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Aula 03 Curso: Direito Processual Civil p/ TRF 3ª Região (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Professor: Gabriel Borges 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 97 DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ TRF- 3ª Região ± TÉCNICO JUDICIÁRIO ± ÁREA ADMINISTRATIVA AULA 03: Do Ministério Público. Das Partes e Dos Procurados SUMÁRIO PÁGINA 1. Capítulo VI: Do Ministério Público 02 2. Capítulo VII: Das Partes e Dos Procuradores: capacidade processual e postulatória; deveres e substituição das partes e procuradores. 1. Partes 1.1. Capacidade de ser parte 1.2. Capacidade Processual 1.3. Capacidade processual dos cônjuges nas ações reais imobiliárias 1.4. Curatela Especial 1.5. Representação das pessoas jurídicas e das pessoas formais 1.6. Incapacidade processual e irregularidade de representação 1.7. Capacidade Processual versus Capacidade de ser Parte versus Capacidade Postulatória 1.8. Dos deveres das partes e dos procuradores 1.8.1. Responsabilidade das partes por dano processual 1.9. Responsabilidade e direitos do Procurador 1.10. Honorários Advocatícios 2. Substituição Processual 3. Litisconsórcio 4. Assistência 4.1. Procedimento da assistência 4.2. Assistência Litisconsorcial 5. Intervenção de Terceiros 5.1. Espécies de Intervenção de Terceiros 5.1.1. Oposição Nomeação à autoria 5.1.2.1. Procedimento 5.1.3. Denunciação à lide 5.1.3.1. Características 5.1.3.2. Cabimento 5.1.4. Chamamento ao processo. 13 3. Resumo 51 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 97 4. Questões comentadas 54 5. Lista das questões apresentadas 86 6. Gabarito 97 Atenção! O tópico ³Do Juiz´ será trabalhado na próxima aula. CAPÍTULO VI: DO MINISTÉRIO PÚBLICO O Ministério Público abrange o Ministério Público da União e o Ministério Público dos Estados. Sendo que o MPU ramifica-se em quatro: Ministério Público Federal, Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Militar e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. 1. NOÇÕES GERAIS O Ministério Público exerce, no Processo Civil, o direito de ação nos casos previstos em lei, cabendo-lhe os mesmos poderes e ônus que às partes. Ao Ministério Público compete intervir nas causas em que há interesses de incapazes; nas causas concernentes ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela, curatela, interdição, casamento, declaração de ausência e disposições de última vontade; nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas Ministério Público Ministério Público dos Estados Ministério Público da União MPF MPT MPM MPDFT 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 97 em que há interesse público evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte. Intervindo como fiscal da lei, o Ministério Público tem vista dos autos depois das partes, sendo intimado de todos os atos do processo; pode juntar documentos e certidões, produzir prova em audiência e requerer medidas ou diligências necessárias ao descobrimento da verdade. A não intimação do Ministério Público, quando a lei considera obrigatória sua intervenção, pode ser causa de nulidade do processo (art. 84, CPC). Ademais, o órgão do Ministério Público será civilmente responsável quando, no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (art. 127, CF 1988). Por princípio da inércia da jurisdição, determina-se que a justiça só agirá quando provocada. Para defesa dos direitos individuais, o indivíduo afetado toma as providências para provocar a Justiça. E quanto à defesa dos interesses públicos, quem deve agir? Nesses casos, é o Ministério Público que atuará. A seu cargo fica a responsabilidade pela defesa dos direitos sociais e coletivos e a fiscalização da lei (custus legis). 2. PRINCÍPIOS E GARANTIAS Nos termos constitucionais, há três princípios institucionais que regem o Ministério Público: o princípio da unidade, em que o Ministério Público possui caráter uno, ou seja, é um organismo único que atua de maneira sistêmica; o princípio da indivisibilidade, o Ministério Público não se divide internamente em seus membros e o último princípio é o da independência funcional. 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 97 A Constituição Federal também outorgou aos membros do Ministério Público algumas garantias: a) Autonomia funcional e administrativa; b) Estruturação em carreiras; c) Ingresso: mediante concurso de provas e títulos, bacharelado em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica; d) Vitaliciedade, após dois anos de exercício, só perderá o cargo por sentença transitada em julgado; e) Inamovibilidade; e f) Irredutibilidade de vencimentos. 3. OBJETIVOS No Processo Civil, a função processual do MP jamais será a de representante da parte material. Ele ocupa a posição jurídica de substituto processual. Defende direitos alheios, mas em nome próprio. Isso leva à conclusão de que o MP, atuando como parte principal ou substituto processual, será parte quando estiver em juízo; não sendo, porém, procurador ou mandatário de terceiros. O Ministério Público tem legitimidade, em regra, ativa; contudo, em caráter eventual, assume a defesa de terceiros, como na interdição. Por sua vez, quando atua como fiscal da lei, deve somente defender a prevalência da ordem jurídica e do bem comum. Nesse caso, não tem nenhum compromisso com a parte ativa nem passiva da relação processual. Em suma, no ambiente cível, a atividade do MP deve ser entendida, quanto ao conteúdo estrutural, sob duas óticas: da natureza de atuação, que pode ser extrajudicial ou judicial, e em relação à legitimação, em que o Ministério Público se manifesta como parte ou como fiscal da lei. 4. ATRIBUIÇÕESEXTRAJUDICIAIS 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 97 A partir da Constituição de 1988, o Ministério Público passou a se destacar não só como titular da ação penal, mas também como guardião da sociedade, em especial dos direitos transindividuais ± coletivos, difusos e individuais homogêneos. O art. 129 da Constituição Federal enfatiza o papel essencial do Ministério Público na tomada de iniciativa para ações, medidas e providências em benefício da sociedade. 4.1. SÃO FUNÇÕES INSTITUCIONAIS DO MINISTÉRIO PÚBLICO a) Promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; b) Zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; c) O inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; d) A ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição; e) Defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas; f) Expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva; g) Exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior; h) Requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais; i) Outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas. As funções do Ministério Público só podem ser exercidas por integrantes da 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 97 carreira, que deverão residir na comarca da respectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição. O ingresso na carreira do Ministério Público faz-se mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel em direito no mínimo três anos de atividade jurídica e observando-se, nas nomeações, a ordem de classificação. Aos membros e servidores do MP é fundamental que tenham a preocupação de que, além da atuação clássica e histórica no Poder Judiciário, representam e defendem a coletividade. Para isso, devem interagir com a sociedade civil por meio dos instrumentos democráticos de captação dos anseios do povo, como reuniões, audiências públicas. Ademais, devem fiscalizar a implementação de políticas públicas, saúde, educação, meio ambiente, assim como a probidade administrativa, o controle externo da atividade policial. São instrumentos essenciais à atuação ministerial no âmbito extrajudicial: ofícios, reuniões, audiências públicas, recomendação administrativa (RA) e termos de ajustamento de conduta (TAC). A atuação do MP pode ser classificada em demandista, quando busca o poder judiciário, e resolutiva, quando resolve internamente determinado problema a partir de seus instrumentos e prerrogativas sem a necessidade de provocação de prestação jurisdicional. 5. ATRIBUIÇÕES JUDICIAIS 5.1. AÇÃO CIVIL PÚBLICA Na tutela dos direitos difusos e coletivos da sociedade, a ação civil pública é o principal expediente de atuação do parquet na condição de parte. A ação pública sujeita-se a inúmeras variações no seu conteúdo material de acordo com a matéria tratada: responsabilidade por ato de improbidade administrativa, defesa do meio ambiente, defesa dos hipossuficientes ± idosos, crianças, portadores de deficiência física. 5.1.1. RESPONSABILIDADE POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 97 Há três espécies de ato de improbidade administrativa: enriquecimento ilícito, dano ao erário e violação de princípios da administração pública. Entre eles, existe decrescente ordem de relevância e subsidiariedade de dano ao patrimônio público, uma vez que todo enriquecimento ilícito implica dano ao erário, assim como todo dano ao erário implica violação dos princípios da administração pública. A conduta de improbidade administrativa é um ilícito civil que se forma a partir da verificação de situação ou atitude ímproba descrita e individualizada no âmbito objetivo (desvio de recursos públicos, nulidade de procedimento licitatório) e subjetivo (nexo de imputação a título de dolo ou culpa em relação aos agentes). A causa de pedir demanda objetividade, uma vez que deve permitir correta compreensão da situação a ser julgada. 5.1.2. EM DEFESA DO MEIO AMBIENTE Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, que é um bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (art. 225 da CF). São instrumentos relevantes para a defesa do meio ambiente: o princípio do poluidor-pagador, que consiste em impor ao poluidor a responsabilidade pelos custos da reparação do dano ambiental, e o processo de inversão do ônus da prova em questões ambientais (por exemplo, o dano ambiental em propriedade particular impõe ao proprietário prova de que ele não é responsável pelo dano). 5.1.3. EM DEFESA DO CONSUMIDOR Sendo o direito do consumidor fundamental e regido pelo princípio da ordem econômica, deve ser tutelado pelo Ministério Público. São princípios do Direito do Consumidor: a ideia de hipossuficiência do consumidor ou sua vulnerabilidade e a racionalização dos processos de melhoria do serviço público. Os direitos básicos do consumidor são a informação clara e adequada; proteção contra publicidade enganosa e abusiva; acesso à justiça; prevenção e 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 97 reparação de danos patrimoniaise morais individuais, coletivos e difusos. De acordo com o Supremo Tribunal Federal, o Ministério Público pode ajuizar Ação Civil Pública em defesa dos consumidores, mas não pode ajuizar ACP em defesa dos contribuintes, para garantir o não pagamento de tributo, pois, nesse caso, não há relação de consumo (Lei no 7.347/1985, art. 1o, II, e art. 5o, I). 6. MINISTÉRIO PÚBLICO COMO PARTE O Ministério Público, como parte, pode agir nos seguintes casos: na ação de nulidade de casamento; na ação de dissolução da sociedade civil; ADIN; no pedido de interdição; na ação civil pública, para defesa de interesses difusos, coletivos, individuais homogêneos. Ao atuar como parte, o Ministério Público utiliza-se da ação civil pública (Lei 7.347/1985). Sendo, nesse caso, obrigado a atuar segundo os arts. 127 e 129 da CF. São assegurados ao Ministério Público, quando age como parte, os privilégios de não se sujeitar ao pagamento antecipado de custas ± esse privilégio também se aplica ao Ministério Público quando exerce a função de custus legis; e de possuir o prazo de recorrer contado em dobro e, para contestar, contado em quádruplo. Art. 188: Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público. 6.1. MINISTÉRIO PÚBLICO COMO FISCAL DA LEI O Ministério Público, como fiscal da lei, age nas causas em que há interesse de incapazes, nas causas que se referem ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela, curatela, interdição, casamento, declaração de ausência e disposições de última vontade, nas ações de litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas em que há interesse público. Se o interesse em litígio é público, a intervenção do fiscal da lei é de conveniência intuitiva. No entanto, há casos de direitos privados em que o processo versa sobre bens colocados sobre a tutela especial do Estado. Nesses casos, o 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 97 litígio passa a atingir, igualmente, interesse público, legitimando a atuação do Ministério Público como sujeito especial do processo. É uma obrigação legal do Ministério Público atuar como fiscal da lei na ação civil pública. O MP tem legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar (art. 5o da Lei 7.347/1985). Ele poderá, ainda, acompanhar a demanda de modo remoto e, em alguns casos, assumir a condução da própria demanda. Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa (§3o, art. 5o da Lei no 7.347/1985). Ainda que atuando somente como fiscal da lei, o Parquet tem legitimidade para recorrer. Art. 499. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público. § 1° Cumpre ao terceiro demonstrar o nexo de interdependência entre o seu interesse de intervir e a relação jurídica submetida à apreciação judicial. § 2° O Ministério Público tem legitimidade para recorrer assim no processo em que é parte, como naqueles em que oficiou como fiscal da lei. Foi cobrado em 2012. (TRT 11ª Região ± FCC 2012) É correto afirmar que o Ministério Público a) não pode atuar num mesmo processo como parte e como fiscal da lei. b) deve estar presente como fiscal da lei em todos os processos em que o Estado estiver presente na relação processual. c) pode recorrer no processo em que oficiou como fiscal da lei, mesmo que não haja recurso da parte. d) só pode juntar documentos e certidões quando estiver atuando como parte, não podendo fazê-lo como fiscal da lei. e) pode, como fiscal da lei, ampliar os limites da lide, suscitando questões a 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 97 respeito das quais a lei exige a iniciativa da parte. 5HVSRVWD�FRUUHWD�OHWUD�³F´� Agora, façam a leitura do dispositivo a baixo e vejam como foi cobrado em prova: Art. 83. Intervindo como fiscal da lei, o Ministério Público: I - terá vista dos autos depois das partes, sendo intimado de todos os atos do processo; II - poderá juntar documentos e certidões, produzir prova em audiência e requerer medidas ou diligências necessárias ao descobrimento da verdade. (TRE PE ± )&&� ������ 1R� SURFHVVR� ³%´� R� 0LQLVWpULR� 3~EOLFR� HVWi� LQWHUYLQGR� como fiscal da Lei. Neste caso, a) poderá juntar documentos e certidões, bem como produzir prova em audiência, mas não poderá requerer outras diligências uma vez que estas competem especificamente às partes. b) poderá juntar documentos e certidões, mas não poderá produzir prova em audiência. c) o Ministério Público terá vista dos autos antes das partes, sendo intimado apenas dos principais atos processuais previstos no Código de Processo Civil. d) não poderá juntar documentos e certidões, mas poderá produzir prova em audiência. e) o Ministério Público terá vista dos autos depois das partes, sendo intimado de todos os atos do processo. RHVSRVWD�FRUUHWD�OHWUD�³H´� Percebam que bastante do conhecimento do Processo Civil vem da leitura continuada dos dispositivos do CPC e de leis esparsas relacionados à matéria de prova. 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 97 A ausência de intimação para acompanhar o feito causará nulidade do processo, nos casos em que a lei determina a obrigatoriedade da participação do Ministério Público. Essa anulação afetará todos os atos, a partir da intimação omitida. Por conta disso, ainda é conferido ao Ministério Público a prerrogativa de propor ação rescisória de sentença, nos casos em que não foi ouvido no processo de intervenção de custus legis obrigatória. x O art. 81 atribui ao Ministério Público os mesmos poderes e ônus das partes quando este exercer o direito de ação. x O art. 82 do CPC versa sobre os casos de intervenção obrigatória do Ministério Público: a) Interesses de incapazes (hipossuficientes). b) Ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela, curatela, interdição, casamento, declaração de ausência e disposições de última vontade. c) Em litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas em que há interesse público evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte. Vejam como o tema foi abordado. (MPE AP ± FCC 2012) No processo civil, compete ao Ministério Público a) exercer o direito de ação nos casos legalmente previstos, com inversão doônus probatório a seu favor, gozando, também, de prazo em dobro para oferecimento de contestação nos autos. b) pleitear, em ação civil pública, a indenização decorrente do seguro obrigatório por acidentes de veículos (DPVAT) em benefício do segurado. c) intervir na ações possessórias em geral, bem como nas demandas relativas 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 97 a dano social e estético. d) intervir nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas em que há interesse público evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte. e) ter vista dos autos, para manifestação, antes das partes, com eventual novo pedido de vista após estas se manifestarem, a fim de ratificar ou apresentar acréscimos às formulações anteriores. Gabarito: D CAPÍTULO VII: DAS PARTES E DOS PROCURADORES 1. PARTES A partir da identificação das partes do processo, será possível definir as pessoas que podem ser alcançadas pelo pronunciamento judicial ± quem poderá exigir o cumprimento da obrigação imposta na sentença e perante quem ela se dirigirá. A definição das partes no processo vai delimitar os limites subjetivos da coisa julgada. As partes do processo são, em regra, o autor, que solicita o término do conflito que originou o processo; o réu, perante quem a providência jurisdicional foi demandada. A relação jurídica é formada, ao menos, com dois sujeitos: demandante e demandado. As partes devem agir com lealdade e boa-fé, estando sujeitos, na ausência da observância dos deveres legais, à multa conforme o art. 14 do CPC: em montante a ser fixado de acordo com a gravidade da conduta e não superior a vinte por cento do valor da causa. A definição apresentada acima se refere ao conceito clássico de partes, no entanto, podem envolver-se no processo, além do autor e réu, outras pessoas que queiram defender interesse jurídico de sua titularidade. Contudo, deve-se salientar a distinção entre sujeito da lide ou do negócio jurídico material deduzido em juízo e sujeito do processo. 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 97 Um exemplo que nem sempre os sujeitos da lide coincidem com as partes do processo ocorre quando, após a investigação das circunstâncias fáticas da controvérsia de um acidente de trânsito entre Alberto e Balzac ± os condutores dos veículos e responsáveis pela materialização do conflito de interesses, Alberto decide demandar contra Carlos, ao invés de dirigir sua pretensão contra Balzac, mero condutor do veículo, sendo o carro de propriedade de Carlos. Percebe-se que Alberto e Balzac são sujeitos da lide, sendo que Alberto e Carlos são sujeitos do processo. Desse modo, pode-se definir parte de dois modos: parte como sujeito da lide, em sentido material, e parte como sujeito do processo, em sentido processual. Parte, para o direito processual, é a pessoa que pede ou perante a qual se pede, em nome próprio, a tutela jurisdicional. O conceito de parte pode ser dado de modo mais abrangente, como coloca /LHEPDQ�� ³VmR� SDUWHV� GR� SURFHVVR� RV� VXMHLWRV� GR� FRQWUDGLWyULR� LQVWLWXtGR� SHUDQWH� R� juiz´ (os sujeitos do processo diversos do juiz, para as quais este deve proferir o seu provimento). Formação clássica do processo O processo envolve apenas o autor, o réu (como partes) e o juiz. Extensão das partes no processo Ingresso de terceiros: para apoiar uma das partes principais ou defender interesse próprio: autor, réu e terceiros. De acordo com o tipo de ação, fase processual ou procedimento, as terminologias das partes mudam. 1. Processo de conhecimento geral: a) Autor e réu. 2. Processo de conhecimento: b) Nas exceções: o promovente é excipiente e o 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 97 promovido, exceto. c) Na reconvenção: reconvinte e reconvindo. d) Nos recursos em geral: recorrente e recorrido. e) Na apelação: apelante e apelado. f) No agravo: agravante e agravado. g) Nos embargos de terceiros: embargante e embargado. h) Nas intervenções de terceiros: denunciado, chamado, assistente ou interveniente. 3. Processo de execução: a) As partes da execução forçada: credor e devedor. b) Nos embargos do devedor ou de terceiros: embargante ou embargado. 4. Processo Cautelar: a) As partes no CPC: requerente e requerido. 5. Nos procedimentos de jurisdição voluntária: a) Não há partes, mas apenas interessados. 1.1. CAPACIDADE DE SER PARTE A capacidade de ser parte é um direito (art. 7o, do CPC); diz respeito à personalidade tanto da pessoa física quanto da pessoa jurídica. Essa capacidade é estendida para os entes despersonalizados ± a massa falida, o condomínio. Dessarte, a capacidade de ser parte é a possibilidade de o indivíduo apresentar-se em juízo como autor ou réu no processo. Para a validade da capacidade de ser parte, é necessária a personalidade civil. Para as pessoas físicas, a personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 97 nascituro (art. 2o do CC). Para as pessoas jurídicas, a personalidade civil é obtida a partir da inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, como Junta Comercial, Órgão de Classe. Após adquirir a capacidade de ser parte, verifica-se se o autor e o réu podem realizar os atos do processo sem a necessidade de acompanhamento ou apoio de outrem, ou seja, deve-se verificar se as partes detêm todas as condições de se manterem na relação processual sem serem amparadas por outra pessoa. 1.2. CAPACIDADE PROCESSUAL A capacidade processual é pressuposto de validade do processo. As partes precisam dela para a prática dos atos processuais. A parte que não tem capacidade processual deverá ser representada ou assistida em juízo. Quando representada não participará dos atos, quando assistida participará de sua realização em conjunto com quem assiste. Não tem capacidadeprocessual quem não tem capacidade civil para a prática plena dos atos jurídicos materiais, como o exemplo dos menores de idade (na forma dos artigos, artigos 1º a 10 do Código Civil). A incapacidade processual pode ser superada por meio da figura jurídica da representação. Por conseguinte, quando os incapazes fizerem parte da lide, serão representados por seus pais, tutores ou curadores, de acordo com a lei. Art. 8o: Os incapazes serão representados ou assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na forma da lei civil. Quando uma das partes ou as partes são absolutamente incapazes, deverão ser representadas; quando a incapacidade for relativa, deverão ser assistidas. Ocorrendo qualquer das duas hipóteses, haverá a necessidade da intervenção do Ministério Público, sob pena de nulidade do processo. Os incapazes detêm a capacidade de ser parte, mas não possuem a capacidade de estar em juízo nem a capacidade postulatória, uma vez que não possuem capacidade para a prática dos atos civis. 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 97 O advogado, em regra, de modo exclusivo, tem capacidade postulatória. Exceto nos casos previstos em lei, por exemplo, nos Juizados Especiais, Justiça Trabalhista, ADIN e ADECON. Art. 3o: São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I ± os menores de dezesseis anos; II ± os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; III ± os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. Art. 4o: São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: I ± os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II ± os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; III ± os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; IV ± os pródigos. Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial. 1.3. CAPACIDADE PROCESSUAL DOS CÔNJUGES NAS AÇÕES REAIS IMOBILIÁRIAS 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 97 Art. 10: O cônjuge somente necessitará do consentimento do outro para propor ações que versem sobre direitos reais imobiliários. Não há dependência entre os cônjuges para estar em juízo nas ações em geral; a exceção diz respeito às ações que tratem sobre os direitos reais imobiliários, pois nesse caso o cônjuge (marido ou mulher) dependerá da anuência do consorte para ingressar em juízo. Essa restrição visa a proteger o patrimônio imobiliário familiar. O artigo 1.647, CC, trata da capacidade processual das pessoas casadas, no polo ativo, e da exigência de litisconsórcio passivo, nas causas que versam sobre direitos reais imobiliários. Nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos; prestar fiança ou aval; fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns ou dos que possam integrar futura meação. Mas são válidas as doações nupciais feitas aos filhos, quando casarem ou estabelecerem economia separada (art. 1.647, CC). 'H�DFRUGR�FRP�R�GLVSRVWR�QR�³FDSXW´�GR�DUW��������GR CC, não se aplica a exigência de participação do consorte quando o casamento ocorrer em regime de separação absoluta de bens. A participação do consorte é necessária nos regimes de bens de comunhão parcial, universal e de participação final de aquestos. Nesse último, caso não haja acordo pré-nupcial estabelecido. Contudo, o art. 1.648 do CC determina: cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente, suprir a outorga, quando um dos cônjuges a denegue sem motivo justo, ou lhe seja impossível concedê-la. 1.4. CURATELA ESPECIAL Em algumas hipóteses, o magistrado dará à parte um representante especial para atuar em seu nome no curso do processo. A esse representante dá-se o nome de curador especial ou curador à lide. 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 97 O CPC traz em seu art. 9o a determinação de que o juiz dará curador especial ao incapaz, se não tiver representante legal, ou se os interesses deste colidirem com os daquele; ao réu preso, bem como ao revel citado por edital ou com hora certa. Nas comarcas em que houver representante judicial de incapazes ou de ausentes, competirá a este a função de curador especial. O curador especial terá o dever de proteger o interesse da parte tutelada, tendo ampla defesa dos direitos da parte representada, podendo produzir a contestação, a exceção e a reconvenção. No entanto, o curador não pode transacionar, uma vez que a representação é somente da tutela e não de disposição. A curatela à lide é um múnus (dever) processual que não permite a exigência de honorários da parte representada, mas os serviços do advogado podem ser reclamados da parte contrária, quando ocorrer sucumbência. 1.5. REPRESENTAÇÃO DAS PESSOAS JURÍDICAS E DAS PESSOAS FORMAIS Serão representadas em juízo, ativa e passivamente, as seguintes pessoas jurídicas publicas e privadas, bem como as pessoas formais (art. 12 do CPC): a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, por seus procuradores; o Município, por seu prefeito ou procurador; a massa falida, pelo síndico; a herança jacente ou vacante, por seu curador; o espólio, pelo inventariante; as pessoas jurídicas, por quem os respectivos estatutos designarem ou, não os designando, por seus diretores; as sociedades sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração dos seus bens; a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil (art. 88, parágrafo único); o condomínio, pelo administrador ou pelo síndico. Quando o inventariante for dativo, todos os herdeiros e sucessores do falecido serão autores ou réus nas ações em que o espólio for parte (§ 1o). As sociedades sem personalidade jurídica, quando demandadas, não poderão opor a irregularidade de sua constituição (§ 2o). 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentadosProf. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 97 O gerente da filial ou agência presume-se autorizado, pela pessoa jurídica estrangeira, a receber citação inicial para o processo de conhecimento, de execução, cautelar e especial (§ 3o). Para pessoa jurídica que mantenha filiais, é importante distinguir duas circunstâncias: a) Regra geral, a citação do gerente dependerá de poderes especiais, ou seja, quando os atos não forem praticados pelo citando, não basta ter a qualidade de gerente, é necessário que se tenha poderes adequados para o ato. b) Quando os atos forem praticados pelo gerente da filial, a citação do gerente terá eficácia, mesmo que o gerente não tenha poderes especiais para recebê-la. Essa circunstância só terá validade caso não haja no foro competente outro representante com poderes especiais. 1.6. INCAPACIDADE PROCESSUAL E IRREGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO A capacidade das partes e a regularidade de sua representação, por serem requisitos de validade da relação processual, devem ser verificadas, ex officio, pelo magistrado. Uma vez verificada a incapacidade processual ou irregularidade, o juiz suspende o processo e determina um prazo para que seja sanado o defeito. Caso não seja cumprido o despacho no prazo estabelecido, que não poderá ser superior a 30 dias, o magistrado poderá adotar as seguintes medidas (art. 13 do CPC): ao autor, o juiz decretará a nulidade do processo; ao réu, reputar-se-á revel; ao terceiro, será excluído do processo. Vejam uma questão de 2012: (TRF 5° Região ± FCC 2012) Com relação à capacidade processual é correto afirmar: 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 97 a) No atual sistema jurídico pátrio, os cônjuges não necessitam do consentimento do outro para a propositura de ação de qualquer natureza. b) Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, em nenhuma hipótese. c) A jurisdição civil, contenciosa e voluntária, é exercida pelos juízes e pelos integrantes do Ministério Público, nos termos da lei. d) O juiz dará curador especial ao réu preso, bem como ao revel citado por edital ou com hora certa. e) Ambos os cônjuges serão citados, necessariamente, para as ações que versem sobre direitos pessoais mobiliários. COMENTÁRIOS: a) Acabamos de ver que o cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ações que versem sobre direitos reais imobiliários. Lembrem-se que não há dependência entre os cônjuges para estar em juízo nas ações em geral; a exceção diz respeito às ações que tratem sobre os direitos reais imobiliários. Essa restrição visa a proteger o patrimônio imobiliário familiar. E��0XLWR�FXLGDGR�FRP�DV�JHQHUDOL]Do}HV��$R�GL]HU�³HP�QHQKXPD�KLSyWHVH´�D�EDQFD� invalidou a questão, pois nos casos em que a Lei autorizar será possível pleitear, em nome próprio direito alheio (art. 6°, CPC). c) O erro da questão está em incluir o Ministério Público. De acordo com o art. 1° do CPC: A jurisdição civil, contenciosa e voluntária, é exercida pelos juízes, em todo o território nacional, conforme as disposições que este Código [CPC] estabelece. d) É a alternativa correta. O juiz determinará curador especial ao incapaz, se não tiver representante legal, ou se os interesses deste colidirem com os daquele; ao réu preso, bem como ao revel citado por edital ou com hora certa. e) Atenção à leitura, o correto seria dizer que o cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ações que versem sobre direitos reais imobiliários. Gabarito: D 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 97 1.7. CAPACIDADE PROCESSUAL VERSUS CAPACIDADE DE SER PARTE VERSUS CAPACIDADE POSTULATÓRIA A capacidade processual relaciona-se com a capacidade de fato ou de exercício; é a qualidade legal para participar da relação processual, em nome próprio ou alheio. Por seu turno, a capacidade de ser parte, relaciona-se com a capacidade de exercer o direito. As pessoas físicas, jurídicas, de direito público ou privado, e as pessoas formais possuem capacidade de ser parte. Na capacidade postulatória, regra geral, têm capacidade postulatória os advogados inscritos na OAB e o Ministério Público. Existem casos em que não se faz necessária a capacidade postulatória para atuar em juízo, como nos Juizados Especiais Cíveis, quando o valor da causa não ultrapassar 20 salários mínimos. O nascituro tem capacidade de ser parte. Será representado pela mãe ou pelo Ministério Público. Assim, a mãe, como representante do nascituro, poderá oferecer a ação e, caso venha a nascer com vida, poderá ser investido da titularidade do direito material. (TRF 2° Região ± FCC 2012) Roberval é maior, capaz, técnico em computação, reside da cidade do Rio de Janeiro, se acha em pleno exercício de seus direitos e habilitado a todos os atos da vida civil. Nesse caso, Roberval a) tem capacidade postulatória e capacidade para estar em juízo. b) tem capacidade postulatória, mas não tem capacidade para estar em juízo. c) tem capacidade para estar em juízo, mas não tem capacidade postulatória. 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 97 d) não tem capacidade postulatória, nem capacidade para estar em juízo. e) só tem capacidade para estar em juízo e capacidade postulatória se estiver assistido por curador especial. Gabarito: C Percebam que Roberval é técnico em computação, não se mencionou na questão se ele era advogado inscrito nos quadros da OAB, de maneira que não tem, em regra, capacidade postulatória. 1.8. DOS DEVERES DAS PARTES E DOS PROCURADORES Não se justificaria a intervenção estatal se não houvesse um conflito de interesses. Uma vez existente o conflito, busca-se uma decisão pacificadora que só será alcançada por meio da cooperação das partes, devendo ser respeitadas as normas e regras processuais e as determinações do juiz. Desse modo, são deveres das partes e de todos aqueles que de qualquer forma participam do processo (arts. 14 e 15 do CPC): a) Expor os fatos em juízo conforme a verdade. b) Proceder com lealdade e boa-fé. c) Não formular pretensões nem alegar defesa, ciente de que são destituídas de fundamento. d) Não produzir provas, nem praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou defesa do direito. e) Cumprir com exatidão os provimentos mandamentaise não criar embaraços à efetivação de provimentos judiciais, de natureza antecipatória ou final. No processo civil, as partes estão livres para escolher os meios necessários à consecução dos objetivos, desde que esses sejam idôneos, respeitando a celeridade do processo. As partes devem respeitar os princípios da lealdade e da probidade. Reforça-se que, além das partes, os deveres elencados nos arts. 14 e 15 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 97 do CPC [acima] devem ser respeitados pelos terceiros intervenientes e pelos advogados que representam as partes no processo. Vejam esta questão: (TRE ES) A respeito dos auxiliares da justiça e das partes do processo, julgue o item abaixo. No exercício do direito à ampla defesa e ao contraditório, o réu pode alegar, em contestação, defesa destituída de fundamento. a) Certo b) Errado $FDEDPRV� GH� YHU� QD� OHWUD� ³F´� TXH� VmR� GHYHUHV� GDV� SDUWHV� H� GH� WRGRV� aqueles que de qualquer forma participam do processo não formular pretensões nem alegar defesa, ciente de que são destituídas de fundamento. Gabarito: Errado Compete ao advogado, ou à parte quando postular em causa própria: a) Declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço em que receberá intimação; b) Comunicar ao escrivão do processo qualquer mudança de endereço. 6H� R� DGYRJDGR� QmR� FXPSULU� R� GLVSRVWR� QD� OHWUD� ³D´�� R� MXL]�� DQWHV� GH� determinar a citação do réu, mandará que se supra a omissão no prazo de 48 horas, sob pena de indeferimento da petição. Se inIULQJLU� R� SUHYLVWR� QD� OHWUD� ³E´�� VHUmR� consideradas válidas as intimações enviadas, em carta registrada, para o endereço constante dos autos. 1.8.1. RESPONSABILIDADE DAS PARTES POR DANO PROCESSUAL Caso uma das partes haja com má-fé, deverá indenizar as perdas e danos causados à parte prejudicada (art. 16 do CPC). Essa responsabilidade alcança tanto o autor e o réu como os intervenientes no processo. 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 97 É litigante de má-fé aquele que: deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; alterar a verdade dos fatos; usar do processo para conseguir objetivo ilegal; opuser resistência injustificada ao andamento do processo; proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo; provocar incidentes manifestamente infundados; interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório. Caso seja classificado como litigante de má-fé, a indenização compreenderá: os prejuízos das partes; os honorários advocatícios, as despesas efetuadas pelo lesado, sendo que a reparação do ato ilícito será devida qualquer que seja o resultado da lide, mesmo que a decisão seja favorável ao litigante de má- fé. Há a possibilidade de aplicar a penalidade de quantia pecuniária igual ou inferior a um por cento sobre o valor da causa, o que é, pelo baixo percentual, praticamente um estímulo à litigância de má-fé. Art. 18 do CPC: O juiz ou tribunal, de ofício ou a requerimento, condenará o litigante de má-fé a pagar multa não excedente a um por cento sobre o valor da causa e a indenizar a parte contrária dos prejuízos que esta sofreu, mais os honorários advocatícios e todas as despesas que efetuou. Todavia, a multa pode ser acompanhada do arbitramento de indenização pelos danos suportados pela parte prejudicada, representando valor pecuniário não superior a 20 por cento do valor da causa a ser fixado pelo juiz, ou liquidado por arbitramento (art. 18, § 2o, CPC). Portanto, a multa é de um por cento e a indenização pode chegar a 20 por cento do valor da causa, com imposição imediata ou deslocada para a liquidação por arbitramento. Caiu em prova: (TRE SP ± FCC 2012) Beatriz está sendo executada judicialmente pelo descumprimento de obrigação contratual, cujo valor da causa é R$ 62.000,00. Na referida execução, Beatriz foi considerada litigante de má-fé porque interpôs recurso com o intuito manifestamente protelatório. De acordo com o Código de Processo Civil brasileiro, a multa pela litigância de má-fé NÃO excederá 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 97 a) R$ 620,00. b) R$ 1.240,00. c) R$ 3.100,00. d) R$ 6.200,00 e) R$ 9.300,00. Gabarito: A 1.9. RESPONSABILIDADE E DIREITOS DO PROCURADOR A parte será representada em juízo por advogado legalmente habilitado. No entanto, ela poderá postular em causa própria em duas situações: a) Quando tiver habilitação legal; ou seja, em regra, ser advogado; b) Quando não tiver habilitação, faltar advogado no lugar, ou aqueles que houver se recusarem ou forem impedidos. Sem instrumento de mandato, o advogado não será admitido a procurar em juízo. Poderá, todavia, em nome da parte, intentar ação, a fim de evitar decadência ou prescrição, bem como intervir, no processo, para praticar atos reputados urgentes. Nestes casos, o advogado se obrigará, independentemente de caução, a exibir o instrumento de mandato no prazo de 15 dias, prorrogável por igual período. Os atos, não ratificados no prazo, serão havidos por inexistentes, respondendo o advogado por despesas e perdas e danos. A procuração para o foro mencionada no parágrafo anterior é conferida por instrumento público, ou particular assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, salvo: receber citação inicial, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre que se funda a ação, receber, dar quitação e firmar compromisso. Estes últimos, portanto, são poderes não conferidos ao advogado por procuração geral para o foro. 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 97 Percebam que há uma lógica para não se conferir ao advogado algum desses poderes. Seria irracional permitir ao advogado dispor de direitos da parte ou negociar o bem da vida (o objeto em discussão). É possível que o procurador recorra de decisão do juiz, isso é razoável, já que o faz perseguindo o que é de desejo da parte,mas não é razoável que, por exemplo, possa firmar compromissos em nome da parte ou transija em nome dela. Caiu em prova: (TRF 2° Região ± FCC 2012) A procuração geral para o foro conferida por instrumento público ou particular, assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, inclusive a) transigir. b) receber e dar quitação. c) firmar compromissos. d) recorrer. e) desistir. Relembrando: entre os poderes conferidos por procuração geral por foro não se encontram: 1) receber citação inicial, 2) confessar, 3) reconhecer a procedência do pedido, 4) transigir, 5) desistir, 6) renunciar ao direito sobre que se funda a ação, 7) receber, 8) dar quitação e 9) firmar compromisso (disposição do art. 38 do CPC). Percebam que a possibilidade de recorrer não está no rol de exceções à procuração geral de foro, de maneira que a resposta corUHWD�HVWi�QD�OHWUD�³G´� Gabarito: D Uma vez outorgada ao advogado procuração especial com poder de ser citado em nome da parte, o advogado poderá ser citado na forma legal, artigos 213 e seguintes do CPC. O artigo 215 discorre sobre a citação de quem detém procuração para tanto: 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 97 Art. 215 Far-se-á a citação pessoalmente ao réu, ao seu representante legal ou ao procurador legalmente autorizado. § 1o Estando o réu ausente, a citação far-se-á na pessoa de seu mandatário, administrador, feitor ou gerente, quando a ação se originar de atos por eles praticados. § 2o O locador que se ausentar do Brasil sem cientificar o locatário de que deixou na localidade, onde estiver situado o imóvel, procurador com poderes para receber citação, será citado na pessoa do administrador do imóvel encarregado do recebimento dos aluguéis. (TJDFT) Mauro, advogado, tem domicílio em Brasília e exerce suas atividades de advocacia em seu único escritório, situado em Taguatinga. Trata-se de causídico que ostenta procuração por instrumento público com poderes especiais para receber citações em nome de François, seu cliente estrangeiro domiciliado em Paris. A partir da situação hipotética acima, julgue os seguintes itens. Eventual citação de François feita na pessoa de Mauro no seu domicílio em Brasília seria nula, pois, por se tratar de relações concernentes à sua profissão, deveria ser realizada em Taguatinga. Gabarito: E São direitos do advogado no curso do processo: a) Examinar, em cartório de justiça e secretaria de tribunal, autos de qualquer processo, observado o disposto no art. 155 ± elenca as situações em que os processos correm em segredo de justiça. São elas: 1 ± Em que o interesse público exige; 2 ± Que dizem respeito a casamento, filiação, separação dos cônjuges, conversão desta em divórcio, alimentos e guarda de menores. O direito de consultar os autos e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes e a seus procuradores. 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 97 b) Requerer, como procurador, vista dos autos de qualquer processo pelo prazo de 5 dias; c) Retirar os autos do cartório ou secretaria, pelo prazo legal, sempre que lhe competir falar neles por determinação do juiz, nos casos previstos em lei. Ao receber os autos, o advogado assinará carga no livro competente. Quanto à responsabilidade do procurador, o STJ tem entendido que se ele (o procurador) é responsável por eventuais ofensas à outra parte, não é o procurado responsável. Eventuais ofensas feitas no processo pelo advogado, ainda que tenha relação de emprego com quem representa em juízo, é de sua inteira responsabilidade. Assim, o STJ garantiu a independência do advogado, ainda que ele seja funcionário de quem representa. Em contrapartida, é ele que tem de arcar com abusos que cometer em juízo. (Recurso Especial N° 1.048.970-MA (2008/0084652-9), Relator: Min. FERNANDO GONÇALVES, Data de Julgamento: 15/4/2010) 1.10. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS Esse tema, além de constar no CPC, está no estatuto da OAB. Existem 3 tipos de honorários advocatícios: convencionados. arbitrados judicialmente e de sucumbência. Art. 22 da Lei n° 8.906/1994 (Estatuto da OAB): a prestação de serviço profissional assegura aos inscritos na OAB o direito aos honorários convencionados, aos fixados por arbitramento judicial e aos de sucumbência. a) Convencional: acordado entre advogado e cliente. Poderá ser o fixado na tabela de honorários ou maior. b) Arbitrados judicialmente: por meio de ação própria do advogado, direcionada ao juiz da causa, que, por sua vez, não fixará valor menor ao definido na tabela de honorários. c) De sucumbência: o que a parte vencida deve pagar a outra parte. O art. 20, caput, do CPC determina que: a sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou e os honorários advocatícios. Essa verba 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 97 honorária será devida, também, nos casos em que o advogado funcionar em causa própria. Dúvida: O art. 3º da Lei 1.060/50 prescreve que os honorários advocatícios são isentos a quem comprove a insuficiência de recursos. No entanto, se o autor da ação for legalmente pobre e ao mesmo tempo ganhar a ação, o réu pagará os honorários advocatícios? O art. 20, caput, do CPC, dispõe que: a sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou e os honorários advocatícios. Esta verba honorária será devida, também, nos casos em que o advogado funcionar em causa própria. Desse modo, o vencido é quem arcará com os honorários advocatícios. Se o réu vencer a causa, o autor manterá seu benefício da gratuidade. Se o réu for vencido, deverá arcar com as despesas e honorários advocatícios. Importante ressaltar que a parte beneficiada pela isenção do pagamento das custas ficará obrigada a pagá-las, desde que possa fazê-lo, sem prejuízo do sustento próprio ou da família. Se dentro de cinco anos, a contar da sentença final, o assistido não puder satisfazer tal pagamento, a obrigação ficará prescrita. Assim, de acordo com o art. 3º, inciso V, da Lei 1.060/50: a assistência judiciária compreende as seguintes isenções: [...] V - dos honorários de advogado e peritos. No entanto, essa regra não se aplica nos casos em que o beneficiário foi vencido na contenda jurídica, ou seja, nos casos de honorários de sucumbência. Vejamos seguinte julgado: JUSTIÇA GRATUITA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.A parte beneficiada pela Justiça gratuita, quando sucumbente, pode ser condenada ao pagamento dos honorários advocatícios, mas lhe é assegurada a suspensão do pagamento pelo prazo de cinco anos, se persistir a situação de pobreza, quando, então, a obrigação estará prescrita, se não houver, nesse período, a reversão (Lei n. 1.060/1950). Precedentes citados: REsp 743.149-MS, DJ 24/10/2005; REsp 874.681-BA, DJ 12/6/2008; REsp 728.133-BA, DJ 30/10/2006; AgRg no Ag 725.605-RJ, DJ 27/3/2006, e REsp 594.131-SP, DJ 9/8/2004. REsp 1.082.376-RN, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 17/2/2009. (1ª Turma) (INF. 384) 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 97 x Outro julgado: O silêncio do CPC em relação aos honorários, quando o processo é extinto por desistência de ambas as partes, levou o STJ a decidir que esses honorários não devem ser fixados. Quando a desistência do processo é unilateral, caberá à parte autora pagar os honorários do advogado da outra parte. O importante dessa decisão é não envolver a justiça no pagamento dos advogados quando as duas partes desistem do processo, ou seja, decidiu-se que a Justiça não deve interferir nesse caso. (REsp 435.681/ES, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, Terceira Turma, Data do Julgado em 19/10/2010, DJe 26/10/2010) ATENÇÃO! Súmula 481 - 67-��³)D]�MXV�DR�EHQHItFLR�GD�MXVWLoD�JUDWXLWD�D�SHVVRD�MXUtGLFD�FRP�RX� sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos SURFHVVXDLV�´ Dessa maneira, o STJ tem sumulado o entendimento de que as pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos, que demonstrem sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais terão direito ao beneficio da justiça gratuita ± assistência jurídica. Vejam essa questão. (DPU/Adaptada) O benefício da assistência judiciária pode ser concedido às pessoas jurídicas com ou sem finalidade lucrativa. a) Certo b) Errado Gabarito: Certo 2. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL A parte é dividida, doutrinariamente, em duas espécies: a parte principal, que ingressa no processo para pleitear em nome e direito próprio; e a parte acessória, que intervém no processo em direito de terceiros. Na substituição processual, a parte recebe autorização para pleitear em nome próprio direito alheio. Esse fenômeno é frequente nas ações do Ministério 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 97 Público, quando tutela direito difuso, coletivo ou individual homogêneo. Nesse caso, o Ministério Público atua de modo amplo, instaurando a relação jurídico-processual e exercendo o direito de ação. A substituição processual, vale mencionar, não é uma prerrogativa exclusiva do Ministério Público, podendo ser atribuída, por exemplo, aos sindicatos e às associações civis. Além disso, ressalte-se que o substituto tem o direito de praticar todos os atos processuais, não lhe sendo facultado, contudo, o direito de transigir, de renunciar ou de reconhecer a procedência do pedido. Isso porque o direito material pertence aos substituídos. x Na substituição processual, a parte reivindica em seu nome direito do outro (de terceiro); enquanto na representação processual, a parte reivindica em nome do outro, direito também do outro, uma vez que o titular do direito material não pode postular. Mas o representante não é parte do processo. Litisconsórcio e assistência. Intervenção de terceiros. 1. LITISCONSÓRCIO Quando se tem várias pessoas em um polo do processo, configura-se o litisconsórcio (lide+consórcio) ± que é litigar em consórcio. O litisconsórcio é fenômeno processual em que mais de um sujeito atua em um dos polos da causa. Quanto ao polo em que ocorre, o litisconsorte classifica-se em ativo, que ocorre no polo ativo (autoria); passivo, que ocorre no polo passivo (réu), e misto, em que há várias pessoas no polo passivo e no ativo. Em relação ao momento, o litisconsórcio pode ser dividido em inicial, ocorre no momento da propositura da ação, e incidental, acontece durante o processo, no curso do processo. Igualmente importantes são outras duas classificações que se referem à relação do litisconsórcio com o próprio processo. A classificação quanto ao relacionamento do litisconsórcio com o processo necessário (obrigatório) ou facultativo. O primeiro impõe-se pela lei, não pode ser dispensado, nem por vontade 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 97 das partes. O segundo, facultativo, dá-se por vontade das partes. Em regra, o litisconsórcio é facultativo. O necessário ocorrerá por força de lei. Esse conhecimento já foi cobrado em prova: (MPE PI ) Julgue os itens a seguir, referentes ao litisconsórcio. A formação do litisconsórcio decorre estritamente da lei e o seu princípio básico é o da não facultatividade, ou seja, no caso de litisconsórcio ativo, há um verdadeiro dever de demandar que recai sobre todos os litisconsortes. a) Certo b) Errado Gabarito: Errado Na classificação quanto à igualdade da decisão, o litisconsórcio pode ser unitário, em que a decisão da causa deve ser idêntica para todos os litisconsortes, e o não unitário (simples), em que a decisão da causa pode ser diferente para cada litisconsorte. O CPC trabalha com as classificações de litisconsórcio necessário e facultativo; no entanto, peca na definição do litisconsórcio necessário, tratando-o de um modo que a doutrina considera inapropriado, já que dá ao litisconsórcio necessário o conceito do unitário ± aquele em que a sentença deve ser idêntica a todos os litigantes. Art. 46: Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando: Art. 47: Há litisconsórcio necessário, quando, por disposição de lei ou pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para todas as partes; caso em que a eficácia da sentença dependerá da citação de todos os litisconsortes no processo. Em regra, o litisconsórcio é facultativo. O necessário ocorrerá por força de lei. Por que a lei determinaria que pode e, até mesmo, que deve haver litisconsórcio? Dois importantes objetivos do litisconsórcio são a economia 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentadosProf. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 97 processual e o combate à contradição no julgamento (que pode ocorrer se causas iguais ou afins são julgadas de modo diferente). Isso não quer dizer que no litisconsórcio (necessário ou facultativo) a sentença deva ser idêntica para todas as pessoas da mesma parte. Aliás, essa obrigação configura o litisconsórcio unitário, como visto. A doutrina entende que o legislador foi impreciso ao atribuir ao litisconsórcio necessário os efeitos do unitário, quando dispôs, no art. 47 que a decisão será uniforme para todos. ³O conceito legal, no entanto, é falho, pois o código definiu o litisconsórcio necessário conforme apenas as características do litisconsórcio unitário´��7KHRGRUR� Jr., 1999a, p. 127). Dessa forma, é possível a formação do litisconsórcio tanto no caso de os pedidos serem iguais ou semelhantes quanto nos casos em que as causas de pedir são iguais ou semelhantes. Exemplo clássico de litisconsórcio necessário é o disposto no artigo 10 do CPC: Art. 10: O cônjuge somente necessitará do consentimento do outro para propor ações que versem sobre direitos reais imobiliários. § 1o Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para as ações: I ± que versem sobre direitos reais imobiliários; II ± resultantes de fatos que digam respeito a ambos os cônjuges ou de atos praticados por eles; III ± fundadas em dívidas contraídas pelo marido a bem da família, mas cuja execução tenha de recair sobre o produto do trabalho da mulher ou os seus bens reservados; IV ± que tenham por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre imóveis de um ou de ambos os cônjuges. Art. 46: [...] Parágrafo único. O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa [...] 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 97 A hipótese mencionada no dispositivo é possível somente para a modalidade de litisconsórcio facultativo. Fala-se, nessa circunstância, do famoso litisconsórcio multitudinário, que pode ser descrito como o litisconsórcio facultativo com número excessivo de litisconsortes. Para evitar prejuízos à defesa processual e à agilidade do processo, permite-se sua divisão em outros processos. Na modalidade de litisconsórcio necessário, o juiz não poderá prolatar decisão sem que tenham sido citados todos os litisconsortes. Relativamente aos prazos, vale menção ao art. 191 do CPC, no qual se prevê a contagem de prazos em dobro, no litisconsórcio, quando houver diferentes SURFXUDGRUHV� SDUD� FRQWHVWDU�� UHFRUUHU� H� IDODU� QRV� DXWRV�� ³Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos´. (TJ RR) De acordo com o CPC, quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, os prazos para contestar e recorrer serão contados em dobro, prerrogativa esta que não se estende às demais manifestações nos autos. a) Certo b) Errado Percebam que o erro da questão está em restringir a prerrogativa de contagem dos prazos em dobro às situações de recursos e contestação, quando a regra se estende para manifestações nos autos em geral. Gabarito: Errado 2. ASSISTÊNCIA A assistência, apesar de não estar elencada junto com as demais espécies de intervenção de terceiros, tem a mesma natureza jurídica destas. Art. 50: Pendendo uma causa entre duas ou mais pessoas, o terceiro, que tiver interesse jurídico em que a sentença seja favorável a uma delas, poderá intervir no processo para assisti-la. 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 97 A assistência, em suma, consiste no ingresso de terceiro no processo para auxiliar uma das partes litigantes a obter decisão judicial favorável. Independentemente de o terceiro ingressar de maneira voluntária ou haver a existência da demanda, a assistência será sempre voluntária. Logo, o terceiro só participará do processo por livre e espontânea vontade. O assistente não é parte relevante do processo como o são autor e réu, pois a lide não diz respeito ao seu direito, a lei o trata por parte não-principal (art. 52). O único pressuposto de validade da assistência é o interesse jurídico do sujeito alheio ao processo. Também aqui há um ponto importante: para ser assistente, o terceiro deve demonstrar a possibilidade de ser afetado, juridicamente, pela decisão judicial. Grifou-se a expressão interesse jurídico, porque o interesse tem que ser nesse campo, ainda que tenha efeito em outras áreas. Não se justifica, portanto, o interesse exclusivamente econômico ou de fato. De modo que, a alegação de que o interessado poderá sofrer grande prejuízo financeiro não é suficiente para recorrer- se à assistência. A ocorrência do interesse jurídico é analisada pela influência que a sentença exerceria sobre a esfera de direitos de quem pretende ser assistente. Ou seja, há interesse jurídico quando a sentença pode alterar direito do assistente. Como se disse, o interesse para o cabimento da assistência deve ser jurídico. No entanto, o art. 5o, parágrafo único, da Lei Federal no 9.469/1997, admite a assistência em caso de interesse econômico de pessoas jurídicas de direito público: União, Estados, Distrito Federal, Municípios, Autarquias e Fundações Públicas. Nesse caso, ocorrerá a assistência atípica. Art. 5o: A União poderá intervir nas causas em que figurarem, como autoras ou rés, autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas federais. Parágrafo único. As pessoas jurídicas de direito público poderão, nas causas cuja decisão possa ter reflexos, ainda que indiretos, de natureza econômica, intervir, independentemente da demonstração de interesse jurídico, para esclarecer questões de fato e de direito, podendo juntar documentos e memoriais reputados 30462678350 053.876.264-03 - Gidalte Lucio da Silva Brito Direito Processual Civil ʹ TRF 3ª Região Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges ʹ Aula 03 Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 97 úteis ao exame da matéria e, se for o caso, recorrer, hipótese em que, para fins de deslocamento de competência, serão consideradas partes. 2.1. PROCEDIMENTO DA ASSISTÊNCIA O terceiro solicita participação no processo por petição fundamentada, não havendo necessidade de preencher os requisitos para petição inicial, no art. 282 do CPC. No parágrafo único do art. 50 do CPC,
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