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[Compilado] Fundamento de Economia (Toda a Matéria) Curva de Possibilidade de Produção É um conceito teórico que ilustra como a questão da escassez impõe um limite a questão produtiva de uma sociedade. Devido aos recursos limitados uma sociedade tem que escolher as quantidades de bens e Serviços a produzir, mais máquinas e menos automóveis, mais feijão e menos arroz, etc . A curva de possibilidade de produção ilustra graficamente como a escassez de fatores de produção cria um limite para a capacidade produtiva de uma empresa, país ou sociedade. Ela representa todas as possibilidades de produção que podem ser atingidas com os recursos e tecnologias existentes. A curva (ou fronteira) de possibilidade de produção (CPP) expressa à capacidade máxima de Produção da sociedade, supondo pleno emprego dos recursos ou fatores de que se dispõe em dado momento do tempo. Trata-se de um conceito teórico com o qual se ilustra como a escassez de recursos impõe um limite á capacidade produtiva de uma sociedade, que terá de fazer escolhas entre opções de produção. A curva ABCDE indica todas as possibilidades de produção de máquinas e de automóveis nessa economia hipotética. Qualquer ponto sobre a curva significa que a economia ira operar no pleno emprego, ou seja, utilizando todos os fatores de produção. No ponto D (ou em qualquer outro ponto interno da curva),dizemos que se está operando com capacidade ociosa. Ou seja, os fatores de produção estão sendo Subutilizados. O ponto E representa uma combinação impossível de produção, uma vez que os Fatores de produção e tecnologia de que a economia dispõe seriam insuficientes para Obter essas quantidades de bens. Esse ponto ultrapassa a curto prazo a capacidade de produção potencial ou de pleno emprego dessa economia. A transferência dos fatores de produção de um bem A para um bem B implica um custo de oportunidade que é igual ao sacrifício de se deixar de produzir parte do bem A para se Produzir mais do bem B. Os custos de oportunidades são crescentes, uma vez que, Quando aumentamos a produção de determinado bem, os fatores de produção Transferidos dos outros produtos se tornam cada vez menos aptos para a nova finalidade. • EXERCÍCIOS Questão 1: O conceito de custo de oportunidade é relevante para a análise econômica porque: a) os custos irrecuperáveis devem ser considerados pelas firmas em sua decisão de quanto produzir. b) os bens e os fatores de produção não são gratuitos. c) os recursos de produção são escassos. d) no curto prazo, alguns fatores de produção são fixos. e) em seu segmento relevante a curva de custo marginal é crescente. Questão 2: O que são curvas (ou fronteiras) de possibilidades de produção? Ilustre sua resposta desenhando uma curva típica. Questão 3: Mostre, graficamente, a ocorrência das seguintes situações, dada uma curva de possibilidades de produção (CPP): a) Pleno emprego dos fatores de produção. b) Um nível de produção impraticável no curto prazo. c) Um nível de produção em que há capacidade ociosa (fatores de produção desempregados ou subutilizados). Questão 4: Os pontos de uma curva de possibilidades de produção expressam: a) As combinações de máxima produção de dois bens correspondentes ao mínimo custo de produção. b) As combinações de mínima produção de dois bens, quando a dotação disponível dos fatores é plenamente utilizada. c) As combinações de máxima produção de dois bens quando a dotação disponível dos fatores é plenamente utilizada. d) As combinações de níveis de produção de dois bens correspondentes ao máximo lucro. e) as combinações de níveis de produção de dois bens correspondentes à máxima utilidade alcançada pelos consumidores. Questão 5: O consumidor A está disposto a ceder quatro unidades do bem X em troca de uma unidade do bem Y adicional às que já possui, enquanto o consumidor B aceita Ceder somente duas unidades do bem X para obter uma unidade a mais do bem Y. O que acontecerá se o consumidor A ceder uma unidade do bem X ao consumidor B, em troca de uma unidade do bem Y? a) Ambos ganharão. b) Ambos perderão. c) O consumidor A ganhará, mas o consumidor B perderá. d) O consumidor A perderá, mas o consumidor B ganhará. e) Nenhum deles perderá ou ganhará. Fluxo Real e Monetário O funcionamento de uma economia de mercado depende do entendimento de quem são os principais agentes econômicos que interferem no sistema econômico e que papel cada um deles exerce dentro da organização do sistema econômico. Os principais agentes econômicos são as famílias, as empresas e o governo. São estes agentes os responsáveis por toda a atividade econômica de uma determinada sociedade. As famílias são proprietárias dos fatores de produção, e os fornecem para as empresas, ao mesmo tempo em que consomem os bens e serviços produzidos por estas mesmas empresas. As empresas utilizam os fatores de produção fornecidos pelas famílias, e através de sua Combinação, produzem bens e serviços que são fornecidos para o consumo das famílias. O governo cuida da segurança, educação, saúde, da defesa dos cidadãos e de seus direitos. Além disso, o governo assegura o pleno funcionamento da economia, através da coordenação e Regulação dos mercados (bens e serviços e mercado de fatores de produção). Numa economia de mercado, estes diferentes agentes econômicos podem ser agrupados em três grandes setores: • O setor primário, que engloba a agricultura, a pesca, a pecuária e a mineração; • O setor secundário, onde há combinação de fatores de produção para a transformação de bens, e inclui as atividades industriais; • Setor terciário, ou setor de serviços, que inclui serviços, comércio, transporte, bancos, educação, entre outros. Para entender melhor o funcionamento do sistema econômico, vamos supor uma economia De mercado que não tenha interferência do governo, não tenha transações comerciais nem Financeiras com o exterior e não possua um setor financeiro desenvolvido. As atividades econômicas estarão centradas nas ações de dois grandes agentes: as empresas, que reúnem os fatores produtivos para a produção de bens e serviços, e as famílias, constituídas pelos indivíduos que são proprietárias dos recursos de produção (terra, trabalho, capital e capacidade empresarial). Fluxo real da economia ou circulação real: quando houver deslocamento físico do bem; pode ser definido a partir do fornecimento de recursos de produção, do uso destes recursos e de sua combinação na produção de bens e serviços intermediários e finais. Há emprego efetivo de fatores produtivos e dos produtos gerados. Há troca material de recursos produtivos e de bens e serviços. Engloba o mercado de recursos de produção e o mercado de bens e serviços. O fluxo real da economia, no entanto, só se torna possível com a presença da moeda, que é utilizada para pagar os bens e serviços e os fatores de produção. Paralelamente ao fluxo real temos o fluxo monetário da economia. Fluxo monetário da economia: quando há apenas transferência de propriedade, representada pelos pagamentos monetários efetuados pelos produtos (bens e serviços) e pelos fatores de Produção. Também vai englobar o mercado de recursos ou fatores de produção e o mercado de bens e serviços. O fluxo completo incorpora o setor público, adicionando-se os efeitos dos impostos e dos Gastos públicos ao fluxo anterior, bem como com o setor externo, que inclui todas as Transações com mercadorias, serviços e movimento financeiro com o resto do mundo. A introdução do governo nesse modelo simplificado de fluxos reais e monetários não Modifica, quanto aos seus funcionamentos, as características e o funcionamento deste Sistema. Emboraexerça também funções normativas e regulatórias, ao co-participar dos fluxos econômicos fundamentais, o governo é um agente econômico como outro qualquer. Ele se Apropria de uma parte da renda social e, com ela, proporciona à sociedade o suprimento de bens e serviços de uso coletivo que, de outra forma, não seriam disponibilizados. Para tanto, ele também emprega e remunera fatores de produção, interagindo assim com as unidades familiares. E adquire produtos, conectando-se com as empresas. • EXERCÍCIOS Questão 5: O consumidor A está disposto a ceder quatro unidades do bem X em troca de uma unidade do bem Y adicional às que já possui, enquanto o consumidor B aceita ceder somente duas unidades do bem X para obter uma unidade a mais do bem Y. O que acontecerá se o consumidor A ceder uma unidade do bem X ao consumidor B, em troca de uma unidade do bem Y? a) Ambos ganharão. b) Ambos perderão. c) O consumidor A ganhará, mas o consumidor B perderá. d) O consumidor A perderá, mas o consumidor B ganhará. e) Nenhum deles perderá ou ganhará. Análise da Estrutura de Mercado • Concorrência Perfeita Por concorrência perfeita, devemos entender um ambiente no qual são observadas as seguintes características: • Mercado com número muito grande de participantes, tanto de consumidores quanto de produtores, de forma que, individualmente, cada agente não tem poder de determinar preços. Cada participante é um “tomador de preço”, ou seja, aceita o preço formado no mercado como dado (figura) e, com base neste, toma sua decisão de produção e consumo. • Produtos idênticos ou homogêneos: na concorrência perfeita, o produto oferecido por uma empresa A é o mesmo produto oferecido pela empresa B; são considerados bens substitutos perfeitos. • Inexistência de barreiras: neste tipo de estrutura de mercado, as empresas possuem total liberdade para entrar ou sair de um determinado segmento. Essa característica permite que as empresas migrem para os setores que oferecem maiores lucros. • Transparência de mercado: neste caso, o pressuposto fundamental é o de que os participantes do mercado possuem todas as informações de que necessitam referentes a preços, lucro, processo de produção etc. A existência das duas últi mas condições citadas (inexistência de barreiras e transparência de mercado) nos permite afirmar que, no longo prazo, as empresas que operam neste tipo de estrutura de mercado auferem um lucro econômico igual a zero. Lucro Normal = Lucro apresentado por outras empresas que operam em concorrência perfeita. Lucro Extraordinário = Lucros acima do normal • Monopólio As características básicas do monopólio são: • Existência de um único ofertante; • Não há produtos substitutos; • Existência de barreiras à entrada de outras empresas no segmento. Como o monopolista é o único produtor de um determinado bem ou serviço, este possui grande poder de determinação de preço, o que não significa, porém, que Possa, sempre, cobrar um preço muito elevado. Isso ocorre por dois motivos: • O primeiro está relacionado à sensibilidade (elasticidade) do consumo às mudanças no preço do bem. Por exemplo, quando o preço do álcool combustível aumenta, o seu consumo deve sofrer redução (as pessoas procuram usar menos o carro para lazer, abastecem com Gasolina, no caso de carros flex etc). Para o mesmo aumento de 10%, para o filé mignon, porém, é provável que a redução no consumo seja maior, pois é um bem Menos essencial que o álcool combustível. Então, dizemos que a demanda do álcool combustível é menos sensível (mais inelástica) que a do filé mignon (mais elástica). A Margem de determinação de preços para o monopolista está diretamente relacionada à elasticidade-preço da demanda dos produtos: quanto mais elástica for à demanda, menor será margem de manobra para controlar os preços. • Os monopólios podem estar sob controle de preços do governo: isso ocorre para evitar práticas de preço abusivas. Quanto às barreiras existentes à entrada de outras Empresas, estas podem ser: • Naturais: ocorrem quando o investimento necessário é elevado; sendo assim, o próprio custo do investimento já serve como um obstáculo à entrada de novas firmas no mercado. • Patentes: quando um produto ou processo é patenteado; enquanto vigorar a patente, somente a empresa que a registrou pode produzir aquele bem. É muito comum na indústria farmacêutica; • Controle de matérias-primas: quando uma empresa possui o controle de uma determinada matéria-prima, sendo, então, a fornecedora exclusiva deste material. • Regulação estatal: o estado pode decidir ser o único ofertante em setores considerados estratégicos como energia, petróleo etc. Isso, de certa forma, garante certa independência ao país, tanto economicamente quanto em casos de guerra, o que justificaria a existência do monopólio. • Concorrência Monopolística Se a concorrência perfeita é um tipo de estrutura de mercado pouco encontrada na prática, a concorrência monopolística, por sua vez, possui características que a tornam bastante comum. Entre essas características, as principais são: • Produto diferenciado: neste tipo de estrutura de mercado, encontramos produtos que são altamente substituíveis, não sendo, portanto, bens idênticos ou substitutos perfeitos, como é o caso da concorrência perfeita. É importante ressaltar que, quando falamos em diferenciação, podemos falar tanto de diferenciação do produto (diferentes ingredientes, potência etc.) como também de diferentes serviços prestados ao oferecer o produto (entrega em domicílio, fornecimento de crédito para a aquisição do produto etc.); • Mercado com grande número de participantes: aqui também existe um número Grande de compradores e vendedores de um determinado bem. Neste caso, apesar da existência da grande concorrência entre vendedores, existe algum grau de determinação de preços por se tratar de produtos diferentes. É importante ressaltar que a capacidade da empresa em diferenciar o seu produto fará com que ela tenha um maior controle de preço. Caso um produtor deseje Elevar o preço do bem que vende, ele pode perder uma parte das suas vendas, porém não todas. • Grande concorrência extra preço: como os produtos ofertados são semelhantes, a busca pelo consumidor pode se dar via fatores, que não o preço como marketing, prestação de serviços de assistência técnica etc.; • Inexistência de barreiras à entrada de novas firmas Participantes: é possível que firmas entrem e saiam de um determinado setor de acordo com o lucro auferido por este. É bom lembrar que a existência desta hipótese Garante, no longo prazo, um lucro econômico igual a zero. Podemos dizer que na concorrência monopolística, é como se cada produtor fosse o monopolista de sua marca, porém concorrendo com produtos de outras marcas, daí o nome concorrência monopolísticos. • Oligopólios Os oligopólios, assim como os casos de concorrência monopolística, constituem exemplos comuns de estruturas de mercado e, também, situam-se entre os extremos de total e nenhuma concorrência. Podem ser caracterizados da seguinte forma: • Pequeno número de empresa em um determinado setor ou um grande número de empresas; porém, poucas dominam o mercado; • Produtos idênticos ou diferenciados: existem casos de oligopólios em que os bens são idênticos, assim como algumas empresas fornecedoras de matérias-primas Minerais; porém, existem também casos de oligopólios em que os produtos são diferenciados, como é o caso do setor automobilístico no Brasil; • Existência de barreiras à entrada de novas firmas: esta hipótese permite que as empresas oligopolistas alcancem, assim como no monopólio, lucros extraordinários. No Brasil, existe umapredominância deste tipo de estrutura de mercado: bebidas, indústria automobilística, química, farmacêutica, transporte aéreo, entre outros, são bons exemplos de oligopólios. No caso de transporte aéreo, as rotas nacionais são, em sua grande maioria, realizadas por duas empresas do segmento, cuja participação conjunta no mercado chega a superar 80%. É importante ressaltar que nos oligopólios existe uma grande interdependência entre as empresas que constituem um determinado setor no que diz respeito à política de preços. Isso ocorre porque, se todos os vendedores são “importantes” ou tem uma Participação expressiva no mercado, a decisão de um vendedor vai influenciar a decisão do outro. Neste caso, as empresas podem declarar uma “guerra de preços”, competindo ente si, ou, ainda, promover uma união no sentido de combinação de Preços, os chamados cartéis. • Outras Estruturas de Mercado As estruturas de mercado detalhadas anteriormente têm o seu enfoque na análise das firmas que representam os ofertantes. No entanto, podemos também pensar a análise das estruturas de mercado pela ótica de quem compra um bem ou serviço. Neste caso, as principais estruturas são: • MONOPSÔNIO: ocorre quando existe um único comprador de um determinado bem. É um tipo de estrutura de mercado mais observada no segmento de alimentos. Existem casos em que uma indústria processadora (de leite, tomate etc.) se fixa em uma determinada região e acaba se tornando a única demandante da matéria- ofertada. • OLIGOPSÔNIO: ocorre quando existem poucos compradores para um determinado bem. É também uma estrutura de mercado mais comumente observada no agronegócio brasileiro: por exemplo, as usinas de açúcar e álcool, que processam a cana-de-açúcar de uma determinada região, ou, ainda, a indústria de chocolate e cigarros. • MONOPÓLIO BILATERAL: Ocorre quando se dá o encontro de um único vendedor (monopólio) e um único comprador (monopsônio). Ex. Indústria de Peças Aeroespaciais. • CADE: No Brasil, O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), criado nos anos 1960, tem como função prevenir, repreender e educar, buscando evitar abusos Econômicos decorrentes da concentração de mercado. Sua atuação se inicia após o recebimento de processos da Secretaria de Acompanhamento Econômico ou Secretaria de Direito Econômico, e, então, o Cade deve julgar as matérias. No seu papel de prevenção à concentração de mercado, o Cade analisa as operações de fusão, a incorporação e as associações entre os agentes econômicos, devendo Analisar o impacto desses negócios sobre a livre concorrência. Um exemplo recente da atuação do Cade é a análise da união entre as Casas Bahia e o Ponto Frio que, Até o momento, ainda não está concluída. Outro exemplo da atuação do Cade foi a anulação da compra da fábrica de chocolates Garoto pela Nestlé. Além de analisar processos de fusão e aquisição, o Cade deve, também, repreender comportamentos que sejam contra a concorrência, como formação de cartéis, vendas casadas, preços predatórios, acordos de exclusividade, dentre outros. • ELASTICIDADE: Definição: Elasticidade é o tamanho do impacto que a alteração em uma variável (ex.: preço) exerce sobre outra variável (ex.: demanda). Tipos de Elasticidade: • Elasticidade-renda da demanda, que mede a variação percentual com consumo de um bem em função da variação, também percentual, na renda do consumidor. • Elasticidade-preço cruzada da demanda, a qual mede a variação (%) na quantidade demandada de um bem em função de uma variação (%) no preço de outro bem, que pode ser substituto ou complementar. • Elasticidade-preço da demanda (Epd), definido como sendo a variação percentual na quantidade demandada de um bem em função da variação, também em percentual, no seu preço. Epd= Variação na Quantidade Demandada (%) Variação no Preço do Bem (%) A equação de elasticidade-preço da demanda (Epd) pode ser expressa da seguinte forma: Epd= (q1 – q0)/q0 (p1 – p0)/p0 Sendo q1 = quantidade final q0 = quantidade inicial p1 = preço final p0 = preço inicial Rearranjando: Δq Epd q0 Δp p0 E, finalmente: Epd= p0 X Δq q0 Δp Um exemplo torna mais fácil a compreensão do cálculo da elasticidade-preço da demanda: suponha que um bem custe, inicialmente, $ 10,00 e a quantidade demandada deste bem seja de 100 unidades. Ao preço de $ 12,00, a quantidade demandada será de 90 unidades. Calcule a elasticidade-preço da Demanda por este bem. Epd= 10 x 90-100 100 12-10 Epd= -0,5 Por que o resultado deu um número negativo? Como interpretar este dado? O cálculo da elasticidade-preço da demanda será, via de regra, um número negativo, isso porque esta variável relaciona preço e consumo de bem e, pela lei geral de demanda, o aumento no preço de um bem causa uma redução na quantidade demandada deste bem, de forma que se o preço aumenta, cai o consumo, as variáveis estão inversamente relacionadas. Com relação à interpretação do resultado obtido, tem-se a Epd = –0,5 e, partindo da definição desta variável, pode-se concluir que, neste caso, para uma variação de 1% no preço, haverá uma redução no consumo de 0,5% . Ou, alternativamente: para uma variação de 10% no preço, haverá uma redução no consumo de 5%. Ainda: para uma redução no preço de 20%, por exemplo, haverá um aumento no consumo de 10%. Por se tratar de um número negativo, é comum fazer que se faça uso do módulo da Epd, de forma que se tem |Epd| = 0,5. Mas uma outra pergunta que segue: o bem em questão tem uma demanda muito ou pouco sensível à variação no se preço, afinal, para uma dada variação no preço a variação no consumo é proporcionalmente menor. A resposta a essa pergunta depende da classificação da demanda de acordo coma sua elasticidade, conforme tabela que segue: Elasticidade unitária (|Epd| = 1) Δp%=Δq% Elástica (|Epd| > 1) Δp% resultará numa Δq% mais que proporcional Inelástica (|Epd| < 1) Δp% resultará numa Δq% menos que proporcional São vários os fatores que determinam a Epd de um bem, sendo os principais: • Essencialidade do bem: quanto mais essencial for um bem, mais inelástica será a sua demanda, como é o caso de remédios. No entanto, alguns bens como o cigarro, em função da dependência que criam, também possuem baixa elasticidade da demanda, verificada em alguns países que não obtiveram sucesso em reduzir o consumo de cigarros via aumento de preços deste item; • Existência ou não de bens substitutos: quanto mais bens substitutos existirem, mas elástica tende a ser a demanda pelo bem; • Peso do bem no orçamento do consumidor: quanto maior a importância do Bem nos gastos do consumidor, maior tende a ser a sensibilidade, ou elasticidade, do consumo deste bem diante das variações no seu preço. Por exemplo, o aluguel é um item com alto peso no orçamento das famílias que Não têm casa própria, de forma que uma pequena variação no seu preço tem um impacto grande no seu consumo. • Tempo: à medida que o tempo passa, mais substitutos tendem a aparecer, de forma que, de maneira geral, as demandas se tornam mais elásticas. • Elasticidade, Receita e Estruturas de Mercado A análise da Epd é de fundamental importância para se compreender como a variação no preço de um bem vai impactar na receita do empresário, em particular àqueles que operam nas estruturas de mercado nas quais são capazes de determinar preço, como é o caso de oligopólios e monopólios. Vamos tomar como exemplo um monopolista que, conforme caracterizado anteriormente, não se depara com nenhum bem concorrente. Nesse caso, seria possível a este ofertante cobrar o preço que desejar pelo produto que disponibiliza? O que vai acontecercom a sua receita? A resposta a esta questão, novamente, vai depender da análise da elasticidade-preço da demanda. Sabe-se que a receita total (RT) é calculada multiplicando-se o preço do bem (P) pela quantidade vendida (Q), de forma que se tem: RT = P X Q Caso o monopolista eleve o preço do bem que oferta em 10%, qual será o impacto na quantidade vendida e, consequentemente, na sua receita? Vamos trabalhar com 3 possibilidades: demanda de elasticidade unitária, demanda elástica e demanda Inelástica. Verifica-se que, diante de uma demanda elástica, caso o empresário eleve o preço do bem em 10%, por exemplo, vai se deparar com uma redução no consumo superior a 10%, o que causa uma redução na receita total. Caso a demanda pelo bem em questão seja de elasticidade unitária, uma elevação de 10% no preço do bem causa uma redução no consumo na mesma proporção, o que faz com que receita total não sofra alterações. E, finalmente, diante de uma demanda inelástica, um aumento de preço de 10% causa, sim, uma redução no consumo, porém, inferior a 10%, elevando a receita total. Conclui-se, então, que, para um monopolista, o seu poder de determinar preço está inversamente relacionado à elasticidade-preço da demanda do bem que vende, de forma que, quanto mais elástica for a demanda, menor será a margem que terá para determinar preço. Fundamentos Básicos de Microeconomia • Introdução à Microeconomia Para a maioria das pessoas, a economia não costuma ser a priori um campo de estudo atraente, convidativo. Alunos dos mais variados cursos reclamam do excesso de tecnicismo (ECONOMÊS) São vários os instrumentos gerados pela ciência Econômica e que podem ser utilizados na tomada de decisões. No entanto, a relevância do tema nos impele á busca pelo seu conhecimento. a economia Em duas vertentes principais. A microeconomia e a macroeconomia, nas quais Podemos encontrar esse vasto conjunto de ferramentas auxiliares do processo decisório. • Pressupostos Básicos O estudo da economia geralmente é feito sob dois enfoques: o enfoque da microeconomia e o enfoque da macroeconomia. A microeconomia nos permite visualizar, distinguir, estudar “partes pequenas” da economia; a macroeconomia, por sua vez, é o estudo deste agregado. Exemplificando: quando analisamos o mercado de calçados da região de Franca (SP), estamos nos preocupando com a análise de uma parte, portanto trata-se de uma análise Microeconômica; já quando realizamos um estudo sobre o nível de produto de um país, a análise é macroeconômica. Podemos, então, caracterizar os fenômenos microeconômicos como aqueles que abordam aspectos de unidades individuais da economia, como o comportamento de consumidores, famílias, empresas, bem como o ambiente no qual esses agentes interagem. Quanto aos fenômenos macroeconômicos, estes estão relacionados à explicação dos agregados ou globais, como produção do país, contas do governo, contas externas etc. • Análise de Mercado A compreensão dos instrumentos analíticos da economia começa pelo estudo da oferta, da demanda e do mercado. Esses instrumentos são extremamente importantes quando desejamos entender a teoria da formação de preços. Por exemplo, por que é que, durante o início das aulas, os materiais escolares ficam mais caros? Por que é que, quando ocorrem chuvas em excesso, o preço das hortaliças tende a subir? Por que as viagens ficam mais caras no período de férias escolares? As pessoas, quando indagadas como estão os preços, geralmente, responde os valores dos preços que estão sendo praticados “no mercado”. Mas o que é o “mercado”? Quais são os agentes que o compõem? Qual o seu papel na formação dos preços? Por mercado entendemos todos os agentes que compram ou vendem um determinado bem. Da interação destes agentes obtemos a formação De preços ou o preço de mercado • Demanda Individual de Mercado Quando utilizamos o termo DEMANDA, devemos associá-lo à PROCURA, pois, assim, estaremos analisando o comportamento dos CONSUMIDORES. A demanda por um bem corresponde à quantidade que um indivíduo está disposto a comprar deste bem dado um determinado preço. Tabela - Preços e quantidades demandas de cafezinho Distinção entre quantidade demandada e demanda: a) quantidade demandada se refere a cada combinação específica de preço e Quantidade consumida de um bem b) a curva de demanda corresponde à união destas combinações. Podemos dizer que a quantidade demandada corresponde a cada ponto da curva de demanda, enquanto que a demanda é própria curva (ou conjunto de pontos). Outra observação relevante refere-se à distinção dos movimentos ao longo da curva de demanda, quando dizemos que há variação na quantidade demandada, e aos deslocamentos da própria curva, quando dizemos que há variação na demanda. A função de demanda, que nada mais é que o mapeamento ou a identificação de todas as variáveis que afetam o consumo de um bem é que irá facilitar a compreensão desses deslocamentos. Por exemplo, o cafezinho pode ter seu consumo afetado por diversos fatores: 1 - O preço do cafezinho, já mencionado; 2 - A renda dos consumidores: quando a renda aumenta, é possível que as pessoas desejem tomar mais café; 3 - O preço dos bens substitutos: supondo que o refrigerante seja o substituto do cafezinho, quando há queda no preço daquele bem (refrigerante), é provável que As pessoas passem a tomar menos café e mais refrigerante; 4 - o preço dos bens complementares: supondo que café e pão de queijo sejam consumidos conjuntamente, uma queda no preço do pão de queijo tende a elevar o Consumo deste bem e, consequentemente, do bem complementar; 5 – A estação do ano: é provável que as pessoas tomem mais café quando o clima está frio, por exemplo. 6 - Preferências: estas podem ser modificadas de acordo com diversos fatores, como as propagandas, por exemplo. Outras variáveis poderiam afetar o consumo de um bem e, portanto, compor a função de demanda: a faixa etária da população, o marketing, a cultura de uma determinada região etc. Quando ocorre alguma alteração no preço do próprio bem, deslocamo-nos sobre a curva de demanda; então, dizemos que há variação na quantidade demandada. É como se estivéssemos “saltando” de um ponto para outro sobre a própria curva, como se estivéssemos “nos locomovendo” sobre a própria curva. De outro modo, se o preço do próprio bem não sofreu alteração, mas a renda, por exemplo, aumentou, então não estaremos nos deslocando sobre a curva, e sim estaremos deslocando a curva para a direita, pois estaremos consumindo mais cafezinhos em relação ao preço inicial vigente. A esse movimento, damos o nome de variação na demanda. Devemos lembrar que a mudança em qualquer outra variável que compõe função de demanda, exceto o preço do próprio bem, causa o deslocamento da curva de demanda. Os deslocamentos da curva de demanda podem ser para a direita ou para a esquerda. Quando a curva de demanda se desloca para a direita, como ocorreu na figura anterior, significa que houve um aumento na disposição dos consumidores em adquirir um determinado bem. Caso o deslocamento da curva de demanda seja para a esquerda, significa que houve redução na disposição do consumidor em adquirir um determinado bem. • Demanda de Mercado O que é a demanda de mercado???? Para se chegar à demanda de mercado, devemos apenas somar as demandas individuais, já que o mercado é composto por todos os compradores. • Oferta Individual de Mercado Enquanto o termo demanda se refere ao consumidor, o termo oferta deve serassociado ao produtor; dessa forma, estaremos completando os integrantes do mercado. Vamos iniciar tentando responder à seguinte questão: se você fosse o produtor de um determinado bem, em qual dos casos ficaria mais motivado a produzir: quando o preço do bem que você produz estiver mais barato ou quando estiver mais caro? PREÇOS E QUANTIDADES OFERTADAS DE CAFEZINHOS Neste caso, quando o preço do bem muda, ocorrem deslocamentos sobre a curva, então dizemos que há uma variação na quantidade ofertada. Mas quais são os fatores que fazem deslocar a curva de oferta? Para melhor respondermos a essa questão, devemos, também, fazer a identificação de todas as variáveis que afetam a produção de café, ou seja, vamos montar a função de oferta. Dentre essas variáveis, podemos citar: • Preço do café, já mencionado; • Preços dos bens substitutos na produção: na mesma terra, podemos plantar café ou soja; estes são, portanto, bens substitutos na produção. Caso este Último tenha um preço mais vantajoso, eu posso optar por plantar soja ao invés de café, diminuindo a oferta de café; • Preço dos insumos: caso o preço dos defensivos aumente, isso encarece a produção de café; portanto, haverá uma menor oferta deste bem; • Tecnologia: sempre que há inovação tecnológica em um determinado segmento, ocorre aumento na produção deste bem; • Condições de crédito para a produção: a disponibilidade de crédito afeta a disposição do produtor em ofertar mais ou menos deste bem; quando as condições estão melhores, há maior oferta do bem; • Condições climáticas: podemos ter uma produção menor deste bem em função de condições climáticas adversas. • A função de oferta poderia ser sistematizada da seguinte forma: Qo x = f (Px, Ps, Pi, T, Cr, Cl etc.) Sendo: Qo x = quantidade ofertada do bem x Px = preço do bem x Ps = preço dos bens substitutos na produção Pi = preço dos insumos T = tecnologia Cr = condições de crédito Cl = condições climáticas Após identificadas as variáveis que podem afetar a produção deste bem, devemos tentar responder à seguinte pergunta: é possível que a oferta de café aumente mesmo que o seu preço se mantenha constante? Sim, isto é possível. Por exemplo, se ocorre Um aumento no crédito agrícola destinado à produção deste bem, sua oferta sofrerá aumento. Neste caso, ocorre o deslocamento da curva de oferta para a direita; Haverá, portanto, uma variação na oferta. Variação na oferta ocorre sempre que uma das variáveis da função de oferta Se modificar, exceto o preço do próprio bem. E, assim como a demanda, a Curva de oferta pode se deslocar para a direita e para a esquerda. Quando Ocorre o deslocamento para a direita, significa que há um aumento na Disposição do produtor em ofertar o bem; quando ela se desloca para a Esquerda, significa que há uma redução no desejo do produtor em ofertar Este bem. • Equilíbrio de Mercado • Mecanismo de Mercado Característica do preço de equilíbrio: 1. Qd=Qs 2. Não há excesso de demanda 3. Não há excesso de oferta 4. Não há pressão para que o preço seja alterado • Deslocamento na Oferta e na Demanda • Os preços de equilíbrio são determinados pelo nível relativo de oferta de demanda. • Oferta e Demanda são determinados pelos valores específicos de suas variáveis Determinantes • Alterações em qualquer uma dessas variáveis, ou numa combinação delas, Podem causar mudança no preço de equilíbrio e/ou na quantidade • Os preços das matérias-primas caem • • Aumento da Renda • A renda aumenta e o preço da matéria-prima cai A Importância da Ciência Econômica Os acontecimentos econômicos afetam diretamente a vida de todas as pessoas, Principalmente daquelas que precisam tomar decisões importantes neles baseadas, como é o caso dos administradores de empresas, contadores, advogados etc. Por isso, é importante que tenham um conhecimento no mínimo razoável a respeito dos fenômenos econômicos, para serem bons profissionais. • Inter-Relações com as demais Ciências • Ciência: Trata-se de um ramo do conhecimento sistematizado e organizado por princípios rígidos e regras específicas, seguindo uma metodologia cuidadosa de modo a obter resultados extremamente confiáveis e capaz de compreender, explicar e possivelmente reproduzir os fenômenos que se propõe a estudar. • Conhecimento Empírico: O conhecimento empírico é também chamado de conhecimento popular ou Comum. É aquele obtido no dia a dia, independentemente de estudos ou critérios De análise. Foi o primeiro nível de contato do homem com o mundo, acontecendo Através de experiências casuais e de erros e acertos. É um conhecimento superficial, raso; onde o indivíduo, por exemplo, sabe que nuvens escuras é sinal de mau tempo, contudo não tem ideia da dinâmica das massas de ar, da umidade atmosférica ou de qualquer outro princípio da climatologia. Enfim, ele não tem a intenção de ser profundo, mas sim, básico. Apesar de especificado seu objeto, a economia relaciona-se com as demais áreas do Conhecimento humano. Ela tem intercorrências com outras ciências, pois todas estudam a mesma realidade, de modo que se torna difícil separar fatores essencialmente econômicos dos extras econômicos. • Economia e política: São áreas bastante interligadas, pois em um regime democrático, as ações do governo estão intimamente associadas às instituições, à estrutura partidária e ao regime político do país. Os objetivos da política econômica (inflação, crescimento, distribuição de renda) são determinados pelo poder político. Os políticos são responsáveis pelas decisões relacionadas à distribuição de verba do orçamento governamental e à elaboração e aprovação de leis que influenciam o nível de bem estar da população. Outro exemplo são as crises econômicas, derivadas, por exemplo, da queda de bolsas de valores no exterior, cujos efeitos influenciam tanto as ações dos políticos e dos formuladores da política econômica como o povo em geral. • Economia-História: A história nos ensina que fatos do passado podem se repetir no futuro; assim, a pesquisa histórica torna-se útil e necessária para a economia, pois facilita a compreensão do presente e auxilia nas previsões para o futuro. Alguns importantes períodos da história são associados a fatores Econômicos, como os ciclos da cana-de-açúcar e do ouro, a Revolução Industrial, a quebra da Bolsa de Nova York (1929), a crise do petróleo, fatos determinantes para alteração da história mundial. • Economia-Geografia: É simples compreender a interferência dos acidentes geográficos no desempenho das atividades econômicas, mas a geografia nos permite avaliar fatores muito úteis à análise econômica, como, por exemplo, questões ligadas aos diferencias de distribuição de renda, de recursos produtivos, de localização de empresas, dos efeitos da poluição sobre o meio ambiente, as condições geoeconômicas dos mercados, custos de transporte etc. • Economia-Sociologia: A relação existe porque a análise econômica contempla a participação das classes sociais no produto global. O ambiente social influencia os mercados, a estrutura de demanda e de oferta, as finanças e, portanto, o modo de crescimento econômico. • Economia-Matemática e Estatística: A economia utiliza matemática e probabilidades estatísticas como ferramenta para estabelecer relações entre variáveis. Muitas relações de comportamento econômico podem ser expressas por funções matemáticas. Entretanto, a economia nãoé uma ciência exata em que os resultados são programados e não há erros. Por exemplo, se houvesse um aumento na renda de todos os indivíduos, é fácil imaginar que nem todos iriam gastar esse aumento em consumo ou que nem todos iriam poupar. É praticamente impossível prever o comportamento de um indivíduo em particular; todavia, poderíamos responder a essa questão com base no valor médio do gasto da coletividade. • Economia-Biologia e Física: A fase inicial do estudo da economia coincide com a fase de grande desenvolvimento das ciências físicas e biológicas, nos séculos XVIII e XIX. O núcleo científico inicial da economia foi construído a partir das chamadas concepções organicistas (biológicas) e mecanicistas (físicas). De acordo com o grupo organicista, a economia se comportaria como um órgão vivo. Originam-se aí termos como órgãos, funções, circulação e fluxos na teoria econômica. Por outro lado, para o grupo mecanicista, as leis da economia se comportariam como algumas leis da física. A partir daí, observamos termos como equilíbrio, velocidade, estática, dinâmica, aceleração e outros. A concepção humanística passa a predominar com o passar do tempo, priorizando as noções de comportamento racional dos agentes econômicos. Assim, percebemos que o lado psicológico dos investidores pode ser mais importante para tomar decisões do que variáveis econômicas. A interação entre a economia e o direito é uma preocupação antiga dos consumidores. A teoria econômica auxilia na resposta de perguntas como: a) Como as diferentes leis afetam o comportamento dos agentes econômicos? b) Que tipo de objetivos econômicos existe ao se legislar? c) Por que certas proibições econômicas são tão pouco respeitadas? Quais são as regras que proporcionam maior eficiência? • Evolução do Pensamento Econômico Durante muito tempo, a economia constitui um conjunto de preceitos e soluções Adaptadas a problemas particulares. Somente no século XVI observamos o nascimento da primeira escola econômica, o Mercantilismo, e a formação de uma economia nacional relativamente integrada, em que o Estado dirigia as ações sociais. Sistema econômico baseado na legitimidade dos bens privados e na irrestrita Liberdade de comércio e indústria, com o principal objetivo de adquirir lucro. No século XVIII, o surgimento e a consolidação do capitalismo necessitavam de uma doutrina que o legitimasse. A Fisiocracia (liderada pelo médico francês François Quesnay) favorecia o livre comércio, sustentava que a terra era a única fonte de riqueza e que o universo é regido por leis naturais, absolutas, imutáveis e universais, desejadas pela Providência Divina para a felicidade dos homens. • Teorias Clássicas • Adam Smith (1723 - 1790): A economia surgiu como ciência através de Adam Smith, considerado o pai da economia política. Sua obra, A Riqueza das Nações, constituiu um marco na história do pensamento econômico. Smith é chamado de pai do liberalismo, pois acreditava que a harmonia e o bem-estar da sociedade resultam do individualismo e do egoísmo inato dos homens. O livre funcionamento do Mercado, com o sistema de preços determinando as quantidades a serem produzidas e vendidas, seria responsável pelo equilíbrio econômico. Os argumentos de Smith baseavam-se na livre iniciativa, no laissez-faire. Estabelecia-se que a causa da riqueza das nações é a força de trabalho humana (teoria do valor- trabalho) e a divisão do trabalho aparece como fator decisivo para aumentar a produção. Para o autor, o Estado não deve intervir nas leis de mercado e na prática econômica, seu papel deve centrar-se na proteção da sociedade, contra eventuais ataques, e na criação e manutenção das instituições necessárias. • David Ricardo (1772 - 1823): O autor enfatizava que o crescimento populacional exerce efeito depressivo na economia, pois provoca aumento na Demanda por alimentos. Ricardo também desenvolveu a teoria dos custos comparativos, aplicada no comércio internacional. Sua teoria defende que cada país deve especializar-se nos produtos que têm custo comparativo mais baixo de produção, e importar os produtos para os quais possui custos comparativos mais altos. Dessa forma, o trabalho é distribuído com maior eficiência, aumentando a quantidade total de bens e contribuindo para o bem-estar geral. • Thomas Malthus (1766 - 1834): Para Malthus, o excesso populacional era a causa de todos os males da sociedade: enquanto a população crescia em progressão geométrica, a produção crescia em progressão aritmética, ou seja, o potencial da terra na produção de alimentos não acompanha o potencial de crescimento da população. Em função disso, o autor era favorável à limitação voluntária de nascimentos nas famílias pobres e aceitava que as guerras e epidemias serviriam como uma solução para interromper o crescimento da população • John Stuart Mill (1806-1873): Revisou algumas das premissas da tradição clássica, agindo como um sintetizador de todo o pensamento. Mill preocupa-se com o estado estacionário e com os lucros decrescentes, pois leva os empresários a buscarem alternativas de negócios mais arriscados, na esperança de alcançar lucros superiores. A solução apresentada pelo autor seria a participação do Estado. Mill pode ser considerado um dos precursores das políticas de estabilização keynesianas. • Teoria Keynesiana: A principal obra de John Maynard Keynes (1883-1946), A Teoria geral do emprego, dos juros e da moeda, de 1936, mudou a maneira de olhar a economia e o papel do governo na sociedade e permanece até hoje como uma das Principais referências na formação de economistas. Diferentemente da teoria econômica vigente, Keynes consegue mostrar que a combinação das políticas Econômicas adotadas até então não funcionava adequadamente naquele contexto e sugere alternativas que poderiam tirar o mundo da recessão. Para Keynes, o nível de produção nacional de uma economia e o volume de emprego são determinados pela demanda efetiva (consumo e investimento). “A demanda efetiva” é, portanto, a soma de todos os gastos de consumo e de investimento de uma economia. O autor argumenta que, em um contexto de recessão, as incertezas e expectativas ruins desestimulam os empresários a investir, e as livres forças do mercado (“mão invisível”) não conseguiriam, por si só, dar fim à crise. Então, ele propôs que o Estado deveria deixar de ter uma participação passiva na economia, que tinha até então, e passasse a atuar ativamente na vida econômica do país, realizando gastos, a fim de estimular o consumo e o investimento, reativando Assim a economia. O Estado deveria investir em infraestrutura e estimular as exportações e induzir os bancos a aumentarem o crédito ao setor privado, e as empresas deveriam investir mais. Tal posicionamento mostrou que o sistema de mercado livre ou laissez-faire estaria antiquado e que o Estado deveria atuar ativamente para estabilizar a economia e o nível de emprego. Suas ideias foram postas em prática nos EUA, por meio do New Deal (1933), que obteve êxito em tirar a economia da recessão, com um gigantesco programa de obras públicas e gastos sociais. Observamos também forte atuação governamental durante a grave crise econômica que atingiu os Estados Unidos e muitos outros países em 2008. A atuação de seus continuadores causou tanto impacto que passou a ser chamada de “Revolução Keynesiana”. • Outras Teorias A teoria neoclássica teve destaque no início da década de 1870 e evoluiu até as primeiras décadas do século XX, em que observamos a presença dos neoclássicos liberais e conservadores. Os neoclássicos liberais acreditam na necessidade da intervenção governamental quando os mercados falham na alocação de recursos, como no caso de poluição ambiental ou da presença de oligopólios, em que os empresáriosreduzem as quantidades oferecidas e elevam os preços de seus produtos. A “mão invisível” não é suficiente para promover o equilíbrio da economia e o bem-estar da população. Os neoclássicos conservadores ou monetaristas acreditam na eficiência do mercado para alocar recursos e distribuir renda e que as falhas de mercado decorrem de lapsos do governo, originadas a partir da aplicação de políticas fiscais e monetárias Equivocadas. O governo deve preocupar-se com suas funções nas áreas sócias e na produção de bens públicos e deixar o mercado tomar as decisões econômicas. Para os conservadores, os gastos do governo causam inflação, sem que haja elevação do Produto total. Um autor de grande destaque, cujas contribuições foram absorvidas e incorporadas à teoria econômica, é Karl Marx (1818-1883). Em sua obra, O Capital, Marx retoma e Reforça a ideia de que o sistema produtivo envolve relações sociais, em que os trabalhadores assalariados são explorados pelos empresários capitalistas. Essas relações envolvem a burguesia, proprietária dos meios de produção, e o proletariado, classe obrigada a vender sua força de trabalho em virtude da impossibilidade de produzir o necessário para sobreviver. Em sua crítica ao sistema capitalista, Marx utiliza o conceito de mais-valia, referente à diferença entre o valor das mercadorias que os trabalhadores produzem e o valor da força de trabalho paga a eles pelos empresários. Essa é a chave da exploração, Pois há uma diferença entre o salário que o trabalhador recebe e o valor do bem que produz. O valor extra criado, que vai para as mãos do capitalista, é a mais-valia. Os salários se mantêm em níveis de subsistência, pois a população cresce e a incorporação de máquinas na produção causa desemprego, fazendo com que a Concorrência entre os que conseguem uma colocação reduza as taxas salariais até os níveis de subsistência. O autor era hostil ao capitalismo competitivo e à livre Concorrência e afirmava que a luta de classes é a mola propulsora da transformação do capitalismo em socialismo, quando os empresários passariam a ser os próprios trabalhadores. Marx enfatizou o aspecto político de seu trabalho e teve impacto ímpar na ciência econômica e em outras áreas de conhecimento. EXERCÍCIOS FUNDAMENTOS DE ECONOMIA 1-Cada um dos conceitos abaixo pode ser expresso e analisado com base nas FPP, Fronteiras de Possibilidade de Produção, EXCETO: a.( ) Eficiência na alocação dos recursos. b.(X) A Lei da Demanda c.( ) Os Custos de Oportunidade Crescentes. d.( ) Vantagens Comparativas. 3-Num gráfico da FPP, se a taxa de desemprego brasileira cai de 11% para 9,8%, a mudança na economia será representada por... a.( ) deslocamento em sentido oposto ao da FPP, em direção à origem do gráfico. b.(X) deslocamento em direção à FPP. c.( ) deslocamento ao longo da FPP. d.( ) o ponto em que a economia se encontra na FPP não será alterado com a mudança. 5-Qual dos impactos abaixo é mais provável de ocorrer se houver um aumento na oferta e uma redução na demanda por aparelhos televisores tradicionais (não-plasma, não-LCD)? a.( ) Um aumento na quantidade de equilíbrio. b.( ) Uma queda na quantidade de equilíbrio. c.( ) Um aumento no preço de equilíbrio. d.(X) Uma queda no preço de equilíbrio. 6-Todos os fatos abaixo tenderão a elevar o preço dos imóveis residenciais em uma determinada região, EXCETO: a.( ) Um aumento na renda das famílias. b.( ) Um aumento nos preços dos aluguéis residenciais (bem substituto). c.(X) Uma queda nos preços dos materiais de construção. d.( ) Uma queda no número de construtoras de empreendimentos residenciais. 7-Suponha que o preço de equilíbrio de um litro de leite tipo C seja R$1,00, mas que o Governo de Pernambuco faça aprovar uma lei pela qual nenhum estabelecimento poderá cobrar mais que R$0,85 por unidade (Preço Máximo). Qual será o resultado mais provável dessa política? a.( ) Mercado inalterado: para ser eficaz, o preço máximo deveria ser maior que o de equilíbrio. b.( ) Mercado inalterado: os estoques excedentes seriam rapidamente eliminados via doações. c.(X) A quantidade demandada excederá a quantidade ofertada (escassez). d.( ) A quantidade ofertada excederá a quantidade demandada (excesso). 8-Os dirigentes do América-MG, o Coelho Poderoso das Minas Gerais, estabeleceram em R$20,00 o preço do ingresso para a partida semi-final do Módulo II do returno do Campeonato Mineiro. Resultado: 25.000 pessoas compareceram ao estádio, mas apenas 20.000 ingressos haviam sido colocados à venda (por motivo de segurança). Essas observações implicam que... a.(X) O preço de equilíbrio para aquele espetáculo é superior a R$20,00. b.( ) A quantidade ofertada excede a quantidade demandada, ao preço arbitrariamente definido. c.( ) O preço de equilíbrio para aquele espetáculo é inferior a R$20,00. d.( ) Há um excesso de ingressos à venda. 10-Qual das afirmativas abaixo, acerca da elasticidade-preço da demanda, é FALSA? a.( ) Trata-se de um número negativo. b.(X) A elasticidade-preço da demanda não tem qualquer relação com a inclinação da curva. c.( ) Ela mede a sensibilidade dos consumidores em relação a mudanças nos preços. d.( ) Trata-se de uma razão entre porcentagens. 11-A elasticidade-preço da demanda por um ingresso para o show da banda Metralica é -10. Podemos concluir que: a.( ) Se o preço for elevando em 10%, a quantidade demandada cairá 10%. b.( ) O show pode ser considerado um bem inferior. c.(X) O show não é exatamente uma “oportunidade imperdível” e deve haver um bom número de espetáculos substitutos. d.( ) A demanda é claramente inelástica em relação à renda. 15 - Mostre, graficamente, a ocorrência das seguintes situações, dada uma curva de possibilidades de produção (CPP): a) Pleno emprego dos fatores de produção. b) Um nível de produção impraticável no curto prazo. c) Um nível de produção em que há capacidade ociosa (fatores de produção desempregados ou subutilizados). Verdadeiro ou Falso 13) Quando o módulo da elasticidade preço da demanda de um bem é igual a 1, a receita total não se altera quando há variações no preço. V – Como o impacto percentual na quantidade é igual à variação percentual do preço, um anula o outro e não há variação na receita – PQ 14) Quando o módulo da elasticidade preço de demanda de um bem é superior a 1, esse bem tem demanda elástica, e a receita total se reduz quando seu preço se eleva V - Como o impacto percentual na quantidade é maior à variação percentual do preço, a queda na quantidade mais do que compensa o aumento do preço e a receita cai. 14) Bens que têm pequena participação no orçamento tendem a ter uma demanda inelástica em relação ao preço. V – Quanto menor o impacto do preço no orçamento, menor será a sensibilidade da demanda a variação do seu preço. Logo uma demanda inelástica 15) Bens essenciais têm demanda elástica em relação ao preço. F – Esse seria o caso de uma demanda preço-inelástica. 16. CESPE – Instituto Rio Branco (2012) Suponha que o aumento substancial dos preços cobrados para o estacionamento de veículos nas grandes cidades eleve a quantidade demandada de corridas de táxi nesses locais. Dessa forma, conclui-se que esse aumento de preços provoca um deslocamento ao longo da curva de demanda por serviços de táxi. F – O aumento dos preços dos estacionamentos provoca uma queda no uso de veículos particulares. Considerando veículos particulares e táxis como bens substitutos, a queda no uso (ou na demanda) de um bem provoca o aumento na demanda – um deslocamento para cima e para direita e não um deslocamento ao longo da curva de demanda por serviços de táxi. 17. Em um oligopólio, a capacidade do ofertante de fixarpreços acima do custo é máxima. F - No oligopólio, os ofertantes ainda estão sujeitos a algum tipo de concorrência, o que reduz sua capacidade de fixar preços abusivos. E a essencialidade o bem também pode ser um limitador de preços abusivos. 18. Por que os problemas econômicos fundamentais (o quê, quanto, como e para quem produzir) originam-se da escassez de recursos de produção? R: Porque em qualquer sociedade, os recursos ou fatores de produção são escassos, enquanto as necessidades humanas são ilimitadas e sempre se renovam. Com isso, há a necessidade de escolher entre alternativas de produção e distribuição dos resultados. 19. O que mostra a curva de possibilidade de produção ou curva de transformação? R: A Curva de Possibilidade de Produção (CPP) mostra como o produto potencial de uma economia (ou produto de pleno emprego) pode ser repartido nos diferentes produtos e, assim, o trade-off entre produções distintas, ou seja, dada produção atual, o quanto a sociedade tem que abrir mão de determinado bem para poder produzir, e conseqüentemente consumir, mais do(s) outro(s) bem(ns). 2O. Analisando-se uma economia de mercado, observa-se que os fluxos real e monetário conjuntamente formam o fluxo circular da renda. Explique como esse sistema funciona. R: Ao analisar uma economia de mercado, percebemos que o fluxo de mercadorias e serviços entre as firmas (unidades produtivas) e as famílias (unidades consumidoras e detentoras dos direitos sobre as firmas) tem por contrapartida um fluxo monetário, dos pagamentos dos serviços (comissões e salários) e dos bens (preço pago pelos produtos) e a remuneração dos fatores de produção (lucros das firmas distribuídos às famílias que detém sua propriedade acionária). Este fluxo de bens e serviços e de pagamentos é que determina quais os produtos devem ser produzidos, em que quantidade, de que forma e para quem. 21. Conceitue: bens de capital, bens de consumo, bens intermediários e fatores de produção. R: a)Bens de capital: são bens utilizados na fabricação de outros bens, mas que não se desgastam totalmente no processo produtivo. b) bens de consumo: bens que se destinam diretamente ao atendimento das necessidades humanas. c) bens intermediários: são aqueles que são transformados ou agregados na produção de outros bens e que são consumidos totalmente no processo produtivo. d) fatores de produção: são os recursos de produção da economia, sendo constituídos de recursos humanos (trabalho e capacidade empresarial), terra, capital e tecnologia. Respostas das Questões para Revisão Fundamento de Economia (Toda a Matéria) EXERCÍCIOS FUNDAMENTOS DE ECONOMIA prova
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