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2. SETOR - A QUESTÃO AGRÁRIA NO NOVO MUNDO - 13.8.14

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A QUESTÃO AGRÁRIA NO NOVO MUNDO 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
- Opiniões correntes 
- “A questão agrária na América Latina é um nó indeslindável: uma dessas taras ou doenças que afligem sociedades que 
começaram mal, e cujos dirigentes nada ou quase nada fizeram para corrigí-la” 
◦ Nó indeslindável  nunca será desfeito, nada irá mudar [ideia que favorece quem tem o recurso] 
- Conduz uma crítica à matriz ideológica do neoliberalismo [mundo não vai ser alterado] (neoliberalismo é 
implementado nos anos 90 no Brasil) 
- Liberalismo – final do século XIX e início XX 
- Enquanto o problema da terra não for resolvido ele irá persistir [problemas de distribuição, conflitos] 
- Início: terra no Brasil já nasce concentrada [terra dada a amigos do rei] 
- Ao invés de resolver o problema, ampliam ele 
- Setor que dominava estado e terras manipulava estado para atender seus objetivos/se manter no poder [não é que 
não fizeram nada] 
 
- Foram as revoluções mexicanas, de base agrária, que evidenciaram o problema das estruturas latifundiárias 
- Feitas por populações que viviam no campo 
 
- O latifúndio foi tomado como foco para a compreensão do continente latino-americano e empecilho na concretização 
da justiça social 
- Problemas existem pois: posse da terra concentrada 
- Teorias para entender pobreza viam do urbano 
- Enquanto terra continuar concentrada não haverá justiça social 
 
- Hoje a luta se materializa entre as comunidades agrárias indígenas – bolsões de resistência [nos estados mais pobres 
 lutam para distribuição da terra] – e os grupos industriais agrários, polícia e exército [ligados ao avanço neoliberal] 
- Comunidade indígena = comunidade pobre 
 
- Exército Zapatista de Libertação Nacional 
- 2º maior movimento de luta pela terra 
- Mulheres = maioria [cargos de direção]  movimento predominantemente feminino 
 
- As disputas pela terra são recorrentes no México, Guatemala, Equador, Peru, Bolívia, Honduras, Nicarágua, El Salvador, 
Colômbia 
- Elas se inscrevem nos mecanismos que moldaram a colonização dos diversos países latino-americanos 
- Não se restringem, portanto, a um fato singular da história brasileira 
 
- Inicialmente – disputa pela terra: ricos x ricos (até 1950) 
- Da colonização até 1950: luta foi entre grandes proprietários de terra 
 
- Em nenhum país a terra é tão concentrada quanto no Brasil 
 
 
HERANÇA IDEOLÓGICA DO FEUDALISMO 
- Procuraram monopolizar as maiores extensões de terra possíveis 
- Sociedade feudal – 3 classes [clero, nobreza (guerrear e ócio), povo (servos  produziam riqueza pros nobres e nobres 
defendiam – mas eram essencialmente a força militar) 
- Nobre: perde guerra  perde nobreza  perde terras 
- Quanto + terra, + servos 
 
- Portugal e Espanha: nobres falidos 
- Portugal e Espanha foram vanguardas na navegação 
- Escola de navegação [em Portugal: Sagre] – conhecimento vindo dos árabes 
 
 
- Divisão do Brasil – capitanias hereditárias 
- Capitão: nobre rico 
- Nobre sem riquezas: quem realmente gerenciava a terra 
- Como montavam o engenho [comprar escravos, maquinaria]  buscam dinheiro com banqueiros, principalmente 
holandeses [pegam empréstimos pra iniciar cultivo de cana] 
- Já vem pro Brasil endividados 
- Pro fazendeiro pagar a dívida tinha que vender o açúcar dentro do Brasil 
- Holandês compra açúcar e estoca – açúcar não perde fácil 
- Levar do Brasil para a Europa: riscos 
- Não entrava via Portugal – entrava via Holanda 
- Contexto mundial: Portugal  produtor pobre 
- Século 18 pra frente  senhor do engenho está falido 
 
CAFÉ 
- Produzido no Brasil 
- Impacto social e ambiental fica no Brasil 
- Parte final no beneficiamento vai para Alemanha 
- Alemanha dita quanto vai pagar pelo produto  Não é o grande produtor que dita o valor  é o comprador 
- Economia dependente: depende do comprador para conseguir sobreviver 
- Setor agroexportador dependente 
 
- A voracidade na acumulação de terras deveu-se a ânsia por prestígio, poder, mando e títulos de nobreza 
- Ter a posse da terra não era associada ao lucro [considerando capitalismo] 
- Mentalidade ainda é feudal  pouco relacionada aos investimentos e aos lucros 
- Lei de seis marias: qualquer pessoa podia explorar a terra desde que produzisse 
- Por isso nobre vai produzir mesmo sem a ideia de que posse dá lucro 
 
- Prescindia da iniciativa empresarial, do espirito de inovação 
- Produzia o que a metrópole demandava 
- Quem não tinha a posse da terra  produzia [se sujeitavam a quem tinha a posse – tinham que dividir a produção 
com quem tinha a terra]  maior parte da produção ia pro produtor 
 
- Cede a terra pra alguém que não tem posse  entende isso como favor  me deve obrigação  exploração 
dissimulada  quanto maior propriedade rural mais trabalhadores livres  escravo era extremamente caro – se 
escravo morre perde dinheiro  trabalhador livre não tinha custo – não precisava vigiar, se morresse não tinha 
prejuízo 
- Para isso funcionar não são muitas pessoas que podem ter posse - DESIGUALDADE 
- Ao ter muita terra impedia que outras tivessem – uma pessoa tinha domínio sobre várias terras, domínio sobre estado 
 
- A monopolização da terra constituía um instrumento fundamental para se dominar as instituições políticas e 
monopolizar o poder politico 
- Ademais, seria um meio de eliminar competidores, rivais, chefes políticos concorrentes [guerras entre grandes 
propriedade – tomar terra do outro] 
 
- Grande proprietário normalmente era padrinho das pessoas que viviam na terra 
- Padre Cícero [apelo religioso] – força militar: Lampião 
 
- Assim, o novo país seria estruturado com base em um sistema político atrasado, personalista e antidemocrático 
[votavam nas pessoas] 
- Determinado historicamente 
- Caracterizado pelo latifúndio, conservadorismo social, econômico e pelo coronelismo 
 
- Não se poderia obter as mesmas glórias – prestígio, poder e mando – através de outras atividades? O tráfico era de 
escravos, comércio, mineração 
- De fato, a noção de prestígio não se desvinculou do poder econômico 
- Mas o poder econômico, por si só, não gerava prestígio 
- As fortunas acumuladas através do comércio, da mineração, do tráfico negreiro, conferiam ao seu detentor um 
estigma de plebeu [não era riqueza nobre] 
- Novo rico – plebeu 
- Dessa forma, o investimento na propriedade rural e o desempenho de uma atividade no domínio agrário, de cunho 
eminentemente aristocrático, funcionaria como uma confirmação do prestigio econômico e apagaria a marca plebeia 
- Rico  prestígio 
- Riqueza tinha que ser confirmada pela posse da grande propriedade rural 
 
- Não se pode esquecer que se trata de uma sociedade aristocrática, valorizadora do ócio e que não perdoava aqueles 
que necessitavam trabalhar 
 
- O resultado dessa ideologia foi a multiplicação dos latifúndios e a instituição do trabalho compulsório [escravo  
não tem acesso à terra – se sujeita as regras de quem tem] 
- Brasil: terra + concentrada entre os países de economia capitalista significativa 
 
- Trabalhador livre: mais penalizado que escravo, marginalizado 
- Ele que produziu o alimento no Brasil colônia 
- Não vai gastar escravo para produzir próprio alimento 
 
- Pequena propriedade (24% da terra) produz 70% dos alimentos que consumimos 
- Grande propriedade: cultura de exportação 
- Dicotomia moldada no processo de colonização [herança feudal que transplantaram para a nova terra]  Brasil nunca 
teve feudalismo, mas o processo das terras foi guiado por uma ideologia feudal [mas no sistema capitalista] 
- Sistema de trabalho na produção de cana não é capitalista [só economia] 
- Depois da década de 60 que se pode falar em trabalhador assalariado 
 
- O trabalho compulsório foi instituído porque a Europa não dispunha de contingentes populacionais suficientes para 
que se empreendessem migrações massivas 
- Porque o escravo não foi o índio: tráfico dava lucro,índios no Brasil eram pacíficos, hábito do cunhadismo [população 
se tornou mestiça  tribos davam as filhas pra europeu casar (ganhar aliados)], contato com português dizimou 
grande parte da população [doenças, guerras, dominadas por portugueses] 
- Primeiro motivo: econômico [tráfico dava lucro] e depois já não tinha mais índio para trabalhar 
- Boa parte dos escravos que chegavam viam de traficantes brasileiros principalmente situados em Salvador 
 
- Por outro lado, os colonizadores precisavam estabelecer núcleos permanentes de produção e mercadorias para 
garantirem um fluxo constante para Europa 
- O que obrigou a pessoa que recebeu a terra a produzir 
- Se não produzir toma a terra de volta 
 
- Assim, a vastidão das áreas se justificava também para minimizar a concorrência por mão de obra [trabalhador livre] 
- Disputa por mão de obra livre 
- Domina mais se é o único proprietário de terra da região 
 
 
2. FORMAS DE ORGANIZAÇÃO COMPULSÓRIA DO TRABALHO: ESCRAVIDÃO 
 
- Não caracterizar trabalhadores como escravos = proteger grandes proprietários = fazendas não vão para reforma 
agrária 
 
- Encomenda: obrigatoriedade do fornecimento de mão de obra gratuita 
- América espanhola [não Brasil] 
- O que era terra do índio virou do colonizador 
- Pra não serem mortos índios tinham que trabalhar uma vez por semana de graça 
- Inquilinato: trabalhador residente é obrigado a prestar servidões gratuitos 
- Cessão de uma pequena área para cultivo próprio, com obrigatoriedade de o receptor trabalhar a terra do locador 
[vive de favor  semelhante a feudalismo (tinha contrato social, nobre fornecer segurança)] 
- Peonagem por dívidas: trabalhador recebe adiantamento ou fornecimento do barracão do proprietário e deve pagá-
los com serviços [associado a inquilinato] 
- Trabalha para pagar adiantamento  vai fazendo dívidas  tem que trabalhar sempre 
- Inquilinato tem algo a mais  o que a pessoa produz ela tem que vender pro dono da terra 
3. INDEPENDÊNCIA 
 
- A independência dos países latino-americanos pouco contribuiu para mudar as estruturas agrárias coloniais [de 
posse e uso da terra] 
- Em certos casos a reforçou 
 
- Os novos dirigentes preservaram o sistema produtivo interno... [não muda desconcentração] 
- Elite faz independência para favorecê-la, se manter no poder 
 
... E renovaram os laços econômicos com as antigas metrópoles, consolidados em condição subordinada [mais 
subordinada que antes como colônia mesmo]  é o que se denominou neocolonialismo 
 
 
4. REFORMAS LIBERAIS DO SÉCULO XIX 
 
- Visaram modernizar as estruturas latino-americanas, com base nas ideias liberais vigentes no mundo capitalista em 
expansão 
- Inglaterra  buscava dominar a América Latina economicamente [tomar do pobre e dar pro rico]  extremamente 
conservadoras  para elite  o que já era concentrado ficou mais ainda] 
 
- De acordo com a visão liberal, o atraso latino-americano devia-se a preguiça, ao conservadorismo católico, à 
desconfiança do poder da técnica [o que foi moderno, ficou atrasado ao passar dos anos] 
- Tratava-se de uma herança ibérica 
 
- A terra constituiu o alvo das reformas liberais: o sistema latifundiário foi fortalecido 
- Milhões de camponeses foram expulsos 
- E suas terras disponibilizadas para empresas capitalistas modernas 
 
- Posseiros: não posse legal, mas tem posse de fato 
- Áreas não utilizadas pelo produtor para plantar, ao redor das grandes propriedades 
- Desmatavam mata, proprietário compra terra, passam a trabalhar pro proprietário [estrutura de casa grande, 
dominam produção/distribuição do alimento] 
- Compra era nunca forma de acesso à terra 
 
Brasil: lei de terras de 1950 [estipula valor de compra de terra muito alto] 
Mexico: lei de terras de 1857/59 e lei de colonização e terrenos baldios de 1875 
 
- Lei de terras = só consegue terra por compra 
- Título reconhecido 
- Recebe seis marias 
 
- Quem se apodera da terra não recebe seis marias  tem pouco dinheiro  tem que comprar por valor alto  outro 
grande proprietário compra  posseiro tem propriedade desapropriada  tem que trabalhar pro grande 
proprietário

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