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Aula 00 Direito Eleitoral p/ TRE-PB (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Professor: Ricardo Torques 00000000000 - DEMO CURSO DE DIREITO ELEITORAL - TRE/PB EM TEORIA E QUESTÕES ± TÉCNICO Aula 00 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 63 Aula 00 Apresentação do Curso Cronograma Introdução ao Direito Eleitoral Sumário Sumário ............................................................................................................... 1 Apresentação ........................................................................................................ 2 Cronograma de Aulas ............................................................................................. 7 1 ± Considerações Iniciais....................................................................................... 9 2 ± Conceito de Direito Eleitoral .............................................................................. 9 3 - Fontes ............................................................................................................11 3.1 ± Conceito de Fontes ....................................................................................11 3.2 - Classificação .............................................................................................11 3.3 - Resoluções do TSE.....................................................................................15 3.4 - Medida Provisória ......................................................................................19 3.5 - Consultas .................................................................................................19 4 - Princípios de Direito Eleitoral .............................................................................21 4.1 - Introdução ................................................................................................21 4.2 - Princípio da lisura das eleições ....................................................................24 4.3 - Princípio do aproveitamento do voto ............................................................25 4.4 - Princípio da celeridade eleitoral ...................................................................26 4.5 - Princípio da preclusão instantânea ...............................................................28 4.6 - Princípio da anualidade eleitoral ..................................................................29 4.7 - Princípio da responsabilidade solidária entre candidatos e partidos políticos ......33 4.8 - Princípio proporcional e majoritário ..............................................................33 4.9 - Princípio da moralidade eleitoral ..................................................................34 4.10 - Princípio da autonomia dos Partidos ...........................................................35 5 - Questões ........................................................................................................37 5.1 - Questões sem Comentários ........................................................................37 5.2 - Gabarito ...................................................................................................43 5.3 - Questões com Comentários ........................................................................44 6 - Considerações Finais ........................................................................................63 00000000000 00000000000 - DEMO CURSO DE DIREITO ELEITORAL - TRE/PB EM TEORIA E QUESTÕES ± TÉCNICO Aula 00 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 63 �ǁ��������� Apresentação Estamos aqui hoje para apresentar o Curso de Direito Eleitoral em teoria e questões voltado para o concurso do Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE/PB). Trata-se de um curso pós-edital, com foco na banca Fundação Carlos Chagas (FCC), conforme Edital nº 01/2015, publicado em 08.09.2015. Trata-se de curso voltado para o cargo de Técnico Judiciário, notadamente para a área Administrativa (TJAA). O concurso anterior foi realizado no ano de 2007. Vencido há mais de ano, é grande a expectativa pelo novo concurso, bem como pelo quantitativo de servidores a serem nomeados. Para que tenhamos ideia em relação aos cargos para a área judiciária tivemos: ÁREA ÚLTIMO CLASSIFICADO NOMEADO Administrativa (TJAA) 61º Mecânica 1º Operador de Computador 20º (dos quais 16 nomeados e 4 reaproveitados para o TRE/PE) Programação de Sistemas 16º (dois quais 15 nomeados e 1 reaproveitado para o TRE/PE) Taquigrafia 2º Portanto, ao longo da validade do concurso anterior, 100 técnicos judiciários foram nomeados. Considerando que o concurso está vencido desde 2011, certamente muitos aprovados serão nomeados no concurso vindouro. O Edital prevê apenas 13 vagas mais cadastro de reserva, contudo, como já sabemos, isso não é indicativo de que serão chamados poucos aprovados. Esperamos que muitos candidatos aprovados sejam convocados. Fora a expectativa de nomeados, é de se notar a remuneração e benefícios que o cargo oferece. A remuneração do cargo de Técnico Judiciário inicia- se em R$ 5.425,79, de acordo com o edital, além de benefícios e funções de confiança que o servidor em atividade poderá cumular com o salário. Registre-se os servidores do Poder Judiciário Federal estão em greve com o objetivo de obter recomposição salarial. No edital 2015 a FCC exigiu os seguintes assuntos: 00000000000 00000000000 - DEMO CURSO DE DIREITO ELEITORAL - TRE/PB EM TEORIA E QUESTÕES ± TÉCNICO Aula 00 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 63 Noções de Direito Eleitoral: Conceito e fontes. Código Eleitoral (Lei nº 4.737/1965 e alterações posteriores): Introdução; Dos Órgãos da Justiça Eleitoral; Das Eleições; Disposições Várias: Dos recursos; Disposições Penais. Lei de Inelegibilidade (Lei Complementar nº 64/1990 e alterações posteriores da Lei da Ficha Limpa ± Lei Complementar nº 135/2010). Lei dos Partidos Políticos (Lei nº 9.096/1995 e alterações posteriores). Lei das Eleições (Lei nº 9.504/1997 e alterações posteriores). Fornecimento Gratuito de Transporte, em Dias de Eleição, a Eleitores Residentes nas Zonas Rurais (Lei nº 6.091/1974 e alterações posteriores). Resolução TSE nº 21.538/2003 (Alistamento e Serviços Eleitorais mediante processamento eletrônico de dados). Súmulas do TSE. A banca exigiu exatamente o mesmo conteúdo para os cargos de Analistas e Técnicos Judiciários. Acreditamos que a diferença residirá apenas na profundidade da cobrança. Vocês, futuros técnicos devem e ater a literalidade da lei. A disciplina de Direito Eleitoral abrange, certamente, a parte mais significativa da prova vindoura, dada a natureza do cargo. Toda preparação é pouca para esse certame. Vistos esses aspectos iniciais referentes ao cargo, vamos tecer algumas observações prévias importantes a respeito do nosso Curso. PRIMEIRA, nosso estudo será cadenciado e completo. Teremos tempo para analisar os assuntos com tranquilidade, a fim de que tenhamos um ótimo desempenho. SEGUNDA, a banca escolhida foi a FCC. Na área eleitoral a banca realizou diversas provas nos últimos anos. Este ano, inclusive, realizou a prova do TRE/RR. Desse modo, temos um portfólio significativo de questões, que permitem dirigir nosso estudo para os assuntos mais cobrados em prova. Desse modo: ª É essencial tratar da legislação eleitoral atualizada. ª A grande maioria das questões cobram a literalidade da lei. ª Em alguns pontos específicos é importante o conhecimento de assuntos teóricose doutrinários. ª A jurisprudência dos tribunais superiores ± especialmente STF e TSE ± serão mencionados quando relevantes para a nossa prova. Desse modo, podemos afirmar que as aulas serão baseadas em várias ³IRQWHV´� FONTES Doutrina quando essencial e majoritária Legislação Eleitoral (em sentido amplo) Assuntos relevantes no cenário jurídico Jurisprudência relevante dos Tribunais Superiores 00000000000 00000000000 - DEMO CURSO DE DIREITO ELEITORAL - TRE/PB EM TEORIA E QUESTÕES ± TÉCNICO Aula 00 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 63 TERCEIRA, vamos resolver muitas questões. Traremos questões das mais variadas bancas de concurso público, notadamente da FCC. Veremos ainda questões da CESPE, CONSULPLAN, FGV entre outras bancas. Além disso, traremos questões adaptadas e inéditas. Explico. Em razão das reformas eleitorais e devido ao fato de que nos anos de 2013 e 2014 tivemos poucos concursos de TRE, muitas das questões anteriores estão desatualizadas. Assim, a depender da questão, faremos ajustes e, em relação a determinados assuntos, criaremos questões inéditas. Isso porque a resolução de questões é fundamental para a fixação dos assuntos abordados. Assim, traremos questões de múltipla escolha e questões na modalidade de assertivas. É bom registrar que todas as questões do material serão comentadas de forma analítica. Sempre explicaremos o porquê da assertiva/alternativa estar correta ou incorreta. Isso é relevante, pois o aluno poderá analisar cada uma delas, perceber eventuais erros de compreensão e revisar os assuntos tratados. De nada adiantaria trazemos 100 ou 200 questões por aula, várias delas sobre o mesmo assunto, e não explicar detalhadamente como vocês devem ³SHQVDU´�D�TXHVWmR�QD�KRUD�GD�SURYD��3HJDUHPRV�D�TXHVWmR��DQDOLVDUHPRV� cada uma das alternativas/assertiva para que, caindo algo semelhante em prova, você tenha segurança e tranquilidade para marcá-la. QUARTO, este curso NÃO COMPREENDERÁ VÍDEO-AULAS. O foco principal dos cursos do Estratégia Concursos é a qualidade dos materiais em .pdf. As vídeo-aulas constituem material complementar, que será disponibilizado a você se possível. No presente momento estamos em processo de gravação de tais aulas, contudo, não podemos precisar quanto elas efetivamente estarão disponíveis. Esta é a nossa proposta! Vistos os aspectos gerais do curso, teçamos algumas considerações acerca da metodologia de estudo. As aulas em .pdf têm por característica essencial a didática. Vamos abordar assuntos doutrinários, legislativos e jurisprudenciais com objetividade, priorizando a clareza, para facilitar a absorção. Isso, contudo, não significa superficialidade. Pelo contrário, sempre que necessário e importante os assuntos serão aprofundados de acordo com o nível de exigência das provas anteriores. Para tanto, o material será permeado de esquemas, gráficos LQIRUPDWLYRV�� UHVXPRV�� ILJXUDV�� WXGR� FRP� R� ILWR� GH� ³FKDPDU� DWHQomR´� SDUD� RV� FRQWH~GRV� TXH� SRVVXHP� UHOHYkQFLD� SDUD� D� 00000000000 00000000000 - DEMO CURSO DE DIREITO ELEITORAL - TRE/PB EM TEORIA E QUESTÕES ± TÉCNICO Aula 00 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 63 SURYD��6HPSUH�TXH�KRXYHU�XPD�³corujinha´�QR�PDWHULDO redobre a atenção. Por fim, é importante registrar que todos os conteúdos, leis e informações pertinentes a nossa disciplina constarão do material e estarão devidamente explicados ou, ao menos, citados. Assim, não será necessário recorrer a nenhum outro material complementar. O nosso curso fornecerá uma preparação completa e integral! Foco, objetividade e didática conduzirão todo o nosso curso. Por fim, nossas aulas seguirão uma estrutura padronizada. Haverá uma parte inicial, onde abordaremos os assuntos que serão tratados, informações sobre aulas passadas (tais como esclarecimentos, correções etc.) e informações sobre os concursos eleitorais e indicação das vídeo- aulas de revisão. Em seguida, teremos a parte teórica da aula. Após a teoria, vamos responder às questões. Num primeiro momento você terá a EDWHULD�GH� WHVWHV�QD� IRUPD�³VHFD´�SDUD�TXH�YRFr�SRVVD�VLPXODU�R�GLD�GD� prova, juntamente com o gabarito. Após, comentaremos de modo analítico, explicando cada uma das alternativas. Por fim, faremos o fechamento da aula, com sugestões para a revisão e dicas de estudo. Vejamos a estrutura das aulas: C A R A C T E R ÍS T IC A S D O C U R S O Destaque das principais aspectos de cobrança em prova. Utilização de recursos didáticos (esquemas, quadros, resumos, gráficos). Questões comentadas analíticamente. Material completo. Foco e objetividade. 00000000000 00000000000 - DEMO CURSO DE DIREITO ELEITORAL - TRE/PB EM TEORIA E QUESTÕES ± TÉCNICO Aula 00 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 63 Por fim, resta uma breve apresentação pessoal. Meu nome é Ricardo Strapasson Torques! Sou graduado em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pós-graduado em Direito Processual. Estou envolvido com concurso público há 08 anos, aproximadamente, quando ainda na faculdade. Trabalhei no Ministério da Fazenda, no cargo de ATA. Fui aprovado para o cargo Fiscal de Tributos na Prefeitura de São José dos Pinhais/PR e para os cargos de Técnico Administrativo e Analista Judiciário nos TRT 4ª, 1º e 9º Regiões. Atualmente, resido em Cascavel/PR e sou servidor Público na 2ª Vara do Trabalho de Toledo/PR. Já trabalhei em outros cursinhos, presenciais e on-line e, atualmente, em parceria com o Estratégia Concursos lançamos diversos cursos, notadamente nas áreas de Direito Eleitoral e de Direitos Humanos. Além disso, temos diversas parcerias para cursos de discursivas com foco jurídico. Deixarei abaixo meus contatos para quaisquer dúvidas ou sugestões. Será um prazer orientá-los da melhor forma possível nesta caminhada que se inicia hoje. E-mail: rst.estrategia@gmail.com.br Facebook: https://www.facebook.com/ricardo.s.torques Assuntos a serem estudados Observações sobre aulas passadas Informações atinentes ao andamento do curso CONSIDERAÇÕES INICIAIS Teoria Esquemas e gráficos explicativos Legislação de Aula Doutrina e Jurisprudência quando estritamente necessário Resumo dos principais aspectos do tópico estudado. AULA Lista das questões sem comentários Gabarito Questões Comentadas analiticamente. QUESTÕES Sugestões de leituras e considerações quanto à revisão Dicas e sugestões de estudo Informações sobre a próxima aula. CONSIDERAÇÕES FINAIS 00000000000 00000000000 - DEMO CURSO DE DIREITO ELEITORAL - TRE/PB EM TEORIA E QUESTÕES ± TÉCNICO Aula 00 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 63 Cronograma de Aulas Já havíamos lançado um curso pré-edital há cerca de um mês. Desse curso apenas não entrou de forma direta no edital a Aula 01 sobre Direito Eleitoral na Constituição. Contudo, tal aula traz os dispositivos Constitucionais que revogaram parte do Código Eleitoral e é de suma importância para um estudo completo. SEGUE CRONOGRAMA REFORMULADO DE ACORDO COM O EDITAL DE 08.09. AULA CONTEÚDO DATA DE DISPONIBILIZAÇÃO Aula 00 Apresentação do Curso, Cronograma de Aulas e Orientações Gerais Conceito e fontes Já disponível Aula 01 Direito Eleitoral na Constituição Não cobrado de forma direta no edital Já disponível Aula 02 Justiça Eleitoral e Ministério Público Eleitoral Dos Órgãos da JustiçaEleitoral Já disponível Aula 03 Alistamento (parte 01) Resolução TSE nº 21.538/2003 (Alistamento e Serviços Eleitorais mediante processamento eletrônico de dados) Já disponível Aula 04 Alistamento (parte 02) Resolução TSE nº 21.538/2003 (Alistamento e Serviços Eleitorais mediante processamento eletrônico de dados) Já disponível Aula 05 Inelegibilidades Lei de Inelegibilidade (Lei Complementar nº 64/1990 e alterações posteriores da Lei da Ficha Limpa ± Lei Complementar nº 135/2010). 16.09.2015 Aula 06 Partidos Políticos Lei dos Partidos Políticos (Lei nº 9.096/1995 e alterações posteriores) 26.09.2015 Aula 07 Eleições (parte 01) Lei das Eleições (Lei nº 9.504/1997 e alterações posteriores). 06.10.2015 00000000000 00000000000 - DEMO CURSO DE DIREITO ELEITORAL - TRE/PB EM TEORIA E QUESTÕES ± TÉCNICO Aula 00 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 63 Aula 08 Eleições (parte 02) Código Eleitoral (Lei nº 4.737/1965 e alterações posteriores): Das Eleições; 16.10.2015 Aula 09 Ações e Recursos Eleitorais Código Eleitoral (Lei nº 4.737/1965 e alterações posteriores): Das Ações e Recursos Eleitorais 26.10.2015 Aula 10 Processo Penal- Eleitoral, Crimes Eleitorais Código Eleitoral (Lei nº 4.737/1965 e alterações posteriores): Disposições Várias: Dos recursos; Disposições Penais. 06.11.2015 Aula 11 Fornecimento Gratuito de Transporte Súmulas do TSE Fornecimento Gratuito de Transporte, em Dias de Eleição, a Eleitores Residentes nas Zonas Rurais (Lei nº 6.091/1974 e alterações posteriores). Súmulas do TSE. 13.11.2015 Aula 12 Resumo Resumo dos principais pontos do edital 20.11.2015 Como vocês podem perceber as aulas são distribuídas de modo que possamos tratar cada um dos assuntos com tranquilidade, transmitindo segurança a vocês para um excelente desempenho em prova. Eventuais ajustes de cronograma poderão ser realizados por questões didáticas e serão sempre informados com antecedência. 00000000000 00000000000 - DEMO CURSO DE DIREITO ELEITORAL - TRE/PB EM TEORIA E QUESTÕES ± TÉCNICO Aula 00 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 63 �� ? ?�Ǧ��ǁ����� 1 Ȃ Considerações Iniciais Em nossa aula inaugural vamos estudar alguns pontos introdutórios do Direito Eleitoral. Primeiramente devemos saber o que é Direito Eleitoral, quais os assuntos abrangidos, qual o posicionamento da disciplina no ordenamento jurídico. Veremos também as fontes e princípios do Direito Eleitoral. Boa aula a todos! 2 Ȃ Conceito de Direito Eleitoral O Direito é composto de vários ramos como o Direito Constitucional, Direito Administrativo, Direito Civil e o Direito Eleitoral entre outros. Cada um desses ramos cuida de um conjunto de assuntos específicos. Por exemplo, o Direito Civil cuida essencialmente das relações entre as pessoas contratos, casamento etc. São assuntos abordados prioritariamente pelo Direito Civil. O Direito Eleitoral cuida, essencialmente, de tudo o que envolve eleições. Desse modo, o Direito Eleitoral delimita quando determinada pessoa pode votar ou se candidatar a algum cargo político. Estuda também todo o processo de escolha dos nossos representantes, desde o registro da candidatura até a diplomação, oportunidade em que o candidato escolhido será declarado eleito. Portanto, o Direito Eleitoral é um ramo do Direito que trata de diversos assuntos relacionados às eleições. Como dissemos no início da aula, usaremos conceitos doutrinários apenas quando essencial para compreendermos a matéria. Aqui é um desses momentos. Vejamos, então, dois conceitos: Segundo Francisco Dirceu Barros1: O Direito Eleitoral é ramo do Direito Público que trata dos institutos relacionados com os direitos políticos e das eleições, em todas as suas fases, como forma de escolha dos titulares dos mandatos eletivos e das instituições do Estado. Para Marcos Ramayana2: Ramo do Direito Público que disciplina o alistamento eleitoral, o registro de candidatos, a propaganda política eleitoral, a votação, apuração e diplomação, além 1 BARROS, Francisco Dirceu. Direito Eleitoral. 10ª edição. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2011, p. 01. 2 RAMAYANA, Marcos. Direito Eleitoral. 10ª edição, rev., ampl. e atual., Niterói: Editora Impetus, 2010, p. 14. 00000000000 00000000000 - DEMO CURSO DE DIREITO ELEITORAL - TRE/PB EM TEORIA E QUESTÕES ± TÉCNICO Aula 00 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 63 de organizar os sistemas eleitorais, os direitos políticos ativos e passivos, a organização judiciária eleitoral, dos partidos políticos e do Ministério Público dispondo de um sistema repressivo penal especial. Os conceitos acima são interessantes, pois exemplificam vários assuntos que estão abrangidos pelo Direito Eleitoral e que serão estudados em nossas aulas. Não vamos, neste momento do curso, estudar cada um desses institutos, eles serão estudados naturalmente à medida que avançarmos na matéria. De todo modo, desde já algumas informações são relevantes! (i) O Direito Eleitoral é um ramo do Direito Público. É comum a distinção entre ramos do Direito Público e ramos do Direito Privado. O Direito Privado envolve as relações entre pessoas físicas e jurídicas no âmbito particular (obrigações, indenizações, contratos). Já o Direito Público envolve assuntos de interesse da coletividade, ultrapassando a fronteira do mero interesse particular. As normas de Direito Público tratam de interesses, diretos e indiretos, do Estado. Em razão disso possuem uma disciplina específica, que retrata temas de caráter político e soberano, assuntos afetos à administração dos negócios públicos, defesa da sociedade entre outros assuntos de interesse da coletividade. O Direito Eleitoral nessa classificação é ramo do Direito Público. Por que? Por um simples fato, o Direito Eleitoral disciplina como serão as eleições, quem poderá votar, quem poderá se candidatar a determinado cargo político. São interesses da coletividade, disciplinados pelo Direito eminentemente público. (ii) O Direito Eleitoral possui institutos e normatividade próprios. Isso denota que a disciplina possui autonomia científica e didática, razão pela qual é tratada como matéria autônoma. Como veremos, o alistamento, capacidade eleitoral, partidos políticos, inelegibilidade são institutos típicos do Direito Eleitoral. Ademais, a disciplina é permeada por normas específicas, tais como o Código Eleitoral, Lei das Eleições, Lei dos Partidos Políticos, Lei de Inelegibilidade, que disciplinam regras e princípios próprios da área eleitoral. Embora autônoma, há diversas normas de Direito Eleitoral que estão dentro da Constituição, como, por exemplo direitos políticos, nacionalidade, além de regras gerais atinentes aos partidos políticos e organização da Justiça Eleitoral. Esses assuntos são estudados também em Direito Constitucional, numa verdadeira intersecção entre ambas as disciplinas. Desse modo, alguns assuntos que veremos aqui também serão estudados pelo Professor daquela disciplina. (iii) O Direito Eleitoral disciplina os direitos políticos e as eleições de modo geral. Esses dois temas são o cerne do Direito Eleitoral. Todos os demais institutos jurídicos eleitorais decorrem dos direitos políticos e das eleições propriamente. Neste contexto, à disciplina de Direito Eleitoral 00000000000 00000000000 - DEMOCURSO DE DIREITO ELEITORAL - TRE/PB EM TEORIA E QUESTÕES ± TÉCNICO Aula 00 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 63 compete tratar do alistamento eleitoral, do registro de candidatos, da propaganda política eleitoral, da votação, apuração e diplomação, da organização dos sistemas eleitorais, dos direitos políticos ativos e passivos, da organização judiciária eleitoral, partidos políticos e crimes eleitorais. Portanto, quanto ao conceito de Direito Eleitoral devemos memorizar: Ok? No início é difícil mesmo, parece um monte de informação sem sentido e complexa. Com o tempo essas informações são compreendidas com naturalidade. Por hora é importante fixar: Sigamos! 3 - Fontes 3.1 Ȃ Conceito de Fontes Em termos simples, a expressão fontes refere-se aos modos de elaboração e revelação da norma jurídica. A palavra fonte remete à ideia de origem, nascedouro, surgimento. É justamente esse o conceito de fonte para o direito: Fonte é aquilo que dá origem ao direito ou, mais especificamente, às normas jurídicas. 3.2 - Classificação As fontes podem assumir diversas classificações. Para fins de Direito Eleitoral interessam três classificações. São elas: Ö fontes materiais versus fontes formais; Ö fontes primárias versus fontes secundárias; e Ö fontes diretas versus fontes indiretas. Nos tópicos seguintes nós analisaremos essas classificações de forma minuciosa. DIREITO ELEITORAL ramo do Direito Público possui institutos e princípios próprios disciplina direitos políticos e eleições DIREITO ELEITORAL ramo do direito que estuda as regras relativas aos direitos políticos e às eleições. 00000000000 00000000000 - DEMO CURSO DE DIREITO ELEITORAL - TRE/PB EM TEORIA E QUESTÕES ± TÉCNICO Aula 00 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 63 Fontes materiais versus fontes formais Essa primeira distinção é bastante simples. Contudo, a correta compreensão da distinção exige algum esforço de abstração. As fontes materiais representam o conjunto de fatores que levam ao surgimento da norma jurídica. Movimentos sociais e políticos pela aprovação de leis eleitorais é um claro exemplo de fontes materiais. As consultas, que constitui um procedimento específico pelo qual os interessados no processo eleitoral questionam os órgãos eleitorais sobre a aplicabilidade ou interpretação de determinada lei eleitoral, também constituem um exemplo de fonte material. A doutrina, segundo alguns, constitui verdadeira fonte material, pois inspira os legisladores a adotarem, em forma de regra, os pensamentos dos juristas. As fontes formais, por sua vez, constituem o produto da fonte material. As fontes formais são, portanto, as normas jurídicas. Todas as normas produzidas em nosso ordenamento são incitadas por fontes matérias e, após discussão e votação pelos órgãos legislativos, tornam-se fontes formais. Entre os principais exemplos de fontes formais, destaca-se o Código Eleitoral, a Lei das Eleições, a Lei dos Partidos Políticos, as Resoluções do TSE/TRE, entre outras. Desse modo, para fins de prova, temos: Ao contrário das fontes formais, as fontes materiais não possuem caráter vinculativo e funcionam como substrato teórico para a edição posterior de fontes formais pelo Poder Legislativo e pelo Poder Judiciário eleitoral no exercício da função normativa. Fontes primárias versus fontes secundárias Tradicionalmente a doutrina distingue fontes primárias de fontes secundárias de Direito Eleitoral. As fontes primárias são aquelas decorrentes do Poder Constituinte Originário ou do exercício da função típica do Poder Legislativo (Poder Constituído). Devemos lembrar que cada um dos poderes reserva funções típicas: ao Executivo administrar, ao Judiciário julgar e ao Legislativo legislar e fiscalizar. Assim, compete ao Poder Legislativo editar leis eleitorais, verdadeiras fontes primárias eleitorais. A principal fonte primária é a Constituição Federal, fruto do Poder Constituinte Originário e, por isso, manifestação direta da soberania FONTE MATERIAL Fatores que influenciam no surgimento da norma. FONTE FORMAL Norma jurídica 00000000000 00000000000 - DEMO CURSO DE DIREITO ELEITORAL - TRE/PB EM TEORIA E QUESTÕES ± TÉCNICO Aula 00 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 63 popular. Dela emanam todas as demais normas primárias do nosso ordenamento jurídico, em razão da superioridade hierárquica da Constituição Federal. O Texto Constitucional traz diversas regras de direito eleitoral, havendo, inclusive, um capítulo próprio sobre os direitos políticos (art. 14 a 16) e sobre os partidos políticos (art. 17). Em razão da superioridade hierárquica conferida à Constituição, é o seu Texto que prevê a competência para que o Poder Legislativo discipline normas de Direito Eleitoral. Assim, confere-se à União a competência legislar privativamente sobre Direito Eleitoral. Logo, todas as demais normas decorrentes do exercício da função legislativa são primárias. Podemos destacar que tais normas retiram o fundamento de validade direto do texto constitucional e estão sujeitas ao controle de constitucionalidade. O fundamento da competência legislativa privativa da União está no art. 22, I, da CF: Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; (...) Ou seja, quem estabelece as regras de Direito Eleitoral é a União! Aprofundando um pouco a matéria neste aspecto, é relevante tratar do art. 22, § único da CF, que prevê a possibilidade de a União editar uma lei complementar autorizando aos Estados legislar sobre questões específicas arroladas nos incisos do art. 22 e, portanto, sobre Direito Eleitoral. Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. Há controvérsia quanto a tal possibilidade em nossa disciplina, uma vez que o processo eleitoral e as regras aplicáveis às eleições são as mesmas para todo o território nacional. Contudo, não é recomendável conferir delegar competência para que os estados-membros possam legislar de maneira específica sobre a matéria. Em decorrência disso não temos lei complementar federal que autorize lei eleitoral específica pelos estados-membros. De todo modo, para fins da nossa prova, EM TEORIA, é possível que a União editar uma lei complementar geral autorizando aos demais entes da federação legislar sobre questões específica de Direito Eleitoral. A COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR SOBRE DIREITO ELEITORAL É PRIVATIVA DA UNIÃO 00000000000 00000000000 - DEMO CURSO DE DIREITO ELEITORAL - TRE/PB EM TEORIA E QUESTÕES ± TÉCNICO Aula 00 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 63 As fontes secundárias, por sua vez, são aquelas que se prestam a interpretar e regulamentar a norma primária. Desse modo, o fundamento de validade das normas secundárias é retirado do próprio texto infraconstitucional. Desse modo, ao se questionar determinada norma de caráter primário devemos verificar se ela está ou não de acordo com a legislação. Se estiver dissonante, será considerada ilegal. Em razão desse entendimento, fala-se que as fontes secundárias não se sujeitam ao controle de constitucionalidade, pois diretamente são sujeitas ao controle de legalidade. A fim de compreender melhor o assunto vejamos: Como as fontes primárias retiram fundamento de validadeda Constituição sujeitam-se ao controle de constitucionalidade. Já as normas secundárias, por retirarem fundamento de validade das fontes primárias, sujeitam-se ao controle de legalidade. Em síntese, distinguem-se as fontes primárias de secundária do seguinte modo: A título ilustrativo, cita-se como exemplo de fonte primária o Código Eleitoral ou a Lei das Inelegibilidades. Já entre as fontes secundárias estão as Resoluções do TSE e do TRE. Em relação às Resoluções do TSE, todavia, é necessário atentar-se para uma ressalva que faremos ainda nesta aula. CF Fontes Primárias Fontes Secundárias FONTE PRIMÁRIA emana do Poder Legislativo, órgão incumbido da competência legislativa, que inova a ordem jurídica FONTE SECUNDÁRIA se presta a interpretar e regulamentar as fontes primárias e não podem inovar a ordem jurídica Fundamento de validade 00000000000 00000000000 - DEMO CURSO DE DIREITO ELEITORAL - TRE/PB EM TEORIA E QUESTÕES ± TÉCNICO Aula 00 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 63 Sigamos! Fontes diretas versus fontes indiretas Outra classificação comum na área eleitoral é a distinção entre fontes diretas e indiretas. As fontes diretas são assim denominadas porque disciplinam direta e especificamente assuntos de natureza eleitoral. Destaca-se o Código Eleitoral, a Lei dos Partidos Políticos, a Lei de Inelegibilidade, Lei das Eleições e as Resoluções do TSE. Paralelamente, existem as fontes indiretas, ou seja, normas que são aplicadas ao Direito Eleitoral apenas de forma subsidiária ou supletiva. Destaca-se o Código Penal e Civil, bem como os Código de Processo Penal e de Processo Civil. Por exemplo, tanto o CPC quanto o CPP estabelecem um rol de situações nas quais o magistrado e servidores da Justiça são impedidos ou suspeitos de atuar. Essas hipóteses serão aplicadas subsidiariamente ao Direito Eleitoral conforme será estudado adiante. Para fins de prova: Com isso encerramos a classificação, de acordo com a doutrina. Contudo, ainda em relação ao assunto fontes, é necessário analisar as Resoluções do TSE, com maior aprofundamento. 3.3 - Resoluções do TSE As Resoluções do TSE são tecnicamente normas de caráter infralegal e regulamentar, por meio dos quais o órgão supremo eleitoral dá cumprimento à legislação infraconstitucional. Por serem normas são consideradas como fontes formais. FONTES DIRETAS TRATAM diretamente de assuntos de Direito Eleitoral Constituição Federal, Código Eleitoral, Lei de Inelegibilidades, Lei dos Partidos Políticos, Lei das Eleições, Resoluções do TSE. FONTES INDIRETAS NÃO TRATAM de Direito Eleitoral, mas se aplicam subsidiariamente à disciplina. Código Civil, Código de Processo Civil, Código Penal, Código de Processo Penal. 00000000000 00000000000 - DEMO CURSO DE DIREITO ELEITORAL - TRE/PB EM TEORIA E QUESTÕES ± TÉCNICO Aula 00 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 63 Tal atribuição normativa é conferida ao TSE, pelo art. 23, IX do Código Eleitoral: Compete, ainda, privativamente ao Tribunal Superior: (...) IX ± expedir as instruções que julgar convenientes à execução deste Código; (...) Ademais, o art. 105, da Lei das Eleições, com redação dada pela Lei 12.034/2009 conceitua legislativamente as Resoluções do TSE nos seguintes termos: Art. 105. Até o dia 5 de março do ano da eleição, o Tribunal Superior Eleitoral, atendendo ao caráter regulamentar e sem restringir direitos ou estabelecer sanções distintas nesta Lei, poderá expedir todas as instruções necessárias para a sua fiel execução, ouvidos, previamente, em audiência pública, os delegados ou representantes dos partidos políticos. Dos dispositivos acima, podemos concluir que as Resoluções do TSE são normas que estabelecem regras legais, gerais e abstratas, editadas para a execução da legislação eleitoral. O objetivo principal de tais normas é regulamentar as eleições. Anualmente e especialmente nos anos eleitorais, o TSE edita diversas Resoluções, que disciplinam procedimentos não previstos na legislação eleitoral. Essas regulamentações aplicam-se a todos aqueles que concorrerem às eleições de modo geral e abstrato e com caráter vinculante. Além disso, as Resoluções tratam especificamente sobre Direito Eleitoral, razão pela qual são consideradas fontes diretas. Portanto... Contudo, precisamos aprofundar um pouco mais! Há diversos autores na doutrina que afirmam que as Resoluções do TSE possuem caráter normativo primário, normatizando hipóteses não reguladas pela norma eleitoral. Tal entendimento predominou na doutrina, uma vez que antes da Lei 12.037/2009, a redação do art. 105 era mais simples, não continha a menção expressa ao caráter regulamentar e a impossibilidade de criar ou restringir direitos das Resoluções do TSE. Deste modo, o TSE entendia que suas resoluções tinham caráter legal. Esse entendimento foi, inclusive, sufragado no STF. Assim, duas posições bem claras destacam-se: 1ª POSIÇÃO: existem Resoluções do TSE primárias, que inovam a ordem jurídica. As Resoluções do TSE são fontes formais e diretas do Direito Eleitoral. 00000000000 00000000000 - DEMO CURSO DE DIREITO ELEITORAL - TRE/PB EM TEORIA E QUESTÕES ± TÉCNICO Aula 00 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 63 A primeira posição foi adotada pelo STF no julgamento da ADI nº 3.999 e ADI nº 4.086, no qual o Plenário confirmou a constitucionalidade da Resolução nº 22.610/2007, que disciplina o processo de perda de mandato eletivo por infidelidade partidária. Em síntese, discutiu-se que a referida Resolução disciplinou de maneira inovadora o processo de perda de cargo eletivo, matéria que somente poderia ser disciplinada por norma editada pelo Poder Legislativo. O 67)�HQWHQGHX�TXH��GH�IDWR��D�PDWpULD�³ILGHOLGDGH�SDUWLGiULD´�GHYHULD�VHU� editada pelo Poder Legislativo, em razão da regra de competência constante do art. 22, I, da CF. Contudo, a exigência da fidelidade partidária é extraída do próprio Texto da Constituição e, assim, não faz sentido aplicar a regra da fidelidade partidária apenas quando o Poder Legislativo decidir legislar. Entendeu assim o STF que a Resolução TSE nº 22.610/2010 é uma norma transitória e de caráter excepcional, que se justifica em face da demora do Poder Legislativo em editar uma norma para disciplinar a matéria. Desse modo, neste caso, concluiu o STF que a Resolução do TSE, além de ser fonte formal direta é, também, fonte primária. Vejamos, em seguida, outro posicionamento do STF. 2ª POSIÇÃO: existem Resoluções do TSE secundárias, as quais não podem inovar na ordem jurídica. A Resolução TSE nº 20.993/2002 determinou a verticalização das coligações partidárias. Veremos esse assunto com profundidade futuramente, não se preocupem. Em termos simples o TSE obrigou os partidos adotar a coligação nacional para concorrer nas eleições estaduais e municipais, sem possibilidade de outros arranjos entre os partidos nos estados-membros e nos municípios. Em razão disso, vários partidos políticos ingressaram com uma ADI perante o STF, questionando a norma criada pela Resolução. Neste julgamento, o STF entendeu que a Resolução do TSE possui caráter secundário e interpretativo, não podendo inovar na ordem jurídica, dada a natureza das resoluções. Em síntese, o STF afirmou que as Resoluções possuem caráter secundário e destinam-se a interpretar a norma eleitoral. Esse é o entendimento, inclusive, de Francisco Dirceu Barros3: A reforma eleitoral alterou totalmente o art. 105 caput daLei nº 9.504/1997 e ao estabelecer as principais características de uma resolução, mitigou o seu caráter de ato normativo primário, pois não será possível uma resolução restringir direito ou estabelecer sanções distintas das previstas na Lei 9.504/1997. No mesmo sentido, posiciona-se Rafael Barretto4: 3 BARROS, Francisco Dirceu. Direito Eleitoral, p. 07/08. 4 BARRETO, Rafael. Direito Eleitoral, Col. Saberes do Direito, São Paulo: Editora Saraiva, 2012, versão eletrônica. 00000000000 00000000000 - DEMO CURSO DE DIREITO ELEITORAL - TRE/PB EM TEORIA E QUESTÕES ± TÉCNICO Aula 00 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 63 As resoluções do TSE são normas de caráter regulamentar que a Corte edita para disciplinar a aplicação da legislação eleitoral, normalmente sintetizando no texto delas, a jurisprudência do Tribunal sobre as matérias versadas. Sintetizando as posições do STF... A segunda posição, em nosso entender, é a mais condizente com a técnica jurídica e com a redação do art. 105 caput da Lei das Eleições. Art. 105. Até o dia 5 de março do ano da eleição, o Tribunal Superior Eleitoral, atendendo ao caráter regulamentar e SEM RESTRINGIR DIREITOS OU ESTABELECER SANÇÕES distintas das previstas nesta Lei, poderá expedir todas as instruções necessárias para sua fiel execução, ouvidos, previamente, em audiência pública, os delegados ou representantes dos partidos políticos. O dispositivo acima estabelece alguns limites às Resoluções, quais sejam: x possuem caráter regulamentar; x não podem restringir direitos ou criar obrigações; e x destinam-se à fiel execução da lei. Logo, AS RESOLUÇÕES DO TSE DEVEM SER CONSIDERADAS FONTES SECUNDÁRIAS DO DIREITO ELEITORAL. Contudo, devido à possibilidade de encontrarmos Resoluções do TSE que tratam de assuntos disciplinados na Constituição, como se deu em relação à Resolução do TSE nº 22.610/2007 que disciplina o processo de perda de mandato eletivo por infidelidade partidária, devemos concluir que, EMBORA SECUNDÁRIAS, ALGUMAS RESOLUÇÕES DO TSE SUJEITAM-SE AO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE, E NÃO MERAMENTE AO CONTROLE DE LEGALIDADE. Para efeito de prova devemos levar as seguintes informações... 1ª posição fonte formal - porque institui institui normas gerais e abstratas fonte direta - porque trata exclusivamente de direito eleitoral fonte primária - porque inova na ordem jurídica e não apenas regulamenta a legislação eleitoral 2ª posição fonte formal - porque institui institui normas gerais e abstratas fonte direta - porque trata exclusivamente de direito eleitoral fonte secundária - porque se presta a interpretar e regulamentar a legislação infraconstitucional, não podendo inovar na ordem jurídica 00000000000 00000000000 - DEMO CURSO DE DIREITO ELEITORAL - TRE/PB EM TEORIA E QUESTÕES ± TÉCNICO Aula 00 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 63 A nossa vantagem aqui é a seguinte: as questões não têm perguntado se é fonte primária ou secundária, limitam-se apenas a questionar se é fonte formal e direta. Como veremos nas questões, esse assunto foi exigido pela FCC já neste ano, em 2015! 3.4 - Medida Provisória As medidas provisórias constituem uma espécie normativa peculiar. Ao contrário da regra, elas são criadas pelo Presidente da República, Governador ou Prefeitos, ou seja, pelo Poder Executivo. Em razão disso, a medida provisória tem validade apenas por 60 dias, prorrogáveis por outros 60 dias e será editada apenas em situações de relevância e urgência. Passado esse período, se a medida provisória não for convertida em lei, perderá sua eficácia. Por conta de todas essas questões específicas, há vedação no Texto Constitucional para edição de tal espécie normativa para disciplinar Direito Eleitoral nos termos do art. 62. §1º, I, a da CF: Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. §1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: I ± relativa a: a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral; (...). Portanto... 3.5 - Consultas De início saibamos, as consultas NÃO SÃO FONTES FORMAIS OU DIRETAS do Direito Eleitoral, mas tão somente fontes interpretativas e de caráter material. Vejamos o porquê! Resoluções do TSE FONTE FORMAL FONTE DIRETA FONTE PRIMÁRIA/SECUNDÁRIA (* divergência) É VEDADO À MEDIDA PROVISÓRIA DISPOR SOBRE DIREITOS POLÍTICOS, PARTIDOS POLÍTICOS E DIREITO ELEITORAL. 00000000000 00000000000 - DEMO CURSO DE DIREITO ELEITORAL - TRE/PB EM TEORIA E QUESTÕES ± TÉCNICO Aula 00 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 63 As Consultas consistem na atribuição conferida aos TREs e ao TSE para responder questionamentos feitos por autoridades competentes, desde que não se refira a um caso concreto propriamente. A consulta não pode ser reportar a um caso concreto propriamente, pois seria uma forma irregular de se antecipar o julgamento de determinado processo judicial eleitoral. Assim, a consulta constitui uma forma de orientar as partes envolvidas no processo eleitoral, com a finalidade de evitar processos judiciais. Assim, após as consultas os interessados sentem-se seguros dos atos praticados durante todo o processo das eleições, sem necessidade de recorrer às ações judiciais. A consulta não possui caráter vinculante, muito menos erga omnes. E o que isso significa? Uma decisão judicial, após o trânsito em julgado possui efeito vinculante entre as partes. Isso significa dizer que a decisão judicial proferida vincula a parte de modo que ela não poderá deixar de observar a decisão. O caráter erga omnes, por sua vez, indica que a lei ou ato jurídico atinge a todos. Tais efeitos não se aplicam à consulta, que constitui apenas um posicionamento da Justiça Eleitoral sobre determinada matéria que tem gerado dúvida na comunidade, sem vincular ninguém, e sem se aplicar a todos indistintamente. Assim, é possível que embora exarado determinado entendimento em consulta, futuramente determinado TRE ou o TSE decidam, no exercício da função jurisdicional, de modo diverso. A competência para responder às consultas é atribuída ao TRE e ao TSE. Quanto a este, vejamos o que dispõe o art. 23, XII, do Código Eleitoral: Art. 23 - Compete, ainda, privativamente, ao Tribunal Superior, (...) XII - responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas em tese por autoridade com jurisdição, federal ou órgão nacional de partido político; (...) Já em relação ao TRE a competência vem disciplinada no art. Art. 30. Compete, ainda, privativamente, aos Tribunais Regionais: (...) VIII - responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas, em tese, por autoridade pública ou partido político; (...) Notaram alguma diferença entre os dispositivos? Há uma diferença bastante relevante que comumente é objetivo de prova. No âmbito do TSE as consultas serão formuladas por autoridade de jurisdição federal ou órgão nacional de partido político. Já no âmbito dos TRE as consultas poderão ser formuladas por autoridade pública ou partido político. Logo... 00000000000 00000000000 - DEMO CURSO DE DIREITO ELEITORAL - TRE/PB EM TEORIA E QUESTÕES ± TÉCNICO Aula 00 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 63 Para finalizar, vejamos um exemplo. O TSEfoi consultado no ano passado nos termos por um Senador da República: 1. Aplicar-se-á a Lei Federal n° 12.891/2013 para as eleições gerais de 2014? 2. Em caso afirmativo, a Lei Federal n° 12.891/2013 será totalmente ou parcialmente aplicada? 3. No caso de parcial aplicação para as eleições gerais de 2014, quais serão os dispositivos que valerão para o ano que vem? Após análise das questões formuladas o TSE respondeu à consulta, em síntese, do seguinte modo5: CONSULTA. APLICABILIDADE DA LEI Nº 12.891/2013 ÀS ELEIÇÕES DE 2014. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE ELEITORAL. RESPOSTA NEGATIVA À PRIMEIRA INDAGAÇÃO. PREJUDICADAS AS DEMAIS. Portanto, o entendimento foi o de que a Lei nº 12.891/2013, que instituiu a Minirreforma Eleitoral não se aplica às eleições de 2014, em razão do princípio da anualidade eleitoral. 4 - Princípios de Direito Eleitoral 4.1 - Introdução Dentro do ordenamento, as normas jurídicas podem se revelar por intermédio de regras jurídicas ou de princípios. Essa frase é muito 5 Consulta nº 100075, Relator Min. João Otávio de Noronha, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Data 01/09/2014. CONSULTAS TSE - formuladas por autoridade de jurisdição federal órgão nacional de partido político. TRE - formuladas por autoridade pública partido político 00000000000 00000000000 - DEMO CURSO DE DIREITO ELEITORAL - TRE/PB EM TEORIA E QUESTÕES ± TÉCNICO Aula 00 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 63 relevante e a correta compreensão fundamental para o entendimento do Direito contemporaneamente. Veremos uma série de características que distinguem os princípios das regras. A cada característica analisada você compreenderá cada vez melhor a diferença e a importância dos princípios jurídicos para o nosso ordenamento. Essa é a nossa pretensão. As regras são enunciados jurídicos tradicionais, que preveem uma situação fática e, se esta ocorrer, haverá uma consequência jurídica. Por exemplo, se alguém violar o direito à imagem de outrem (fato), ficará responsável pela reparação por eventuais danos materiais e morais causados à pessoa cujas imagens foram divulgadas indevidamente (consequência jurídica). Assim... Os princípios, por sua vez, segundo ensinamentos de Robert Alexy, são GHQRPLQDGRV�GH�³mandados de otimização´�TXH�FRQGLFLRQDP�WRGDV�DV� estruturas subsequentes e servem de parâmetro para interpretação. Isso significa dizer que os princípios constituem normas com caráter mais amplo, aplicáveis a diversas situações fáticas a depender do contexto envolvido. Os princípios constituem espécie de normas que deverão ser observados na medida do possível. As regras são aplicadas a partir da técnica da subsunção, ou seja, se ocorrer a situação de fato haverá a incidência da consequência jurídica prevista. Ou a regra aplica-se àquela situação ou não se aplica (técnica do ³WXGR�RX�QDGD´���3DUD�RV�SULQFtSLRV��DR�FRQWUiULR��D�DSOLFDomR�SUHVVXS}H�R� uso da técnica de ponderação de interesses, pois a depender da situação fática, assegura-se com maior ou menor amplitude o princípio �WpFQLFD�GR�³PDLV�RX�PHQRV´��� Por exemplo, para o processo jurisdicional eleitoral o decurso de 1 ano poderá implicar violação ao princípio da celeridade; para o processo crime o decurso de 5 anos não implicará, necessariamente, violação ao mesmo princípio. Notem que são dois contextos fáticos diferentes em que o DIVULGAR INDEVIDAMENTE A IMAGEM DE UMA PESSOA fato jurídico VIOLAÇÃO AO DIREITO À IMAGEM regra jurídica (art. 5º, X e XXIII, da CF, combinado com dispositivos do CC) CONSEQUÊNCIA dever de indenizar 00000000000 00000000000 - DEMO CURSO DE DIREITO ELEITORAL - TRE/PB EM TEORIA E QUESTÕES ± TÉCNICO Aula 00 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 63 princípio poderá ser aplicado de forma diferente e com consequências distintas. Isso não acontece em relação às regras. Lembre-se do exemplo que demos no início. Se o sujeito praticar o fato jurídico e este se amoldar perfeitamente aos termos da regra jurídica haverá incidência com o surgimento das consequências decorrentes. Não há maior ou menor aplicação da regra. Perfeito? Quanto à natureza, os princípios fundamentam as regras de modo que constLWXHP�D�³UDWLR´�GD�QRUPD�IXQGDPHQWDGD. As regras, por sua vez, buscam fundamento nos princípios, o que lhes confere forma e amplitude. O que isso significa? Vimos que os princípios são gerais, aplicam-se a diversas situações, porque possuem uma carga valorativa. Em razão disso, os princípios muitas vezes são utilizados para justificar a aplicação da regra jurídica. Isso significa dizer que várias regras jurídicas são pensadas (racionalizadas) a partir dos princípios envolvidos. Por exemplo, há, como veremos ainda na aula de hoje, uma regra que disciplina que o processo eleitoral que possa implicar em perda do mandato eletivo deverá tramitar em, no máximo, um ano. Essa regra é fundamentada no princípio da celeridade, pois determina que no processo eleitoral, em função dos valores e princípios envolvidos, será considerado célere o processo que tramitar no prazo referido. Assim, o legislador valendo-se da racionalidade dos princípios que envolvem o direito eleitoral, fixou a regra. Por isso se diz que os princípios constituem a ratio (a racionalidade, a razão) das regras jurídicas. Os princípios possuem alto grau de abstração, podendo abranger diversas situações heterogêneas, de modo que se concretizam em graus diversos. As regras, entretanto, possuem baixo grau de abstração, abrangendo tão somente situações homogêneas. Conforme vimos acima, os princípios podem ser aplicados às mais diversas situações (heterogêneo) com maior ou menor aplicabilidade a depender da situação em concreto. Já as regras jurídicas aplicam-se apenas às mesmas situações envolvidas (homogêneo), tal como descrito pela norma. Distinguem-se ainda os princípios das regras quanto à aplicabilidade. Os princípios sujeitam-se à técnica interpretativa, em razão da indeterminabilidade ou generalidade do seu comando. As regras, por seu turno, possuem aplicação direta e imediata, desde que se enquadrem na situação objetivamente especificada. Assim... 00000000000 00000000000 - DEMO CURSO DE DIREITO ELEITORAL - TRE/PB EM TEORIA E QUESTÕES ± TÉCNICO Aula 00 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 63 Vimos, assim as diferenças entre os princípios e regras. Notamos também que os princípios possuem enorme relevância e são naturalmente fonte formal do direito eleitoral, uma vez que são normas ao lado das regras jurídicas. Na sequência veremos uma série de princípios aplicáveis ao Direito Eleitoral e que podem ser objeto de cobrança em prova. É importante registrar, contudo, que existem princípios específicos de determinados institutos de Direito Eleitoral. Naturalmente esses princípios serão estudados futuramente, com o desenvolvimento da nossa matéria. Aqui, para a nossa aula introdutória, vamos centrar nossa atenção nos princípios mais relevantes. 4.2 - Princípio da lisura das eleições Informa o referido princípio que a atuação da Justiça Eleitoral, do Ministério Público Eleitoral, dos partidos políticos e candidatos deve ser pautada na preservação da lisura das eleições. Por lisura podemos compreender a condução das ações e atitudes com sinceridade, com franqueza. Esse é o sentido do princípio eleitoral, a condução franca, leal, sincera das eleições por todas as partes envolvidas no processo eleitoral, com vistas ao exercício legítimoda democracia. O referido princípio encontra previsão no art. 23 da Lei das Inelegibilidades: Art. 23. O Tribunal formará sua convicção pela livre apreciação dos fatos públicos e notórios, dos indícios e presunções e prova produzida, atentando para circunstâncias ou fatos, ainda que não indicados ou alegados pelas partes, mas que preservem o interesse público de lisura eleitoral. O dispositivo enuncia que ao julgar a ação de investigação judicial eleitoral (que estudaremos adiante) a Justiça Eleitoral deverá levar em consideração diversos valores envolvidos, desde que haja preservação da lisura eleitoral. Por fim, leciona Marcos Ramayana6: 6 RAMAYANA, Marcos. Direito Eleitoral, p. 22. REGRAS mandados de determinação aplicado por subsunção técnica do "tudo ou nada" buscam fundamento nos princípios possuem reduzido grau de abstração e indeterminabilidade aplicação direta e imediatada PRINCÍPIOS mandados de otimização aplicado por ponderação de interesses técnica do "mais ou menos" constituem a ratio das regras possuem elevado grau de abstração e de indeterminabilidade dependem da interpretação 00000000000 00000000000 - DEMO CURSO DE DIREITO ELEITORAL - TRE/PB EM TEORIA E QUESTÕES ± TÉCNICO Aula 00 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 63 A garantia da lisura das eleições nutre especial sentido de proteção aos direitos fundamentais da cidadania (cidadão-eleitor), bem como encontra alicerce jurídico- constitucional nos arts. 1º, inciso II e 14 §9º da Lei Fundamental. Trouxemos o conceito do doutrinador acima, porque ele faz referência a dois dispositivos constitucionais. O primeiro deles reporta-se à cidadania como fundamento da República e o segundo, dada a importância, citamos: § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 4, de 1994) De acordo com o dispositivo acima, compete ao legislador infraconstitucional estabelecer ± por meio de lei complementar ± outras hipóteses de inelegibilidade tendo em vista valores que assegurem a lisura do processo eleitoral, ao proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do abuso de poder. Para a nossa prova... 4.3 - Princípio do aproveitamento do voto Pelo princípio do aproveitamento do voto, a atuação da Justiça Eleitoral, de um modo geral, deve pautar-se no sentido de preservar a soberania popular, a apuração do voto e a diplomação dos eleitos. Esse princípio é também conhecido como princípio do in dubio pro voto, em comparação com o princípio penal do in dubio pro reo, vem disciplinado no art. 219 do Código Eleitoral: Art. 219. Na aplicação da lei eleitoral o juiz atenderá sempre aos fins e resultados a que ela se dirige, abstendo-se de pronunciar nulidades sem demonstração de prejuízo. Segundo Thales e Camila Cerqueira7 esse princípio é também conhecido como princípio da vedação da restrição de direitos políticos, da atipicidade eleitoral ou da estrita legalidade eleitoral. 7 CERQUEIRA, Thales Tácito e CERQUEIRA, Camila. Direito Eleitoral Esquematizado, p. 43. O princípio da lisura das eleições impõe a atuação correta, sincera, proba dos atos que envolvam o processo eleitoral. 00000000000 00000000000 - DEMO CURSO DE DIREITO ELEITORAL - TRE/PB EM TEORIA E QUESTÕES ± TÉCNICO Aula 00 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 63 Em decorrência do referido princípio afirma-se que são mitigados eventuais formalismos no processo eleitoral, inclusive aqueles que implicam em nulidades absolutas, desde que seja possível sanar a nulidade. Desse modo, se as partes interessadas não alegarem a nulidade em momento oportuno não poderão fazê-lo posteriormente. Além disso, não poderá o Juiz reconhecer de ofício a nulidade, sob pena de violação do princípio do aproveitamento do voto. É o que se extrai dos arts. 223, caput, e 259, caput, ambos do Código Eleitoral: Art. 223. A nulidade de qualquer ato, não decretada de ofício pela Junta, só poderá ser argüida quando de sua prática, não mais podendo ser alegada, salvo se a argüição se basear em motivo superveniente ou de ordem constitucional. Art. 259. São preclusivos os prazos para interposição de recurso, salvo quando neste se discutir matéria constitucional. 9RFrV�QRWDUDP�TXH�GHVWDFDPRV�R�³VDOYR´"�3HVVRDO�� atenção! Existem mitigações do princípio do aproveitamento do voto. Toda vez que a nulidade for pautada em uma violação a regra constitucional, ela poderá ser declarada a qualquer tempo, ainda que o cidadão já tenha efetuado o voto. Essa exceção se justifica em razão da supremacia e a hierarquia da Constituição, que disciplina os assuntos mais relevantes para a sociedade. Veremos, futuramente, por exemplo que a alegação de inelegibilidade fundada na Constituição não se sujeita a prazo prescricional, ao passo que as hipóteses de inelegibilidades previstas tão somente na legislação infraconstitucionais se não forem arguidas no momento oportuno sujeitam-se à prescrição. 4.4 - Princípio da celeridade eleitoral O princípio da celeridade é comum a diversos ramos processuais do direito. Aqui no Direito Eleitoral, segundo Marcos Ramayana8, o princípio da celeridade ganha contornos próprios no sentido de que as decisões eleitorais devem ser imediatas, evitando-se delongas para as fases posteriores à data da diplomação, sendo verdadeiras exceções os casos que possam demandar um julgamento para além da posse. Notem que a celeridade eleitoral aproxima-se da imediaticidade. No Direito Eleitoral o processo deve ser o mais rápido possível. 8 RAMAYANA, Marcos. Direito Eleitoral, p. 24. princípio do in dubio pro voto princípio da vedação da restrição de direitos políticos princípio da atipicidade eleitoral princípio da estrita legalidade eleitoral PRINCÍPIO DO APROVIETAMENTO DO VOTO - SINÔNIMOS 00000000000 00000000000 - DEMO CURSO DE DIREITO ELEITORAL - TRE/PB EM TEORIA E QUESTÕES ± TÉCNICO Aula 00 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 63 A finalidade deste princípio é evitar o prolongamento de decisões eleitorais após a posse dos eleitos e após o início do exercício do mandato eletivo. Nesse contexto é relevante o art. 257, § único, do Código Eleitoral, que adota a tutela da imediaticidade, segundo a qual a execução das decisões eleitorais será imediata adotando-se meios eficazes e práticos de intimação, tais como telegrama e fax. Vejamos o dispositivo: Parágrafo único. A execução de qualquer acórdão será feita imediatamente, através de comunicação por ofício, telegrama, ou, em casos especiais, a critério do presidente do Tribunal, através de cópia do acórdão. Há, ainda, importante dispositivo da Lei das Eleições que disciplina o prazo de um ano entre a propositura da ação e o resultado final do julgamento para as ações que possam resultar na perda de mandato eletivo. É o que disciplina o art. 97-A: Art. 97-A. Nos termos do inciso LXXVIII do art. 5o da Constituição Federal, considera- se duração razoável do processo quepossa resultar em perda de mandato eletivo o período máximo de 1 (um) ano, contado da sua apresentação à Justiça Eleitoral. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009) § 1o A duração do processo de que trata o caput abrange a tramitação em todas as instâncias da Justiça Eleitoral. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009) § 2o Vencido o prazo de que trata o caput, será aplicável o disposto no art. 97, sem prejuízo de representação ao Conselho Nacional de Justiça. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009) Assim, para o processo eleitora... Sobre o dispositivo citado leciona Marcos Ramayana9: O legislador tratou de contemplar na Lei das Eleições a garantia efetiva da proteção judicial, pois é cediço que se registrou casos em que o diplomado eleito exercia o mandato em toda a sua plenitude pelo prazo de 4 (quatro) anos e a ação ainda não tinha solução final. Caso não seja observado o referido prazo podem decorrer uma série de consequência tais como crime de desobediência (art. 345 do CE), infração disciplinar a ser apurada perante as corregedorias dos tribunais eleitorais, 9 RAMAYANA, Marcos. Direito Eleitoral, p. 25. DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO 1 ano, quando envolver ações que possam resultar na perda do mandato eletivo 00000000000 00000000000 - DEMO CURSO DE DIREITO ELEITORAL - TRE/PB EM TEORIA E QUESTÕES ± TÉCNICO Aula 00 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 63 TSE e Ministério Público, bem como representação ao Conselho Nacional de Justiça, segundo dispõe §2º supracitado. Registre-se, por fim, que esse prazo de um ano restringe-se às ações judiciais que podem implicar perda de mandato, de modo que demais processo e questões eleitorais submetem-se à regra geral da celeridade prevista no art. 5º, LXXVIII, da CF. 4.5 - Princípio da preclusão instantânea Inicialmente, vamos conceituar preclusão. De acordo com a doutrina, preclusão consiste na perda de uma situação jurídica processual ativa. A preclusão constitui instrumento processual fundamental para o deslinde da ação. Assim, pode-se afirmar que sem preclusão não há processo, ou melhor, sem o instituto da preclusão o processo não termina. A preclusão consagra três princípios: ª princípio da segurança jurídica; ª princípio da boa-fé; ª princípio da duração razoável do processo. Tradicionalmente, a doutrina menciona espécies de preclusão, que sinteticamente podem ser definidas do seguinte modo: 1º. Preclusão Temporal: perda de um poder processual em razão do decurso do tempo (exemplo: perda de um prazo para apresentar recurso) 2º. Preclusão Consumativa: perda de um poder processual em razão do seu exercício (exemplo: após a apresentação da contestação a parte não poderá apresentar nova contestação alterando a anterior). 3º. Preclusão Lógica: perda do poder processual em razão da prática anterior de um ato incompatível com ele (exemplo: firma-se espontaneamente um acordo judicial e, em seguida, a parte recorre do acordo). 4º. Preclusão sanção: preclusão decorrente da prática de ato ilícito. Em Direito Eleitoral podemos encontrar diversas aplicações para princípio. Para a nossa prova duas delas possuem interesse. (i) No processo eleitoral, a matéria encontra-se disciplinada nos arts. 171 e 259, ambos do CE: Art. 171 Não será admitido recurso contra a apuração, se não tiver havido impugnação perante a Junta, no ato apuração, contra as nulidades argüidas. Art. 259. São preclusivos os prazos para interposição de recurso, salvo quando neste se discutir matéria constitucional. Sobre o assunto, lecionam Thales e Camila Cerqueira10: 10 CERQUEIRA, Thales Tácito e CERQUEIRA, Camila. Direito Eleitoral Esquematizado, p. 53. 00000000000 00000000000 - DEMO CURSO DE DIREITO ELEITORAL - TRE/PB EM TEORIA E QUESTÕES ± TÉCNICO Aula 00 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 63 Ao contrário da Justiça Comum, a Justiça Eleitoral é mais célere, além de conter algumas peculiaridades, tal como a preclusão dos prazos para interposição de recursos, não sendo estes atinentes à matéria constitucional, ou de recursos contra a apuração das eleições, que não serão admitidos caso não haja prévia e oportuna impugnação perante a Junta Eleitoral. Logo, não havendo impugnação imediata e/ou não se tratando de matéria constitucional, considera-se preclusa a matéria. (ii) Ainda segundo o princípio da preclusão eventuais impugnações quanto à identidade do eleitor deverão ser formuladas antes do exercício do voto, sob pena de se considerar consumado o ato do sufrágio. Esse é o entendimento que se extrai dos arts. 147, §1º, 149 e 223, todos do CE. Considerando que o último dispositivo já foi citado quando abordamos o princípio do aproveitamento do voto, vejamos a literalidade dos dois primeiros: § 1º A impugnação à identidade do eleitor, formulada pelos membros da mesa, fiscais, delegados, candidatos ou qualquer eleitor, será apresentada verbalmente ou por escrito, antes de ser o mesmo admitido a votar. Art. 149. Não será admitido recurso contra a votação, se não tiver havido impugnação perante a mesa receptora, no ato da votação, contra as nulidades argüidas. A ideia aqui é a de resolver eventuais impugnações até o exercício do voto. Para tanto os partidos políticos e coligações, por meio dos fiscais e delegados de partido, devem impugnar o voto até o ato de votar, sob pena de incidência da preclusão instantânea. Sobre o referido princípio lecionam Thales e Camila Cerqueira11: Ao contrário da Justiça Comum, a Justiça Eleitoral é mais célere, além de conter algumas peculiaridades, tal como a preclusão dos prazos para interposição de recursos, não sendo estes atinentes à matéria constitucional, ou de recursos contra a apuração das eleições, que não serão admitidos caso não haja prévia e oportuna impugnação perante a Junta eleitoral. Logo, não havendo impugnação imediata e/ou não se tratando de matéria constitucional, considera-se preclusa a matéria. 4.6 - Princípio da anualidade eleitoral O princípio da anualidade, também conhecido como princípio da antinomia eleitoral sendo considerado pela doutrina como o princípio mais importante do Direito Eleitoral. Não é à toa que o referido princípio encontra sede constitucional. O art. 16 da CF preconiza que a lei que alterar o processo eleitoral somente entra em vigor na data da sua publicação, não se aplicando às eleições que ocorram um ano da data da sua vigência. Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 4, de 1993) 11 CERQUEIRA, Thales Tácito e CERQUEIRA, Camila. Direito Eleitoral Esquematizado, p. 54. 00000000000 00000000000 - DEMO CURSO DE DIREITO ELEITORAL - TRE/PB EM TEORIA E QUESTÕES ± TÉCNICO Aula 00 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 63 Desse modo, a lei que alterar o processo eleitoral tem vigência imediata, mas eficácia contida ou pro futuro. Assim, embora HQWUH�HP�YLJRU�LPHGLDWDPHQWH��D�OHL�VRPHQWH�SURGX]LUi�³HIHLWRV� SUiWLFRV´�GHFRUULGRV����DQR�GD�GDWD�GH�VXD�YLJrQFLD� Por exemplo, sancionada uma lei eleitoral em 01.01.2014, com vigência imediata, somente poderá ser aplicada em 02.01.2015, ou seja, após o decurso de um ano da vigência da norma ela passaria a produzir efeitos práticos. Em razão disso, tal norma não poderia ser aplicada às eleições de 2014.Vocês lembram do exemplo que citamos referente à Lei nº �������������GHQRPLQDGD�GH�³0LQLUUHIRUPD�(OHLWRUDO´"�Naquele caso o TSE entendeu que a Lei ± que entrou em vigor em 11.12.2013 ± somente poderiam ser aplicadas às eleições que ocorrerem após 11.12.2014, ou seja, um ano após vigar. Assim, tornou-se aplicável a Lei nº 12.891/2013 apenas em 12.12.2014, uma vez que ela alterou o processo eleitoral! Interessante, não? Em decorrência disso, os dispositivos revogados pela Lei da Minirreforma Eleitoral permaneceram aplicáveis às eleições de 2014. Como assim, Professor, um dispositivo revogado pode ser aplicado? Justamente! Como a lei nova não pode ser aplicada pois tem que aguardar o decurso de um ano, a lei revogada permanecerá aplicável por esse período de tempo! Por conta disso, é possível afirmar que em razão do princípio da anualidade da lei eleitoral é possível se falar também em ultra-atividade da lei eleitoral. Isso significa que uma lei eleitoral, embora revogada, continuará a produzir efeitos pelo lapso de um ano. Segundo Francisco Dirceu Barros12: Ultra-atividade é o fenômeno pelo qual uma lei eleitoral, embora tendo sido revogada, continua sendo aplicada. De acordo com Thales e Camila Cerqueira o art. 16 da CF, com redação dada pela Emenda Constitucional nº 3º, aperfeiçoou a dogmática jurídica, uma vez que a redação originária mencionava tão somente a vigência da lei eleitoral. Com a redação após a Emenda, temos: Vigência Refere à aplicação imediata da lei, que não observará prazos de vacatio legis. Eficácia Refere-se à produção de efeitos, que ocorrerá tão somente após decorrido o lapso de 01 ano. A respeito da aplicação do prazo, Thales e Camila Cerqueira13 lecionam: 12 BARROS, Francis Dirceu. Direito Eleitoral, p. 18. 13 CERQUEIRA, Thales Tácito e CERQUEIRA, Camila. Direito Eleitoral Esquematizado, p. 41. 00000000000 00000000000 - DEMO CURSO DE DIREITO ELEITORAL - TRE/PB EM TEORIA E QUESTÕES ± TÉCNICO Aula 00 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 63 &XPSUH� UHJLVWUDU� TXH� HVVH� SULQFtSLR� GD� ³DQXDOLGDGH� HOHLWRUDO´� GHYH� VHU� HQWHQGLGR� cRPR�³DQXDOLGDGH�H�XP�GLD´��SRUTXDQWR�HVWLYHUPRV�GLDQWH�GH�XPD�OHL�TXH�DOWHUH�R� ³SURFHVVR� HOHLWRUDO´�� HOD�QmR� WHUi� HILFiFLD�SDUD�DV�HOHLo}HV� HP�FXUVR�� VRPHQWH�QR� próximo pleito. Então, para surtir eficácia, a lei deve ser publicada (e não promulgada), no míQLPR�³XP�DQR�H�XP�GLD´�DQWHV�GDV�HOHLo}HV� Trouxemos a citação acima para frisar a contagem do prazo. Cuidado! A somente será aplicável após o decurso prazo de um ano. Assim, se a lei foi editada em 11.12.2013, ela permanecerá inaplicável até 11.12.2014 e, portanto, somente poderá ser aplicada em 12.12.2014, ou seja, um ano e um dia após! Algumas observações a respeito desse dispositivo são fundamentais para a sua prova. (i) 2�DUW������GD�&)��p�FRQVLGHUDGR�³FOiXVXOD�SpWUHD´�VHJXQGR�HQWHQGLPHQWR� do STF, por representar expressão da segurança jurídica, garantia fundamental. É o que se extrai do excerto abaixo da ADI nº 3.685 (abaixo citada). (ii) 3RU� ³SURFHVVR� HOHLWRUDO´� GHYHPRV� FRPSUHHQGHU� j� VXFHVVmR�� desenvolvimento e evolução do fenômeno eleitoral em suas diversas fases (registro de candidaturas, propaganda política, eleições, apuração do resultado e diplomação etc.). $�GLVFXVVmR�VREUH�D�GHILQLomR�GR�TXH�p�³SURFHVVR�HOHLWRUDO´�p�UHOHYDQWH��HP� razão da celeuma em torno do art. 17, §1º, da CF. § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 52, de 2006) De acordo com a Emenda Constitucional nº 52/2006, no art. 2º, a regra acima entraria em vigor imediatamente, aplicando-se às eleições de 2006, sem a necessidade de observar o princípio da anualidade, vez que não trata de processo eleitoral propriamente. Nesse sentido é o posicionamento de Marcos Ramayana14: Tecnicamente, portanto, as regras das formações das coligações para uma determinada eleição não fazem parte de uma fase do processo eleitoral em sentido restrito, pois, na verdade, as coligações antecedem ao registro das candidaturas e são normas de abrangência estatutária e partidária. Contudo, não foi esse o entendimento do TSE, para quem o caráter nacional do dispositivo e segurança jurídica das relações entre eleitores, candidatos e partidos, com regras eleitorais previamente aprovadas, são 14 RAMAYANA, Marcos. Direito Eleitoral, p. 34. 00000000000 00000000000 - DEMO CURSO DE DIREITO ELEITORAL - TRE/PB EM TEORIA E QUESTÕES ± TÉCNICO Aula 00 - Prof. Ricardo Torques Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 63 valores importantes e essenciais. Esse entendimento foi acompanhado pelo STF. Vejamos a emenda do julgado na ADI nº 3.65515: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 2º DA EC 52, DE 08.03.06. APLICAÇÃO IMEDIATA DA NOVA REGRA SOBRE COLIGAÇÕES PARTIDÁRIAS ELEITORAIS, INTRODUZIDA NO TEXTO DO ART. 17, § 1º, DA CF. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE DA LEI ELEITORAL (CF, ART. 16) E ÀS GARANTIAS INDIVIDUAIS DA SEGURANÇA JURÍDICA E DO DEVIDO PROCESSO LEGAL (CF, ART. 5º, CAPUT, E LIV). LIMITES MATERIAIS À ATIVIDADE DO LEGISLADOR CONSTITUINTE REFORMADOR. ARTS. 60, § 4º, IV, E 5º, § 2º, DA CF. (...). 2. A inovação trazida pela EC 52/06 conferiu status constitucional à matéria até então integralmente regulamentada por legislação ordinária federal, provocando, assim, a perda da validade de qualquer restrição à plena autonomia das coligações partidárias no plano federal, estadual, distrital e municipal. 3. Todavia, a utilização da nova regra às eleições gerais que se realizarão a menos de sete meses colide com o princípio da anterioridade eleitoral, disposto no art. 16 da CF, que busca evitar a utilização abusiva ou casuística do processo legislativo como instrumento de manipulação e de deformação do processo eleitoral (ADI 354, rel. Min. Octavio Gallotti, DJ 12.02.93). 4. Enquanto o art. 150, III, b, da CF encerra garantia individual do contribuinte (ADI 939, rel. Min. Sydney Sanches, DJ 18.03.94), o art. 16 representa garantia individual do cidadão-eleitor, detentor originário do poder exercido pelos representantes eleitos e "a quem assiste o direito de receber, do Estado, o necessário grau de segurança e de certeza jurídicas contra alterações abruptas das regras inerentes à disputa eleitoral" (ADI 3.345, rel. Min. Celso de Mello). 5. Além de o referido princípio conter, em si mesmo, elementos que o caracterizam como uma garantia fundamental oponível até mesmo à atividade do legislador constituinte derivado, nos termos dos arts. 5º, § 2º, e 60, § 4º, IV, a burla ao que contido no art. 16 ainda afronta os direitos individuais da segurança jurídica (CF, art. 5º, caput) e do devido processo legal (CF, art. 5º, LIV). 6. A modificação no texto do art. 16 pela EC 4/93 em nada alterou seu conteúdo principiológico fundamental. Tratou-se de mero aperfeiçoamento técnico levado a efeito para facilitar a regulamentação do processo eleitoral. 7. Pedido que se julga procedente para dar interpretação conforme no sentido de que a inovação trazida no art. 1º da EC 52/06 somente seja aplicada após decorrido um ano da data de sua vigência. De acordo com o julgado acima, ficou definido que o processo legislativo eleitoral não pode ser usado de forma casuística ou de
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