos fundamentais? 
As normas constitucionais são dotadas de eficácia, que pode ser plena, contida e limitada. 
Fala-se em norma constitucional de eficácia plena como aquela que, no momento de sua entrada 
em vigor, está apta por si só a produzir todos os seus efeitos, independentemente de qualquer outra 
norma infraconstitucional. 
Já a norma constitucional de eficácia contida é aquela que, embora tenha condições de produzir 
todos os seus efeitos, poderá haver restrição de seu alcance por motivo de ordem pública, bons 
costumes e em defesa da paz social. 
Por outro lado, a norma de eficácia limitada é aquela que, no momento de sua vigência não possui 
condições de produzir seus efeitos, pois depende de edição de norma regulamentadora 
infraconstitucional por parte do Poder Legislativo. 
Dentro da classificação das normas de eficácia limitada, têm-se as normas de eficácia limitada 
orgânicas e as normas de eficácia limitada programáticas. 
É justamente na garantia da eficácia das normas constitucionais que se tem a atuação do Estado, 
por meio do Poder Legislativo, Poder Executivo ou Poder Judiciário. 
Vamos entender mais sobre o tema? 
Quando falamos em normas constitucionais de eficácia limitada programática, o Estado, visando 
alcançar seu fim social, deverá criar programas sociais ou políticas públicas para dar efetividade 
àqueles direitos sociais já estudados por nós. Nesse caso, por exemplo, voltado ao direito à 
moradia, o Estado poderá implementar programas habitacionais. Lembrando que cabe ao Poder 
Executivo a implantação dessas políticas públicas que visam alcançar maior igualdade social. 
O Poder Legislativo, por sua vez, também tem importante papel na efetivação dos direitos 
fundamentais, uma vez que, a prática, pode haver colisão entre os vários direitos e garantias 
individuais existentes, cabendo a ele a edição de normas regulamentadoras que visam proteger 
outros inúmeros direitos fundamentais. Assim, por exemplo, todo o indivíduo tem liberdade de 
locomoção dentro do território nacional, contudo, essa liberdade pode confrontar com outros 
direitos, como a integridade física no trânsito, direito à vida etc. Dessa forma, houve a edição de 
um Código de Trânsito Brasileiro, restringindo, de certa forma, o direito de locomoção, visando 
resguardar vários outros direitos. 
Não diferente, o Poder Judiciário também participa ativamente na efetivação dos direitos 
fundamentais. Por exemplo, quando algum direito trabalhista é violado, pode o trabalhador buscar 
auxílio do PoderJudiciário para reclamar essa violação. Nesse caso, o Poder Judiciário irá aplicar 
a legislação vigente ao caso concreto como garantia constitucional de uma eficaz prestação 
jurisdicional. 
Não obstante, quando é o próprio Estado quem viola esse direito fundamental, também teremos 
atuação direta do Poder Judiciário, caso provocado, para uma devida prestação jurisdicional com 
a finalidade de resguardar as garantias individuais, bem como os direitos difusos e coletivos. 
Assim, a atuação dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário é fundamental para a garantia 
dos direitos fundamentais. 
 
As funções estatais, o papel do Legislativo, Executivo e Judiciário na efetivação dos direitos 
fundamentais, e a judicialização da política e dos direitos sociais 
Você aprendeu sobre a importância da atuação do Poder Legislativo, do Poder Executivo e do 
Poder Judiciário para a efetivação dos direitos fundamentais. Agora, abordaremos outro importante 
tema que é a judicialização da política e dos direitos sociais. 
Os direitos sociais estão disciplinados pelo texto constitucional (art. 6º) e se traduzem em vários: 
direito à educação, à saúde, à alimentação, ao trabalho, à moradia, ao transporte, ao lazer, à 
segurança, à previdência social, à proteção à maternidade e à infância, e à assistência aos 
desamparados. 
A problemática reside no fato de o Estado não garantir o mínimo para que os indivíduos tenham 
condições dignas de vida. Nesse caso, será que podemos levar à apreciação do Poder Judiciário 
a inobservância desses direitos fundamentais? 
A resposta é positiva, até porque também é garantia individual que qualquer lesão ou ameaça de 
lesão a direito seja apreciada pelo Poder Judiciário. E aqui podemos trazer inúmeros exemplos de 
judicialização dos direitos sociais. 
Quando, por exemplo, falamos em direito à educação, é muito comum que Municípios pequenos 
não disponham de vagas para todas as crianças da educação infantil. Contudo, será que a ausência 
de vaga em escolas públicas é justificativa para que a criança fique sem estudar? Aqui a resposta 
é negativa, pois é dever do Estado fornecer educação para todas as crianças à educação infantil. 
Nesse caso, a família pode recorrer ao Poder Judiciário para obrigar o Município a abrir vaga para 
aquela criança. 
Outro exemplo corriqueiro, é em relação ao direito à saúde. Também é comum pacientes em estado 
de saúde que requeiram atendimento de emergência ou urgência se confrontarem com ausência 
de vagas nas UTIs. Embora na prática os hospitais se neguem a receber esses pacientes, é dever 
do Estado fornecer saúde pública a todos. Quando a questão chega ao Poder Judiciário, também 
é comum que ele obrigue o Estado a receber esses pacientes. 
Se sobrevier a um trabalhador, contribuinte da previdência social, qualquer incapacidade laborativa, 
também é devida a ele a assistência da previdência social. Ocorre que, por vezes, a perícia da 
autarquia responsável nega a concessão do benefício previdenciário, sendo necessário acionar o 
Poder Judiciário para verificar se a incapacidade laborativa é legítima e se esse trabalhador faz jus 
ao benefício. 
Quando falamos em proteção à maternidade e à infância, o art. 10, II, “b”, da ADCT, oferece à 
gestante a garantia provisória do emprego, desde a concepção até cinco meses após o parto. É 
comum a dispensa arbitrária da gestante e, neste caso, pode ela também se socorrer ao Poder 
Judiciário para assegurar esse direito social. 
Veja-se que são inúmeros os exemplos de situações em que instituições privadas e o próprio Poder 
Público violam direitos sociais do cidadão, nascendo a necessidade de se buscar ajuda do Poder 
Judiciário para coibir essas arbitrariedades, para tornar eficaz a observância desses direitos, 
enquanto direitos fundamentais. 
 
Video Resumo 
Nesta aula, você aprendeu alguns aspectos importantes sobre o Direito Público, dentre eles, sobre 
as funções do Estado. 
Estudamos como o Poder Legislativo, Executivo e Judiciário podem contribuir na efetivação dos 
direitos fundamentais, e ainda, em quais situações haverá a judicialização dos direitos sociais 
diante de violações por parte de instituições privadas e do próprio Poder Público. 
 
Saiba mais 
Para ampliar seu conhecimento, sugerimos a leitura do artigo A atualidade da reflexão sobre a separação dos poderes. 
O sugerido aborda o papel que cada poder exerce na sociedade atual. 
Bons estudos! 
 
Aula 5 
Revisão da unidade 
 
Os direitos fundamentais e as garantias individuais e coletivas 
Olá, estudante! 
Os direitos fundamentais se consolidaram a partir do século XVIII, com a Revolução Francesa, 
quando, com a queda do estado totalitário, emergiu o estado de direito a partir dos lemas liberdade, 
igualdade e fraternidade. 
Diante desse contexto, e na história da evolução dos direitos fundamentais, este passou a ser 
classificado em gerações ou dimensões ligadas aos lemas da Revolução Francesa. Assim, os 
direitos de primeira geração ficaram conhecidos por consagrar as liberdades individuais. Já os 
direitos de segunda geração se relacionam com a igualdade, enquanto os direitos de terceira 
geração se relacionam com a fraternidade. 
A doutrina moderna traz ainda os direitos de quarta e quinta geração, tratando dos direitos à 
democracia, à informação e ao pluralismo, e o último se relaciona com a defesa da paz. 
Quanto ao direito de liberdade, é importante destacar que se manifesta de várias formas: por meio 
da manifestação de pensamento, pela liberdade de locomoção do indivíduo e até mesmo a 
liberdade de profissão, associação e reunião, dentre tantas outras. 
Já o direito de igualdade prega uma igualdade material e uma igualdade formal. Em sua concepção 
material, a igualdade diz respeito à não discriminação arbitrária, enquanto, na concepção formal, é 
a igualdade traçada pelo texto da constituição e das leis infraconstitucionais. 
Em que pese ao direito ao devido processo legal, trata-se de garantia processual que, caso seja 
inobservada, ensejará nulidade processual, voltando o processo ao status anterior ao ato nulo. 
Quanto aos direitos sociais, encontram previsão sobretudo no art. 6º da CF/88, e representam os 
direitos de segunda geração, exigindo do Estado um comportamento positivo, no sentido de ser 
necessária a criação de programas sociais e políticas públicas para alcançar uma maior igualdade 
social. 
Assim, esses direitos representam um mínimo existencial, diretamente relacionado à dignidade da 
pessoa humana, afastando, por sua vez, a reserva do possível do Estado. 
https://www12.senado.leg.br/ril/edicoes/43/169/ril_v43_n169_p21.pdf
Em relação aos direitos políticos, são aqueles que regulamentam o exercício da soberania popular, 
se traduzindo no direito de votar e ser votado durante o período das eleições. 
A capacidade eleitoral ativa representa o direito de votar, ou seja, durante as eleições, o cidadão 
poderá eleger seus representantes por meio do voto direto, secreto e universal. 
Por outro lado, a capacidade eleitoral passiva representa o direito de votar, ou de se candidatar aos 
cargos de presidente da república, governador de Estado e do Distrito Federal, deputados federais, 
estaduais e distritais, senadores, prefeitos e vereadores. 
Tem capacidade eleitoral ativa o cidadão que preencher os requisitos de alistamento eleitoral. Já 
com relação à capacidade passiva, poderá se candidatar aquele que preencher as condições de 
elegibilidade. 
Para concluirmos, o Estado nas pessoas do Poder Legislativo, Poder Executivo e Poder Judiciário 
possui papel importante na efetivação dos direitos fundamentais, no exercício da respectiva função 
típica, cabendo a cada poder, dentro de suas competências constitucionais, a garantia desses 
direitos. 
 
Revisão da unidade 
Nesta unidade, aprendemos sobre aspectos importantes relacionados ao Direito Público, bem 
como sua importância na consolidação do Estado Democrático.Você aprendeu sobre alguns direitos e garantias individuais, como o direito de liberdade, o direito 
de igualdade, direito ao devido processo legal e os direitos políticos. 
Você também conheceu os direitos sociais previstos na Constituição brasileira e a importância de 
sua observância, já que se encontra diretamente relacionada à dignidade da pessoa humana. 
 
ESTUDO DE CASO 
Para contextualizar sua aprendizagem, imagine que você, um profissional especialista em Direito 
Público, foi convidado para analisar a seguinte situação: 
Marta, mãe de Beatriz, de 6 anos de idade, é moradora do Município X, e durante o período de 
matrícula escolar tentou vaga no primeiro ano do Ensino Fundamental I em todas as escolas 
municipais para sua filha, tendo inclusive procurado escolas situadas em áreas rurais, sem lograr 
êxito. 
Marta acionou a Secretaria de Educação Municipal que colocou sua filha em uma lista de espera. 
Contudo, já se aproximando do início das aulas, Marta percebeu que não conseguiria a vaga tão 
esperada. Assim, procurou a Defensoria Pública para ingressar com ação judicial e obrigar o 
Município a disponibilizar a vaga para Beatriz e efetivar sua matrícula. 
Após ajuizada a competente ação e citado o Município X, contestou a ação argumentando que as 
vagas em todas as escolas já se encontravam preenchidas, e que as escolas estavam com suas 
capacidades superlotadas. Ainda em sede de contestação, o Município invocou a cláusula da 
reserva do possível, sustentando que não possuía previsão orçamentária para construção de novas 
escolas, e tampouco a contratação de novos professores, e que a responsabilidade deveria recair 
sobre a Câmara dos Vereadores que não aprovou a suplementação no orçamento proposta pelo 
referido Município. 
O Município X sugeriu ainda que Marta tentasse vaga em escolas de cidades vizinhas, afirmando 
que provavelmente conseguiria, já que eram municípios pequenos, com baixo número de 
moradoras e, consequentemente, reduzido número de crianças da idade de Beatriz. 
Marta, ao tomar conhecimento das razões invocadas pelo Município X, mostrou-se indignada e 
angustiada, já que a cidade vizinha mais próxima ficava a mais de uma hora de distância, não 
dispondo de recursos financeiros para arcar com os gastos do deslocamento. 
Diante da situação hipotética, o direito à educação está inserido na garantia do mínimo existencial? 
Explique. 
A cláusula da reserva do possível, diante da garantia do mínimo existencial diretamente relacionado 
à dignidade da pessoa humana, pode ser invocada pelo Município X com a finalidade de frustrar 
ou inviabilizar a implementação de políticas públicas definidas na Constituição Federal de 1988? 
Justifique sua resposta. 
 
Reflita 
Os direitos sociais encontram previsão nos arts. 6º a 11, da CF/88. O caput do art. 6º da CF/88 
traça um rol exemplificativo de direitos sociais, dentre eles têm-se o direito à educação, à saúde, à 
alimentação, ao trabalho, à moradia, ao transporte, ao lazer, à segurança, à previdência social, 
dentre outros. 
Os direitos sociais são classificados como direitos de segunda geração, por exigir um 
comportamento positivo do Estado, e têm por finalidade reduzir a vulnerabilidade socioeconômica 
de pessoas em situação de pobreza, cabendo ao Poder Público implementar políticas públicas para 
alcançar uma maior igualdade social. 
Nesse passo, fica o questionamento se a implementação das políticas públicas de garantia à 
educação infantil é ato vinculado ou discricionário do Poder Público. 
Apesar de a falta de recursos orçamentários ser verdadeiro óbice na gestão governamental, pode 
o Poder Público se omitir na execução dos direitos sociais, deixando de instituir programas sociais 
ou políticas públicas que garantam a efetivação desses direitos? 
 
Resolução do Estudo de Caso 
Para resolver o nosso estudo de caso, é importante relembrarmos alguns pontos sobre o direito à 
educação. 
O direito à educação se encontra disciplinado em vários artigos na Constituição Federal, dentre 
eles o art. 250 que afirma se tratar de direito de todos e dever do Estado e da família, devendo ser 
promovido e incentivado com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da 
pessoa humana, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. 
Além disso, o art. 208, da CF/88 disciplina ainda que o dever do Estado com a educação será 
efetivado mediante a garantia da educação básica obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos de idade, 
assegurando, inclusive, a oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade 
própria. 
Além disso, o art. 206 da CF/88 consagra os princípios inerentes ao direito à educação, sendo 
importante ressaltar que o direito à educação está ligado à dignidade da pessoa humana, sendo 
dever do Estado e da família, e diretamente ligado ao ideal de igualdade, à busca pela erradicação 
da pobreza, dentre os objetivos consagrados à República Federativa do Brasil. 
Quando falamos em mínimo existencial, nos referimos às condições básicas para a existência de 
qualquer ser humano. São condições que retratam o verdadeiro sentido dos direitos fundamentais, 
universais, que independem da existência de lei por serem inerentes aos seres humanos. Sem o 
mínimo existencial o indivíduo não poderá viver dignamente. 
Por outro lado, importante destacar que a reserva do possível diz respeito à escassez dos recursos 
públicos, que limita que o Estado implemente, de forma eficiente, os direitos sociais às populações 
em geral. O Poder Público se depara com um direito fundamental respaldado no mínimo existencial, 
porém, cabendo a ele a indicação dos recursos disponíveis para a execução desses direitos. 
Dessa forma, respondendo ao primeiro questionamento, o direito à educação se encontra 
consagrado como mínimo existencial, por se tratar de direito relacionado à dignidade da pessoa 
humana. 
Assim, mesmo diante de escassez e de insuficiência de recursos econômicos ou financeiros, o 
Estado não pode se negar a garantir a todos os direitos fundamentais elencados no texto 
constitucional. 
Não se trata de discricionariedade ou opção do Estado, mas de obrigatoriedade, já que é impossível 
que um indivíduo tenha uma vida digna sem o mínimo para viver. Dessa forma, é possível concluir 
que o mínimo existencial afasta a reserva do possível. 
 
Resumo Visual 
Gerações do Direito 
Primeira Geração: direitos políticos, direitos civil e liberdades públicas. 
Segunda Geração: direitos sociais, econômicos e culturais. 
Terceira Geração: direitos difusos e coletivos. 
Quarta Geração: direito à democracia, à informação e ao pluralismo. 
Quinta Geração: direito à paz. 
 
 
Aula 1 
O Poder Executivo: características e competências 
A teoria da separação dos poderes ganhou força durante a Revolução Francesa e, ao longo dos 
anos, foi reformulada até chegar às concepções que se têm hoje. 
 
introdução 
Olá, estudante 
A teoria da separação dos poderes ganhou força durante a Revolução Francesa e, ao longo dos 
anos, foi reformulada até chegar às concepções que se têm hoje. 
Nesse contexto, a Constituição brasileira elenca três poderes, independentes e harmônicos entre 
si, sendo eles o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, cada um com suas funções e competências. 
Nesta aula, convido você a aprender sobre o Poder Executivo e quem o representa perante as 
outras instituições, quem o substituirá em caso de impedimento ou vacância e como se dá o 
processo de responsabilização. 
Confira nosso material e venha aprender mais sobre o tema. 
 
As funções do Executivo 
Durante a queda do estado totalitário francês, a teoria da separação dos poderes, desenvolvida por 
Montesquieu, tinha por finalidade a garantia da supremacia da lei por meio do exercício da função 
executiva e judicial. Naquela época, tinha concepção jurídica (TAVARES, 2023, p. 385). 
Contudo, ao longo dos anos, sobretudono Brasil, ganhou força política, partindo da premissa de 
se tratar de funções estatais atreladas aos órgãos da soberania nacional, e que descrevem a 
estrutura política do Estado. 
Nesse passo, a Constituição brasileira, em seu art. 2º, consagra o princípio da separação do poder 
da seguinte forma: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o 
Executivo e o Judiciário”. 
Aqui, por enquanto, discorreremos sobre o Poder Executivo e, para nossos estudos, é importante 
relembrarmos que atualmente a forma de governo adotada pela República Federativa do Brasil é 
o Presidencialismo, que tem como principal característica a autonomia do Presidente da República 
perante o Congresso Nacional (TAVARES, 2023, p. 445). 
O Presidente da República, que é eleito pelo povo, por meio do Presidencialismo, também exerce 
o papel de Chefe de Estado e Chefe de Governo, sem, contudo, possuir participação no processo 
de aprovação das leis. 
Ao se falar em funções do Poder Executivo, é importante mencionar que, em âmbito federal, o art. 
76 da CF/88 disciplina serem elas exercidas pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros 
do Estado, e substituído pelo Vice-Presidente. Já em âmbito estadual e distrital, o Poder Executivo 
é exercido pelo Governador de Estado, auxiliado pelos Secretários de Estado, e substituído pelo 
Vice-Governador, e Municipal, pelo Prefeito, substituído pelo Vice-Prefeito. 
Assim, a função primordial do Poder Executivo, no plano interno, é garantir, por exemplo, que 
direitos sociais e fundamentais alcancem a todos os cidadãos. 
O art. 84 da CF/88 traz as atribuições privativas do Presidente da República, enumerando um rol 
meramente exemplificativo. 
Por exemplo, tratam-se de competências privativas do Chefe do Poder Executivo nomear e 
exonerar os Ministros de Estado; exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior 
da administração federal; sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos 
e regulamentos para sua fiel execução; mediante decreto, dispor sobre organização e 
funcionamento da administração federal e extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; 
manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos; celebrar 
tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional; decretar 
o estado de defesa, estado de sítio e a intervenção federal, dentre outras funções. 
Cumpre destacar aqui que o inciso VI do art. 84 da CF/88 traz as únicas possibilidades de 
expedição de decretos autônomos, sendo estes decretos que não regulamentam leis. Assim, pode 
o Presidente da República editar decretos que tratam da organização e funcionamento da 
administração pública federal, desde que não implique aumento de despesa nem criação ou 
extinção de órgãos públicos. 
Por fim, o parágrafo único do art. 84 da CF/88 dispõe ainda que algumas dessas atribuições podem 
ser delegadas aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral 
da União, nos limites previstos pela própria Constituição. 
 
Impedimento e vacância 
Agora que você já aprendeu sobre as funções do Poder Executivo, iremos estudar sobre os 
impedimentos e vacância do cargo de Presidente da República. 
Antes, porém, é importante que você saiba quais são as condições para a elegibilidade definidas 
pela Constituição brasileira para os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República. São elas: 
• Ser brasileiro nato (art. 12, § 3º, I). 
• Estar no pleno exercício dos direitos políticos (art. 14, § 3º, II). 
• Alistamento eleitoral (art. 14, § 3º, III). 
• Domicílio eleitoral na circunscrição (art. 14, § 3º, IV). 
• Filiação partidária (art. 14, § 3º, V, e 77, § 2º). 
• Idade mínima de 35 anos (art. 14, § 3º, VI, “a”). 
• Não ser inalistável e nem analfabeto (art. 14, § 4º). 
• Não ser inelegível (art. 14, § 7º). 
Preenchidas tais condições, a eleição do Presidente e Vice-Presidente será válida, e poderão tomar 
posse dos cargos, em sessão solene e conjunta do Congresso Nacional, onde prestarão o 
compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, bem como de observar as leis, 
promover o bem-estar de todo o povo brasileiro, dentre outros (arts. 77 e 78, CF/88). 
Nesse passo, o Presidente da República será sucedido pelo Vice-Presidente quando o cargo 
daquele estiver vago, ou substituído, em caso de impedimento, nos termos do art. 79 da CF/88). 
Segundo Lenza (2023, p. 367), a vacância de cargo dá a ideia de impossibilidade definitiva, 
podendo ocorrer, por exemplo, em caso de cassação, renúncia ou morte, e a substituição tem 
caráter temporário, e ocorrerá em caso de viagem, férias, doenças etc. 
Havendo vacância do cargo de Presidente da República, o Vice-Presidente assume de modo 
definitivo, não necessitando de nova eleição; se houver substituição, assume de forma temporária, 
até que cesse o motivo que a ensejar. 
Por outro lado, estando ausentes o Presidente e o Vice-Presidente da República, de forma 
temporária, assumem o cargo de Presidente da República o Presidente da Câmara dos Deputados, 
o Presidente do Senado Federal e o Presidente do Supremo Tribunal Federal, nessa ordem. A 
doutrina chama essas figuras públicas de substitutos eventuais ou legais (LENZA, 2023, p. 369). 
Lenza (2023, p. 369) sustenta ainda que os substitutos eventuais ou legais também deverão 
preencher as condições legais exigidas pela Constituição brasileira para o exercício do cargo de 
Presidente e Vice-Presidente da República. Contudo, não poderão assumir se presente qualquer 
situação de impedimento prevista pela Constituição para o exercício do cargo de Chefe do 
Executivo. 
No âmbito estadual, distrital e municipal, adotando o princípio da simetria, em caso de vacância ou 
impedimento do cargo de Chefe do Executivo estadual, distrital ou municipal, adota-se a mesma 
lógica. 
Nesse passo, em caso de vacância ou impedimento do cargo de Governador de Estado, e diante 
da impossibilidade de assunção pelo Vice-Governador, assumirão de forma sucessiva o Presidente 
da Assembleia Legislativa e o Presidente do Tribunal de Justiça local; em se tratando do Distrito 
Federal, assumirão no lugar do Governador e do Vice-Governador, o Presidente da Câmara 
Legislativa do Distrito Federal e o Presidente do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios; 
por fim, em se tratado de Prefeito e Vice-Prefeito, assumirá o Presidente da Câmara Municipal e, a 
depender do município, o Vice-Presidente da Câmara Municipal. 
 
Responsabilização do presidente 
Os governantes podem sofrer vários tipos de responsabilização, seja no âmbito político, criminal 
ou civil, pela prática de determinados atos que eventualmente venham a praticar no exercício da 
função pública. 
Os arts. 85 e 86 da Constituição brasileira elencam uma série de condutas passíveis de 
responsabilidade político-administrativa por parte do Presidente da República. Vamos conhecê-las? 
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a 
Constituição Federal e, especialmente, contra: 
 
I – a existência da União; 
II – o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes 
constitucionais das unidades da Federação; 
III – o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; 
IV – a segurança interna do País; 
V – a probidade na administração; 
VI – a lei orçamentária; 
VII – o cumprimento das leis e das decisões judiciais. 
 
Além disso, o parágrafo único do artigo citado dispõe que os crimes de responsabilidades serão 
definidos em lei especial, que disciplinará as normas de processo e julgamento. 
O que se tem hoje é a Lei n. 1.079/1950, que define esses crimes e o procedimento de julgamento 
e, de forma subsidiária, os Regimentos Internos da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. 
Por outro lado, as regras que disciplinamo processo e o julgamento dos crimes comuns praticados 
pelo Presidente da República se encontram previstas na Lei n. 8.038/1980 e nos arts. 230 a 246 
do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. 
Assim, após observadas as formalidades previstas para o julgamento dos crimes de 
responsabilidades, também haverá um controle político de admissibilidade pela Câmara dos 
Deputados, que autorizará ou não o recebimento da denúncia ou queixa-crime pelo Supremo 
Tribunal Federal. 
Sendo recebida a denúncia ou a queixa-crime, o Presidente da República ficará suspenso de suas 
atividades por 180 dias. Decorrido esse prazo sem julgamento, voltará a exercer suas atividades 
(art. 86, § 4º, CF/88). 
Se houver autorização da Câmara dos Deputados, e os pedidos da denúncia forem julgados 
procedentes, a condenação aplicada será a pena prevista pelo tipo penal, não podendo o 
Presidente da República ser submetido à perda do cargo, que somente poderá ocorrer em se 
tratando de crime de responsabilidade. 
O art. 86, § 4º, da CF/88 disciplina a imunidade presencial ou a irresponsabilidade penal relativa do 
Presidente da República, ou seja, durante a vigência do mandato, somente responderá por atos 
praticados em razão do exercício de suas funções. Isso porque o Presidente da República não 
poderá responder por atos estranhos às suas funções. 
Assim, por exemplo, se o Presidente da República praticar infrações penais antes do início do 
mandato, ou durante a vigência, mas que não tenha qualquer relação com o desempenho de suas 
funções, a persecução criminal ficará provisoriamente suspensa, inclusive quanto ao curso da 
prescrição da pretensão punitiva do Estado. 
Já os atos de natureza civil, política, administrativa, fiscal ou tributária, poderão ensejar a 
responsabilização do Presidente da República, pois a irresponsabilidade penal relativa ou 
imunidade presidencial somente alcançam os ilícitos penais (LENZA, 2023, p. 380). 
Por fim, consoante o que dispõe o § 3º do art. 86 da CF/88, o Presidente da República somente se 
sujeitará à prisão nas infrações comuns após sentença condenatória. 
 
Video Resumo 
Nesta aula, você aprendeu sobre as funções do Poder Executivo, bem como a figura política que o 
representa como Chefe de Estado e Chefe de Governo: o Presidente da República. 
Você aprendeu também que, em caso de impedimento ou vacância do cargo de Presidente da 
República, ele será sucedido ou substituído pelo Vice-Presidente, pelo Presidente da Câmara dos 
Deputados, pelo Presidente do Senado Federal, e pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal, 
sucessivamente. 
 
Saiba mais 
Para ampliar seu conhecimento, convidamos você a ler o procedimento detalhado do rito de julgamento dos crimes de 
responsabilidade e impeachment, descrito na obra Direito Constitucional, de Pedro Lenza. 
 
Aula 2 
O Poder Legislativo: características e competências 
Você já aprendeu que a Constituição brasileira elenca três poderes, independentes e harmônicos 
entre si: o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, cada um com suas funções e competências. 
 
introdução 
Olá, estudante! 
Você já aprendeu que a Constituição brasileira elenca três poderes, independentes e harmônicos 
entre si: o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, cada um com suas funções e competências. 
Você também já aprendeu sobre as funções do Poder Executivo. Agora, convido você a estudar 
sobre o Poder Legislativo. 
Você sabia que o Poder Legislativo, na esfera federal, é representado pelas Casas do Congresso 
Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal)? 
Vamos entender como funciona a estrutura, as imunidades parlamentares e a repercussão dessas 
prerrogativas na vida cotidiana do Congressista. 
Confira nosso material e venha aprender mais sobre o tema. 
 
 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786553624900/pages/recent
As funções do Legislativo 
Você aprendeu que a Constituição brasileira adota a separação dos poderes em Executivo, 
Legislativo e Judiciário, e que o Poder Executivo tem por função atender aos interesses da 
coletividade nas mais diversas áreas. Em âmbito Federal, o Chefe do Poder Executivo é o 
Presidente da República, que também acumula os cargos de Chefe de Governo e Chefe de Estado. 
Falaremos agora sobre o Poder Legislativo que, pela doutrina, é considerado o mais democrático 
dos poderes por conta de sua representatividade (MUZY, 2023, p. 454). 
A função primordial do Poder Legislativo é a elaboração e aprovação das leis que entrarão em vigor 
em todo o território nacional, além de fiscalizar os demais poderes, sobretudo o Poder Executivo. 
O Poder Legislativo ainda exerce a função de poder constituinte derivado reformador, pois, dentre 
suas atribuições, está a de editar emendas constitucionais capazes de alterar o texto da 
Constituição Federal. 
Além disso, é representado nas três esferas de Governo da seguinte forma: no âmbito Federal, é 
representado pelos membros do Congresso Nacional; no âmbito dos Estado, é representado pelas 
Assembleias Legislativas; no âmbito dos Municípios, é representado pelas Câmaras Municipais ou 
Câmaras de Vereadores. Por fim, considerando ainda o Distrito Federal, o Poder Legislativo distrital 
é representado pela Câmara Legislativa Distrital. 
Ainda em que pese ao Poder Legislativo, no âmbito federal, vigora o sistema bicameral federativo, 
isso porque é composto por duas Casas, sendo elas a Câmara dos Deputados, constituída por 
representantes do povo (Deputados Federais) e o Senado Federal, constituído por representantes 
dos Estados-Membros (Senadores Federais), nos termos do que dispõe o art. 44 da CF/88. 
Por outro lado, a estrutura do Poder Legislativo estadual é unicameral, exercido pela Assembleia 
Legislativa, que é composta por Deputados Estaduais, também representantes eleitos pelo povo, 
mas no âmbito dos Estados. 
O Poder Legislativo municipal também adota o sistema unicameral, exercido pela Câmara 
Municipal ou Câmara de Vereadores, composta pelos Vereadores eleitos pelo povo em âmbito 
municipal. 
A estrutura do Poder Legislativo distrital também observa o sistema unicameral, exercido pela 
Câmara Legislativa, composta por Deputados Distritais, eleitos pelo povo do Distrito Federal. Diante 
da peculiaridade do Distrito Federal, a Câmara Legislativa distrital recebe as mesmas 
características do Legislativo estadual por força do que dispõe o art. 32, § 3º, da CF/88, embora 
acumule competências legislativas estaduais e municipais. 
Por fim, a estrutura do Poder Legislativo dos Territórios Federais observa as regras do art. 33, § 3º, 
da CF/88. Assim, a lei disporá sobre as eleições para a Câmara Territorial. Contudo, atualmente, 
não existem Territórios Federais, portanto não há regulamentação legislativa para o texto 
constitucional. Mas, caso venha a ser criado, o art. 45, § 2º, da CF/88, dispõe que cada Território 
elegerá o número de Quadro Deputados Federais, que comporão a Câmara dos Deputados no 
Congresso Nacional (LENZA, 2023, p. 273). 
 
A estrutura do Congresso Nacional 
Agora que você entendeu quais são as funções do Poder Legislativo, falaremos sobre a estrutura 
e competência do Congresso Nacional. 
O art. 49 da CF/88 traz as matérias de competência exclusiva do Congresso Nacional, sendo elas 
materializadas por decretos legislativos. 
Já o art. 48 da CF/88 preceitua que cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da 
República, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre aquelas 
citadas em mencionado diploma constitucional. 
Como dito anteriormente, no âmbito federal, o Poder Legislativo adota o sistema bicameral, 
constituído por duas Casas. Falaremos sobre elas agora. 
 
Câmara dos Deputados 
A Câmara dos Deputados é composta por representantes eleitos pelo povo, adotando o princípio 
proporcional. Isso significa que o número total de Deputados Federais, bem como a representação 
porEstados e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à 
população de cada ente federado, não podendo a unidade Federativa ter menos de oito nem mais 
que setenta Deputados, por força do que dispõe o art. 45, § 1º, da CF. O mandato dos Deputados 
Federais é de 4 anos, permitida a reeleição. 
Em que pese ao subsídio mensal dos membros do Congresso Nacional, o Decreto Legislativo n. 
172/2022 fixou o valor de R$39.293,32 a partir de 1º.01.2023, prescrevendo um aumento 
progressivo. 
As matérias de competência privativa dos Deputados Federais encontram previsão no art. 51 da 
CF/88, e independem de sanção presidencial. Tais matérias são materializadas por meio de 
resoluções. 
Os requisitos para a candidatura dos Deputados Federais são: 
• Ser brasileiro nato ou naturalizado (art. 14, § 3º, I, CF/88). 
• Ser maior de 21 anos (art. 14, § 3º, VI, “c”, CF/88). 
• Estar em pleno exercício dos direitos políticos (art. 14, § 3º, II, CF/88). 
• Alistamento eleitoral (art. 14, § 3º, III, CF/88). 
• Domicílio eleitoral na circunscrição (art. 14, § 3º, IV, CF/88). 
• Filiação partidária (art. 14, § 3º, V, CF/88). 
 
 
 
Senado Federal 
O Senado Federal é composto por representantes dos Estados e do Distrito Federal, sendo eleitos 
segundo o princípio majoritário, ou seja, é eleito aquele que obtiver o maior número de votos. O 
mandato do Senador é de 8 anos, 
O subsídio observa as mesmas regras estabelecidas para os Deputados Federais. 
O art. 52 da CF/88, estabelece a competência privativa dos Senadores Federais, 
independentemente de sanção presidencial, materializadas por meio de resoluções. 
Os requisitos para a candidatura dos Senadores são: 
• Brasileiro nato ou naturalizado (art. 14, § 3.º, I). 
• Maior de 35 anos (art. 14, § 3.º, VI, “a”). 
• Pleno exercício dos direitos políticos (art. 14, § 3.º, II). 
• Alistamento eleitoral (art. 14, § 3.º, III). 
• Domicílio eleitoral na circunscrição (art. 14, § 3.º, IV). 
• Filiação partidária (art. 14, § 3.º, V). 
 
As reuniões dos membros do Congresso Nacional seguem os dispostos no art. 57 da CF/88, sendo 
classificadas da seguinte forma: 
• Sessão ordinária (art. 57, caput): ocorrerão entre 02/02 e 17/07; e 01/08 e 22/12 de cada ano. 
• Sessão extraordinária (art. 57, § 6º): são aquelas que eventualmente ocorrem durante o recesso 
parlamentar. 
• Sessão conjunta (art. 57, § 3º): reuniões de Deputados em conjunto com Senadores. 
• Sessão preparatória (art. 57, § 4º): São aquelas que ocorrem no início de cada Legislatura. 
 
Imunidades parlamentares 
Os Deputados e Senadores possuem algumas prerrogativas que garantem a inviolabilidade de 
suas opiniões, palavras e votos, proferidos no exercício de suas funções. A doutrina chama essas 
prerrogativas de imunidades parlamentares (LENZA, 2023, p. 291). 
Trata-se, na verdade, de exclusão de crime decorrente de pronunciamento de opiniões, palavras e 
votos, garantindo ao congressista o exercício de seu mandato com ampla liberdade. 
As imunidades parlamentares se dividem em dois tipos: imunidade material, real ou substantiva, 
também chamada de inviolabilidade parlamentar, e imunidade processual (formal ou adjetiva). 
A imunidade material ou a inviolabilidade parlamentar encontra previsão no art. 53, caput, da CF/88, 
dispondo que: “Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de 
suas opiniões, palavras e votos”. 
Assim, o parlamentar que expressar sua opinião, palavra ou voto, no exercício de sua função, ainda 
que fora do Congresso Nacional, não praticou qualquer crime. Lenza (2023, p. 292) atribui a tal 
prerrogativa a natureza de “irresponsabilidade geral”, e para o autor a imunidade material “é 
sinônimo de democracia”, pois tem por finalidade evitar que o parlamentar seja perseguido, sofra 
represálias ou pressões. Contudo, o excesso pode caracterizar abuso de prerrogativa, ensejando 
a perda do mandato por quebra do decoro parlamentar (art. 55, II, CF/88). 
Já a imunidade formal ou processual está diretamente relacionada à possibilidade ou não de prisão 
dos parlamentares ou de instauração de processos contra eles. 
A imunidade prisional encontra previsão no § 2º do art. 53 da CF/88, e dispõe que, desde a 
diplomação, os Deputados e Senadores não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime 
inafiançável. Nesse caso, os autos do processo deverão ser remetidos à respectiva Casa no prazo 
de 24 horas, para que, pelo voto da maioria dos membros, seja decidido sobre a prisão. 
Por outro lado, importante destacar que o art. 53, §§ 3º a 5º, da CF/88, estabelece as regras sobre 
a imunidade processual. Assim, após iniciado um processo contra um parlamentar, deverá o 
Supremo Tribunal Federal comunicar à respectiva Casa Legislativa, que poderá suspender o 
andamento da ação até o final do mandato, pelo voto da maioria de seus membros. Caso a ação 
seja suspensa, o prazo prescricional também ficará suspenso pelo período de duração do mandato. 
Cumpre registrar que a imunidade processual somente se aplica aos crimes praticados após a 
diplomação do Deputado ou Senador. 
Vale destacar ainda que as imunidades parlamentares processuais ou prisionais não são absolutas, 
assim como nenhum outro direito, ainda que fundamental, o é, pois em algumas situações o 
Supremo Tribunal Federal excepcionou a regra constitucional, decidindo pela manutenção da 
prisão, mesmo após as Casas do Congresso Nacional terem decidido de forma negativa. Um 
grande exemplo foi o caso do Senador Aécio Neves, em que o Supremo Tribunal Federal decretou 
a prisão do congressista sob o argumento de preservação do processo judicial em andamento. 
Por fim, quanto ao foro competente, o § 1º do art. 53 da CF/88 disciplina que compete ao Supremo 
Tribunal Federal o julgamento dos Deputados e Senadores, desde sua diplomação. 
 
Vídeo Resumo 
Nesta aula resumo, você verá explicações sobre as funções do Poder Legislativo, a estrutura do 
Congresso Nacional, bem como sobre as imunidades parlamentares, divididas em imunidade 
material e imunidade processual. 
Quanto às imunidades parlamentares, a Constituição brasileira garante aos Congressistas a 
inviolabilidade de suas opiniões, palavras e votos, proferidos no exercício de suas funções. 
 
Saiba mais 
Para aprofundar seu conhecimento, convidamos você a ler o texto sobre as Mesas Diretoras e as Comissões 
parlamentares, disponível na obra Curso de Direito Constitucional, André de Tavares (2023). 
Bons estudos! 
 
 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786555596915/epubcfi/6/2%5b%3Bvnd.vst.idref%3Dcover.xhtml%5d!/4/2%5bcover%5d/2%4050:77
Aula 3 
Poder judiciário: características e competências 
Nesta aula, estudaremos sobre o último dos poderes da União: o Poder Judiciário. 
 
introdução 
Olá, estudante 
Nesta aula, estudaremos sobre o último dos poderes da União: o Poder Judiciário. 
Ao Poder Judiciário compete o exercício da função jurisdicional, como órgão investido de jurisdição. 
Assim, em outras palavras, cabe ao Poder Judiciário dizer o Direito e julgar as causas que chegam 
até ele, sempre buscando a pacificação social. 
O Poder Judiciário é composto por vários Órgãos, nas mais variadas instâncias, e com 
competências bem definidas pela Constituição Federal. Dentre esses Órgãos, podemos destacar 
o STF, o STJ, a Justiça Federal, a Justiça Estadual, dentre outros. 
Vamos aprender mais sobre o tema? 
Confira nosso material. 
 
As funções do Judiciário 
Já estudamos sobre o Poder Executivo e o Poder Legislativo. Vamos agora estudar sobre o Poder 
Judiciário, que possui como funções primordiais declarar o Direito e julgar (TAVARES, 2023, p. 388) 
ou exercer a atividade jurisdicional. Assim, pode-se dizer que o Poder Judiciário é investido de 
jurisdição. Trata-se de função típica. 
Souza e Caraciola (2023, p. 151) conceituam jurisdição da seguinte forma: 
 
[...] função exercida em caráter substitutivo,e o 
povo, que é o conjunto de pessoas que possui um vínculo jurídico-político com o Estado, com seus 
direitos e deveres. 
Segundo o historiador Eric Hobsbawm, o Estado-Nação foi uma construção histórica que resultou 
da confluência de diversos fatores, como a centralização do poder político, o desenvolvimento do 
capitalismo e a consolidação da ideia de nação. Para ele, o Estado-Nação é um tipo de organização 
política que não existiu durante a maior parte da história da humanidade e cuja aparição se dá em 
momentos bem determinados da história (HOBSBAWM, 1990). 
Resumidamente, podemos compreender, afinal, que, ainda que antes existissem formas de 
organização política, somente a partir da Modernidade surgiu o Estado-Nação, uma organização 
política com contornos mais determinados, com a conjugação dos elementos: território, povo e 
soberania. 
Portanto, compreender os conceitos e as origens do Estado-Nação é fundamental para entender 
as formas de organização política contemporâneas e a sua relação com a sociedade. Aprender 
sobre a formação do Estado-Nação permite-nos entender como se deu a construção histórica 
dessa forma de organização política, sua diferença em relação às formas de organização do poder 
antes da Modernidade e como ela influencia a política e o direito contemporâneos. 
 
Das formas políticas pré-estatais ao Estado Moderno 
Antes do surgimento do Estado Moderno, existiam distintas formas políticas, conforme salienta 
Marilena Chauí (2000). Vejamos algumas delas: 
1. Poder despótico: forma de organização do poder existente nos grandes impérios da Antiguidade, 
tais como Pérsia, Egito, Babilônia, Índia e China, em que a autoridade era exercida pelo chefe de 
família sobre um conjunto de famílias, com um poder supremo, mágico, hereditário ou de origem 
divina. 
2. Pólis grega: forma política democrática em que aqueles considerados cidadãos tinham direito de 
participar diretamente das decisões e das leis da cidade e um espaço público de discussão e 
deliberação em conjunto. 
3. Monarquias feudais: caracterizado pela descentralização do poder, já que os senhores feudais o 
exerciam em suas porções territoriais, sendo ausente a figura de uma organização política central 
forte e unificada. 
Porém com a chegada da Modernidade, surgiu o Estado-Nação, uma forma política que se tornou 
predominante no mundo ocidental. O Estado-Nação é caracterizado pela união de um território 
delimitado, um povo e um governo soberano que possui o monopólio do uso legítimo da força, 
como enfatizou Max Weber (1991). Esses elementos são fundamentais para a construção do 
Estado-Nação e são estudados nas disciplinas de Ciência Política, Teoria do Estado e Direito 
Público. 
Se nas Monarquias feudais o poder era descentralizado, havendo inclusive uma pluralidade de 
línguas, moedas, religiões e etnias, espalhadas em diferentes feudos, a partir do advento do Estado 
Moderno ocorreu um processo de uniformização do poder, com a criação de um direito único, de 
um território preciso, de um exército nacional, de uma religião oficial e de uma identidade nacional. 
Um mesmo conjunto de pessoas – agora chamado povo – passou a se identificar com uma mesma 
nacionalidade e um mesmo poder soberano passou a se sobrepor em todo o território. Estavam ali 
formados os elementos do Estado Nação: povo, território e soberania. 
Contudo, analisando esse processo em perspectiva crítica, podemos perceber que, embora a 
formação do Estado Moderno tenha sido muito relevante para a criação de um direito único em 
todo o território nacional e que foi fundamental para o desenvolvimento da estrutura de organização 
política predominante até os dias atuais, acabou havendo também uma tentativa de imposição de 
um modelo único de sociedade, suprimindo as diferenças sociais, culturais, religiosas e linguísticas 
que existiam em outras épocas. 
Segundo José Luiz Quadros Magalhães (2012), a Idade Média era marcada por uma pluralidade 
de religiões, etnias e nacionalidades e a formação do Estado Moderno está associada justamente 
ao processo de supressão dessa diferença com a afirmação de um modelo uniformizador forjado a 
partir de uma nacionalidade única. Segundo o autor, esse processo de construção da identidade 
nacional, fundamental para o Estado-Nação, necessita do estranhamento do outro, da exclusão do 
não nacional, da eliminação ou do rebaixamento do diferente, sendo, portanto, um projeto 
narcisista. Como na canção “Sampa”, de Caetano Veloso, “narciso acha feio o que não é espelho”, 
o projeto de construção da identidade nacional na Modernidade é, nessa perspectiva, um projeto 
de exclusão do outro, pois encobre e inferioriza a diferença e afirma, em contraposição, a 
superioridade do nacional na própria imagem de si refletida. Encontra-se aí a face obscura também 
do Estado Moderno enquanto projeto uniformizador de valores, crenças e nacionalidade e avesso 
à diversidade. 
 
Estado Nação: efeitos práticos e abordagem crítica 
A formação do Estado-Nação como fruto da Modernidade foi um momento crucial na história política 
mundial, trazendo consigo a união de um território delimitado, um povo e um poder soberano 
detentor do monopólio do uso legítimo da força. Essa forma política tornou-se predominante no 
mundo ocidental e sua construção tem efeitos práticos para compreender a política contemporânea. 
Um desses efeitos pode ser visto na própria concepção da República Brasileira como Estado 
Moderno com todos os seus elementos constitutivos, tais como a identificação de um povo único, 
a delimitação de um território nacional, formado pelo solo, subsolo, mar territorial e espaço aéreo e 
a existência soberania, que significa a capacidade do povo, diretamente ou por meio de seus 
representantes, de tomar suas próprias decisões políticas e de criar e aplicar suas próprias leis, 
sem a ingerência direta de outros Estados no plano internacional. O Brasil é, pois, herdeiro do 
projeto moderno de Estado Nação. 
Porém, cabe ainda refletir sobre os efeitos perversos do Estado Moderno que, por meio da criação 
especialmente da identidade nacional, buscou uniformizar valores e eliminar o pluralismo. Para 
esclarecer tal questão, José Luiz Quadros exemplifica esse narcisismo da seguinte maneira: “Sou 
nacional, sou europeu e português, porque sou católico, porque compartilho uma identidade 
fundada em valores comuns, em uma moral e uma ética compartilhada pelos nacionais iguais a 
mim” (MAGALHÃES, 2012, p. 26-27). Com isso, tudo aquilo que representava, pois, a diferença em 
termos desse nacional foi compreendido como o outro, o selvagem, que incluía desde o indígena 
considerado selvagem, o africano considerado não humano ou o mulçumano, árabe, judeu, 
considerado bárbaro. Foi nesse contexto do surgimento do Estado Moderno que se firmou o 
dispositivo “Nós X Eles”, elemento fundamental para compreender algumas das atrocidades e 
violências contra o diferente ao longo da história ocidental recente. 
Um exemplo disso é o processo de colonização das Américas pelos europeus, que só foi possível 
com a formação do Estado Nação na Europa e com a afirmação de uma ideologia eurocêntrica, 
marcada pela ideia da superioridade dos povos europeus sobre quaisquer outros povos do mundo. 
Inicialmente, o que se verificou foi um processo cruel de escravização e extermínio dos povos 
indígenas e, posteriormente, dos povos africanos, sob o pano de fundo de uma perspectiva que 
inferioriza o diferente. O racismo que existe até os dias de hoje é reflexo desse contexto. 
Esse mesmo dispositivo “Nós X Eles” esteve presente, em última instância, na legitimação do 
Nazismo e da criação dos campos de concentração. Fundado sob uma ideologia de uniformização 
da sociedade em prol de uma nacionalidade única e superior, o Estado Nazista alemão, sob a 
liderança de Hitler, exerceu controle absoluto sobre a vida dos alemães e sobre os “indesejáveis”, 
que eram consideradosTribunal Superior do Trabalho 
O TST é composto por 27 Ministros nomeados pelo Presidente da República, sendo considerada a 
instância superior da Justiça do Trabalho. A Justiça do Trabalho é uma das justiças especializadas. 
 
Tribunais Regionais do Trabalho e Juízes do Trabalho 
Os TRTs representam a segunda instância da Justiça do Trabalho, e os Juízes do Trabalho a 
primeira instância, atuando nas Varas do Trabalho. 
A competência da Justiça do Trabalho encontra previsão no art. 114, da CF/88. 
Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais 
Os TRFs e os Juízes Federais compõem a Justiça Federal comum, cujas competências se 
encontram disciplinadas nos arts. 108 e 109, da CF/88. 
 
Tribunais e Juízes Eleitorais 
A Justiça Eleitoral também representa uma das justiças especializadas e, diferentemente das 
demais justiças, não possui magistrados exclusivos permanentes, uma vez que os respectivos 
membros são juízes que acumulam a função eleitoral, competindo julgar causas que envolvam 
assuntos relacionados a eleições, partidos políticos, direitos políticos, dentre outros (MUZY, 2023, 
p. 573). 
O Tribunal Superior Eleitoral é o órgão superior da Justiça Eleitoral, composto por 7 Ministros 
nomeados pelo Presidente da República. 
Os TREs são a segunda instância da Justiça Eleitoral, enquanto os juízes eleitorais representam a 
primeira instância, atuando nas juntas eleitorais. 
 
Tribunais e Juízes Militares 
A Justiça Militar também representa uma das justiças especializadas, conhecida como justiça 
castrense, competente para processar e julgar os crimes militares definidos pelo Código Penal 
Militar. O STM é a instância superior da Justiça Militar. 
 
Tribunais e Juízes dos Estados 
A Justiça Comum, além Federal, pode ser estadual, organizada no âmbito do estado. 
O Tribunal de Justiça Estadual representa a segunda instância da Justiça Comum Estadual, 
enquanto os Juízes de Direito representam a primeira instância, atuando nas Varas dos foros das 
Comarcas. 
A competência da Justiça Comum Estadual é residual, ou seja, aquilo que não for de competência 
das demais justiças recairá sobre a Justiça Estadual. 
 
Video Resumo 
Neste vídeo, você verá detalhes sobre o Poder Judiciário, a função jurisdicional exercida pelos 
Órgãos que compõem o Judiciário brasileiro, suas características e os princípios relacionados à 
jurisdição. 
Você também pode conferir as principais alterações introduzidas pela EC n. 45/2004, bem como a 
organização do Poder Judiciário. 
 
Saiba mais 
Para aprofundar seu conhecimento, leia o texto completo da Emenda Constitucional nº. 45/2004. 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc45.htm
Aula 4 
Administração pública 
Nesta aula, abordaremos os principais aspectos da organização político-administrativa da 
República Federativa do Brasil. 
 
introdução 
Olá, estudante! 
Nesta aula, abordaremos os principais aspectos da organização político-administrativa da 
República Federativa do Brasil. 
Também estudaremos a função administrativa dos entes da federação, sua organização e 
importância para o Direito Público. 
Nesse passo, compreenderemos as técnicas administrativas adotadas na organização da 
Administração Pública, bem como as principais diferenças entre a Administração Direta e Indireta, 
as características dos órgãos públicos e das entidades. 
Convido você a aprender ainda sobre os poderes da Administração Pública, que são prerrogativas 
conferidas por lei para a execução de suas funções, sempre visando o melhor interesse da 
coletividade. 
Vamos aprender mais sobre o tema? 
Confira nosso material e venha estudar mais sobre a Administração Pública. 
 
A organização político-administrativa 
A Constituição Federal dispõe sobre a organização político-administrativa da República Federativa 
do Brasil. Vejamos: 
 
Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a 
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta 
Constituição. 
 
Assim, a República Federativa do Brasil é formada pela União, Estados, Distrito Federal e 
Municípios, sendo tais entes da federação autônomos, não havendo que se falar em hierarquia 
entre eles. Há, sim, competências legislativas e administrativas disciplinadas pelo próprio texto da 
Constituição Federal, delimitando as atribuições de cada um. 
Certo é que todos os entes federados são dotados de competências administrativas, necessitando 
de se organizarem administrativamente para melhor atender o interesse coletivo. 
Nesse passo, a organização da Administração Pública é disciplinada pelo Decreto-lei n. 200/67, 
que, em seu art. 4º, diz o seguinte: 
 
Art. 4º. A Administração Federal compreende: 
I – A Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da 
Presidência da República e dos Ministérios. 
II – A Administração Indireta, que compreende as seguintes categorias de entidades, dotadas de 
personalidade jurídica própria: 
a) Autarquias; 
b) Empresas Públicas; 
c) Sociedades de Economia Mista; 
d) fundações públicas. 
Parágrafo único. As entidades compreendidas na Administração Indireta vinculam-se ao Ministério 
em cuja área de competência estiver enquadrada sua principal atividade. 
 
Mazza (2023, p. 76) diz que, para cumprir suas competências constitucionais, a Administração 
Pública se utiliza de duas técnicas administrativas: a desconcentração e a descentralização. 
Porém, antes de falarmos sobre a desconcentração, é importante entendermos o que vem a ser 
a concentração. Aqui, a Administração Pública, ao cumprir suas atribuições, deixa de distribuir suas 
competências entre as repartições públicas internas. Para Mazza (2023, p. 76), trata-se de hipótese 
raríssima, uma vez que as competências administrativas são executadas por meio de órgãos 
públicos despersonalizados e sem divisões internas. 
Assim, a desconcentração pressupõe a distribuição das competências administrativas entre os 
órgãos públicos que pertencem à própria Administração Pública, a ela subordinados 
hierarquicamente. 
Assim, por exemplo, os Ministérios que compõem o Poder Executivo Federal executam tarefas que 
lhes foram atribuídas pela Administração Pública Federal, sendo várias as matérias, como 
planejamento e orçamento, fazenda pública, previdência, turismo, justiça, dentre outras. Tais 
Ministérios não possuem personalidade jurídica, sendo a prestação dos serviços distribuída dentro 
da mesma pessoa jurídica: a União. 
A doutrina (MEIRELLES, 2023, p. 54) classifica a desconcentração em: 
 
• Desconcentração territorial ou geográfica: competências são repartidas a partir da 
determinação da região onde cada órgão pode atuar. Os órgãos públicos terão a mesma atribuição 
material do outro, variando, assim, somente o âmbito de atuação de cada um. Ex.: Delegacias de 
Polícia. 
• Desconcentração material ou temática: distribuição de competência baseada na 
especialização de cada órgão. Ex.: Secretarias de Estado. 
• Desconcentração hierárquica ou funcional: utiliza como critério a relação de subordinação 
entre os órgãos. Ex.: Tribunais de Justiça e Juízes de primeira instância. 
Por outro lado, a descentralização consiste na distribuição das tarefas para a Administração Pública 
indireta ou para particular, ou seja, pessoas jurídicas autônomas, criadas pelo Estado. 
Diferentemente dos órgãos públicos, que são despersonificados, as entidades que compõem a 
Administração Pública Indireta possuem personalidade jurídica própria. 
Por fim, a descentralização pode ocorrer por outorga legal, transferindo a titularidade e a execução 
dos serviços; ou por delegação, no caso das permissões, autorizações ou concessões, transferindo 
apenas a execução da prestação dos serviços. 
 
Administração pública direta e indireta 
A administração pública, em sentido subjetivo, compreende todos os órgãos que compõemos entes 
da federação (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), investidos de funções administrativas. 
Aqui temos os órgãos da Administração Direta do Estado (PIETRO, 2023, p. 99). 
Começaremos nossos estudos falando sobre os órgãos públicos, que são entes 
despersonalizados, mas que se subordinam diretamente ao ente da federação. 
A doutrina traça algumas características para os órgãos públicos: 
 
• No têm personalidade jurídica. 
• Não têm patrimônio próprio. 
• Não têm vontade própria. 
• Agentes atuam em imputação. 
(MEIRELLES, 2023, p. 55) 
 
Quanto à capacidade processual, muito embora não possuam personalidade jurídica própria, 
alguns órgãos públicos têm capacidade postulatória para responder juridicamente em nome 
próprio. A título de exemplo, o art. 5º, da Lei n. 7.347/85 disciplina que o Ministério Público e a 
Defensoria Pública possuem legitimidade para propor ação principal e ação de natureza cautelar. 
Além disso, a Súmula 525 do STJ aduz que a Câmara de Vereadores pode demandar em juízo 
para defesa de seus interesses institucionais. 
Em sede de mandado de segurança, os órgãos públicos também possuem capacidade para prestar 
informações sobre eventuais atos ilegais praticados por seus agentes públicos. 
De outro modo, quando a lei transfere a execução indireta da prestação dos serviços do Estado a 
pessoas jurídicas com personalidade de direito público ou privado, temos o que chamamos de 
administração indireta. 
As entidades da administração pública indireta possuem as seguintes características (MEIRELLES, 
2023, p. 59): 
• Possuem personalidade jurídica própria, não se confundindo com os entes de criação. 
• Possuem patrimônio próprio e capacidade de autoadministração. 
• A criação ou autorização de criação decorre de lei específica (art. 37, XIX, CF/88). 
• Possuem finalidade pública estabelecida por lei. 
• Se sujeitam ao controle ou supervisão pela Administração Direta em virtude de serem a elas 
vinculadas. 
As autarquias “são pessoas jurídicas de direito público interno, pertencentes à Administração 
Pública Indireta, criadas por lei específica para o exercício de atividades típicas da Administração 
Pública” (MAZZA, 2023, p. 81). Podemos destacar algumas importantes autarquias: o INSS – 
Instituto Nacional do Seguro Social, o BACEN – Banco Central, USP, UFRJ, dentre outras. 
As entidades autárquicas possuem algumas classificações doutrinárias. Vejamos: 
• Autarquias profissionais: responsáveis por fiscalizar o exercício de profissões. São os conselhos 
representativos das categorias profissionais, como o CRC, CRM, dentre outros. 
• Autarquias em regime especial: são aquelas que possuem maior liberdade em relação às demais 
autarquias. Subdividem-se em: autarquia cultural (universidades públicas) e autarquias 
associativas (consórcios públicos). 
As fundações públicas são entidades dotadas de personalidade jurídica de direito privado, sem 
finalidade lucrativa, criadas por autorização legislativa, e para desenvolver atividades atípicas do 
Estado (art. 5º, IV, Decreto-lei n. 200/67). 
As fundações públicas podem ser dotadas de personalidade jurídica de direito público. Quando isso 
acontece, recebem o mesmo tratamento dado às autarquias, sendo chamadas pela doutrina de 
autarquias fundacionais ou fundações autárquicas. 
As empresas estatais são pessoas jurídicas de direito privado, criadas por autorização legislativa 
para prestar um serviço público ou explorar uma atividade econômica. São exemplos as sociedades 
de economia mista e as empresas públicas. 
Para concluir, as Agências Reguladoras ou Agências Executivas são autarquias ou fundações 
públicas que recebem essa qualidade da própria Administração Pública Direta, por meio de contrato 
de gestão, para garantir o exercício de suas funções com maior eficiência e eficiência operacional. 
 
Poderes da administração pública 
Agora que você já estudou a organização da Administração Pública, iremos tratar dos poderes da 
administração, que são prerrogativas conferidas por lei para a execução de suas atribuições, com 
instrumentos para a defesa de interesses coletivos. São eles: 
 
Poder Vinculado 
Também conhecido como poder regrado, ocorre quando a lei específica as atribuições do 
administrador público, disciplinando todas as regras de conduta, sem atribuir margem de liberdade 
para o agente público escolher como agir diante de determinadas situações. 
 
Poder Discricionário 
Diferentemente do poder vinculado, aqui a lei reserva uma margem de liberdade, dando ao agente 
público várias opções de ação, cabendo a ele a escolha da que melhor se aplique ao caso concreto. 
Poder Disciplinar 
É por meio do poder disciplinar que a administração pública poderá aplicar punições aos agentes 
públicos que praticam infrações no exercício de suas funções. 
Mazza (2023, p. 144) diz que “o poder disciplinar é vinculado quanto ao dever de punir e 
discricionário quanto à seleção da pena aplicável”. Isso porque poderão ser aplicadas as seguintes 
penalidades: advertência, suspensão, demissão, cassação da aposentadoria ou disponibilidade do 
cargo ou função, destituição de cargo em comissão e destituição de função comissionada. 
Para aplicação de qualquer dessas punições é necessária a instauração de processo 
administrativo, garantindo-se o contraditório e a ampla defesa das partes envolvidas, sob pena de 
nulidade. 
 
Poder Hierárquico 
Trata-se da possibilidade, conferida por lei, para que a Administração Pública crie seus órgãos 
públicos, e distribua entre eles suas funções. Assim, por exemplo, a União poderá transferir 
algumas de suas atribuições aos Ministérios, que por sua vez poderão criar estruturas internas para 
a execução de suas tarefas, como diretorias, secretarias, coordenações e departamentos, bem 
como estabelecer a relação de subordinação entre seus agentes públicos. 
Importante mencionar que não há hierarquia entre a administração direta e a administração indireta. 
 
Poder Regulamentar 
Decorre do poder hierárquico, e consiste na possibilidade de os agentes públicos que exercem 
cargos de chefia editarem atos administrativos com poder normativo, como regimentos, instruções 
normativas, resoluções, portarias, dentre outros, visando a fiel execução da lei. 
 
Poder de Polícia ou Limitação Administrativa 
Meirelles (2023, p. 86) aduz que o poder de polícia “representa uma atividade estatal restritiva dos 
interesses privados, pois limita liberdades e direitos individuais para devido atendimento do 
interesse público”. 
A Lei n. 5.172/66, em seu art. 78 conceitua o poder de polícia como uma atividade da Administração 
Pública que limita direito, interesse ou liberdade privada, bem como regula a prática de ato ou 
abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, 
aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, dentre outros. 
Assim, decorre do princípio da supremacia do interesse público, pois poderá restringir direitos de 
particulares para atender aos interesses públicos, possuindo como atributos: a discricionariedade, 
a autoexecutoriedade e a coercibilidade. 
 
Video Resumo 
Nesta aula, você aprendeu sobre a organização político-administrativa do estado e a organização 
da Administração Pública.Você teve a oportunidade de estudar sobre as principais diferenças e 
características dos órgãos públicos que integram a Administração Direta e as entidades que 
compõem a Administração Indireta. 
Também aprendeu sobre os poderes da Administração Pública. 
 
Saiba mais 
Para aprofundar seus conhecimentos, sugerimos a leitura da obra Direito Administrativo, de Maria Sylvia Zanella Di 
Pietro, páginas 573 a 662. 
Conheça a classificação doutrinária dos órgãos públicos da obra Direito Administrativo Decifrado, 
de Dalmo de Azevedo Meirelles. 
 
Aula 5 
Revisão da unidade 
 
Executivo, Legislativo e Judiciário 
Olá, estudante! 
O Brasil adotoua teoria da separação do poder, dividindo-o em três funções distintas: Executiva, 
Legislativa e Judiciária. 
O Poder Executivo exerce uma função típica de administrar o Estado brasileiro, por intermédio do 
Presidente da República, auxiliado por seus ministros de Estados e pelo Vice-Presidente, 
garantindo a todos o alcance dos direitos sociais e fundamentais por meio de políticas públicas. 
O Presidente da República exerce uma dupla função, a de ser o Chefe de Estado e o Chefe de 
Governo. 
Quando impedido ou quando o cargo estiver vago, o Presidente da República será substituído por 
seu Vice-Presidente que assumirá suas atribuições, independentemente de novas eleições. 
Por outro lado, estando ausentes tanto o Presidente quanto o Vice-Presidente da República, estes 
serão substituídos pelo Presidente da Câmara dos Deputados, o Presidente do Senado Federal e 
o Presidente do Supremo Tribunal Federal, sucessivamente e nessa ordem. 
Além disso, o Presidente da República poderá ser responsabilizado tanto pela prática de crime de 
responsabilidade quanto pela prática de crime comum, seguindo rito próprio, previsto pelo texto 
constitucional e por legislação específica. 
Quanto ao Poder Legislativo, a doutrina o considera o mais democrático dos poderes diante de sua 
representatividade. 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786559646784/epubcfi/6/2%5b%3Bvnd.vst.idref%3Dhtml1%5d!/4/2/2%4051:2
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786559646401/epubcfi/6/2%5b%3Bvnd.vst.idref%3Dhtml1%5d!/4/2/2%4051:2
O Poder Legislativo exerce a função de elaborar e aprovar as leis que entrarão em vigor em todo o 
território nacional, além de fiscalizar os demais poderes, sobretudo o Poder Executivo. 
Além disso, o Poder Executivo também exerce a função de poder constituinte derivado reformador, 
pois é ele quem edita emendas constitucionais capazes de alterar o texto da Constituição Federal. 
Importante destacar que o Poder Legislativo possui representação nas três esferas de Governo: no 
âmbito Federal, Estadual e Distrital, e Municipal. 
A Câmara dos Deputados é composta por representantes eleitos pelo povo, adotando o princípio 
proporcional. Já o Senado Federal é composto por representantes dos Estados e do Distrito 
Federal, sendo eleitos segundo o princípio majoritário, ou seja, é eleito aquele que obtiver o maior 
número de votos. 
Os parlamentares das casas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal gozam de 
imunidades materiais e processuais. 
Quanto ao Poder Judiciário, ele possui a função de declarar o Direito e julgar as causas que chegam 
em suas mãos, portanto, exerce uma função jurisdicional, visando alcançar a pacificação social, 
administrando as leis e a justiça em todo o território nacional. 
Vários são os órgãos que compõem o Poder Judiciário. Dentre eles podemos destacar: O STF, o 
CNJ, o STJ, o TST, os TRTs e Juízes do Trabalho, os TRFs e os Juízes Federais, os Tribunais e 
Juízes Eleitorais, os Tribunais e Juízes Militares, e, por fim, os Tribunais de Justiças Estaduais e os 
Juízes de Direito. 
Para concluirmos, a República Federativa do Brasil é formada pela União, Estados, Distrito Federal 
e Municípios. 
Todos os entes federados são dotados de competências administrativas, necessitando se organizar 
administrativamente para melhor atender o interesse coletivo. 
Assim, a organização da Administração Pública compreende a Administração Direta e Indireta, cada 
uma com suas características e representadas por seus órgãos e entidades. 
Por fim, para cumprir suas competências constitucionais, a Administração Pública se utiliza da 
desconcentração e da descentralização. 
A desconcentração pressupõe a distribuição das competências administrativas entre os órgãos 
públicos que pertencem à própria Administração Pública. Por outro lado, a descentralização 
consiste na distribuição das tarefas para a Administração Pública Indireta. 
 
Revisão da unidade 
No vídeo resumo desta unidade, vamos rever os pontos estudados: aprendemos sobre as 
características e competências dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. 
O Poder Legislativo é responsável por elaborar e aprovar as leis; o Poder Executivo por administrar 
todo o território nacional; e, o Poder Judiciário, por declarar o Direito e julgar conforme as leis. 
Cada ente da federação necessita se organizar administrativamente para melhor atender o 
interesse coletivo. Para tal, a organização da administração pública compreende a administração 
direta e indireta. 
 
ESTUDO DE CASO 
Para contextualizar sua aprendizagem, imagine que você, um profissional especialista em Direito 
Público, foi convidado a analisar a seguinte situação: 
O Município X criou uma autarquia municipal para prestação de serviços de abastecimento de água 
visando atender uma determinada área rural. 
Decorridos cinco anos de ininterrupta prestação de serviços, moradores de vários bairros rurais 
pertencentes ao Município X e abastecidos pela autarquia municipal foram acometidos por graves 
problemas gastrintestinais. 
Restaram comprovados por profissionais da saúde local que essas pessoas provavelmente teriam 
ingerido alimentos contaminados. 
Como houve aumento considerável do índice de pessoas doentes de um mês para outro, deixando 
os hospitais locais superlotados, as autoridades sanitárias resolveram investigar o caso. 
Primeiramente, a linha de investigação indicava que houve contaminação da produção agrícola 
desses moradores, já que a grande maioria deles eram pequenos agricultores, que se alimentavam 
dos produtos que cultivavam. Assim, investigaram os inseticidas e outros produtos utilizados no 
plantio pela maioria desses pequenos agricultores. Mas nada encontraram nesses produtos. 
Na sequência, as autoridades públicas perceberam que os pequenos agricultores que irrigavam 
suas plantações e abasteciam suas casas com águas oriundas de poços artesanais não 
apresentaram sinais de contaminação. 
Assim, resolveram coletar amostras das águas fornecidas pela autarquia municipal, e constataram 
a presença de substâncias nocivas à saúde. 
A notícia se espalhou rapidamente por todo o Município X, causando alvoroço na Cidade. 
Indignados, os moradores do Município X cobraram das autoridades públicas a imediata suspensão 
do fornecimento de abastecimento da água pela autarquia municipal, e a substituição da referida 
entidade por outra que atendesse às necessidades básicas da região com uma prestação de 
serviço de qualidade. 
Contudo, os moradores não foram atendidos, sob o argumento de que a autarquia municipal estaria 
resolvendo o problema da água. 
Considerando a situação hipotética, caso os moradores acionassem a justiça, a autarquia municipal 
possui personalidade jurídica própria para responder a ação? Explique. 
Qual técnica administrativa foi utilizada pelo Município X para a criação dessa autarquia? Comente 
sobre ela. 
 
 
Reflita 
Você aprendeu que a República Federativa do Brasil é formada pela União, Estados, Distrito 
Federal e Municípios, sendo cada um desses entes autônomos e independentes entre si. 
Todos eles são dotados de competências administrativas, necessitando se organizar para melhor 
atender o interesse coletivo. Essa organização decorre da própria organização da Administração 
Pública, que compreende a Administração Pública Direta e a Administração Pública Indireta. 
Mas, como funciona a estrutura da administração direta? Seus órgãos possuem personalidade 
jurídica própria? Em caso negativo, na estrutura da administração direta, quem possui 
personalidade jurídica própria? 
Os entes da federação integram a administração direta ou indireta? 
E quais entidades integram a administração indireta? Essas entidades possuem autonomia e 
personalidade jurídica própria? 
Você saberia apontar as características dos órgãos públicos que integram a administração direta e 
das entidades que integram a administração indireta?Além disso, é importante relembrar que, para discorrer sobre tais questionamentos, é necessário 
entender como funcionam as técnicas administrativas, que doutrinariamente se dividem em duas: 
a desconcentração e a descentralização. Como elas funcionam e qual sua classificação? 
 
Resolução do Estudo de Caso 
Respondendo ao primeiro questionamento, é importante relembrarmos alguns conceitos 
importantes: 
A República Federativa do Brasil é formada pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, 
sendo tais entes da federação autônomos, não havendo hierarquia entre eles, apenas 
competências legislativas e administrativas disciplinadas pelo próprio texto da Constituição Federal, 
delimitando as atribuições de cada um. 
Certo é que todos os entes federados são dotados de competências administrativas, necessitando 
se organizar administrativamente para melhor atender o interesse coletivo. 
Assim, a organização da administração pública compreende a administração direta e a indireta. 
A administração direta é estruturada pelos próprios entes da federação que a integram, podendo 
cada um criar seus órgãos, a quem distribuirá competências internas. Esses órgãos não possuem 
personalidade jurídica própria, pois se subordinam diretamente ao ente da federação. É o ente 
federado que detém personalidade jurídica própria. Aqui, temos um exemplo da técnica 
administrativa da desconcentração. 
Por outro lado, compõem a estrutura da Administração Indireta várias entidades dotadas de 
autonomia e personalidade jurídica própria, dentre elas, temos: as autarquias, as empresas 
públicas, a sociedade de economia mista, e as fundações públicas. Tais entidades são criadas ou 
autorizadas por lei, e se vinculam aos órgãos da Administração Direta. Veja-se que falamos em 
vinculação, e não subordinação, pois não há hierarquia entre as entidades da Administração 
Indireta e os órgãos da Administração Direta. 
Assim, respondendo à situação hipotética, casos os moradores acionassem a justiça, por se tratar 
de autarquia municipal, entidade com personalidade jurídica própria, a ação poderia ser movida 
diretamente contra ela. 
A técnica administrativa utilizada para a criação dessa autarquia municipal é a descentralização, 
que consiste na distribuição das tarefas às pessoas jurídicas autônomas, criadas ou autorizadas à 
criação por meio de lei específica, com finalidades disciplinadas na própria lei. 
As autarquias “são pessoas jurídicas de direito público interno, pertencentes à Administração 
Pública Indireta, criadas por lei específica para o exercício de atividades típicas da Administração 
Pública” (MAZZA, 2023, p. 81). Podemos destacar algumas importantes autarquias: o INSS – 
Instituto Nacional do Seguro Social, o BACEN – Banco Central, USP, UFRJ, dentre outras. 
As entidades autárquicas possuem algumas classificações doutrinárias: 
• Autarquias profissionais: responsáveis por fiscalizar o exercício de profissões. São os conselhos 
representativos das categorias profissionais, como o CRC, CRM, dentre outros. 
• Autarquias em regime especial: são aquelas que possuem maior liberdade em relação às demais 
autarquias. Subdividem-se em: autarquia cultural (universidades públicas) e autarquias 
associativas (consórcios públicos). 
 
Resumo Visual 
Administração Direta 
União 
Estados 
Distrito Federal 
Municípiosameaças à pureza da “raça” alemã. 
O grande desafio, hoje, dos Estados contemporâneos parece ser conciliar as contribuições da 
herança do Estado Moderno – que trouxe a ideia de um direito dentro de um território e a própria 
noção de povo e de soberania – com o compromisso de valorização da diversidade e do pluralismo 
étnico, racial, linguístico e cultural no próprio projeto político e constitucional de uma sociedade 
livre, justa e plural, trazendo para dentro do Direito Público perspectivas de valorização das culturas 
e valores que foram historicamente reprimidas e massacradas em nossa história. 
 
Vídeo Resumo 
Olá, estudante! Você já se perguntou como as sociedades humanas se organizavam antes do 
surgimento do Estado Nação? E como o Estado Moderno surgiu e se consolidou? Neste vídeo, 
você verá uma análise sobre como as relações políticas evoluíram ao longo do tempo e como o 
Estado se tornou uma instituição fundamental na organização das sociedades até os dias atuais. 
Venha aprender conosco! 
 
Saiba mais 
Para fins de aprofundamento deste nosso estudo, a dica é o artigo A Teoria do Estado precisa se voltar para o estudo 
da América Latina, de Danilo Pereira Lima, na plataforma Conjur. 
O artigo enfatiza o modo como os estudos sobre o Estado ainda possuem uma perspectiva eurocêntrica, de modo que 
https://www.conjur.com.br/2022-fev-05/diario-classe-teoria-estado-voltar-estudo-america-latina
https://www.conjur.com.br/2022-fev-05/diario-classe-teoria-estado-voltar-estudo-america-latina
devemos também partir para as particularidades da sua construção em países periféricos para uma compreensão mais 
adequada de seu fenômeno no campo constitucional e do Direito Público de modo geral. 
Trata-se de uma análise crítica sobre o modo como tradicionalmente lidamos com o problema do Estado-Nação. 
 
Aula 3 
A evolução do Estado Moderno 
Olá, estudante, boas-vindas à aula sobre a evolução do Estado Moderno nos seus modelos – que 
pode ser denominado paradigma –: Estado Liberal, Estado Social e Estado Democrático de Direito. 
 
introdução 
Olá, estudante, boas-vindas à aula sobre a evolução do Estado Moderno nos seus modelos – que 
pode ser denominado paradigma –: Estado Liberal, Estado Social e Estado Democrático de Direito. 
Com esta aula, você terá a oportunidade de compreender as diferentes formas de organização 
político-constitucional do Estado ao longo do tempo e como ela reflete os princípios, dos direitos e 
as demandas sociais de cada época. 
Espera-se que, ao final da aula, você seja capaz de analisar criticamente as características de cada 
paradigma e suas implicações para compreender adequadamente o Estado e o direito na 
atualidade. 
Lembre-se de estar atento aos conceitos e ideias apresentados, pois eles são fundamentais para 
a compreensão das mudanças jurídicas e sociais que moldaram o mundo em que vivemos hoje. 
Estamos ansiosos para compartilhar esse conhecimento com você e esperamos que esta aula 
desperte sua curiosidade e interesse pelo tema. Vamos começar? 
 
A evolução do Estado Moderno 
Na aula anterior, aprendemos que o Estado Nação é fruto da Modernidade e que ele surgiu a partir 
da delimitação de um território, da definição de um povo e da noção de soberania como um poder 
de criar leis e definir decisões e políticas dentro desse território, de forma independente. 
Ocorre que esse Estado passou por uma evolução histórica marcada pela transformação de suas 
estruturas jurídicas de acordo com suas funções e objetivos em cada época. Com isso, surgiram 
três paradigmas de Estado (Liberal, Social e Democrático de Direito) em sua evolução que podem 
ser compreendidos, de acordo com Habermas (1997), como certas visões que a sociedade 
compartilha em uma dada época sobre o papel do direito e do Estado e que acabaram por moldar 
as práticas políticas e jurídicas em cada contexto. 
O Estado Liberal surgiu no final do século XVIII, em especial a partir das Revoluções Francesa e 
Americana, e tinha como principal preocupação a limitação do poder estatal, pela defesa da 
liberdade individual e pela supremacia da lei e da Constituição. Segundo Menelick Carvalho Netto 
(2001), o Estado Liberal surge como uma reação ao Estado Absolutista e tem como principal 
objetivo limitar o poder do Estado, de forma a garantir a liberdade e a autonomia individual. 
Já o Estado social, que se desenvolveu somente a partir do século XX, com as Constituições do 
México, de 1917, e de Weimar, de 1919, tem como principal característica a garantia de direitos à 
saúde, ao trabalho, à educação, dentre outros que promovam a proteção social – não apenas 
individual, como no caso do Estado Liberal – a partir da intervenção estatal. Nesse paradigma, o 
Estado tem como função garantir o bem-estar social dos indivíduos, por meio de políticas públicas 
e sociais. Na perspectiva de Habermas (1997), o Estado social almeja neutralizar as desigualdades 
sociais resultantes das condições de mercado e promover o bem-estar dos cidadãos através de 
serviços públicos. 
Por fim, o Estado Democrático de Direito, que se desenvolveu a partir da segunda metade do século 
XX, tem como principal característica a proteção dos direitos fundamentais e a participação dos 
cidadãos na tomada de decisões políticas. Nesse paradigma, o Estado tem como função garantir 
os direitos e liberdades fundamentais dos indivíduos, por meio de uma Constituição democrática e 
da participação cidadã. Segundo Habermas (1997), o Estado Democrático de Direito, além de 
garantir a liberdade individual e a justiça social, deve assegurar a participação política dos cidadãos 
nas decisões políticas que afetam suas vidas. 
Portanto, a evolução do Estado moderno se deu por meio da superação dos paradigmas anteriores, 
com a incorporação de novos direitos e novas funções do Estado, sendo que hoje se destaca a 
importância da articulação entre a proteção dos direitos fundamentais e a garantia da participação 
democrática. 
 
Aprofundamento da compreensão dos paradigmas do Estado de Direito 
Como já abordado, a evolução do Estado Moderno pode ser compreendida a partir de três 
paradigmas fundamentais: Estado Liberal, Estado Social e Estado Democrático de Direito. Cada 
um desses paradigmas representa uma fase importante na história política e jurídica ocidental, 
cada um com suas próprias características, sendo que a passagem de um paradigma para o outro 
se deu em relação às limitações que o paradigma anterior apresentou em cada época, como será 
agora aprofundado. 
Após o advento das Revoluções Francesa e Americanas, surgiu no final do século XVIII, o 
paradigma do Estado Liberal que se desenvolveu ao longo do século XIX. Em contraposição ao 
Estado Absolutista, o Estado Liberal recém-criado passou a garantir os direitos individuais, como a 
liberdade, a vida e a propriedade e a limitação do poder político por meio da separação dos Poderes 
em Legislativo, Executivo e Judiciário – cada um com sua própria função – e da supremacia da lei 
e da Constituição – na medida que governantes e governados deveriam se submeter às normas do 
Estado. 
Embora essa estrutura institucional exista até os dias de hoje naquilo que denominamos Estado de 
Direito, as ideias liberais da época estavam pautadas em um princípio de não intervenção estatal, 
de modo que a igualdade – ou seja, a noção de que todos são iguais perante a lei – tinha apenas 
um sentido formal. Em outras palavras, o Estado Liberal pode ser criticado por não se mobilizar na 
proteção de direitos e acesso aos serviços públicos, não levando em consideração as 
desigualdades sociais existentes, geradas pela própria estrutura do sistema capitalista. 
Em resposta às críticas ao Estado Liberal, surge o novo paradigma do Estado Social no século XX, 
em razão das lutas dos movimentos sociais e sindicais por melhores condições de vida dos 
trabalhadores. A grande transformação se dá em termos da função do Estadonesse novo modelo, 
que passa a ser intervencionista, de modo a atuar mais diretamente na economia e na sociedade, 
a fim de garantir a justiça social e a igualdade material. O Estado Social, segundo Menelick de 
Carvalho Netto (2001), estaria baseado no princípio de intervenção, no qual o Estado passa a 
reconhecer as desigualdades sociais e econômicas existentes a fim de atuar para reduzi-las a partir 
da garantia de direitos sociais, econômicos e culturais, por meio de políticas públicas voltadas a 
áreas como educação, saúde, assistência, previdência, moradia, dentre outras. A igualdade passa, 
portanto, a ter um sentido não apenas formal, mas material. 
No entanto, o Estado Social também é criticado por sua excessiva intervenção na economia e por 
seu paternalismo. Segundo Menelick de Carvalho Netto (2001), a excessiva intervenção estatal 
pode gerar um Estado que, ao invés de se limitar a assegurar a efetividade dos direitos sociais, 
passa a substituir o cidadão em seus direitos e responsabilidades. O risco é de o Estado se tornar 
uma grande máquina burocrática, distante dos cidadãos, sem garantia de participação democrática. 
Por fim, o Estado Democrático de Direito surge a partir dos anos 1970, com o objetivo de superar 
as limitações dos modelos anteriores. Nesse modelo, o Estado deve, de um lado, garantir o Estado 
de Direito e os direitos fundamentais, entendidos não apenas como liberdade individual, mas 
também como justiça social; e, de outro, garantir a participação democrática dos cidadãos nas 
decisões políticas e na construção de novos direitos. 
 
Os paradigmas do Estado de Direito na prática 
Com a evolução do Estado, cada um dos paradigmas representa uma mudança significativa na 
forma como o Estado deve atuar e quais direitos devem receber prioridade de proteção. 
1. Estado Liberal 
No primeiro paradigma, o do Estado Liberal, priorizam-se os direitos individuais, tais como a 
liberdade de locomoção, de expressão, de consciência, de religião, a livre iniciativa, a concorrência. 
Um exemplo de aplicação é a política de redução de gastos do Estado e a ideia de que o mercado 
livre, sem intervenções estatais, é o melhor recurso para o desenvolvimento e para a eficiência 
econômica. 
Nesse paradigma, o Estado deve assegurar a liberdade dos membros da sociedade, vistos como 
um conjunto de indivíduos que devem percorrer seus interesses privados de modo egoístico, só 
podendo haver intervenção estatal quando a esfera da liberdade de alguém violar a do outro. 
 
2. Estado Social 
O Estado Social surgiu no século XX, como resposta às crises econômicas e às demandas dos 
movimentos sociais. Ele é caracterizado pela expansão do Estado na provisão de serviços públicos, 
como saúde, educação, assistência social e previdência. O papel do Estado é intervir para 
promover a justiça social, reduzir as desigualdades e garantir a proteção social para os mais 
vulneráveis. 
Um exemplo de aplicação do Estado Social é o sistema de saúde pública do Reino Unido, 
conhecido como NHS (National Health Service). Esse sistema foi criado em 1948, e oferece 
serviços de saúde gratuitos e universais para todos os cidadãos britânicos. O objetivo é garantir 
que todos tenham acesso aos mesmos serviços de saúde, independentemente da renda ou do 
status social. No Brasil, o Sistema Único de Saúde é um exemplo de política pública, herdeira dessa 
concepção de bem-estar social do Estado. 
Nesse paradigma, o Estado deve se expandir de modo a ocupar um lugar mais central na 
sociedade. A liberdade individual acaba se reduzindo e o Estado passa a ser um provedor de 
serviços para a sociedade com base no princípio da solidariedade. 
 
3. Estado Democrático de Direito 
O Estado Democrático de Direito é o paradigma mais recente e atual e se baseia na ideia de que 
o poder deve ser exercido dentro de limites definidos pela lei e pelos direitos fundamentais, e que 
esses limites devem ser garantidos por instituições independentes e imparciais, como o Poder 
Judiciário e o Ministério Público. Além disso, esse modelo de Estado afirma a necessidade de 
valorização de criação de participação para ouvir e canalizar as demandas por direitos da 
sociedade civil e incorporá-las às políticas públicas. 
Um exemplo prático é o orçamento participativo, um mecanismo pelo qual a sociedade civil pode 
participar diretamente da definição das prioridades de investimento e gastos públicos em suas 
comunidades. O orçamento participativo é uma ferramenta importante para garantir a transparência 
e a democracia na gestão pública, além de permitir que as demandas dos movimentos sociais 
sejam levadas em consideração na elaboração das políticas públicas. 
Outro exemplo é a garantia de espaços para ouvir as demandas dos movimentos sociais, tais como 
as audiências públicas no Legislativo – em que eles podem se manifestar sobre projetos de lei e 
políticas públicas em discussão – e as ações coletivas no Judiciário – em que os movimentos 
sociais podem ingressar para fornecer informações e argumentos adicionais que possam contribuir 
para a decisão do caso. 
 
Video Resumo 
Olá, estudante! Você está preparado para embarcar em uma jornada pela evolução do Estado 
Moderno? Neste vídeo resumo, você terá a oportunidade de explorar os paradigmas do Estado 
Liberal, Social e Democrático de Direito. Conheceremos como esses modelos moldaram as bases 
do poder estatal ao longo do tempo, garantindo direitos individuais, promovendo o bem-estar social 
e fortalecendo a participação democrática. Vamos começar? 
 
Saiba mais 
Para aprofundamento de nosso estudo, indicamos o texto A evolução histórica do Estado Liberal ao Estado 
Democrático de Direito e sua relação com o constitucionalismo dirigente, de Ricardo Quartim de Moraes (2014). 
Com base em uma abordagem da evolução histórica do Estado de Direito, o autor analisa o atual Estado Democrático 
de Direito sob o viés de sua formação a partir do movimento histórico iniciado com o Estado Liberal, que surgiu no 
século XVIII, passando pelo Estado Social e as aspirações democráticas do fim século XIX e início do século XX. Em 
seguida, passaremos ao estudo do Estado Democrático de Direito brasileiro como conformado pela Constituição 
Federal de 1988. 
 
Aula 4 
Formas de Estado e as características do Federalismo 
Entender essa temática é crucial para entender como as democracias contemporâneas funcionam 
e como a gestão pública é conduzida. 
 
introdução 
Olá, estudante, seja bem-vindo à nossa aula sobre as formas de Estado e as características do 
federalismo. 
Entender essa temática é crucial para entender como as democracias contemporâneas funcionam 
e como a gestão pública é conduzida. Além disso, conhecer esses conceitos é importante para 
profissionais de diversas áreas, como direito, política, administração pública, entre outras, além de 
contribuir para a formação da consciência política de modo geral, o que é relevante para o 
pensamento crítico de qualquer cidadão. 
Ao longo desta aula, você terá a oportunidade de compreender as características e diferenças entre 
os diferentes tipos de Estado, como o Estado Unitário e o Estado Federal, de entender como o 
federalismo é aplicado em países ao redor do mundo e sua aplicação específica no Brasil. 
Esperamos que esta aula seja útil para a sua formação e que você possa aplicar o conhecimento 
adquirido em seu cotidiano profissional. Vamos começar! 
 
O Estado Unitário e o Estado Federado 
Como já vimos, o Estado é composto por certos elementos constitutivos, tais como o poder 
soberano, o território e o povo. Quando falamos, então, em formas de Estado, nos referimos se há 
ou não mais de um poder central no mesmo território nacional. 
Levando em conta isso, as principais formas de Estado são: o Estado Unitário, quando há um único 
poder autônomo, e o Estado Federado, quando há mais de um poder autônomo no mesmo território. 
https://www12.senado.leg.br/ril/edicoes/51/204/ril_v51_n204_p269.pdfhttps://www12.senado.leg.br/ril/edicoes/51/204/ril_v51_n204_p269.pdf
Sendo assim, no Estado Unitário, o poder político é centralizado em um único órgão governamental, 
responsável por tomar as decisões e criar e executar políticas públicas em nome do país. Já no 
Estado Federativo, o poder é compartilhado entre os diferentes níveis de governo, sendo que cada 
um tem sua própria esfera de atuação e autonomia. 
Há, pois, no Estado Unitário, uma centralização do poder e no Estado Federado esse poder é 
descentralizado, havendo distintos poderes autônomos para facilitar a execução de políticas e 
tomadas de decisão no território nacional. 
Adentrando de modo mais preciso no Estado federado, que será o foco da nossa aula, podemos 
dizer que ele busca dividir o exercício do poder político entre diferentes níveis de governo, buscando 
garantir a autonomia de cada uma das unidades federativas. 
Assim, são características do federalismo: 
1. A existência de diferentes entidades políticas que possuem sua própria esfera de atuação, 
naquilo que chamamos de autonomia. Essa autonomia significa: autolegislação: capacidade de 
cada ente de criar suas próprias leis; autogoverno: capacidade de cada ente de governar a si 
próprio; autoadministração: capacidade de cada ente de executar suas próprias políticas. 
2. Essas entidades políticas autônomas compõem uma união indissolúvel, isto é, não podem se 
separar do Estado. 
3. É precisamente a Constituição Federal que define as competências de cada nível de governo e 
limita o poder do Estado central. 
4. Há a possibilidade de negociação e cooperação entre diferentes esferas de governo. 
O federalismo foi adotado pela primeira vez na história pelos Estados Unidos no final do século 
XVIII, a partir da revolução americana. As treze colônias norte-americanas foram, 
progressivamente, declarando sua independência em relação ao Reino Unido, tornando-se 
Estados Unitários soberanos. Porém, no final do século XVIII, decidiram se unir por meio de uma 
mesma Constituição, criando uma única República Federativa que, hoje, é conhecida como 
Estados Unidos da América. Atualmente, cada um dos estados possui autonomia para legislar e 
governar dentro de suas competências, enquanto o governo federal é responsável por questões 
mais amplas, como a defesa nacional e a política externa. Fortemente inspirado pela teoria de 
Montesquieu (2000), o federalismo foi e ainda é uma forma de equilibrar o poder político, evitando 
que um único órgão governamental tenha demasiado poder sobre a sociedade. 
Cabe destacar, por fim, que, desde a Proclamação da República e a adoção da Constituição de 
1891, o Brasil adota essa forma federativa de Estado, de modo que o poder pode ser exercido 
autonomamente nos estados, nos municípios e no Distrito Federal. 
 
As formas de Estado e suas classificações 
Embora os Estados Unitários sejam, como vimos, uma forma de organização política em que um 
único poder central cria as leis, toma decisões políticas e executa políticas públicas em nome do 
país, é importante destacar que nem todos eles possuem um mesmo grau de centralização. O 
poder pode ser exercido apenas por um órgão central, mas pode ocorrer que haja algum grau de 
compartilhamento entre o governo central e as autoridades locais para tratar de questões como 
educação, saúde e transporte. Essa é, inclusive, uma tendência hoje: é o que ocorre, a título de 
exemplo, com o modelo espanhol, onde, além do poder central, certas regiões possuem também 
uma capacidade de executar políticas de governo dentro de suas competências. 
No caso dos Estados Federados, o poder já é bem mais descentralizado, existindo entidades com 
clara autonomia para tomar decisões e criar leis. No entanto, mesmo no caso do federalismo, 
existem certos Estados em que as entidades políticas podem ser dotadas de maior ou menor 
autonomia. 
Com relação a algumas diferentes classificações de modelos federativos de Estado, seguimos a 
orientação de Bernardo Gonçalves Fernandes (2015). Vamos analisá-las em sequência: 
Quanto à maior ou menor concentração de poder, temos: 
1. Federalismo centrípeto: que proporciona uma maior concentração de poder no governo federal 
e menor nos governos regionais. É o caso do Brasil. 
2. Federalismo centrífugo: que proporciona menos poder no governo central e mais nos governos 
regionais. É o caso dos Estados Unidos. 
 
Quanto à origem do federalismo, temos: 
1. Federalismo por agregação: originado a partir de vários Estados, até então soberanos, para 
formar um único Estado soberano, como no caso dos Estados Unidos. 
2. Federalismo por desagregação: criado a partir da divisão de um Estado unitário para um Estado 
Federal, como no caso do Brasil. 
 
Quanto à repartição de competências, temos: 
1. Federalismo cooperativo: marcado pela colaboração recíproca a partir da repartição comum e 
concorrente entre o poder federal e os poderes regionais, como no caso do Brasil. 
2. Federalismo dual: marcado pela repartição rígida de competências, considerando que cada ente 
federado só poderá atuar na sua esfera de competência. 
 
Quanto ao equacionamento das desigualdades, temos: 
1. Federalismo simétrico: parte de uma divisão igualitária de competências, atribuições e receitas. 
2. Federalismo assimétrico: parte de uma divisão desigual de competências, atribuições e receitas 
a fim de se reverter o quadro de desigualdade regional já existente. Busca-se aqui dar um 
tratamento especial a uma ou mais regiões para lidar com as desigualdades socioeconômicas ou 
culturais. Esse é o modelo brasileiro, já que a própria Constituição definiu o compromisso de reduzir 
as desigualdades regionais. 
Segundo Alexandrino e Paulo (2014), no Brasil, o federalismo é caracterizado pela repartição de 
competências entre a União, estados, Distrito Federal e municípios. A Constituição define as 
competências de cada um dos entes federativos e estabelece um sistema de repartição de receitas 
para garantir a autonomia financeira de cada unidade. Além disso, o federalismo brasileiro é 
considerado cooperativo, uma vez que os diferentes níveis de governo trabalham juntos para 
atender às necessidades do país. No entanto, há críticas em relação à falta de equilíbrio na 
distribuição de poder e recursos entre os diferentes entes da Federação, já que há uma 
centralização do poder na União. 
 
Análise específica do federalismo na Constituição de 1988 
A forma federativa de Estado adotada no Brasil implica a divisão das competências pela 
Constituição de 1988 entre o governo central, a União, e as outras unidades federativas que são 
os estados, municípios e o Distrito Federal. Segundo Bernardo Gonçalves (2015), dentre os 
princípios que norteiam o federalismo brasileiro, destaca-se o princípio da subsidiariedade, que 
estabelece que as decisões devem ser tomadas no nível mais próximo da população afetada. 
Ainda segundo Gonçalves (2015), na prática, isso significa que cada unidade da Federação tem 
autonomia para legislar e executar políticas públicas sobre questões de seu próprio interesse. 
Assim, a União cuida de questões de interesse nacional e geral, os estados de interesse regional 
e os municípios de interesse local. Desse modo, os problemas e demandas devem ser resolvidos 
pelas instâncias mais próximas da sociedade civil antes de serem transferidos para instâncias 
superiores. 
Um exemplo é a política de saúde. Embora o Sistema Único de Saúde (SUS) seja gerido pelo 
governo federal, a execução das políticas de saúde é descentralizada para os estados e municípios. 
Dessa forma, os governos estaduais e municipais são responsáveis por oferecer atendimento 
médico, realizar campanhas de vacinação e prevenção de doenças, entre outras ações, garantindo 
que as demandas sejam mais adequadas às particularidades de cada região. 
De acordo com Alexandrino e Paulo (2014), o modelo de repartição adotado no Brasil é baseado 
na Constituiçãode 1988 que estabeleceu as competências de cada ente federativo e também 
competências comuns para que possam criar leis e executar políticas públicas. Via de regra, não 
há hierarquia entre os entes federativos. É o que chamamos de modelo de repartição horizontal. 
Por exemplo, conforme a Constituição (BRASIL, 2023), a União tem competência exclusiva para 
emitir moeda, assegurar a defesa nacional e executar planos nacionais de desenvolvimento 
econômico e social, tendo em vista que sua atribuição é cuidar de questões de interesse geral. 
Nesse caso, os municípios e estados não podem executar tais tarefas. Já os estados têm a 
competência de instituir regiões metropolitanas, conforme o § 3º do art. 25 da Constituição, para 
execução de políticas públicas de interesse comum na região, sem a interferência da União, por se 
tratar de uma questão de interesse regional. Os Municípios têm competência exclusiva, segundo o 
art. 30, para legislar sobre assuntos de interesse local, como, por exemplo, o transporte urbano 
dentro dos seus limites, sem ingerências dos outros entes. 
Há também competências comuns a todos os entes da Federação, como zelar pela guarda da 
Constituição e das instituições democráticas, cuidar da saúde e garantir os meios de acesso à 
cultura e à educação (art. 23). Todos são igualmente responsáveis nessas hipóteses. 
Por fim, ainda cabe destacar que a Constituição ainda estabelece competências concorrentes (art. 
24) que significam que a União poderá estabelecer normas gerais sobre matérias como educação, 
previdência social, saúde e conservação da natureza, enquanto os estados e municípios têm 
autonomia para complementar essas normas conforme as necessidades regionais e locais. Nesse 
caso, o modelo de repartição é vertical, já que há subordinação em relação às normas federais. 
Um exemplo disso é a gestão do meio ambiente. Nesse caso, a União é responsável por 
estabelecer normas gerais, como o Código Florestal, enquanto os estados e municípios têm 
autonomia para complementar essas normas de acordo com as necessidades regionais, como na 
gestão de unidades de conservação e na regulamentação de atividades econômicas que impactam 
o meio ambiente. 
 
Video Resumo 
Olá, estudante! Você sabia que o Brasil adota o federalismo como forma de organização política e 
administrativa do Estado? Nessa forma de Estado, a União, os estados, o Distrito Federal e os 
municípios possuem autonomia política e competências próprias. Mas você entende como ela 
funciona e como é dividido o poder entre essas esferas? Neste vídeo, analisaremos as diferentes 
formas de Estado e as principais características e contornos jurídicos do federalismo e sua 
aplicação específica no contexto brasileiro. Vamos lá? 
 
Saiba mais 
Para maior aprofundamento da nossa aula, indico o artigo O pacto federativo ante o enfrentamento à Covid-19 e a 
jurisprudência do STF, de Marcus Vinicius Furtado Coêlho, que discute o federalismo de cooperação delineado pela 
Constituição de 1988 e o papel do STF na sua ratificação no contexto pandêmico. 
A partir da análise da jurisprudência, o autor ressalta que o STF confirmou que compete à União, como ente central, o 
papel de coordenação e planejamento nacional das políticas de saúde e de vigilância epidemiológica e sanitária, mas 
que tal papel não afasta as competências comuns e concorrentes dos demais entes da federação nessas áreas, que 
possuem o poder-dever de adotar todas as medidas legalmente autorizadas para o enfrentamento da grave crise 
sanitária vivenciada. 
 
 
 
 
 
 
https://www.conjur.com.br/2022-abr-11/constituicaoo-pacto-federativo-enfrentamento-covid-19-jurisprudencia-stf
https://www.conjur.com.br/2022-abr-11/constituicaoo-pacto-federativo-enfrentamento-covid-19-jurisprudencia-stf
Aula 5 
Revisão da unidade 
15 minutos 
 
O papel do Estado e o Direito Público 
Olá, estudante! Seja bem-vindo à revisão. 
Vimos, em um primeiro momento, que o Direito Público estuda as regras e princípios que envolvem 
o Estado na realização do interesse público, possuindo primazia sobre o interesse privado. Isso 
implica que o Estado possui prerrogativas e poderes especiais para realizar tal finalidade, 
independentemente da vontade ou anuência do particular, sendo que tal finalidade deve ser 
estabelecida por lei. 
Ocorre que o Estado, tal como conhecemos hoje, teve sua origem na Modernidade. Embora antes 
do seu surgimento já existissem distintas formas de organização, foi somente com o Estado 
moderno que se viu o processo de centralização do poder político, a partir da identificação de um 
povo, dentro de um território delimitado e um governo, formando uma unidade política e 
administrativa. Foi também a partir da Modernidade que se consolidou a ideia de um Estado-Nação 
como processo de uniformização do poder, com a criação de um direito único, de um território 
preciso, de um exército nacional, de uma religião oficial e de uma identidade nacional, a partir dos 
quais todos deveriam se identificar. Isso acabou levando, em uma perspectiva crítica, à imposição 
de um modelo homogêneo de sociedade, o que permitiu a supressão da diversidade social, cultural, 
linguística e religiosa que existia na época. Tal concepção uniformizadora e avessa às diferenças 
ainda produz efeitos nos dias de hoje, como, por exemplo, nas experiências de racismo, na negação 
de reconhecimento dos direitos de povos originários e de comunidades de imigrantes. 
Além disso, o Estado, tal como conhecemos hoje, passou por uma evolução histórica marcada pela 
transformação do seu papel, que pode ser vislumbrado a partir de três paradigmas: o liberal, o 
social e o democrático de direito. No paradigma liberal, a função do Estado era apenas garantir os 
direitos individuais, a liberdade de cada um contra a intervenção do Estado, a igualdade formal e a 
limitação do poder político. Na passagem para o paradigma social, o Estado passou a incorporar o 
papel de promoção da igualdade material e dos direitos sociais, econômicos e culturais, por meio 
da intervenção na economia e da implementação de políticas públicas voltadas ao combate às 
desigualdades. Por fim, surge o paradigma do Estado Democrático de Direito que vem para superar 
as limitações tanto do modelo liberal, centrado apenas na liberdade individual, quanto do modelo 
social, centrado fortemente na visão paternalista do Estado. Passa-se, então, a valorizar uma noção 
de cidadania ativa centrada na participação democrática da sociedade civil que agora passa a ser 
vista como agente de construção de suas próprias leis e políticas públicas. 
Finalmente, cabe relembrarmos a forma unitária de Estado, quando há centralização de poder, e a 
forma federativa de Estado, quando há mais de um poder autônomo para tomar decisões e 
implementar políticas públicas. No que concerne especificamente ao federalismo, vimos que ele 
pressupõe a união indissolúvel de entes políticos dotados de autonomia, definida pela repartição 
de competências da Constituição. O Brasil é um exemplo de Federação, formada a partir de um 
processo de desagregação e marcada pela colaboração das distintas esferas federativas, tais como 
Estados-membros, Municípios, Distrito Federal e União na construção e execução das decisões 
normativas e governamentais, combinando competências privativas de cada ente, com 
competências comuns e concorrentes. 
 
Revisão da unidade 
Olá, estudante! Seja bem-vindo ao resumo da nossa unidade! Vamos abordar temas fundamentais 
para o entendimento do Direito Público e o papel do Estado, tais como o interesse público e como 
ele é objeto do Direito Público. Vamos conhecer a origem do Estado-Nação, entender sua evolução 
histórica a partir dos paradigmas liberal, social e democrático e, por fim, vamos analisar as 
características do federalismo e como ele é aplicado no Brasil. Não perca a oportunidade de 
aprimorar seus conhecimentos e enriquecer sua formação.ESTUDO DE CASO 
Analise a seguinte situação hipotética: 
Em setembro de 2022, a União editou a lei X, criando o Plano Nacional de Proteção Ambiental 
(PNPA), que estabelece normas e diretrizes gerais com a finalidade de preservar os recursos 
hídricos, a estabilidade geológica e a biodiversidade, assim como proteger a fauna e a flora e 
garantir o bem-estar das populações indígenas na floresta amazônica. 
Dentre as medidas adotadas, o PNPA limitou a área em que a exploração de madeira poderia ser 
realizada, com o objetivo de proteger áreas de grande importância ecológica, como reservas 
indígenas e áreas de preservação ambiental; estabeleceu critérios rigorosos para o processo de 
extração, exigindo o replantio de áreas desmatadas e ainda determinou restrições à 
comercialização, proibindo a exportação de madeira em tora e exigindo a certificação ambiental 
para venda no mercado interno. 
Ocorre, entretanto, que a empresa GreenNo, que possui um grande interesse econômico na 
exploração de recursos naturais na Amazônia, viu-se prejudicada em razão de seus lucros 
diminuírem drasticamente devido às restrições estabelecidas pelo PNPA. Para contornar a 
situação, a empresa GreenNo passou a realizar pressão junto aos agentes públicos do estado do 
Amazonas, oferecendo vantagens pessoais e financeiras para que fossem criadas normas que 
flexibilizassem as restrições estabelecidas pela União. 
Como consequência, o estado do Amazonas editou uma lei Y que suspendeu as medidas federais 
mais rigorosas de proteção ambiental e permitiu que a empresa GreenNo se beneficiasse e 
continuasse a explorar a região. 
Cabe destacar que a situação se complicou ainda mais, porque a área em questão é habitada por 
populações indígenas que deveriam, segundo legislação vigente, ter sido consultadas antes da 
implementação das medidas de flexibilização pelo estado do Amazonas. Essas comunidades 
alegam que a exploração madeireira prejudica suas terras e modo de vida tradicional, e que suas 
vozes não foram ouvidas no processo. 
Diante desse cenário, você, estudante, foi contratado para assessorar a União e atuar na defesa 
do Plano Nacional de preservação ambiental. Cabe, portanto, a você propor soluções para os 
desafios enfrentados com base nos seguintes questionamentos: 
a) Qual interesse em disputa deve prevalecer: o da preservação ambiental ou da empresa 
GreenNo? Justifique com base na lógica do Direito Público. 
b) A percepção de vantagens pessoais e financeiras pelos agentes públicos do estado do 
Amazonas está em conformidade com o papel a ser desempenhado pelo Estado no Direito Público? 
Explique. 
c) A lei Y, editada pelo estado do Amazonas, está em consonância com o paradigma do Estado 
Democrático de Direito? Por quê? 
d) Em que medida a lei Y, editada pelo estado do Amazonas, desconsidera a pluralidade de nações 
existentes no Brasil? Justifique. 
e) A lei estadual Y poderia ter suspendido as normas de proteção ambiental do Plano Nacional de 
Preservação Ambiental definido pela União? Explique, com base no modelo federativo adotado no 
Brasil. 
 
Reflita 
A situação-problema coloca em jogo o desafio de compreender adequadamente o conflito entre o 
interesse público e o privado, a competência legislativa entre União e Estados no quadro do 
federalismo brasileiro, a preservação ambiental e a valorização da pluralidade de nações. O 
estudante é desafiado a analisar os argumentos das partes envolvidas e buscar uma solução que 
seja mais coerente com os direitos fundamentais e a realização do interesse público definido na lei 
e na Constituição, levando em conta, em especial, os princípios e os direitos fundamentais que 
informam o Estado Democrático de Direito. 
O estudante deve considerar alguns pontos: 
a) Os princípios que definem o Direito Público. 
b) Crítica a uma noção de Estado pautado unicamente no reconhecimento de uma única identidade 
nacional. 
c) O paradigma do Estado Democrático de Direito como uma tentativa de responder criticamente 
os paradigmas liberal e social a partir da valorização da cidadania ativa e do reconhecimento dos 
direitos fundamentais. 
d) A proteção ambiental como matéria de competência legislativa concorrente. 
Resolução do Estudo de Caso 
A) No Direito Público, o interesse que deve prevalecer é o da preservação ambiental, na medida 
em que representa o interesse público, havendo, pois, primazia sobre o privado. Isso se justifica 
pelo fato de que a proteção do meio ambiente é um direito fundamental consagrado na Constituição 
Federal brasileira e em diversas leis ambientais, sendo dever do Estado zelar pelo seu cumprimento 
em benefício de toda a sociedade, garantindo sustentabilidade e a qualidade de vida das gerações 
presentes e futuras. 
Portanto, o interesse privado de caráter econômico da empresa GreenNo pode sofrer restrições e 
limitações por políticas e medidas do Poder Público que visem a preservação ambiental. 
B) Não, pois os agentes públicos atuaram visando satisfazer seus próprios interesses privados em 
detrimento do interesse público que deveriam perseguir. 
Esse dever de atuar em benefício da coletividade implica em uma conduta imparcial, impessoal e 
conforme a estrita determinação da lei, sendo incompatível com a conduta de aceitar vantagens 
pessoais e financeiras em troca de flexibilizar normas de proteção ambiental. 
C) Não. O Estado Democrático de Direito é caracterizado pela garantia dos direitos fundamentais 
e pela participação cidadã na busca do consenso racional na tomada de decisões políticas. 
No caso em questão, a lei Y foi editada em resposta à pressão da empresa GreenNo na defesa de 
seus interesses meramente privados, desconsiderando os direitos fundamentais ambientais e os 
das populações indígenas afetadas, como o direito à terra e à sobrevivência de seu modo de vida 
tradicional. 
Além disso, a ausência de consulta prévia às comunidades indígenas, conforme previsto pela 
legislação vigente, viola ainda os princípios de participação e diálogo, impedindo a construção 
democrática de decisões e leis que as afetam. 
D) A lei Y, editada pelo estado do Amazonas, desconsidera a pluralidade de nações existentes no 
Brasil ao negligenciar a consulta e o respeito aos direitos das populações indígenas presentes na 
região afetada. A referida lei não reconhece o modo de organização e reconhecimento próprio das 
populações indígenas no que corresponde aos seus costumes, línguas, crenças e tradições, bem 
como sua relação especial com as terras que tradicionalmente ocupam. 
No caso em questão, a exploração madeireira, ao prejudicar as terras e o modo de vida tradicional 
das populações indígenas, impõe, um modelo de desenvolvimento econômico avesso ao pluralismo 
de visões de mundo. 
E) A proteção ambiental se trata de hipótese de competência legislativa concorrente, segundo a 
qual tanto a União quanto os estados têm competência para legislar sobre o mesmo tema, desde 
que a legislação estadual não contrarie normas federais, como no caso em questão. A União possui 
competência para legislar sobre normas gerais de proteção ao meio ambiente, enquanto aos 
estados cabe suplementar a legislação federal. 
 
Resumo Visual 
 
Fonte: elaborado pelo autor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Aula 1 
Formas e sistemas de governo 
A compreensão das formas e sistemas de governo e sua aplicação na realidade brasileira é de 
suma importância para o estudo e análise do sistema político do país, pois adquire-se um 
arcabouço teórico e conceitual que permite entender como o poder é exercido, distribuído e 
controlado em uma nação. 
 
introduçãoOlá! 
A compreensão das formas e sistemas de governo e sua aplicação na realidade brasileira é de 
suma importância para o estudo e análise do sistema político do país, pois adquire-se um 
arcabouço teórico e conceitual que permite entender como o poder é exercido, distribuído e 
controlado em uma nação. 
As formas de governo, como a democracia, monarquia e ditadura, são fundamentais para entender 
as bases sobre as quais um Estado é estruturado. Cada uma dessas formas possui características 
específicas que moldam as instituições políticas e os mecanismos de tomada de decisão. 
Além disso, os sistemas de governo, como o presidencialismo e o parlamentarismo, influenciam a 
maneira como o poder é exercido e distribuído entre os poderes executivo e legislativo. Esses 
sistemas estabelecem as regras do jogo político e determinam a forma como as políticas públicas 
são formuladas, implementadas e fiscalizadas. 
Conhecer essas dinâmicas é fundamental para analisar os desafios e avanços da democracia 
brasileira, bem como identificar possíveis melhorias para fortalecer as instituições e promover a 
cidadania. 
 
Governo: forma e sistema 
Independentemente da sociedade observada, sempre será possível identificar alguma forma de 
poder, seja ele exercido por um líder, por um grupo de pessoas ou um arranjo qualquer cujo objetivo 
seja representar os interesses coletivos e tomar decisões. De todo modo, o poder, como 
determinação, mando, orientação ou imposição, sempre se mostrou presente nas sociedades 
humanas, desde a aurora dos tempos. Afinal, o homem é um ser vocacionado para a política, para 
a construção de relacionamentos interpessoais. Daí, aliás, deriva o próprio nascimento da 
sociedade. 
As sociedades estruturam seus próprios mecanismos de exercício do poder, de acordo com seus 
perfis culturais, com suas preferências, valores etc. Daí que, em toda ideia de poder, há uma ideia 
de governo. Ambos os conceitos perfazem a estrutura política de uma dada sociedade. No decurso 
da história, há múltiplas maneiras de exercício do poder e, assim, múltiplos meios de se governar, 
ora com o poder centralizado, ora com o poder descentralizado. Até o nascimento do Estado 
Moderno no final do século XVIII, não havia balizas claras a respeito do funcionamento do poder e 
do governo que, de regra, mostravam-se arbitrários e reservados a determinadas classes sociais, 
que os impunham por meio da influência econômica ou pela força física (GAMBA, 2023). 
Na perspectiva mais moderna, na qual a figura do Estado está acoplada a um sistema jurídico que 
limita o poder e estabelece direitos e garantias fundamentais e individuais, o governo é a instância 
responsável por exercer o poder de forma legítima (dentro da lei) e concretizar (por meio das 
instituições públicas, estatais) as normas que orientam a vida em comunidade. Igualmente, o 
governo “é o conjunto das funções necessárias à manutenção da ordem jurídica e da administração 
pública” (MALUF, 2022, p. 18). 
Assim, a forma de governo refere-se à maneira pela qual um país ou uma entidade política é 
organizada e governada. Ela estabelece as estruturas e os processos pelos quais as decisões 
políticas são tomadas, os líderes são selecionados e as responsabilidades são distribuídas dentro 
do sistema político. 
Classicamente, há três formas de governo, consideradas normais, isto é, que visam ao bem estar 
da comunidade: 1) monarquia (governo de apenas uma pessoa); 2) aristocracia (governo de uma 
classe); 3) democracia (governo de todos os cidadãos). De acordo com a doutrina do pensador 
grego antigo Aristóteles, ainda haveria três formas, que intitulava como formas degeneradas de 
governo, porque visam ao bem estar próprio ou de uma classe em específico. Àquelas formas 
equivalem suas formas já citadas, mas degeneradas, quais sejam: 1) tirania; 2) oligarquia; 3) 
demagogia (MACKENZIE, 2011). 
Foi o filósofo político florentino Maquiavel (2020), no entanto, que melhor classificou as formas de 
governo: monarquia e república, respectivamente o governo de uma minoria e o governo de uma 
maioria. Se o governo é renovado periodicamente, estamos diante de uma república. Se, porém, o 
governo é transmitido de maneira hereditária, estamos diante de uma monarquia. 
A divisão apresentada por Maquiavel é interessante porque, ao contrário do que pensava 
Aristóteles, a democracia e a aristocracia são, na verdade, “modalidades intrínsecas de qualquer 
das duas formas” (MALUF, 2022, p. 83). Pode-se ter, então, uma república democrática, como uma 
república aristocrática, e o mesmo quanto a uma monarquia. 
Já em relação aos sistemas de governo, o que se observa aí é a técnica quanto ao exercício das 
funções do poder, que diz respeito à maneira de os órgãos e instituições estatais se relacionarem, 
sobretudo as funções executiva e legislativa. Tradicionalmente, os sistemas de governo mais 
importantes são o presidencialismo e o parlamentarismo. Esses sistemas se acoplarão às formas 
de governo de maneiras diferentes, estruturando, dessa maneira, o perfil de acontecimento do 
poder e do governo em uma dada sociedade. 
Ah, você deve estar se perguntando a respeito do Brasil! No Brasil, a forma de governo adotada é 
a republicana, de tipo democrático, com o sistema presidencialista. 
Entender, com maior especificidade, cada uma dessas modalidades é tarefa importante para o seu 
desenvolvimento político e intelectual. 
Vamos em frente! 
 
Formas e sistemas de governo 
Depois de conhecer os conceitos básicos dentro da temática das formas e sistemas de governo, é 
o momento agora de aprofundar um pouco a reflexão. 
Você já aprendeu que a forma de governo diz respeito ao modelo adotado em relação ao exercício 
do poder. Esse modelo pode ser, na visão política moderna, basicamente, de duas formas, a partir 
do pensamento de Maquiavel (2020): a forma republicana, quando pressupõe um governo de 
maioria e, em tese, para a maioria, com separação entre o patrimônio público comum e o patrimônio 
privado, com alternância na ocupação do poder; ou, a forma monárquica, quando pressupõe o 
governo de uma minoria, na qual o poder é transmitido de maneira hereditária. Ocorre que existem 
variantes dessas duas grandes formas de governo. 
A monarquia, por exemplo, pode ser absoluta ou limitada. Na monarquia absoluta, típica dos 
Estados europeus até meados do século XVIII, todo o poder está concentrado na pessoa do 
monarca, que o exerce por direito próprio, reunindo, ainda, as funções legislativa, administrativa e 
judiciária. Não há aí qualquer tipo de obstáculo, porque tudo acontece de acordo, única e 
exclusivamente com a sua vontade (MALUF, 2022). 
Mas, a monarquia também pode ser de um tipo limitado, em três situações: a) monarquia de 
estamentos; b) monarquia constitucional; ou, monarquia parlamentar (MALUF, 2002). 
Na primeira modalidade (de estamentos), o poder é descentralizado pelo rei, dividindo algumas 
funções entre integrantes da Corte, geralmente da nobreza. Na monarquia constitucional, o rei 
possui apenas o exercício do poder executivo, coexistindo os poderes legislativo e judiciário, todos 
baseados em uma constituição escrita, como, inclusive, já ocorreu no Brasil, quando da 
Constituição de 1824 (Brasil Imperial), e ainda ocorre na Suécia e na Holanda. Por fim, na 
monarquia parlamentar, o rei não exerce a função executiva de governo, que é exercida por um 
conselho de ministros, que efetivamente governa, prestando contas ao povo e ao parlamento, 
principalmente. 
Igualmente, a forma de governo republicano comporta possibilidades. Pode ser que a república 
seja aristocrática, na qual o governo é assumido por determinada classe privilegiada, seja por 
questões de nascimento ou por questões de conquista (MALUF, 2022). 
Por fim, a república pode ser democrática, na qual o poder emana do povo. Aí, a democracia pode 
acontecer de formas diferentes: direta, indireta ou semidireta.Além disso, é importante relembrar que, para discorrer sobre tais questionamentos, é necessário 
entender como funcionam as técnicas administrativas, que doutrinariamente se dividem em duas: 
a desconcentração e a descentralização. Como elas funcionam e qual sua classificação? 
 
Resolução do Estudo de Caso 
Respondendo ao primeiro questionamento, é importante relembrarmos alguns conceitos 
importantes: 
A República Federativa do Brasil é formada pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, 
sendo tais entes da federação autônomos, não havendo hierarquia entre eles, apenas 
competências legislativas e administrativas disciplinadas pelo próprio texto da Constituição Federal, 
delimitando as atribuições de cada um. 
Certo é que todos os entes federados são dotados de competências administrativas, necessitando 
se organizar administrativamente para melhor atender o interesse coletivo. 
Assim, a organização da administração pública compreende a administração direta e a indireta. 
A administração direta é estruturada pelos próprios entes da federação que a integram, podendo 
cada um criar seus órgãos, a quem distribuirá competências internas. Esses órgãos não possuem 
personalidade jurídica própria, pois se subordinam diretamente ao ente da federação. É o ente 
federado que detém personalidade jurídica própria. Aqui, temos um exemplo da técnica 
administrativa da desconcentração. 
Por outro lado, compõem a estrutura da Administração Indireta várias entidades dotadas de 
autonomia e personalidade jurídica própria, dentre elas, temos: as autarquias, as empresas 
públicas, a sociedade de economia mista, e as fundações públicas. Tais entidades são criadas ou 
autorizadas por lei, e se vinculam aos órgãos da Administração Direta. Veja-se que falamos em 
vinculação, e não subordinação, pois não há hierarquia entre as entidades da Administração 
Indireta e os órgãos da Administração Direta. 
Assim, respondendo à situação hipotética, casos os moradores acionassem a justiça, por se tratar 
de autarquia municipal, entidade com personalidade jurídica própria, a ação poderia ser movida 
diretamente contra ela. 
A técnica administrativa utilizada para a criação dessa autarquia municipal é a descentralização, 
que consiste na distribuição das tarefas às pessoas jurídicas autônomas, criadas ou autorizadas à 
criação por meio de lei específica, com finalidades disciplinadas na própria lei. 
As autarquias “são pessoas jurídicas de direito público interno, pertencentes à Administração 
Pública Indireta, criadas por lei específica para o exercício de atividades típicas da Administração 
Pública” (MAZZA, 2023, p. 81). Podemos destacar algumas importantes autarquias: o INSS – 
Instituto Nacional do Seguro Social, o BACEN – Banco Central, USP, UFRJ, dentre outras. 
As entidades autárquicas possuem algumas classificações doutrinárias: 
• Autarquias profissionais: responsáveis por fiscalizar o exercício de profissões. São os conselhos 
representativos das categorias profissionais, como o CRC, CRM, dentre outros. 
• Autarquias em regime especial: são aquelas que possuem maior liberdade em relação às demais 
autarquias. Subdividem-se em: autarquia cultural (universidades públicas) e autarquias 
associativas (consórcios públicos). 
 
Resumo Visual 
Administração Direta 
União 
Estados 
Distrito Federal 
Municípios

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