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1 
RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS EM FACE DE DÉBITOS TRIBUTÁRIOS DA 
PESSOA JURÍDICA 
Juliana Legunes Nenes
1
 
 Reisson Ronsoni dos Reis
2
 
 
 RESUMO 
Não é incomum, embora não dependa somente da vontade do Fisco, a desconsideração da 
personalidade jurídica de pessoas jurídicas e o redirecionamento de obrigações tributárias 
para a pessoa dos sócios, não necessariamente, embora mais facilmente identificável no 
Código Tributário Nacional (CTN), gerentes e administradores. Constata-se que isso se dá 
quando o sócio pratica alguma ilicitude ou irregularidade, seja em face da lei, seja em razão 
do estatuto ou contrato-social, o que faz com que, mesmo que não seja o nome do sócio 
inicialmente vinculado ao fato gerador, por sua culpa ou seu dolo, seja tal chamado à 
responsabilização. 
Palavras-chave: Código Tributário Nacional; fato gerador; ilicitude; responsabilização. 
 
Abstract: Is not unusual, though not solely dependent upon the will of the Treasury, 
the piercing the corporate veil of corporations and redirection of tax obligations to the 
person of the partners. Not necessarily, although more readily identifiable in the National 
Tax Code (CTN), are the managers and administrators. It appears that this happens when 
the partner practice any illegality or irregularity, whether in the face of the law, either 
because of the status or social contract. Which means that, even if it is not the name of the 
partner initially linked to the fact generator, it’s your fault or intent, this is called 
accountability. 
 
1
 Acadêmica de Direito da Universidade Luterana do Brasil – ULBRA, campus Gravataí. E-mail: 
julianalnenes@hotmail.com 
2
 Acadêmico de Direito da Universidade Luterana do Brasil – ULBRA, campus Gravataí. E-mail: 
reissonr.r@hotmail.com 
 
 
2 
 
Key-words: National Tax Code; generator fact; wrongfulness; accountability. 
 
Sumário: 1. Introdução; 2. Espécies de Responsabilidades Societárias Previstas no CC 
e em Lei Específica e sua Diferenciação na Cobrança de Débitos da PJ na Pessoa de seus 
Sócios de Acordo com o CC e com Lei Específica; 3. Requisitos do CTN para 
Responsabilização do Sócio; 4.Análise de Súmulas e de Jurisprudência sobre a 
Responsabilização do Sócio; 5. Considerações Finais; 6. Referências. 
1. INTRODUÇÃO 
 
O presente trabalho tem por objetivo expor o que dispõem os Códigos Tributário e 
Civil, os posicionamentos sumulados e jurisprudenciais, bem como doutrinários em face da 
obrigação tributária de sócios com relação a pessoas jurídicas e de fatos geradores a estas 
vinculados. Para tanto, analisa o à luz de doutrinadores específicos e gerais quando tratam da 
matéria de executar sócio por crédito da pessoa jurídica. Disso, compara-se com o que 
defendem as cortes em relação ao extremo ato de se fazer com que o Fisco mire como 
agente passivo o sócio, o que se demonstra não ser apenas pela livre vontade da Fazenda 
Pública. 
 
2. ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADES SOCIETÁRIAS PREVISTAS NO 
CC E EM LEI ESPECÍFICA E SUA DIFERENCIAÇÃO NA COBRAÇA DE 
DÉBITOS DA PJ NA PESSOA DE SEUS SÓCIOS DE ACORDO COM O CC E COM 
LEI ESPECÍFICA 
 
Para que se possa analisar de que forma cada sócio se responsabiliza e se pode ser 
responsabilizado para com os débitos da Pessoa Jurídica relativos ao Fisco, é imperioso que 
se observe como se comporta a responsabilidade dos sócios de cada espécie societária em 
face de terceiros. Isso porque, tal compreensão, por si só, já trará algumas formas pelas quais 
 
 
3 
o sócio responderá por créditos tributários, ou seja, em razão de relações com terceiros. 
Dessa forma, tem-se para objeto de estudo a definição dada por Mamede sobre o que 
são as sociedades. Para o referido autor, sociedades são reuniões de pessoas para 
consecução de determinado fim
3
, sendo o fim aqui apreciado, assim como para Mamede, o 
fim econômico
4
 de que se revestem as sociedades estudadas no Direito Empresarial
5
. 
Nessa ótica, tomam-se inicialmente as sociedades não personificadas
6
, ou seja, aquelas 
em que existe uma sociedade fática, podendo ou não existir um contrato escrito entre os 
sócios, mas a sociedade não foi levada a registro
7
. Tal tipo de sociedade se desdobra em 
mais duas, a sociedade em comum e a sociedade em conta de participação. 
A sociedade em comum
8
 é aquela em que há um contrato entre os sócios, mas não há 
registro daquela, logo, não há personalidade jurídica
9
. Sendo assim, a responsabilidade de 
cada sócio entre si está de acordo com o acertado no contrato
10
, porém, tal contrato não pode 
produzir efeitos da relação da sociedade perante terceiros. Nessas, por disposição do artigo 
990 do Código Civil, todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações 
sociais
11
, pois, não existe uma pessoa jurídica com personalidade própria. Entretanto, como 
descreve Mamede, há a possibilidade de não serem todos os sócios responsabilizados, essa 
se faz quando o terceiro prejudicado tinha prévio conhecimento de que o sócio estava 
 
3
 MAMEDE, Gladston. Direito Empresarial Brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2007, p. 04. 
4
 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial: direito de empresa. 6ª ed. Vol 1. São Paulo: Saraiva, 
2012, p. 41. 
5
 MAMEDE, Gladston. Direito Empresarial Brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2007, p. 04. 
6
 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial: direito de empresa. 6ª ed. Vol 2. São Paulo: Saraiva, 
2012, p. 22/27. 
7
 MAMEDE, Gladston. Direito Empresarial Brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2007, p. 12/13. 
8
 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial: direito de empresa. 6ª ed. Vol 2. São Paulo: Saraiva, 
2012, p. 52. 
9
 MAMEDE, Gladston. Direito Empresarial Brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2007, p. 14. 
10
 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial: direito de empresa. 6ª ed. Vol 2. São Paulo: Saraiva, 
2012, p. 52/53. 
11
 MAMEDE, Gladston. Direito Empresarial Brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2007, p. 19. 
 
 
4 
exercitando ato com excesso de poderes
12
. Ocorrendo isso, apenas os envolvidos 
responderão, obviamente após comprovado o ocorrido inequivocamente. 
Oportuniza-se aqui, um fato em que os sócios são, na verdade, o contribuinte previsto 
pelos tributos da sociedade, vez que a pessoa jurídica não existe. Em essa não existindo, 
cada um dos sócios passa ser responsável originário pelo adimplemento do tributo de que dê 
causa à obrigação tributária, mesmo que em nome da sociedade, ainda não existente no 
campo de direito, o que não impedirá, nos termos do contrato não registrado, o sócio de 
cobrar regressivamente os demais sócios por ter sido ele a alcançar valores aos cofres 
públicos quando ficou estipulado ato contrário no contrato entre os sócios. 
Outrossim, vislumbra-se a sociedade em conta de participação
13
, também uma das 
espécies societárias sem personalidade jurídica. Nessa sociedade há a figura do sócio 
ostensivo, que é aquele que se apresenta para, em nome próprio, tratar relações jurídicas 
com terceiros, e não em nome da sociedade
14
. Com isso, analogicamente, tem-se que esta 
espécie de sociedade é como um grupo de pessoas que elegem um campeão que as defenda. 
Se ele ataca (negocia) é responsabilidade dele, bem como se ele é atacado (chamado a 
pagar). O sócio ostensivo, ao negociar pela sociedade, mas apenas em nome dele, coloca-se 
com um anteparo ilimitado para qualquer cobrança que viria a ser feita à pessoa jurídica 
inexistente de direito aqui. Logo, tributos devidos pelapessoa jurídica ainda inexistente 
oficialmente serão cobrados daquele que figura como obrigado tributariamente, o sócio 
ostensivo. 
Todavia, não são somente sociedades não personificadas que existem. Existe também 
uma gama de sociedades personificadas de que se faz imperioso o estudo antes que se 
analise pontualmente, em matéria tributária, a responsabilização dos sócios em face das 
dívidas para com o Fisco da PJ. São elas aquelas que tiveram seja seu contrato social, seja 
seu estatuto levados a registro. Dentre suas espécies, destacam-se as sociedades em nome 
 
12
 MOREIRA, Amanda Alves. A Teoria do Ato: “Ultra Vires”. São Paulo, 1998. Disponível em: < 
http://www.conjur.com.br/1998-dez-17/objeto_social_limites_atuacao_administrado>, Acesso em 30 ago 2014. 
13
 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 18ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 78. 
14
 MAMEDE, Gladston. Direito Empresarial Brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2007, p. 21. 
 
 
5 
coletivo, comandita simples, comandita por ações, firmas individuais, limitadas, eirelis e 
sociedades anônimas. 
Tem-se então que as sociedades em nome coletivo são aquelas em que duas ou mais 
pessoas [...] exercem, sob uma razão social
15
, atividade empresária, respondendo todos 
solidariamente e ilimitadamente em face de terceiros
16
, mas subsidiariamente podem dispor 
entre si suas obrigações
17
. Contudo, é um caso em que, não podendo adimplir com suas 
obrigações tributárias, são os sócios responsáveis ilimitada e solidariamente perante o Fisco. 
Não obstante, observa-se a comandita simples, sociedade em que, excetuando-se os 
termos e a qualidade de estar personificada, muito se assemelha à sociedade em conta de 
participação, vez que há a figura do comanditado, que responderá ilimitadamente pelas 
obrigações sociais, e o comanditário, cujas obrigações são limitadas. Enquanto, na 
comandita por ações, tem-se que os sócios diretores respondem ilimitadamente pelas 
obrigações sociais, enquanto as obrigações dos acionistas serão limitadas
18
 ao valor de suas 
ações. 
Verificado esse ponto, o objeto de estudo torna-se a firma individual. A firma 
individual é a pessoa jurídica com um único sócio em seu quadro societário, o qual 
responde ilimitadamente pelas obrigações da pessoa jurídica. Tem esse seu estudo 
imperioso, vez que, na Eireli
19
, o sistema de composição é similar ao da firma individual, 
sendo composto o quadro societário por apenas um sócio, tal qual na firma individual, 
porém, a responsabilidade do sócio zeloso e honesto é limitada, e não ilimitada como na 
firma individual. Obriga-se ele, como obrigam-se os sócios de pessoas jurídicas da espécie 
limitada. 
 
15
 WALD, Arnoldo. A evolução da sociedade em nome coletivo e os poderes dos sócios não gerentes no direito 
brasileiro. Revista de Informação Legislativa, v.16, nº 64, 1979, p. 296. 
16
 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 18ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 148. 
17
 WALD, Arnoldo. A evolução da sociedade em nome coletivo e os poderes dos sócios não gerentes no direito 
brasileiro. Revista de Informação Legislativa, v.16, nº 64, 1979, p. 296. 
18
 MENDONÇA, Mário. Sociedade Empresária. Macapá: UNIFAP, 2011. Disponível em < 
http://www2.unifap.br/mariomendonca/files/2011/05/SOCIEDADES1.pdf>. Visualizado em 24/05/2014, p. 03. 
19
 Empresa individual de responsabilidade limitada. 
 
 
6 
Quanto à pessoa jurídica de responsabilidade limitada, diz-se que a responsabilidade 
de seus sócios honestos e zelosos é medida de acordo com os valores que faltam ser 
integralizados por cada um dos sócios, porém, o montante da diferença entre subscrição e 
integralização é de responsabilidade solidária de cada um dos sócios, podendo terceiro 
cobrar desses até o limite do valor que, não integralizando, devem à pessoa jurídica à qual 
pertencem ao quadro societário, o mesmo se aplicando às eirelis, com a ressalva de só haver 
um sócio nesta
20
. 
Nessas modalidades limitadas, é possível que se aplique um exemplo a fim de tornar 
mais didática sua compreensão. Toma-se a PJ como sendo credora de dos membros do seu 
quadro societário em 50% do capital que este ainda não integralizou, mas subscreveu, em 
um valor de R$ 10.000,00. Concomitantemente, a PJ é devedora de R$ 12.000,00 para um 
terceiro, só possuindo R$ 1.000,00 em seu patrimônio. O terceiro cobra sua dívida da PJ, 
mas, mesmo conseguindo retirar todo o patrimônio dela, ela ainda lhe deve R$ 11.000,00, e 
nada mais possui. Entretanto, considerando que o sócio X, não integralizou a totalidade de 
sua quota, mas tão somente 50%, ainda devendo R$ 10.000,00 à PJ, pode o terceiro cobrar 
do sócio X R$ 10.000,00 dos R$ 11.000,00 faltantes, pois é o que o sócio X deve à PJ. 
Ressaltando-se que no caso da Eireli, há apenas um agente possível para X, mas que nas 
limitadas há sempre mais de um, e o que, denomina-se aqui sócio Y, mesmo que tenha 
integralizado toda a sua parte, poderá responder solidariamente pelo que o X não 
integralizou, cabendo, posteriormente Y cobrar de X, o que X lhe deve. Observando-se que, 
caso todo o capital de todos os sócios tenha sido integralizado, o terceiro, salvo por vícios 
administrativo-gerenciais, não poderá cobrar dos sócios as obrigações da PJ, pois pessoas 
distintas. 
Por termo, estuda-se a sociedade anônima ou por ações. Cabe aqui, apenas o essencial 
para a compreensão da responsabilidade do sócio em face de terceiros para o Direito 
Empresarial. Dessa forma analisa-se que em uma sociedade por ações, cada sócio honesto e 
 
20
 ALMEIDA, Amador Paes de. Execução de Bens dos Sócios.8ª ed. São Paulo, Saraiva, 2007, p. 51/55. 
 
 
 
7 
zeloso é responsável apenas pelo que falta integralizar do valor de sua ação adquirida ou 
subscrita, e nada mais
21
. 
Com isso, pode-se concluir que cada espécie societária à ilustração do Direito 
Empresarial possui uma forma diferente de responsabilizar os membros de seu quadro 
societário em face de terceiros. Todavia, há a necessidade de se verificar em que casos o 
Fisco, na condição de terceiro, pode desconsiderar a diferenciação desses e cobrar aquilo 
que lhe é devido. 
 
3. REQUISITOS DO CTN PARA RESPONSABILIZAÇÃO DO SÓCIO 
 
Já havendo o CC e legislações específicas para disciplinar as responsabilizações dos 
sócios probos em face das dívidas da pessoa jurídica perante terceiros, o CTN trata de buscar 
pelos recursos que sócios ímprobos lhe furtaram. Com esse intuito, regra, algumas 
condições em que isso se pode dar: a do mau uso da personalidade jurídica por sócio gerente 
ou administrador da pessoa jurídica, quando da repartição do patrimônio líquido entre os 
sócios após ou durante a dissolução da pessoa jurídica e quando sócio não gerente ou 
administrador dá razão à obrigação tributária em nome da pessoa jurídica sem poderes para 
tanto. Isso, pela própria redação do artigo 135 do CTN, não diferenciando as diversas formas 
societárias
22
. 
Tendo aquela para matricial exploração, observa-se que a definição de Mamede para 
mau uso da personalidade jurídica envolve dolo e fraude, desvio de finalidade, confusão 
patrimonial, relações de consumo (abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato 
ou ato ilícito, má administração, ressarcimento frustrado) e relações de trabalho
23
. 
Abrindo com isso o que dispõe o CTN por independer a responsabilidade do agente 
passivo de dolo ou culpa, à luz de Mamede, tem-se por dolo ou fraude não se considera o 
não recolhimento de tributo, massim o uso de poderes de negociar estabelecimentos ou 
 
21
 REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. 2º Vol. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 01/03. 
22
 ALMEIDA, Amador Paes de. Execução de Bens dos Sócios.8ª ed. São Paulo, Saraiva, 2007, p.138. 
23
 MAMEDE, Gladston. Direito Empresarial Brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2007, p.221/239. 
 
 
8 
qualquer forma de gerir recursos da PJ de forma a causar lesões à PJ e/ou a terceiros. Não 
obstante, o referido autor considera que desvio de finalidade, por dolo ou culpa é uma causa 
para desconsideração da personalidade jurídica, assim como a fraude, importando então 
responsabilidade pessoal, o que também caberia em uma análise do CC. 
Outrossim, outro dispositivo disposto no CC, mas que pode se enquadrar nas 
possibilidades de ação que por dolo ou culpa impossibilitam a PJ de adimplir com suas 
obrigações tributárias é o da confusão patrimonial. Esse consiste no sócio utilizar-se de 
estabelecimentos da PJ como se fossem seus, fazendo que, para olhares leigos, tudo pareça 
ser uma coisa só
24
. 
Disso então se percorrem desvios cíveis que implicam em danos tributários, tal qual o 
das relações de consumo. Nessas encontram-se o abuso de direito (quando o sócio, dolosa ou 
culposamente, perante consumidor, pratica ato que ocasione prejuízo à PJ em relação a 
alguma espécie de indenização por dado ao consumidor). O excesso de poder praticado pelo 
gerente não só é abordado pelo CDC, mas também pelo CTN como forma de 
despersonalização da PJ em relação ao terceiro, entretanto, se tal dano causa, em primeiro 
momento lesão à PJ, e ela vem a ficar desprovida de meio de recolher o que deve aos cofres 
públicos, será o sócio em questão o responsável pelo pagamento. Estando o ressarcimento 
frustrado aqui incutido, como dispõe Mamede quando trata de danos ao consumidor. Não 
obstando o disposto em lei própria as relações de trabalho que, por culpa ou dolo do 
administrador/gerente vier a causar dano ao patrimônio da PJ. 
Concomitantemente, há a questão do cometimento de infrações da lei que lesionem à 
PJ, as quais, inegavelmente, acarretariam responsabilidade do sócio gerente em relação a 
tributos. Isso inclui também questões em que esse envolve diretamente a PJ como forma de 
obter vantagem ilícita. O mesmo valendo por má administração, se é que tudo já exposto não 
seria por si só uma forma de mal administrar, considerando mal, agora, com um sentido 
moral, e não hábil, que é ao qual Mamede se refere. 
Consoante ao exposto tem-se o posicionamento de Almeida. Esse abre o debate com a 
evocação do artigo 128 do CTN, expondo que a lei pode atribuir responsabilidade pela 
 
24
 MAMEDE, Gladston. Direito Empresarial Brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2007, p.228/229. 
 
 
9 
obrigação tributária a terceiro
25
. Destacando então que, por infração à lei, também se deve 
entender que execução de atividades de administração ou gerência em dissonância de 
estatutos ou contratos sociais também implica em infração
26
, pela qual se deve responder, 
dentre outras formas, com a despersonalização da PJ em face de débito tributário, artigo 135, 
III, do CTN
27
. 
Outra questão que Almeida levanta é a da liquidação em que os sócios receberam suas 
parcelas do patrimônio líquido em prejuízo do erário, que não recebeu o recolhimento dos 
tributos referentes à liquidação da PJ, que acaba por se tornar irregular, transferindo à 
responsabilidade aos sócios na proporção do patrimônio por eles absorvido em relação à 
dissolução
28
. 
Além disso, ainda há a questão de que não se faz necessário haver o nome do 
responsável administrador ou gerente na certidão de dívida ativa, basta o agente o ser, para 
que, atendendo uma das condições acima, passe a responder solidariamente ao Fisco
29
 pelo 
débito tributário
30
. 
 
4. ANÁLISE DE SÚMULAS E DE JURISPRUDÊNCIA SOBRE A 
RESPONSABILIZAÇÃO DO SÓCIO 
 
Trazem Mamede e Almeida cargas jurisprudenciais do tempo de suas obras, refletindo 
o teor do exposto. Verifica-se no STF, no STJ, nos TFR e nos Tribunais de Justiça estaduais 
o posicionamento predominante quanto à interpretação legislativa no que tange 
responsabilização dos sócios em face de execução fiscal. 
 
25
 ALMEIDA, Amador Paes de. Execução de Bens dos Sócios.8ª ed. São Paulo, Saraiva, 2007, p.136. 
26
 MOREIRA, Amanda Alves. A Teoria do Ato: “Ultra Vires”. São Paulo, 1998. Disponível em: < 
http://www.conjur.com.br/1998-dez-17/objeto_social_limites_atuacao_administrado 
27
 ALMEIDA, Amador Paes de. Execução de Bens dos Sócios.8ª ed. São Paulo, Saraiva, 2007, p.137/138. 
28
 Idem, p.138/139. 
29
 BARCELOS, Soraya Marina. A responsabilidade tributária dos sócios da pessoa jurídica em execuções 
fiscais. [s/l]. Disponível em: < http://jus.com.br/artigos/17694/a-responsabilidade-tributaria-dos-socios-da-
pessoa-juridica-em-execucoes-fiscais>, Acesso em 30 ago 2014. 
30
 ALMEIDA, Amador Paes de. Execução de Bens dos Sócios.8ª ed. São Paulo, Saraiva, 2007, p. 140/141. 
 
 
1
0 
Observa-se então, a súmula 184 do TFR
31
, que evoca o artigo 135, I e III, do CTN 
para, demonstrada a baixa irregular da PJ junto à Junta Comercial, legitimar a 
despersonalização da pessoa jurídica e, com isso, recair a execução sobre terceiro, ora 
embargante
32
. Não obstante, uma análise de um recurso sobre decisão da Justiça de Ribeirão 
Preto que concedeu, não sendo suficientes os fundos da PJ, que a execução prosseguisse 
sobre o sócio gerente. Tal decisão restou mantida, vez que o referido sócio, é sócio gerente, e 
se verificou a dissolução irregular da PJ. Outrossim, a defesa do sócio restou ineficiente, vez 
que, mesmo que o sócio não tenha o nome figurando como agente passivo contribuinte, é 
responsável nos termos do CTN por tais débitos quando agindo da forma com que agiu, a 
prejuízo do Fisco. Ressaltando que também se esclarece que não importa, aí, se a PJ possui 
responsabilidade limitada ou não, mas sim se há a presença de irregularidade. Citando-se, 
nesse quesito, jurisprudência do STF, em sendo (RTJ, 103/782 e 1274 e 106/1093; RE 
101962-0-RJ,100920-9-SP, 100195-0-DF e 95022-2-RJ)
33
. 
Mamede, com sua abordagem mais focada no CC, trás posicionamentos que servem 
para a responsabilização do sócio em face de matéria tributária, vez que despersonalizam a 
PJ. Com isso, verifica-se o Recurso Ordinário em Mandado de Segurança 16105/GO, 
examinado pela terceira turma do STJ onde se decidiu que se prestigiaria fraude, ou seja, 
legitimaria essa, caso não se desconsidera-se a personalidade jurídica em face de confusão 
patrimonial
34
. Disso, Mamede conclui, no que se deve concordar, que não é necessário que 
se desconsidere a personalidade jurídica da PJ, mas sim, pode-se configurar solidariedade, 
subsidiariedade ou mesmo, declaração de nulidade do ato que deu origem à obrigação de 
pagar
35
, aqui, para o presente trabalho, o fato gerador da obrigação tributária, como se vê 
flagrante no disposto no art. 134, III, do CTN quando se refere à solidariedade dos sócios 
administradores ou gerentes pelo inadimplemento a que deram causa. 
 
31
 Em execução movida contra sociedade por quotas, o sócio, citado em nome próprio, não tem legitimidade 
para opor embargos de terceiro, visando livrar da constrição judicial seus bens particulares. 
32
 ALMEIDA, Amador Paes de. Execução de Bens dos Sócios.8ª ed. São Paulo, Saraiva, 2007, p. 140/141. 
33
 ALMEIDA, Amador Paes de. Execuçãode Bens dos Sócios.8ª ed. São Paulo, Saraiva, 2007, p. 141/143. 
34
 MAMEDE, Gladston. Direito Empresarial Brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2007, p.229. 
35
 Idem. 
 
 
1
1 
Tem-se então, em pesquisa ao TRF4
36
, em decisão da quarta turma no processo AG 
38887620104040000 PR 0003888-76.2010.404.0000 que, mesmo acordando pela não 
despersonalização, apontou como justificativa a não comprovação de alguns dos casos legais 
previstos para tal despersonalização, demonstrando que não é simplesmente a vontade do 
ente federativo que fará com que se cobre terceiro como responsável no lugar do 
contribuinte. Concomitantemente, o mesmo Tribunal, no processo AG 42813 RS 
2009.04.00.042813-1, em decisão também da quarta turma, acordou que há necessidade de 
comprovação de encerramento irregular da PJ, e não apenas mera vontade de desconsiderar 
a personalidade jurídica da PJ. Padrão que se mantém em AG 25970 RS 2009.04.00.025970-
9. 
Consoante a isso, tem-se o Mandado de Segurança impetrado pelo TCU em face de 
pessoas jurídicas que agiram de forma fraudulenta, causando prejuízo ao Fisco, tratam-se do 
MS 24510, MS 26094 
e MS 26547 dos quais se subtrai a possibilidade jurídica de se desconsiderar a PJ e se 
cobrar diretamente dos sócios ao se verificar fraude no que tange as empresas da PJ. 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Ante o exposto, conclui-se que desconsiderar a personalidade jurídica de uma PJ é um 
recurso possível ao Fisco quando da busca pelo que lhe é devido, mas não é um ato que 
possa ferir direito de terceiros, no caso os sócios. É necessário que o sócio aja dolosa ou 
culposamente de modo a causar prejuízo direto ou indireto à PJ, fazendo assim com que ela 
não tenha condições de adimplir para com o Fisco. Sendo assim, verifica-se que não é 
indiscriminadamente que o sócio arcará com as obrigações tributárias da PJ, nem que só 
serão os sócios gerentes ou administradores, há outras condições, não diretamente expressas 
no CTN que isso faculta, vez que o CTN não é a única fonte de da matéria Direito 
 
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 Tribunal Regional Federal da 4ª Região. 
 
 
1
2 
Empresarial, porém, todo caso em que há a possibilidade de se executar o sócio, há uma 
ilicitude ou ato afim que justificam tal redirecionamento executório. 
 
6. REFERÊNCIAS 
 
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