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Direito Processual Civil - Aula 01

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Aula 01
Curso: Direito Processual Civil p/ TRF 3ª Região (Técnico Judiciário - Área
Administrativa)
Professor: Gabriel Borges
053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito
 Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região 
 Teoria e Exercícios comentados 
 Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 01 
 
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ TRF-3ª Região ± TÉCNICO JUDICIÁRIO ± 
ÁREA ADMINISTRATIVA 
 
AULA 01: Da Ação. Do Processo e Do Procedimento. 
 
SUMÁRIO PÁGINA 
1. Capítulo II: Da Ação 
1. Teorias da ação 
2. Elementos da Ação 
2.1. Partes 
2.2. Pedido 
2.3. Causa de pedir 
2.4. Condições da ação 
2.4.1. A possibilidade jurídica do pedido 
2.4.2. A legitimidade para agir em juízo 
2.4.2.1. Legitimidade ordinária versus extraordinária 
2.4.3. Interesse de agir 
2.4.4. Carência de Ação 
2.4.4.1. Diferença entre carência de ação e 
improcedência de ação 
2.5. Classificação (Ação) 
2.5.1. Quanto à natureza da relação jurídica 
2.5.2. Quanto ao objeto do pedido mediato 
2.5.3. Quanto à tutela jurisdicional 
2.6. Classificação das ações de conhecimento 
(certificação) 
2.6.1. Ações de prestação 
2.6.2. Ações Constitutivas 
2.6.3. Ações Declaratórias 
2.6.4. Ações dúplices 
2.7. Concurso das ações 
02 
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 Teoria e Exercícios comentados 
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3. Pressupostos Processuais 
3.1. Pressupostos da existência 
3.2. Requisitos de validade 
2. Capítulo III: Do Processo e do Procedimento 27 
3. Resumo 47 
4. Questões comentadas 51 
5. Lista das questões apresentadas 78 
6. Gabarito 89 
 
CAPÍTULO II: DA AÇÃO 
A definição da ação pode ser analisada constitucional, processual e 
materialmente. 1) Em sua definição constitucional, é direito fundamental, 
abstrato e autônomo. 2) Na concepção processual, é o direito de ir a juízo. 3) Na 
material, consiste no poder de pleitear um direito perante alguém. 
Para nosso estudo consideraremos, sobretudo, a ótica processual (2), que 
GLVVHPRV�D�SULQFtSLR�VHU� ³R�GLUHLWR�GH� LU�D� MXt]R´��PDV�DSURIXQGDUHPRV�VXD�DQiOLVH��
Não é tão fácil obter um conceito, na acepção processual de ação. É, na verdade, 
uma definição polêmica de ser trabalhada na ciência processual, já que não há 
consenso doutrinário. Há várias teorias sobre o tema e apesar das divergências, não 
podemos negar que os estudos feitos e o progresso alcançado foram fundamentais 
para o Direito Processual. 
Frisamos que qualquer que seja a concepção adotada, a ação é um dos 
institutos mais relevantes do Direito Processual, já que, devido ao princípio da 
inércia de jurisdição, o Estado somente se manifestará depois de ser provocado pela 
parte interessada. 
A provocação se dá pelo exercício da ação. 
 Pessoal, vamos trabalhar um assunto espinhoso, não vou mentir. Fiquem 
atentos e tentem compreender ao final a resolução de uma questão do ano de 2012 
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 Teoria e Exercícios comentados 
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aplicada ao concurso de Procurador da Fazenda Nacional, carreira da PGFN. 
1. TEORIAS DA AÇÃO 
1 ± Teoria imanentista (ou civilista): (Imanente é um adjetivo que descreve 
o que existe sempre num objeto e é inseparável dele). Essa teoria, atualmente 
superada, exerceu grande influência no século XIX. O direito de ação é o direito 
material em movimento. Não existe um direito de ação autônomo, ele é o próprio 
direito material. A ação, asVLP�HUD�HQWHQGLGD��FRPR�³HOHPHQWR�FRQVWLWXWLYR�GR�GLUHLWR�
VXEMHWLYR´�� RX� VHMD�� PHUD� PDQLIHVWDomR� GR� GLUHLWR� PDWHULDO�� HUD� D� PDQHLUD� FRPR� R�
direito material se manifestava após a incidência de uma lesão. 
Esclarecendo: o direito material refere-se ao conteúdo, descreve aquilo a 
que se tem direito; ao passo que o direito formal refere-se à possibilidade de 
perseguição deste direito. 
 
2 ± Teoria concreta da ação (ou teoria do direito concreto de agir): 
primeira a distinguir os direitos material e de ação (formal). 
O direito de ação pertence ao indivíduo contra o Estado, para que ele 
obtenha uma sentença favorável e ao mesmo tempo contra a outra parte, que se 
submeterá à decisão do Estado. Por essa corrente, há autonomia do direito de 
ação em relação ao direito material, mas não independência; de modo que para que 
haja o primeiro, o segundo deve existir. Afirma, assim, essa teoria que para a 
existência do direito de agir há de existir o direito material. 
Em outras palavras, a ação é um direito autônomo do material, mas que só 
existe nos casos em que a decisão judicial é favorável ao autor. De modo que o 
direito de ação, posteriormente, torna-se dependente da existência real do direito 
material ± SRU� LVVR� VH� GL]� ³FRQFUHWR´�� GHSHQGrQFLD� SRVWHULRU� GD� UHDO� HIHWLYDomR do 
direito material, da concretude desse direito. 
 
3 ± Teoria Abstrata (Teoria do direito abstrato de 
agir): considera autônomos e independentes direito de ação e direito material. O 
direito de ação é o direito abstrato de obter prestação jurisdicional do Estado, ou 
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seja, o direito de provocar a atuação do Estado-Juiz. Nas palavras de Alexandre 
Freitas Câmara ³SDUD� HVVD� FRQFHSomR� GD� DomR�� HVWH� VHULD� XP� GLUHLWR� LQHUHQWH� j�
personalidade, sendo certo que todos seriam titulares do mesmo, o que significa 
dizer que todos teriam o direito de provocar a atuação do Estado-Juiz, a fim de que 
VH�H[HUoD�D� IXQomR� MXULVGLFLRQDO�´ Dessa forma, mesmo que o magistrado negue a 
pretensão ajuizada pelo autor, ou seja, negue o direito material levado a juízo, este 
tem o direito de ação ± o direito de levar à juízo a sua pretensão. 
Reparem que nessa teoria há duas relações jurídicas diferentes: uma é a 
relação processual entre o demandante (autor) e o Estado-Juiz, chamada de Direito 
de ação; a outra é a relação processual material formada entre as partes (autor e 
réu) na lide, de Direito Material. 
 
4 ± Teoria da Asserção: (Asserção significa afirmação, proposição tida 
como verdadeira). Essa teoria está entre a abstrata e a eclética. Se o juiz perceber 
por uma análise sumária, com base nos elementos oferecidos pelo próprio 
autor, a ausência de alguma condição da ação, deve extinguir o processo sem 
julgamento de mérito. Mas, se o julgamentoé posterior, não se baseando no que foi 
alegado pelo autor, a situação é de improcedência do pedido e não de carência de 
ação. 
Exemplo: ação de alimentos. Se em momento posterior ao pedido, 
verifica-se a ausência de vínculo de filiação, será o pedido considerado 
improcedente. 
Dúvida: 
As teorias da asserção e da prospectação se tocam de alguma forma? 
Na verdade elas são tidas como sinônimas, mas a Teoria da Prospectação 
tem no direito italiano variações que não se comunicam com a Asserção. Para nosso 
concurso podemos considerar como idênticas: Asserção ou Prospettazione. 
 
Depois de vermos a teoria eclética (abaixo) faremos breve confrontação 
entre essas duas últimas correntes, o que nos ajudará a entender melhor uma e 
outra. 
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5 ± Teoria Eclética ou Mista: elaborada por Liebman, consiste em uma 
espécie de teoria abstrata com certos elementos adicionais. O direito de ação não 
depende do direito material, mas do preenchimento de requisitos 
formais: condições da ação. O direito de ação existe quando o autor tem direito 
a um julgamento de mérito. 
³$� WHRULD� HFOpWLFD� GD� DomR� WHP�� WDPEpP�� QDWXUH]D� DEVWUDWD��
visto que não condiciona a existência do processo à do direito 
material afirmado pelo autor. Em outras palavras, para a teoria 
eclética, assim como para a teoria abstrata, ação existe ainda 
que o demandante não seja titular do direito material que 
afirma existir. Difere, porém, a teoria eclética da abstrata por 
considerar a existência de uma categoria estranha ao mérito da 
causa, denominada condições da ação, as quais seriam 
requisitos de existência do direito de agir. Para a teoria que ora 
examina, o direito de ação só existe se o autor preencher tais 
³FRQGLo}HV´�� GHYHQGR� R� SURFHVVR� VHU� H[WLQWR�� VHP� MXOJDPHQWR�
do mérito, se alguma delas estiver ausente (hipótese em que 
VH�WHP�R�IHQ{PHQR�TXH�VH�FRVWXPD�GHVLJQDU�SRU�³carência de 
DomR��´ (Câmara, Alexandre Freitas, Lições de Direito 
Processual Civil, pág. 119) 
Essa teoria vem sofrendo críticas pela doutrina moderna, mas é a que está 
consagrada no CPC. Em seu art. 267, VI: extingue-se o processo, sem resolução de 
mérito: quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade 
jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual. 
É exatamente por este entendimento: de que não se julga o mérito quando 
ausente alguma das condições da ação, que a Teoria Eclética tem recebido críticas. 
A distinção entre mérito e condições da ação, feita por esta teoria, só se 
justifica porque o ordenamento pátrio distingue os efeitos jurídicos da sentença de 
carência e de improcedência. Quando há julgamento de mérito, considera-se 
prestada a tutela jurisdicional; enquanto ao ser considerada carente a ação, o 
julgamento prestado é somente de forma. 
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TEORIA DA ASSERÇÃO X ECLÉTICA 
A crítica que fazem os teóricos da asserção em relação à eclética decorre 
de que esta [eclética] somente reconhece a atividade jurisdicional quando há 
apreciação do mérito. A teoria da asserção entende, ao contrário, que mesmo não 
tendo sido observadas as condições da ação, terá havido sim atividade 
jurisdicional. 
A Teoria da Asserção tem sido cada vez mais adotada pelos tribunais. Veja 
ementa de julgado recente do STJ: 
PROCESSUAL CIVIL -ADMINISTRATIVO -RESPONSABILIDADE CIVIL DO 
ESTADO -AUSÊNCIA DE NEXO CAUSAL NA NARRAÇÃO CONTIDA NA 
PETIÇÃO VESTIBULAR -CONDIÇÕES DA AÇÃO -LIMITES RAZOÁVEIS E 
PROPORCIONAIS PARA A APLICAÇÃO DA TEORIA DA ASSERÇÃO -
ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM DO ENTE ESTATAL. 
1. A teoria da asserção estabelece direito potestativo [aquele direito que não 
se pode contestar/ incontroverso] para o autor do recurso de que sejam 
consideradas as suas alegações em abstrato para a verificação das condições da 
ação, entretanto essa potestade deve ser limitada pela proporcionalidade e pela 
razoabilidade, a fim de que seja evitado abuso do direito. 
2. O momento de verificação das condições da ação, nos termos daquela 
teoria, dar-se-á no primeiro contato que o julgador tem com a petição inicial, ou 
seja, no instante da prolação do juízo de admissibilidade inicial do procedimento. 
Logo, a verificação da legitimidade passiva ad causam independe de dilação 
probatória na instância de origem e de reexame fático-probatório na esfera 
extraordinária. 
3. Não se há falar em legitimidade passiva ad causam quando as alegações 
da peça vestibular ilustrarem de maneira cristalina que o réu não figura na relação 
jurídica de direito material nem em qualquer relação de causalidade. Agravo 
regimental provido. (Processo: AgRg no REsp 1095276 MG 2008/0225287-8. 
Relator(a): Ministro HUMBERTO MARTINS. Julgamento: 25/05/2010. Órgão 
Julgador: T2 - SEGUNDA TURMA. Publicação: DJe 11/06/2010) 
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Vamos analisar item por item de uma questão de bom nível de dificuldade, para 
Procurador da PGFN, que nos ajudará na abordagem do assunto: 
(ESAF 2012 ± PGFN) O direito de ação sempre foi um dos mais polêmicos temas 
da ciência processual, proliferando-se, ao longo da história, inúmeras teorias para 
explicá- lo. Sua importância se destaca, em especial, pois corresponde a um 
iniludível ponto de contato entre a relação jurídica material e a relação jurídica 
processual, sobretudo quando analisado sob a ótica do ato que dá início ao 
processo e delimita seu objeto litigioso. No Brasil, o direito positivo sofreu nítida 
influência da doutrina de Enrico Tullio Liebman, que, com sua teoria eclética da 
ação, propôs a categoria das condições da ação, alocadas entre os pressupostos 
processuais e o mérito da demanda. 
Sobre o tema, identifique a opção correta. 
a) O direito de ação pode ser atualmente identificado como um direito público 
subjetivo, abstrato, autônomo da relação jurídica material, cuja existência 
dependerá da procedência da demanda proposta em juízo. 
Item errado. Este é o argumento é da Teoria Concreta, que liga a 
procedência do pedido ao direito de ir à juízo. Ela está superada, não vinculamos 
mais o direito de pedir ao direito material. 
b) Friedrich Carl Von Savigny, notável jurista alemão que se dedicou ao estudo 
profundo do direito romano, é citado pela doutrina como um adepto da teoria 
abstrativista, em decorrência da concepção de que se opera uma metamorfose no 
direitomaterial quando lesado, transformando-se, assim, na actio. 
Item errado. O Savigny é um grande nome da Teoria Imanentista, que como 
vimos é aquela que prega não haver ação sem direito; e não haver direito sem 
ação; de maneira que a ação segue a natureza do direito. 
c) É da famosa polêmica entre Windscheid e Muther que percebemos significativo 
avanço na ciência processual. Associou-se a ideia da actio romana com a da 
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pretensão de direito material, o que definiu a autonomia entre o direito material e o 
direito de ação, consubstanciando, assim, definitiva passagem da teoria concreta 
para a teoria abstrata da ação. 
 Item errado. Bom falarem deste caso. Muther se levantou contra o 
pensamento de Windscheid. Para ele, ação consistiria no direito à tutela do Estado, 
cabendo a quem fosse ofendido em seu direito. Desse modo, ação seria um direito 
contra o Estado para invocar a tutela jurisdicional, distinto do direito material, o qual 
se quer resgatar. Ainda que discordasse de algumas questões postas pelo 
adversário, Windscheid admitiu a existência de um direito de agir face ao Estado e 
outro contra o devedor, mas entendia que um fosse pressuposto do outro. A 
discussão entre os dois juristas mostrou-se mais do que discordante, na verdade, 
complementares. A banca considerou errado este item por seu final, quando se falou 
em passagem da Teoria Concreta para a Abstrata, como se tivesse havido 
superação da primeira. Isso não ocorreu, os concretistas continuaram influenciando 
o debate sobre das teorias da ação e contribuindo para a criação de novas correntes 
com elementos que empregavam. 
 
d) Enrico Tullio Liebman propôs a categoria das condições da ação, afirmando que, 
se não fossem preenchidas as três condições inicialmente formuladas, o autor seria 
carecedor do direito de ação. Para Liebman, essa ideia deveria ser interpretada à luz 
da teoria da asserção, segundo a qual as condições da ação são examinadas a 
partir das alegações do autor (in status assertionem). Caso fosse necessária a 
dilação probatória para aferir a presença das condições da ação, estaríamos diante 
de um julgamento de mérito e não mais de pura carência de ação. 
 Item errado. O maior erro da questão está em atribuir a Liebman a análise 
segundo a Teoria da Asserção, sendo que suas ideias remetiam à Teoria Eclética; 
mas mesmo este erro pode ser contestado já que Liebman revisou sua teoria e 
aproximou-a dos pensadores da asserção. Depois há uma fundamentação que se 
liga à Teoria da Asserção e não à Eclética. 
 
e) Um dos maiores expoentes da teoria do direito concreto de agir foi Adolf Wach, 
desenvolvendo suas ideias a partir da teorização da ação declaratória. Para nosso 
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autor, o direito de ação efetivamente é autônomo em relação ao direito material, 
porém só existirá se a sentença ao final for de procedência. 
 Item correto. Wach foi quem desenvolveu a Teoria do Direito Concreto de 
Agir, segundo a qual somente a decisão que reconhece caber ao autor o direito 
material alegado legitimaria o exercício do direito de ação. 
 
Bela questão, não é mesmo?! Vamos tratar dos elementos da ação e das 
condições da ação, nas próximas páginas. São coisas distintas, fiquem atentos a 
isso! As condições da ação, que falaremos mais à frente, constituem a figura sobre a 
qual discorremos nas linhas anteriores, tão importante para trabalhar as teorias da 
ação. 
1) Ainda restou dúvida em relação à Teoria Eclética e à Teoria da Asserção?! 
Vamos ver um conceito mais objetivo acerca das Teorias. 
 
A Teoria Eclética, que se adota no CPC, prevê o preenchimento de 
condições da ação para que ela seja levada adiante. As condições da ação são 
abstração jurídica, mas sem elas não se admite levar adiante a ação. Seria como 
se, a partir de uma análise prévia, o autor tivesse que demonstrar estarem 
presentes os elementos condicionantes da procedência de seu pedido, um pré-
julgamento com análise das alegações do autor, com o problema de que esse 
julgamento é formal, somente, não gera análise de mérito. 
 
Na Teoria da Asserção esse julgamento será a princípio formal se houver 
indeferimento com base nas alegações do autor; mas se tomando como certas as 
alegações, vem-se verificar posteriormente que eram imprecisas as alegações do 
autor relativamente às condições da ação, ter-se-á decisão de mérito. Distinção que 
aí se faz entre a Teoria Eclética e a da Asserção. A Teoria Eclética faculta a dilação 
probatória das condições da ação, mas recusa o entendimento de que isso dê 
mediante exame de mérito. 
 
 
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2. ELEMENTOS DA AÇÃO 
São três os elementos da ação: as partes, o pedido e a causa de pedir. Eles 
fixam limites à relação processual, verificando quem será atingido e quem será 
beneficiado pelos efeitos do processo. Além disso, os elementos impedem a 
propositura de ações repetidas, o que caracterizaria litispendência, e servem 
igualmente para indicar ações marcadas pela conexão [que estão ligadas, conexas]. 
 
2.1. PARTES 
Seu conceito distingue-se em duas linhas: uma aberta, que considera parte 
todo sujeito que atua na relação processual, defendendo seu direito ou de terceiro; 
outra estrita, que considera parte somente o demandante da tutela jurisdicional ou 
contra quem se demanda. 
A parte classifica-se em processual ou material. A parte processual se inclui 
na relação jurídica processual; integra o contraditório; assume qualquer das 
situações processuais; atua com parcialidade e pode sofrer consequências da 
sentença. Ela pode ser tanto da demanda (autor ou réu) como parte auxiliar, que, 
embora não formule ou não tenha contra si pedido formulado, é sujeito do 
contraditório. (Ex: o assistente simples). Dessarte, existem as partes principais, 
demandante e demandado, e as partes de demandas incidentais, que podem ou 
não ser as mesmas da demanda principal. 
A parte material ou do litígio é a parte da relação jurídica discutida em juízo; 
pode ou não ser parte da ação. Há casos de legitimação, para defesa em nome 
próprio, de interesses de outrem. É o que acontece com o Ministério Público na 
defesa de hipossuficientes: defende interesses de um terceiro, mas atua em nome 
próprio. A parte será considerada legítima quando tiver a devida autorização para 
estar em juízo; ou ilegítima quando,apesar de estar em juízo, não tiver a 
autorização necessária para estar presente. 
Há também a parte complexa, que é o conjunto formado pelo incapaz e seu 
representante ou pessoa jurídica e o seu órgão presente. Em suma, constitui-se pela 
comunhão entre parte ilegítima e seu representante. 
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2.2. PEDIDO 
O pedido é aquilo que se pretende com a ação, a providência jurisdicional. 
Costuma-se classificar o pedido em imediato (processual) e mediato (material). Ele 
deve ser certo e determinado, diferente do que diz o art. 286 do CPC, que utiliza a 
conjunção alternativa [ou] em lugar da aditiva [e]. 
 
2.3. CAUSA DE PEDIR 
O Brasil adota para a causa de pedir a teoria da substanciação, criada pelo 
Direito alemão, no qual a causa de pedir independe da natureza da ação, sendo 
criada somente pelos fatos jurídicos descritos pela autoria. 
Dúvida: 
A teoria da substanciação da causa de pedir independe da natureza da 
ação? 
A causa de pedir não se define pelo que alega o autor, mas pelos fatos por 
ele alegados e resistidos pela outra parte. Não importa, assim, os dispositivos legais 
mencionados pelo autor, o juiz poderá decidir a causa com base em outros 
dispositivos, levando em conta os fatos narrados na demanda. 
 
 
Art. 3o: Para propor ou contestar ação é necessário 
ter interesse e legitimidade. 
Art. 4o: O interesse do autor pode limitar-se à 
declaração: 
I ± da existência ou da inexistência de relação 
jurídica; 
II ± da autenticidade ou falsidade de documento. 
Parágrafo único. É admissível a ação declaratória, 
ainda que tenha ocorrido a violação do direito. 
Art. 5o: Se, no curso do processo, se tornar litigiosa 
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relação jurídica de cuja existência ou inexistência depender o 
julgamento da lide, qualquer das partes poderá requerer que 
o juiz a declare por sentença. 
Art. 6o: Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, 
direito alheio, salvo quando autorizado por lei. 
 
2.4. CONDIÇÕES DA AÇÃO 
O processo civil brasileiro adotou uma visão eclética sobre o direito da ação: 
é a garantia do julgamento do mérito da causa. Para que ocorra o julgamento, é 
necessário preencher certas condições que serão aferidas sob o guarda-chuva da 
relação jurídica material deduzida em juízo. 
São condições para o julgamento: a legitimidade ad causam, o interesse de 
agir e a possibilidade jurídica do pedido. 
 
2.4.1. A POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO 
Não se confunde com a previsão, in abstracto, na lei. Pelo contrário, a 
possibilidade jurídica do pedido pode ser analisada pela falta de previsão que a 
torne inviável. 
Em outras palavras, há impossibilidade do pedido quando a lei assim 
determinar. Exemplo: Pedir a separação do Estado de São Paulo da federação. 
 
2.4.2. A LEGITIMIDADE PARA AGIR EM JUÍZO 
Parte legítima é a que está em posição processual equivalente com a 
situação legitimadora, derivada de previsão legal. Exemplo fictício: se Alfeu pretende 
obter uma indenização de Beto, é necessário que Alfeu seja quem está na posição 
jurídica de vantagem e Beto seja o potencial responsável pelo dever de indenizar. 
2.4.2.1. LEGITIMIDADE ORDINÁRIA VERSUS EXTRAORDINÁRIA 
A legitimação ad causam pode ser dividida em ordinária e extraordinária. Na 
legitimidade ordinária, há identidade entre a situação legitimante e as situações 
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jurídicas sob a apreciação do magistrado. Desse modo, as figuras das partes são 
correspondentes com os polos da relação jurídica. O legitimado ordinário defende 
em juízo interesse próprio. 
Na legitimidade extraordinária (substituição processual), não há conexão 
total entre a situação legitimante e as situações jurídicas sob apreciação do 
magistrado. O legitimado extraordinário é o sujeito que defende em nome próprio 
interesse alheio. 
(TJ ES 2011) Os sujeitos da relação processual são, em regra, as partes e o 
juiz. O autor deve ser o titular do direito por ele reclamado em juízo, sob pena 
de não ter o seu pedido examinado; entretanto, de acordo com a sistemática 
processual, o autor pode postular em nome próprio direito de terceiro, sempre 
que isso representar um benefício para o terceiro em defesa de quem postule. 
a) Certo 
b) Errado 
 
³$UW� 6° Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo 
TXDQGR�DXWRUL]DGR�SRU�OHL�´ 
Gabarito: Errado 
 
É dividida em espécies de legitimação extraordinária autônoma ou 
subordinada. Nesta, o legitimado assume posição acessória no processo, de modo 
que o titular da relação jurídica em questão deve estar presente. Geralmente, atribui-
se a legitimação subordinada a titular de outra relação jurídica, mas que tenha nexo 
com a principal. Naquela, de modo independente da atuação do titular do direito em 
litígio, o legitimado extraordinário pode conduzir o processo. 
Professor, o que vem a ser o conceito de Legitimidade extraordinária 
autônoma? 
A legitimidade extraordinária autônoma nomeia a participação de um 
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legitimado a atuar no processo, diferente do titular do direito material ± ele passa a 
ter o condão de movimentar o processo de forma autônoma, diminuindo a 
importância da participação do titular do direito material. Diz-se extraordinária 
porque é uma legitimidade conferida a outrem, não titular do direito pleiteado. 
Ocorre mediante previsão legal. 
 
2.4.3. INTERESSE DE AGIR 
O interesse de agir constitui-se no binômio: adequação, necessidade. Fala-
se em adequação relativamente à opção pelo meio processual que possa vir 
a produzir resultado útil. De modo que, se alguém tem consigo título executivo, não 
terá interesse em processo de conhecimento, porque não há pendenga a ser 
resolvida. Nesse caso, deve o interessado perseguir a imediata execução do título. 
Fala-se em necessidade do provimento judicial quando, somente por meio 
dele, o sujeito poderá obter o bemalmejado. Uma vez que possa ser alcançado o 
resultado sem a prestação judicial, não existirá interesse de agir (exemplo: a 
cobrança de dívida que sequer tenha vencido). 
 
 
 
 
2.4.4. CARÊNCIA DE AÇÃO 
Reconhecida de ofício, a carência de ação é matéria de ordem pública. As 
condições da ação devem estar presentes no processo tanto no momento da 
propositura como ao longo do julgamento. Na ausência de uma das condições de 
modo superveniente, o juiz conhecerá o autor como carecedor da ação. 
Alguns doutrinadores entendem que a análise das condições da ação deve 
ser feita no início do processo, para evitar seu prosseguimento desnecessário. 
Contudo, há duas teorias que versam sobre a ausência das condições da ação 
quando aferida somente depois da produção de prova: a teoria da apresentação, 
Condições da 
Ação 
Legitimidade das partes; 
possibilidade jurídica do pedido e 
interesse de agir. 
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defendida majoritariamente pelos doutrinadores, na qual a decisão da sentença será 
de carência da ação; e a teoria da prospectação, em que a sentença será de 
mérito diante do aprofundamento da cognição. 
 
2.4.4.1. DIFERENÇA ENTRE CARÊNCIA DE AÇÃO E IMPROCEDÊNCIA DE 
AÇÃO 
Na carência da ação, o magistrado declara que há falta de condição da 
ação, sem apreciar o mérito. Posteriormente, poderá ser repetida ou renovada a 
demanda (o autor deverá pagar as custas e despesas processuais, bem como os 
honorários advocatícios a que foi condenado). 
Por sua vez, na improcedência da ação, o magistrado decidirá acerca do 
mérito da demanda e declarará que o autor, segundo o direito material aplicável, não 
faz jus à providência pleiteada. Nesse caso, pelo fenômeno da coisa julgada, a 
sentença torna-se imutável, não havendo possibilidade de posterior renovação ou 
repetição. 
 
2.5. CLASSIFICAÇÃO (AÇÃO) 
2.5.1. QUANTO À NATUREZA DA RELAÇÃO JURÍDICA 
Classificam-se de acordo com a relação jurídica estabelecida em juízo: 
a) Relação jurídica real: ação real; 
b) Relação jurídica pessoal: ação pessoal. 
A ação real visa a tutelar direito real, aquele que recai sobre a coisa. É o 
direito sobre a coisa. Ex: a propalada ação de usucapião. 
O Código Civil elenca no art. 1.225 modalidades de direitos reais: 
Art. 1.225. São direitos reais: I - a propriedade; II - a superfície; III - as 
servidões; IV - o usufruto; V - o uso; VI - a habitação; VII - o direito do promitente 
comprador do imóvel; VIII - o penhor; IX - a hipoteca; X - a anticrese; XI - a 
concessão de uso especial para fins de moradia; XII - a concessão de direito real de 
uso. 
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As ações possessórias, a despeito de terem regramento jurídico muito 
próximo ao das ações reais, com elas não se confundem. As ações possessórias 
seguem uma estrutura própria, em que não se questiona a propriedade da coisa 
(característica da real). 
Quanto ao direito pessoal, sua natureza envolve os negócios jurídicos, as 
obrigações, os contratos, pressupõe relação jurídica entre sujeitos. 
 
 
 
 
2.5.2. QUANTO AO OBJETO DO PEDIDO MEDIATO 
As demandas classificam-se em mobiliárias (bem móvel) e imobiliárias (bem 
imóvel) quanto ao objeto do pedido mediato. Deve-se atentar para não classificar 
toda ação imobiliária como real nem toda ação mobiliária em pessoal. 
Exemplos: 
1) A ação de despejo é classificada como pessoal e imobiliária, já que tem 
como fundamento o direito pessoal. 
2) Poder-se-á propor uma reivindicatória de um carro, nesse caso a ação 
mobiliária não terá natureza de pessoal, mas de real. 
 
 
 
 
2.5.3. QUANTO À TUTELA JURISDICIONAL 
De acordo com a função jurisdicional que se visa, podemos classificar as 
demandas em: conhecimento, cautelar e execução. 
 
Real Pessoal 
Mobiliária Imobiliária 
Demanda Pessoal 
Relativa a bem móvel 
Relação jurídica real 
Relativa a bem imóvel 
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Esse critério tem perdido importância, por conta do caráter sincrético (pela 
mistura das características de vários tipos dessas ações), cada vez mais comum, 
que reveste as ações. 
De outro modo: 
 
 
 
 
 
 
 
2.6. CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES DE CONHECIMENTO (CERTIFICAÇÃO) 
2.6.1. AÇÕES DE PRESTAÇÃO 
Tradicionalmente, os doutrinadores fazem distinção dos direitos entre: os 
direitos a uma prestação, ou seja, os que se relacionam com as ações de prestação 
± como mandamentais; e direitos potestativos, que se relacionam com as ações 
constitutivas. 
O direito a uma prestação é o poder jurídico conferido a um sujeito de exigir 
de outro o cumprimento de uma prestação de fazer ou não fazer algo e de dar a 
coisa, em dinheiro ou não. A concretização do direito a uma prestação efetiva-se 
com a realização da prestação devida. Quando não ocorre essa prestação, ocorre 
inadimplemento ou lesão. Exemplo de direitos a uma prestação: direitos absolutos e 
obrigações. 
Conhecimento Cautelar Execução 
Relativa ao processo de 
conhecimento. 
Relativa ao processo 
cautelar 
Relativa ao processo de 
execução. 
Classificação das ações 
Real/ Pessoal Leva em consideração o direito. 
Mobiliária/ Imobiliária 
Leva em consideração o objeto. 
Conhecimento/Cautelar/ Execução 
± ações Sincréticas. 
Leva em consideração a tutela que se 
busca. 
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2.6.2. AÇÕES CONSTITUTIVAS 
A ação constitutiva relaciona-se aos direitos potestativos. O direito 
potestativo, por seu turno, é o poder jurídico dado a um determinado indivíduo para 
submeter outro direito à alteração, criação ou extinção de situações jurídicas. Ao 
contrário do direito a uma prestação, que ocorre no campo dos fatos, o direito 
potestativo efetiva-se no campo jurídico, das normas. 
Exemplo: anular um negócio jurídico é um direito potestativo; essa anulação 
se dá com a simples decisão judicialtransitada em julgado, não é necessária 
nenhuma outra providência material, como destruir o contrato. 
Quando houver uma situação jurídica nova, modificativa ou de extinção 
gerada do resultado do processo, há uma demanda constitutiva. São exemplos de 
demanda constitutiva: ação de revisão ou resolução de contrato, separação judicial, 
ação de falência, exclusão de herdeiro. 
Os efeitos da decisão constitutiva são ex nunc. Porém, em certos casos, 
haverá o reconhecimento das decisões constitutivas-negativas com efeitos 
retroativos ± ex tunc. (art. 182 do CC-2002) 
 
2.6.3. AÇÕES DECLARATÓRIAS 
A ação declaratória pode ter caráter principal ou incidental. Na definição 
legal, no art. 325 do CPC, o autor poderá requerer, no prazo de 10 dias, que o juiz 
profira sentença incidente sobre o direito em que se funda a ação, se da declaração 
da existência ou da inexistência do direito depender, no todo ou em parte, o 
julgamento da lide. Portanto, a ação declaratória versa sobre a existência ou não de 
um direito. É incidental quando proposta no curso do processo, devendo relacionar-
se com ele. 
Tem como objetivo verificar a existência ou não de uma situação jurídica. A 
situação jurídica é o gênero do qual a relação jurídica é a espécie. Portanto, não se 
resume a sua função ao que descreve o inciso I do art. 4o do CPC. 
Art. 4o: O interesse do autor pode limitar-se à declaração: 
I ± da existência ou da inexistência de relação jurídica; 
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II ± da autenticidade ou falsidade de documento. 
Parágrafo único. É admissível a ação declaratória, ainda que tenha ocorrido 
a violação do direito. 
As ações declaratórias são demandas meramente certificativas, ou seja, de 
certificação. Por não ser uma demanda que tem como objetivo a efetivação de um 
direito, as ações declaratórias são imprescritíveis. 
Assim, diz-se que a ação declaratória pura é imprescritível porque tem 
somente este objetivo: declarar a existência de uma relação jurídica, ou, se relativa a 
fatos, eventos, a autenticidade ou falsidade de documento. Somente em relação à 
autenticidade de um documento a ação declaratória poderá ser usada para certificar 
um fato. 
Não é possível, por essa modalidade de ação, a efetivação de um direito, 
demonstrar a ocorrência de outros fatos, que não seja o mencionado da 
autenticidade. O Poder Judiciário não é órgão consultivo ou opinativo, daí a 
restrição. 
Dúvida: 
Professor, na ação declaratória não há contagem de prazo prescricional? 
Exemplo: numa ação declaratória de inexistência de vínculo com a união federal 
para pagamento de tributos não haveria contagem de prazo? 
Boa questão. Mas perceba, no seu exemplo, que a declaração de 
inexistência de vínculo com a União é meramente declaratória, e não prescreve. 
Mas deixa de ser meramente declaratória se presente o pedido de restituição de 
tributos pagos quando, erroneamente, se entendia existir o vínculo. 
Vale mencionar a interpretação do STJ sobre o assunto, que sumulou o 
entendimento de que é possível ação declaratória em dois outros casos não 
prescritos no CPC: visando a obter certeza quanto a exata interpretação de cláusula 
contratual (Enunciado n° 181 da Súmula STJ); e para reconhecimento de tempo de 
serviço para fins previdenciários (Enunciado n° 242 da Súmula STJ). 
 
 
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Vejamos uma questão da FCC/2010: 
(TCE RO ± FCC 2010) Em matéria de ação declaratória, considere: 
I. É admissível a ação declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação do 
direito. 
II. Os únicos fatos que podem ser objeto da ação declaratória são a 
autenticidade e a falsidade documental. 
III. A ação declaratória está sujeita a prazos prescricionais. 
IV. É inadmissível ação declaratória visando a obter certeza quanto à exata 
interpretação de cláusula contratual. 
Está correto o que se afirma APENAS em 
a) I e II. 
b) I e III. 
c) II e III. 
d) II e IV. 
e) III e IV. 
Gabarito: A 
 
Reparem que o item I repete o conteúdo do parágrafo único, segundo o qual 
é possível a ação declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação do direito. Assim, 
não visará a restituir o direito violado, mas apenas declarar sua existência. Ex: 
imaginem que um herdeiro de pessoa que teve direito lesado há 50 anos vá a juízo 
pedir o reconhecimento de que seu ancestral foi injustiçado, poderá fazê-lo, ainda 
que esteja prescrito o direito de indenização. 
Voltando a nossa questão: o item II da questão traz o exato conteúdo do 
inciso II do art. 4°, CPC, em que a ação declaratória de fato somente será admitida 
em relação à autenticidade documental. É possível que se requeira pela via judicial a 
declaração de existência de relação jurídica que emergiu de um fato, mas jamais 
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para pedir a simples certidão de que ocorreu ou não um evento. O Poder Judiciário 
(exceção da Justiça Eleitoral) não é órgão consultivo. 
Sobre o item IV, ele está errado porque O STJ tem sumulado o 
entendimento de que é possível, sendo admissível, portanto, ação declaratória em 
dois outros casos: visando a obter certeza quanto a exata interpretação de cláusula 
contratual (Enunciado n° 181 da Súmula STJ); e para reconhecimento de tempo de 
serviço para fins previdenciários (Enunciado n° 242 da Súmula STJ). 
'HVVH�PRGR��D�OHWUD�³D´�p�D�FRUUHWD�� 
Dúvida: 
É admissível ação declaratória, visando a obter certeza quanto à exata 
interpretação de cláusula contratual? Sim é admissível. Vejamos a Súmula do STJ. 
STJ Súmula nº 181 - 05/02/1997 - DJ 17.02.1997 Ação Declaratória - 
Interpretação de Cláusula Contratual 
 É admissível ação declaratória, visando a obter certeza quanto à exata 
interpretação de cláusula contratual. 
(TJ DF ± TJ DFT 2011) Assinale a alternativa correta, considerando as 
disposições legais, bem como a doutrina e a jurisprudência prevalentes, nas 
questões a seguir: 
 
Visando a obter certeza quanto à exata interpretação de cláusula contratual: 
a) não é admissível ação declaratória; 
b) é admissível ação declaratória 
c) deve ser ajuizado mandado de injunção; 
d) nenhuma das alternativas anteriores (a, b, c) é correta. 
Gabarito: B 
 
2.6.4. AÇÕES DÚPLICES 
Essas ações podem ser compreendidas sob o aspecto material ou 
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processual. As ações dúplices, sob o aspecto processual, podem ser entendidas 
como sinônimo de pedido contraposto. Exemplo: a demanda feita pelo réu contra o 
autor na contestação. Essa interpretação, porém, não é a mais correta, mas é muito 
utilizada na prática. 
As ações dúplices (sob o aspecto material) são ações em que as partes da 
lide possuem as mesmas condições no processo. Assim, não se pode falar de 
demandante e demandado, pois os dois assumem as duas posições. Isso ocorre 
pelo simples fato de essa situação decorrer da pretensão deduzida em juízo. Ou 
seja, no processo, o bem atribuído a uma das partes independe da posição 
processual das partes. Um exemplo de ações dúplices são as ações de divisórias, 
as ações de acertamento. 
 
Exemplo de ação dúplice. 
 
Citemos um exemplo de ação dúplice: a divisória de terra particular. Perceba 
que autor e réu estão em situação de virtual paridade, em que o indeferimento do 
alegado pelo autor, independentemente de reivindicação de tutela pelo réu, irá 
beneficiar o réu. Os dois duelam por um bem único, em que o réu está em relação 
simétrica com o autor. As duas partes podem distinguir-se formalmente pelo fato de 
que um é demandado e o outro demandante, mas o julgamento beneficiará um ou 
outro invariavelmente. 
 
2.7. CONCURSO DAS AÇÕES 
O concurso de ações (rectius: direitos) ocorre em seu aspecto objetivo de 
duas maneiras: no concurso impróprio, em que existe mais de uma prestação 
concorrente, que se origina de um mesmo fato gerador; e no concurso próprio, em 
que uma pluralidade de causas de pedir autoriza a formulação de um mesmo 
pedido. 
Quando os direitos são concorrentes o juiz só poderá atender a um deles, 
assim é possível o concurso objetivo de pedidos que sejam incompatíveis, mas o 
atendimento simultâneo a todos eles é que não será possível. 
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Inclusive a situação de pretensões subsidiárias é bastante útil ao direito. 
Seria na Justiça Trabalhista, o caso de pedido de readmissão de quem foi demitido, 
ou subsidiariamente a indenização, mas o segundo somente seria atendido se o 
primeiro não pudesse ser contemplado. Mas percebam que o atendimento às duas 
pretensões seria inaceitável, pois não seria possível conceder indenização pela 
demissão de alguém que tenha sido readmitido. Há entre as pretensões 
concorrentes uma relação de prejudicialidade, em que o atendimento a uma delas 
prejudica o atendimento à outra. 
Quando ocorrer concurso de ações, somente será possível a satisfação de 
um dos direitos concorrentes, de maneira que o juiz não poderá proferir decisão que 
acolha direitos simultaneamente concorrentes. 
Um exemplo de concurso impróprio - mesmo fato gerador para dois pedidos 
- é o de contrato que se torna demasiadamente oneroso, por motivo imprevisível, e o 
autor pede invalidação do contrato ou redução do valor das prestações. 
 Exemplo de concurso próprio - pluralidade de causas de pedir para um 
mesmo pedido - temos o consagrado exemplo de Candido Dinamarco, em que um 
passageiro sofre lesão no transporte ferroviário, passando a ter o direito de 
indenização por culpa do funcionário da empresa de transporte, ou, de modo 
objetivo, da empresa que deveria te lhe garantido uma condução segura. 
 
3. PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS 
Pressupostos processuais são elementos, requisitos necessários para a 
H[LVWrQFLD�H�GHVHQYROYLPHQWR�GR�SURFHVVR��³3UHVVXSRVWRV�SURFHVVXDLV�VmR�WRGRV�RV�
elementos de existência, os requisitos de validade e as condições de eficácia do 
procedimento, aspecto formal do processo, que é ato- complexo de formação 
VXFHVVLYD�´��'LGLHU�-U���������SiJ������ 
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3.1. PRESSUPOSTOS DA EXISTÊNCIA 
Pressupostos é tudo que precede a formação do ato e que é essencial para 
a sua existência no mundo jurídico. Didier relata que o processo pode ser analisado 
sob o aspecto interno e externo. Do ponto de vista interno, o processo é uma relação 
jurídica; do externo, é considerado um procedimento. 
Pressupostos da existência subjetivos e objetivos: são essenciais à 
formação da relação jurídica processual; a ausência dos pressupostos importa na 
inexistência da relação processual. Para que ocorra a relação jurídica deve existir a 
coexistência dos elementos subjetivos (sujeitos) e objetivos (fato jurídico e objeto) do 
processo. 
a) Subjetivos: as partes e o Estado-juiz são os sujeitos processuais 
principais da relação jurídica. 
Obs.: Capacidade processual: é a aptidão, daqueles que têm capacidade civil, de 
assumir uma situação jurídica processual como demandante ou como demandado 
numa relação processual. As pessoas naturais, jurídicas e os entes 
despersonalizados são dotados de capacidade processual. 
Obs.: Para a existência do ato é necessário que o órgão esteja investido de 
jurisdição. 
b) Objetivos: são dois: o fato jurídico e o objeto. O fato jurídico é 
responsável por instalar a relação jurídica ± ato postulatório ±, enquanto o objeto é a 
prestação jurisdicional solicitada pelo ato inaugural, ou seja, pelo fato jurídico. O 
objeto é sinônimo de demanda. 
 
3.2. REQUISITOS DE VALIDADE 
Uma vez preenchidos os pressupostos processuais, a relação jurídica 
processual passa a existir e torna-se possível analisar a validade da relação jurídica 
processual. Os requisitos de validade também são classificados em subjetivos e 
objetivos. Eles são os elementos relacionados ao desenvolvimento regular do 
processo, como os sujeitos e as formalidades. 
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a) Subjetivos: em relação às partes, o que é analisado é à capacidade 
de agir em juízo (autor ou réu), realizando atos processuais de forma autônoma, 
sem o apoio de assistente ou representante legal (capacidade processual), ou, por 
pessoas indicadas pela lei, como no caso do administrador de condomínio. 
As pessoas jurídicas também têm capacidade de agir, a qual é atribuída a 
um órgão que a representará em juízo. Outros requisitos subjetivos são a 
competência e a imparcialidade, ambos ligados à figura do juiz.b) Objetivos: dividem-se em requisitos intrínsecos e requisitos 
extrínsecos (negativos). Os intrínsecos relacionam-se ao próprio processo, ao 
formalismo processual, aos vários atos a serem praticados no desenvolver da 
relação jurídica, aos deveres e faculdades das partes, à coordenação de suas 
atividades, como a comunicação dos atos processuais. 
Os extrínsecos são condições que estão fora do processo, mas que têm o 
poder de impedir o seu normal prosseguimento, subordinando sua validade e a 
eficácia da sua constituição, bem como sua extinção. Assim, em principio são vícios 
insanáveis, que extinguem o processo. Podem ser citados como exemplos: a 
litispendência, a coisa julgada, a perempção e a convenção de arbitragem. 
 
Quando um dos requisitos não é preenchido na sua integralidade, 
a princípio, não será invalidado, pois é permitido que se anule somente o 
ato processual defeituoso. Como o processo é composto por uma 
sucessão de atos é possível que o ato inicial esteja válido e que não seja 
admitido o procedimento. Isso porque só comprometerão o procedimento 
os fatos relacionados à demanda originária, como os relacionados às 
partes. Além disso, é necessário que o defeito não permita que o objeto da 
lide seja apreciado, o que só ocorre dentro da cadeia de atos do 
procedimento processual. 
Quando o ato processual defeituoso não impede a apreciação do 
mérito poderá ocorrer uma das três consequências: não será considerado 
um requisito de validade do processo; será um requisito de validade do 
ato, considerado de modo isolado ou poderá ser requisito de validade de 
um procedimento incidental ou recursal. 
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Dúvida: 
Professor, não sei qual é a diferença entre ausência de pressupostos 
processuais e ausência de condições da ação? 
Ótima pergunta, porque a despeito de serem coisas distintas, 
conceitualmente há similaridade entre os institutos. 
Didaticamente, entenda-os de forma distinta. As condições da ação são 
verificadas pelo órgão judicial ao analisar se deve ou não as admitir no processo. 
Sem as condições da ação, o autor será carecedor. As condições são requisitos 
necessários para o direito de ação. Se presentes, o autor terá seu direito de ação 
assegurado. 
Os pressupostos processuais englobam elementos indispensáveis à 
existência do processo e requisitos de validade do processo. O vício do primeiro 
(existência) leva a que o processo seja considerado inexistente e o vício do segundo 
(validade), a que o processo seja considerado nulo. 
Somente se preenchidos, nessa ordem, os pressupostos processuais e as 
condições da ação é que o órgão deverá julgar o mérito. Os pressupostos 
processuais permeiam todo o CPC. Ex.: julgamento por indivíduo que não esteja 
investido de jurisdição - nessa situação, não há julgamento de mérito e o ato 
praticado é inexistente. 
 
 
PROCESSO 
Uma vez compreendido os temas jurisdição e ação, vamos estudar o 
fenômeno relativo ao processo, que se unem àqueles para formar a tríade: 
jurisdição-ação-processo. 
De acordo com Misael Montenegro, quando o Estado assume a função de 
pacificar os conflitos de interesses (por meio do exercício da função jurisdicional), 
CAPÍTULO III ± DO PROCESSO E DO PROCEDIMENTO 
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conferindo ao interessado o direito de requerer a intervenção estatal (direito de 
ação), percebemos que essa solução só é possível por meio do PROCESSO, que 
consiste na operação destinada a obter a composição de um litígio. 
Assim, o processo é o instrumento utilizado pela parte que exerceu o direito 
de ação na busca de uma resposta judicial que coloque fim ao conflito de interesses 
instaurado ou em vias de sê-lo. 
 Lembrem-se que o processo é o meio de solução de conflitos, de litígios. 
x Processo pode ser entendido como: relação que se estabelece entre as 
partes conflitantes, denominada relação jurídica processual. 
 Para solucionar os conflitos de interesses, o Estado dispõe de três opções 
de tutela jurisdicional: a espécie de cognição, de execução e de cautela. 
1. Processo cautelar: 
É o processo utilizado para acautelar direito, quando presentes os requisitos 
do fumus boni iuris (fumaça do bom direito) e o periculum in mora (perigo de 
demora). Ex.: medida cautelar de produção antecipada de provas. 
2. Processo de execução: 
Pressupõe a existência de um título executivo. Ex.: duplicata. A pessoa, 
assim, ingressa diretamente no processo de execução. 
3. Processo de conhecimento: 
Busca-se uma sentença que, depois, servirá à execução. Por esse meio 
tenta-se solucionar a lide. É o modo encontrado para que aquele que se sentiu 
lesado busque a satisfação do seu direito. 
 
PROCEDIMENTO 
 
1. Distinção entre Processo e procedimento 
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O processo se desenvolve por meio de uma série de atos processuais que 
se originam, em regra, das partes. Alguns são praticados pelo juízes e outros pelos 
auxiliares da justiça. Assim, a sucessão de atos processuais representa a forma 
como o processo se desenvolve e a qual damos o nome de procedimento. 
Complexo Simples 
Quanto mais complexo for o procedimento, 
maior será a duração do processo. Essa é 
uma característica marcante nos 
procedimentos comum e ordinário. 
Prática de múltiplos atos. 
Quanto mais simples for o procedimento, 
mais curta será a duração do processo. 
Essa é uma característica marcante nos 
procedimentos sumários e sumaríssimos. 
Prática de poucos atos. 
 
CONCLUSÃO 
Pretende-se chegar a um mesmo fim: a solução do conflito. O que se altera é a 
dinâmica, a forma de se alcançar a solução. 
Desse modo, temos o seguinte: a parte provoca o Estado por meio do exercício do 
direito de ação, o que faz gerar um processo, que se desenvolve por meio de um 
procedimento (sucessão de atos processuais) até a prolação da sentença. 
Obs.: As expressões rito e procedimento são sinônimas. 
 
1.1. Espécies de procedimentos 
A Lei de Ritos prevê dois tipos de procedimento para a solução dos conflitos 
de interesses: Procedimento comum e especial. 
1. Procedimento Comum: Aplica-se a todas as causas para as 
quais a lei processual não haja instituído um rito próprio ou específico (art. 
272, CPC). 
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A maioria das demandas segue o procedimento comum; ademais, sempre 
que uma lei for omissa, aplica-se, supletivamente e de modo automático, o disposto 
para o procedimento comum. 
Assim, as normas do procedimento comum são observadas, em regra, na 
tramitação de toda e qualquer ação judicial. 
O procedimento comum é um rito, que se subdivide em rito sumário e rito 
ordinário. 
 
 
 
 
2. Procedimento Especial 
Ritos próprios para o processamento de determinadas causas selecionadas 
pelo legislador no Livro IV (DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS) do Código de 
Processo Civil ou em leis esparsas. (Não é objeto de nosso estudo, neste capítulo). 
 
3. Procedimento Comum Ordinário 
É o procedimento mais complexo e longo de todos, uma vez que no seu 
curso são admitidos inúmeros atos processuais. Caracteriza-se pela cognição ampla 
e pela produção de todo tipo de provas (lícitas), respeitando, assim, o princípio do 
contraditório e da ampla defesa. 
Dessa forma, podemos concluir que o procedimento ordinário é o mais 
adequado à realização do processo de conhecimento, pela amplitude com que 
permite às partes e ao juiz pesquisar a verdade real. 
 
3.1. Dinâmica do procedimento comum ordinário 
O procedimento ordinário divide-se em quatro etapas: postulatória, 
saneadora, instrutória e decisória. 
PROCEDIMENTO COMUM 
RITO SUMÁRIO 
RITO ORDINÁRIO 
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1. Fase postulatória: da propositura da ação à resposta do réu, sendo 
possível, em algumas situações, penetrar nas providências preliminares pelo juiz, 
como preâmbulo do saneamento. 
Lembrem-se que a resposta do réu pode consistir em contestação, 
reconvenção ou exceção, art. 297, CPC. 
O réu poderá oferecer, no prazo de 15 dias, em petição escrita, dirigida ao 
juiz da causa, contestação, exceção e reconvenção. 
2. Fase Saneadora: O magistrado verificará a regularidade do processo, 
desde o recebimento da inicial até o início da fase de instrução, podendo decretar as 
nulidades insanáveis ou suprir as nulidades que forem sanáveis. 
Esta fase compreende as diligências de emenda ou complementação da 
inicial (art. 284, CPC), as providências preliminares (arts. 323 a 328, CPC) e o 
saneamento do processo (art. 331, CPC). 
Pode conduzir ao reconhecimento de estar o processo em ordem, ou pode 
levar à sua extinção sem julgamento do mérito. Nessa última opção, o juiz conclui 
que o caso não contém os requisitos necessários para uma decisão da lide. 
3. Fase Instrutória: Destina-se à coleta do material probatório, que servirá 
de suporte à decisão de mérito. 
Em casos de revelia ou naqueles em que juiz entender pela suficiência da 
prova documental e de questões meramente de direito, a fase instrutória é eliminada 
e ocorre, assim, julgamento antecipado da lide ± logo após a fase postulatória, no 
momento normalmente reservado ao saneamento do processo. 
4. Fase Decisória: Destina-se à prolação da sentença de mérito. A 
sentença pode ser proferida oralmente, ao final da audiência de instrução e 
julgamento, ou ser elaborada por escrito nos dez dias seguintes, art. 456, CPC. 
Encerrado o debate ou oferecidos os memoriais, o juiz proferirá a sentença 
desde logo ou no prazo de 10 dias. 
A sentença, todavia, só assume a feição de ato processual com sua 
publicação, ou seja, com sua integração efetiva ao processo. A publicação pode ser 
feita por ato do escrivão, quando proferida fora da audiência, ou pela leitura da 
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sentença pelo próprio juiz, quando divulgada na audiência de instrução e 
julgamento, ou em outra especialmente designada para a publicação. 
 
Etapas do procedimento ordinário 
1. Ocorre a propositura da ação e o despacho do juiz ordenando a citação. 
2. O réu pode se defender por meio da apresentação de ampla defesa, que se desdobra nas 
formas de: contestação, reconvenção e exceção. 
3. A defesa é apresentada EXCLUSIVAMENTE por ESCRITO, fora do âmbito de qualquer 
audiência, no prazo de 15 dias, podendo esse prazo ser prolongado nos casos previstos em 
Lei (Fazenda Pública, Ministério Público, o pobre na forma da lei). 
4. Após a defesa o autor poderá manifestar-VH�VREUH�D�FRQWHVWDomR���SRU�PHLR�GD� ³UpSOLFD´���
referindo-se a documentos ou sobre preliminares que tenham sido sucitadas pelo réu. Essa 
manifestação deve ser apresentada no prazo de 5 dias e por escrito se impugnar somente a 
documentação, ou em 10 dias se impugna preliminares arguidas pelo réu. 
5. É designada a audiência preliminar ( art. 331 do CPC), se não for um caso de extinção de 
processo sem a resolução do mérito ou de julgamento antecipado da lide. 
6. Frustrada a tentativa de conciliação ou havendo necessidade de produção de prova pericial 
ou oral, será desiganada a audiência de instrução e julgamento. 
 7. Uma vez produzida as provas, enseja-se a apresentação das razões finais, na forma oral 
ou escrita, para que seja dada a sentença. Esta deve ser prolatada nos de 10 dias seguintes 
(inciso II, art. 180, CPC). 
Obs: Em regra esse prazo de 10 dias não é observado devido aos acúmulos de serviços 
foremses. A inobservancia não acarreta nenhuma penalidade processual ao magistrado. 
 
4. Procedimento Sumário 
O procedimento sumário é uma subespécie do procedimento comum que 
está previsto no art. 275 ss, CPC. 
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Tem como objetivo a simplificação dos atos processuais com o intuito de 
obter, em um menor intervalo de tempo, uma solução para a lide. 
Devemos ressaltar que o autor não pode, nem mesmo com consentimento 
do réu, substituir o procedimento sumário pelo ordinário nos casos em que a lei 
determina a observância do primeiro. Excetuam-se as hipóteses de pedidos 
cumulados, art. 292, § 2. 
No entanto, o emprego do procedimento ordinário, em vez do sumário, não é 
causa de nulidade do processo. De acordo com o art. 250: 
O erro de forma do processo acarreta unicamente a anulação dos atos que 
não possam ser aproveitados, devendo praticar-se os que forem necessários, a fim 
de se observarem, quanto possível, asprescrições legais. 
Parágrafo único. Dar-se-á o aproveitamento dos atos praticados, desde que 
não resulte prejuízo à defesa. 
Quando se trata apenas de erro de forma, o magistrado aproveita os atos 
úteis e manda que o feito tome o rito adequado. 
Ao converter a causa ordinária em sumária, o juiz dá prazo ao autor para 
que ele complete a inicial, juntando rol de testemunhas, para evitar prejuízo, uma 
vez que, além dessa, não haverá, em regra, mais oportunidade. 
Na hipótese de a causa não ser convertida por descuido do juiz e chegar a 
ser julgada no rito ordinário, o Tribunal não poderá anular o processo, salvo se 
houver gerado dano ao réu (arts. 250 e 244 do CPC). 
Há hipóteses em que o processo ajuizado como sumário pode, por motivo 
superveniente, converte-se em ordinário. Isso se dá quando o juiz acolhe a 
impugnação ao valor da causa, ou sobre a natureza da demanda (art. 277, §4, 
CPC), e quando durante a instrução da causa, torna-se necessário prova de maior 
complexidade técnica (art. 277, §5, CPC). 
São princípios orientadores do procedimento sumário: oralidade, 
concentração dos atos processuais, celeridade. Vejamos cada um deles. 
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1. Princípio da oralidade: Admite que a defesa do réu seja feita de modo oral na 
própria audiência de conciliação. Lembramos que esse princípio não afasta a forma 
escrita. Este princípio encontra-se, de modo implícito, no art. 278, CPC. 
2. Princípio da concentração dos atos processuais: Garante que os atos do 
processo sumário não sejam praticados de maneira dispersa. Essa concentração 
permite que o fim do processo seja alcançado mais rapidamente. Podemos 
encontrar esse princípio nos arts. 276, 277 e 278 do CPC. 
3. Princípio da celeridade: Decorre da observância dos dois princípios anteriores e 
da proibição de que determinados atos sejam praticados no procedimento sumário, 
como exemplo a vedação do exercício da intervenção de terceiros, exceto a 
assistência, o recurso de terceiro prejudicado e a intervenção fundada em contrato 
de seguro (art. 280). 
 
4.1. Dinâmica do Procedimento Sumário 
Etapas do procedimento sumário 
1. Após ingressar com a petição inicial, o juiz determinará o aperfeiçoamento da 
citação do réu para que compareça à audiência de conciliação, art. 277, CPC, 
ficando advertido de que deve apresentar a defesa no desdobrar do ato, sob pena 
de revelia. 
2. Na audiência de conciliação, realizada no mínimo dez dias após a juntada do 
mandado de citação aos autos, o réu terá a oportunidade de apresentar sua defesa, 
escrita ou oral, nas espécies: contestação, exceção de impedimento, incompetência, 
de suspeição, além da impugnação ao valor da causa. Não se admite a formulação 
de reconvenção. 
3. O magistrado examina as questões pendentes na audiência de conciliação; 
saneamento do processo; fixação dos pontos controvertidos; designação da data da 
audiência de instrução e julgamento, quando for necessária a produção de prova 
oral. 
4. Ao autor e ao réu é determinado que se apresente o rol de testemunhas nas 
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peças de ataque e defesa, sob pena de preclusão consumativa. 
 
PETIÇÃO INICIAL 
É importante começarmos esclarecendo a diferença entre petição inicial e 
GHPDQGD��'LGLHU� UHODWD�TXH� ³D� UHOação entre petição inicial e demanda é a mesma 
que se estabelece entre a forma e o seu conteúdo. Do mesmo modo que o 
LQVWUXPHQWR�GH�XP�FRQWUDWR�QmR�p�R�FRQWUDWR��D�SHWLomR�LQLFLDO�QmR�p�D�GHPDQGD´�� 
³D� GHPDQGD� p� XP� DWR� MXUtGLFR� TXH� UHTXHU� IRUPD� HVSHFLDO�� $ 
petição inicial é a forma da demanda, o seu instrumento; a 
GHPDQGD�p�R�FRQWH~GR�GD�SHWLomR�LQLFLDO´�(Didier). 
 Bem, uma vez estabelecida essa diferença, vamos analisar a petição inicial. 
O processo se inicia por meio da manifestação da parte interessada. Assim, 
a materialização da tutela jurisdicional é a petição inicial. 
PETIÇÃO INICIAL: materialização da tutela jurisdicional 
A petição inicial tem duas funções: provocar a instauração do processo e 
identificar a demanda. 
Ela deve seguir alguns requisitos formais, ou seja, a petição é um ato 
processual solene. Quando os requisitos de formalidade não são preenchidos 
podemos ter uma nulidade sanável ou insanável. Aquela pode ser suprida pela 
emenda da petição inicial e esta causará indeferimento liminar da petição. 
 
1. Requisitos 
Os requisitos estruturais estão elencados no art. 282 do CPC e no art. 39, I, 
do CPC. Este determina a indicação do endereço do patrono que a subscreve. 
Art. 282. A petição inicial indicará: 
I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida; 
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II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do 
autor e do réu; 
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; 
IV - o pedido, com as suas especificações; 
V - o valor da causa; 
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos 
alegados; 
VII - o requerimento para a citação do réu. 
Art. 39. Compete ao advogado, ou à parte quando postular em causa 
própria: 
I - declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço em que 
receberá intimação; 
II - comunicar ao escrivão do processo qualquer mudança de endereço. 
Parágrafo único. Se o advogado não cumprir o disposto no nº I deste artigo, 
o juiz, antes de determinar a citação do réu, mandará que se supra a omissão no 
prazo de 48 horas, sob pena de indeferimento da petição; se infringir o previsto no n° 
II, reputar-se-ão válidas as intimações enviadas, em carta registrada, para o 
endereço constante dos autos. 
O art. 282 do CPC determina que na primeira página da petição inicial, em 
seu topo, deverá conter o "juiz ou tribunal" a que se dirige. Essa indicação é 
necessária para a remessa da petição inicial e formação dos autos perante o órgão 
competente. 
Lembrem-se que a indicação nunca será de caráter pessoal. Indicará 
sempre o juízo, mesmo nos casos em que haja, somente, um juiz. Vale ressaltar que 
o descumprimento desse requisito acarretará uma irregularidade, mas não produzirá 
efeitos significativos nos processos. 
Além disso, a petição inicial deverá conter a qualificação das partes. Esses 
elementos exercem duas funções precípuas: permitir a citação do réu e a 
individuação dos sujeitos processuais parciais. 
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