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FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS.
CASOS CONCRETOS E ATIVIDADES ESTRUTURADAS DE 1 AO 12 – EXERCÍCIOS PARA RESOLVER
Plano de Aula: A sociedade como objeto de estudo e os usos e abusos da cultura
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS - CCJ0001
Título: A sociedade como objeto de estudo e os usos e abusos da cultura
Número de Aulas por Semana
Número de Semana de Aula 1
Tema: A questão do conhecimento: senso comum e pensamento científico.
Objetivos
•           Reconhecer  o conhecimento como característica do ser humano.
•           Identificar as características do senso comum.
•           Distinguir o conhecimento científico do senso comum.
•           Compreender a importância do pensamento científico para a elaboração de uma visão crítico-reflexiva da sociedade.
Estrutura do Conteúdo
Antes da aula, leia o Capítulo 1 de seu Livro didático de Ciências Sociais da página 10 até a 18.
1 - O conhecimento como característica do  ser humano
O homem é o único animal que vive no mundo e pensa sobre o mundo em que vive. Ao pensar, ele formula explicações acerca da realidade e dos fenômenos que o cerca. Portanto, é no ato de pensar que  o homem conhece a si e o mundo, manifestando isso através da linguagem.
Logos: lógica, razão, palavra, estudo  >  pensamento, linguagem, conhecimento, discurso.
Em resumo, logos significa palavra e estudo, ou seja, linguagem e pensamento ao mesmo tempo.
É interessante observar que linguagem e pensamento são coisas indissociáveis, não se pode conceber uma sem a outra.
O pensador fundamental da linguística Ferdinand de Saussure (1857 - 1913)  escreveu que o pensamento seria amorfo se não existisse a língua. Isto é, falar e pensar, duas características essenciais do ser humano, são fenômenos que acontecem ao mesmo tempo.
Tomemos, então as seguintes definições:
- pensamento: capacidade de, ao articular acontecimentos, coisas e fatos, instaurar um sentido.
- linguagem: capacidade de tornar esse sentido manifesto.
"O pensamento parece uma coisa à toa, mas como é que a gente voa quando começa a pensar". (Lupicínio Rodrigues)
Pode-se dizer, então, que as coisas não têm um sentido em si, os homens é que lhes dão sentido, através do pensamento e da palavra, que, sistematizados de alguma maneira, formam o CONHECIMENTO.
2 - Formas de conhecimento                           
A ciência é uma forma de conhecimento, não é? Mas será que sempre foi? É a única forma de conhecimento? Não, existem algumas formas de conhecer além da ciência. O homem sempre buscou expressar o conhecimento dos fenômenos da natureza e de si mesmo utilizando-se de outros tipos de linguagem que não a científica.
2.1. O mito
O mito é uma narrativa, uma fala, que contém em si diversas ideias. É uma mensagem cifrada, que não é entendida facilmente por quem não está dentro da cultura de que o mito faz parte.
O mito não é objetivo, assim como não se situa no tempo, fala das origens, sem, no entanto, referir-se ao contexto histórico. Trata de tempos fabulosos.
Os mitos dão forma e aparência explícita a uma realidade que as pessoas sentem intuitivamente.
O mito de São Jorge, por exemplo, tão fortemente presente na cultura popular brasileira, pode ser entendido como a representação de um desejo coletivo da presença do guerreiro, do vencedor de demandas e dificuldades. No imaginário popular do Rio de Janeiro mistura-se o santo católico com a divindade africana Ogum, o guerreiro e lutador imbatível.
O mito pode também transmitir, de geração a geração, uma espécie de conhecimento, muitas vezes sobre a origem do mundo, algumas sobre processos de cura, outras sobre interpretações de fenômenos da natureza e, ainda, sobre a sociedade e a relação entre os homens, através de histórias mitológicas. Quem não ouviu falar do mito do Cupido, que fala do enamoramento?
2.2. Conhecimento religioso
Esse tipo de conhecimento do mundo se dá a partir da separação entre a esfera do sagrado e do profano. As religiões também apresentam, de forma geral, uma narrativa sobrenatural para o mundo, porém, para aderir a uma religião, é condição fundamental crer ou ter fé nessa narrativa. Além disso, é uma parte essencial da crença religiosa a fé no fato de que essa narrativa sobrenatural pode proporcionar ao homem uma garantia de salvação, bem como prescrever maneiras ou técnicas de obter e conservar essa garantia, que são os ritos, os sacramentos e as orações.
2.3. Conhecimento filosófico
De modo geral, o conhecimento filosófico pode ser traduzido como amor à sabedoria, à busca do conhecimento. A filósofa Lizie Cristine da Cunha definiu o saber filosófico como aquele que trata de compreender a realidade, os problemas mais gerais do homem e sua presença no universo. Segundo a autora, a Filosofia interroga o próprio saber e transforma-o em problema. Por isso, é, sobretudo, especulativa, no sentido de que suas conclusões carecem de prova material da realidade. Mas, embora a concepção filosófica não ofereça soluções definitivas para numerosas questões formuladas pela mente, ela é traduzida em ideologia. E como tal influi diretamente na vida concreta do ser humano, orientando sua atividade prática e intelectual.
2.4. Senso comum
Retomando a ideia de que as coisas por si só não têm sentido, sendo este atribuído a elas pelos homens, tratemos agora do senso comum, que é algum sentido dado coletivamente às coisas vividas. Para se orientar no mundo, o ser humano assume como certas e seguras diversas coisas, situações e relações entre fatos, coisas e situações. Estabelece, assim, sistemas de discursos sobre o que tem vivido, isto é, sistemas de conhecimento.
Nem sempre o senso comum representa a realidade. Às vezes, conceitos errôneos são formulados e adotados por coletividades. O pensador escocês David Hume (1711-1776), propôs um cuidado especial ao se tratar da causalidade, isto é, das relações de causa e efeito entre os eventos vivenciados. Adverte ele que o fato de um evento acontecer depois do outro não significa necessariamente que haja relação de causa e efeito entre eles.
É o caso daquele cidadão fumante que, respeitoso pelas regras de convívio, não fuma em ambientes em que haja outras pessoas, como um ônibus. Ele costuma esperar seu ônibus sem acender um cigarro, pois logo o ônibus chegará, deixando, assim, o prazer de fumar para depois da viagem. Se o ônibus, porém, demora a chegar, a falta de nicotina em seu organismo o deixará em estado de ansiedade que o levará a acender um cigarro. Como já se terá passado algum tempo de espera, o ônibus provavelmente já estará próximo e, assim, nosso amigo será surpreendido antes de acabar o cigarro. Como em sua experiência diária, pouco depois de acender o cigarro, é surpreendido com a aparição do ônibus, poderia supor que o fato de acender o cigarro causa a chegada do ônibus. O fenômeno observado por várias pessoas poderia estabelecer uma crença comum na causalidade entre o ato de acender o cigarro e o ônibus chegar. Aí está um caso de armadilha que o senso comum pode conter.
Algo simples como observar coisas como esta contribuiu muito para que a humanidade estabelecesse mais uma diferença fundamental entre formas de pensamento humano, entre o senso comum e a ciência.
2.5. Ciência
A ciência é uma forma de conhecimento, ou seja, é um tipo de sistematização de discursos (logos). Não é só o modo como são organizados os discursos, mas o próprio discurso científico é que tem características próprias. Ele se refere a algo bastante especificado. Não se faz ciência sobre a vida em geral ou o mundo em geral. Faz-se ciência quando se delimita aquilo que se quer estudar, o objeto de que se quer tratar. O objeto não é apenas delimitado, é construído, pois trata-se de algo ideal, de uma representação.
Mesmo nas ciências em que o objeto parece bastante concreto, como a química, por exemplo, que lida com os elementos da natureza, o discurso é montado sobre uma abstração, uma representação. O discurso científico trata do ferro ou do manganês abstratamente, fala de suas propriedades, classifica-as,agrupa os elementos de acordo com suas propriedades. O químico diz, por exemplo, que o sódio, o lítio e o potássio têm propriedades semelhantes e, por este motivo, pode classificá-los em um mesmo compartimento de saber, em uma mesma unidade abstrata de conhecimento, em uma mesma coluna da tabela periódica. Esta delimitação é da ordem do discurso e não da experiência.
Evidentemente, a delimitação é resultado da experiência humana na lida com os elementos da natureza. E, além disso, os resultados das sistematizações dos discursos podem ser verificados em condições experimentais, isto é, em laboratórios. O que se procura verificar é se o discurso que se fez é verdadeiro, ou seja,  se o que se disse é condizente com a realidade. E isto que se disse tem o nome de hipótese, outra palavra grega, que significa: (hipo: sob, embaixo de) + thesis (tese, proposição, ato de por). Isto é, a hipótese é um discurso que está, na hierarquia do conhecimento, abaixo da tese. Esta só existe depois da verificação pela experiência.
Na produção do conhecimento científico é necessário, também, que se aja com MÉTODO.
Método  grego methodos: meta (por, através de) + hodos (caminho)
Método, assim, é o caminho que se deve trilhar para se obter determinado resultado desejado. No caso de que tratamos aqui, método científico é o caminho para se obter o CONHECIMENTO CIENTÍFICO.
Por método, entendo as regras certas e fáceis, graças às quais todos os que as observam exatamente jamais tomarão como verdadeiro aquilo que é falso e chegarão, sem se cansar com esforços inúteis, ao conhecimento verdadeiro do que pretendem alcançar. (René Descartes, 2002. Discurso do método. Regras para a direção do espírito. São Paulo, Editora Martin Claret  p. 81)
Aplicação Prática Teórica
Questão discursiva:
Leia o diálogo a seguir.
- Hoje o sol está de rachar! 
- É verdade! Como pode uma bola de fogo menor que a  Terra, que fica girando em volta da gente, fazer tanto calor?
-  Que nada, homem! A Terra é menor do que o sol!  É por isso que faz tanto calor! 
A Ciência, recorrentemente, se defronta com raciocínios desse tipo, relacionado a falsas certezas. Demonstre as principais diferenças entre o pensamento científico e o senso comum e apresente, pelo menos, dois outros exemplos de convicções equivocadas decorrentes da utilização do senso comum e refutadas pela ciência.
Questão de múltipla escolha:
A lei da gravidade, elaborada por Isaac Newton, a Lei da conservação da massa, de Lavoisier, popularizada na expressão ?na natureza nada se cria, tudo se transforma? e a Teoria Heliocêntrica, preconizada por Nicolau Copérnico, evidenciam que características, próprias do pensamento científico?
a) Objetividade e neutralidade.
b) Generalidade e sacralidade.
c) Generalidade e subjetividade.
d) Subjetividade e neutralidade.
e) Generalidade e  objetividade.
Plano de Aula: A sociedade como objeto de estudo e os usos e abusos da cultura
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS - CCJ0001
Título
A sociedade como objeto de estudo e os usos e abusos da cultura
Número de Aulas por Semana
Número de Semana de Aula
2
Tema
A investigação cientifica da sociedade: as assim chamadas ciências sociais. Problemas sociais e sociológicos. Indivíduo e sociedade.
Objetivos
•           Definir as Ciências Sociais e descrever as áreas de conhecimento que as constituem.
•           Entender o enfoque específico utilizado pelas Ciências Sociais na análise da sociedade;
•           Investigar as possíveis interpretações e ocorrências na atualidade sobre a diferença entre o campo do saber das ciências da natureza e das ciências sociais.
Estrutura do Conteúdo
Antes da aula, leia o Capítulo 1 de seu Livro didático de Ciências Sociais da página 18 até a 30.
I- As assim chamadas Ciências Sociais
Por Ciências Sociais entende-se o conjunto de saberes relativos às áreas da Antropologia, Sociologia e Ciência Política. Assim, o objeto de estudo das Ciências Sociais é a sociedade em suas dimensões sociológicas, antropológicas e políticas.  As Ciências Sociais fazem parte do grupo de saberes intitulado Ciências Humanas, e apresentam métodos próprios de investigação dos fenômenos que analisam.  Neste sentido, em geral, são postas em contraste com as Ciências Naturais e Exatas, já que essas podem ser avaliadas e quantificadas pelo método científico e na área social os métodos utilizados são outros.
Isso acontece porque nas Ciências Sociais se trabalha muito com o discurso, com as ideias das pessoas. Então a quantificação da informação é possível - existem várias técnicas de análise do discurso que transformam as ideias em dados numéricos -, mas de forma diferente das Ciências da Natureza e das Exatas. As Ciências Sociais também trabalham com pesquisas quantitativas e mesmo qualitativas que envolvem números. Mas esses números surgem de maneira diferente, muitas vezes subjetiva.
As Ciências Sociais nos ajudam a "limpar a lente" para enxergarmos melhor as diferentes realidades com que convivemos. Elas têm como objeto de estudo tudo o que diz respeito às culturas humanas, sua história, suas realizações, seus modos de vida e seus comportamentos individuais e sociais. Elas ajudam a identificar e compreender os diferentes grupos sociais, contextualizando seus hábitos e costumes na estrutura de valores que rege cada um deles.
II- As áreas constitutivas das ciências sociais: Sociologia, Antropologia e Ciência Política.
A Sociologia estuda o homem e o universo sóciocultural, analisando as inter-relações entre os diversos fenômenos sociais. Neste campo de conhecimento, a vida social é analisada a partir de diferentes perspectivas teóricas, notadamente as que têm como base conceitual os estudos desenvolvidos por Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx. A partir dessas matrizes teóricas, estudam-se os fatos sociais, as ações sociais, as classes sociais, as relações sociais, as relações de trabalho, as relações econômicas, as instituições religiosas, os movimentos sociais etc.
Na Antropologia privilegiam-se os aspectos culturais do comportamento de grupos e comunidades. Questões cruciais para o entendimento da vida em grupo, como alteridade, diversidade cultural, etnocentrismo, relativismo cultural são tratadas por essa ciência, que, em seus primórdios estudava povos e grupos geográfica e culturalmente distantes dos povos ocidentais. Ao longo de seu desenvolvimento, os antropólogos passaram a analisar grupos sociais relativamente próximos, buscando transformar o exótico, o distante, em familiar.
Assim, em sua história, a Antropologia revelou estudos notáveis sobre sociedades indígenas e sociedades camponesas, identificando suas diferentes visões de mundo, sistemas de parentesco, formas de classificação, cosmologias, linguagens etc. Também desenvolveu uma série de estudos sobre grupos sociais urbanos, enfatizando a diferenciação entre seus indivíduos, com base em critérios de raça, cor, etnia, gênero, orientação sexual, nacionalidade, regionalidade, afiliação religiosa, ideologia política, sistemas de crenças e valores, estilos de vida etc.
Na Ciência Política analisam-se as questões ligadas às instituições políticas.  Conceitos de poder, autoridade, dominação, autoridade são estudados por essa ciência. Analisam-se também as diferenças entre povo, nação e governo, bem como o papel do Estado como instituição legitimamente reconhecia como a detentora do monopólio da dominação e do controle de determinado território.
III- Comparação entre os enfoques das Ciências Naturais e das Ciências Sociais
Ao contrário das Ciências Naturais, as Ciências Sociais lidam não apenas com o que se chama de realidade, com fatos exteriores aos homens, mas igualmente com as interpretações que são feitas sobre a realidade.
Neste sentido, no que se refere ao objeto de estudo e, consequentemente ao método de investigação, as ciências sociais diferem bastante das ciências naturais. Tal diferença, aliás, suscita intensos debates quanto à validade e o rigor científico do conhecimento produzido pelas ciênciassociais. Os argumentos utilizados têm como princípio epistemológico a dificuldade de reconhecê-las como ?verdadeiras ciências?, à medida que elas tratam com eventos complexos, de difícil determinação, uma vez que envolvem valores e significados socialmente dados. Outra questão reside no fato de estar o pesquisador social, de alguma forma, envolvido com os fenômenos que pretende investigar dificultando a objetividade e a neutralidade científica.
É possível, percebermos, portanto, que as ciências sociais não podem ser enquadradas em ?modelos? de cientificidade de outras ciências, pois possuem uma racionalidade e especificidades próprias, relativas ao seu objeto de estudo.
Nessa perspectiva, tal campo de saber não comporta métodos ou técnicas rígidas e rigorosas, nem fórmulas de aplicação imediata que garantam a obtenção de resultados objetivos e exatos. Assim, o que mais importa é a interpretação dos fenômenos, ou seja, não apenas os fatos por si só, mas a forma como se constituem esses fatos. O sujeito (o pesquisador) deve ser considerado no contexto no qual estes fatos ou fenômenos se apresentam, pois ele também faz parte do objeto que investiga.
Assim, para que se possa interpretar, analisar, investigar nessa área do conhecimento, é necessário um suporte teórico que fundamente determinadas opções metodológicas, não podendo ser considerada apenas a aplicação de determinada técnica, pois isto não garante por si só a obtenção de resultados válidos.
IV- A importância do estudo socioantropológico na compreensão da realidade.
O conhecimento científico da vida social não se baseia apenas no fato, mas na concepção do fato e na relação entre a concepção e o fato. Por estudar a ação dos homens em sociedade, de seus símbolos, sua linguagem, seus valores e cultura, das aspirações que os animam e das alterações que sofrem, as Ciências Sociais constituem ferramenta importante para o desenvolvimento de compreensão crítico-reflexivo da realidade.
Por essa razão, cada vez mais as Ciências Sociais são utilizadas em diversos campos da atividade humana. Campanhas publicitárias, campanhas eleitorais, elaboração de políticas públicas, até mesmo a programação de redes de rádio e televisão levam cada vez mais em conta resultados de investigações sócio-antropológicas, à medida que estas buscam entender as pessoas envolvidas em cada uma dessas atividades, suas crenças, valores e ideias.
Com as mudanças cada vez mais rápidas e profundas dos padrões morais e culturais das sociedades contemporâneas, mais relevantes se tornam as análises que visam compreendê-las.  Deslocamentos de pessoas e grupos motivados pelo processo de globalização da economia, que intensificou os fluxos migratórios em todo planeta,  trocas culturais proporcionadas pelo estabelecimento de uma ?sociedade em rede?, novos modelos de família e conjugalidade, novas configurações no campo religioso, entre outros, constituem temas de trabalhos de cientistas sociais contemporâneos. Esses trabalhos são utilizados frequentemente como fonte de reflexão por governos,  sociedade civil e indivíduos que buscam desenvolver sua capacidade de compreensão dos acontecimentos e planejamento de ações com vistas à atuação na vida social.
V ? Problemas Sociais e Problemas sociológicos
Sabemos que vários problemas que nos afetam individualmente são compartilhados por outros tantos indivíduos, constituindo-se, por assim dizer, problemas sociais. Entretanto, existe uma diferença entre problemas sociais e problemas sociológicos.
O ?problema social? designa comumente algo que atinge um grupo, ou uma categoria de indivíduos, as drogas, por exemplo. Embora a classificação de um problema social possa ser subjetiva, afinal de contas, o que é um problema para nossa cultura pode não ser em outra. Em outras palavras, o problema social é uma situação que afeta um número significativo de pessoas e é julgada por estas ou por um número significativo de outras pessoas como uma fonte de dificuldade ou infelicidade e considerada suscetível de melhoria.
Já os problemas sociológicos são o objeto de estudo da Sociologia enquanto ciência, a qual se debruça sobre esses para compreender suas características gerais. Como vimos anteriormente, a Sociologia estuda os fenômenos sociais, sendo eles percebidos como problemas sociais ou não, lançando mão de uma observação sistemática e pormenorizada das organizações e relações sociais.
O problema sociológico é uma questão de conhecimento científico que se suscita e resolve no âmbito da sociologia. Ao contrário do que parece formular corretamente um problema destes constitui tarefa muito difícil, em regra só acessível a quem é especialista da ciência em causa e que seja dotado de uma imaginação viva e treinado na pesquisa.
Em outras palavras, nem todas as questões suscitadas acerca das matérias de que se ocupam as ciências sociais constituem problemas científicos, mas podem ser problemas sociais. Só são problemas científicos as questões formuladas de tal modo que as respostas a elas confirmem, ampliem ou modifiquem o que se tinha por conhecido anteriormente. Isto significa dizer que apenas os cientistas estão em condições de enunciá-las e resolvê-las; que a sua formulação como a sua solução pressupõem um esforço metódico de pesquisa.
Podemos concluir, portanto, que todo problema social pode ser um problema sociológico, mas nem todo problema sociológico é um problema social.
VI- O papel do indivíduo na sociedade
A perspectiva socioantropológica aponta para uma relação dialógica entre indivíduo e sociedade. Não existem sociedades sem indivíduos e os indivíduos só se tornam verdadeiramente humanos por meio da socialização, processo pelo qual um indivíduo se torna um membro ativo da sociedade em que nasceu, isto é, comporta-se de acordo com determinados atributos pré-concebidos. 
O indivíduo, assim, desempenha na realidade um papel duplo em relação à cultura. Segundo Ralph Linton (O indivíduo, a cultura e a sociedade), em circunstâncias normais, quanto mais perfeito seu condicionamento e conseqüente integração na estrutura social, tanto mais efetiva sua contribuição para o funcionamento uniforme do todo e mais segura sua recompensa
Entretanto, as sociedades existem e funcionam num mundo em perpétua mudança. Como uma simples unidade no organismo social, o indivíduo perpetua o status quo. Como indivíduo, ajuda a transformá-lo quando há necessidade. Desde que nenhum ambiente se apresente completamente estacionário, nenhuma sociedade pode sobreviver sem o inventor ocasional e sem sua capacidade para encontrar soluções para novos problemas.
Aplicação Prática Teórica
Questão discursiva:
            Em um conhecido episódio da nossa história, Oswaldo Cruz liderou uma campanha de erradicação da varíola  na cidade do Rio de Janeiro. Cientista de grande porte, tendo estudado no Instituto Pasteur, na França, convenceu as autoridades de que era necessário vacinar todos os moradores da cidade. Objetivamente, sua preocupação era a de combater uma epidemia que estava matando grande parte da população carioca.
            Entretanto, essa iniciativa não foi bem recebida pela população, que atacava os agentes da brigada sanitária e promoveu uma série de protestos que ficou conhecida como a ?Revolta da Vacina?. Uma das causas da reação adversa da população foi o fato de que, para aplicar a vacina, os agentes sanitários viam os braços desnudos das moças, considerados objeto de desejo na época, e, portanto, não podendo ser mostrado a estranhos.
Pergunta-se: se Oswaldo Cruz pudesse ter recorrido a um cientista social, como ele poderia ter auxiliado? Analise sob o prisma da objetividade científica e da relação sujeito/objeto os fenômenos acima descritos.
Questão de múltipla escolha:
A construção de um olhar sociológico se inicia com o estranhamento diante da realidade, ciente de que nossa visão é repleta de prenoções e juízos de valor. Tal postura recusa a interpretação das ações e das relações sociais com base no conhecimento do senso comum e possibilita a construçãodo conhecimento científico da sociedade. Identifique, nas opções apresentadas, a que corresponde ao conhecimento sociológico.
(a) Buscar nas próprias experiências a explicação naturalizante dos comportamentos humanos.
(b) Estudar a realidade observada, segundo critérios científicos e metodológicos próprios .
(c) Tomar decisões fundamentadas no conhecimento de adágios e ditados.
(d) Fazer diferentes leituras, tomando por base o senso comum.
(e) Aceitar as explicações biológicas para as ações humanas em sociedade.
Plano de Aula: A sociedade como objeto de estudo e os usos e abusos da cultura
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS - CCJ0001
Título
A sociedade como objeto de estudo e os usos e abusos da cultura
Número de Aulas por Semana
Número de Semana de Aula
3
Tema
A análise antropológica da cultura. O método etnográfico, o etnocentrismo e o relativismo cultural.
Objetivos
- Compreender o conceito de cultura como objeto de estudo privilegiado da análise antropológica.
- Conhecer as práticas antropológicas utilizadas para categorizar comportamentos culturais.
- Reconhecer a importância do principio de relativismo cultural, em contraposição ao etnocentrismo.
Estrutura do Conteúdo
Antes da aula, leia o Capítulo 2 de seu Livro didático de Ciências Sociais da página 32 até a 43.
1- O conceito de cultura
O conceito de cultura é uma preocupação intensa atualmente em diversas áreas do pensamento humano, no entanto a Antropologia é a área por excelência de debate sobre esta questão.
O primeiro antropólogo a sistematizar o conceito de cultura foi Edward Tylor que, em Primitive Culture, formulou a seguinte definição: ?cultura é todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costume e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem na condição de membro da sociedade.?.
Desde sempre os homens se preocuparam em entender por que outros homens possuíam hábitos alimentares, formas de se vestir, de formarem famílias, de acessarem o sagrado de maneiras diferentes das suas. A essa multiplicidade de formas de vida dá-se o nome de diversidade cultural.
Contudo, foi a partir da descoberta do ?Novo Mundo?, nos séculos XV e XVI, que os europeus se depararam com modos de vida completamente distintos dos seus, e passaram a elaborar mais intensamente interpretações sobre esses povos e seus costumes.  É fundamental lembrarmos que o impacto e a estranheza se deram dos dois lados. Os grupos não europeus se espantavam com o ser diferente que chegava até eles desembarcando em suas praias e tomando posse de seu território. Existem relatos de povos que após a morte de um europeu em combate, colocavam seu corpo dentro de um rio e esperavam sua decomposição para ver se eram pessoas como eles. A diferença é que não temos contato com esses relatos dos povos não europeus para conhecermos a visão que eles tinham dos brancos.
2- O olhar eurocêntrico sobre a cultura
Mas de onde surge a preocupação com o tema da cultura? Vamos posicionar nosso olhar. Toda construção científica nasce na Europa. A reflexão  teórico-científica sobre a humanidade se iniciou neste ambiente e nesta perspectiva. Logo, a noção de ser humano de referência para todas as Ciências Humanas e Sociais é a do homem europeu e da sociedade europeia. No entanto, a partir dos esforços de conquista de outros continentes, os europeus ?encontraram-se? com ?seres? diferentes o suficiente para causarem estranhamento, mas ?parecidos? o suficiente para produzirem o seguinte incômodo: serão estes seres ?humanos?? A relação com agrupamentos humanos de localidades até então desconhecidas como as que hoje denominamos África, América, Austrália, fizeram com que os europeus se questionassem sobre as características peculiares ao humano e as razões de tanta diferença entre os componentes de uma mesma espécie. O movimento pré-científico, que domina o campo da diversidade cultural até o século XVIII, é aquele que oscilava entre conceber o ?diferente? ora como humano ora como não humano, provido ou desprovido de alma, bom ou mal selvagem, etc. Na ótica do ?mal selvagem?, estes ?humanos? eram vistos como perigosos, mais próximos aos animais, brutos, imbuídos de uma sexualidade descontrolada, primitivos, com uma inteligência restrita, iludidos pela magia, enfim, seres limitados que precisavam ser ?civilizados? pela cultura européia. Assim entramos no século XIX. Os antropólogos estudam culturas ?exóticas? buscando descrever seus hábitos, costumes e sua forma de ver o mundo (cosmovisão). No entanto, eles não iam ao campo; não eram os antropólogos que experimentavam diretamente o dia a dia dos grupos ?selvagens?.
Eram enviados viajantes, pessoas comuns que eram deslocados para essas ?tribos? e ali ficavam por um certo tempo, registrando tudo que viam e ouviam, a fim de entregar este material aos antropólogos que aí sim analisavam estes relatos, desenvolvendo suas teorias sobre as diferentes culturas.  Esta é a denominada ?antropologia de gabinete?.
3- A prática etnográfica
Na segunda metade do século XIX esta ?metodologia? foi questionada, afinal, como falar sobre uma cultura que nunca se viu? Como descrever eventos que nunca se vivenciou? Assim cunhou-se a prática etnográfica que é a metodologia característica da antropologia até os dias de hoje: o próprio antropólogo vai ao campo, entra no grupo, vivencia esta cultura diferente, deixa-se fazer parte deste dia a dia, registra esta vivência, retorna para sua própria cultura e finaliza seu trabalho de escrita que é o registro final desta experiência. Segundo François Laplantine, em Aprender Antropologia, a prática etnográfica consiste em ?impregnar-se dos temas de uma sociedade, de seus ideais, de suas angústias. O etnógrafo é aquele que deve ser capaz de viver nele mesmo a tendência principal da cultura que estuda?.
Abaixo, fotografia de Bronislaw Malinowski, pioneiro do trabalho etnográfico, entre os trobriandeses.
No entanto, não é nada fácil vivenciar uma outra cultura diferente da nossa. Por quê? Não sentimos nossa cultura como uma construção específica de hábitos e costumes: pensamos que nossos hábitos e nossa forma de ver o mundo devem ser os mesmos para todos! Naturalizamos nossos costumes e achamos o do outro ?diferente?. Diferente de quê? Qual é o padrão ?normal? segundo o qual analisamos o ?diferente??
Geralmente estabelecemos a nossa cultura como o padrão, a norma. Assim tudo que é diferente é concebido como estranho, e mesmo errado. Tal postura é o que denominamos etnocentrismo.
4- Etnocentrismo
Segundo Everardo Rocha, em O que é Etnocentrismo, trata-se da ?visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência. No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano afetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade, etc. ?.
Esse autor Rocha nos alerta, ao analisar o etnocentrismo, para a questão do choque cultural. Como ele afirma, ?de um lado conhecemos o "nosso" grupo, que come igual, veste igual, gosta de coisas parecidas, conhece problemas do mesmo tipo, acredita nos mesmos deuses, casa igual, mora no mesmo estilo, distribui o poder da mesma forma, empresta à vida significados em comum e procede, por muitas maneiras, semelhantemente. Aí então de repente, nos deparamos com um "outro", o grupo do "diferente" que, às vezes, nem sequer faz coisas como as nossas ou quando as faz é de forma tal que não reconhecemos como possíveis. E, mais grave ainda, este ?outro" também sobrevive à sua maneira, gosta dela, também está no mundo e, ainda que diferente, também existe.?. 
Roberto da Matta, no texto ?você tem cultura?? demonstra que ?essa é a experiência antropológica, buscar compreender a lógica da vida do outro. Antes de cogitar se ?aceitamos? ou não esta outra forma de ver o mundo, a antropologia nos convida a compreendê-la, e verificar que ao seu jeito uma outra vida é vivida, segundo outrosmodelos de pensamento e de costumes. O fato de que o homem vê o mundo através de sua cultura tem como conseqüência a propensão em considerar o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural.
O conceito de cultura, ou, a cultura como conceito, então, permite uma perspectiva mais consciente de nós mesmos. Precisamente diz que não há homens sem cultura e permite comparar culturas e configurações culturais como entidades iguais, deixando de estabelecer hierarquias em que inevitavelmente existiriam sociedades superiores e inferiores?.
Como se percebe nas imagens acima, as representações sobre feminilidade e beleza variam muito entre as chinesas, em especial as da área rural, e mulheres que vivem nas metrópoles ocidentais. Tanto a deformação dos pés, no caso das primeiras, como  os problemas ortopédicos decorrentes do uso de calçados de saltos altos, no outro caso,  decorrem do atendimento a padrões culturais internalizados pelos indivíduos.
Uma visão etnocêntrica leva a classificar como atrasada a prática cultural chinesa, e a ver como avançada a prática cultural ocidental. Por isso, como nos ensina Roberto da Matta, no supracitado texto, deve-se analisar as práticas culturais no contexto em que são praticadas, permitindo-se, assim, ?traduzir melhor a diferença entre nós e os outros e, assim fazendo, resgatar a nossa humanidade no outro e a do outro em nós mesmos?.
5- Relativismo cultural 
É a postura, privilegiada pela Antropologia contemporânea, de buscar compreender a lógica da vida do outro.  Ainda segundo Roberto da Matta, ?antes de cogitar se ?aceitamos? ou não esta outra forma de ver o mundo, a antropologia nos convida a compreendê-la, e verificar que ao seu jeito outra vida é vivida, segundo outros modelos de pensamento e de costumes (...) pois cada sociedade humana conhecida é um espelho onde nossa própria existência se reflete.?
Aplicação Prática Teórica
Questão discursiva:
Leia o texto abaixo e responda as questões propostas:
Em 1883, Franz Boas foi estudar os esquimós e passou um tempo convivendo com eles. O autor fez as seguintes observações no seu diário:
"Frequentemente me pergunto que vantagens nossa "boa sociedade" possui sobre aquela dos "selvagens" e descubro, quanto mais vejo de seus costumes, que não temos o direito de olhá-los de cima para baixo. Onde nosso povo, poder-se-ia encontrar hospitalidade tão verdadeira quanto aqui ... Nós, "pessoas altamente educadas", somos muito piores relativamente falando ... Creio que, essa viagem tem para mim uma influência valiosa, ela reside no fortalecimento do ponto de vista da relatividade de toda formação (...)" (Trecho extraído do livro Antropologia cultural/Franz Boas. Celso Castro (org). Rio de Janeiro:Jorge Zahar Editor, 2004).
(i) Identifique e explique que método antropológico foi utilizado pelo autor em sua pesquisa?
(ii) Elabore uma análise sobre relativismo cultural a partir das observações feitas por Franz Boas.
Questão de múltipla escolha:
A noção de ?etnocentrismo? em Antropologia busca:
A) Designar a ocorrência de uma imprecisão conceitual na teoria antropológica.
B) Expressar o processo de observação dos valores da própria cultura como se fossem únicos ou superiores.
C) Descrever a preeminência da relação entre os termos em qualquer análise antropológica.
D) Apontar para o risco de suspensão moral das categorias de nossa própria cultura.
E) Nomear o processo de construção de conceitos abstratos a partir das representações nativas.
Plano de Aula: A sociedade como objeto de estudo e os usos e abusos da cultura
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS - CCJ0001
Título
A sociedade como objeto de estudo e os usos e abusos da cultura
Número de Aulas por Semana
Número de Semana de Aula
4
Tema
Diversidade cultural e globalização. A emergência do multiculturalismo.
Objetivos
Entender a diversidade cultural como marca das sociedades humanas.
?Analisar o processo de globalização e suas consequências.
Entender a importância do multiculturalismo no mundo contemporâneo.
Estrutura do Conteúdo
Antes da aula, leia o Capítulo 2 de seu Livro didático de Ciências Sociais da página 44 até a 48.
1- Diversidade cultural e globalização
 Conforme estudado  no capítulo anterior,  em todas as sociedades humana percebemos a existência de diversos hábitos, costumes, linguagem, estilos de vida.  Essa  multiplicidade de formas de ver, sentir e se inserir no mundo denomina-se  diversidade cultural..
 Como consequência das grandes transformações verificadas com a expansão do processo de globalização nas últimas décadas, o mundo tornou-se, cada vez mais, marcado pela diversidade cultural e a convivência de diferentes formas de agir, de padrões culturais, de estilos de vida.
Esse processo, definido por Anthony Giddens como  ?a intensificação de relações sociais mundiais que unem localidades distantes de tal modo que os acontecimentos locais são condicionados
por eventos que acontecem amuitas milhas de distância e vice-versa?, colocou em contato, principalmente através das tecnologias de mídia, povos e culturas distintas.
 Contudo, devemos notar que esse processo foi liderado pelos Estados Unidos da América, que impôs seu modelo de vida como o padrão a ser seguido pelos outros países, provocando movimentos contestatórios a esse domínio, denominados movimentos antiglobalização. Esses movimentos que buscam não apenas combater o domínio econômico e cultural norte-americano, mas também propor novas formas de organização do mundo, com base na valorização das diferenças étnicas e culturais entre os povos do planeta.
1- Multiculturalismo
 É no quadro acima descrito que se impõe a ideia de multiculturalismo, que preconiza a interação entre as diferentes culturas, sem hierarquização de saberes e modos de vida. Desta forma, o multiculturalismo pressupõe uma visão positiva da diversidade cultural, privilegiando  o reconhecimento, valorização e incorporação de identidades múltiplas nas formulações de políticas públicas e nas práticas cotidianas.
  Como apontado no  capítulo 2 do livro didático (ver bibliografia básica), ?a despeito   dos  desafios impostos pelo mundo globalizado, é preciso que reconheçamos a necessidade do  convívio em uma sociedade cuja realidade é multicultural. Para tanto, devemos, mais do que  respeitar, valorizar as diferenças próprias de cada indivíduo?.
 Neste sentido, lembramos as palavras de uma das mais notáveis antropólogas conhecidas, a americana Margaret Mead, que no prefácio de Sexo e Temperamento afirmou: ?toda diferença é preciosa e precisa ser tratada com muito carinho?.
Aplicação Prática Teórica
Questão discursiva:
A eleição alemã de domingo colocou os primeiros negros, um ator e um químico, e uma muçulmana, no Parlamento do país que, além de ser a capital industrial, também se afirma como o centro cultural da Europa. Eles estão entre os 34 deputados de origem estrangeira eleitos, contra 21 do último pleito. Nascido no Senegal, o químico negro  Karamba Diaby reconhece que sua eleição foi um fato histórico. Após ganhar uma bolsa de estudos, ele se mudou para a cidade de Halle, na antiga Alemanha Oriental, em 1986, para estudar química na parte comunista do país. Só em 2001, porém, Diaby recebeu a cidadania alemã. Ele afirma que a prioridade de seu mandato na Câmara dos Deputados será a igualdade de oportunidades de educação no país. - Toda criança nascida na Alemanha deve ter a chance de ser bem-sucedida na escola, independente do contexto cultural ou da renda de seus pais - disse ele, que tem 51 anos.
Seu partido, o Social Democrata, teve 25,7% dos votos e é provável que faça algum tipo de aliança com a União Democrata Cristã de Angela Merkel. Já a muçulmana Cemile Giousouf e o ator negro Charles Huber vêm da legenda da chanceler reeleita.
Filho de um diplomata senegalês com uma alemã, Huber tem 56 anos e participou do filme americano de ficção científica de 1985, ?Inimigo Meu?. A história trata de um terráqueo e de um alienígena cujas naves caem num mesmo planeta e, para sobreviver, precisamse unir.
Também da União Democrata, Cemile Giousouf, se transformou na primeira parlamentar muçulmana de seu partido. Nascida na Alemanha de pais Gastarbeiter - em sua maioria trabalhadores turcos com visto temporário -, ela foi enviada para ser criada por um tio na Grécia e voltou após completar 2 anos. Nos dois países viveu como parte da minoria muçulmana.
Marcada pelo passado nazista que acreditava numa raça superior de seres humanos, os arianos, o país registra avanços na tolerância: há três anos, a seleção alemã na Copa do Mundo apresentou um time composto por 11 jogadores de origem estrangeira e ficou em terceiro lugar no campeonato. (O Globo, 23/09/2013)
A matéria acima descreve uma situação que retrata a emergência, na Alemanha, de fenômeno cultural contemporâneo.
(i) Identifique e explique o fenômeno acima evidenciado.
(ii) Apresente, justificadamente, pelo menos, dois exemplos de ações na sociedade brasileira em que se verifique a preocupação com o reconhecimento desse fenômeno.
Questão de múltipla escolha (adaptada do ENADE 2009)
"O movimento antiglobalização apresenta-se, na virada deste novo milênio, como uma das principais novidades na arena política e no cenário da sociedade civil, dada a sua forma de articulação/atuação em redes com extensão global. Ele tem elaborado uma nova gramática no repertório das demandas e dos conflitos sociais, trazendo novamente as lutas sociais para o palco da cena pública, e a política para a dimensão, tanto na forma de operar, nas ruas, como no conteúdo do debate que trouxe à tona: o modo de vida capitalista ocidental moderno e seus efeitos destrutivos sobre a natureza (humana, animal e vegetal). GOHN, 2003"
É correto afirmar que o movimento antiglobalização referido nesse trecho:
A) Cria uma rede de adesão ao processo de globalização, expressa em atos de desobediência civil e propostas alternativas à forma atual da globalização, considerada como o principal fator da exclusão social existente.
B) Defende um outro tipo de globalização, baseado na solidariedade e no respeito às culturas, voltado para um novo tipo de modelo civilizatório, com desenvolvimento econômico, mas também com justiça e igualdade social.
C) É composto por atores sociais tradicionais, veteranos nas lutas políticas, acostumados com o repertório de protestos políticos, envolvendo, especialmente, os trabalhadores sindicalizados e suas respectivas centrais sindicais.
D) Aceita as imposições de um mercado global, uno, voraz, além de contestar os valores impulsionadores da sociedade capitalista, alicerçada no lucro e no consumo de mercadorias supérfluas.
E) Não se utiliza de mídias, tradicionais e novas, de modo relevante para suas ações com o propósito de dar visibilidade e legitimidade mundiais ao divulgar a variedade de movimentos de sua agenda.
Plano de Aula: O contexto histórico da formação das Ciências Sociais e as teorias sociológicas clássicas: Sociologia Francesa e Sociologia Alemã
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS - CCJ0001
Título
O contexto histórico da formação das Ciências Sociais e as teorias sociológicas clássicas: Sociologia Francesa e Sociologia Alemã
Número de Aulas por Semana
Número de Semana de Aula
5
Tema
luminismo, Revolução Francesa e Revolução Industrial. Neocolonialismo e darwinismo social.
Objetivos
Descrever o contexto histórico da formação do Estado burguês, cujas bases científicas e filosóficas encontram-se na Revolução Científica e no Iluminismo.
Estudar a Revolução Francesa e a Revolução Industrial, com vistas a perceber sua importância para a formação do mundo moderno.
Compreender o contexto histórico do surgimento das primeiras análises sociológicas, em especial o darwinismo social.
Estrutura do Conteúdo
Antes da aula, leia o Capítulo 3 de seu Livro didático de Ciências Sociais da página 49 até a 75.
1- O contexto histórico da formação do Estado burguês
Na Idade Antiga, já existia na filosofia grega uma preocupação com a sociedade através de obras como A República, de Platão, e Política, de Aristóteles. Na primeira obra, encontra-se o projeto de como a cidade-Estado deve ser organizada para se evitarem as crises políticas e sociais, estipulando-se até o número máximo de habitantes. Já na segunda, Aristóteles acreditava que as crises eram inevitáveis para as cidades, e também afirmava não haver maneira de escapar das mudanças institucionais para preservar estes pequenos Estados.
Nos tempos medievais, obras como A cidade de Deus, de Santo Agostinho, trabalhavam com temas sociais a partir da visão cristã dominante na época. Segundo esse teólogo, os homens só poderiam se redimir diante de Deus a partir da construção de comunidades que reproduzissem o seu reino, tendo como fundamento o princípio de que cada grupo social deve ter uma função para que haja o bem-estar de todos.
2- O Iluminismo: a base filosófica da criação do Estado burguês
Com o surgimento do Iluminismo, no século XVIII, a sociedade passa a ser cada vez mais abordada como uma problemática maior para os adeptos da "filosofia das luzes".  A partir daí, estabelece-se importante discussão para a compreensão da vida em sociedade: a passagem do ?estado de natureza? para o ?contrato social?.
Segundo Marilena Chauí, em Convite à Filosofia (ver bibliografia), o conceito de estado de natureza tem a função de explicar a situação pré-social na qual os indivíduos existem isoladamente. Duas foram as principais concepções do estado de natureza:
A  concepção de Hobbes (no século XVII), segundo a qual, em estado de natureza, os indivíduos vivem isolados e em luta permanente, vigorando a guerra de todos contra todos ou "o homem lobo do homem". Nesse estado, reina o medo e, principalmente, o grande medo: o da morte violenta. Para se protegerem uns dos outros, os humanos inventaram as armas e cercaram as terras que ocupavam. Essas duas atitudes são inúteis, pois sempre haverá alguém mais forte que vencerá o mais fraco e ocupará as terras cercadas. A vida não tem garantias; a posse não tem reconhecimento e, portanto, não existe; a única lei é a força do mais forte, que pode tudo quanto tenha força para conquistar e conservar.
Na concepção de Rousseau (no século XVIII), segundo a qual, em estado de natureza, os indivíduos vivem isolados pelas florestas, sobrevivendo com o que a Natureza lhes dá, desconhecendo lutas e comunicando-se pelo gesto, pelo grito e pelo canto, numa língua generosa e benevolente. Esse estado de felicidade original, no qual os humanos existem sob a forma do bom selvagem inocente, termina quando alguém cerca um terreno e diz: "É meu". A divisão entre o meu e o teu, isto é, a propriedade privada, dá origem ao estado de sociedade, que corresponde, agora, ao estado de natureza hobbesiano da guerra de todos contra todos.
O estado de natureza de Hobbes e o estado de sociedade de Rousseau evidenciam uma percepção do social como luta entre fracos e fortes, vigorando a lei da selva ou o poder da força. Para fazer cessar esse estado de vida ameaçador e ameaçado, os humanos decidem passar à sociedade civil, isto é, ao Estado Civil, criando o poder político e as leis. A passagem do estado de natureza à sociedade civil se dá por meio de um contrato social, pelo qual os indivíduos renunciam à liberdade natural e à posse natural de bens, riquezas e armas e concordam em transferir a um terceiro ? o soberano ? o poder para criar e aplicar as leis, tornando-se autoridade política. O contrato social funda a soberania.
Outro autor importante para a formação do pensamento burguês foi John Locke, pioneiro do pensamento político liberal.
Para esse autor, o Estado existe a partir do contrato social. Tem as funções que Hobbes lhe atribui, mas sua principal finalidade é garantir o direito natural da propriedade.
Dessa maneira, a burguesia se vê inteiramente legitimada perante a realeza e a nobreza e, mais do que isso, surge como superior a elas, uma vez que o burguês acredita que é proprietário graças ao seu próprio trabalho, enquanto reis e nobres são parasitas da sociedade.O burguês não se reconhece apenas como superior social e moralmente aos nobres, mas também como superior aos pobres. De fato, se Deus fez todos os homens iguais, se a todos deu a missão de trabalhar e a todos concedeu o direito à propriedade privada, então, os pobres, isto é, os trabalhadores que não conseguem se tornar  proprietários privados, são culpados por sua condição inferior. São pobres, não são proprietários e são obrigados a trabalhar para outros seja porque são perdulários, gastando o salário em vez de acumulá-lo para adquirir propriedades, seja porque são preguiçosos e não trabalham o suficiente para conseguir uma propriedade.
3 - As revoluções burguesas
Foi neste contexto que  a Europa viu acontecer muitas e importantes mudanças no cenário político, econômico e social, como as revoluções Francesa e Industrial.
Essas revoluções formaram, assim,  a base do Estado moderno. Por isso, o que se chama normalmente de revolução burguesa é o processo pelo qual o sistema capitalista passou a dominar a vida humana. Burguesia é a classe social surgida no mundo feudal da Idade Média europeia. Originalmente, são os artesãos de diversos ofícios e os comerciantes que se concentram em locais que virão a serem as cidades medievais. A palavra burguês significa homem do burgo, isto é, da cidade medieval. Era, pois, uma classe citadina que se formava e que trazia um modo de produção diferente, baseado na exploração do trabalho como fonte de riqueza. É interessante observar que a palavra alemã Bürger, homem do burgo, da cidade, pode significar burguês ou cidadão. O Código Civil alemão, tão importante para os estudos jurídicos, chama-se, em alemão, Bürgergeseztbuch, livro de leis do cidadão.
A revolução burguesa é um processo europeu que se estendeu pelo mundo inteiro. Embora países como a Holanda e Portugal tenham vivenciado o capitalismo mercantil antes, Inglaterra e, depois, França mergulharam nessa sucessão de transformações sociais que marcaram a transformação radical da vida social humana.
3.1- A Revolução Francesa
Esse movimento revolucionário é adotado como uma referência histórica da revolução burguesa, que se processava pelo mundo ocidental.
A França do final do século XVII vivia sob o regime da Monarquia Absolutista. Em 5 de maio de 1789 o rei Luís XVI inaugura os Estados Gerais, em Versailles (símbolo do poder real). Os três estados eram as representações dos estratos que compunham a sociedade, o primeiro deles a nobreza, o segundo, o clero e o terceiro o povo. Neste último estavam incluídos a burguesia urbana, os artesãos, os camponeses, todos, enfim, que não cabiam entre os outros dois estados.
A burguesia era a classe social hegemônica no terceiro estado. O povo pobre de Paris era conhecido como os sans-culottes. Tinham este nome porque não usavam os culotes, calças até pouco abaixo dos joelhos, vestimenta característica dos pertencentes aos estratos mais abastados. Eram, antes de tudo, igualitários, mas não eram hostis à propriedade. Seu ideal era uma sociedade de pequenos produtores e de pequenos proprietários livres.
Em maio de 1789 o rei Luís XVI, pressionado pelas reivindicações da classe burguesa emergente e pelos  sans-cullotes, convocou a Assembleia dos Estados Gerais, o Parlamento Francês, dominado pelo monarca absoluto, para discutir a grave crise econômica que se instalara.  Nessa assembleia, a burguesia e s sans-cullotes decidiram romper com o Rei. Em episódio conhecido, invadiram a prisão política da Bastilha, que simbolizava o poder  do Estado, 
O Rei foi preso e condenado à morte, pondo fim ao Antigo Regime.  A Revolução Francesa e os processos sociais ligados a ela permitiram que a humanidade olhasse a sociedade como objeto da ciência.
3.2  Revolução Industrial e Neocolonialismo
O século XIX foi marcado pela Revolução Industrial e pelo Neocolonialismo, cujas consequências se projetaram para os séculos XX e XXI.
No plano político e econômico o termo  revolução é usado para expressar um movimento de transformação que, na visão dos seus protagonistas, traz transformações significativas, positivas e benéficas para a sociedade.
De fato, as revoluções trazem grandes transformações e com a revolução industrial não poderia ter sido diferente. Tais transformações já se fizeram presentes na transição do feudalismo para o capitalismo.
Um filme que retrata bem a revolução é  ?Tempos Modernos?, de Charles Chaplin, de 1936. Nele, Chaplin é um funcionário de uma grande fábrica na Europa, e fica tão alienado por causa do ritmo de trabalho, que acaba despedido. Depois, para não morrer de fome, rouba comida, juntamente com uma menina de rua. É preso várias vezes, até por ser confundido com um manifestante em uma greve na empresa onde trabalhava. O filme mostrou de forma humorística como os trabalhadores eram tratados. Exageros em razão da comédia, o capitalismo chegou até a proporcionar máquinas que alimentem automaticamente o funcionário, para que ele não parasse de produzir.
O desenvolvimento industrial se fez acompanhar pelo desenvolvimento científico, que por sua vez impulsionou ainda mais a indústria em função de descobertas e invenções. Nos centros urbanos europeus respirava-se desenvolvimento e acreditava-se que a tecnologia e a máquina resolveriam todos os problemas do homem. A indústria cresceu e com esse crescimento vieram as crises de produção porque a superprodução não era acompanhada pelo consumo. A solução para a crise de consumo foi encontrada no neocolonialismo, ou imperialismo do século XIX.
Diferente do colonialismo dos séculos XV e XVI, o neocolonialismo representou nova etapa do capitalismo, do momento em que as nações europeias saíram em busca de matérias-primas para sustentar as indústrias, de mercados consumidores para os produtos europeus e de mão-de-obra barata. Esse colonialismo se direcionou para a África e a Ásia, que foi partilhada entre as nações europeias. A América escapou desse colonialismo porque se tornara independente pouco antes. Porém, se não foi dominada politicamente pela Europa e pelos EUA, o foi economicamente, pois dependia dos banqueiros e do capital industrial europeu. Naquela época, por exemplo, grupos franceses e ingleses iniciaram  a exploração da borracha na região amazônica porque era mais barato produzir aqui e exportar para a Europa e para os EUA: afinal, aqui se encontrava a matéria-prima, a mão-de-obra barata e o favorecimento governamental.
A África e a Ásia foram o cenário onde atuou uma infinidade de cientistas e religiosos que assumiram o fardo do homem branco. Na Índia, por exemplo, qualquer membro da raça branca era tido como membro da classe dos amos e senhores, respeitado e reverenciado. Situações semelhantes fizeram o fundador da República do Quênia, na segunda metade do século XX, referir-se assim à dominação imperialista: "Quando os brancos chegaram, nós tínhamos as terras e eles a Bíblia; depois eles nos ensinaram a rezar; quando abrimos os olhos, nós tínhamos a Bíblia e eles as terras".
Todas as tentativas de reação por parte das nações dominadas pelos impérios europeus foram enfrentadas com o uso das armas por parte das nações européias. 
Nem a China ficou de fora da corrida imperialista: foi dominada economicamente e teve territórios ocupados pelos japoneses.
Foi neste cenário de expansão imperialista que surgem inéditas tentativas de explicação da realidade social. A primeira delas, como vermos a seguir, foi o chamado darwinismo social.
4-  O darwinismo social
Foi também nessa época que se desenvolveu a teoria de Charles Darwin sobre a evolução e adaptação das espécies.
Darwin foi um naturalista britânico que alcançou destaque no meio acadêmico ao desenvolver a teoria da evolução da vida na Terra. Em seu livro publicado em 1859, A Origem das Espécies ele introduziu a ideia de evolução a partir de um processo aleatório de seleção natural. Este princípio se tornaria a explicação científica dominante para a diversidade das espécies no mundo natural.
Nesta obra, em consonância com o espírito da época,Darwin defendeu a noção de variação gradual dos seres vivos graças ao acúmulo de modificações pequenas, sucessivas e favoráveis, e não por modificações extraordinárias, surgidas repentinamente. Nessa obra Darwin apresentou o núcleo da sua concepção evolutiva: a seleção natural, ou a persistência do mais capaz; com o passar dos séculos, a seleção natural eliminaria as espécies antigas e produziria novas espécies.
 Logo as teses de Darwin estavam sendo discutidas em todo o meio científico e o próprio liberalismo econômico adotou o pressuposto da competição. Ao defender a propriedade privada, o liberalismo postula que todo homem compete em igualdade no acesso à propriedade privada. Aquele que não a conquista, não o faz porque é vicioso ou preguiçoso. É claro que essa tese, presente em nossas mentes até hoje, interessava e interessa à manutenção do domínio da classe burguesa. 
 Se o liberalismo apropriou-se do conceito de competição, de Charles Darwin, não foi o único. Logo surgiu o Darwinismo Social.
O filósofo inglês Herbert Spencer foi o principal representante dessa corrente nas ciências humanas. Ele especulava sobre a existência de regras evolucionistas na natureza antes de seu compatriota, o naturalista Charles Darwin, que foi o autor da teoria da evolução das espécies. É dele a expressão "sobrevivência do mais apto", muitas vezes atribuída a Darwin. Os princípios do darwinismo social foram construídos a partir da obra de Spencer.
Segundo o Darwinismo Social, as sociedades se modificam e se desenvolvem como os seres vivos. As transformações nas sociedades representam a passagem de um estágio inferior para outro superior, onde o organismo social se mostra mais evoluído, adaptado e complexo. Se na natureza a competição gera a sobrevivência do mais forte, também na sociedade favorece a sobrevivência de sociedades e indivíduos mais fortes e evoluídos. As expressões: ?luta pela existência? e  ?sobrevivência do mais capaz?, tomadas de Darwin, apoiaram o individualismo liberal e justificaram o lugar ocupado pelos bem sucedidos nos negócios. Por outro lado, as sociedades foram divididas em raças superiores e inferiores, cabendo aos mais fortes dominar os mais fracos e, consequentemente, aos mais desenvolvidos levar o desenvolvimento aos não desenvolvidos. A civilização deveria ser levada a todos os homens. É claro que o Darwinismo Social serviu para justificar a ação imperialista das nações europeias.
Foi nesse cenário de constantes conflitos sociais, políticos, econômicos e religiosos, cenário marcado pela industrialização e pelo cientificismo, que nasceu a Sociologia
Aplicação Prática Teórica
Questão discursiva:
?Considerei a existência de Deus e decidi que há uma boa chance de que ele exista. Se ele realmente existir, deve estar trabalhando em um plano. Portanto, se devo servir a Deus, preciso descobrir o plano e fazer o melhor possível para ajudá-lo em sua execução. Como descobrir o plano? Primeiramente, procurar a raça que Deus escolheu para ser o instrumento divino da futura evolução. Inquestionavelmente, é a raça branca? Devotarei o restante de minha vida ao propósito de Deus e a ajudá-lo a tornar o mundo inglês." (Cecil Rhodes, colonizador britânico).
O texto acima evidencia uma forma de pensamento e uma visão de mundo dos europeus típica do século XIX. Indaga-se:
(i) Como eram vistas as sociedades não europeias com as quais os europeus entraram em contato a partir do neocolonialismo no século XIX? Justifique sua resposta.
(ii) Qual a forma de pensamento embasava essa visão,  e que o papel que esse tipo de pensamento exerceu no contexto em que foi utilizado?
Questão de múltipla escolha:
(UFUB/2010) Selecione as afirmativas que indicam o contexto histórico, social e filosófico que possibilitou a gênese da Sociologia.
I ? A Sociologia é um produto das revoluções francesa e industrial e foi uma resposta às novas situações colocadas por estas revoluções.
II ? Com o desenvolvimento do industrialismo, o sistema social passou da produção de guerra para a produção das coisas úteis, através da organização da ciência e das artes.
III ? O pensamento filosófico dos séculos XVII e XVIII contribuiu para popularizar os avanços científicos, sendo a Teologia a forma norteadora desse pensamento.
IV ? A formação de uma sociedade, que se industrializava e se urbanizava em ritmo crescente, propiciou o fortalecimento da servidão e da família patriarcal.
Assinale a alternativa correta:
A) III e IV.
B) I, II e III.
C) II, III e IV.
D) I e II.
E) II e IV.
Plano de Aula: O contexto histórico da formação das Ciências Sociais e as teorias sociológicas clássicas: Sociologia Francesa e Sociologia Alemã
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O contexto histórico da formação das Ciências Sociais e as teorias sociológicas clássicas: Sociologia Francesa e Sociologia Alemã
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6
Tema
O positivismo de Auguste Comte. A lei dos três estados e a classificação das ciências. A influência do positivismo no Brasil
Objetivos
Entender a Lei dos Três Estados, base da filosofia social de Augusto Comte.
Conceituar e problematizar a ideia de evolução social, ordem e controle social.
Compreender a importância e influência da corrente positivista na sociedade brasileira.
Estrutura do Conteúdo
Antes da aula, leia o Capítulo 4 de seu Livro didático de Ciências Sociais da página 77 até a 87.
1- O Positivismo
Auguste Comte (1798-1857)
?O Amor por princípio, a Ordem por base, o Progresso por fim?
A primeira corrente teórica sistematizada de pensamento sociológico foi o positivismo, a primeira a definir precisamente o objeto, a estabelecer conceitos e uma metodologia de investigação. Além disso, o positivismo, ao definir especificidade do estudo científico da sociedade, conseguiu distinguir-se de outras ciências estabelecendo um espaço próprio à ciência da sociedade. Seu primeiro representante e principal sistematizador foi o pensador Augusto Comte.
O positivismo derivou-se do ?cientificismo?, isto é, da crença no poder exclusivo e absoluto da razão humana em conhecer a realidade e traduzi-la sob a forma de leis naturais.
Essas leis seriam a base da regulamentação da vida do homem, da natureza como um todo e do próprio universo. Se o conhecimento e o método científico utilizado pelos cientistas das ciências naturais (sobretudo na Biologia e Física) era válido para explicar e interferir nos fenômenos da natureza, assim também, estes poderiam ser utilizados para explicar e interferir nos fenômenos sociais. A estes preceitos, para os sociólogos modernos, deu-se, como vimos na aula anterior, o nome de Darwinismo social.
É importante situar o desenvolvimento do pensamento positivista no contexto histórico do século XIX.
A expansão da Revolução Industrial pela Europa, obtida pelas revoluções burguesas que atingiram todos os países europeus até 1870, trouxe consigo a destruição da velha ordem feudal e a consolidação da nova sociedade capitalista.
O processo de consolidação do capitalismo colocou em evidência os mais diversos problemas da estrutura societária emergente. Vários pensadores sociais irão procurar refletir sobre as alterações na realidade social, na tentativa de compreendê-la, analisá-la e mesmo, propor soluções.
O pensador francês Augusto Comte (1798-1857) foi um desses filósofos sociais, sistematizando a primeira corrente teórica do pensamento sociológico: o positivismo. Essa corrente teórica foi a primeira a definir precisamente o objeto, a estabelecer conceitos e uma metodologia de investigação. Além disso, o positivismo, ao definir a especificidade do estudo científico da sociedade, conseguiu distinguir-se de outras ciências estabelecendo um espaço próprio à ciência da sociedade. O positivismo caracterizava-se pela suposição de que o saber científico é superior ao saber filosófico (dito metafísico por Comte) e ambos são superiores ao saber religioso (chamado teológico):
O Positivismo  refletiu o entusiasmo burguês pela consolidaçãocapitalista, por meio do desenvolvimento industrial e científico. Comte devotou-se à Sociologia, uma palavra que ele elaborou para descrever a ciência da sociedade. Ele acreditava que sua principal contribuição foi a teoria de que a humanidade passou por três estágios de evolução histórica e cultural e de desenvolvimento intelectual: o teológico, o metafísico e o positivo.
Para ele, ?as ideias conduzem e transformam o mundo e é a evolução da inteligência humana que comanda o desenrolar da história. O espírito humano, em seu esforço para explicar o universo, passa sucessivamente por três estados:
i) teológico ou ?religioso?: explica os fatos por meio de vontades análogas à nossa vontade (a tempestade. p.e., será explicada por um capricho do Deus dos ventos, Êolo): Este estado evolui ao fetichismo, politeísmo e ao monoteísmo.
ii) metafísico: substitui os deuses por princípios abstratos como ?o horror do vazio? por longo tempo atribuído à natureza. A tempestade, p.e., será explicada pela virtude dinâmica do ar. São igualmente metafísicas as tentativas de explicação dos fatos biológicos que partem do ?princípio vital?, assim como as explicações das condutas humanas que partem da noção de ?alma?. O homem projeta espontaneamente sua própria psicologia sobre a natureza.
iii) positivo: é aquele em que o espírito renuncia a procurar os fins últimos e procura responder aos últimos ?porquês? Contentar-no-emos em descrever como os fatos se passam, em descobrir as leis (exprimíveis em linguagem matemática) segundo as quais os fenômenos se encadeiam uns aos outros. Tal concepção influencia diretamente na técnica: o conhecimento das leis positivas da natureza nos permite, com efeito, quando um fenômeno é dado, prever o fenômeno que se seguirá e, eventualmente agindo sobre o primeiro, transformar o segundo - Ciência donde previsão. previsão donde ação? . (Primeira Lição do Curso de Filosofia Positiva, A. Comte) .
Comte procurou completar o estágio positivo ao criar a mais complexa de todas, a sociologia como ciência.
Os traços mais marcantes do Positivismo são certamente a excessiva valorização das ciências e dos métodos científicos, a exaltação do homem e suas capacidades e o otimismo em relação ao desenvolvimento e progresso da humanidade.
È importante ressaltar o estudo das mudanças sociais em sua obra. Para ele, era necessário resolver a crise social que se apresentava não apenas na França, mas também em toda Europa. Ele preconizava uma nova ordem social, combinando ordem e progresso.
Para tal, valendo-se de raciocínio análogo à Física, ele identifica dois movimentos na sociedade: a estática social e a dinâmica social.
Comte distingue a sociologia estática da sociologia dinâmica. A primeira estuda as condições gerais de toda a vida social, considerada em si mesma, em qualquer tempo e lugar. Três instituições sempre são necessárias para fazer com que o altruísmo predomine sobre o egoísmo (condição de vida social). A propriedade (que permite ao homem produzir mais do que para as suas necessidades egoístas imediatas, isto é, fazer provisões, acumular um capital que será útil a todos), a família (educadora insubstituível para o sentimento de solidariedade e respeito às tradições), a linguagem (que permite a comunicação entre os indivíduos e, sob a forma de escrita, a constituição de um capital intelectual, exatamente como a propriedade cria um capital material).
A sociologia dinâmica estuda as condições da evolução da sociedade: do estado teológico ao estado positivo na ordem intelectual, do estado militar ao industrial na ordem prática - do estado de egoísmo ao de altruísmo na ordem afetiva. A ciência que prepara a união de todos os espíritos concluirá a obra de unidade (que a Igreja católica havia parcialmente realizado na Idade Média) e tornará o altruísmo universal, "planetário".
Vê-se que é sobre a sociologia que vem articular a mudança de perspectiva, a mutação que faz do filósofo um profeta. A sociologia, cuja aparição dependeu de todas as outras ciências tornadas positivas, transformar-se-á na política que guiará as outras ciências, "regenerando, assim, por sua vez, todos os elementos que concorreram para sua própria formação". Assim é que, em nome da "humanidade", a sociologia regerá todas as ciências.
Para Comte, havia a necessidade de separar teoria e prática, constituindo uma ciência abstrata das relações coletivas: a física social. Através dela, seria possível unir espiritualmente as classes sociais, sendo o poder temporal uma extensão desse poder espiritual (racional). Considerava ser essa ciência a instância capaz de conduzir à renovação dos costumes, da moral, das ideias, reorganizando, assim, a sociedade. Na nova sociedade, de regime distinto do teológio-militar, o povo seria orientado e associado à indústria. Os chefes seriam: no plano espiritual, os cientistas; no plano temporal, os industriais.
Comte entendia que a desordem e a anarquia eram devidas à vigência de dogmas teológicos e metafísicos na educação e na moral. O empirismo deveria ser abolido do campo social e político, através da elaboração de doutrinas gerais, baseadas metodologicamente nas ciências naturais. A ciência social deveria, então, ?conhecer para agir; compreender para organizar?, conduzindo a sociedade para uma nova organização. Assim, afirmava ele:
?Estou convencido de que a sociedade cairá em dissolução se daqui a duas ou três gerações não se conseguir formar um código de opiniões políticas e morais admitido sem contestação por todas a classes; e, em segundo lugar, estou também firmemente persuadido de que se não conseguir formar uma doutrina que preencha todas as condições necessárias, tratando a política como ciência física, não se alcançará por outro meio aquele objetivo?.
A sistematização da Sociologia estava condicionada à elaboração de uma doutrina básica a todas as ciências. Essa seria realizada pela física social. Este campo de estudos era vista como a filosofia geral de todas as ciências positivas. Segundo Comte, existia somente cinco ciências que haviam atingido o nível positivo, detentoras de um método geral, e que seriam: a matemática, a astronomia, a física, a química e a biologia.
A  matemática seria a mais geral de todas as ciências, sendo a primeira a atingir a positividade, servindo a todas, mas não as substituindo. A biologia, no quadro geral das ciências, seria imediatamente anterior à sociologia. A primeira estudaria os aspectos anatômicos e fisiológicos. Já a sociologia daria conta das faculdades afetivas e dos aspectos ideativos. Sem a biologia, a sociologia seria impossível (a ciência do social não é originária da biologia), havendo um plus qualitativo entre a humanidade e a animalidade. 
Comte considerava as ciências como abstratas, não tendo uma dimensão concreta. Segundo Moraes Filho, a ?...  ordem de generalidade da explicação e da coordenação dos fatos de cada uma (...) vão surgindo e sendo admitidas na positividade segundo a ordem que essas especulações mantêm com os fenômenos dados na experiência?. A seu ver, as ciências próximas ao homem passam a ser mais complexas e perdem em generalidade. E o método dever ter avaliado sua importância na ação. A observação, a experimentação, a comparação, a classificação e filiação histórica seriam os instrumentos para a obtenção e ordenação dos dados reais, que seriam reunidos em hipóteses de trabalho. Comte, em verdade, não era empirista, e muito menos racionalista, pois defendia que não existia teoria sem fato e fato sem teorias gerais. São inseparáveis. No entanto, afirmava que nem todos os fatos eram relevantes.
A ciência só existiria a partir de relações constantes de concomitância e de sucessão entre os fenômenos; desta forma, Comte distinguia a ciência verdadeira da ciência simples. A ciência positiva deveria ser
?... fundada em observações, e igualmente sensível, de outro lado, que, para entregar-se à observação, nosso espírito necessita de uma teoria qualquer. Se, contemplando os fenômenos, não os relacionássemos imediatamentea alguns princípios, não somente nos seria impossível combinar essas observações isoladas, e, em consequência, nada concluindo daí, como seríamos inteiramente incapazes de retê-los; e, na maioria das vezes, os fatos não seriam percebidos sob nossos olhos.?
Com a física social, estaria realizada a hierarquia das ciências. Aquela utilizaria todos os métodos anteriores e também o método histórico. Com isso, o homem se distinguiria dos outros animais a partir de sua dimensão social e histórica. E essa ciência produziria um conhecimento científico das leis sociais, implicando na previsão e numa ação eficazes.
Em síntese:
Principais Características do Positivismo
Sacralização do método científico, do qual faz parte a observação - preocupação com a verdade;
Rejeição do sobrenatural, reforçando ainda mais a ideia do interesse pelo verdadeiro;
A obra de Augusto Comte explica a evolução histórica e cultural da humanidade através da Lei dos Três Estados, que a divide em três estágios: o teológico ou fictício, o metafísico ou abstrato e o científico ou positivo.
É importante considerar que o pensamento Comtiano reflete: um imaginário social que se baseava principalmente na:
LAICIDADE - Explicação da origem, do desenvolvimento e da finalidade da sociedade deixa de ser compreendido como obra divina e sim como obra humana;
CIENTIFICISMO - Crença no poder exclusivo e absoluto da razão humana em conhecer a realidade e traduzí-la sob a forma de leis naturais (sacralização da ciência);
ORGANICISMO - Sociedade concebida como um organismo constituído de partes integradas e coesas que funcionam harmoniosamente, segundo um modelo físico ou mecânico.
2- Influência do positivismo no Brasil
Essa corrente filosófica foi muito influente no pensamento da época. Prova disso, com já vimos,  é o lema da bandeira brasileira - "ordem e progresso" -, um dos principais preceitos do Positivismo, que afirma que, para que haja progresso, é preciso que a sociedade esteja organizada.
Intelectuais renomados como Benjamim Constant incentivaram a leitura e o debate dos textos de Augusto Comte em instituições como o Colégio Militar e o Colégio Pedro II, e tais debates propiciaram a base para programas de estudo de escolas oficiais.
Além disso, o positivismo foi inspiração para movimentos políticos importantes, como:
1889-  Proclamação da República ? influência das ideias positivistas. Lema comteano presente na Bandeira Nacional:  ?A ordem para aperfeiçoar e levar ao progresso!?
1930 ?  Vargas toma posse liderando um golpe das forças armadas; ?pai ? patrão?: controle sobre o operariado;
Golpe Militar de 1964 ? Goulart é deposto por uma revolta das Forças Armadas.
Aplicação Prática Teórica
Questão discursiva:
O conhecimento científico opõe-se ao senso comum e que o seu ideal está baseado na concepção segundo a qual a ciência é uma representação da realidade tal como ela é em si mesma. Acredita-se, portanto, em uma objetividade, isto é, um conhecimento que procura as estruturas universais e necessárias das coisas investigadas. Nesse sentido, a corrente positivista comtiana buscou relacionar as ciências naturais com a Sociologia emergente do século XIX, com o propósito de legitimar definitivamente a Sociologia como ciência.
Tendo como norte esta perspectiva:
(i) Explique como Comte concebeu a ciência da sociedade.
(ii) Descreva as fases e suas características principais por que podem passar as sociedades humanas, de acordo com a Lei dos Três Estados.
Questão de múltipla escolha:
(UFUB/2009) Surgida no momento de consolidação da sociedade capitalista, a Sociologia tinha uma importante tarefa a cumprir na visão de seus fundadores, dentre os quais se destaca Auguste Comte. Assinale a alternativa correta quanto a essa tarefa.
A) Desenvolver o puro espírito científico e investigativo, sem maiores preocupações de natureza prática, deixando a solução dos problemas sociais por conta dos homens de ação.
B) Incentivar o espírito crítico na sociedade e, dessa forma, colaborar para transformar radicalmente a ordem capitalista responsável pela exploração dos trabalhadores.
C) Contribuir para a solução dos problemas sociais decorrentes da Revolução Industrial, tendo em vista a necessária estabilização da ordem social burguesa.
D) Tornar realidade o chamado ?socialismo utópico?, visto como única alternativa para a superação das lutas de classe em que a sociedade capitalista estava mergulhada.
E) Produzir um conhecimento da vida social baseado em premissas teológicas e míticas.
Plano de Aula: O contexto histórico da formação das Ciências Sociais e as teorias sociológicas clássicas: Sociologia Francesa e Sociologia Alemã
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS - CCJ0001
Título
O contexto histórico da formação das Ciências Sociais e as teorias sociológicas clássicas: Sociologia Francesa e Sociologia Alemã
Número de Aulas por Semana
Número de Semana de Aula
7
Tema
A sociologia de Émile Durkheim (I)
Objetivos
Estudar a sociologia científica de Èmile Durkheim.
Identificar os  fatos sociais e suas características.
Problematizar as ideias de normalidade e patologia.
Estrutura do Conteúdo
Antes da aula, leia o Capítulo 4 de seu Livro didático de Ciências Sociais da página 88 até a 96.
A sociologia cientifica de Émile Durkheim  
Sociólogo francês, natural de Épinal, (1858 ? 1917) herdeiro do positivismo.  Partindo da afirmação de que o fato social é o objeto da sociologia, desenvolveu diversos conceitos que mostram a influência do social sobre o indivíduo. Através da célebre frase ? a sociedade é nosso cárcere, se dela nós não nos sentimos prisioneiros é porque a ela nos conformamos?. Evidencia-se toda sua vocação coletivista.
Para Durkheim, é preciso delinear com clareza os fatos que podem e devem ser objeto de  estudo da sociologia.  Eles Não se confundem com fenômenos orgânicos, pois consistem em representações  e ações coletivas; nem com os fenômenos psíquicos que tem por substrato o indivíduo.
2- O processo de socialização
O crescimento de um indivíduo é acompanhado de outro processo simultâneo,  a socialização, sem a qual ele não se integraria à sociedade. Por socialização se entende ?os processos pelos quais os seres humanos são induzidos a adotar os padrões de comportamento, normas, regras e valores do seu mundo social são denominados socialização. Começam na infância e prosseguem ao longo da vida. A socialização é um processo de aprendizagem que se apoia, em parte, no ensino explícito e, também em parte, na aprendizagem latente ? ou seja, na absorção inadvertida de formas consideradas evidentes de relacionamento com os outros. Embora estejamos todos expostos a influências socializantes, os indivíduos variam consideravelmente em sua abertura deliberada ou involuntária a elas, desde a mudança camaleônica em resposta a toda e qualquer situação nova até a completa inflexibilidade? (Marie Jahod, in Outhwaite, William & Bottomore, Tom (org), 199.  Dicionário do pensamento social).
Durkheim afirmará que "...a educação tem justamente por objeto formar o ser social...A  pressão de todos os instantes que sofre a criança é a própria pressão do meio social tendendo moldá-la à sua imagem, pressão de que tanto os pais quanto os mestres não são senão representantes e intermediários." Émile Durkheim em ? As regras do método sociológico?
Mais uma vez esta frase pode sugerir a existência de uma entidade sociológica superior quando diz que os responsáveis pelos processos de socialização, os pais e mestres, são meros intermediários. Mas Durkheim está querendo dizer que eles também não inventaram as instituições sociais, que eles também foram formados sob a sua influência e que agora estão repassando este conhecimento, este conteúdo social.
3- Que é Fato Social? Qual a importância de se definir um fato social?
Em primeiro lugar Durkheim procura demonstrar que existe toda uma ordem de fenômenos que devem ser explicado através do que ele denomina "fato social". É porque estes tais "fatos sociais" existem que a sociologia existe. Do

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