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Psicologia Existem três pressupostos da modernidade que orientam diversas ciências, o homem é mau por natureza – por isso a necessidade do Estado –, as relações sociais são conflituosas – por causa da natureza essencialmente má – e é necessária uma norma para organizar e controlar as relações sociais. Racionalismo Essencialista (Hobbes e Freud) O ser humano é portador de uma essência má, independente das circunstâncias a sua natureza não se modifica com a passagem do tempo. O homem pensa em si acima da coletividade, mesmo que uma pessoa seja menos má que outra, por isso as relações sociais são conflituosas e há necessidade do direito para regulá-las. Nesse pensamento, a racionalidade humana promove a compreensão e o controla da natureza má, homogênea e atemporal. Pragmatismo O ser humano é produto do meio, sendo assim uma tábua rasa. Winnicott discorda de ambos os pensamentos sobre a natureza humana, contudo, concorda em parte com o racionalismo essencialista e pragmatismo. Totem e Tabu Freud estabelece paralelismo entre sua análise dos neuróticos e os povos primitivos analisados pelos antropólogos. Também questiona a visão antropológica sobre os aborígenes de “atrasados e miseráveis”. Neurótico: o sujeito que luta internamente entre o desejo que lhe é proibido e a convivência social que não o permite desejar qualquer coisa, então o desejo proibido é guardado e esquecido pelo inconsciente, mas é manifestado por sintoma sem a pessoa saiba o motivo. Psicótico: o sujeito patológico, o louco de acordo com o conhecimento vulgar. Todo sentimento surge junto com uma ideia, quando a ideia é banida para inconsciente o sentimento permanece ainda que ignorado, por conta disso o neurótico sente um mal estar que transforma o sentimento em angústia, apresentando um sintoma destituído de motivo. Totem É o espírito guardião temido, podendo ser um animal comível, um fenômeno natural ou um vegetal, que atribui uma obrigação sagrada e as restrições por ela desencadeadas. Essas proibições envolviam abstenção relacionada ao símbolo do totem, como não se alimentar do animal totêmico, e o estabelecimento da lei de exogamia, que incentiva a sociabilidade com outros clãs de totem distintos e previne o incesto. O totem é hereditário, essa característica promove um método de descendência totêmica, herdado pela linhagem feminina ou masculina, que impede relações sexuais entre as pessoas de mesmo totem, logo numa descendência de linhagem feminina um filho não pode cometer incesto com a mãe e as irmãs, o grau de parentesco e as obrigações sociais são estabelecidos pelo totemismo. Ambivalência afetiva A presença de sentimentos afetuosos e hostis sobre um mesmo objeto desconhecidos nos processos defensivos e afetivos, por causa da dificuldade a psiquismo humano conviver com a ambivalência, ela é ignorada pela consciência e o resultado da luta mental contra a essa situação emocional é a “doença neurótica”. Tabu É um termo polinésio de sentidos contrários, por um lado é o “sagrado” e pelo outro é o “proibido”. A crença de um poder de caráter demoníaco oculto em um objeto ou pessoa que, se for tocado, lança um encantamento sobre o transgressor que causaria uma “desgraça insuportável”, inspirando assim horror e veneração. O tabu seria algo inabordável, expresso em proibições que visa à proteção de pessoas importantes, salvaguarda dos fracos e dos principais atos da vida. Um exemplo são as regras de evitação imposta em alguns povos primitivos que possuem a mesma austeridade das obrigações totêmicas, como a relação de ambivalência entre genro e sogra que causa atração e ao mesmo tempo repulsa. As restrições produzidas pelo tabu são distintas das proibições religiosas e morais porque não possuem um fundamento conhecido e ainda assim são aceitas naturalmente, por serem frutos do inconsciente. Tal como o tabu, as leis da civilização moderna para serem eficazes devem mobilizar os sentimentos no inconsciente daqueles a quem a regulamentação está direcionada, isso que traz o sentido da regra para o sujeito. Essa familiaridade ocorre por conta dos valores que aprendemos nas relações sociais desde a infância, como a diferença entre o certo e o errado, e então gera a identificação com a norma. A fonte e transmissibilidade do tabu As verdadeiras fontes do tabu são de natureza profunda, a origem de seu motivo é o inconsciente. A transmissibilidade da tabu é desencadeada pela violação do tabu, o transgressor se torna ele próprio um tabu e é evitado pelos demais membros da tribo, porque ele tenta os outros a violarem também e a desobediência se espalha como um contágio. Pontos de concordância entre a “doença do tabu” e os neuróticos obsessivos Ambos são destituídos de motivo, não há necessidade uma de ameaça externa porque existe uma certeza interna, uma convicção moral de que qualquer violação conduzirá a uma “desgraça insuportável”. Principal proibição é o contato com pessoa ou objeto, o qual se possui a fobia. Os pacientes obsessivos comportam-se como se fosse a pessoa ou coisa impossível, uma característica do contágio do tabu O deslocamento da proibição obsessiva tal como a transmissibilidade do tabu Os atos compulsivos ou obsessivos como forma de expiação Pontos de concordância entre as práticas do tabu e os sintomas obsessivos A ausência de motivo atribuível às proibições A culpa que se origina da aproximação ao desejo proibido, gerando angústia e se manifesta como um sintoma no neurótico. Proibições deslocáveis mantidas por necessidade interna, pelo inconsciente sob risco de contágio proveniente do proibido. Atitude ambivalente, os sentimentos antagônicos persistem no inconsciente manifestando- se na forma de um sintoma. Animismo, Magia e Onipotência do pensamento Freud se apóia sobre três grandes concepções de mundo, para engendrar seu terceiro ensaio; a saber: a animista (mitológica), a religiosa e científica, cultivadas nas obras de Taylor, Spencer, Frazer e Wundt e Marret. Os humanos, diante de suas necessidades, criaram suas primeiras concepções de mundo em consonância com seus próprios desejos. Inicialmente, na fase animista, atribuíram poder a si mesmos e posteriormente, na fase religiosa, aos deuses, sem, contudo, abdicar do desejo de influenciá-las para que agissem conforme seus respectivos desejos humanos. O animismo, criado pelo primitivo, concebia o mundo como algo natural, regido pela magia, que era considerada uma espécie de fio condutor por meio do qual o primitivo pensava que poderia se apoderar do espírito dos homens, dos animais e das coisas. Freud, em oposição à Taylor, defendia a ideia de que o que estava em questão na magia eram os desejos humanos, os únicos responsáveis por induzir uma superestimação dos processos de pensamento em relação à realidade – a onipotência de pensamento – sustentada pelo inconsciente. Essa mesma característica que aparece no primitivo é também visível na criança, cujo psiquismo conserva as mesmas condições de um selvagem, fazendo com que alucinem a realização de seus desejos. A correlação entre o pensamento onipotente do primitivo e o narcisismo, permitiu que o psicanalista apontasse para as diferentes maneiras de conceber o mundo e o desenvolvimento da libido individual. A fase animista estaria atrelada, deste modo, ao narcisismo primário, a religião ao estágio no qual a libido se fixa nos pais e, por fim, a ciência estaria ligada ao estado de maturidade no qual há uma renúncia, por parte do sujeito, à exclusiva busca de prazer e subordina sua escolha de objeto às exigênciasda realidade. Freud não cessa suas analogias entre os sujeitos primitivos e os neuróticos. Os neuróticos também hesitam para aceitar a realidade tal como ela é, atribuindo à realidade externa, as suas próprias aspirações. Estes últimos, segundo o psicanalista, possuem natureza mágica, isto é, tanto em seus atos quanto em suas defesas, imperam a onipotência das ideias e o predomínio dos processos psíquicos sobre a vida real. A transposição do animismo, da magia e da onipotência das ideias para a esfera da religião, e depois da ciência, se concretizou devido à renúncia pulsional exigida pela cultura.
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