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Prévia do material em texto

LEGISLAÇÃO 
EMPRESARIAL 
APLICADA 
Tiago Ferreira Santos
Revisão técnica:
Miguel do Nascimento Costa 
Advogado
Graduado em Ciências Sociais
Especialista em Processo Civil
Mestre em Direito Público 
Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin - CRB 10/2147
L514 Legislação empresarial aplicada / Tiago Ferreira Santos... [et 
al.]; [revisão técnica: Miguel do Nascimento Costa]. – 
Porto Alegre: SAGAH, 2018.
304 p. : il. ; 22,5 cm
ISBN 978-85-9502-437-3
1. Direito empresarial. 2. Direito comercial. I. Santos, 
Tiago Ferreira.
CDU 347.72
Legislacao_Empresarial_Aplicada_BOOK.indb 2 29/05/2018 15:27:33
Atividade empresarial
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Caracterizar a atividade empresarial.
 Analisar a inscrição do empresário, bem como a sua capacidade.
 Explicar a importância do registro da empresa.
Introdução
Na contemporaneidade, é inegável a importância das empresas na 
sociedade. Diversas tecnologias, antes inexistentes, foram desenvol-
vidas pela criatividade de pessoas que trabalhavam para elas e, além 
disso, muitos dos inventos apenas puderam ser objeto de produção 
em larga escala devido a essa forma específica de atividade econômica. 
Na verdade, mesmo áreas que em outros momentos eram incum-
bidas exclusivamente ao Estado, atualmente estão sendo exercidas 
empresarialmente.
Neste capítulo, você vai estudar os requisitos que caracterizam a 
atividade empresarial, bem como as principais disposições normativas 
acerca da inscrição e da capacidade do empresário. Ademais, será capaz 
de indicar a importância do seu registro e destacar os prejuízos decor-
rentes do seu exercício irregular.
Caracterização da atividade empresarial
Na primeira fase do Direito comercial, a sua atividade era caracterizada por 
uma perspectiva subjetiva proveniente do registro das pessoas nas corporações 
de ofício e respaldo em usos e costumes. Posteriormente, surgiu a teoria dos 
atos do comércio de natureza objetivista, a qual infl uenciou o Direito brasileiro. 
Legislacao_Empresarial_Aplicada_BOOK.indb 15 29/05/2018 15:27:34
Por fi m, atualmente, após a edição do atual Código Civil (CC), adotou-se a 
teoria da empresa de caráter subjetivista, mas com a peculiaridade de que ser 
empresário independe, em regra, de inscrição, bastando apenas o cumprimento 
de certos requisitos.
A seguir serão estudadas as duas teorias que mais influenciaram o Direito 
brasileiro, acerca da forma de caracterização da atividade empresarial e de-
signação mais condizente com o atual momento, embora não se negue que, 
por tradição, há ainda quem a designe como comercial.
Teoria dos atos de comércio
Na França, com o Código Comercial vigorante a partir de 1º de janeiro de 1808, 
um dos códigos napoleônicos, consolidou-se a teoria dos atos do comércio 
nesse país, o que infl uenciou, durante um largo período da história, o restante 
do mundo, sendo certo que no Brasil foi aprovado o Código Comercial de 
1850 sob essa inspiração.
Por essa teoria, as normas jurídicas exemplificavam os atos de comércio, 
os quais delimitavam, apenas por consequência, a figura do comerciante. 
Desse modo, ela é considerada pela doutrina como objetiva. O Direito 
brasileiro a adotava na primeira parte do mencionado código, o qual foi 
revogado, parcialmente, pelo CC de 2002, que preferiu a teoria da empresa 
de origem italiana.
Segundo Tarcísio Teixeira (2018, p. 34), essa crise pela qual passou a teoria 
dos atos de comércio no Direito brasileiro se justifica, historicamente, pelo 
desenvolvimento das atividades econômicas industriais e de prestação de 
serviços, sendo que “[...] a teoria dos atos de comércio tornou-se insuficiente 
como disciplina jurídica para o Direito Comercial, até porque as novas ativi-
dades econômicas não eram alcançadas” por ela.
Em verdade, mesmo que o rol de atos de comércio previsto em normas 
jurídicas pudesse ser ampliado para fins de alcançar as novas atividades 
econômicas, ainda assim, terminologicamente, essa teoria de influência 
francesa parecia ser inadequada, além disso, tal situação poderia ser solu-
cionada de forma mais satisfatória de acordo com a teoria da empresa de 
inspiração italiana.
Teoria da empresa e atividade empresarial
Em 1942, com a adoção da teoria da empresa pelo Direito italiano, espe-
cialmente no art. 2081 do seu CC, ainda vigente, uma nova fase iniciou 
Atividade empresarial16
Legislacao_Empresarial_Aplicada_BOOK.indb 16 29/05/2018 15:27:34
no Direito empresarial, sendo esta mais adequada ao diminuído papel do 
comerciante, em contraste com o crescimento dos setores industriais e 
de serviços.
Essa teoria, tanto no Direito italiano como no brasileiro, conceitua legal-
mente a figura do empresário. Assim, é considerada uma teoria subjetiva 
moderna, ou seja, a conceituação jurídica de atividade empresarial não é 
diretamente proveniente da lei, mas, sim, de uma construção doutrinária e 
jurisprudencial.
Nesse sentido, por uma interpretação do art. 966 do CC brasileiro, entende-
-se que a atividade empresarial é aquela econômica, organizada e exercida 
profissionalmente para a produção ou a circulação de bens e serviços. A influ-
ência da teoria da empresa é evidente. Na verdade, as disposições brasileiras 
e italianas são quase idênticas.
Em consequência de uma interpretação dos requisitos de empresarialidade, a doutrina 
destaca ainda a habitualidade.
Há de se destacar que não há empresarialidade, portanto, quanto à fina-
lidade for atender ao consumo próprio ou familiar em vez de produção ou 
circulação de bens e serviços para o mercado. Nesse sentido, André Luiz Santa 
Cruz Ramos (2016, p. 38): “[...] só restará caracterizada a empresa quando a 
produção ou circulação de bens ou serviços destinar-se o mercado, e não ao 
consumo próprio”.
Essa é a regra adotada pelo CC no art. 966, caput, consoante visto até o 
momento. Entretanto, há uma exceção relevante. Em princípio, essa atividade 
que será analisada a seguir atende, integralmente, aos requisitos estudados 
até aqui, mas, por determinação legal, especificamente do art. 966, parágrafo 
único, não é enquadrada na condição de atividade empresarial.
Assim, no âmbito da teoria da empresa adotada no Brasil por influência 
italiana, o conceito de atividade empresarial decorre de uma interpretação 
doutrinária e jurisprudencial acerca da definição legal de empresário. Pois 
bem, ao dispor sobre a exceção, não foi diverso o tratamento.
A lei afirmou, expressamente, que não “[...] se considera empresário 
quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou 
17Atividade empresarial
Legislacao_Empresarial_Aplicada_BOOK.indb 17 29/05/2018 15:27:34
artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o 
exercício da profissão constituir elemento de empresa” (BRASIL, 2002, 
documento on-line).
Profissão intelectual = científica, literária ou artística
A profissão intelectual não é atividade empresarial, salvo se o exercício da profissão 
constituir elemento da empresa. 
A profissão intelectual de natureza científica “[...] está relacionada com 
quem é pesquisador ou cientista, ou seja, alguém especializado em uma ciência 
(conhecimentos sistêmicos)” (TEIXEIRA, 2018, p. 53). Nesse sentido, segue 
lição elucidativa:
As atividades realizadas pelos profissionais de uma das áreas do conhecimento 
(humanas, exatas e biológicas) podem se enquadrar na atividade intelectual, 
citando-se, como exemplos, o preparador físico, o fisioterapeuta, o psicólo-
go, o químico, o médico etc. Pode-se dizer que esses são cientistas nas suas 
respectivas áreas (TEIXEIRA, 2018, p. 53).
Por sua vez, a profissão intelectual de natureza literária “[...] está relacio-
nada com a expressão da linguagem, ideias, sentidos e símbolos, especial-
mente por meio da escrita” (TEIXEIRA, 2018, p. 53). São seus exemplos, 
conforme aponta doutrina, “[...] o escritor, o compositor, o poeta, o jornalista 
etc.” (TEIXEIRA,2018, p. 53-54).
Por fim, a profissão intelectual de natureza artística “[...] está relacionada com 
a arte, que é a produção de algo extraordinário com a utilização de habilidades 
e certos métodos para a realização. Também está relacionada com a expressão 
de sentidos e símbolos por meio de linguagem não escrita” (TEIXEIRA, 2018, 
p. 54), sendo seus exemplos “[...] o ator e o cantor (que não são intérpretes), o 
desenhista, o fotógrafo, o artista plástico” (TEIXEIRA, 2018, p. 54).
Importa destacar, entretanto, que mesmo os profissionais intelectuais 
podem exercer atividade empresarial, mas apenas caso constitua elemento 
da empresa. Ou seja, se um médico abre um consultório em seu nome e 
atende pessoas, ainda que com o auxílio de empregados, não é uma atividade 
Atividade empresarial18
Legislacao_Empresarial_Aplicada_BOOK.indb 18 29/05/2018 15:27:34
empresarial por preponderar, especialmente, a sua intelectualidade para 
atração dos pacientes.
Noutro giro, caso comece a ampliar seu consultório cada dia mais, até 
o ponto em que haja tantos médicos que a intelectualidade do sócio pouco 
importe e as pessoas passem a visitar a clínica ou o hospital inaugurado 
devido à credibilidade da instituição, não mais pela intelectualidade desse 
sócio, então há, inegavelmente, uma atividade empresarial. Afinal, vê-se 
que, nessa hipótese, a profissão intelectual se tornou tão somente um 
elemento da empresa.
Enunciado 194 da III Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal (CJF)
Os profissionais liberais não são considerados empresários, salvo se a organização 
dos fatores de produção for mais importante que a atividade pessoal desenvolvida.
Enunciado 195 da III Jornada de Direito Civil do CJF
A expressão elemento de empresa demanda interpretação econômica, devendo ser 
analisada sob a égide da absorção da atividade intelectual, de natureza científica, 
literária ou artística, como um dos fatores da organização empresarial.
A pessoalidade exerce papel decisivo entre os profissionais intelectuais, 
também chamados de profissionais liberais. Entretanto, na atividade empresa-
rial, ao contrário, essa característica é absorvida pela empresa, constituindo-se 
apenas como um de seus elementos.
Ainda nesse assunto, circunstância peculiar há nos escritórios de advo-
cacia, porque não são admitidas, nem podem funcionar todas as espécies de 
sociedades que apresentam forma ou características empresariais, consoante 
diretriz do art. 16, do Estatuto da Advocacia, considerado destoante da rea-
lidade por parte da doutrina.
Inscrição e capacidade do empresário
Neste tópico, serão estudadas a inscrição e a capacidade do empresário. De 
logo, a incapacidade acontece nas mesmas hipóteses da Legislação Civil, 
arts. 3º e 4º do Código Civil, embora haja regramentos específi cos sobre o 
19Atividade empresarial
Legislacao_Empresarial_Aplicada_BOOK.indb 19 29/05/2018 15:27:34
assunto em Direito empresarial, com destaque para o art. 972 e seguintes 
do referido diploma normativo. Após essas análises, serão estudados, ainda 
neste título, os principais dispositivos acerca da inscrição do empresário, 
regidos tanto pelo Código Civil, quanto pela Lei nº 8.934/94, a qual regula 
o Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afi ns.
Da capacidade do empresário
A incapacidade do empresário para o exercício individual de sua atividade 
acontece nas mesmas hipóteses em que as pessoas são absolutamente ou rela-
tivamente incapazes para atos civis. Assim, os artigos que regulam a matéria 
são os 3º e 4º do Código Civil.
Portanto, são incapazes, para o exercício da atividade empresarial, os 
absolutamente incapazes consistentes nos menores de 16 anos (art. 3º, caput, 
do Código Civil), bem como os relativamente, os quais são os seguintes:
I — os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II — os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
III — aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir 
sua vontade;
IV — os pródigos. (BRASIL, 2002, documento on-line).
Entretanto, há uma relevante exceção à exigência da maioridade para a 
capacidade civil com repercussão direta no Direito empresarial. Ela está 
prevista no art. 5º, parágrafo único, inciso V, do Código Civil, ao dispor 
que cessará, “[...] para os menores, a incapacidade pelo estabelecimento 
civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, 
em função deles, o menor com 16 anos completos tenha economia própria” 
(BRASIL, 2002, documento on-line).
Nessa hipótese acima trazida, há a emancipação civil, ou seja, a capa-
cidade civil pelo estabelecimento civil ou comercial que gera economia 
própria ao menor com 16 anos ou mais. Outra situação interessante a ser 
estudada é a possibilidade excepcional de o empresário individual exercer 
a sua atividade, mesmo sendo incapaz.
Assim, o art. 974 dispõe que poderá, “[...] o incapaz, por meio de re-
presentante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida 
por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança” (BRASIL, 
2002, documento on-line).
Atividade empresarial20
Legislacao_Empresarial_Aplicada_BOOK.indb 20 29/05/2018 15:27:35
Enunciado 203 da III Jornada de Direito Civil do CJF
O exercício da empresa por empresário incapaz, representado ou assistido, somente 
é possível nos casos de incapacidade superveniente ou incapacidade do sucessor na 
sucessão por morte.
Ressalta-se, inclusive, que a vedação é para titularizar a empresa na con-
dição de empresário, ou seja, não há qualquer vedação para que ele assuma 
a condição de quotista ou acionista, observando-se o fato de que não poderá 
ser administrador de nenhuma delas (art. 974, parágrafo terceiro, inciso I, do 
Código Civil) (BRASIL, 2002).
Caso o representante ou assistente legal sejam impedidos do exercício da 
atividade empresarial, será incumbido ao juízo nomear gerente, ainda que 
sob a fiscalização do responsável pelo civilmente incapaz de exercer os atos.
Da inscrição do empresário
Quem pratica uma atividade empresarial (empresa em sentido funcional) tem 
alguns deveres a cumprir de natureza formal, entre eles, o de se registrar na 
Junta Comercial (COELHO, 2017). Nesse sentido, o art. 967 do Código Civil 
é categórico: “É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de 
Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade” (COE-
LHO, 2017, p. 105). Atuar sem o registro, portanto, importa em irregularidade.
A todo ato constitutivo de empresa será atribuído um Número de Identificação do 
Registro de Empresas (NIRE). É como o CPF das pessoas físicas, mas é de empresas e 
é obtido na Junta Comercial.
Há, entretanto, uma exceção importante. O empresário rural tem o registro 
facultativo, nos termos do art. 971, e sua natureza, consoante aponta o Enun-
ciado 202 da III Jornada de Direito Civil da CJF, é constitutiva porquanto 
inaplicável o regime empresarial até a inscrição.
21Atividade empresarial
Legislacao_Empresarial_Aplicada_BOOK.indb 21 29/05/2018 15:27:35
Já se apontou que o registro é executado na Junta Comercial, entretanto, 
importa conhecer todos os órgãos que compõem o Sistema Nacional de Registro 
de Empresas Mercantis e suas respectivas principais funções.
Primeiro, o Departamento Nacional de Registro do Comércio (DNRC), 
consoante designa a legislação, atualmente Departamento de Registro Empre-
sarial e Integração (DREI) (COELHO, 2017, p. 107) por prática administrativa, 
tem suas competências reguladas pelo Código Civil e é um órgão federal 
(COELHO, 2017).
Entre outras funções, incumbe-lhe “supervisionar e coordenar, no plano 
técnico, os órgãos incumbidos da execução dos serviços de Registro Público 
de Empresas Mercantis e Atividades Afins” (art. 4º, inciso I, da Lei nº 8.934), 
quer-se dizer, Juntas Comerciais; 
[...] exercer ampla fiscalização jurídica sobre os órgãos incumbidos do Registro 
Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins, representando para os 
devidosfins às autoridades administrativas contra abusos e infrações das 
respectivas normas, e requerendo tudo o que se afigurar necessário ao cum-
primento dessas normas. (art. 4º, inciso V, da Lei nº 8.934); 
[...] promover ou providenciar, supletivamente, as medidas tendentes a suprir 
ou corrigir as ausências, falhas ou deficiências dos serviços de Registro Pú-
blico de Empresas Mercantis e Atividades Afins (art. 4º, inciso VII, da Lei 
nº 8.934). (BRASIL, 1994, documento on-line).
Além disso, é sua atribuição ainda “organizar e manter atualizado o cadastro 
nacional das empresas mercantis em funcionamento no País, com a cooperação 
das Juntas Comerciais) (art. 4º, inciso IX, da Lei nº 8.934) e 
[...] instruir, examinar e encaminhar os processos e recursos a serem decididos 
pelo Ministro de Estado da Indústria, do Comércio e do Turismo, inclusive os 
pedidos de autorização para nacionalização ou instalação de filial, agência, 
sucursal ou estabelecimento no País, por empresa estrangeira, sem prejuízo 
da competência de outros órgãos federais (art. 4º, inciso X, da Lei nº 8.934) 
(BRASIL, 1994, documento on-line).
Como se pode verificar nos enunciados legais destacados, o DREI exerce 
“[...] funções supervisora, orientadora, coordenadora e normativa, no plano 
técnico; e supletiva, no plano administrativo” (art. 3º, inciso I, da Lei nº 8.934) 
(BRASIL, 1994, documento on-line). Assim, em caso de dúvidas sobre as nor-
mas que incidirão para realizar registro do empresário, a sugestão é pesquisar 
pelas suas instruções normativas sobre a matéria.
Atividade empresarial22
Legislacao_Empresarial_Aplicada_BOOK.indb 22 29/05/2018 15:27:35
Segundo as Juntas Comerciais, são órgãos locais presentes “[...] em cada 
unidade federativa, com sede na capital e jurisdição na área da circunscrição 
territorial respectiva” (art. 5º, da Lei nº 8.934/94) (BRASIL, 1994, documento 
on-line). Estes são administrativamente vinculados à esfera estadual, ao 
passo que tecnicamente são subordinados ao DNRC, atualmente DREI, tendo 
de seguir suas instruções normativas. A exceção a esse caráter híbrido da 
subordinação hierárquica das juntas fica com o Distrito Federal, onde ela 
é um órgão federal.
Assim, o profissional irá se direcionar à Junta Comercial da capital da 
unidade federativa (Estados ou Distrito Federal) para realizar o registro do 
ato constitutivo da empresa, observando as instruções normativas do DREI. 
Afinal, a ela incumbe o registro pelo arquivamento.
No caso de empresário, o requerimento conterá, nos termos do art. 968 
do Código Civil, os seguintes dados:
I – o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime 
de bens;
II – a firma, com a respectiva assinatura autógrafa que poderá ser substituída 
pela assinatura autenticada com certificação digital ou meio equivalente que 
comprove a sua autenticidade, ressalvado o disposto no inciso I do § 1o do 
art. 4º da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006;
IV – o capital;
V – o objeto e a sede da empresa. (BRASIL, 2002, documento on-line).
O empresário que instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição de 
outro Registro Público de Empresas Mercantis, neste deverá inscrevê-la com a prova 
da inscrição originária.
Nesse ínterim, ainda cabe ressaltar o relevante papel exercido pelo advo-
gado no registro dos atos constitutivos de sociedades empresárias, porquanto, 
nos termos do art. 1º, parágrafo segundo, do Estatuto da Advocacia, os “atos 
e contratos administrativos constitutivos de pessoas jurídicas, sob pena de 
nulidade, só podem ser admitidos a registro, nos órgãos competentes, quando 
visados por advogados”. Tal norma tem exceções, a saber, microempresas e 
empresas de pequeno porte, nos termos do art. 9º, parágrafo segundo, da Lei 
Complementar nº 123/06.
23Atividade empresarial
Legislacao_Empresarial_Aplicada_BOOK.indb 23 29/05/2018 15:27:35
Algumas terminologias técnicas devem ser usadas de forma adequada 
sobre essa matéria, importando distingui-las devidamente. Assim, há três atos 
que podem ir ao registro empresarial. A matrícula e seu cancelamento são os 
registros de profissionais elencados no art. 32, inciso I, da Lei nº 8.934/94, ou 
seja, “[...] leiloeiros, tradutores públicos e intérpretes comerciais, trapicheiros 
e administradores de armazéns-gerais” (BRASIL, 1994, documento on-line). 
O arquivamento envolve, em princípio, nos termos do art. 32, inciso II, da 
Lei nº 8.34/94, “[...] constituição, alteração, dissolução e extinções de firmas 
mercantis individuais, sociedades mercantis e cooperativas”, bem como “[...] 
atos relativos a consórcio e grupo de sociedade” e “[...] declarações de micro-
empresa”. Por fim, a autenticação se destina aos instrumentos de escrituração 
(art. 32, inciso III, da Lei nº 8.934/94) (BRASIL, 1994, documento on-line).
Há de ser destacado, ainda, que sociedades cooperativas são, nos termos 
da legislação, sociedades simples e, assim, não regidas pelo Direito empre-
sarial, situação oposta às sociedades por ações. Excetua-se, desse modo, o 
art. 966, caput, do Código Civil, para incidir o art. 982, parágrafo único, cuja 
redação segue: “Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a 
sociedade por ações; e, simples, a cooperativa”. Entretanto, é-lhes exigido o 
registro por arquivamento de seus atos constitutivos nas Juntas Comerciais, 
sendo, portanto, uma situação atípica.
Importância do registro da empresa
O registro público preserva informações importantes em repartições oficiais, 
além de dar-lhes publicidade para a segurança dos envolvidos e de terceiros 
(MAMEDE, 2018). Assim, sócios, “credores, trabalhadores, clientes e o próprio 
Estado podem necessitar de informações, atuais ou passadas, socorrendo-lhes 
o registro mercantil” (MAMEDE, 2018, p. 54).
No entanto, esclarece-se que não há nenhuma necessidade de indicar interesse 
para a obtenção de informações nas Juntas Comerciais, portanto, qualquer 
um pode requerê-las e obtê-las, desde que o faça adequadamente, assumindo 
os ônus, inclusive.
As finalidades de tal registro são “[...] dar garantia, publicidade, auten-
ticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos das empresas mercantis” 
(art. 1º, inciso I, da Lei nº 8.934/94); e “[...] cadastrar as empresas nacionais e 
estrangeiras em funcionamento no País e manter atualizadas as informações 
pertinentes” (art. 1º, inciso II, da Lei nº 8.934/94). Além disso, o registro 
Atividade empresarial24
Legislacao_Empresarial_Aplicada_BOOK.indb 24 29/05/2018 15:27:35
empresarial objetiva, ainda, a “[...] proceder à matrícula dos agentes auxiliares 
do comércio, bem como ao seu cancelamento” (art. 1º, inciso III, da Lei nº 
8.934/94) (BRASIL, 1994, documento on-line).
Entretanto, mesmo com as relevantes finalidades apontadas acima, ressalta-
-se, para a caracterização da atividade empresarial, que não há necessidade
de registro, ainda que seja inegável o fato de, pelo reconhecimento de sua
situação irregular, haver restrições.
Enunciado 198 da III Jornada de Direito Civil do CJF
A inscrição do empresário na Junta Comercial não é requisito para a sua caracterização, 
admitindo-se o exercício da empresa sem tal providência. O empresário irregular 
reúne os requisitos do art. 966, sujeitando-se às normas do Código Civil e da legislação 
comercial, salvas as incompatibilidades com a sua condição ou diante de expressa 
disposição em contrário. 
Sobre isso, Fábio Ulhoa Coelho (2017) indica algumas dificuldades que 
empresários irregulares terão ao desenvolver suas atividades. Por exemplo, 
não serão realizados contratos com a administração pública, nem contrairão 
empréstimos em instituições bancárias, além disso, estes estarão impossibi-
litados de requerer a recuperação judicial.
Além dessas hipóteses, o art. 33, da Lei do Registro Público de Empresas 
Mercantis e Atividades Afins, indica que a “[...] proteção ao nome empresarial 
decorre automaticamente do arquivamento dos atos constitutivos de firmaindividual e de sociedades, ou de suas alterações” (BRASIL, 1994, documento 
on-line), ou seja, também essa segurança não lhes aplicará integralmente.
A impossibilidade de celebrar contratos com a administração, entre outros, 
é consequência do art. 28, da Lei nº 8.666/93, o qual dispõe sobre a necessi-
dade de comprovar documentalmente a habilitação jurídica. Noutro giro, a 
restrição à recuperação judicial decorre de expressa vedação legal do art. 48, 
caput, da Lei nº 11.101/05.
Pode-se apontar, ainda, que, na hipótese de empresa irregular, haverá res-
ponsabilidade ilimitada decorrente da incidência também do regime da socie-
dade em comum reconhecida pelo Direito (art. 990 do Código Civil), a única 
questão é saber se haverá benefício de ordem, ou seja, se os bens sociais serão 
executados inicialmente. No caso, apenas aquele que contrate por ela perderá 
25Atividade empresarial
Legislacao_Empresarial_Aplicada_BOOK.indb 25 29/05/2018 15:27:35
até mesmo esse direito. Elucidativa é a lição de Fábio Ulhoa Coelho (2017, p. 
112), como segue: “O sócio que se apresentou como representante da sociedade 
tem responsabilidade direta, enquanto os demais, subsidiária (CC, art. 990”.
Essa é a adequada interpretação do Art. 990, o qual, sem muito acerto, 
afirma que todos “[...] os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas 
obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, 
aquele que contratou pela sociedade” (BRASIL, 2002, documento on-line).
Enunciado 208 da III Jornada de Direito Civil
As normas do Código Civil para as sociedades em comum e em conta de participação 
são aplicáveis, independentemente de a atividade dos sócios, ou do sócio ostensivo, 
ser ou não própria de empresário sujeito a registro (distinção feita pelo art. 982 do 
Código Civil entre sociedade simples e empresária).
Assim, embora não seja o registro o que caracteriza a atividade empresarial, 
não é por isso que a atuação irregular se sujeitará integralmente ao regime 
empresarial, afinal, como explicado, há exceções decorrentes de incompati-
bilidade ou expressa disposição normativa em contrário.
Mais um prejuízo da ausência do devido registro consiste na ausência 
de “[...] legitimidade ativa para o pedido de falência de outro comerciante” 
(COELHO, 2017, p. 112).
Por fim, ainda há de se destacar dificuldades trazidas por Fábio Ulhoa 
Coelho sobre alguns cadastros:
[...] o descumprimento da obrigação comercial acarretará a impossibilidade 
de inscrição da pessoa jurídica no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas 
(CNPJ), e nos cadastros estaduais e municipais; também impossibilitará a 
matrícula do empresário no Instituto Nacional da Seguridade Social. Aliás, 
são simultâneos o registro na Junta e a matrícula no INSS (Lei nº 8.212/92, 
art. 49, I) (COELHO, 2017, p. 112).
É importante ressaltar a exceção. Para o caso do empresário cuja atividade rural 
constitua sua principal profissão, o registro não é obrigatório, mas, sim, facultativo. 
Entretanto, é constitutivo do regime empresarial, ou seja, antes da inscrição não 
lhe incidirão tais normas. Assim, “[...] se aquele que desenvolve atividade rural 
não efetuar sua inscrição no Registro Público das Empresas Mercantis, não será 
Atividade empresarial26
Legislacao_Empresarial_Aplicada_BOOK.indb 26 29/05/2018 15:27:35
tido como empresário” (TEIXEIRA, 2018, p. 70) e, portanto, não se submeterá à 
disciplina da recuperação judicial e das falências, por exemplo. Dessa forma, para 
quem exerce atividade rural, o registro tem importância diferenciada.
Ademais, é importante destacar também a relevância de se realizar o registro 
no prazo correto, afinal, o arquivamento na Junta, dentro de 30 (trinta) dias 
27Atividade empresarial
Legislacao_Empresarial_Aplicada_BOOK.indb 27 29/05/2018 15:27:36
BRASIL. Lei complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Institui o Estatuto Nacionalcontados da assinatura do documento, implicará retroatividade dos efei tos 
àquela data, o que não se aplica quando for fora desse prazo, situação em que 
o r- quivamento só terá eficácia a partir do despacho que o conceder.
da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte; altera dispositivos das Leis no
8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991, da Consolidação das Leis do Trabalho
CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, da Lei no 10.189, 
de 14 de fevereiro de 2001, da Lei Complementar no 63, de 11 de janeiro de 1990; e 
revoga as Leis no 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e 9.841, de 5 de outubro de 1999. 
Brasília, DF, 2006. Disponível em: . Acesso em: 26 fev. 2018.
BRASIL. Lei nº 8.934, de 18 de novembro de 1994. Dispõe sobre o Registro Público de 
Empresas Mercantis e Atividades Afins e dá outras providências. Brasília, DF, 1994. 
Disponível em: . Acesso em: 
26 fev. 2018.
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF, 2002. 
Disponível em: . Acesso 
em: 16 abr. 2018.
BRASIL. Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005. Regula a recuperação judicial, a extra-
judicial e a falência do empresário e da sociedade empresária. Brasília, DF, 2005. 
Disponível em: . Acesso em: 26 fev. 2018.
COELHO, F. U. Curso de direito comercial: direito empresa. 21. rev., atual. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 2017. v. 1.
MAMEDE, G. Direito empresarial brasileiro: empresa e atuação empresarial. 10. ed. rev., 
atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2018.
RAMOS, A. L. S. C. Direito empresarial esquematizado. 6. ed. rev., atual. e ampl. Rio 
de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2016.
TEIXEIRA, T. Direito empresarial brasileiro: doutrina, jurisprudência e prática. 7. ed. 
São Paulo: Saraiva, 2018.
Atividade empresarial28
Legislacao_Empresarial_Aplicada_BOOK.indb 28 29/05/2018 15:27:36
Leituras recomendadas
BERLINI, L. F.; CAMPOS, A. F. O direito empresarial e o estatuto da pessoa com deficiên-
cia: a (in) capacidade do empresário. Revista Brasileira de Direito Empresarial, v. 2, n. 2, p. 
60-79, 2016. Disponível em: . Acesso em: 27 fev. 2018.
BRASIL. Conselho de Justiça Federal. III Jornada de Direito Civil: enunciados. Brasília, 
DF, 2016. Disponível em: . Acesso em: 16 abr. 2018.
BRASIL. Lei nº 8.906/94, de 4 de julho de 1994. Dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e 
a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Brasília, DF, 1994. Disponível em: . Acesso em: 26 fev. 2018.
FERNANDEZ, J. A. da C. G. A caracterização da atividade empresária: identificação 
dos elementos de empresa sob a ótica sistêmica. Revista da ESMESC, v. 17, n. 23, p. 
259-280, 2010. Disponível em: . 
Acesso em: 26 fev. 2018. 
LEGISLAÇÃO 
EMPRESARIAL 
APLICADA 
Jeanine dos Santos Barreto
Atuação empresarial 
e função social
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Identificar regras que revelam a função social da empresa.
 Diferenciar a função social da repercussão e da responsabilidade social.
 Reconhecer como utilizar a função social em favor da empresa.
Introdução
Para que uma empresa desempenhe um papel social, não basta que 
ela funcione bem como organização. Atualmente, a visão individualista 
e puramente mercantil se tornou obsoleta. Assim, tem ganhado espaço 
uma perspectiva em que a responsabilidade social e os interesses da 
coletividade se combinam com o objetivo principal da empresa, ou seja, 
trazer ganhos para seus administradores.
Neste capítulo, você vai estudara função social da empresa e verificar 
a diferença entre função social e responsabilidade social. Além disso, você 
vai ver como a função social pode ser utilizada em favor da organização.
Regras que revelam a função social da empresa
Os estudiosos do Direito das Empresas entendem que foi nos Estados Unidos 
que surgiu a discussão sobre a função e a responsabilidade social da empresa. 
O ponto culminante desse debate foi a Guerra do Vietnã, que se estendeu dos 
anos 1950 até os anos 1970. Nesse período, a sociedade começou a contestar 
as decisões e atitudes tomadas pelas empresas, principalmente aquelas que 
participavam diretamente da produção de armamentos para a guerra. Um dos 
efeitos desse movimento foi a divulgação de relatórios, chamados de balanços 
sociais, que traçavam relações necessárias entre as empresas e os interesses 
dos funcionários e da sociedade.
Legislacao_Empresarial_Aplicada_BOOK.indb 231 29/05/2018 15:28:08
Quando a humanidade tomou consciência de que o desenvolvimento das empresas 
estava levando à escassez dos recursos naturais, passou também a se preocupar com 
o planeta onde vive. A partir daí, surgiu uma filosofia chamada de ecocentrismo. Essa 
filosofia coloca a natureza em primeiro lugar e afirma que, se o homem faz parte da 
natureza, então deve se comportar de maneira harmoniosa e em equilíbrio com ela. O 
ecocentrismo surgiu em oposição à ideia de antropocentrismo, que coloca o homem 
em primeiro lugar no universo.
Aos poucos, se disseminou a noção de que a atividade das empresas foi 
consolidada por meio da atuação humana e da intensa exploração dos recursos 
da natureza. Assim, a preocupação com a função social da empresa chegou 
também ao Brasil. A compreensão passou a ser a de que as empresas devem 
atuar de forma ponderada, principalmente se a sua atuação envolve prejuízo 
ao ambiente ou às pessoas.
É um consenso entre os estudiosos e escritores do Direito que a função social 
da empresa não precisa estar prevista por escrito na legislação, mas, caso esteja, 
isso logicamente facilita a sua observância. Nesse sentido, você deve notar que a 
função social de uma empresa está além do cumprimento de todas as obrigações, 
previstas na legislação, às quais ela já está vinculada. A função social tem relação 
com uma atuação a favor dos interesses da coletividade. Ela se realiza quando o 
empresário divide com o Estado a garantia de certos direitos que precisam ser 
assegurados para todos (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2012).
No Brasil, a função social da empresa está prevista por escrito na Constitui-
ção Federativa de 1988, no chamado princípio da função social da empresa. 
Esse princípio está descrito nos seguintes artigos do texto constitucional 
(BRASIL, 1988):
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabi-
lidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes:
[...]
XXIII – a propriedade atenderá a sua função social;
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e 
na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme 
os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
[...]
III – função social da propriedade;
Atuação empresarial e função social232
Legislacao_Empresarial_Aplicada_BOOK.indb 232 29/05/2018 15:28:08
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Pú-
blico municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo 
ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o 
bem-estar de seus habitantes.
[...]
§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exi-
gências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.
Art. 186 A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, 
simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em 
lei, aos seguintes requisitos:
I – aproveitamento racional e adequado;
II – utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do 
meio ambiente;
III – observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV – exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
É comum o entendimento de que a Constituição (BRASIL, 1988) fala 
somente sobre “propriedade” no texto, sem citar o termo “empresa”. O que 
acontece é que a interpretação do texto constitucional nunca deve ser restritiva, 
e sim extensiva. Desse modo, se pode entender que o termo “propriedade” é 
citado como um direito fundamental do cidadão brasileiro, por isso adquire 
significados maiores do que os comumente atribuídos a ele. Nesse sentido, a 
empresa e o seu controle decorrem do princípio da função social da propriedade.
Já no Código Civil brasileiro (BRASIL, 2002), a função social aparece 
nos seguintes artigos:
Art. 421 A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da 
função social do contrato.
[...]
Art. 1.228 O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, 
e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou 
detenha.
§ 1º O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas 
finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de con-
formidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas 
naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como 
evitada a poluição do ar e das águas.
[...]
Art. 2.035 
Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de 
ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a 
função social da propriedade e dos contratos.
Como você viu, a função social da empresa não envolve apenas a proprie-
dade, mas também o contrato firmado entre as partes. Afinal, mesmo que seja 
um acordo entre indivíduos, ele funciona como uma forma de organização 
233Atuação empresarial e função social
Legislacao_Empresarial_Aplicada_BOOK.indb 233 29/05/2018 15:28:08
econômica e social. Nesse sentido, precisa considerar o interesse dos envolvidos 
e também daqueles que o cercam.
Durante a I Jornada de Direito Civil, o Conselho de Justiça Federal editou o 
Enunciado nº 53, que determina que “Deve-se levar em consideração o princípio 
da função social na interpretação das normas relativas à empresa, a despeito da 
falta de referência expressa” (CONSELHO DE JUSTIÇA FEDERAL, c2018).
Partindo da previsão legal, você pode compreender a função social da 
empresa como algo que a impede de se estabelecer e de funcionar apenas em 
prol dos interesses de seus proprietários e administradores. Assim, ela deve 
agir a favor da coletividade, o que envolve o poder/dever do proprietário de 
dar uma destinação para a empresa que seja compatível com o interesse da 
sociedade que a cerca. Em outras palavras, a atividade empresária deve ter 
um equilíbrio entre seus próprios interesses e os interesses da sociedade, o 
que envolve a obediência a certos deveres.
Por outro lado, uma vez que a atividade empresária não mantém traços de 
assistência social ou filantropia, a finalidade lucrativa da empresa não deve ser 
ignorada em detrimento da sua função social. Outra função que jamais pode 
ser ignorada para uma empresa é a da geração de empregos e a da garantia 
da circulação de bens, serviços e capitais da sociedade.
A função social da empresa não deve se sobrepor à sua função econômica, nem retirar 
dos proprietários o seu meio de vida ou a sua lucratividade. Para que a função lucrativa e 
a função social da empresa caminhem juntas, é preciso que os administradores tomem 
decisões voltadas ao bem comum tanto de seus trabalhadores quanto da sociedade, 
sem que para isso esqueçam da finalidade primária da empresa, ou seja, o lucro.
A instituição empresarial se define, por meio de sua função social, 
como algo que deve gerar riqueza e oportunidade de emprego, qualifica-
ção e diversidadede mão de obra. Ela deve estimular o desenvolvimento 
científico e tecnológico e melhorar a qualidade de vida por meio de ações 
educativas, culturais e de defesa do meio ambiente, priorizando o desen-
volvimento sustentável.
O princípio da função social da empresa é um dos que trazem mais justiça 
para a sociedade, uma vez que tem o propósito de impedir abusos de inte-
resses individuais de donos de empresas e promove muito mais os interesses 
Atuação empresarial e função social234
Legislacao_Empresarial_Aplicada_BOOK.indb 234 29/05/2018 15:28:08
da coletividade. A empresa deixa então de perseguir somente o lucro para 
trabalhar em prol da melhoria da vida em sociedade, mesmo que por meio 
da exploração econômica. Isso quer dizer que o lucro empresarial aparece 
como uma consequência, não como uma prioridade da atividade empresarial.
De maneira resumida, uma empresa cumpre sua função social se gera 
empregos, supre as necessidades básicas de seus funcionários e garante a eles 
uma vida digna. Ela também deve se certificar de que os produtos e serviços 
que gera atendem aos interesses da sociedade e do meio ambiente. Além disso, 
não são ações de voluntariado esporádicas que definirão a sua função social. 
Os programas sociais dos quais a empresa faz parte e as obras sociais nas quais 
se envolve é que vão demonstrar o respeito e a gratidão que ela tem para com 
a comunidade que garante a manutenção da sua produção e a sua longevidade.
Distinção entre função social, repercussão 
e responsabilidade social
A função social não priva o empresário da liberdade de agir de acordo com 
os interesses da empresa. Contudo, ele terá de cumprir deveres perante a 
sociedade, agindo de acordo com princípios e normas jurídicas, estejam eles 
estabelecidos ou não na legislação. 
Em vista disso, não se pode exigir que uma empresa desempenhe uma 
função social relacionada a uma prática que não constitua o seu objeto, ou 
que não esteja ligada à sua atividade econômica. Ou seja, não se pode exi-
gir o cumprimento de deveres para os quais as empresas não foram criadas 
fundamentando-se para isso na função social da organização, pois não há 
responsabilidade social do empresário nesse sentido (FEITOSA; LUPI, 2016).
A função social da empresa surgiu da necessidade de limitar o individua-
lismo dos empresários, garantindo a satisfação dos interesses da coletividade, 
o que atualmente é impossível de ser feito somente pelo Estado. Deve haver
um equilíbrio entre os interesses da empresa e os interesses da coletividade,
como a segurança, a dignidade humana e a saúde.
Como a função social de uma empresa pode ser cobrada na medida do objeto 
para o qual a organização foi criada, é possível falar em responsabilidade social. 
A responsabilidade social surge quando uma empresa incorpora preocupações 
sociais e ambientais às suas operações, de maneira voluntária. De forma 
simplificada, a responsabilidade social surge quando a função social de uma 
empresa é integrada de maneira voluntária ao seu cotidiano, à sua produção 
e às relações entre a administração, os funcionários e a sociedade ao redor. 
235Atuação empresarial e função social
Legislacao_Empresarial_Aplicada_BOOK.indb 235 29/05/2018 15:28:08
Em 2016, a revista Exame publicou uma reportagem sobre as 20 empresas que de-
monstraram atuar como modelos em responsabilidade socioambiental. Leia o texto 
no link a seguir.
https://goo.gl/XyBHMm 
A responsabilidade social aparece quando o empresário ou a alta direção 
de uma empresa decide, de maneira espontânea e não compulsória, contribuir 
com ações que não pertencem diretamente às suas atividades-fim, ao seu 
objeto principal. Essas ações devem ser realizadas para a formação de uma 
sociedade mais justa e mais harmônica, para a satisfação dos interesses da 
coletividade, para a conservação do meio ambiente e para o desenvolvimento 
do país (GONÇALVES, 2013).
Enquanto a função social envolve o fato de a empresa ter de harmonizar 
os seus interesses aos interesses da coletividade, a responsabilidade social 
envolve as ações que não estão ligadas ao objeto da empresa, mas que, uma 
vez executadas, trazem benefícios para os trabalhadores e para a sociedade 
ao redor da organização.
Uma empresa pode demonstrar responsabilidade social com o público interno quando 
oferece cursos de capacitação e atualização para os funcionários nas atividades desem-
penhadas, ou quando oferece creches em que as funcionárias que são mães podem 
deixar seus filhos enquanto trabalham.
Para demonstrar responsabilidade social para o público externo, uma empresa pode 
oferecer patrocínio para eventos culturais, ou investir em recursos financeiros para 
diminuir a emissão de resíduos provenientes de sua produção.
Atuação empresarial e função social236
Legislacao_Empresarial_Aplicada_BOOK.indb 236 29/05/2018 15:28:08
A Figura 1, a seguir, traça um comparativo entre a função social e a res-
ponsabilidade social.
Figura 1. Comparativo entre função social e responsabilidade social.
Limita o 
individualismo 
do empresário
Função social
Garante a satisfação 
dos interesses 
da coletividade
Equilibra os 
interesses da 
empresa com os 
da coletividade
Responsabilidade social
Integra a função
social de maneira
voluntária à empresa
Envolve ações que
não pertencem
diretamente ao
objeto da empresa
Quando posta em
prática, traz 
benefícios para 
trabalhadores
e sociedade
Como você viu, todos esses direitos deveriam ser assegurados pelo Es-
tado, mas na prática não há possibilidade real de isso acontecer. Por isso, o 
Estado precisou transferir para algumas entidades a garantia do exercício de 
certos direitos. A responsabilidade social surgiu, então, porque o Estado não 
tinha condições de cumprir todos os seus deveres perante a sociedade. Os 
empresários passaram a ter certas obrigações por meio da legislação, ou a 
atuar voluntariamente quando sentem a necessidade de satisfazer à sociedade 
realizando alguma ação para ajudar.
237Atuação empresarial e função social
Legislacao_Empresarial_Aplicada_BOOK.indb 237 29/05/2018 15:28:09
A Nestlé, uma das maiores empresas fabricantes de alimentos e bebidas do mundo, 
possui uma imagem, frente aos seus concorrentes e consumidores, de empresa 
socialmente responsável. Muitos programas voltados à comunidade, à cultura, à 
educação e ao meio ambiente foram criados pela empresa, como o Alfabetização 
Solidária.
Além disso, a Nestlé dá importância a toda e qualquer atitude que se mostre favorável 
à saúde e ao meio ambiente. Prova disso foi a modificação das diretrizes mundiais da 
empresa, que criou a Política Nestlé para o Meio Ambiente. Assim, suas fábricas são 
abastecidas por fontes de energia renovável e não poluente, e grande parte de seus 
resíduos são utilizados para suprir a necessidade de energia.
Para saber mais sobre a responsabilidade social da Nestlé, acesse o site da empresa, 
disponível no link:
https://goo.gl/KgejnH 
Atualmente, a responsabilidade social é vista pelas empresas como atitudes 
e valores formadas ao longo dos anos e que se inseriram na missão e na visão 
empresariais. São iniciativas sociais, para o público interno e externo, cujo 
cumprimento se torna necessário para a empresa.
A responsabilidade social nada mais é do que a necessidade que o empre-
sário tem de agir aliando os interesses da empresa aos interesses do público 
interno e do público externo a ela, gerando benefícios para todos. Praticar a 
responsabilidade social em uma empresa consiste em agir de forma estratégica, 
transformando os esforços em atividades que priorizam a ética e a transparência 
com a sociedade em geral. 
O resultado da produção de bens e serviços aliada aos interesses da comu-
nidade é o estreitamento do vínculo entre a empresa e as pessoas, melhorando 
a imagem da organização perante todos. Em síntese, você pode considerar 
que a função social aplicada por meio da responsabilidade social gera uma 
repercussão social, ou seja, uma reação na sociedadeao redor da empresa. 
Essa reação tem relação com as atitudes tomadas pelo empresário e com os 
benefícios trazidos para os públicos interno e externo à empresa.
Atuação empresarial e função social238
Legislacao_Empresarial_Aplicada_BOOK.indb 238 29/05/2018 15:28:09
Como utilizar a função social 
em favor da empresa
Como você sabe, hoje a administração das empresas costuma ser exercida por 
empresários ou administradores profi ssionais. Essas pessoas são altamente 
capacitadas e treinadas para ocupar posições de comando e controle. Em sua 
atuação, elas devem harmonizar os interesses próprios, os de seus clientes, 
os de seus fornecedores, acionistas e funcionários, os da sociedade em geral 
e também os do governo.
Atualmente, o empresário não tem mais a imagem de um ser poderoso, que 
faz uma administração em causa própria ou de sua família, sem se preocupar 
com os interesses de mais ninguém. Agora, ele deve se preocupar com os 
interesses da coletividade. Assim, precisa considerar tanto os seus interesses 
e os de sua família quanto os de seus trabalhadores, os da sociedade ao redor 
e também os relacionados ao meio ambiente em que está inserido (FEITOSA; 
LUPI, 2016).
Uma empresa com a intenção de permanecer por muito tempo no mercado 
precisa se humanizar e se tornar socialmente responsável, dando valor a 
fornecedores, trabalhadores, clientes e sociedade. Seu objetivo passa a ser a 
coletividade, não o lucro a qualquer custo. Uma das grandes vantagens que 
podem ser obtidas quando uma empresa valoriza a sua função social é a me-
lhoria da sua imagem junto à sociedade. Por meio da divulgação das medidas 
tomadas para o grande público, com propagandas, anúncios e campanhas, é 
possível obter e fidelizar clientes para seus produtos e serviços. Afinal, os 
consumidores saberão que estão consumindo a produção de uma empresa que 
ajuda a sociedade e o meio ambiente.
Sem dúvida, outra vantagem para uma empresa ciente da sua função social 
é a obtenção de benefícios fiscais. É possível trocar o pagamento de impostos 
pelo investimento na comunidade, dando outra destinação para o capital que iria 
diretamente para o Estado, mas poderia não ter a mesma utilização. É importante 
você lembrar-se de que a função social da empresa vem descrita na legislação 
como um princípio, como um fundamento no qual deveria se basear a atitude do 
empresário enquanto administrador. Nesse sentido, não há uma punição descrita 
em lei para aqueles que não desempenharem atividades relacionadas à função 
social da empresa (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2012).
239Atuação empresarial e função social
Legislacao_Empresarial_Aplicada_BOOK.indb 239 29/05/2018 15:28:09
Como a função social serve de apoio para as ações dos empresários, não existem 
sanções previstas para aquele empresário que não cumprir ou não desempenhar 
uma função social com a sua empresa.
Quando um empresário polui o meio ambiente, as únicas sanções possíveis são as 
previstas no Direito Ambiental. Caso um empresário promova uma demissão em massa 
de seus funcionários, as sanções cabíveis serão as previstas na legislação trabalhista, 
incluindo o pagamento de todas as indenizações. Mas, além disso, nada poderá 
ser feito pela falta de cumprimento da função social, por ter deixado de tratar seus 
funcionários com dignidade.
A função social da empresa envolve o fato de um empresário, no exercício 
da atividade empresarial, desenvolver suas atividades e produzir seus bens e 
serviços pautando-se na boa-fé, na ética, na probidade, prezando o cumpri-
mento das normas ambientais, trabalhistas e tributárias e respeitando seus 
consumidores e sua concorrência.
Uma empresa que é referência em responsabilidade social é a Microsoft, produtora de 
softwares conhecida mundialmente. Entre outros projetos idealizados pela empresa, 
está o Partners in Learning, que em português significa “Parceiros na Aprendizagem”. Esse 
projeto foi lançado em 2003 e tem como propósito investir na melhoria da qualidade 
da educação pública em países em processo de desenvolvimento.
Para exercer a responsabilidade social por meio de um projeto como esse, os em-
presários da Microsoft pensaram em aspectos como os seguintes:
 os frutos da produção da Microsoft, que são os softwares, chegam mais comu-
mente às mãos de pessoas instruídas e raramente de pessoas analfabetas ou
com falhas sérias de educação;
 a Microsoft precisa de funcionários com boa formação educacional e intelectual 
nos países em que atua.
Nesse sentido, pode-se observar que a Microsoft consegue obter grandes benefícios 
com o seu investimento (logicamente, a longo prazo). Isso significa menos despesas 
com treinamento e capacitação posteriormente, quando as pessoas ingressarão no 
mercado de trabalho e supostamente trabalharão para a empresa.
Em contrapartida, a sociedade também é muito beneficiada, pois o projeto idealizado 
pela Microsoft permite que pessoas que talvez não tivessem acesso facilitado ao estudo 
possam gozar de educação pública de qualidade.
Atuação empresarial e função social240
Legislacao_Empresarial_Aplicada_BOOK.indb 240 29/05/2018 15:28:09
Praticar a função social traz para a empresa um diferencial competitivo 
com relação às empresas concorrentes, além da consequente valorização da 
sua imagem perante seus clientes e a sociedade em geral. Ao longo do tempo, a 
função e a responsabilidade social se estabeleceram de tal forma no cotidiano 
das empresas, que quando a sua produção influi de maneira negativa no meio 
onde estão instaladas, rapidamente são imaginadas ações para compensar a 
sociedade por isso.
Entre os motivos pelos quais uma empresa deve exercer sua função e sua 
responsabilidade social, você pode considerar os seguintes (SEBRAE, 2018):
  Para aumentar o reconhecimento da sua marca, uma vez que uma 
empresa que se empenha e contribui de maneira positiva para o desenvol-
vimento e a garantia de benefícios à comunidade tende a ter seu esforço 
reconhecido. Quanto mais uma empresa demonstrar envolvimento 
social com a comunidade onde atua, mais rapidamente os consumidores 
tendem a avaliá-la de maneira positiva.
  Para aumentar o volume de negócios fechados pela empresa, uma vez 
que empresas responsáveis socialmente são engajadas em objetivos que 
trazem retorno financeiro, mas também não financeiro, o que pode ser 
muito vantajoso. As empresas tendem a fechar negócios à medida que 
mantêm os interesses da sua comunidade inseridos na sua cultura, na 
sua missão, na sua visão e nos seus valores.
  Para aumentar suas vendas, obter e fidelizar clientes, pois na atualidade 
a simples oferta de bons produtos e serviços pode não ser suficiente 
para isso. Os consumidores tendem a ser mais leais a empresas que 
demonstram lealdade a eles e a suas causas.
  Para ganhar o respeito dos seus funcionários, pois a atuação ética e 
socialmente responsável da organização mantém os funcionários orgu-
lhosos de colaborarem com a causa, faz com que eles se identifiquem 
com a cultura da empresa e queiram contribuir por meio de seu esforço 
no desempenho de suas atividades.
  Para ser um diferencial competitivo e garantir sua longevidade no 
mercado, uma vez que os consumidores tendem a dar preferência para 
empresas que defendem os seus interesses.
  Para reduzir seus custos operacionais, eliminando desperdícios e inefi-
ciências, pois uma consciência ecológica traz benefícios também para 
o faturamento e para a diminuição de despesas da empresa.
  Para demonstrar lealdade no relacionamento com a comunidade in-
terna e externa, uma vez que uma empresa que atua de maneira ética, 
241Atuação empresarial e função social
Legislacao_Empresarial_Aplicada_BOOK.indb 241 29/05/2018 15:28:09
responsável e transparente transmite confiança para seus funcionários, 
clientes, fornecedores e demais envolvidos.
Por meio da responsabilidade social, as empresas vêm se responsabilizando 
pelos interesses da sociedade, lidando com questões como a educação, a pre-
servaçãodo meio ambiente, a saúde, a segurança, entre outros. Quando exerce 
um papel socialmente responsável, a empresa demonstra que convive com a 
comunidade onde está inserida, pois é nela que provavelmente vai encontrar 
seus funcionários, seus clientes, seus fornecedores e seus concorrentes.
Ao exercer a responsabilidade social, a empresa mostra para a comunidade 
ao seu redor que incorporou, na sua cultura e nos seus valores, a busca pelo 
bem-estar da coletividade associada ao desenvolvimento da própria organiza-
ção. Sem dúvida, essa é uma das maneiras mais eficientes de valorizar a sua 
imagem perante a sociedade, gerando benefícios para empresários, gestores, 
trabalhadores e suas famílias, bem como para os demais indivíduos e também 
para o meio ambiente.
Atuação empresarial e função social242
Legislacao_Empresarial_Aplicada_BOOK.indb 242 29/05/2018 15:28:10
243Atuação empresarial e função social
Legislacao_Empresarial_Aplicada_BOOK.indb 243 29/05/2018 15:28:10
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 
Brasília, DF, 1988. Disponível em: . Acesso em: 30 mar. 2018.
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF, 2002. 
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em: 30 mar. 2018.
CONSELHO DE JUSTIÇA FEDERAL. Enunciado 53. Brasília, DF: CJF, c2018. Disponível 
em: . Acesso em: 30 mar. 2018.
FEITOSA, R. J.; LUPI, A. L. P. B. Direito empresarial II. In: CONGRESSO DO CONPEDI, 25., 
2016, Curitiba. Anais... Florianópolis: CONPEDI, 2016. Disponível em: . Acesso 
em: 31 mar. 2018.
GAGLIANO, P. S.; PAMPLONA FILHO, R. Novo curso de direito civil: contratos: teoria geral. 
Saraiva: São Paulo, 2012. v. 4, tomo I.
GONÇALVES, C. R. Direito civil brasileiro: contratos e atos unilaterais. 10. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2013.
SEBRAE. Responsabilidade social empresarial. Brasília, DF, 2018. 
Leituras recomendadas
ANDRADE, T. P. Empresa, responsabilidade e função social. Curitiba: CRV, 2017.
BARBOSA, V. 20 empresas-modelo em responsabilidade socioambiental. Exame, 13 set. 
2016. Disponível em: . Acesso em: 22 abr. 2018.
BITTENCOURT, E.; CARRIERI, A. Responsabilidade social: ideologia, poder e discurso 
na lógica empresarial. Revista de Administração de Empresas, v. 45, p. 10-22, set./dez. 
2005. Disponível em: . Acesso em: 11 abr. 2018.
NESTLÉ. Responsabilidade social. São Paulo, c2018. Disponível em: . Acesso em: 
22 abr. 2018.
PINEDA, E. S.; MARROQUÍN, J. A. C. Ética nas empresas. São Paulo: McGraw-Hill, 2009. 
ARTIGO 
Direito do trabalho é o conjunto de normas jurídicas que regem 
as relações entre empregados e empregadores, trata dos 
direitos resultantes da condição jurídica dos trabalhadores. Estas 
normas, no Brasil, estão regidas pela Consolidação das Leis do 
Trabalho (CLT), Constituição Federal de 1988 e várias leis 
esparsas (como a lei que define o trabalho do estagiário, entre 
outras). O Direito do trabalho interfere diretamente na atividade 
empresarial, é um dos ramos do direito que mais impactam a 
empresa. Vejamos agora alguns de seus princípios. 
 
Princípios do Direito do Trabalho 
 
Princípios são normas gerais já consolidadas e que expressam 
valores sedimentados na sociedade. Além dos princípios gerais 
do Direito com aplicabilidade sobre o Direito do trabalho, têm-
se os princípios específicos desta área. De acordo com o 
princípio da prevalência da condição mais benéfica ao 
trabalhador, qualquer condição que seja concedida de forma 
habitual e tácita ao empregado e for ela mais benéfica do que 
outra decorrente de lei ou do contrato, passa então a prevalecer. 
Isso significa dizer que a condição mais benéfica incorpora-se ao 
patrimônio do empregado e não pode ser suprimida. Imagine, 
por exemplo, que um trabalhador contratado para trabalhar 44 
horas semanais venha a trabalhar de forma efetiva, habitual e 
tacitamente aceita pelo empregado, apenas 40 horas semanais. 
Significa dizer que essa condição mais benéfica passa a ser regra 
e não pode ser suprimida. 
 
Informa-nos o princípio da norma mais favorável que, havendo 
duas normas aplicáveis ao mesmo trabalhador, deverá 
prevalecer aquela que for a mais favorável ao empregado. 
Significa dizer que, havendo, por exemplo, norma legal e 
convenção coletiva, prevalecerá aquela que for mais favorável 
for ao trabalhador. Por sua vez, o princípio do in dubio pro 
operario determina que, havendo mais de uma interpretação 
possível sobre uma norma, deverá prevalecer aquela que for 
mais favorável ao trabalhador, parte fraca da relação de 
emprego. 
 
Segundo o princípio da primazia da realidade vale mais o que 
aconteceu na prática do que o que as partes ajustaram. Isso 
significa dizer que, mesmo havendo documentos, deve 
prevalecer o que realmente aconteceu durante a relação de 
emprego. Um dos principais fundamentos consiste no fato de 
que o trabalhador, parte vulnerável, poderia ser compelido a 
assinar qualquer documento, por ser a parte frágil da relação, o 
que não poderia ser tido como legítimo. 
 
Pelo princípio da irredutibilidade salarial, tem-se que o salário 
do trabalhador é, a rigor, irredutível. Contudo, são admitidas as 
hipóteses de redução nos casos de acordo ou convecção 
coletiva. Já o princípio da continuidade da relação de emprego 
informa-nos que a relação de emprego tende a ser duradoura e, 
como regra, o contrato de trabalho vigora por tempo 
indeterminado. Isso significa que, não havendo contrato 
expresso por prazo determinado, o contrato de trabalho é tido 
como de prazo indeterminado. 
O princípio da inalterabilidade contratual prejudicial ao 
trabalhador determina que não pode haver alteração no 
contrato de trabalho que seja lesiva ao trabalhador. Significa 
dizer que as condições contratuais devem permanecer quando 
mais benéficas ao trabalhador, protegendo-o contra alterações 
contratuais lesivas aos seus direitos. Por fim, o princípio da 
irrenunciabilidade preceitua que, a rigor, não se deve renunciar 
aos direitos trabalhistas ou negociá-los, seja antes, durante ou 
depois da relação contratual. Esse princípio visa a tutelar o 
trabalhador. Ademais, as normas trabalhistas são cogentes, 
imperativas e, portanto, não podem ser negociadas. 
 
Conceito de Empregador 
 
Considera-se empregador a empresa (pessoa jurídica/pessoa 
física), individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da 
atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação 
pessoal de serviço do empregado. Equiparam-se ao empregador, 
para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os 
profissionais liberais, as instituições de beneficência, as 
associações recreativas ou outras instituições sem fins 
lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. 
Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma 
delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, 
controle ou administração de outra, constituindo grupo 
industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, 
serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente 
responsáveis a empresa principal e cada uma das suas 
subordinadas. A mudança na propriedade ou na estrutura 
jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos 
respectivos empregados. 
Conceito de Empregado 
 
Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços 
de natureza não eventual a empregador, sob a dependência 
deste e mediante salário. Empregado e empregador 
estabelecem um vínculo jurídico por meiodo contrato de 
trabalho, o qual se passa a analisar. 
 
Contrato de Trabalho 
 
O contrato de trabalho é o ajuste verbal ou escrito, por meio do 
qual uma pessoa se obriga a prestar trabalho a outra, de forma 
não eventual, em proveito do empregador, seja por tempo 
determinado ou por tempo indeterminado. A regra é a do 
contrato por tempo indeterminado, contudo, cabe ajustar 
contrato por tempo determinado, desde que seja feito de forma 
expressa entre as partes. Uma vez iniciando o trabalho, deve o 
empregador e o empregado firmar contrato por tempo 
determinado sob pena de, não o fazendo, ser o contrato 
considerado como de prazo indeterminado. 
 
Requisitos do Vínculo Empregatício 
 
Se, eventualmente, não houver a anotação da carteira de 
trabalho do empregado, para que ele prove ter havido um 
vínculo empregatício entre ele e seu empregador, inclusive para 
pleitear direitos não pagos junto à Justiça do Trabalho, é 
necessário demonstrar que houve a existência dos seguintes 
requisitos: 
1. Empregado: deve ser uma pessoa física, pois não há a 
possibilidade de ser empregada uma pessoa jurídica. 
2. Subordinação: o empregado deve estar sujeito às ordens e 
determinações do empregador, agindo de forma 
subordinada a este. 
3. Onerosidade: o empregado deve perceber 
remuneração/salário, pois não há relação de emprego de 
forma graciosa, voluntária, mas sim mediante 
contraprestação de fundo econômico. 
4. Habitualidade: o empregado deve entregar sua força de 
trabalho de forma habitual, ou seja, não pode ser eventual, 
esporádico. 
5. Pessoalidade: o vínculo empregatício se desenvolve entre 
empregador e empregado, não podendo este se fazer 
substituir no seu trabalho. 
 
Presentes estes requisitos, estaremos diante de uma relação de 
emprego, na qual são devidos todos os direitos trabalhistas, a 
saber, férias, 13º salário etc. 
 
Atuação Empresarial e Direito do Consumidor 
 
O Direito do consumidor é um ramo do Direito que lida com 
conflitos de consumo e com a defesa dos direitos dos 
consumidores. Encontra-se desenvolvido na maior parte dos 
países com sociedades de consumo e sistemas legais funcionais. 
Entretanto, devemos, de uma forma coesa, atribuir os reais 
valores aos consumidores, reconhecendo as falcatruas e 
beligerantes atitudes de muitos fornecedores, quanto às 
condições dos vários produtos fornecidos aos consumidores. 
 
Entende-se por consumidor toda pessoa física ou jurídica que 
adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. 
Contudo, equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, 
ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de 
consumo. 
 
Por sua vez, fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública 
ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes 
despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, 
montagem, criação, construção, transformação, importação, 
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou 
prestação de serviços. Já o Produto é qualquer bem, móvel ou 
imóvel, material ou imaterial. Enfim, o serviço é qualquer 
atividade fornecida no mercado de consumo, mediante 
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de 
crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de 
caráter trabalhista. 
 
O Código de Defesa do Consumidor define quais são direitos 
básicos do consumidor, a saber: 
 
I - Direito à proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos 
provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços 
considerados perigosos ou nocivos. 
II - Direito a educação e divulgação sobre o consumo adequado 
dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a 
igualdade nas contratações. 
III - Direito à informação adequada e clara sobre os diferentes 
produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, 
características, composição, qualidade, tributos incidentes e 
preço, bem como sobre os riscos que apresentem. 
IV - Direito à proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, 
métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra 
práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de 
produtos e serviços. 
V - Direito à modificação das cláusulas contratuais que 
estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em 
razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente 
onerosas. 
VI - Direito à efetiva prevenção e reparação de danos 
patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos. 
VII - Direito ao acesso aos órgãos judiciários e administrativos 
com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e 
morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção 
Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados. 
VIII - Direito à facilitação da defesa de seus direitos, inclusive 
com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, 
quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando 
for ele hipossuficiente, segundo às regras ordinárias de 
experiências. 
IX - Direito à adequada e eficaz prestação dos serviços públicos 
em geral. 
Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm. 
Acesso em: 30 jul. 2015. 
Verifica-se que, pelos direitos elencados em lei, o consumidor 
tem a sua saúde e segurança preservadas. Mais do que isso, ele 
é tutelado em face do fornecedor em razão da sua 
vulnerabilidade, que decorre do fato de ser hipossuficiente. 
 
Quanto aos vícios e defeitos dos produtos e serviços, a lei 
estabelece prazos para que o consumidor possa reclamar. O 
direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil 
constatação caduca em: 
 
I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de 
produtos não duráveis; 
II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de 
produtos duráveis. 
Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega 
efetiva do produto ou do término da execução dos serviços. 
Interrompem a decadência: 
I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor 
perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta 
negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma 
inequívoca; 
II - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento. 
Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm. 
Acesso em: 30 jul. 2015. 
 
Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no 
momento em que ficar evidenciado o defeito. Prescreve em 
cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por 
fato do produto ou do serviço, iniciando-se a contagem do prazo 
a partir do conhecimento do dano e de sua autoria. 
 
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